You are on page 1of 129

Williarn Hinton & Sons I

E WEU

I
,Pi
Conde de Cannaviâl
SOBRE uni INVENTO DE Q U E O MESIIO CONDE OBTEVE
PATENTE EM 1896, E QUE TEII P O R T I T U I ~ O:

((0modo mais facil e mais pro~eitosode utilisar, para aguardente


0. para a fermentít$ão de melaço, :iqu~dos contendo a s m a e fere;-
to, apropriadamente obtidos do bagaço da canua de assuear.]>

PRIMEIRA P A R T E - E a c l a r e o l m e ~ i t o s
SEGUEDA PARTI-O c m e diria o iteu, se tiveasa. n i d o
chamado a d e p o r .
TEILCEIRA P A R S E - l k e n e x b e s d o Rea- bõbre o pa-c clinae-
ram OS ~ a - t o r e a , t e n d o *ido o h n -
m a d o s il d e p o r .

1898
Typ. =Diario Populara
PK!\Orn.%L
William Hinton & Sons

Conde de Gannavial

((0modo mais facil e mais proveitoso de utilisar, para aguardente


para a fermentação de melaço, liquidos contendo assucar e fermen-
apropriadamente obtidos do bagaço da canna de assuear.)>

PRIMEIRA PARTE-np<eRarecimencos
SEGUNDA PAI1TE-e <rime itlriai a Icema, s e i t i v o s s e * i d o
chamado a d e p o r
TERCEIRA PARTE-WednexBea do W e u sobre o que disse-
ram o a A u e o r e s . t e n d o s i d o ~11.2-
mados a depor.

<I % * i*., .!,,.i?


P S S S ..,
!s
Typ. *Diario Popular. >:,
-, -,'\ .,
PE:XC~K.~% ..<:,?.,. 1,
.:1
,,J"{3 .r.'
,
:. ;:,. 3
>:$,~::'>
;i.-
'

"; wfww*--A
PRIAIEIRA PARTE

Circunirstrncias que pi'eeedcraui e prepararana as paleiites tlo


Coiidc de Ci~rniia?iial,de ,l87@,de 4885 e de 1896

Por 1S65, o dr. JoEo da Caini~raLernc, actual Con-


de de Caniia~ial,tenc',o rcconliecido que o estado deca-
dente e esmorecido em q ~ t eenEo se acliava, na ilha da
Madeira, a ciiltura da cr~iinade assuear, era, priilcipalmen-
te, devido ao atrazo da inclustria fabril, teve a ideia da.
fnndaçiLo d'unia izíhrica de assuear e aguardente de can-
nas, moiitada com os app,arclilos mais perfeitos, em ordem
a podêr obter, mais faciliiiente, e com aiicnos clespezas,
prodacto incliistrial meihor e de inais valor no corninei-
cio, c poder, assim, das, pela lilateria prima, preço inais
reniunerador da cultnra. E, niettendo liombros 5L emyre-
za, promoveu e coiisegain, cin 1866, a f ~ i n d a ~ ãda
o Com-
panhia Fabril de Assuear Madeirense, qne apezar de lhe
-4-
Iinvereni lançado no e~aiiiiiihoos i~iaioresobstaciilos,apezar
de n%o ser favorecida pelos bons desejos das duas fkbii-
cas ent,%oexistiam 11l-i cidade do Furiclial, nnaurradns
ci infur~cia da 2.i1d~u~tliu (Wiiliaiil Ilintori, hoje, W. Hiilton
ei Soiis, c Ferraz Irmiios), consegiiiei, depois de cinco
annos de incaiisaveis esforços, vcr levxiitar, eiii 1870, os
inuros da. projectada fkbrica.
0 s cst~idosyiie o Conde de Canilavia.1, havia aii-
iios, fazia. da culturi e incliistiia da carii>ade assncar: ti-
nliain-lhe feito conhecer q ~ i cos apparelhos, ha muitos '
anilos, quasi exclusiva~iieuteiisados pairt M extr~cçãindo
sueco dx caiina cle aisucar, oii ym.cqx~,duixa~rxn,lios re-
siduos dtt caiina espreniida, nu bagaço, unia quantidade
iiiiportaiite de asseicai.
Com effeito, esses appareihos, oii moinhos, sS.0, geral-
meiitc, lainiiiadovcs, coilipor;tos cle tres c)-lii?dros de ferro
21orisontaes~qiie roniljeln 1-1 iuaior. parte das ccil~ilassac-
charirins das carinas qiie esiiiag,iiii; e a ngua de vegetn-
çZo, pondo-se enr contacto coni o coiitliciicl~d'ellus, teii-
de a dissoivel-o. Mas, coii~c a disso!ii+ão 6 incompleta
porqiie o iiioi~ilioespi.eine rwpidaiiieiite as caiinas; como
mciitau ceilcil;ls ficaiii iritactas;con~o,a!eii~il'isso,fica. seii:pre
lias caiiilas itilia certa qiiaritidade dc suuco que iião'póde
ser extraliido por tal systlieniagd'aqiii resfilia qile o baga-
ço que sae do i~ioi~ilio encerra sernpre iiiiia g r a i ~ d ecliiant,i-
dase de assiictar, por inaior que seja o ditmietro do moi-
nlio, c: por i~iaiorque seja a presszo.
J á então sabía o Concle de Caiinavial qiie niiinerosos
apparellios e processos t i r i sido propostos para se
aproveita: v:i,iitajossine!ite o assiicar que ficava assini
perdido ilo bagaço das uannas espreniida:i iios iiioinhos.
$$as neiihurrr tinha ainda resolvido satisfa,toriainente o
problenia. 'rililia elie, todavia, a esperança de que.a niesii~a
coixipaiihia poiiesse aproveiti~rmellior o assucar de cannw;
-6-
pois que tinliain sido aiiriunciados reecnterilerrte ;~lguns
appardlios cujos autores, seguindo systerna diverso, pro-
inettiam tirar da iiiesina caniia i~iaiorrendi~iierito.X,tendo
entZo,~oConde de Cni~iiavial acceitado a coinniiss,Xo es-
pinhosa e de gravissiiila respoi~sabilicladede que a dita
coiiip~~nliia n eiicxi-regoul de ir: p!ic mesino, a, França; es-
colher 6s apparelhos coiii que a fAbrica devia ser mosita-
da; logo que chegou a Paris, occupou-se imínediiita-
iiieiitc do estiido dos apparelhos e processos ilit:~inimiente
propostos para mhstituirein os Iainiiiadores. Mas, ein re-
sultado de todo o trabaliio a que para isso se deri, adq~ii-
T ~ L I a eoiivicção de que esses apparelhos, todos eni eil-
saio, n%o iilspiravain confianpt; e rcconlieceii qnc o inoi-
nho, apesar dos seus defeitos, nâo t,inlia niiid;i. acliado
coiiipelidor; porqiie i~cclriiiii LIOS apparelhos ati': entao
coni~eciiioaeitt de dinposiçRo tâo sirirples, de (i.abalho
txo fiicil) de t,ã,o diifisil desnrrnnjo, e de t'Xo grande espe-
dicrite. O C-onde de Caiiiiavial adoptou, pois, para, a fk-
brica. da Companhia. Fak>rii; Lim riioinlio ou laininaáor;
niau irin inoiniio ql;e espreniia L: 72 "I,, sabelido qne os
moirilios eiitXo exist.eiites rias fAbi?cas do I.:iri~cI~al esprc-
niinm a cerca de 60 "1,.
Faltava. resolver o probleiiia do assuear que ficaria
perdido no bagaço; pois iião tiiilia n~liadoainda rneio al-
gili11 de o resolver satisfatoriai~iente.Foi entiio que, va-
lendo-se dos coi12ieeim.entos scientif;i:os e ind~istriaes que
tinha, e, depois de aturado estudo e refexiio, cliegoii o
Conde cle Cailnilrial ao iizue~atode nin meio que lhe pare-
ceii boni para o nproveitaiiiento do assncar do bagaço.
Partindo do peiisaineilto~~ndnnzelztalde aproveitar,
por ícr,vcrge~n,o assiicar que ficava 110 bagaço proveiliente
das cellzclris ~onzpiclcaspelo laiiiiniidor, c cle aproveitar pela
osmose, O a s s ~ c a eni
~ , iriaior quantidade, que o bagas0
coiitiilha, proveniente das cellulas qoe ficavam iritactas,
-7-
este assunipto foi longamente tpatado, ni~guemtinha ain-
da achado nenhum processo que podesse propor em substi-
tuição do nieu, apesar de ser evidente que, em taes cir-
oumstancias, devia haTer qiiem tivesse desejo de fazor tal
achado.,)
E', pois, evidente que, atb. 22 de jullio de 1871, não
só nclo era do dorninio público, senão não era utiliscdo e co-
nhecido na Madei?a, nenhunz meio, alem d'aquelle de que o
Conde de finnavial tinl~a2~rivilegi0, para ser aproveitado
vantajosaniente o assucar que o moinho deixa no bagaço
da cama de assucar, e que então se perdia.
Demais, as obras mais importantes e mais recente-
mente então pnblicadas sobre a industria do assucar pro-
vavam tambem que, lá fóra, não estava o mesmo proble-
ma ainda resolvido. E o dito Conde, em 1883, depois de
ter provado esse facto, coin transcripções textuaes Cessas
obras, dizia ntiilia carta ao mpsnlo «Diario Popiilarn, pti-
blicada em 4 de abril de 1883: ,Tenho demonstrado ex-
huberanteniente que em 1571 não era, por ri,odo algum
conhecido do publico, nem nn Madelra nem f6ra da Ma-
deira, nenliiiin processo industrialmerite vantajoso para o
aproveitamento do assucar que o laiiiinador deixa no ba-
gaço da canila, além do invento de que já entXo eu tinlia
privilegio, e que piiz ein prática na antiga fábrica de S.
João d'esta cidade, no anno de 1872, primeiro anno em
que a mesma fabrica laborou, e cêrca de 16 meees depois
do dia em que o meii privilegio fôra assignado. Se bem
que liouvesse inuito mais de uni anno que a Companhia
Fabril de Assncar Madeirense tinha, por proposta minha,
resolvido ensaiar, comparativamente coni o meu processo,
qualquer oiitro que podesxe parecer vantajoso, afim de
ser adoptado o processo que db.sse nielhor resultado, ne-
nliinn, de tantos iriteressados, nem ainda dos que tinham
manifestado tanta voiltade de me fazer opposição, indicá-
-8-
ra, directa ou indirectainente, até o niomeiito eiu qoe a f i -
brica começoii a laborar, outro' processo a ensaiar: ao
que bem demonstra que não e m ainda &&o co7zhecido na
iWucletru nenhtlm 'processo í,aiitajoso e de facil execnqUo
pala o aproveitiintento do assuear ilo bagaço. O ineii
proceqso foi, pois, o 11122~0 posto ein execuçEon.
E: 8 certo que o Conde de Cannavial viu eiitão con-
firmado, riliina prcictlca r e p l c r , o bom iesn!taclo do seu
invento.
Pouco tempo bastava para sei obtida niiia grande
quantidade de liqnido com a densidade de 3" B. que, cle-
pois, se podia eletar a mais de 4" B.
MAS, iim giande obstacnlo surgiu. O bagaço suhia
do apparelho muito molhado; era preciso fazel-o secc:Lr
paia servir cle coiribiistivel; e o estabelecimerito n%o ti-
riha capacidade que llie permitisse &? estender o bagaqo
coilveiiieritemente para esse fiL1:.
Apesar d'isso. foi esse n unico processo eriipregado
na iliencio~~ada fibrica, para o iiproveitamentc do wssii-
car do bagaço,em 187-2e 16.73: obtendo-se eintZio por es-
te ineio liquidos com densidade sufiiciente ;)ara poderem
ser v:tni-josarnente u'ti!isados, para agiiardentc ou para
a s i x a r : e ai4 o Conde de Cuilnaviai conservou, por meio
da cid, diirante miritas senianas sepi feriíleiltiir, urna
grende cjuailti6ade de iiquidos extra'riidos do bagaço, dos
quaes depois se fex asscear.
E m 1874, 11Ro tendo ainda sido iesolviílo si~tisfa-
toriamente o ohstaculo mencionado. e iizo tendo a Coiii-
panliia podido aiilc!a coinpletar o plaiio dc installaçiio
da s u a fkbriea (no q ~ ael~ t a v aconipreh<ildida a carbona-
to@ clohrc~do,ein q n entrava
~ conio elenrento importante
o processo jti patenteado do Conde de Ganiiavia1 para L:
extracçzo de liqiiidos assucarados do bagaço), occupo~i-se
neste anno o mesulo Conde, lia epoclia da laboraq%o, cle
.
.-g--
estrirjos e ensaios s3:>,,r o:~:,.?;. pri.cPre?s qile ti-
nlia em iiic,iite, desde 1670, par,r o :~~)i.ovi-iíari~cn~<, (!o
assucar do bagaço; deverido este proccs~,» bcr <le inais
facil exeriiçno ria iiiesina fAh~ic.1,iior ~ 2 . iser preciso 136T
o bagaço a scecar. para e110 pùdêr servir de çoi~ibun-
tivel.
A ideia. e ~ l iIiairr~oiiincom os pl.!:rçipiob jb cstabe-
leci<',~ 6 ~:a~:~::Seir,
, estahrleccr lias ccllu?as ailida inhctas
os phenoni~nos(In oslizose, fazendo si: depois a extiicç&o
dos liquidas pela prcbb.20 do nroinllo ou 1:~minador. A fh-
bricn tiiiha tini nioinl1o só; era preciso combiiiar tod,is
as operações <:o f ~ b i í c odo assiicnr de ~notloqne éstas
1150 f6ssem intciron~pidns pela pssagern tlo bagaço n o
laniiiiadoi .
Os estiidos c ensaios coriilrii~araino bom iesiiharlo
do 1"-ocei.;o; e p6de-se organisar tudo (le modo cjric a
f,~bricaçCo 40 nsslicar de ct~nnase a. da :igiiardelite do
hap~c,opoilcsspii~ fizer-se bel?i sinidínrica1neu:e.
Foi ?nt%oclve o Conde de C,iii»a\ial pecliii p r i ~ i -
legio d'este procesio.por nreio de uii.;; acldiqão A patente
de I i l l O . que, tcndo sido erit-iwda A Re;>artiç:o de Iildus-
tria do Miilis'rerio clas Obras I'iiblicas, foi r~gibtadancs-
tx repartiqão eni d 6 de junho de 1875. 8 , desde ent%«,este
piocesso çoiiic~ou logo :is e i eseent,~dona clita fAbrica
publicamei~te,e coin a maior vaiitagein. E ioi corri refc-
rencia a este h c t o q ~ ~em e , carta dirigida ao c(Diar;o Po-
piai.n do Fiinciial e pubiicilda. sin I0 (12 abril dc 1883.
o Concle de Cannaviai se exprime nsjin: -(,Note-se que
havia jA ii~aisde cinco annos que. por proposta iiiinha, a
assembleia geral da mesuia coi~ipanliiatinha votwclo. por
rinaniinidadc, que se ensaiasse. coii~paraii\~ameiite com O
meu processo, qiiairliier outro processo vantajoso; e n?to
s6 durante os cinco nnnos uinguem appareceu a indicar
6 adrninistra~iiouni processo q u a l q ~ ~ eque r poilesse ser
ensaiado. sei?%o tambem, teiiclo sido 'feitas p~iblicamei~te,
n a fAbrica de S. João, as experiencias a que ha pouco
mc rcferi, e tenclo sido co~zcorriclase ~zotoric~sessas expe-
riencias, ninguenz, todavia, reclc~nzou~! para si OLI p ~ ~ OD;
ra
tro, a prioridade cio processo; ilinguem disse entzo, por.
palavra oii pela iilipreilsa., que tal processo jii iOsse co-
nhecido; ningtielm então exclamou:-c~ssim jú eú se fazia!
-N,%o seiía essa a oceasiio propria para reclami~vcoi1ti.a
o ineil privilegio qnern para isso tivesse liindaniento ?-
« O que snuitou ent%omanifestaram, snr. redactor, l'oi ~ u n a
.graride admiraçzo por versrri que, do bs.gaço que saía se-
qiiissimo do moinho, se tirara ama dissolii<jXo de assucar
marctzrido 5', e rrieunlo C?', ao areoinctro iJe Beauiné; e
produzindo uma grande quantidade de 8.p1ardente.a
E', todavia! certo que, tenclo a execuç~iodlest,e pro-
cesso ficado restricto ii f4"'urica. da Coliipanhia Fabril de
Assiic;ti &deirerise, e, serrdo sabido que elle dava boilu
resultados, as outras fhbricas nao olliaviim para este fa-
cto cosn boiis olhos; c, por isso: ein 2877, o redactor do
Diccl-io do Etc.ncJ~u1,visiiilio c arnigo íntiino dos proyirie-
tarios &;i fii.brica E'errccz e Irmicos, apresentoo-se a c~oin'ua-
ter este processo privilegiado do Conde de Caiiiiavial; e
6 çiirioso recoi.ti:ir ou' arguirieiitos coiri que o referido re-
dactor i~poiavaa siia ideia; OS ~ L I R C Sfacilmente se avalia-
ra,, pela leitura. clo segiiinte t,recho, qrie se acha. transeri-
pto no Diario Popular ile 10 de abril de 1883:

.Este proc:esso tem sido ensaiado em qiiasi todas as fabricas


de assiicar da Madeira, e a primeira pessoaqiie o ensaiau, ha
muitos annos, foi o sr. Henriqiie Wilhrah;!ml n a fabrica do siir.
Xinton. i%o fez;4 certo, ar/zc~rtIe,aledo liquido resiiltnnte da I@-
vagem do bagap; mas fez vinagre diirante aigiins annos.
"Em 1872, na fabrica de Ferraz Irinzos, fez-se a segiiinte
experieniia:
a20,cestos (dos'de vindima) cheios de bagaço de canna lava-
do em 26 aliniides de agiia, e passado novamente aos- cyiindros,
produziu 21 almudes de calda ou liquido em 4 graus c meio, qiie
depois de fermentado &distillado prodiiziu 6 galões d e agaarden-
t e em 23 graus. "
nJá se vê, pois,,que uno só é co:hecid<i, mas que at6 j i
teem sido fritas experiencias e ei!-aios da reriuução a. agilardente
do liquido resiiitaiiie d a lavayem em a-ria do bagaço d a caniia.
((Mas l~ergiintar-nos-hão,porque &o fazi.in as ozccv;s fabicas
o mesmo qne o s n r . Dr. Camara est8 fazendo na fabrica d e S.
Joã:, deduzirl,lo da palha assncar oii agilardente ?
aPur rinia raz& rnuico simples, iespondi~remos,porqiie Ihes
náo faz ponta.
<Viram os leitores, no exemplo que acima dAmos, qiie.. v
producto da 1az;rqmz de 20 cestos (Ir baga90 foi d e 6 gal0es d e
agriardei~teque valem. termo medio, tres mil reis. . .
«Pois, será crivcl, que se possam fazer todas essas rpera:
qões de lauugem, de passagen nos cylindros, de fermentagáo, de
distillagão, e a despem de combustivel para. todo este trahallio
com tres mil reis 7
<<NL?0.
<<Eo prejiiizo cpe soflre o hiigapo, perdendo os melhores
elementos combiistioeis ?
<(Porisso todas as fabvicns tcbandonnrurn esse meio de explo-
r a ~ á ode agiiardeiite do bagaço, que, ;jlein ile exigir inais com-
plicada fabricaçSo, graudes e dispendiosos ciepositos, dava um re-
sulta.do anllo r neqlloZaf;o.»

k s t a s pa.lavras, publicadas no Diario do Fzcnchal


eni noveinbro de 1877,só teern o merecimento de deinons-
trar que, a esse teinpo! ne.id~uma fcfbriccc, além da Fábri-
ca da Companhia de Sssucar Madeirense, apr~veit~ava o
.assucitr que ficava perdido iio bagaço, nem pelos proces-
sos privilegiados do Conde de Canna$ial, nem por ne-
nlium o~itro.
Mas 6 certo que a inesnia Con~pariiiiajá tinha eri-
tão conseguido realisar o principal firn que tivera em
vista a ideia da sua fiindaç%o.As fkbricas que existiam
antes, tiriliaili-se visto obrigadas a melhorar a. sna índus-
-13-
ma tii111a a corisciencia de que ixgo aproveitava, em
dente, o assacar do bagaço por nzodo de qlie tivesse o di-
r c i t o de servir-se livre?ne7zteé o facto de aifirinai; nas siins
respostiis aos vg,gaes da Cornrnissciio de inquertto indi~stl-ia1
no din 1.5 t i e scpteiiibro ~ l e1881,que a siia fAbric,i con-
srtiiiia ni~riual~liciireuêlcn de 7.000:UOO <i 8.080:000 de
k'iiogiamu~ililsde c;tnii;i.ilcice da illia, c produzia n nédia
xiiniini de 600.000 a 700.000 Iíi1ogiiiiiiin;is de assiicsr,
e '13.000 a 90.000 litros de melaço, que darram 30.000
a. 40.098 litros de agnarclcnte nZo fi~iiiElu~zdoentXo nu,
u,pria~d~:ntc cio bagaço, ;i qrra.1, pelos c;hlciilos menos favor
iwreis. crn vista da qualidade dn cai:na. coi~siisnida,1x20
poii, i l h ii rnesi~ia%lihric;a inerio? de rei:; 10.Oi)0&000 n
12.000$00:) catl:i arino. 1C este facto, acoixipanliado de
oiiiras til-cnmsbuiiuias nxuito sig.riiiicati\-its,jA, cri1 1884,
foi post» eiii ieiev:), seili conlestaçho, em eacuipto piibli-
cada ;>elo C(>i~di< :!o qiid se 16 o se,r;iiiixt.e:
~ 1 cCa~iii;~\'inl,

a X : * s iimn circ!inxtariçia que rn. parece ser ile grande !:iízo,


e qiie i!xrcee ei~ostrirrq u e o srir. !V. Hiiiton nSo tiriiin a consçiin-
cia d e i::' faziii wsiiarciente de bagaao i18 siia fábrica por iim
processo <Ir: qiii: iii-esse o direito dz iissr, 6 que, nas deilar.:l<$es
que fez aos nieii~brosda ,eommiss!io cio i~iqiieritoindiislrial, oeatl-
toii inieii.cr,?zclíicqiie f;izia agii:lrdeute de I.):+gayoje disse qiie ern-
pregara ~ ~ I I ~ C ~ P I Ycimo
I P I , ~ milteria
~ prima para agilardsnte u meia-
<;o obi.iilo lia sria fábrica; quando r verto que, rnesmo segiiri(io OS
dados m..nos favor:iueis, o l?t~gaqode 1.500:000 kii.igranxnas iie
caiinas de\-ia produzir (1:442~liti.os d c agiiardc?iitr; isto &, ilizas
vezes mais .do qiie toda. a. aguardente que declaroii rirodiii.i;. a sua
-fábrica ri:ini:alrr.ente.
«Demais, n ? ~ o siir. W. E1inti)n qiie caiia i 0 0 ki'.o g.,'
I~XIIID~S
d e c a m a s proJiiiern 18 deciiitros de melaço; por oride se v6 que
si, o n!i.laco dos 7.50L\:000 líi!ograinm;is. de caiirias pòde p:.o6uz~r
tanta oii mais aguardente do q i i ! ius 30.000 a 40.000 !itros dei:la-
rndos í;$!o rnesn:o fihrii:onte.
-.
@Estainiiistiiicnvel onissHo pareee'iitna clara demonstração
d c que o snr V+ Hiiiton tinha Sein a consiicnma de que a dgiiar-
dente de bagaço que obtinha era um prodiicto iltiçito. E' o yue
parece tambem demonstrado pelo desejo que manifestou o snr.
Hinton de se avensar commigo logo qiie teve coiihecimeoto do
meu annímcio, como se vê das seguintes palavras do depoimento
do mesmo snr. Hinton no processo:-«Ao qiiarto, que sabe, por
ter lido em differentes periodicos. da priblicag2o dos annnncios d e
qiie tracta este artiao e em virtude dos mesmos mztrot~e112 tru.71~-
ac@o corri o cructor:nko se efpctuando accordo a l p m entre elle de-
poente R o rriesm,o auclor, pov lhe purecer rntrito ezc~~yeradno r j ? ~ n l z -
tia que o rncsnzo lh eziyin de retiiiiui@o, que era cinco reis por
cada quinze kilos, oii dez reis por cada almude de toda a caiina
que entrasse no estabelecimento d'elie depoente, o que se eleva-
ria á totalidade da quantia de iim oii dois contos d e reis.»
«Mas lia iaçtos ainda mais sigriificatiros.
« E m abril d e 1879 o srir. Hinton tirou, do ministerio das
obras públicas cominércio e indiistria, certidèo da desciipq5o do
meu invento para o aproveitamciito do assucar do ~csidzco oii Iia-
naco da cc~?a7?a.compreliendendo a uddigáo d e 24 de mari.o d e
1815.
aNão póde liaver dúvida :: este respeito; porque o mesmo
siir. Hiiiton junctou este clocume~toao processo.
uOra foi em 1880, isto é, logo i10 arino zmrnedialo, que, bem
esclai.ecido pela minha descrip~Wosobre o processo ooiistante d a
referida addiâso, o snr. Hinton poa em exsciigXo na siia fibrica,
e logo eni grande osc:~la, a coialmfac~ciodo objecto do meti privi-
legio, acommodaiido simplesmente o ~ ~ r o c c s sás
o circiimstaricias
especiaes do sei1 estabe!ècimento.n

E tanto isto é certo que tima vistoria requerida ein


1884 pela alesina firma Hinton á sua fhbrica., e n a qual
foram norneados peritos da coinpetencia e dignidade de
earacter do (ir. João Augii~to Teixeira, dr. Mariazino de
Faria e Maia e Carlos Frederico Raleigh Blandy, pergiin-
tada se o processo euipregadoa por aquella firnia estava
conyrehel~didonu addiqão d e j u n h o cle 1875 que fazia par-
te da. concesu%o obtida pelo Alvaridenoveiiihro de 1870,
era nu essençiu o mesmo pFocesso de que o Coiide de (h-
navial tiiilia privilegio, -respondeu que o processo eiri-
-1.5-
pregado p e ? , ~ iirma Liintni era sindhante ao do Conde
de Caiinnric1l.
?vIlf-ns,em vista da di~posiçilodo arl. 6 2 1 do Codi-
go Civil portuguez, e furidnriclo-se sobre os pi.incipios que
ser\ixix de bise aos seus iiiventob anteriores. o Conde
de Cariizavial pedili, e obteve! por alvari de 24 de jaileiro
de 1 8 8 5 , .s e m rc.clco:r~jà<:.r a t c r i t c d c iizveiiç5o de tini
pocem!> qne tem por titulo:-ao ay>roveidaiiieritodo as-
sucar que todo o moinho cle espremer caimas deixa no
bagaço. »
1,
13, preceito f~iildame~ital riesta patente, como j 5 o era
' na i ~ < l d i qde ~ o 1875:-.~pbr o bagaqo em contacto coiri
1 uma quaiztidade de agua apenas ;n,ciente pa~cc.o humeclr-
cer e penetrar ati. o isltevior das celliiias ainda intactas
pnssaildo-o .depois ao ;a!ilinadoi. . P

Este processo, que tem sido litilisado ha iiiuitos


anfios, por muitas fhbiiei~s,coin grancle vantagem, é,
iiiesiiio, o proc,esso ziizico, de que, depois da fLbriça de
S. João, e antes de 1896, teetn irsado todas as fAbrieas
que teem aproveitado, eni aguardente, o asuuear do baga-
$0 d:t caiina de a,ssucas
O ~>rocediiiieiitojricliuia.1 iiitetltado pelo Conde de
Cariiiavial coiit,ra :t firma Williain Hiniori, teriiiinoii em
3 de março de 1887 por uina escriptnra pública, qiie
mostra que aqii?lla firrria. indemiiisou, o (:onde tle Canna-
riai das repariições qiie elle de~rii~iidavw, e yue, eni virtri-
de da iiiesmtk transacç%o.Ficou auctorisa.da para iisar, na
sua f o r i c a clo 'Voiieào, dos pocessos de eztracçc2o e fel-
hrico de (rssucu. e c~,yuarclente da canncL cle assucwr e ba-
gago d r ~nzesaza,, de que o dito Conde já tinhcc privilegio; entre
os quaes estis compi.eheridido o citizcio iiivento de 1885.
As palavras fextuaes da esci.iptur,? sZ.0 as segain-
tes:
<<Quependendo no Juizo de Direito d'esta Comarca
,.,
e pelo cariorio do quarto officio
lo plirieiro oiltoigante (Viscoiid
aeg"11d.o (Wi1ii:trn Rintori), com fuiidarneiit,~no disposto
lios ariigos seiscentos trinta e seis e segi~iniesdo Codigo
Civil, c ~ i l v e n c i o n a r ~entre
i ~ i si, i~iirtermo dita q~iestao
nas coilaiç8es segilintes:

((0priineiro outorgante Visconde de Ca:ln;rviid re-


corihece e declnia achar-se completamente indelr~íiisuclo
d:zs reparaçoes qne deiiiai1d;~va iia referida acqao pelo
~iaga~nc7zto q21.e lhe efeito ~z'esiadata, eu! virtude do ajiis-
te entre elle e o segundo oat~organte~ desistindo por isso
cla rriesma acqiio para todos os efkito;, e devendo esta
desister~cias c i horr;o!oga,da nos sntos em face 22%presente
eecripti~ra.-E p o r _feito cE'esta tl-unsacçclo iiu&oriscc o se-
gwnclo outoiya?~te.porsi e coiizo r8ep?-esozta72te cle fima Wil-
l i l m fiizton & i91n e seus successores na adrniriistraqão
da fábrica de assircar e :~gliaidentedo Sorrc:,%oa-fazerem
USO nu ine~11~~cJUllric~i dos yrocessos cle eztiaz<;Eoe faJ?-ico
de nssucal e iiagii~o' d a mesma, de que o ntesxao primeiro
oatoryalzte 2em p&ilegio, quaesquer que sejam as cotldi-
ções indusfriae:, em iliie eilipreguein os referidos procedsos,
duro.nte o exclusivo dos mesiiios yririlcgiou, mesmo c p n -
do venham a. ser rciiovjdos.--0 segw~zdooulo~ga??,te por si
e como rep?ese~llalzíeda /$rnza Wi2lin:nz. Hilztoi, & S012 iiC-
ceita estu trnnsac$6o, e$ca ccssim a~~ctorisaclo a usar I;.t:re-
mente de lioje para. o ~ L I ~ L I ~naO , dita fabrica 13.08 proces-
sos de extracç.20 e fabr&o de assricar e aguardente de
caniia de assuear i: brijcrço du mesnza; erri cujos priviiegios
o prinloiro outor@aute ?
se acha encartado, 16o podenílo
estè reelarriar ma:s iildeiunisaç2,o algrina d'esta tista em
deante do mesmo .uegoildo ontosgsinte por si e como re-
presentante da firma Willian~Binton R Son e seus snc-
cessores pelo uso que fizeram dos ditos pri7-ilcgios na. cli-
-I
.-
(-

ta fhbrica do Torreão, néiiiz (h yuc ~pcetic nesta dcotcc pelo


alludirlo rrjuste. I?
li: a dita firili'i Williwiii Hiriton R Soiis, depois de
ter assini comprado, ein 1887, ao Co11t3ede Cnnilariul, o
direito de usar. ria sua fhbrica dos pioceabos do irieriiio
Conde pateiiteados em 1885 e oi~iros.p~etende.ainda hoje,
qiie n w m reconhec6rc~ao Conde de Canriavial ou direitos
que lhe dá a pateiite tle 18235 co~~~~rehendzclcc nu .inesnza
h c~nsacq6o!
E' para iiotnr que o processo do Conde de C'anria-
1 , que pieceitu;~ que a agiia deve sei Iariçiida sobre
o bagaço em qiialitidade apeiias suBcte7z!e para o huine-
~ P C W e penets~~f.í1t2 o interior das cellulas ainda iiitactas,
passalido-o Lepois ao lpininador, teve, evideiiteiliente, eii?
vista n2o deiiur s6bic o bagaço 111ais agaa do qize a nc-
cessaria para penetrar no inierior da6 celiulas iritactas,
entumceendo-as. disso11eiido o assucar iiellas çoiiti2o, e ex-
trahindo-o pelos piienomenos da osiuose; ou
as e tornanilo livre o assi1c:tr dessas crllrilas. como livre
já se achava, no iiiesino bagaqo, a parte, 11x0 cxtraliicla
pelo moinho, do aesiicar das cellnlas rebentadas na oeca-
sião da piessao das Ganiias (iinieo que póde ser extrahido
poi qualq~ierpr:rc esso de Ia! ageinj;-e pod6r lavar silffi-
ciente~~iente, lia ~ e c a s ~ kd'!a pi.eçs%o,todo o assilvar. 10s-
nado livre, em ordein a obter Iiquidos ;issucai.:i:los c0111
n densidade iufficiente piira, por si cós, produzireiil agu-
ardente c0131 vai~:ageii~fabiil.
Este processo era, s«bretiido, practicaveluo~i~ gran-
de vantagem. com as caiiiias ricas,;Se assucar qne produ-
zia a Madeira antes da molestia de 1886. Mas, depois, as
~i~curnstaricias tornaraili-?e muito differeiltes.
E111 1886 unia molestia inradiii as caniias de- as-
sncar da Madeira, e fel-a.~desappareces rapidam~ntede
todos os pontos da Ilha onde ertun ciiltivadas. O G o d r -
-18-
no veiu então eni auxílio desta terra, maudando vir do
estrangeiro novas variedades de cannas de assucar. E,
tendo a experiencia demonstrado que éstas não eram ata-
cadas pela rnolestia, a cultura começou eiii breve a des-
envolver-se de novo, de modo que ésta cultura se faz
hoje aqui em grande escala, mesmo no norte da Ilha,
onde antes da inolestia era muito pequena.
Todavia. ou seja porque, no sul da Madeira, não
tenham sido restituidos á terra os elementos necessarios
a terrenos enfraquecidos por longos annos de cultura de
plantas saccliariferas; e, no norte, a temperatura não seja
favoravel á formação do assucar nas cannas; ou porque
as novas variedades sejam naturalmente menos ricas de
assuear;-é certo que, no sul corno no norte, mas prínci-
palmente no norte, a garapa apresenta actualmente niui-
to menor densidade, e conténi muito menos assucar, do
que a das cannas anteriores molestia.
Ora, se, quando a garapa tinha, em geral, a den-
sidade de 10" Baiimí., muitas vezes, de 11" B, e, talvez.
de 12" B, era necessario, pard se obter uin liquido assu-
carado que, por si s6, podesse ser vantajosamente apro-
veitado para aguardente, deitar a agua no bagaqo em
quantidade apenas sufficiente para o humedecer e pene-
trar até o interior das cellulas ainda intactas, 6 evidente
que acturilmente, quando a experiencia está niostraudo
que a garapa do sul apresenta, em geral, a densidade de
8" a 9' B., e, n~nitasvezes, de 7,5"e 7" B., e a garapa
do norte apresenta, em geral, a densidade de 6" a 7" B.,
e, niuitas vezes, de 5,5' e 5" B., é evidente, digo, que
actualinente nãose podem obter, do bagaço da maior parte
das caiinas da Madeira, liquidos assucarados tão varita-
josainente aproveitaveis pelo mesmo processo.
Além d'isso. te111a pràctica inostrado que, princi-
palmente nas fábricas ruraes onde o pessoal é menos in-
-19-
9

telltgente, acontcce que o bagaço é, quasi senipie, mal


disposto, e fica, muitas vezes, pouco aguado. outras
vezes agiiado de mais; do que resiilta, no primt,i* r0 caso,
perda do assucar que não 6 extrallido, e, iio segundo
vaso, diminuição da densidade do liquido que st: extrahe.
Quando, porém, sereconhecen, como fica dito. que
as cannas das novas vaiieda<les introduzidas na Msdei-
r a depois da dita molestia, davani garapa com muito
menor densidade, principalmente no iiorte da Ilha, en-
tendeu o Conde de Cannavial qne tal processo tinlia j&
muito menos vantagens, e procurou então, e achou. os
meios de obter o maior aproveitamento do assucar do ba-
gaço, tanto das cannas mais ricas como das calwzas mais
pobres; e d'4les requereti, e lhe foi concedid:~,patente
eili outubro de 1896.
Na nova patenfe, salvas as circumstancias espe-
ciaes eni que possa convir a algum fabricante obter li-
q u i d o ~do bagaço com a maior densidade possivel, está
estabelecido o p r e e ~ i t ogeral, não de se huntedecer o ba-
gaço com agua apenas sufficiente para estabelecer nas
cellnlas ainda intactas os phenomenos da oj.+i~ose, inas
sim de se deitar sâbre o bagaço, nno mais agua clo que n
neeessaria, nzas bait~intepara que fique todo bem ?nolha-
do; não importaiido a consideração de ficarei11 assim os
liquidos do bagaço com pequena densidade; porque, por
mais pequena que ésta seja, se póde bem aproveitar sein-
pre o assilcar, pela addição, aos liqnidos do bagaço, de
liquzdos assacarados sufficientemente densos para se des-
envolver uma boa fer~neiiiaçãoe se obter, por tima s6 "
distillação, aguardente em grau conimercia~el.
Nos seus anteriores p r o c p o s patenteados, tivera o
mesmo Conde unicamente e m vista o aproueitnmento do

econhecido que o fermento que encer-


'* -20-
ranl os liqriidos do bagaço, c que tein a propriedade de
desenvolver, com grande energia, a feririentação alcoo-
lica, poderia bern ser aproveitado para favorecer a mes-
ina feri^rienl,ição rioutros liquidas. lembrou-se de o
iitilisar para favorecer a ferinentaçZo do melaço, que é
tso difticil e dispendiosa.
Sào estes, em resurrio, os objectos de que tracta 3
nova potmte, cujos processos poderão dar grandes ran-
tagens aos f > ~ b r i ~ a n tcla
e sMadeira
O titiJo desta patente e o objecto especial d'ella
tinliain sido aniiuliciados rio Bol~tinzda PropriedarLe 1%-
dustrial de 28 de abril de 1896, nos seguintes terinos:

« O modo mazs fc~cil e mazs provr~tosode utilisar,para


aguw-dente o u para a fennentoçEo cle ?~zelaqo,lzyuzdos con-
tendo nssucar e fi~tne~tlo,aprop~iaclan
da canna cl'assucar.

«Reivindicaqões :

~ 1 .O' pôr o bngi~çoeni contacto,


apenai stf$cirnte para o HUbIEDECER, nias com rrgiia
bastonte para qiic o biipiço fique henz molhado, sempre
que a canna não seja bastante rica de assucar, para que
o liquido ex~raliidodo b~gaqo,segando o processo pri-
vilegiado cin 1885, tenha densidade ~ufficiente para,
por si só, fernieritar bem, e dar producto vaiitajoso aos
- fabricei~tes,aperfeiçoamento que permittirá um inellior
ap~oveitaineillodo assucar (30 bagaço, sein importar que
o liquido que d'este se obtiver tenha pequena densidade,
porque. por Irzars pequena que ésta seja. o assucar poderá
ser utilisado bem;
«2.' O addicionar uma matéria assucarada ao liqui-
do extraliido do bagaço, afim de o pôr e m densidade cow-
-21-
veniente, e de tornar n7azsfucil e
so de fabrico. com menores despezas de prod~icçE0;
«3." O obter este resultado por meio da garapa, que
tem ger,ilniente desisidade siilficiente para scr cnipregada
cosn vantagem para tal fini;
((4.' 0 indrcai psia o rriesmo effeito o ?nelngo, que
é preferivel h garapa, por ter maior dcixsidadc e d a i me-
lhor producto;
«5 o O empregar, para clilui7.a garapa que se quer
pôr eni fermentação, o liyuido do bagaqo, q~iandoisso
niais convenha, por ter esse liy~iido peqiiena densidade
ou por que se niio possa dispor de materia ilssiicar:~da
coiivenierite, ou por outros niotivos;
~ 6 . "O pôr e m frrmenta$ão o melccço, desfazendo-o c
dilnirido-o com licpidos obtidos por meio cla ?~zncemção,
seguida oii uno, de press.20 no laininador ou rrioinlio; ou
ainda com liquicios obtidos do nic?>inobagaço ein segun-
do t~abulho por qus~lqner dos menciona<los processos,
sendo estes ultiinos !icpidou, cliamados liquzclos segundos,
para distineçno dos que foram ixtrahidos do bagaço em
primeira operaçTio, que serao cili~~iados llrju~íosp7,imei-
ros. Enipregani-sz assim para a feri~~cntaqíio do mclaço
nâo s6 liqiiidos extrahidos do bagaço pzlo processo já
patenteado, inris tariibeui liquidos obtidos do bagaço por
outros processos, propl-ios pccrcc o measmoJim, pelo fermento
que egualmcnte coiiteeni, aléin do assacar, liqiiidos qiie
poderno ser, aléni d'isno. empregados para cliluir a yura-
,rn n
Reclamação contra o pedido da pal
em 7 de agosto de 1896 por Ires fabricantes da cidade do Pun-
chal, Williani Hintoir & Sons, João Bygino k'erraz
& C." e bntoiiio da Silva Manique I
I
aJacintho Ignacio Cabra], Engenheiro Civil, Com- 1
rnendador da Ordem Militar de Nossa Senhora da Con-
ceição de Villa Viçosa, Chefe da Sec$o da Propriedade 1
Industrial na Repartição da Indiistria do Ministerio das 1
I
Obras Publicas, Commercio e Industria, etc.
«Certifico, em virtude do despacho retro, que n'es-
ta Repartição da Industria, foi apresentada no dia sete 1
de agosto de mil oitocentos e noventa e seis, e archivada
uma reclarnaçTio do Funchal com data do primeiro do
mesmo mee e anno, do lheor seguinte:
i
,SENFIOR:-Os abaixo assignados, proprielai-ios
de varias fabricas de distillaçao de alcool e aguardente:
tanto de canna de assucar prodtizida na Madeira, conio
de melaço estrangeiro,usando da faciildade conferida pel-
o artigo dezoito do regulamerito de vinte e oito de março
de mil oitocentos noventa. e cinco, veem por este meio re-
clamar contra o pedido de patente de invenção requerido
em cinco de março de mil oitocentos e noventa. e seis cujo
aviso foz feito no Diario do Govenzo numero cento e dezoito
de vinte sete de maio de mil oitocentos noventa e seis, pelo
Doutor João da Camara Leme (Conde de Cannavial), e
que diz respeito ao ?nodo ~naisfacil e mais proveitoso cle
utilizar pura aguardente ou poru u fer~nentugoode melago,
liquidas contendo assucar e fer~nento,apropriada?nente ob-
tidos do bagago cZa canna de assucar.
< E u mads de trinta annos qiie olgt~nsdos reclajnan-
tes teem usado do pedido de invento agora feito, 2301- meio
centos noventa e seis sei& nulla toda a patente concedida
n'estas condições. -O processo atd hoje seguido pelos
supplicantes C o seguinte: Depois da primeira passajem da
canna d'assucar pelos cilindros e de se ter. eztrahido d'este
modo a mair parte da materia saccharina que a eanna con-
tem, o bagaqo restazte é liumedecido com agzla f k a o16 quente,
passando-se este novaoienle pelos cilindros. Do liquido que se
obtem da segunda passagem do bago90 humedeeido pelos ci-
lindros, OU se dislilla logo em aguardente, ou se ajunta com me-
laço para servir 4e fermento, dando em pualquer dos casos
bons resz~llados.$2 completaniente impossivel haver qual-
quer processo mais facil ou mais proveitoso para se con-
segnir o referido resiiltado, porque não ha nada mais ele-
mentar e racional do que o syste~naseguido neste assum-
pto em todo o districto do Funclinl. Mrxs não é s6 pela
simplicidade e fi~cilidadeque o procwso seguido adopta-
do pelos supplicantes e de que se pretende obtertima pa-
tente se torna recommendavel, 15 tambempelo enorqnepro-
vetfo e vantagem que resulta da sua applicacão, não sendo
possivel conceber-se meio a1gu.m mais econom;co ou que d4
maior vantagem e resultado.
~N'estascondições os reclamantes esperam que n i o
sei.8 concedida a patente pedida o que seria a niaior das
injustiças caso se rezlisasse, visto ser conhecido de ha
maitos annos pelos supplicantes o processo de que se tra-
cta n'esse pedido e por isso-Pedem-Pedem a Vossa
Magestade haja por beru deferir-lhes nos termos da lei,
pela Itepnrtição de Industria, do Miiiisterio das Obras Pu-
blicas--E. R. Mcê.-Funclial, 11
ceiitos noventa e seis.--Segiiein tres assignwtiiras n i o re-
conliccidas pelo tabellião, que são as seguintes:
«W. IEiiiton 8 Sons, João Rvginn Ferr;iz 8 Com-
pttnnhia.--A rogo de>meiimarido Bi~toiiioda. Silva Iklani-
yiic. Blagdalena Garlott~da Silva %kiiriyiie.
«12epartir,%oda Indisstria sete d'agosto de iriil oit,o-
ceiitos 13ove1zta. e seis -livro geral-riumero f o l h a s - - -
E~it,radois doze lioras da. inanh,i.
<,Asassigilatiiras não estão icuoi~hecida~. O praso
para rec:siiinç2o fii1do1i eil-i \.inte oito de julho iie ixii ai-
t,ocei:to~ noventa u seis: n&o pòde porta>?to ser ekteridida
exta reclaiziaçEo q i l e entrou ?esta iepal.ti@o cm agosto,
f6ra do praso. Treze &agosto de iiiil oitocentos iioveilta
e seis.--(assigrrado)=l'ello.
.E i p r a constar fiz li8,88ni. a. prescrite 1:eitid;io
yuc Tac por iz;i~ii:!ssigriad:~ e seilaila coi~io sc!io branco
rlest:i Reportiqao.

