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Seção VII G

Capítulo 154
Câncer de testículo –
epidemiologia e história natural

Álvaro Marques de Figueiredo Filho

Os tumores malignos do testículo representam Criptorquia


1% de todas as neoplasias do sexo masculino; desse
total, 95% são tumores das células germinativas e Os tumores ocorrem, com maior freqüência, no
os 5% restantes originam-se no estroma gonadal. testículo direito e tal observação deve-se a maior inci-
A prevalência é de cinco mil novos casos por ano dência da criptorquia nesse lado. Embora se desco-
nos Estados Unidos. nheça a origem dos tumores do testículo, há pesquisas
que referem um risco maior do desenvolvimento da
neoplasia na criptorquia intra-abdominal em relação à
Idade inguinal. Apesar de a literatura mostrar a coexistência
de criptorquia e tumores de células germinativas em
Embora raros, costumam acometer pessoas de 1,5% a 30% dos pacientes, a causa mais provável da
idade entre 15 a 34 anos; ocupam o terceiro lugar malignização são as anomalias intrínsecas do testículo
como causa de morte naquele grupo etário e são a e não as elevadas temperaturas abdominais ou fatores
sétima neoplasia mais comum em pediatria. endócrinos. Ainda não está provado que a orquio-
pexia realizada antes dos 5 anos de idade colabore, de
modo efetivo, para diminuir a incidência da neoplasia.
Fator racial
A doença é cerca de dez vezes mais freqüente em Infecção e atrofia
brancos que nos negros e asiáticos.
A infecção prévia do testículo pelo vírus da parotidite
epidêmica e a posterior atrofia do órgão são queixas
Bilateralidade relativamente freqüentes na história dos tumores de células
germinativas. Entretanto, ainda não foi possível determinar
A localização bilateral da neoplasia ocorre em 5%
o modo de ação do vírus na origem da neoplasia.
dos pacientes. Porém, segundo Thompson e colegas,
cerca de 63% dos pacientes com doença metastática
e tratados com quimioterápicos não desenvolveram Hormônios
doença contralateral. É possível, portanto, que a
quimioterapia tenha eliminado o “carcinoma in situ” Várias observações clínicas e experimentais suge-
no testículo remanescente. Os seminomas são os rem haver relação entre a função endócrina e a origem
únicos tumores assincrônicos. dos tumores testiculares.

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Na verdade, a prevalência máxima dos tumores Tipo histológico


de células germinativas coincide com o período de
maior secreção de andrógenos. Os tumores de células germinativas são divididos
A adição de androsterona para os meios de cultura em dois grandes grupos: tumores seminomatosos
de células tumorais germinativas, pode acelerar o seu (45% a 50%) e não-seminomatosos (35% a 40%) dos
crescimento. A indução de tumores experimentais pacientes. Entre os seminomatosos, cerca de 10%
de testículos em aves só é possível nos períodos de ocorrem na forma de anaplásicos e são altamente
secreção elevada de gonadotrofinas hipofisárias. agressivos; os espermatocíticos acometem, com maior
Em contrapartida, muitos pacientes têm níveis freqüência, em pacientes na sexta década de vida.
sangüíneos muito altos de gonadotrofinas, que não Dentre os não-seminomatosos, temos o carcinoma
estão relacionadas com a presença do tumor ou de embrionário (15% a 20%), o teratocarcinoma (20% a
suas metástases. 25%); o coriocarcinoma (1% a 2%) e os tumores do
saco vitelino (1%), que predominam na infância e
freqüentemente são mistos. Os teratomas representam
Traumatismos 5% dos casos, ocorrem em crianças e adultos, e, nestes,
sempre associados a outros tumores germinativos. Os
Os traumatismos são antecedentes freqüentes refe- tumores não-germinativos do testículo (tumor de
ridos pelos portadores de tumores de células germi- células de Leydig, tumor de células de Sertoli e tumores
nativas. Experimentalmente verificou-se que os trau- do estroma gonadal) são benignos e têm prevalência
mas repetidos influem na produção de carcinomas de 5% na população.
embrionários em animais. Porém, é mais provável
que o traumatismo seja mais uma conseqüência do
que causa do tumor, pois o órgão doente tem maior Biologia molecular
volume e ocupa posição mais baixa no interior do
escroto, fato que o torna mais vulnerável. A literatura refere numerosos casos de tumores
Eventualmente, o trauma repetido pode favorecer de células germinativas em gêmeos, irmãos e mem-
a propagação do tumor por contigüidade. bros de uma mesma família. Os estudos citogené-
ticos indicam que essas neoplasias freqüentemente
contêm alterações genéticas importantes. Os tumores
Ginecomastia são hiperdiplóides ou hipertriplóides com número
de cromossomos entre 60 e 69 na maioria dos semi-
A ginecomastia incide em 5% dos pacientes com nomatosos e 50 a 59 nos teratomas. Outras alterações
tumores de células germinativas. Ela ocorre nos ho- são a translocação do cromossomo 17q e o rearranjo
mens em virtude da produção excessiva de estró- do 6q, o qual pode ser deletado ou translocado. As
genos ou deficiências da secreção de andrógenos. A alterações cromossômicas e dos oncogenes, além de
elevada produção de estrógenos é mais comum nos modificações de expressão do gene supressor RB,
coriocarcinomas, pois os tumores trofoblásticos são freqüentes nos tumores de células germinativas.
secretam estradiol. Porém, o advento de pesquisas citogenéticas e mole-
culares são essenciais para melhor compreensão do
significado patogênico desses dados e sua impor-
Fertilidade tância para o diagnóstico e terapêutica dos tumores.
Vários pacientes com neoplasia testicular são
subférteis, principalmente quando a lesão é bilateral. História natural
Considerando que a orquiectomia, a linfadenec-
tomia retroperitonial, a quimioterapia e a radioterapia O sintoma típico da doença é a presença de massa
são muito prejudiciais à fertilidade, deve-se aconselhar testicular indolor. O achado pode ser ocasional ou
aos pacientes a criopreservação do sêmen em bancos detectado pela companheira do paciente. Em cerca
especializados, para eventual uso futuro. de 10% dos casos, a dor local aguda pode ser o

