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INTRODUÇÃO

Este trabalho foi-me pedido na disciplina de Área de Projeto, onde me foi pedido
um trabalho relacionado com a história das profissões. Escolhi este tema por ser
a profissão dos meus pais. Escolhi ainda devido ao achar e sentir o quanto é
uma profissão incompreendida pela sociedade, com muitos preconceitos e juízos
pré-estabelecidos, esperando que com este trabalho, pelo menos junto dos meus
colegas, consiga fazer a diferença e contribuir para uma melhor compreensão da
profissão.

Enfermagem é uma ciência cuja essência e especificidade é o cuidado ao ser


humano individualmente, na família ou em comunidade de modo integral e
holístico (num todo indivisível), desenvolvendo autonomamente ou em equipa,
atividades de promoção e proteção da saúde e prevenção e recuperação de
doenças ou de estados de alteração da saúde.

O conhecimento que fundamenta o cuidado de enfermagem deve ser construído


na intersecção entre a filosofia, que responde à grande questão existencial do
homem, a ciência e tecnologia, tendo a lógica formal como responsável pela
correção normativa (normas de atuação) e a ética, numa abordagem
comprometida com a emancipação humana e evolução das sociedades.

Para além da Enfermagem geral existem ainda as Especialidades em


Enfermagem:

· A Especialidade de Enfermagem Comunitária;

· A Especialidade de Enfermagem de Saúde Infantil e Pediátrica;

· A Especialidade de Enfermagem de Reabilitação;

· A Especialidade de Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica;

· A Especialidade de Enfermagem em Terapia Intensiva;

· A Especialidade de Enfermagem em Administração.

Os Mestrados e Doutoramentos na área de Enfermagem têm sido reveladores de


promissoras evoluções desta ciência, no âmbito das constantes investigações
feitas nas mais diversas vertentes da Enfermagem. Para a frequência do curso,
que já é ensino superior, é necessário ter o 12ºAno e concorrer para poucas
vagas e com elevadas médias de entrada.
Origem da Profissão
A profissão surgiu do desenvolvimento e evolução das práticas de saúde no
decorrer dos períodos históricos. As práticas de saúde instintivas (por instinto)
foram as primeiras formas de prestação de assistência. Numa primeira fase da
evolução da civilização, estas ações garantiam ao homem a manutenção da sua
sobrevivência, estando na sua origem, associadas ao trabalho feminino,
caracterizado pela prática do cuidar nos grupos nômades primitivos, levando em
linha de conta a espiritualidade de cada um relacionada com a do grupo em que
vivia. Mas, como o domínio dos meios de cura passaram a significar poder, o
gênero masculino (o homem), aliando este conhecimento ao misticismo,
fortaleceu tal poder e se apoderou dele.

As práticas de saúde mágico-sacerdotais abordavam a relação mística entre as


práticas religiosas e de saúde primitivas desenvolvidas pelos sacerdotes nos
templos. Este período corresponde à fase de empirismo (em que as coisas se
faziam por tentativa e erro sem nenhum fundamento cientifico mas sim com
base na experiência de quem ministrava os cuidados). Essas ações permanecem
por muitos séculos desenvolvidas nos templos que, a princípio, foram
simultaneamente santuários e escolas, onde os conceitos primitivos de saúde
eram ensinados.

Posteriormente, desenvolveram-se escolas específicas para o ensino da arte de


curar no sul da Itália e na Sicília, propagando-se pelos grandes centros do
comércio, nas ilhas e cidades da costa.

A prática de saúde, antes mística e sacerdotal (inicia-se no século V a.C.,


estendendo-se até os primeiros séculos da Era Cristã), passa agora a ser um
produto desta nova fase, baseando-se essencialmente na experiência, no
conhecimento da natureza, no raciocínio lógico que desencadeia uma relação de
causa e efeito para as doenças e na especulação filosófica, baseada na
investigação livre e na observação dos fenômenos, limitada, entretanto, pela
ausência quase total de conhecimentos sobre a anatomia e fisiologia do corpo
humano. Essa prática individualista volta-se para o homem e suas relações com
a natureza e suas leis imutáveis. Este período é considerado pela medicina grega
como período hipocrático, destacando a figura de Hipócrates (Hipócrates de Cós
- nasceu na Antiga Grécia, considerado por muitos como uma das figuras mais
importantes da história da saúde – é frequentemente considerado o "Pai da
Medicina" ou o "Pai das Profissões da Saúde"), que propôs uma nova concepção
em saúde, dissociando a arte de curar dos preceitos místicos e sacerdotais,
através da utilização do método indutivo, da inspeção e da observação. Não há
caracterização nítida da prática de Enfermagem nesta época.