cKepartiç2o da Industria., 14 de dezei11bt.o de 1896.

.iacintho Jg~lacioCubral.

ií. 13.--Os duis reclamant ,s .Jorln /$~;g;i%q:Fei~!.~z e Antn??io


d n Silou I ; f ~ x i q u e usam
, ha jA iiluitos alinos, aiiies "i 11896 e de-
pois de 1836: do processo do Conde de C a n n ; ~ ~ i ;pxtenleado
ii em
1885,pagmldo annualmente indin%nisacáo:ao mesmo de; o
que s e pod ,' . ai., pocqiie iim e oiitio;,s$o,jt .
' dos
A . A. e do
I11

Petição inicial da ae@o apreseiitada em $897

Dizem William Hinton & Sons, negociantes no


Funchal, Ilha da Madeira, que pretendem intentar contra
o Dr. Jogo da Carnara Leme, Conde de Cannavial, me-
dico, residente no Funchal, e com intervenção do Minis-
terio Publico, acçHo com processo ordinario, pelos fiin-
damentos seguintes:
1." P. que, em 5 de Maio de 1896, requereu o R.
patente de invenção, qor quinze annos, sob o titulo de
((0iiiodo mais faeil e mais proveitoso de utilisar para aguardcn-
le ou para a.fernentaçâo de melaço, liquilos conlrn~loassuemare
fermento apropriadamente oblido do bagaço da eanna cle assuear)).
2.' P. que o R. expoz e descreveu o objecto do in-
vento contido n'aquelle titulo. pelo modo seguinte:
1."-O pôr o bagaço em contacto não com a agiin
apenas sufficiente para hurnedccer, rnas com açua bas-
tante para que o bagaço fique bem molhado, sempre que
a canna não seja bastante rica de assucar, para que o
liquido extrahido do bagaço, segundo o processo privile-
giado em 1885, teriha densidade sufficiente para, por si
s6, fermentar bem, e dar producto vantajoso ao fabrican-
te; aperfeiçoamento que permittirá unl melhor aproveita-
mento do assucar do bagaço, sem importar que o liquido
que d'este se obtiver tenha pequena densidade, porque,
por mais pequena que esta seja, o assucar poderá ser
utilisado bem;
2.'-0 addicionar uma materia assucarada ao li-
quido extrahido do bagaço, afim de o pôr em densidade
-26-
conveniente, e de tornar mais facil e niais regular o
processo do fabrico, com nienores despezas de produc-

garapa,
nte para ser eiripre-
gada com vantagem para tal fim;
4." -O indicar para o mesmo efeito o nielaço, que
6 preferirel R garapa, por ter maior densidade e dar me-
lhor prodocto;
5 . L - 0 empregar, para diluir a garapa que se quer
pôr eni fermentação, o liquido do bagaço, quando isso
mais convenha, por ter esse liquido pequena densidade
ou porque se n%o possa dispbr de materia assi~carada
conveniente ou por outros motivos;
6."-0 pôr em ferinentação o melaço, desfazendo-o
e diluindo-o com liqiiidos obtidos do bagaço pelos pro-
cessos ji indicados, o11 obtidos por meio de maceração,
segnida ou não, de pressão ,no laininador ou nioinho; ou
ainda com liqiiidos obtidos do mesmo bagaço, em seguil-
do trabalho, por qualqiier dos mencionados processos;
sendo estedultimos liquidos, chamados Iiqiiidos segundos,
para distincção dos que foram extrahidos do bagaço em
primeira operação, que serão chamados, liquidos primei-
ros. Empregam-se assirn para a fermentação do mclaço
não s6 os liquidos extraliidos do bagaço pelo processo j R
patenteado, mas tambem liquidos obtidos do bagaço por
outros processos, proprios para. o mesnio fim, pelo fer-
mento que egualnieilte conteem, alem do assucar, liqui-
dos que poderão ser, alem disso, empregados para dilnir
a garapa.1)
3." P. qiie o mencionado titulo e discripção do in-
vento foram publicados no Boletim d a P~opriedade In-
dushsal ri."3 de Abril de 1896, sendo concedida a res-
pectiva patente de invenção, como se vê do mesmo Bole-
tim, n." 13, referente a outubro de 1896, documentos
juntos; mas.
4.' P. que aqiiella patente OLI privilegio se deve de-
clarar nulla e de nenhum effeito, pelo facto de o processo
nhecido do pilblico e empre-
s de requerido e concedido.
E, com effeito
na cidade do Funchal uma
fabrica coiii apparelhos e machinismos proprios para mo-
enda de canna de assucar e producção de alcool, aguar-
dente e assucar e ahi empregam h a annos os mesmos
processos que o R. descreveu para alcançar a patente.
6." P. que ha mais de 5 nnnos que os A A costu-
mam aproveitar na sua fabrica os liquido6 extrahidos do
bagaço da canna de assucar impregnando-os com agua
bastante i120 SD pari1 o Iiuine(iecer, mas tainbem 23arauficar
benz saturndo, isto coiilot~nea percentagem de assocar que s
canoa eonlénn.
7." P. qne conhecendo os A A npùs as primeiras
experiencias, que o liquido extrahido óo bagaço, d e ~ o i sde
mol7~adopela f o m a indicada, e m demnsiaclo fraco e não
tinha a densidade bastante para ferinentar bem, logo es-
tabalecwam o uso de lhe addicionar u m a materia assucara-
d a para lhe dar a densidade convenielite, empregando
paraeste fim melago, garapa e oirtras inaterias assiicara-
das, coino são os residuos dos clarz,fieadores e os que pro-
vêm clu lavagem cl'estes. e de outros receptaeulos e vasilhame,
8." P. e tambeni ha aiinos que os A A empregam,
para. dilnir a garapa que desejam pôr em fermentação o
liqiiido extrahido do bagaço. e ainda com este l i q ~ ~ i d o ,
ssagein pelo moi-
o melago, pondo-

u modos de apro-
-28-
veitar os líquidos extrahidos do bagaço para a fabricação
da aguardente e fermentação do melaço a que se referem
os artigos 6.", 7." e 8." d'esta petição são essencialmente
egzcaes aos descriptos pelo R. no mencionado Boletim n.'
13 de Abril de 1896, e eram conhecidos do publico e
usados na fnbrica dos AA muito antes de o R. haver re-
querido e lhe ser concedido o privilegio ou patente a que
se referem os artigos I.", 2." e 3." desta petição.
10.' P. que tambem em outras fabricas da Madeira
se empregavam, já muito antes do R. haver requerido e
alcançado o privilegio, os mesmos processos designados
nos artigos 6.", 7." e 8.".
11."P. que n'estds circumstancias o modo descripto
pelo R. para alcançar a patente e privil-gio, não offere-
ceu novidade algiima, nem pode. nem deve sujeitar a li-
berdade de industria, que s6 está sujeita ás restricç6es
que a lei expressamente consigna;
12.' P. que os A A e o R. são os proprios e legi-
timos:
N'estes termos,
13." P. que são os de direito ser esta acção con-
siderada procedente e provada e o R. condemnado a vêr
julgar nu110 e de nenhum effeito o privilegio e patente
de invenção que lhe foi concedida, e a que se referem os
artigos l.', 2.' e 3.' desta petição.

(Segue nm rol de 31 testemunhas).

N. B.-Das 31 testimiinhas, 16 são empregados


permanentes dos Antores; 7 , são empregados temporarios
dos mesmos Autores; 6 , são fabricantes de aguardente de
cannas e de bagoço das mesnias; e 2 são negociantes;
isto +sobre 31 testemiinhas, 29 s&o interessadas na
causa..
Gonlcstan4o a acção com processo ordinario
que 1116movem Williani Hinlon & Sons, diz o Conde de
Cannavial o seguinte:
I."
P. que o Coude de Cannavial Q geralmente conhecido como
homem de muita sciencia e erudiyão, com estudos especiaes e
profundos acerca da cultura da canna saccharina e fabricapão do
assucar e da aguardente da mesma canna. tendo feito successivos
inventos para o aperfeipoamento das mesmas industrias, de que
obteve diversos privilegios e patentes, sendo considerado como
um dos caracteres mais sBrios e honrados, pelo que mereceu ser
por duas vezer encarregado da administraçho superior do distri-
cto do Fuuchal, e sendo absolutamente incapaz de pedir patente
de inven<iâo de um melhoramento que tivesse sido inventado por
outrem ou, que fosse já conhecido do publico.

2."
P. que o processo da patente requerida pelo Coude de Can-
navial em 5 de maio de 1896, a elle concedida p e l ~ governo de
Sua Magestade, e hoje impugnada pelos A A, B um invento do
mesmo conde, que representa a consequencia logica, natural e
otil dos seus longos estudos e trabalhos anteriores sobre o assum-
pto, em presença de condições economicas especiaes do districto
do Fuuchal. Porquanto
3.'
P. que o Conde de Cannavial, ha já longo tempo, estudan-
do a estructura da cauna saccharina e o que se passa nos tecidos
d'ella quando submettida á prassáo dos laminadores ou cylindros,
isto 8 , do moiuhe de espremer canna, conseguiu, humedecendo
com agua o bagaço da mesma canna e produzindo os phenomeno
da osmose nas cellulas ainda intactas, e fazendo passar de novo
tudo pelos cylindros, obter facil e economicamente liquidos assn-
carados com a densidade de 4",5 e 5" e mesmo de 5O,5 Beaumé,
e com o valor saccharino correspondente ao d~ um qiiinto da ga-
rapa das cannas de que derivava o b a g a ~ otrâtado por este pro-
cesso, do qual obteve em 1883, sem reclamaç20 alguma, patente
de invenpão, por 15 annos.
4."
P. que por esse tempo, tendo o Conde de Cannavial convi-
dado os donos das fabricas madeirenses de assucar e aguardente
a tratarem com elle para a iitilisaçZo do invento a que se refere
o art. 3.' d'esta contestação, a firma William Hinton, depois
William Hinton &. Sons, A. A. n'este pleito, nSo acceitou as con-
d i ~ õ e sque lhe foram propostas e fez logo uso do mesmo iu~,ento
sem aiictorisa$do. pelo que o Conde de Cannavial, ent5o vistonde
de Cannar,ial, lhe moveu a acpão competente, acâão cm que a
dita firma principiou por negar ao Conde de Cannavial o direito
á respectiva patente, e que terminou por uma escriptnra publica
em que aqciella firma, reconhecendo no masmo conde o direito
que come~árapor negar-lhe, o ir.demnisoii dos damnos qiie lhe
causára e ficou auctorisada a f a ~ e r uso, na siia fábrica, de todos
os processos relativos á fabricayao do assiicar 2 da agilardente,
inclusivé o que se referia ao aproveitamento do bagaço [doe n.O 1.)

!Lo
P. qile o mesmo invento a que se referem os art. 3.' e 4.'
d'esta contesta~ão tem sido usado n?io sb pela firma William
Hinton &- Sons. em virtiide da escriptuia mencionada, mas tam-
bem por todos os fabricante& da Madeira qiie passaram a apro-
veitar o assucar do bagaço da canria sacihai~ina,os quaes pagam
annnalmente a indemnisapão convencimada ao Conde de Canna-
vial, como se mostrará testimiinhalmente e se conclue, em parte,
dos doe. n." 2 e 3.