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único sintoma, provocada por hemorragia intrates- de não-seminomatoso e, portanto, o tratamento deve
ticular ou orquiepididimites. A presença de massa ser mais agressivo. A deidrogenase láctica não é espe-
supraclavicular é sugestiva de extensão da doença, cífica e relaciona-se com a massa tumoral. Nos semi-
tosse e dispnéia nas metástases pulmonar, dores nomas, a fosfatase alcalina placentária pode ser o único
ósseas e lombossacral, anorexia, náuseas, vômitos e marcador alterado em 27% dos pacientes, especial-
sinais de comprometimento do sistema nervoso mente não-fumantes.
central são manifestações que podem ocorrer nas O estudo dos marcadores é de grande impor-
metástases distantes desde a origem da neoplasia. A tância para o diagnóstico e o prognóstico das falhas
hidrocele está presente em 25% das neoplasias testi- do tratamento.
culares e no diagnóstico diferencial deve-se lembrar Há 24 anos, a história natural foi sintetizada por
de hérnias, torção do cordão espermático, orquite Whitemore, cujos conceitos são válidos até hoje:
granulomatosa, hematoceles e malacoplasia testicular. 1) É excepcional a regressão espontânea completa
A sobrevida dos pacientes depende do estadiamento, dos tumores de células germinativas;
do volume do tumor na ocasião do diagnóstico e 2) Todos os tumores de células germinativas no
da eficácia do tratamento. Nos tumores não-semino- adulto devem ser considerados malignos,
matosos, a velocidade de duplicação celular é muito inclusive os teratomas;
alta e aqueles pacientes com doença avançada têm 3) A túnica albugínea testicular é uma barreira
pior prognóstico. No momento do diagnóstico, cerca natural, que impede a progressão local do tumor;
de 75% dos seminomas estão restritos ao testículo e 4) Os tumores de células germinativas propagam-
25% têm metástases nos linfonodos retroperitoniais. se através dos vasos linfáticos, embora o corio-
Considerando que o seguimento e a vigilância são carcinoma puro quase sempre dissemine por
de fundamental importância no tratamento de via hematogênica;
pacientes com tumores não-seminomatosos do 5) Na grande maioria dos pacientes em que há
testículo, a acurácia no estadiamento clínico é vital; disseminação sistêmica por via hematogênica,
isto porque estima-se que há cerca de 20% a 30% de sempre há invasão inicial retroperitonial dos
erros, quando o estadiamento clínico é comparado linfonodos.
com os achados histopatológicos após a linfadenec-
tomia retroperitoneal.
Daí a importância do exame físico, dos estudos Leitura recomendada
de imagem e a determinação dos níveis séricos de
alfafetoproteína, da subunidade B da gonadotrofina 1. Droller, M J. Cancer of the testis. An overview. Urol. Clin.
North Am. l980, 7: 731-3.
coriônica humana e a deidrogenase láctica. A alfafeto-
2. Strohmeier T, Ackermann. Oncogenes and molecular
proteína está aumentada em 60% a 70% dos tumores genetics of urological tumors. Churchill Livingstone,
não-seminomatosos. A betagonadotrofina coriônica Eddinburgh, 1992, pp. 43-9.
pode estar aumentada em ambos os tipos histo- 3. Thompson J, Willians CJ, Whitehouse JMA, Mead GM.
Bilatateral testicular germ cells tumors: an increasing incidence
lógicos, embora eleve-se apenas em 8% dos semino-
and prevention by chemotherapy. Brit, J Urol. 1988, 62: 374.
matosos. O aumento de alfafetoproteína em semi- 4. Richie JP. Neoplasm of the testis. In: Campbell’s Urology,
nomas puros sugere a presença de um tipo oculto W. B. Saunders Co, Philadelphia, 6th, 2a ed., 1992.

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Seção VII G

Capítulo 155
Classificação, patologia e
estadiamento

Helio Begliomini

Introdução Carcinoma in situ


A neoplasia do testículo é mais freqüente no homem Ocorre em 2% a 8% dos testículos ectópicos ou
entre 25 e 34 anos de idade. O câncer testicular é pouco criptorquídicos; em 5,2% no lado contralateral de
comum, ocorrendo nos EUA na proporção de 4 a 5 pacientes que já tiveram neoplasia testicular e em
casos/100 mil homens caucasianos e 1 caso/100 mil 53% dos homens que tiveram tumores de células
homens da raça negra. Além de ser mais raro nos germinativas extragonadais.
descendentes de africanos, quando neles incidem, o A biópsia testicular no paciente com alto risco
prognóstico é melhor. de desenvolver câncer testicular in situ é preconizada
Cerca de 10% dos tumores testiculares ocorrem em por alguns autores tendo em vista a possibilidade
testículos ectópicos, sendo a criptorquidia um fator de tratá-lo com uma rápida sessão de radioterapia.
predisponente. Testículos intra-abdominais têm seis
vezes mais chances de desenvolver neoplasia que os
tópicos. Quando a criptorquidia é bilateral e um dos Classificação
testículos desenvolve tumor, há 25% de probabilidade
de suceder o mesmo contralateralmente. Na ectopia Os tumores primitivos do testículo desenvolvem-
testicular unilateral com tumor, há 20% de chances de se, em sua maior parte, das células germinativas dos
ocorrer neoplasia no lado normal. Parece que a correção túbulos seminíferos (95%). Aqueles oriundos de
da criptorquidia antes dos 6 anos de idade diminui a outros componentes testiculares são ainda mais raros
chance do aparecimento da neoplasia na maioria dos e representam apenas 5% dos casos (Figura 1). Para
pacientes, embora haja controvérsia na literatura. se ter uma idéia mais precisa da raridade dessas
modalidades, salienta-se que os tumores germinativos,
Fatores predisponentes que são os mais freqüentes, representam somente
Os fatores predisponentes da tumorigênese 0,5% das neoplasias do sexo masculino.
testicular são: criptorquidia ou ectopia gonadal; atrofia Dentre os tumores não-germinativos tem-se:
testicular, sobremodo após a orquidopexia; fatores
Tumor das células de Leydig
genéticos; trauma, irradiação ou exposição pré-natal
aos hormônios exógenos femininos, como o dietiles- Incide predominantemente em crianças de 3 a 10
tilbestrol e progesterona; e neoplasia testicular, que anos de idade e corresponde de 1% a 3% das
ocorre bilateralmente em 2% a 4% dos casos de neoplasias primárias da gônada masculina (Figura 2).
forma geralmente metacrônica.

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Figura 1: Incidência dos tumores de células germinativas e não- Figura 3: Freqüência dos tumores de células germinativas do
germinativas do testículo de adultos testículo de adultos

Patologia

Seminomas
Desenvolvem-se no túbulo seminífero em células
germinativas maduras. Exibem morfologia homo-
gênea e podem ser classificados histologicamente
como clássico ou típico (80%), anaplásico (10%) e
espermatocítico (10%). O seminoma clássico pode
conter células sinciciotrofoblásticas em 10% a 15%
dos casos que respondem pela produção da fração
beta da gonadotrofina coriônica (beta-HCG). A
incidência maior é na quarta década (Figuras 4 e 5).
O seminoma anaplásico tem maior capacidade para
produção de beta-HCG e apresenta maior agres-
sividade biológica que o tipo clássico. A faixa etária é
similar ao seminoma clássico (Figura 6).
O seminoma espermatocítico ocorre na maioria
das vezes em homens com mais de 50 anos de idade.
Apresenta melhor comportamento biológico com
raras chances de metastatização (Figura 7).

Figura 2: Tumor de células de Leydig apresentando células


uniformes com citoplasma eosinofílico e núcleos arredondados

Tumor das células de Sertoli


Ocorre em todas as idades e representa 0,5% a
1% dos cânceres do testículo.