As práticas de saúde medievais focalizavam a influência dos fatores sócio-


econômicos e políticos do medieval e da sociedade feudal nas práticas de saúde
e as relações destas com o cristianismo. Esta época corresponde ao
aparecimento da Enfermagem como prática leiga, desenvolvida por religiosos e
abrange o período medieval compreendido entre os séculos V e XIII. Foi um
período que deixou como legado uma série de valores que, com o passar dos
tempos, foram aos poucos legitimados a aceitos pela sociedade como
características inerentes à Enfermagem. A abnegação, o espírito de serviço, a
obediência e outros atributos que dão à Enfermagem, não uma conotação de
prática profissional, mas de sacerdócio.

As práticas de saúde pós monásticas evidenciam a evolução das ações de saúde


e, em especial, do exercício da Enfermagem no contexto dos movimentos
Renascentistas e da Reforma Protestante. Corresponde ao período que vai do
final do século XIII ao início do século XVI. A retomada da ciência, o progresso
social e intelectual da Renascença e a evolução das universidades não
constituíram fator de crescimento para a Enfermagem.

Enclausurada nos hospitais religiosos, permaneceu empírica e desarticulada


durante muito tempo, vindo desagregar-se ainda mais a partir dos movimentos
de Reforma Religiosa e das conturbações da Santa Inquisição. O hospital, já
negligenciado, passa a ser um insalubre depósito de doentes, onde homens,
mulheres e crianças utilizam as mesmas dependências, amontoados em leitos
coletivos.

Sob exploração deliberada, considerada um serviço doméstico, pela queda dos


padrões morais que a sustentava, a prática de enfermagem tornou-se indigna e
sem atrativos para as mulheres de casta social elevada. Esta fase, que significou
uma grave crise para a Enfermagem, permaneceu por muito tempo e apenas no
limiar da revolução capitalista é que alguns movimentos reformadores, que
partiram, principalmente, de iniciativas religiosas e sociais, tentam melhorar as
condições do pessoal a serviço dos hospitais.

As práticas de saúde no mundo moderno analisam as ações de saúde e, em


especial, as de Enfermagem, sob a óptica do sistema político-econômico da
sociedade capitalista. Ressaltam o surgimento da Enfermagem como atividade
profissional institucionalizada. Esta análise inicia-se com a Revolução Industrial
no século XVI que termina com o surgimento da Enfermagem moderna na
Inglaterra, no século XIX.
Enfermagem Moderna
O avanço da Medicina vem favorecer a reorganização dos hospitais. É na
reorganização da Instituição Hospitalar e no posicionamento do médico como
principal responsável por esta reordenação, que vamos encontrar as raízes do
processo de disciplina e seus reflexos na Enfermagem, ao ressurgir da fase
sombria em que esteve submersa até então.

Naquela época, estiveram sob piores condições, devido a predominância de


doenças infecto-contagiosas e à falta de pessoas preparadas para cuidar dos
doentes. Os ricos continuavam a ser tratados em suas próprias casas, enquanto
os pobres, além de não terem esta alternativa, tornavam-se objeto de instrução
e de experiências que resultariam num maior conhecimento sobre as doenças
em benefício da classe abastada.

É neste cenário que a Enfermagem passa a atuar, quando Florence Nightingale é


convidada pelo Ministro da Guerra de Inglaterra para trabalhar junto aos
soldados feridos em combate na Guerra da Criméia.

Período Florence Nightingale


1891, Florence (1820 - 1920) - Enfermeira que criou o conceito moderno de enfermagem.

Esta mulher em particular, foi uma referência na enfermagem. Nascida a 12 de


Maio de 1820, em Florença, Itália, era filha de ingleses. Possuía inteligência
incomum, tenacidade de propósitos, determinação e perseverança, o que lhe
permitia dialogar com políticos e oficiais do Exército, fazendo prevalecer suas
ideias. Dominava com facilidade o inglês, o francês, o alemão, o italiano, além
do grego e latim.

No desejo de realizar-se como enfermeira, passa o Inverno de 1844 em Roma,


estudando as atividades das Irmandades Católicas. Em 1849 faz uma viagem ao
Egito e decide-se a servir a Deus.