P. que o processo consiste fundamental-


mentalmente em pôr o bagapo em contacto com a agiia apenas
sufficiente para o humedecer e penetrar atè as cellulas ainda in-
tactas, passando-o depois ao Iaminador, e siihordina-so essencial-
mente ao fl%eroaprovertamento do assucar contido no mesmo bagago,
pondo-se em fermentação por si sò para aguardente o liquido as-
sucarado obtido por tal processo, como se lê na descripsão incliii-
d a no doo. n.' 4. Mas

.'i que tendo-se modificado profundamente as condições da


producção saccharina da Madeira desde 1886, variando com maus
effeitos as condi@es do faàrico da aguardente do bagapo, e con-
vindo achar um novo modo de o aproveitar com vantagem o
Conde de Cannavial, que reconheceu tiido isto, obteve, pelos sens
estudos e t.-abalhos, outro processo com propriedades essenciaes
e subordinadas a fins novos, processo de que pediu e conseguiu
em 1896 a patente impugnada pelos A A na petição e, As. 2.
tratando-se de um invento qiie aperfdipoou e nzelhorozc uda produ-
cto conhecido da mesmta natzcreza, envolve iim meio mais facil e
mefios diq?endioso de o obter, distifiguc-se de qualquer ozjtro por
ca~.acte?.esproprion e norws, que llte d6o qualitlades carocteristicas,
e consiste em coisa que factlita o trabdho e amplia a sz~uutilidade
invento que reune assim qualquer dos reqiiisitos que se póde ex-
igir pelos art. 6.O, 8.' e 37 n.' 7 da lei de 2 1 de maio de ,4896
(aoc. n." 4). E com effeito

P. que tendo desapparecido totalmente a antiga canna sac-


charina da ilha da Madeira, desde 1886, e tendo-se feito replan-
tações de canna com variedades estrangeiras, que, desde 1892,
asseguram já uma grande producpão, 6 facto reconhecido que a
actual garapa da canna tem menos densidade e menos assucar
do que a anterior, notando o Conde de Cannavial que se quando
a garapa tinha em geral a densidade 10' Reaiimé e muitas vezrs
de 10°,5, llo,e até 11°,5 Beaumé, era necessario, para se obter
do bagaço um liquido assucarado que por si sò entrasse em fer-
menta$%~e podesse ser vautajosamenfo aproveitado em aguar-
dente, deitar no mesmo bagaço agua em quantidade apenas suf-
ticiente para o humedecer e penetrar até o interior das cellulas
ainda intactas, evidentemente nas circumstanoias presentes, qiian-
do a experiencia mostrava que a garapa do sul da ilha apresen-
ta, em geral, a densidade de 8.O a 9.' BeaiimB, e muitas vezes
de 'i0,5e 'i0 BeaumB, e a do norte, em geral, a densidade de 6.'
a 7.' BeanB e muitas vezes de 5",5 e 5' Beaumé, não se podia
jit obter do bagaqo da maior parte das cannas da Medeira, pelo
processo patenteado em 1885, a que se referem os art.Os 3 a 6
d'esta contestacão, liquidos assucarados que por si sós entrassem
em fermentação e fossem aproveitados vantajosamente (doe. n.' 4)
E por outro lado.

P. que nas fabricas ruraes da ilha, por imperfeição da in-


dustria, o bagaço ora era mal disposto, ora molhado ius~iffic;ente-
mente, resultando d'ahi o não ser aprov~itado milito do assucar
n'plle contido, ora era molhado demasiadamente, dando um liqui-
do sem a densidade bastante para ser convenientemente utilisado
pelo unico processo conhecido, isto é, pelo que fôra patenteado
em 1885, o que envolvia a perda de liquidos assucarados ou a
producpão de aguardente não commerciarel, com effeitos anti-eca-
nomicos (doc. n.' 4). Mas

P. que por tudo isto o Conde do Cannavial chegou nos seus


estudos & conclusão:
1 . O de que, para se tirar o assucar contido no bagaço, con-
vinha não apenas hurnedecel-o, como pelo invento pate~teado em
1885, mas pol-o bem molhado, para que as operações da osmose
e a lavagem das cellulas fossem mais completas;
2 o de que resultando, d'este augmento de agua e da menor
riqueza saccharina das cannas das novas plantações liquidos de
bagaço com menor densidade do que pelo processo patenteado em
1885, esses liquidos, ou não podiam fermentar por si sós, segun-
do o mesmo processo, perdendo-se o assucar n'elle contido, ou
fermentando produziriam uma aguardente fraca, que para se tor-
nar commerciavel precisaria de nova distillap80, o que duplicaria o
trabalho e a despeza, sendo por tanto uecessario um novo pro-
cesso, susceptivel de aproveitar de uma só vez e com vantagens
economicas os mesmos liquidos. qualquer que fosse a sua densi-
dade, processo que o Coude do Cannavial descobriu, addicionan
do aos liquidos do I>.igneo ii-a materia assiicarada, em vez de
os pôr por si sós, iuino ni.tes, PW frimentaçko. (doc. n.O 4.) E as-
sim
I#."
P. que este novo processo, substituindo o simples hnmede-
cimento do bagaço pela mólha completa do mesmo, jiintando aos
liquidos d'ahi resultantes iima materia assucarada, aproveitando
ainda mais c asuucar n'elles contido, qiialquer que seja a sua den-
sidade, e ainda que esta seja peqiienissima pela maior quantidade
de agira e pela menor riqueza saccharina da canna aotiial, e evi-
tando que, oii se percam os ditos liquidos quandn por si"s6s não
possam fermentar, o11 sejam precisas duas destillagOes para darèm
producto commerciavel, tem por isso mesmo caracteres proprios, que,
lhe dão qz~alidadescaracleristicas, facilita o trabalho respectivo e
a~plicc a sua utilidade, a,perfeigoa e melhora um producco já co-
nheczdo da mesma natzlreza, isto é, a aguardente do bagaço, en-
volve zmz meio mais facil e menos dispendioso de o obter. (art.' 6."
e 8 . O 37 n.O.7 da lei de 2 1 de meio de 1896) e veiu opportuna-
mente resolver um problema economico qiie a sciencia achava na
Madeira, resultando de tudo isto logicamente - a s duas primeiras
reivindicações da patente impugnada pelas A. A. e que são, como.
,se vê do doe. n.' 4:
1." O pôr o bagaao em contacto, uso com a agua apenas
siifficiente para o humedecer, mas com agiia bastánte, :>ara que
o bagaço fique bem molhado, sempre que a ianna não seja
bastante rica de assiicar para que o liquido extrahido do baga90
segundo o processo privilegi~.doem 1835, tenlia densidade suffi-
ciente para por si só fermentar bem e dar producto vantajoso ao
fabricanteaperfeiçoamento p e permittirá iim melhor aproveita-
merito do assucar do bagaço, sem importar qiie « liquido que d'es-
te se obtiver tenha peqii~nadensidade, porque por mais pequena.
que esta seja o assuiar poderá ser utilisado bem;
2.a O addicionar uma materia assucarada ao liquido eutra-
hido do bagaço, a fim de o por em densidade conveniente e de tor-
nar mais facil e mais regular o processo do fabrico, com menores
despezas de prodacp5o.
12."
P. qiie o Conde de Cannavial, desenvolvendo e applicando
os principias d'estas duas reivindicações, concluiii que a melhor
materia assucarada para addicionar aos liqiiidos assuearados do ba-
gato e a que mais facil e economicamente podia servir para o mes-
mo fim, eram a garapa e esl>eciainlente o melalo, podeiido d'este
modo aproveitar-se em,muito iilaior proporção o assiicar do ba-
gaço e ubter-se com lima só distiliaçáo iiina aguarcie~tecommer-
ciavel, e até, qiiando fosse einpi.egado o in=la$o, :imx aguardente
para tempero de vinhos, verificando-se ein qualquer dos casos
ri'esta parte do invento todas as circumstaricias, taiitagens e con-
dis8es e qualidades iudicadas iio art.' 11.9 rl'eita contestação, em
conformidade com os requesitus dediisidos dos art.' 6. 8 ' e 36 n."
'i da lei de 21 de maio de 1896, por se tratar de applicagões e
desenvolvimentos dos piincipios considerados no mesmo art." 11."
d'esia contestaçáo e incluidos nas, dims primeiras reivindicações
da patente impugnada pelos A. 'i., e havendo ainda a especiali-
dade de se ter, na hypothesr do emprego do melago, um produ-
cto muito particularmente mais perfeito e util, isto C, um procliicto
adequado ao tratamento de vinhos, aperfeicoamento que por si só
tem irnmenso valor (art.O 6 e 37 n.' 7 da citada lei); d'oiide re-
siiltaram logicam~ntea terceira e quinta reivindicaiões da paten-
te impugnada, as qii,aes como se vê do doc. n.O 4, são :
3.a O obter este resultado (conveniente densidade do liqiii-
do do bagaço) por meio da garapa, que tem gerarmonte densida-
. de siifliciente para ser empregado com vantagem para tal fim;
4." O indicar para o mesmo effeito o melaço, qiie C. preferi-
vel h garapa por ter maior densidade e dar melllor proclucto.

P. Qiie, sindo necessario, nas fabricas da Madeira que fa-


zem aguardente de g.arapa, diminuir a densidade d'esra, rediizin-
do-a a s0,3 oii a 5 ' Beai~má,para se obter uma boa fermentaqXo,
e diluizdo-se geralmente para isso a garapa com agiia commum,
oii com outros liqiiidos que não teem valor' sacchariiio e prejiidi-
cavam por vezes o gosto e o cheiro da agiisrdente, concliiiu o Con-
de de Cannavial que era preferivel e daria bom resultado empre-
gar em 'tal opera@o os liquidos assiica~adosdo b a g a ~ o , proces-
so este que é uma nova maneira de ainoveirar o s mesmos liqui-
dos qualquer qiie seja a siia densidade, que tem por isso mesmo
todas as condi~ões,caracteristicas e vantagens indicadas no art."
l l O . d ' e s t a contestacão, em harmonia com os requesitos deduaidos
dos ~ r 6", t 8" e 37 n.O 7 d a lei de 21 de maio de 1896, por se
tratar de uma apl~lica~;lioiiiiiirt>ct:~clos principios considerados no
mesmo art. 11' d'ista coiitestu$Zo e inc!iiidos rias duas primeiras
reivindicadoes d a iiijleiite impiigii:iriii i>eioi A. .\.,.e qiie offerece
ainda a especialidade valiosissiiria iln rn6lhor:ir t: aperfeiaoar a
aguardente de garapa, especialiiinde tambem de forga decisiva á
luz dos art. 6' e 37' n.' 7 da mesma lei. derivandu-se de tudo
isto natiiraimerite a reivindicagão da patente de 1896, qiie é,
como se vê d o cloc, n.O 4:
O e m p r z a r para diluir a garapa qiie se quer pôr em
f e r m e n t a ~ d oo liq'uido do bagaço, qiiando isso mais convenha, por
ter esse liquido pequena densidade, o11 pcrque se nito possa dis-
por de materia assiicarada converiiente, o11 por outru motivo.

P. que o Conde d e Canuavia!, sabendo que o melago, q u e


então pagava iim grande imposto aduaneiro, que n5o ~ ~ e r m i t t i a
sua importapão na Madeir.8 para o fabrico da a p a r d e n t c , seria
em breve admittido p i a n d o imposto muito menor, para fabrico
de agiiardeiite destinada ao tempero de vinhos, aclioii qiie seria
um grande e santajoso melhoramento de desfazer e diluir o melaço
com o s lirjuidos do bagaia obtidos facil e economicamente e m
duos operiicóes successlvus, e acirna cle luclo ap~~licaros rernzeizlos
d'eslcs liy?citlns á fernrenta~üodo melago, por iim processo regular; .
em virtude dos motivos segiiintes:
l.O-Porqi~e sabia o Conde de Cannilvial qiie, ao passo que
a garapa contem a maior parte dos oleos essenciaes e principios
aromaticos qiie as partes solidas d a canna encerram e q u e com-
municam a a g u a r d e n t e d a garapa rim gosto e cheiro especiaes, o
que a torna irnpropria para o tratameiito de vinhus, os liqiiidos
do bagaço já 115.0 podiam conter sen5.o em pequena proporgão os
mesmos oleos e principios aromaticos, o que faz cjue seja boa para
tempero d e vinhos a aguardente dos ditos liqiiidos;
2.O-Porque sabia que os liqiiidos <o bagaço, como a garapa,
conteem fermentos que augmentam com a pressão, entre os qua,es
se assignala uma matelia gmnulosa que tem a propriedade d e
desenx.olver com energia a f e r m e n t a ~ ã oalcoolica, ao passo que
estão esterilisados em grande p a r t e o s fermentos incliiidos no me-
l a ~ o ,possiiindo este saes alcalinos e sucratos nocivos á fermenta-
ção, e ao rendimento, de modo que è difficil e dispendioso pôr o
melaço em fermentasão regular, d'onde resulta que os fabricantes
qiie não conhecem estes inconrenientes r não sabem remedial-os
em boas condipões tiram na fabricaçso da aguardente do melaço
um rendimento'muito infer;or ao qiie deveriam tirar;
3.'-Porque sabendo que os iiqiiidos obtidos do bagapo por
qualquer dos processos mencionados n'psta contesta$ão teem uma
pequena densidade, qiie niinca póde ser em mCdia superior a 4'
Beanmé, e sabendo qrie é geralmelte de 42" Beaumé a densida-
de do melaço, o qual para a fermentapio deve ser reduzido á
densidade de cerca de 6 O ou 7' Reaiimé, reconlieceu que se SQ
qiiizesse desfazer, diluir e pôr em fermentagao o melaço apenas
com taes liquidos não poderiam estes servir senão para uma pe-
quena qnantidade de melaço, sendo por isso conveniente inventar
nm processo de obter ainda mais liqiiidos ricos de fermento c
pobres de assucar, processo,que o Conde de Canna~~ialachou e
qne consiste em raolhar de izovo e fazer passar mais tcnzu vez pelo
lamz>zadoro bagago, que já, entâo tem po11co assiicar, e cujos fer-
mentos aiigmentam pela pressão, podendo em tdl caso o emprego
d a agua ir além da quantidade que o bagaço pòdo absorver, pelo
que o Conde de Cannavial propoz mesmo a maceraçSo;
ci.o-Porque, costumando-se na pratica desfazer e dilnir o
melaço com agua e deitar-lhe depois um acido em qiiantidade
sufficjente para neutralisar os saes alcalinos e sucratos qiie este-
rilisarn os fermentos, o Conde de Cannavial chegou uo resultado
de que desfazendo, diluindo e pondo em fermentacão o m e l a ~ o
com os liqriidos prtmeiros e segundos do bagaço a reacçgo aiida
dp taes liquidos podia evitar no todo o11 em grande parte o em-
prego dos aeidos, o qne importava iima notavel economia. (doc.
n." 4.'

1'. qiie alem de se fazer pelo modo que acaba de ser indi-
cado outra applicação indirecta dos principios das duas primeiras
reivindicações da patente impugnada pelos A. A., com todas as
vantagens, condições e eircumstancias que se Ihes notam, de har-
monia com os requesitos deduzidos dos art.'G.', 8.' e 37.O n.' 7 da lei
de 21 de maio de 1896, no art. l l . q d ' e s t a contestayão, a prodric-
ção dos liquidos segundos do bagaço e o emprego d'estes e dos pri-
metros na operação de desfazer e diliiir o melaço e muito especi-
almente na sua fermentapão, qne C o fim principal, constituem
iim processo novo que uperfezfoa e inelhora a aguardente do mela-
go, torna rneqzos dispendzoso o mezo de a obtcr, offerece caracteres
novos e privativ.1~e amplta a uttlidade do trabalho da producção,
sevzpqe faczl, dos liquidos do bagaço, o que representa outras van-
tagens especiaes e decisivas em face dos art.' 6.", 8.' e 37.' n.'
7 da citada lei e justifica a 6.a reivindicação da patente de 1896,
qrie 4, como consta do doc. n.O 4:
&-O pôr em fermentação o melaço desfazendo-o P dilu-
indo-o com liqiiidos obtidos do bagaço pelos processos já indica-
dos, ou obtidos por meio d a maceração seguida o11 não de pressão
no Iaminador ou moinho, ou ainda com liquidos obtidos do mesmo
bagaço em segundo trabalho por qualquer dos mencionados pro-
cessos, sendo estes ultimos liquidos chamados liqiiidos segundos,
para distincção dos que foram extrahidos do bagaço em primeira
operação, que serão chamados liquidos primeiros. Empregam-se
assim para a fermentação do melaço não sb os liquidos extrahidos
do b a g a ~ opelo processo já patenteado, mas tambem liqiiidos ob-
tidos do bagas0 por outros processos, proprios para o mesmo
fim, pelo fermento que egualmente conteem alem do assucar, li-
q u i d o ~que poderão ser alem d'isso empregados para diluir a g a -
rapa.