Sarcomas
Os vários subtipos perfazem 1% a 2% das
neoplasias testiculares. Figura 4: Seminoma – na superfície de corte o tumor substitui o
Os tumores de células germinativas são subdivididos parênquima testicular. A coloração é branco-acinzentada,
em dois grandes grupos: seminomas (45% a 50%) e podendo conter focos de necrose e hemorragia. A túnica albugínea
não-seminomatosos (35% a 45%) (Figura 3). não costuma apresentar invasão grosseira pelo tumor

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Figura 5: Seminoma clássico – aspectos microscópicos exibindo


parênquima com brotos sólidos de células redondas com
citoplasma claro e bordas bem-definidas. O estroma contém
finos feixes de tecido conectivo que tendem a limitar os ninhos
tumorais. Há também linfócitos

Figura 7: Seminoma espermatocítico – há polimorfismo celular


com peculiar distribuição da cromatina no núcleo

Figura 6: Seminoma anaplásico – apesar da irregularidade celular


e considerável atividade mitótica, existe homogeneidade e
componente estromal característico

Não-seminomas
Incidem mais na terceira década com pico ao redor
dos 25 anos de idade. Desenvolvem-se a partir de células
germinativas imaturas ou totipotenciais. O carcinoma
embrionário tipo adulto (15% a 20%) é oriundo de
células em estágios mais preliminares de evolução Figura 8: Carcinoma embrionário – o testículo é completamente
(Figuras 8 e 9). Em fases mais tardias pode diferenciar- substituído por tumor com focos de hemorragia e necrose. Há
se em componentes somáticos ou trofoblásticos, cujos extensão tumoral através da túnica albugínea
tumores daí resultantes constituem-se, respectivamente,
no teratoma (8% a 10%) (Figuras 10 e 11) ou terato-
carcinoma (20% a 25%) (Figura 12), coriocarcionoma A maior parte dos tumores não-seminomatosos
(1%) (Figura 13) ou tumor do saco vitelino (1%) (Figura tem rápida velocidade de crescimento e maior
14), que é considerado variante infantil do carcinoma agressividade biológica quando comparados aos
embrionário (Tabela 1). seminomas. Produzem marcadores tumorais, tais
Na criança, o tumor do saco vitelino representa como: alfafetoproteína (AFP), proteína peculiar do
50% a 70% dos casos; os tumores de células não- início da vida embrionária (células trofoblásticas) e
germinativas (20% a 40%) e os teratomas cerca de gonadotrofina coriônica humana (HCG), sintetizada
12% (Figura 15). na placenta (células sinciciotrofoblásticas) (Tabela 2).

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Figura 9: Carcinoma embrionário – as células formam estruturas


glandulares com núcleos e nucléolos maiores, circundados por
considerável quantidade de citoplasma

Figura 12: Teratocarcinoma – estrutura glandular com dois sítios


de tecido cartilaginoso permeados com células indiferenciadas

Figura 10: Teratoma – tem como característica na superfície de


corte estrutura multicística que contém material mucinoso ou
caseoso, dependendo respectivamente do revestimento epitelial,
endodérmico ou ectodérmico

Figura 13: Coriocarcinoma – o componente citotrofoblástico


tem células uniformes com citoplasma claro e massa em forma
de vilosidade. O componente sinciciotrofoblástico exibe células
com citoplasma eosinofílico

Os tumores mistos com duas ou mais diferentes


linhagens de células germinativas ocorrem em 15%
a 20% dos casos (Figuras 16 e 17).

Estadiamento
Figura 11: Teratoma exibindo microscopicamente estrutura tu- A disseminação inicial dos tumores de células
moral formada por áreas císticas mescladas com áreas sólidas germinativas é para os vasos linfáticos do cordão

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espermático, seguindo-se para linfonodos periaórticos


ao nível do hilo renal. Daí poderá haver progressão
inferior em direção aos vasos ilíacos ou, superiormente,
no mediastino. A via hematogênica se faz, sobretudo
para o pulmão, e ocorre mais tipicamente com o
coriocarcinoma. O fígado, cérebro e pele são rara-
mente acometidos.
O estadiamento mais em voga baseia-se na classifi-
cação de Boden de 1951 e encontra-se na Tabela 3.

Prognóstico
Dependerá do estadiamento clínico da neoplasia
ao diagnóstico, como também do tipo histológico
do tumor. De uma maneira geral, a sobrevida em
dez anos para o seminoma é de 92%; teratocarcinoma,
74%; teratoma, 72%; carcinoma embrionário, 64%
e coriocarcinoma, 44%.
Os pacientes com tumores seminomatosos e não-
seminomatosos, que após o tratamento não tiverem
disseminação da doença, respectivamente, durante
cinco e dois anos, são considerados curados.

Figura 14. Tumor do saco vitelino ou carcinoma embrionário infantil

Tabela 1: Tumorigênese no câncer de células germinativas do testículo

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Figura 16: Tumor misto – carcinoma embrionário associado ao


Figura 15: Freqüência dos tumores do testículo em crianças.
teratoma

Tabela 2: Freqüência dos marcadores tumorais nos cânceres


de células germinativas do testículo

Figura 17: Aspectos microscópicos do carcinoma embrionário


associado ao teratoma

Tabela 3: Estadiamento dos tumores germinativos do testículo Leitura recomendada


1. Hendry WF, Horwich A. Testicular Tumour. In: Whitfield
HN, Hendry WF, Kirey RS, Duckett JN, editors. Textbook
of Genitourinary Surgery. Second Edition. London,
Blackwell Science Ltd, 1998: 1251–68.
2. Costa RP, Cortez JP, Cantídeo GF. Neoplasias Malignas de
Testículo In: Costa RP, editor. Neoplasias Urogenitais –
Atualização. São Paulo, Zodiac 1999: 188-214.
3. Srougi M, Nesrallah L.J. Câncer do Testículo. In: Hering
FLO, Srougi M, editores. Urologia - Diagnóstico e
Tratamento. São Paulo, Roca Ltda. 1998: 383-93.
4. Mostofi FK, Price EB. Tumors of the male genital system.
Washington, Armed Forces Institute of Pathology 1973: 1-131.
5. Begliomini H, Gorga CFA, Lemos LB, Barreto E. Associação de
Teratoma, seminoma, carcinoma embrionário e coriocarcinoma.
Teria o corticóide alguma influência na etiologia do tumor misto
do testículo? Rev Bras Med 50: 356-61, 1993.