Decidida a seguir sua vocação, procura completar seus conhecimentos que julga
ainda insuficientes, visita o Hospital de Dublin dirigido pela Irmãs de
Misericórdia, Ordem Católica de Enfermeiras, fundada 20 anos antes. Conhece
as Irmãs de Caridade de São Vicente de Paulo, na Maison de La Providence em
Paris. Aos poucos vai se preparando para a sua grande missão. Em 1854,
Inglaterra, França e a Turquia declaram guerra à Rússia: é a Guerra da Criméia.
Os soldados acham-se no maior abandono. A mortalidade entre os hospitalizados
é de 40%.

Florence partiu para Scutari (cidade Italiana) com 38 voluntárias entre religiosas
e leigas vindas de diferentes hospitais. Algumas enfermeiras foram despedidas
por incapacidade de adaptação e principalmente por indisciplina. A mortalidade
decresce de 40% para 2%. Os soldados fazem dela o seu anjo da guarda e ela
será imortalizada como a "Dama da Lâmpada" porque, de lanterna na mão,
percorre as enfermarias, atendendo os doentes. Durante a guerra contrai tifo e
ao retornar da Criméia, em 1856, leva uma vida de inválida. Dedica-se com
ardor, a trabalhos intelectuais. Pelos trabalhos na Criméia, recebe um prêmio do
Governo Inglês e, graças a este prêmio, consegue iniciar o que para ela é a
única maneira de mudar os destinos da Enfermagem – uma Escola de
Enfermagem em 1959.

Após a guerra, Florence fundou uma escola de Enfermagem no Hospital Saint


Thomas, que passou a servir de modelo para as demais escolas que foram
fundadas posteriormente. A disciplina rigorosa, do tipo militar, era uma das
características da escola Nightingaleana, bem como a exigência de qualidades
morais das candidatas. O curso, de um ano de duração, consistia em aulas
diárias ministradas por médicos.

Nas primeiras escolas de Enfermagem, o médico foi de fato a única pessoa


qualificada para ensinar. A ele cabia então decidir quais das suas funções
poderiam colocar nas mãos das enfermeiras. Florence morre em 13 de Agosto de
1910, deixando florescente o ensino de Enfermagem.

Assim, a Enfermagem surge não mais como uma atividade empírica,


desvinculada do saber especializado, mas como uma ocupação assalariada que
vem atender a necessidade de mão-de-obra nos hospitais, constituindo-se como
uma prática social institucionalizada e específica.

Primeiras Escolas de Enfermagem


Apesar das dificuldades que as pioneiras da Enfermagem tiveram que enfrentar,
devido à incompreensão dos valores necessários ao desempenho da profissão,
as escolas se espalharam pelo mundo, a partir da Inglaterra. Nos Estados Unidos
a primeira Escola foi criada em 1873. Em 1877 as primeiras enfermeiras
diplomadas começam a prestar serviços a domicílio em Nova Iorque.

Hoje em dia, temos várias escolas a funcionar em Portugal, que formam todos
os anos enfermeiros com grau de licenciatura, que infelizmente, se continuam a
dirigir aos grandes centros populacionais para exercer a sua atividade, deixando
o interior cada vez mais sozinho, entregue a um número cada vez menor de
profissionais de saúde.

É um curso que demora cerca de 4 anos com uma carga horária de base de
cerca de 5 mil horas, onde se vai tomando contacto com a teoria e com a prática
a ser exercida já junto aos doentes nos hospitais, sendo por vezes muito duro de
ver algumas das coisas no dia-a-dia e levando mesmo todos os anos alguns
alunos a desistir dos cursos e a optar por outras áreas.

Enfermagem nos nossos dias


A enfermagem vê as pessoas como seres totais (holísticos), que possuem
família, cultura, têm passado e futuro, crenças e valores que influenciam nas
experiências de saúde e doença. Contudo, a enfermagem é uma ciência humana
não podendo estar limitada à utilização de conhecimento relativo às ciências
naturais. A enfermagem lida com seres humanos, que apresentam
comportamentos peculiares construídos a partir de valores, princípios, padrões
culturais e experiências que não podem ser questionados e tão pouco
considerados como elementos separados.