P. que os processos e melhoram~ntos da patente impugua-


d a pelos A. A, em todas as seis reivindicações da mesma patente,
que estão transcriptas nos art.' 1 l . O a l 5 . O d'esta contestação
e neste logar se dão como reproduzidas, offerecem as condições
seguintes:
1.'-São invento do Conde de Cannavial;
2.O-Não eram nem tinham sido nunca applicados ou em-
p~egados,todos, ou algum, ou alguns d'elles, ha cinco aunos, cu
ha mais ou menos de cinco annos, antes de requerida e obtida a
dita patente, nem na fabrica de assucar e aguardente dos A. A , ,
nem nas outras, ou alguma ou algumas das outras fabricas d e
assucar e aguardente do paiz, (art. 9." da lei de 21 de maio de
1896) resalvadas as experiencias que a tal respeito foram feitas
por inclicapão do Conde de Cannavial;
3.'-Não eram conhecidos do publico, practica ou theorica-
mente, por descripções technicas, oii qualquer outro modo (art.
9 . O e 37.' u.O 1 da citada lei);
4.0-Foram indicadas com tudo, o que era necessario para
-38-
a execiipSo do invento (art.' 37.' n." 5 d a citada lei), na descrippão
que acompanhou o pedido da respectiva patente (doe. n." 4).
r a:
P. que, ainda quando algum ou alguns dos melhoramentos
comprehendidos ria patente impugnada, ou mesmo todos elles, ti..
vessem sido applicados am qiralquei. fabrica d a >fadeira, oii mes-
mo n'algumas d'ellas, o qiie absolutamente se nega e contesta,
minca a impugriay50 poderia a n ~ u l l a ra patente.
I.o-Porqire sò se pode fazer tses annullaçaes .quando os
melhoramentos tenham sido iitilisados j á de um wzoiio notorlo
qiiando forem conhecidos já do pzhblíco practieu ou Iheoricai~~enle,
c o a o dispõe a lei de 21 de maio de 1896, nos art."s 9.' e 37.'
n.O 1,o que juiidicamente se ' compreiiende, pois o pensamerito
d a lei é generalisar pela ccncessZo das patentes o conhecimento
dos novos processos oii industria, para interesse do. paiz e do Es-
tsrln
2.0--Porqiie, por isso mesmo, o direito á concess2o do pri-
vilegio de iuven9l;o pertence a q u e m primciro apresentar o pedi-
do, com os documentos respectivos, n a r e p a r t i ~ ã o de indiistria,
art. 27.O d a citada lei, e no caso de qiie se iracta ninguem apre-
sentou tal pedido antes do Conde de Cariuaviai,.que aliás nSo
precisa <ia forca desta jurispridencia, nem seria capaz de pedir
uma patente encostadc apenas a eila, e B consciosaniente o ali-
ctor do invento.
18."
P. qiie tendo o Conde de Cannaviai apresentado nas devidas
condit$es, na reparti920 de industria, o pedido d a patente impu-
gnada pelos A. A.?sómente appareceu alli a m a reçiamak"'ao con-
tra o mesmo pedido, assignada pelos fabricantes do Funchal W.
Hinton $ Sons (os A. A.), JoSo I-Iygino Ferraz & Companhia, e ,
a rogo de seu rnariclo Antonio d a Silva$anique, DIagdalena Car-
lota d a Silva Marique, reclamação que nZo,foi attendida por não
ter chegado dentro do tempo legal (doe. n.O 5).

P. que na dita reclamapã~os A. A. e as outras duas fir-


mai signatarias fizeram unicamente referencia ao Dtarlo do Go-
-39-
aerno n." 118 de 27 de maio de 1896, em que tinha sido 'publi-
cado o tit,iiio da patente pedida, como se r&dos doo. n.OS 5 e 6,
e nSo tambem ás reivindicações, qiie foram publicadas rio Boletim
d a P~opriedadePirdzcstrial n.O 13 de 2 8 de abril de 1896, incluido
nos documentos juntados pelos A. 8. á petipzo d e As. 2 , e cliie
apezar de co?stituirem a materia de maximo interesse eram evi-
dentemente desconhecidos dos reclamantes. d'onde resiiltou o fa-
cto importaniissimo de apenas afürmarem entzo qiie h,a ?18a,is de
30 annos que algzozs d'elles teem usado do invento pedido, por
processos tão simples que neniiiins outros podem haver mais fa-
ceis, melhores r mais vantajosos, e que consistem no seguinte:
«Depois da primeira passaçem da canna de assticar pelos cylin-
dros e de se ter extrahido d'este modo a maior parte da materia
saccharina qiie a canna contem, o b a g a ~ orestante C humedecido
com a agua fria ou quente, passando-se este novamente pelos cy-
lindros. O liquido giie se obtem da segiinda passagem do baga90
humedecido pelos cylindros, oii se distilla logo em agilardente, ou
se ajunta com melaço para servir de fermento daiidoein qualquer
dos casos bons resnltadus.~(doe. n.' i).
E portanto
20."
P. que de tudo isto resiilta bem çiaramente:
>.'-Que os A. A. t as outras firmas meiicionadâs não ti-
nham então sequer conhecimento da substancia e contheiido das
reirindicaç8es que o Conde dê Caiinaviai pretendia fazer;
iL . o-Que se guiaram apenas pelo titulo da patente. re?ue-
rida,titulo r>uhiicado no 1)iai.io do Goueriio citado pelos reclaman-
tes, e que é do theor segiiiiite: e 0 modo mais facil e mais pro-
veitoso de iitilisar para aguardent. ou para a fei.merita$ão do
melaço, liquidos contendo assucar e fermento apropriadamente
obtidos do bagaço da .canna de assucar. 11
3.G-Qiie, como no dito titulo se fallava dos liquidos do ba-
gaço e os reclamantes apenas tinham conhecimento do. proc$sso
d e os obter que f6ra privilegiado em 1885 e qiie era usado em
militas fabricas d a Madeira, como fica indicado nos art.' 5.' e 6.'
d'esta contestação, sómer;te fizeram raferencia-e maic além não
podiam i r sob este aspecto---ao mzsmo processo já. diviilgado,
que consiste no simples humedecimento do bagapo e na sua passa-
gem pelos cylindros e na distillação dos liquidos d'ahi resultantes,
por si sós, salvoo que se considerará no n.O seguinte d'este artigo;
4.'-Que. como no mencionado titulo se especi~lisavajá a
nova applicação dos liquidos do bagaço it fermentaçdo do melayo,
tractaram de dizer genericamente qiie algiim dos tres reclaman-
tes já juntavam os mesmos liquidos ao mela(io para servirem d e
fermeüto;
5.'-Que apenas tinham nopões vagas, i&ompletas, limita-
dissimas, acerca do objecto da patente, desconheciam mesmo o
invento e o que era necessario para a sua execuçZo, isto é, os
seus processos e as suas avplicaç8es (art. 37 n.O 5 da lei de '21
de maio de 18961 e so conheciam os antigos urocessos do Conde
ntido no bara-

P. que tudo o mais qiie os A. A. disséram ou podessem


dizer a este respeito, e particularmente o qiie dizem na petiçãa
de fls. 2, Q tirado da leitura posterior das reivindicações e d a dis-
cripsdo que acompanhou o requerimento da patente impugnada,
que habilitaram então os A. A. a apreseiitarem já ideas mais des-
envolvidas acerca do assi~mpto. X a s

P. que Dor tudo isto caliiram os A. A. em contradicções


flagrantes e significativas, taes como:
I .O-Na ieclamagão de que faliam os art 'O 18 e segiiintes
d'esta contestação dissbram que o processo era empregado ha mais
d e 3 0 annos e na petieão de fls. "Lizem que o era apenas h a cer-
ca de 5 annos;
2.O-Na reclamação disséram que o processo fora empre-
gado por alguns dos Ires reclamantes e na petiçdo defls. 2 dizem
que tem sido empregado pelos A. A. e por outras fabricas ma-
deirenses.
3.O-Na reclamação assignalaram que o processo consistia
em humedecer o baga90 e passal-o pelos cylindros e na petigão de
fls. 2 asseveram qiie consistia não apenas em hurnede,el-o, mas
tambem em deixal-o bem satiirado de agua, conforme a percen-
tagem do assncar que a canna contém;
4.O-Na reolamação não fallaram dos primeiros e segundos
-41.-
trabalhos feitos com o bagaço de qiie resultam os liquidos primez-
ros e segundos e iid prtierio de fls. 2 succede o contrario;
5.O-Pùa reilamaç&o apenas aliiidiram á applicapão dos li-
q u i d o ~do bagaço á distillaydo da aguardente e á fermentação do
melago e na petiçzo de fls. 2 referem-se, embora genericamente,
a todas as applicdções contidas nas reivindicações da patente im-
pugnada.

23.'
P. qiie apezar de tudo o que fica dito, a indicação dos pro-
cessos feita pelos A. A. nos art. 6.' a 9.O da petição de fls. 2, não
é ainda assim acompanhada de descripçiies e elementos de infor-
mação bem claros, przcisos e defenidos, como deve sncceder em
todos os bons proressos indiistriaes, ao passo que na discripção
qiie o Conde d e Cannavial juntou ao pedido da patente impiigna-
da pelos A. A. (doc. n.' 4), tudo se acha narrado, previsto e d s -
terminado, sendo certo que, se pode ser annuilada lima patente
que não assignale os procebsos neoessarios para a execução do
invento, segundo o art. 37.O n.O 5 d a lei de 21 de maio de 1896,
n5o seria admissivel, ainda quando fid!tassem todas as outras ra-
zões dicisivas ate aqiii expostas, que valessem contra iima paten-
te r~qiieridacom uma descrippão scientifica satisfatoria, e conce-
dida já, allegaçnes estribadas na pretensso de que sdo conliecidos
os principias e os processos, e desacompanhadas da exposiqão
completa e efficaz de hns e outros, a1lega)ões que denunciam
qiie os h. A. ainda hoje não teem o conhecimento perfeito dos
melhoramentos de que se tracta e deixam entrever que os A. A.
e as ontras fabricas não aproveitam riquezas consideraveis que
pelos mesmos meihoramentos podem aproveitar. E para se v S r
isto e para os oiitros effeitos competentes

24."
P. qiie al8m de serem novos e inventados pelo Conde d e
Caunavial todos os melhoramentos da patente de 1896, como fica
dito n'esta contestação só podem militar contra os A. A. e os
mais fabricantes, e nunca contra o Conde de Cannavial, a s d u a s
unicas especialidades que apparecem na petição de fls. 2. E na
verdade, em primeiro logar
P. que dizendo os A. A. que iia siia fabrica e em outras
da Madeira ha mais de 5 annos não sò se liiimodece o hagayo
mas tambem se costuma deixal-o bem satiirado de xgua, confor-
me a percentngena, d8 assucar q!!e i( canna contbm, (art. 6.' e 10.'
da ~ e t i ~ ãdeo fls. 2), o que póde. muito bem siiçceder, veem mos-
trar evidentemente que os A. A. e os outros fabricantes apenas
conheciam o processo patenteado em 1885, e nãu corihecem ain-
d a hoje em toda a sua contextiira, em todos os seus principias e
applicações o processo cuja patente se pieitéa. Porque

26."
P. q i e se os A. A. confessam que o emprego da maior ou
menor quantidade de agua dependia da maior oumonor percenta-
gem d e assucar de canna, qiler isto dizer que empregando mais
agua com o bagago de canna rica e menos com o b a g a ~ oda can-
na pobre, obedeciam e obedecem, com as outras fabricas generi-
camente invocadas, ao principio fundamental de que o bagago deve
ser aguado de modo qw ao passar depois pelos cylindros produ-
za sempre liquidos com densidade sufficierite para entrarem por.
si sós em fermentasão, e darem aguardente, e para nunca drixa-
rem de fermentar nem serem alguma .iez perdidos ou s6 serem
aproveitados em condiyões desvantajosas, sendo certo qiie se
obedecesse ao princi~iode que qualquer que fosse a densidade de
taes liquidos O sempre facil aproveital-os vantajosamente por pro-
cessos efficazes e uteis usariam tambem o systema da saturayão
quanto ao bagago da canna pouco rica de assucar, 'que é hoje
em geral a da Madeira, uma vez que reconhecem que molhan-
do mais o b a g a ~ otira-se d'elle mais assiicar, embora se affe-
cte a densidade dos liquidos; concliiindo-se de t7,do isto que
os A. A. e os mais fabricantes só conheciam, e. ainda hoje só co-
nhecem bem o processo privilegiado em 1885, subordinado á pro-
ducção de liquidos que tanham sempre d e n s i h d e siifficiente para
entrarem por si sós em fermentacão e serem utilisados lucrativa-
mente. E alem d'isso
27."
P. que, assim, das proprias palavras dos A. A. se dediiz
immediataffiente:
-43-
i.'-qiie tanto os A . A. como os oiitros fabricantes desco
nheciam e não conhecem aiiida bem o principio fundamental d a
patente de 1896 ( l . arei?indicaqZo) porqiie .segundo esse princi-
pio póde-se e deve-se mesmo molhar bem o bagaço ainda que a
canna seja pobre, visto ser sempre possivel iitilizar com, vanta-
gem os liquidos resiiltantes, qualqiier que seja a densidade destes,
ao passo que os A. A. vesm confessar qiiz tanto elles conio os
oiitros fabricantes humedecem o bagaço. da canna pobre e apenas
saturam de agua a canna rica para manterem sempre yma certa
drnsidade,,perdendo a grande qiiantidade de assucar que não se
consegue tirar com o simples humedecimento, sobretudo tratan-
do-se do baga90 da canna das novas planta~ões,que é geralmen-
te pobre de assucar;
2.'-que confessando os A. 4 . que tanto elles como os. 011-
tros fabricantes ignoravam e não conhecem ainda bem o prin-
cipio fundamental da patente de 1896, que impugnani,, confessam
implicitamente que udo conheciam, nem conhecem ainda bem,
não faziam nem fazem todas as applica~õesoii qualqiier das ap-
.plica~õesd'aquelle mesmo principio e que constitiiem a materia
das cinco iiltimas reivindicaç0es da patente mencionada;
3.0--qiic tanto isto assim é que se os A. A. e os outsos fa-
bricantes conhecessem ou fizessem, como allegam ni, petiçso d e
fls. 2, as cinco referidas applicasões, os A. A. viriam evidentemen-
te dizer que tanto elles como 8s outros fabricantes costiimavam
saturar de agiia todo e qualquer bagaço e aproveitar todo o as-
sncar e fermento nelle contidos, por saberem m elas niesmas ap-
plicaç0es qiie os'liqnidos do bagaço p ~ d i a mser aproveitados van-
tajosamente qualquer que fosse a siia densidade, em vez de di-
zerem o que acima fica notado. D'esta maneira