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Seção VII G

Capítulo 156
Como fazer o diagnóstico e estadiar

Ricardo Jordão Duarte


Lílian Cristofani

Diagnóstico avaliação da extensão da doença e controle evolutivo


(Tabela1). A meia-vida do beta-HCG é de 36 horas e
A apresentação típica de tumor de testículos é uma da AFP, de cinco dias. Níveis elevados destes marca-
massa testicular indolor. Entretanto, muitas vezes há dores após a remoção cirúrgica do tumor indicam a
história crônica de desconforto testicular, edema, presença de resíduos do tumor ou metástases. Se após
endurecimento ou a combinação destes achados. Dor a normalização dos marcadores houver nova elevação,
local aguda é encontrada em 10% dos casos, geral- caracteriza-se a recorrência do tumor. O prognóstico
mente associada a trauma, hemorragia ou infarto do é considerado menos favorável quando seus níveis
tumor. Em até 10% dos casos o paciente já se apre- séricos estão muito elevados no início do tratamento.
senta com sinais e sintomas de doença metastática,
como dor lombar, dispnéia, vômitos, ginecomastia
ou perda de peso. Estadiamento
O diagnóstico diferencial mais comum é com epi-
didimite ou orquiepididimite, seguido por hidrocele Baseia-se na avaliação histológica da peça cirúrgica
(conseqüente ao tumor em até 10% dos casos), cistos obtida por orquiectomia, por via inguinal, com ressec-
testiculares e de epidídimo, cistos epidermóides, ção do cordão espermático, nos marcadores bioló-
espermatocele, orquite granulomatosa e torção de gicos, na radiografia de tórax para pesquisa de metás-
testículo ou do apêndice testicular. A ultra-sonografia tases pulmonares e de mediastino e na tomografia
(US) é o método de diagnóstico diferencial recomen- computadorizada (TC) de abdome e pelve, na qual a
dado, com sensibilidade e especificidade de até 95%. presença de gânglios > 2 cm sugere envolvimento
A dosagem dos marcadores séricos alfafetoproteína metastático. Cerca de 50% dos casos são do tipo semi-
(AFP), gonadotrofina coriônica humana (beta-HCG) nomatosos e 50% não-seminomatosos (carcinoma
e desidrogenase lática (DHL) é avaliada no pré- embrionário, coriocarcinoma, tumor de saco vitelino,
operatório. Estes são úteis para o diagnóstico, teratomas e mistos). Tumores não-seminomatosos

Tabela 1: Positividade dos marcadores biológicos de acordo com a variedade histológica

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podem exigir linfadenectomia retroperitoneal para Tumor de testículo na infância


estadiamento mais preciso. A classificação de Boden e
Gibb (Tabela 2) e a da American Joint Committee on
Cancer (Tabela 3) são as mais utilizadas. Diagnóstico
Cerca de 75% são tumores de seio endodérmico.
Na adolescência, as características histológicas são seme-
Tabela 2: Classificação de Boden modificada lhantes às dos adultos.
A massa testicular indolor é considerada a forma
mais comum de apresentação na infância. O diagnós-
tico diferencial inclui torção de cordão espermático,
epididimite, hidrocele e hérnia inguinal. A US com
Doppler é o método de imagem mais eficiente no
diagnóstico diferencial destes tumores nas crianças. O
exame físico é útil, pois outras neoplasias, como o
neuroblastoma e as leucemias, podem se apresentar
com envolvimento testicular ao diagnóstico.

Estadiamento
O estadiamento de tumores de testículo na infância
é apoiado nos marcadores tumorais (AFP, BHCG,
DHL), na histologia da peça cirúrgica e na TC de
abdome, pelve e tórax para avaliar a presença de metás-
tases (Tabela 4).

Tabela 3: Classificação e estadiamento TNM para tumor de testículo


Tabela 4: Estadiamento para tumores testiculares de células
germinativas em crianças

Leitura recomendada
1. Krege S, Souchon R, Schmoll HJ. Interdisciplinary consensus
on diagnosis and treatment of testicular germ cell tumors:
result of an update conference on evidence-based medicine
(EBM). Eur Urol 2001, 40:372-91.
2. Richie JP, Steele GS. Neoplasma of the testis. In: Walsh PC,
Retik AB, Vaughan ED, Wein AJ. Campbell’s Urology.
(American Joint Committee on Cancer) Saunders. Philadelphia, 2002, pp. 2876-919.

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Guia Prático de Urologia

3. Spermon JR, Debruyne FM, Witjes JA. Important factors in Srougi M, Simon SD. Câncer urológico. Platina. São Paulo,
the diagnosis and primary staging of testicular tumors. Curr 1995, pp. 375-432
Opin Urol 2002, 12: 419-25. 5. Grady RW. Current management of prepubertal yolk sac
4. Srougi M, Simon SD.Tumores germinativos de testículo. In: tumors of the testis. Urol Clin North Am 2000, 27: 503-8.

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Seção VII G

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Capítulo 157
Histopatologia – fatores prognósticos

Miguel Zerati Filho


Geovanne Furtado Souza

Nas últimas três décadas houve um grande avanço e/ou linfática; invasão de epidídimo ou cordão
no tratamento dos tumores de testículo, devido princi- espermático, presença ou ausência de neoplasia
palmente aos novos esquemas quimioterápicos e ao germinativa intratubular no tecido normal.
refinamento da técnica cirúrgica, com menor morbi- É fundamental que o patologista analise todo o
dade e mortalidade. Atualmente os tumores de testí- testículo devido à elevada incidência de dife-
culo são os tumores sólidos mais freqüentes em ho- rentes tipos histopatológicos associados.
mens entre 18 e 45 anos de idade, e também os com 3)Estadiamento patológico de acordo com
maior taxa de cura. Vários fatores de risco se relacionam TNM 1997.
com o desenvolvimento de tumor testicular: história
familiar, criptorquidia, infertilidade, síndrome de Kline-
felter, presença de tumor contralateral, neoplasia testicular Fatores prognósticos
intratubular, e principalmente intersexo. pós-orquiectomia
Uma vez realizado o diagnóstico, a abordagem
inicial deve ser sempre orquiectomia via inguinal com Tumor não-seminomatoso
ligadura prévia do cordão, que dependendo do estadia-
mento TNM, tipo histológico, estudos de imagens do O tratamento atual do tumor de testículo sempre
tórax e retroperitôneo, e dos marcadores tumorais, visa a cura, mesmo nos estágios mais avançados. A
devemos associar linfadenectomia retroperitoneal, escolha da melhor terapia depende do tipo tumoral,
quimioterapia ou radioterapia. presença ou ausência de fatores de risco patológicos
(estágio l), e fatores prognósticos (doença metastática).
Para pacientes com tumor não-seminomatoso em
Patologia estádio l, o risco de metástases ocultas é de 30%, sendo
que em pacientes com e sem invasão linfovascular é de
Após a orquiectomia, deve-se constar da avaliação
50% e 10% respectivamente, o risco de recorrência
patológica do testículo:
ganglionar quando só tratados com orquiectomia.
1) Macroscopia: lado, tamanho testicular, tamanho
Naqueles com presença de mais de 50% de carcinoma
tumoral e achados macroscópicos do epidí-
embrionário, a taxa de recorrência chega a 35%. Quan-
dimo, cordão espermático e túnica vaginal.
do se associa com componente teratomatoso, a recor-
2)Microscopia: tipo histológico (especificar com-
rência é menor, em torno de 10%, sua ausência eleva
ponentes individuais e estimar porcentagem);
este valor a 40%. Outros fatores de risco importantes
presença ou ausência de invasão tumoral venosa
são: a presença de componente de tumor de saco

