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Capítulo 9
Inacção, Atrasos e Crises
z Atraso óptimo
• A versão mais simples é que os políticos não fazem
nada, na esperança de que a economia melhore com
o passar do tempo.
• Uma variante do atraso óptimo é que, mesmo que os
problemas não se resolvam sem uma alteração das
políticas, circunstancias externas podem não ser
actualmente favoráveis a uma reforma.
• Orphanides (1992, JEDC) formaliza esta visão num
modelo de controlo óptimo aplicado a estabilizações da
inflação, baseadas na taxa de câmbio, para as quais seria
necessário um nível mínimo de reservas em moeda
estrangeira.
z Interesses Instalados
• De acordo com Olson (1982), o sucesso económico cria
grupos de interesses instalados.
• Estes podem ser contra subsequentes alterações que ponham em
causa a sua situação privilegiada.
• Num modelo em que o crescimento económico depende da
adopção de novas tecnologias, Krusell e Rios-Rull (1996,
RES) assumem que indivíduos que tenham investido numa
tecnologia poderão depois tentar bloquear o aparecimento
de tecnologias superiores.
• Políticos cuja principal motivação seja a reeleição poderão
não estar dispostos a implementar reformas impopulares.
z Incerteza
• Uma explicação simples para a não adopção de reformas é que os
benefícios das mesmas para o público em geral são incertos.
• Explicações de economia política da inacção são mais interessantes
quando é certo que a maioria da população beneficiaria da reforma.
• Fernandez e Rodrik (1991, AER) mostram como uma reforma que
beneficia uma maioria da população, e o país como um todo, pode ser
rejeitada por uma maioria quando a identidade de muitos dos
beneficiados não pode ser determinada à partida.
• Num jogo com dois períodos, em que as decisões são tomadas por
referendo, há uma tendência para o status quo.
• Laban e Sturzenegger (1994, JDE) mostram como a deterioração das
condições económicas pode levar o grupo que mais sofre com as
mesmas a aceitar uma reforma, mesmo na presença de incerteza
sobre o resultado final.
z Falhas de comunicação
• A não aceitação de uma reforma pode dever-se a um problema de
comunicação da natureza socialmente benéfica da mesma:
• Assimetria de informação entre o político (o proponente) e o eleitorado (o
decisor final) quanto aos benefícios sociais da reforma.
• O proponente e o decisor terem preferências políticas diferentes e haver
limitações à comunicação de informação.
• Abordagens seguidas na literatura:
• “Cheap talk” e definição da agenda;
• Não adopção quando os políticos têm informação superior;
• Credibilidade das propostas e implementação de políticas extremas
(Cukierman e Tommasi, 1998, AER).
z Principais referências:
• Em Alesina e Drazen (1991, AER) atrasos numa reforma fiscal
resultam da falta de acordo entre dois grupos de interesse rivais
sobre um plano de redução dos défices orçamentais.
• Polarização ideológica, fragmentação do sistema político, baixos custos da
inflação e maior dispersão de rendimentos entre os grupos de pressão podem
levar a atrasos nas reformas.
• Drazen e Grilli (1993, AER) ampliam este modelo mostrando os
potenciais benefícios de crises económicas.
• Casella e Eichengreen (1996, EJ) analisam o impacto da ajuda
externa no timing das estabilizações.
• Em Laban e Sturzenegger (1994, JDE) conflitos entre ricos e
pobres e custos de ajustamento justificam adiamentos de
estabilizações na América Latina.
• Hsieh (2000, EER) apresenta uma variante que se baseia num
modelo de negociação similar aos usados para analisar greves.
z Análise do modelo:
• A probabilidade de que a proposta é aceite corresponde à probabilidade de
R>X. Ou seja:
• Os trabalhadores não vão fazer uma proposta que seja rejeitada de certeza
(X≥B) nem lhes interessa propor X<A.
z Discussão do modelo:
• A implicação chave do modelo é que P(X*) pode ser inferior a 1.
• Os dois grupos podem não chegar a acordo apesar de saberem que
há propostas que seriam benéficas para ambos.
• Mas, os trabalhadores podem fazer uma proposta menos generosa
que X=A e arriscar que não haja acordo. A sua esperança é
melhorar a sua situação à custa da dos capitalistas.
• Limitações:
• Só considera dois grupos.
• Interesses tão marcadamente antagónicos entre grupos podem não
corresponder à realidade.
• Esta análise não identifica a fonte do défice ou da tendência para
registar défices. Limita-se a indicar porque um défice pode ser
persistente.