28."
P. que resultando da propria con5ssão dos A. A. que tan-
to estes como os oiitros fabricantes apenas conheciam o processo
patenteado em 1585,e não conheciam e não conhecem ainda
bem, não applicaram nem applicam ainda o processo patenteado
em 1896, segue-se que a situação dos A. A. é absolutamente h-
sustentavel. E agora, considerando-se a segunda especialidade da
petipão de Tls. 2
P. que o emprego que os A A. dizem fazer ha cinco annos,
com outros fabricantes, das lavagens de rarios xl)parelhos de ia.
bricas, como materia assucarada para tornar mais denso o Iiqiii-
do do bagago, longe de representar, q i i ~ n d o tenha sido feita a
applicayão do priiiçipio da segunda reivindicação da patente d e
1896, priqcipio cnja excellenuia os A. A. desconheciam e que foi
tão fertil em consequencias proieitosas nos trabalhos do Conde
de Cannavial, isto é, longe de ter em vista dar mais densidade
ao liquido do bagayo por tima ideia scientifica que uma vez drs-
coberta tinha de ser fecunda em applicações caracteristicas de
grande alcance, significava apenas o intuito de aproveitar o assu-
car dss la\.agens mencionadas, em aguardente, como é costume
fazer-se nas fabricas de assucar qiie teem apparelhos de distiila-
são e c o m o os A. A. podiam evidentemente fazer ha muito. E
com effeito
30."
P. que, concluindo-se, como se viii, da propria confissáo
dos A. A , , ,que estes e os outros fabricaiites desconheciam o pri-
meiro principio fundamental da patente de 1896 (1." reivindica-
@o) e todas as siias applicaqões, segue-se que o mencionado em-
prego das ditas lavagens tem representado, tambem por coiifissão
dos A. A , , nas fabricas que o faqam, iim papel differente d'a-
qrielle que Ihes é assignalado, como a qrialqiier materia assuca-
rada, na segunda reioindicayao da mesma patente, papel que
não pode ser outro, manifestamente, seudo o que foi indicado
no art.29.O d'esta contesta<;ãoe que nao tem significagão alguma
em face do processo industrial pleiteado. E alem d'isso

P. que os liquidos assiicarados obtidos do bagaço de cannas


ricas de assucar, quando orvalhado com agua apenas sufficiente
para o humedecer, como no processo do Conde de Cannavial pa-
tenteado em 1885, teem a densidade de 4' a 5',5 Bearimr, o
que mostra bem que OS liqiiidos assucarados obtidos do bagaço
de canuas pobres de assucar, quando <irvaIllliddu com agus bastan-
te para o deixar bem molhado, como no processo do Conde d e
Cannavial patenteado em 1896, não poderão ter densidade maior
do que a de cerca de 3' Beaumé. Ora

P. que, p,ara pôr estes liquidos, obtidos pelo processo de


,1896, na densidade de 5' Reaiimé, densidade necessaria para
fermentarsm bem regular e satisfatoriamente, e para produzir
todas as grandes vantagens das applicações que constituem a pa-
tente de 1896, é precizo que sejam misturados com snbstancias
ricas de assucar, com liquidos assucarados que tenham denaidade
superior á de 5' Heaiimé, taes como a garapa, qiie chega a ter
9" e 10' Beaumé, ou o melago, que tem mais de 40° Beaiimd. E
portanto
33."
P. que evidentemente a pretensdo dos A. A. de terem elles
e outros fdbricantes aiigmentado de 3' Beaumé a densidade de
liquidos assucarados de baga50 de cannas, hoje menos ricas de
assucar, pela addiçdo de aguas de lavagens de clariiicadores, re-
ceptaciilos e vasilhame das suas fabricas, agiias que não poderão
t a maior densidade do qne a de 1' Beaumé, termo medio, é um
absurdo tão manifesto que bem demonstra que os A. A. e os ou-
tros fabricantes não tiveram por fim senão o aproveitamento de
algum assucar que havia ainda u'essas aguas, que não pensaram
nas grandes vantagens, acima descriptas, qiie teve em vista o
Conde de Cannavial pelo processo da patente impiignada, e que
ob.inham os liquidos ass~icaradosdo bagaço pelo processo paten-
teado em 1585, com os quaes, por terem densidade muito maior
do qne os liquidos obtidos do bagaço pelo processo patenteado em
1896, podeiiam misturar as agoas de taes lavagens e pôr tiido
em boa fermentação ao passo que este resultado se não póde
conseguir se a referida mistura fôr feita com liquidos obtidos do
bagaço pelo ultimo processo, que teem pequena densidade, pelas
razões expostas nos art.Os 7.' a 10." d'esta contestação.

P. que, attendendo ao que fica mostrado nos art.Os 2 5 . O a


33.' da presente contestação, como tambem á falta de descri-
pgões que compietern e esclar~gun:as indicações gdneri-as feitas
gelos A. A. na lieti$âo d . fls. 2 . não se pode tambem dizer que
os processos formulados nos i l ~ t . ~(
' i.',e 8.' da mesma peti-
7.'
ção sgo essencialmente eguaes aos da patente impugnada pelos
A. A., contrariamente ao qiie estes dizein no art." 9 . O da petilão
mencionada.
35."
P. que, em principias de 1896, querendo o Conde de Can-
navial aproveitar.se da proxima epocha da IaboracZc da canna
saccharina da ilha da Xadeira para verificar por algumas expe-
riencias as vantagens que deviam resoitar, principalmente no Nor-
te da ilha, onde a muna prodnn garapa fraca, do processo d e
misturar garapa com os liquidas ass~icaradosextrahidos do baga-
$0 da canna de assucar, que alguns fabricantes chamam palha da
canna, processo de que em breve ia pedir patente, e tendo con.
finnqa no Doutor João Baptista de Freitas Leal, proprietario de
duas fabricas de aguardente de canna na fregiieaia,do Porto da
Cruz da ilha da Madeira, não duvidou failar-lhe'das vantagens
d'esse processo e encarregal-o, depois, d i execugão Cessas expe-
riencias, sendo certo que em carta de 7 de fevereiro do dito an-
no (doc. n.O 7) o mesmo doutor Leal declarava ao Conde de Can-
navial qne nada podia dizer acerca das iantagens de tal processo
porque nunca o tinha experimentado, mas que com auctorisapão
do m ~ s m o Conde, podia experimental-o na proxima colheita, e
depois elitrar n'uni aiuste razoavel se feita a experiencia o achas-
se vantajoso.
36."
P. que, tendo o Conde de Cannavial reoommendado qne a
dita experiencia fosse feita com muita exactidão, e tendo o mes-
mo Doutor Leal pedido instrucq8es para ella, mandou-lhe o Con-
de de Canuavial as instrizc9ões constantes ilo doc. n.O 8.

P. que, durante a. mesma laboraçrio da canna de 1896, mas


j& depois de ter apresentado na repartição de indiistria o pedido
da uova patente, o Conde de Cannavial fallou a outros fabrican-
tes das vantagens do mesmo processo, nomeadamente ao filho d e
Albino de Sousa Rodrigues proprietario de uma fabrica de aguar-
-47-
dente na freguezia do Faial, ilha da Madeira, que fora encarre-
gado por seu pae de tratar c 0 7 o mesmo Conde sobre a iiidemni-
sação que a este devia dar ri'esse anno pelo aproveitamento do
assncar do bagaço segundo o processo patenteado em 1883 (doc.
n.O 3 . 9 .
38."
P. que na laboração de canna de assiicar no anno de 1896,
tendo observado o Conde de Cannavial na fabrica de Antonio d a
S i l t a Maniqiie, qiie a garapa apresentava menor graii, e que o
liquido extrahido do bagas0 apenas humedeoido como no proces-
so do Conde de Cannavial pdtenteado em 1885, apresentava tam-
bem menor densidade, não offerecendo por isso, n'essas condi-
<;ões, tantas vantagens como apresenta quando o liqiiido extrahi-
do do bagaeo não tem menos de 4',5 a 5' Beaumé, aconselhou
ao fabrioanle qne addtcionasse a esse liquido uma pequena quan-
tidade de garapa, de modo a p61-o em &rca de 5' B; e o mesmo
Manique apezar de henitar por não comprehender bem a vanta-
gem do meio aconselhado, resolveu-se a fazer tima pequena ex-
periencia que não continuou ilara não desviar para a aguardente
a garapa de qtie podia fazer asslicar, pois nas actuaes circums-
tancias commerciaes. convém mais ao fabricai~tede assucar e
aguardente de cannas fa7er assiicar do que agilardente. mas em
todo o caso foi esta a unica vez qiie na fabrica do Manique foi a
garapa misturada com liqiiidos do bagayo, o que o Conde de Can-
navial sabe, porque tendo sempre auctorisado este fabricante a
fazer agnardente de baga90 pelo processo patenteado em 1885,
mediante indemnizapão, e pedindo-lhe rlle por vezes esciarecimen-
tos sobre a fdbricarão do assucar e ficando a fabrica no centro
d a cidade, tenba sempre conhec;mento dos processos fabris se-
guidos n'esta mesma fabrica na epocha da laboraçâo da canna; e
por isso tambem sabe que nriuca nessa mesma fabrica se empre-
gou melaço para par em maior densidade os liquidos assuciirados
do bagaço nem se empregaram os liquidos do bagaço para pôr o
melaço em fermentayão.
39:
P. que o Conde de Cannavial publicou no Dcario de Noti-
cias e no Dtarzo do Commercto jornaes do Funchal, em data de
25 de novembro de 1896, e ainda em %v~tlso,o annuncio e escla-
recimentos co~istaiit?~
dos doc. n."' 9.O e que be
ram a demonstra~liodo seii direitu.

40."
P que a Conde de Cannavial se achava já então doente de
molestia que depois se aggravou muito, e de que está ainda en-
fermo, 2ão tendo podido por isso dar impulso á execuyão dos
seus novos processos, culas vantagens nXo são de certo ainda
bem comprehendidas pelo publico e pelos fabricantes, o que não
admira porque já os seus processos patenteados em 1885 leraram
muitos annos para vencer a guerra de uns e a incredulidade de
outros, sendo, porem evidente que a mesma não execução dos
processos novos nas differsntes fabricas da Madeira é ontra pro-
va de que elles nem ainda hoje, depois da piiblica~ãoda patente,
da descripção e de outras informações e esclarecimentos, são bem
conhecidos theorica e practicamente dos proprios fabricantes, que
tendo assim deixado até hoje de tratar a tal respeito com o Con-
de de Cannarial perdem riquezas consideraveis que poderiam iiti-
lissr com vantagem sua e com interesse publico, por taes melho-
ramentos.
41."
P. que as fabricas de assucar e agilardente da Madeira szo
em numero de 50.
42."
P. que n'estes termos e nos mais de direito deve ser julga-
da improcedente e não provada a presente acçIio, nulia a impu-
gnarão que os A. A. fazem ao privilegio e patente concedidas a o
Conde de Cannaviai e a que se referem os art.Ox 1. O , 2.' e 3." da
petição de fls. 2 , mantidos e validos para todos os effeitos l q a e s
o mesmo privilegio e a mesma patente, e condemnados os A. A.
a indemnizarem o mesmo Conde de quaesquer perdas e damnos
que lhe advenham d'este pleito.
3

Requer-se o depoimento dos A. A.

(Seguem as testimuuhas).
V
~ é ~ ~ a c
Replicando, dizem William Binton & Soiis contra
o conde de Cannavial
1." P. yiie, apezar da largueza com que se fez a
contestação, a verdade 6 que o ~uppostoinvento ou des-
cobriniento a que se refere a acção era já anteriormente
conhecido do publico pela applicação que dos respectivos
processos se fazia na fabrica dos A. A. e eni outras.
2 o P. que, embora na patente de invento alcan-
çada pelo R. em 1885, e Lt qual allude o artigo 3." da
contestação, se indicasse como processo melhor de utilisar
para aguardente ou para a firme~taqüodo melaço cs liqui-
dos extrahiclos do baga90 da cannn de assucar d por este
baga90 em contacto com a agua apenas suf$cie%te para o hu-
medecer e penetrar uté 6s cellulas ainda intactas, 6 certo que
os A. A., passados algiins tempos cle cwperieiicia, na sua fabrica
conheceram que era mais vantajoso para aquella eztrncqão,
nico o simples huinedeuiiiiento do bagaço, rnns molhal-o bem,
de maneira qite intezramente satvtrado fosse maior o apro-
veita~neatodo asszlcur n'elle contido;
3." P. que, ~ ~ c ~ e d c então
i i d ~ que o liquido extrahido
assim do bagaço era menos denso, os A. A. addicionavam-
lhe 7~mamateria assucarada, como melago e garapa, afim
de llie darem a densidade conveniente para a fermenta-
ção e tornar niais facil e menos dispendioso o processo do
fabrico da aguardente; e'
4." P. que este processo usado pelos A. A. (art. I.",
2." e 3.") se tornou do conheciinento publico. pela appli-
caqão que d'elle faziam ria sua fabrica no Funchal, e
tanibem pela applicação que do mesmo processo faziam
outras fabricas.
-50-
5." P. que depois d'isto, depois de ser conhecido
pratica e publicamente o referido processo, inencionado
nos art."' 2.' e 3.") b que o R. vendo assim prejudicada
a patente de 1885, se abalançou a requerer a patente de
que se trata. para não perder os proveitos que d'ahi lhe
resnltavam. patente que lhe foi concedida em outubro de
1896, como se v6 do Boletim n." 1 8 do mesmo mea.
6." P. que o R. á sombra d:i patente de 1885, con-
tractou com algiitiias fabricas pagarem-lhe na razzo de
dez reis por almude de garapa extrahida & canna, como
se vê do documento de f, o que representa um onerosis-
simo tributo para todas as fabricas da Ilha da Madeira.
7." P. e assim a escriptura celebrada entre os A. A.
e o R, e a que se allude na contestttção não póde signifi-
car o reconhecimento do direito da patente alcançada, por
este em outubro de 1896, p ~ l arazão bem obvia que essa
escriptura é anterior á mesma patente.
Acceitando as confiss8es uteis, replicando a tudo
o qne offenda pela mais obsoluta negação.
8."P. que, n'estes termos, são os de direito julgar-
se como conclue na petição inicial.