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Seção VII G

vitelínico, invasão de albugínea e/ou epidídimo (estádio outros subtipos tumorais (mas não de células germi-
pT ≥ 2), e marcadores elevados pré-orquiectomia. nativas) podem progredir mais freqüentemente, e
devem ser submetidos à quimioterapia de resgate.
Tumor seminomatoso
Devido às altas taxas de cura, quase 100%,
alcançados no tratamento do tumor seminomatoso
Leitura recomendada
estádio l com orquiectomia e observação, aplica-se 1. Albers P, DeRiese WT, Ulbright TM, Donohue JP, Foster RS.
radioterapia somente na recorrência; porém existem Prognostic factors in patients with pathological stage l non-
poucos estudos quanto aos fatores de risco neste seminomatous testicular germ cell tumors and tumor recurrence
during follow-up. Urol Res (1995) 23: pp. 211-3.
grupo de tumores. Os fatores de risco para recor- 2. Laguna MP, Pizzocaro G, Klepp O et al. EAU guidelines on
rência são: tumor seminomatoso anaplásico, tumor testicular câncer. Eur Urol 2001, 40: pp. 102-10.
> 3 cm, presença de invasão linfovascular e beta- 3. Warde P, Specht L, Horwich A et al. Prognostic factors for
HCG alto pós-orquiectomia. relapse in stage l seminoma managed by surveillance: a pooled
analysis. J Clin Oncol 2002; 20: pp. 4448-52.
Os pacientes submetidos à quimioterapia 4. Walsh PC, Retik AB, Vaughan ED Jr, Wein AJ. Campbell’s
podem apresentar massa residual retroperitoneal: Urology, 8th ed., Philadelphia, 2002.
necrose, fibrose e teratoma que são associados a 5. Ulbright TM. Testis risk and prognostic factors-the pathologist’s
baixo risco de progressão; já as que contêm tumor perspective. Urol Clin of North Am 1999, p. 26(3).
de células germinativas não-teratomatosa ou

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Seção VII G

Capítulo 158
Seminoma estádios I e II

José Francisco da Silveira


Valdemar Ortiz

Os seminomas correspondem de 40% a 50% das seguimento.


neoplasias testiculares, sendo que 75% se apresentam O tratamento radioterápico adjuvante para estádio
em estádio I e 15% em estádio II. O comprometimento I está bem-estabelecido, havendo concordância entre
supradiafragmático é precedido de doença extensa no os vários centros europeus, americanos, canadenses
andar inferior e os seminomas são extremamente radios- e nacionais, porém para o estádio II ainda existem
sensíveis e mais quimiossensíveis. divergências, indicando a necessidade de evoluirmos
A melhoria nas formas de tratamentos adjuvantes para um consenso na forma de tratá-los.
com a utilização da radioterapia com menores doses
e campos mais restritos e/ou com a quimioterapia,
com drogas isoladas ou combinadas, diminuíram os Tratamento
efeitos colaterais agudos e tardios, apresentando um
índice de cura de 95% a 100%. Seminoma – estádios
Estudos organizados pela Medical Research Council
e European Organization for Research and Treatment of
I (T1-T4, N0, M0)
Cancer mostraram que o tratamento radioterápico
isolado da região paraórtica caval, para o seminoma O tratamento básico consiste na orquiectomia
estádio I, apresenta resultados semelhantes à radio- inguinal alta seguida de radioterapia adjuvante da
terapia previamente utilizada, ou seja, a que incluía a região paraórtica caval com dose de 25 a 30 Gy,
região da cadeia ganglionar ilíaca ipsilateral, mas com com fracionamento de 1,8 a 2 Gy/dia, em três
toxicidade global branda e bem-tolerada. semanas. A taxa de recorrência é de 2% a 4% e a de
Os efeitos colaterais mais comuns são relacio- cura de 95% a 100% (Figura 1A).
nados ao aparelho digestivo, tais como náuseas e Em pacientes com violação escrotal ou cirurgias
vômitos (8% – IIA), diarréia (10% – IIB), assim prévias da região inguino-escrotal ipsilateral ao tumor,
como para o sistema hematopoiético. A proteção apesar de controvérsias, a radioterapia nestas áreas é
do testículo contralateral é realizada de rotina evi- prática usual. Em circunstâncias em que a radioterapia
tando-se a “infertilidade”, e os pacientes que dese- é contra-indicada, a vigilância ou a quimioterapia com
jam ter filhos deverão armazenar o sêmen para fu- carboplatina deverão ser consideradas.
turas inseminações. Estudos atuais estão sendo realizados no sentido
Neoplasias secundárias ocorreram em 4% dos de reduzir a dose de radioterapia para 20 Gy na região
pacientes em estádio I, tratados com irradiação paraórtica caval e a efetividade da quimioterapia adju-
paraórtica caval e ilíaca ipsilateral em 25 anos de vante com uma única droga, a carboplatina.

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Guia Prático de Urologia

A “vigilância” após a orquiectomia tem sido IIA-IIB (T1-T4, N1-N2, M0)


adotada em alguns estudos, tendo em vista que 80% O tratamento básico consiste na orquiectomia inguinal
dos homens são curados apenas com a orquiectomia. alta e radioterapia da região paraórtica caval e ilíaca
Porém não há “marcador” específico para os semi- ipsilateral com doses de 30 a 35 Gy em 15 a 17 frações
nomas, que permitam o seguimento e o diagnóstico (Figura 1B e C). Para os estádios IIA e IIB a taxa recidiva
precoce das recidivas, que ocorreram em 15% a 18% é de 10% a 12%, respectivamente, e pode ser reduzida
em cinco e dez anos respectivamente. com um ciclo de quimioterapia com carboplatina. Outra
Alguns fatores de risco devem ser considerados forma opcional de tratamento após a orquiectomia
para se adotar essa estratégia, tais como: invasão vas- inguinal alta é a quimioterapia combinada de drogas
cular e/ou linfática, invasão da reti testis e o volume com etoposide e cisplatina (quatro ciclos). O emprego
tumoral (4 cm). da bleomicina associada às drogas relacionadas anterior-
O custo elevado dos exames subsidiários, TC, mente não mostrou melhoria na sobrevida.
marcadores, raios X de tórax, a taxa de recidiva da
doença em 20% e a dificuldade de adesão dos IIC e III (T1-T4, N3 ou M1)
pacientes, fazem que a mesma seja adotada para casos Para o estádio IIC e pacientes com grandes massas
selecionados, tais como pacientes não preparados tumorais, o tratamento quimioterápico com etopo-
emocionalmente para a radioterapia ou para aqueles side e cisplatina é o tratamento padrão. Com essas
já irradiados. formas de tratamento 85% a 100% dos pacientes
O tratamento quimioterápico adjuvante com evoluem livres de doença. A radioterapia deve ser
carboplatina (400 mg/m2), realizado duas semanas considerada como forma de tratamento para os
após a orquiectomia em dois ciclos, tem sido empre- casos nos quais a quimioterapia esteja contra-indicada,
gado com sucesso, apresentando taxa de recidiva de não sendo atualmente realizada para região supradia-
1% 4 %, com baixa toxicidade. fragmática (Figura 1D e E).