A enfermagem tem-se desenvolvido num tipo "particular" de conhecimento. É


frequente, na enfermagem, as enfermeiras depararem-se com situações que
requerem ações e decisões para as quais não há respostas científicas. Em várias
situações outras formas de conhecimento provêm da sua própria experiência
como pessoas e compreensão.

O que caracteriza o exercício de enfermagem é o fato de que ele engloba outros


padrões de conhecimento, além do empírico, inclui aspectos que refletem
crenças e valores. A pessoa da enfermeira, as pessoas com quem interage,
assim como os conhecimentos próprios que resultam da arte de enfermagem,
são também incluídos. A enfermagem apropria-se de conhecimentos de outras
áreas.

A Enfermagem tem atualmente uma linguagem própria, constantemente


atualizada e editada por um Conselho Internacional de Enfermeiros (ICN),
designada por Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE).
Esta classificação guia os enfermeiros na formulação de diagnósticos de
enfermagem, planejamento das intervenções e avaliação dos resultados
sensíveis aos cuidados de enfermagem.

Tudo isto tem levado a uma progressão dos conhecimentos e um aumento


substancial do nível de conhecimentos, com um maior campo de atuação mas
sempre virada para aparte humana das pessoas, não que a parte mais médica
não seja importante, mas por serem os enfermeiros que passam as 24h do junto
aos doentes, que maior disponibilidade têm e maior envolvimento conseguem
com as famílias.
Existe um grande desenvolvimento da enfermagem quer em termos humanos,
quer em termos técnicos, pois durante a sua formação base, a enfermeira tem
de aprender um elevado número de técnicas, procedimentos, ter elevados
conhecimentos de farmacologia, pois para além de conhecer os fármacos, tem
de saber como administra-los, o que nem sempre é fácil, tem acima de tudo de
saber movimentar-se em vários ramos, ao invés do médico que se sobre
especializa numa área e daí não passa.

Resumindo, cada vez mais o peso da responsabilidade na organização que são


os hospitais, é elevado e demonstra a importância que a enfermagem tem na
sociedade. Tantas vezes mal tratados, mas sempre as enfermeiras quem
primeiro socorre que aflito está.

Chama-se sempre pela mãe quando estamos doentes e em sofrimento, a seguir


pela enfermeira!

CONCLUSÃO
Muito mais haveria a dizer sobre uma profissão tão ligada ao sofrimento
humano, que todos os dias tem de gerir os seus próprios sentimentos, colocar
de parte preconceitos, religião, credos, ideologias, pois também os enfermeiros
são seres humanos, e cuidar de todos aqueles que apresentam alterações do
estado de saúde, mesmo quando os próprios não o sabem.

Pelos relatos e histórias que ouço todos os dias, verifico o quanto é difícil o
exercício desta profissão, mas também sei o quanto se faz para que aos doentes
e suas famílias nada falte que possa por em risco o tratamento da doença.

Foi muito gratificante o poder aprender um pouco mais da história desta


profissão, sei que muito mais ficou por dizer, sei que deixo uma porta aberta
para um posterior estudo mais profundo e espero que possa contribuir para uma
melhor compreensão desta, pelo menos junto dos meus colegas.

Bibliografia
· CAMPOS, A. Correia (1983) – Saúde, o custo de um valor sem preço. Lisboa:
Editora Portuguesa de Livros Técnicos e Científicos.

· CAMPOS, A. Correia. (1984) - Os hospitais no sistema de saúde português.


Lisboa: Editora Portuguesa de Livros Técnicos e Científicos.
· CAMPOS, A.C. (1999) – Saúde Pública. Dicionário de História de Portugal. Vol.
IX Suplemento P/Z (ed. Lit. António Barreto e Maria Filomena Mónica). Porto:
Figueirinhas

· GRAÇA, L. (1998) – Em Lisboa nem sangria má nem purga boa:


Representações sociais da saúde/doença e dos praticantes da arte médica nos
provérbios em língua portuguesa. Lisboa: Universidade Nova de Lisboa, Escola
Nacional de Saúde Pública, Grupo de Disciplinas de Ciências Sociais em Saúde,
Disciplina de Sociologia da Saúde/Disciplina de Psicossociologia do Trabalho e
das Organizações de Saúde.

Sites consultados:

· Http://www.ipv.pt/millenium/Millenium27/13.htm

· Http://www.medicinaintensiva.com.br/enfermagem-historia.htm

· Http://pt.wikipedia.org/wiki/Enfermagem

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