Figura 1: Formas de tratamento para os seminomas dos testículos

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Guia Prático de Urologia

Leitura recomendada testicular seminoma: final report of a prospective multicenter


clinical trial. J Clin Oncol. 2003 Mar 15; 21(6): pp. 1101-6.
4. Clinical Oncology Information Network (COIN). Guidelines
1. Buzaid et al. Manual de Oncologia Clínica do Hospital Sírio
on the management of adult testicular cancer. Clin Oncol.
Libanês. Primeira Edição, 2002.
2000; 12 (Suppl): S173-210.
2. Chung, P, Parker C. et all. Surveillance in stage I testicular
5. Srougi M, Dzik C. Manual de Normatização Câncer
seminoma - risk of late relapse. Can J Urol. 2002 Oct; 9 (5):
Urológico. Sociedade Brasileira de Urologia. São Paulo: BG
pp. 1637-40.
Cultural, 2000, pp. 57-61.
3. Classen J, Schmidberge, H et all. Radiotherapy for stages IIA/B

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Seção VII G

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Seção VII G

Capítulo 159
Tumores não-seminomatosos –
tratamento

Donard Augusto Bendhack


Marcelo Luiz Bendhack

O tratamento dos tumores germinativos não-semi- linfadenectomia retroperitoneal, devem ser obedecidos
nomatosos do testículo (TGNST), após a orquiec- critérios bastante rígidos de seleção dos pacientes. Isto
tomia por via inguinal, tem o objetivo de prevenir a se deve às dificuldades de ordem socioeconômica e,
ocorrência de metástases quando limitados ao estádio muitas vezes, pelas restrições decorrentes de nosso
I e melhorar as taxas de sobrevida em pacientes com sistema de assistência médica.
doença metastática. Para a escolha da melhor forma O fator preditivo de recorrência em pacientes
de tratamento deve ser levada em consideração a submetidos ao protocolo de seguimento é a presença
histopatologia do tumor original, a presença ou não de invasão vascular (IV) no tumor original. Cerca de
de fatores de risco no estádio I e os fatores prog- 70% dos pacientes em estádio I não apresentam
nósticos quando se trata de doença metastática. invasão vascular e o risco de recorrência é apenas 15%
Fatores de risco no estádio I: comprometimento a 20%, comparados a 50% de recorrência nos casos
do cordão espermático e/ou epidídimo, percentual em que há invasão vascular. Quando a linfadenectomia
de carcinoma embrionário > 40%, ausência de retroperitoneal nerve-sparing (LRP-NS) é adequadamente
elementos do saco vitelino, invasão vascular e/ou empregada, o risco de recorrência ao nível de
linfática no tumor original e marcadores tumorais retroperitôneo é extremamente baixo. Em 40% a 50%
elevados antes da orquiectomia. dos casos a LRP demonstra linfonodos positivos, já
se tratando de pacientes em estádio II.
Outra forma de tratamento do estádio I nos
TGNST TGNST, após a orquiectomia, nos casos de alto risco,
seria o emprego de dois ciclos de quimioterapia (QT)
Estádio I com o esquema PEB (cisplatina, etoposide e
bleomicina), obtendo-se índices de cura igualmente
Após a orquiectomia, até 30% dos pacientes elevados. Todavia, o risco de crescimento lento de
clinicamente diagnosticados como estádio I já apre- elementos teratomatosos no retroperitôneo, resis-
sentam micrometástases e na seqüência podem tentes aos esquemas de QT, e os próprios riscos da
desenvolver recorrência da doença, geralmente em QT devem ser levados em consideração quando se
retroperitôneo. Assim, a conduta padrão é a linfade- pensa em utilizar este tratamento.
nectomia retroperitoneal (LRP) modificada. O principal objetivo da LRP reside no fato de
Se forem submetidos apenas ao esquema de segui- que as metástases iniciais localizam-se em linfonodos
mento (surveillance), o qual tem sido empregado em retroperitoneais tornando o procedimento curativo
diversos centros com resultados semelhantes aos da nos estádios N1 e N2. Com esquemas conserva-

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Guia Prático de Urologia

dores, ou seja, sem a realização de LRP, cerca de Prognóstico intermediário


20% a 25% dos pacientes com estádio T1-T3 são a) Localização primária apenas em testículo ou
subestadiados. O índice de cura para os pacientes linfonodos de retroperitôneo;
em estádio I é de 95% apenas com a LRP. Aqueles b) Ausência de metástases viscerais não-pulmo-
que recidivam após a LRP (5% a 10%) são geralmente nares;
curados pela QT. c) Qualquer dos seguintes dados: AFP 1.000 a
Estádio II 10.000 ng/mL, beta-HCG 5.000 a 50.000 UI/L,
ou LDH 1,5 a 10 vezes acima do limite normal.
O tratamento para o estádio II é baseado no Cerca de 28% dos casos estão incluídos neste
tamanho dos linfonodos retroperitoneais envolvidos. grupo e a sobrevida em cinco anos é de 80%.
Com linfonodos < 2 cm ou com menos de cinco
Mau prognóstico
linfonodos comprometidos, a orquiectomia seguida
da LRP é o tratamento de escolha. Neste grupo a QT Quaisquer dos seguintes critérios:
adjuvante é de grande valia, pois os índices de a) Tumor primário em mediastino. Metástases
recorrência quando se utiliza o esquema de acompa- viscerais não-pulmonares;
nhamento (surveillance) chegam a 49% e com o uso de b) AFP > 10.000 ng/mL, beta-HCG > 50.000 UI/L,
QT adjuvante baixam para apenas 6%. ou LDH dez vezes acima do limite normal.
Para alguns pacientes no estádio II (marcadores Neste grupo se incluem 16% dos casos, com
tumorais elevados, tumor original > 3 cm, ou pacientes sobrevida em cinco anos de 48%.
de alto risco cirúrgico) pode ser utilizada QT primária,
com três ciclos de BEP ou quatro ciclos de EP. Abreviações: AFP - alfafetoproteína; beta-HCG - subunidade
betagonadotropina coriônica humana; LDH - desidrogenase lática.

Doença avançada Na doença avançada, o consenso é o emprego


de QT logo após a orquiectomia, exceto nos casos
Os fatores prognósticos (bom, intermediário ou de TGNST estádio II com linfonodos de pequeno
mau) e a histologia do tumor primário são determi- volume, quando está indicada a LRP bilateral
nantes na escolha da melhor opção para os tumores seguida de quimioterapia ou apenas seguimento em
com estádio avançado. casos selecionados.
Os critérios de bom, intermediário ou mau O tratamento de escolha para a doença metastática
prognóstico foram estabelecidos pelo International de bom prognóstico para os tumores não-semi-
Germ Cell Consensus Classification, em 1997, e podem nomatosos é a utilização de três ciclos de cisplatina,
ser resumidos da seguinte forma: etoposide e bleomicina, embora o esquema com quatro
ciclos de cisplatina e etoposide apresente resultados
Tumores germinativos semelhantes, com menor toxicidade.
não-seminomatosos Para casos de prognóstico intermediário ou de
mau prognóstico, o tratamento sugerido consiste
Bom prognóstico em quatro ciclos de PEB, alcançando a cura em
a)Localização primária apenas em testículo ou 60% a 70% dos pacientes. Nos 20% a 30% restantes
linfonodos de retroperitôneo; que evoluem de maneira desfavorável, está indicado
b)Ausência de metástases viscerais não-pulmonares; o uso de QT em altas doses, com eventual trans-
c)AFP < 1.000 ng/mL, beta-HCG < 5.000 UI/L plante de medula óssea. Os critérios básicos de trata-
e LDH < 1,5 vezes acima do limite normal. mento dos tumores germinativos não-semino-
Este grupo engloba cerca de 56% dos casos e a matosos de testículo estão sumarizados nos
sobrevida em cinco anos alcança 92%. algoritmos I e II.

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Guia Prático de Urologia

Algoritmo I

Algoritmo II

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Seção VII G

Leitura recomendada 3. Richie JP, Einhorn LH, Foster RS, Jewett MAS, Studer UE.
Testis Cancer: Options in a land of plenty. Contemporary
Urology, 13(5) May 2001, pp. 26-45.
1. Böhlen D, Borner M, Sonntag RW, Fey MF, Studer UE. Long-
4. Richie JP, Steele GS. The indications for RPLND in patients
term Results Following Adjuvant Chemotherapy in Patients
with testicular tumors. Contemporary Urology, 12(8) Aug
with Clinical Stage I Testicular Nonseminomatous Malignant
2000, pp. 12-26.
Germ Cell Tumors with High Risk Factors. J Urol, 161, pp.
5. Laguna MP, Pizzocaro G, Klepp O, Algaba F, Kisbenedek L,
1148-52, April 1999.
Leiva O. EAU Guidelines on Testicular Cancer. Eur Urol
2. Hanna N, Loehrer PJ. Testicular Cancer Therapy: Progress and
2001; 40: pp. 102-10.
Problems. Contemporary Urology, 13(12) Dec. 2001, pp. 13-26.

548

Untitled-3 548 11/03/04, 14:15


Seção VII G

Capítulo 160
Massa residual pós-QT

Valdemar Ortiz
Camilo Jorgetti

Introdução à massa residual. Entretanto, também não é capaz


de diferenciá-la.
O câncer de testículo, relativamente raro, é o tumor A tomografia por emissão de pósitrons (PET-scan)
maligno mais freqüente em homens de 15 a 35 anos tem se mostrado ineficiente em identificar massas residuais,
de idade. A patologia, antes com alta taxa de mortali- além de não ser capaz de detectar teratomas.
dade, teve uma mudança dramática em sua sobrevida
devido às melhores técnicas diagnósticas, modifi-
cações e implementações das técnicas cirúrgicas e, Tratamento
principalmente, desenvolvimento de esquemas
quimioterápicos efetivos. O tratamento para a neo-
plasia de testículo passou a ser padronizado e com
Seminoma
bons resultados. Entretanto, a recidiva retroperitoneal A taxa de recidiva pós-quimioterapia em pacientes
ou a distância ainda é razão de muita controvérsia. A com massa residual menor que 3 cm é de menos de
ocorrência de recidiva ou não-resolução completa 5%; enquanto, para massas maiores que 3 cm, a taxa
das massas tumorais retroperitoneais por câncer é de 30%, sendo, portanto, indicada terapia de resgate.
avançado de células germinativas fica em torno de É importante salientar que, diferentes dos não-
20% a 30% após tratamento quimioterápico clássico
seminomas, as massas residuais em pacientes com
a base de cisplatina, sendo que a conduta a ser tomada
seminoma muito raramente têm teratoma e, portanto,
depende do tipo histológico do tumor primário.
essa possibilidade não deve pesar na decisão da
modalidade terapêutica a ser aplicada.
Diagnóstico Observação
A massa residual retroperitoneal pós-QT é fre- Pacientes com massa residual menor que 3 cm podem
qüentemente identificada pela tomografia computa- ser mantidos em observação porque têm risco de
dorizada, porém o exame não é capaz de diferenciar malignidade menor que 3%. A opção por não intervir
entre tumor residual, teratoma, necrose ou fibrose. em casos com massa residual deve ser feita com
A ressonância magnética também é sensível para observação rigorosa realizada através de tomografias
identificar a massa residual e fornece importantes computadorizadas seriadas a cada três meses no
informações pré-operatórias para casos de indi- primeiro ano, a cada quatro meses no segundo ano e
cação cirúrgica como a anatomia vascular em relação duas vezes ao ano nos próximos três anos.

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Seção VII G

Radioterapia de resgate Cirurgia de resgate


Apesar de factível, 75% a 80% dos casos seriam A linfadenectomia retroperitoneal é indicada para
irradiados desnecessariamente, já que a taxa de todos os tumores residuais não-seminomatosos que
recidiva é por volta de 30% e aparentemente não tenham valores de marcadores tumorais normais.
reduz o risco de recorrência. A freqüência de complicações é maior na linfade-
nectomia de resgate que na linfadenectomia primária;
Cirurgia de resgate
monitoramento intra-operatório e pós-operatório da
A ressecção de massas tumorais residuais de semi- função respiratória (principalmente em pacientes que
nomas pós-quimioterapia no retroperitônio é tecnica- receberam bleomicina), reposição criteriosa de volume,
mente mais complicada do que em não-seminomas especialmente à custa de colóide, diminuem a
devido à reação desmoplásica e obliteração dos planos mortalidade por falência respiratória aguda. Disfunção
cirúrgicos. É indicada para casos com massa localizada ejaculatória e esterilidade são complicações freqüentes
maior que 3 cm. A ressecção de massas tumorais já que a linfadenectomia com preservação nervosa
menores que 3 cm tem alta morbidade e é controversa. compromete a efetividade do tratamento de resgate.
Quimioterapia de resgate Quimioterapia de resgate
A maioria dos tumores seminomatosos é sensível à A quimioterapia de resgate adjuvante à linfade-
quimioterapia, sendo a terapia de resgate realizada com nectomia para massa residual aumenta a taxa de
associação de cisplatina e vimblastina ou ifosfamida e cura de 25% para 50% a 70% e pode ser realizada
indicada naqueles casos em que foi comprovado tumor com cisplatina, vimblastina ou ifosfamida. Em casos
residual na massa ressecada anteriormente. que não responderam à quimioterapia de primeira
e segunda linhas, pode ser usada quimioterapia em
Não-seminoma altas doses a base de carboplastina associada com
A taxa de recidiva retroperitoneal pós-quimioterapia transplante autólogo de medula óssea.
em pacientes com tumores não-seminomatosos é de
15% a 20%, sendo que necrose e fibrose compõem
45% a 50% dos achados histológicos e teratoma outros
Leitura recomendada
35%. É importante lembrar que tumores não semino- 1. Lien H, Stenwig A, Ous S, Fossa S. Influence of different
matosos podem ter elevação de marcadores tumorais criteria for abnormal lymph node size on reliability of
(AFP e beta-HCG) e o valor desses marcadores é computed tomography in patients with nonseminomatous
importante na decisão terapêutica da abordagem da testicular cancer. Acta Radiol Diagn 1986; 27: p. 199.
massa residual. Pacientes com massa residual e marca- 2. Stephens AW, Gonin R, Hutchins GD, Einhorn L. Positron
dores elevados devem ser tratados com quimioterapia emission tomography evaluation of residual radiographic
de resgate sem abordagem cirúrgica prévia. abnormalities in postchemotherapy germ cell tumor patients.
J Clin Oncol 1996; 14: p. 1637.
Observação
3. Herr HW, Sheifeld J, Puc HS et al. Surgery for a post-chemotherapy
Não é indicada para tumores residuais não semino- residual mass in seminoma. J Urol 1997; 157: pp. 860-2.
matosos, independente do tamanho da massa. A taxa 4. Schultz SM, Einhorn LH, Conces DJ Jr e col: Management
de malignidade residual ou de teratoma, que rara- of post-chemotherapy residual mass in patients with
mente degenera para teratoma imaturo, mas que pode advanced seminoma: Indiana University experience. J Clin
causar compressão de grandes vasos ou ureter Oncol 1989; 7: pp. 1497-503.
(síndrome do teratoma em crescimento), quando a 5. Horwich A, Paluchowska B, Norman A, et al. Residual mass
ressecção é mais difícil, é de 50%. following chemotherapy of seminoma. Ann Oncol 1997; 8: p. 37.

550

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Seção VII G

Capítulo 161
Seguimento clínico nos
tumores testiculares

Giacomo Errico

Após o tratamento definitivo para tumor testicular, A anamnese deve ser completa, avaliando provável
os pacientes devem ser acompanhados regularmente. queixa do paciente em relação à dor lombar, dor
Em cada visita, o paciente deve ser examinado cuida- abdominal, alteração nos mamilos e tosse.
dosamente com atenção voltada para presença de O exame físico deve ser detalhado na investi-
nódulos supraclaviculares, exame de tórax, abdome e gação de linfonodos, tórax, abdome e testículo
testículo contralateral. remanescente.

Seminoma estádio I

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Guia Prático de Urologia

Seminoma estádios IIa - IIb

Não-seminoma estádio I

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Guia Prático de Urologia

Não-seminoma estádios IIa - IIb

Seminoma e não-seminoma avançados

Leitura recomendada Urol 2001; 40: pp. 111-23.


3. Baniel J, Donohue JP. Cost and risk benefit considerations
in low stage ( I and II ) nonseminomatous testicular tumors.
1. Pramod CS. Clinical stage I testis cancer. J Urol 1998,
AUA Update Series 1997, 26: pp. 50-5.
159: pp. 855-8.
4. Sternberg CN. The management of stage I testis cancer.
2. Laguna MP, Pizzocaro G, Klepp O, Algaba F, Kisbenedek
Urol Clin North Am 1998, 25: pp. 435-49.
L, Leiva O. EAU Guidelines on testicular cancer. Eur

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Seção VII G

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Seção VII G

Capítulo 162
Tumores de testículo na
infância – particularidades

Nilo Leão Barretto

Aspectos epidemiológicos Fatores de risco


A incidência de tumores de testículos em crianças Nas ambigüidades genitais em que se encontram testí-
é baixa, sendo a sua ocorrência de 1% a 2% nos culos disgenéticos e pacientes com resistência periférica
tumores sólidos pediátricos. Correspondem a 9% a andrógenos, há chance de 25% do desenvolvimento
de todos os tumores de células germinativas da infân- de gonadoblastomas com potencial maligno. A criptor-
cia, ocupando o terceiro lugar após os tumores sacro- quidia tem sido freqüentemente associada a carcinoma
coccígeos e ovarianos. O seu peak está entre o pri- in situ (3%) e maiores chances de tumores germinativos
meiro e o segundo ano de vida, tornando-se infre- invasivos. Isto não foi demonstrado na infância, com
qüente após os quatro anos. exceção para os casos de intersexo. A microlitíase
testicular tem sido apontada como fator de risco, porém
necessita ainda comprovação.
Tipos histológicos
Diferente do que ocorre em adultos, 71% dos Clínica e diagnóstico
tumores testiculares da infância provêm de células
Massa testicular indolor, sem caráter inflamatório
germinativas (92% no adulto), enquanto que 29%
entre o primeiro e o quarto ano de vida, deve ser ava-
são de origem estromal (não-germinativas). Oitenta
liada cuidadosamente. Pacientes com sinais de atividade
e dois por cento dos tumores germinativos são malig-
hormonal podem ser portadores de pequenos tumores
nos, sendo o tumor do seio endodérmico (yolk sac funcionantes impalpáveis. A ultra-sonografia equipada
tumor) o de maior freqüência, restando um pequeno com Doppler colorido faz a maioria dos diagnósticos.
percentual para os tumores mistos, teratomas ima- A tomografia computadorizada e a ressonância
turos e seminomas. Dezoito por cento dos tumores magnética podem ser usadas na investigação dos
germinativos são benignos do tipo teratoma maduro, linfonodos retroperitoniais e torácicos. De grande
em que se encontram tecidos bem- diferenciados dos importância são os marcadores séricos, com destaque
três folhetos embrionários. Não há relatos de metás- para a alfafetoproteína, que está sempre elevada nos
tases destes tumores em crianças. Os tumores não- tumores do seio endodérmico. Além de contribuir no
germinativos provêm em ordem de incidência das diagnóstico e estadiamento, guia também o tratamento
células de Leydig, Sertoli e células granulosas, são após a orquiectomia. O beta-HCG está aumentado no
benignos, mais freqüentes que em adultos e podem carcinoma embrionário e teratomas mistos que são
ser funcionantes. tumores mais raros.

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Seção VII G

Estadiamento que a orquiectomia radical é o suficiente para tratar


os estádios I e II. Pacientes com disseminação retro-
O comitê de tumores da secção de urologia da peritonial após a orquiectomia devem submeter-se
Academia Americana de Pediatria propõe o seguinte à quimioterapia. Caso os marcadores séricos conti-
estadiamento. nuem alterados, a linfadenectomia retroperitonial
I) Tumor confinado no testículo, marcadores séri- deverá ser considerada. Níveis de sobrevida de 85%
cos normais um mês após orquiectomia; são obtidos em estádios avançados com a ação tera-
II) Doença microscópica na bolsa ou no cordão pêutica combinada.
espermático com marcadores alterados após
a orquiectomia. Ruptura do tumor ou biópsia
prévia por via escrotal; Leitura recomendada
III) Linfonodos retroperitoniais comprometidos;
IV) Metástases à distância. 1. Protocolo Nacional de Tratamento dos Tumores de Células
É importante observar que tumores malignos de Germinativas na Infância, TCG-99.
testículo na criança tendem a ser localizados, estando 2. Haas RJ , Schmidt P . Testicular Germ Cell Tumors in
90% em estádio I. Childhood and adolescence. World J Urol 1995, 13: 203-8
3. Pizzo PA, Porlack D. Pediatric Oncology J.B.Lippincott-
Philadelphia, 1988.
4. Gourlay WA, Johnson HW, Pantsar JT: Gonadal tumors in
Tratamento Disorders of sexual diferentiation. Urology 1994, 43-537-40.
5. International Germ Cell Cancer Colaborative Group: a
Devido à baixa incidência destes tumores, torna- prognostic factor- based staging system for metastatic germ
se difícil padronizar o tratamento. Porém é consenso cell cancers. J Clin Oncol 1997 vol. 15 n. 2 p. 594, 1997.

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