Alio contendo a atplica maleria nova, e tendo ficado de pe' o


alkgado nos articulados da conlestaeáo, o R. treplicou por NEGA-
ÇAO.
O mais importante e significativo dos factos até
aqui inencionados 4 o celeberrinio conloiri feito entre a
firma William Hinton & Sons e diversos oiitros fabrican-
tes de aguardente de cannas de asoucai; relativamente ao
prvcesso para annullaçXo da patente concedida ao Con
de de Cannavial eni 1896.
S6 agora, em 1 9 de abril de 1898, teve o Conde
de Carinavial conhecimento bem fundado de que, em 2
de agosto de 1897, foi lavrada, na nota do tabelliâo
Alfredo Luiz de Freitas, L." 63, fls.31 v., uma escriptu-
r3 em que figurar11 de priuieiros oiitilrgantes William
Hinton & Sons, conio autores de unia ac+o contra o
Conde de Cannavial para annullaçâo de urna patente, co-
mo inventor do novo processo, patenteado em 1896, pa-
r a o aproveitamento do bagnqo da canna de assucar; e
figuram como segundos outorgantes diversos proprieta-
rios de fábricas de aguardente de cannas do assucar; os
quaes declararam terem entr:tdo em ncc6rrlo com os pri-
iiieiros outorgantes, por serenz interessulus no re.sultado do
referido pleato; tendo, portanto, accordado erri que todas
as despezas judiciaes e extra-judiciaes do niesino pleito
e de todos os seus incidentes, qualquer que seja o resul-
tado, serig~rnrateadas entre os ontorgai~teb,de modo que
os primeiros pagariam 50 O[, destas despczas e os s5gun-
dos, os outros 50 1' ,
Acco~daram, além d'isso, os ditos outorgantes, em
que as despezws de qualquer outro pleito de interesse
comnium dos outorgantes que podesse vir a ser intenta-
do por qualquer d'elles. ou contra qualquer d'elles, rela-
tivamente ao referido privilegio, seriam rate,n d as entre to-
dos na mesma proporção.
-52-
Este cotzioi:, n%ofoi assignado por todos os que fi-
guraram, com;, segii~~clos
.
outorgantes, ria escriptur~Ia-
vrada; e iião tendo sido encerrado o contracio nas coii~i-
.
çbes que a lei requer, ucon sesi1 eBcilo.
Mas, se este co~tloio perdeu. o >alar legal para o
effeito de sererri obrigados os segundos outorgantes a
concorrerem com a sila quota para as despezas do pro-
cesso, ficou-lhe o grande valor ~nor:il, que náo póde
perder, de serem testimunhas dos auctores seis dos fa-
bricantes que assignnram o nicsnio conloio na nota do ta-
bellião que o lavrou; e são :-João Hygino Ferras & C.a
Antonio Gonsalves d'Alineida; Jogo Baptista de Freitas
Leal; Antonio da Silva Manique; H e n i y Wilbraham, so-
cio do firma Wilbrahani Brothers e Albino Rodrigues de
Sousa.
Ora, JoEo HJ-gino Ferraz & C.' e Antonio da Sil-
va Manique são os meunios dois fabricantes qiie assi-
gnararn, juntainerite coni Williairi Hiiiton & Sons, a rc-
clainação acima transcripta,apezai. de tereiri, tle h a mui-
tos annos, até hoje, pago annualmente indemnisaqão a o
Condc de Cnnax-ia1 para fazerem uso clo processo paten-
teaclo em 1885. E o dito Jo%o Hygino Ferraz, de ha
inuito, conhece o referido processo; porqne jk antes de
1888, antes de n fkbrica Feiraz & Irrn.50~passar a ser
propriedade do actual fabricante Antonio d a Silva ala-
niqne, e, quando o niesmo Joao Hygino Ferras estava
encarregado, n a referida fhbrica, d a parte fabril, esta
pagava indeninisação ao mesmo Conde pelo uso qne então
fazia do processo jk preveligiado para o aproveitamen-
to do assucar do bagaço, e continnou a pagar, até passar
a nouo possuidor. Assini conio tambein 6 c ~ ~ que t o a
unica vez que Antonio da Silra Maiiique fez uma experi-
encia, niistiirmdo garapa coix o liquido do bagaço, n a sua
fttbrica, foi jú em 1896, por conselho do inesmo Conde.
Antonio Gonsalves d'Almeida é socio proprietario
d'uma fkbrica de aguardente de cannas na 11-egiieeia da
Ribeira Brava, que tem usado, e está usando ainda, d o
mesmo processo patenteado em 1885, pagando annual-
mente inde~iinisaçãoao Conde de Cannavial.
Jogo Baptista de Freitas Leal é o inesino proprie-
tario dc duas fkbricas de aguardente de cannas n a fre-
gnezia do Porto da Cruz. que,ern 1896, o Conde de Can-
navial eilcarregeu de fazer ulguinas experiencias nas
suas fábricas, fabricando aguardente, segundo as indica-
çues que entao lhe deu e por que elle se guiou; pres-
tando-se a fazer essas experiencias, que s6 se referiam a
lima pequena parte dos processos entzo inventados pelo
mesmo Coilde. E: tanto 6 certo que elle os não conhecia
qne, em carta que nessa epocha lhe escrevera, e que se
acha juncta :icoritestação (doc. n." 7 da cont.). o mesmo
Leal declara que nada podza dizer deêrca dns vantagens de
tal processo porque nunca o tinha ezperinzentado; mas que,
com az~ctorisagãodo mesmo conde, podia ezpe~*imentaE-on a
prozinza c o l I ~ e i t a , ~ ~ adepois
ra entrar n'um ajusts rasoavel,
se., feita a experzencia. o achasse vantajoso:
A firma Wilbraham Brothers, proprietaria
d'unia f'kbrica de aguardente de cannas n a Villa da Pon-
t a do Sol, é constituida por Renry Wilbraham, que é tes-
temunha dos A. A. no actual processo. e pelo mesmo
Guilherme Wilbrrtham, a quem,pox intervenção dewilliam
Hinton & Sons. o Conde de cannavial ngo exigiu a
indeninisaç2o que a referida firma Wilbrahain Brothers
lhe devia pelo uso que havia feito, antes de 1887, d o
privilegio do inesmo conde, para a aproveit:rinento do as-
sucar do bagaço, como o prova a parte final da escri-
ptura piíblica junta 5, contestação (doc. n." 1).
Mas 6 certo que, a requerimento do Conde de Can-
iiavial, acabam de ser julgadas inhabeis, para dep& nesta
causa, as testiinunlias que, nch;tndo-se nestas circumstan-
cias, se aprcssntaram no tiibiinal para tal tini.
E com relação nos fabricantes que figuraram nes-
te conloio coino segundos outorgantes, e que não são testi-
munhas na causa, affiiula o conde de Cannavial, terem
muitos d'elles utilisado, ha mais ou menos annos,e alguns
ainda mesmo no anno corrente, os processou do mesmo
Conde, patenteados em 1885, pagando-lhe indemnisa-
ção.
Ora, é evidente que, se todos estes fabricantes co-
nhecessem, antes de 1896, os importantes melhoramentos
do Conde de Cannavial, ultimamente patenteados e que
são miiito mais vantajosos do que os processos de 1885;
ou se conhecessem quaesquer oiitros proc-ssos melhores
de que podessem livremente usar; não continilasiam, de
certo, a pagar uma indemnisaqão ao mesmo Conde, para
se servirèm de llrocessos inenos vantajosos. E o facto de
usarem dos processos antigos, para o mesino fim, é uma
demonstração de que ainda nZo conhecem, nem com-
prehendem bem, as vantagens dos processos novos.
Se não fôra a justa. disposiçdo do art." 2511 n." 1."
do Codigo Civil, não estaria gararitida a p-opriedade in-
dustrial, contra a colligaç%ode individuos que, sendo tão
directamente interessados na annullaçào de unz invento que
se obrigam a concorrer para todas as desepezas dos piei-
tos intentados ou a intentar sôbre o mesmo invento, po-
dessem, utzs,J;gurar de autores, e outros, de ttstinztinhas nes-
ses pleitos.
D A PRIMEIRA PARTB

ESCLARECIMENTOS
Circumstancias que precederam e prepararam as
patentes do Conde de Caunavial de {870,1885 e
1896 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 3
Reclamaqão contra o pedido de patente de 1896,
apresentada em 7 de agosto de 1896 por tres
fabricantes da cidade do Funchal, William Hin-
ton & Sons, João Hygino Ferraz & C.a e An-
tonio da Silva Manique.. . . . . . . . . . . . . . 22
I11 Petip5.o inicial da acç8o apresentada em 1896 ... 25
IV Contestapão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
V Réplica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

VI Tréplica.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50 .
V14 . Conloio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
SEGUNDA PARTE

O que Q REe.
diria se tivesse sido
chamado a depor

Ao yiiarto Artic~ilado:- O R. não 56 jura, nias


confirina c0111 a s?c.npalavra de honra, que são de invengâo
sua todos os n~elhorarrientosde que pediu, e llie foi con-
cedida palenie ein 1896; e que ewes rnelhorairientos nüo
eram entüo conhecidos clo publico nem usados nas fdhricas.
Ao 5.'-Sabe o R. que a firma Williain ITintoii &
Sons tem, na cidade do Fiinchal, uma fiAbm.ica montada
coin apparellios onde, poderão ser execiltados os ~ne!hora-
mentos do R. patenteados em 1896; os qiiaes podem: to-
davia, ser luzsino execiitados nas mais pequenas fdbricus
de aguardente de cannas da Madeira.
Ao 6."-Ha c~nlrndicçao no que os A. A. dizern
n'eate art.', e o que di~serauiria reclamagão (doc n.' 5 da
contestação] que, jilnct:~nienteuom outros dois fabricantes,
aprcsentarsm no tila 7 de agosto de 1896, contra opedi-
do da patente qne iinpugnam; contradicgão que se explica
n2t~iralmentepela circ:imstancia, facil de deiiionstrar, dc
n6o conhecerem os A. A , quando spresentarani a mencio- 1
nada reclamação, as reivindicagões ou novidades da mes-
ma patente; ni2o conhecendo, de certo, tambem o n." 1
do arteo20.O da lei de 2 1 de niaio de 1896, nem mesnio o
n." 1 . O do art. 20.' da lei de 15 de ciezembro de 1894,
segundo os quaes o titulo synthetisa o asszonpto, seildo
lias reivindicagões que o inventor indica os pontos que
considera nouos.
Com effeito, quando foi publicado no Diario do
Governo, n." 118 de 28 de maio de 1896, o tilulo da pa-
tentt. que o R. pedíra, sem serem publicadas no inesmo
Diario as ditas reivindicagões o u novidades, já. antes tinha
sido annuncisdo o pedido da mesma patente no 'Boletim
d a Propriedade Industrial de 28 de abril do inesmo anno
de 1896 (art. 200 da citada lei de 18961, piiblicando estc
então, n%os6 o tifulo da patente, sen%o t m ~ ~ b easm ditas
reivindicacões: e declarando o mesmo Boletim aue L
o ura-
$0 de tres nzezes para as reelamagões conieçava a contar-se
d'esta data.
Mas, tendo n mencionada reclain~çáosido desatten-
dida, por c h q a r tarde, apesar de não herern ainda passa-
dos tres mezes depois da publicaç%o do respectivo auiso
no Diario no Gove~vzo,deixa isto hei11 ver que os A. A.
só$ze~-am obra pelo aviso publzcado no Diarto do Gove9-no
a qiir uiziearnente se referiram na mesma reclamação.
Ora, niio conhecendo os 9. A. então o aviso do Ho-
letiiii,claro estií que nâopndia~nconl~eceras reivtndicagões,
só publicadas no mesmo Boletim. E é tambern claro que
ur~icumenteconlieciam o titulo da patente publicado iio
Diario do Governo, titulo que é como segiie:-ao modo
mr~is faczl e mais proveitoso de utilisar, para aguardente ou
para o fermentação da melaço, lzquidos contendo tcssucar e
fermento, apropriadamente obtidos do bagaço da canna de
assucar » .
Mas é notorio que, em 1885, foi concedida ao R.
uma patente de invengão para rco aproveitumeizto do assu-
car que todo o moznho de espremer camas dei-ea no bccga-
90" -e que é preceito do processo iiescr~ptopara uso de
essa patente,-«p&r o ba,qaço em contccctr com agua apenas
ssiilicieiite p a r a o huntedecer e prnetrar até Q interior da5 cel-
lulas ainda intactas,passando-o depois ao latntnador» (doc.
11." 4 da cont.); assim corno era jB tanibem preceito d a
addição de 1875 á patente do R. de 1870.
E é certo que este processo 6 nsado ha muitos ali-
nos, com consentiirierito do R , niediarite indeninisaçgo,
n'iini grande niiinero de ?&bi.icas de aguardente de can-
nas deste distiicto; sendo mesmo o processo unico erii-
pregado por todas as fábricas de agiiardent? de canrias
que, antes de 1896, teem aproveitado o assucardo baga-
ço da canna de assncar.
De mais, este processo é bem conhecido dos A. 8.;
porque, tendo elles contestado ao R. o direito tarnbem n
esse antigo processo, foi-arn pelo R. demandados; termi-
n a n d o ~pleito por uma escriptura pública, qrie prata que
os A. p a p r a n i ao E. as reparugóes que elle demandava,
dando enizo o R. aos A. A. a permissüo de fazerem liso,
n a sna fábrica da cidacle do Funclial. d'esse processo e de
.oiitros de que tinha e tem patente.
Ora, sendo esse processo bem conhecido, e pracli-
cado em muitas fábricas lia muitos annos; sendo de mni-
lo facil execução e provadamente proveitoso; e nlío conhe-
cendo os A. 8.outro mais fac21 e mais p7-oveztoso; é bem de
crer que. vendo. pela leitnra do titulo da patente, que a
R. pediaagora privilegio do t~todomais facil e mais proveiloso
de uttlzsar p a r a a&quurdenteo assucur dos liyuidos cztrahzdos
do huyago das cann:is, iinapiriaram que o R. pedia novo
p~,~oilegio do ir~velitojá pc~tenteacloha muitos a~znos;e foi
com essa ideia, sem díivida, que apresentarani a dita re-
clarn:rçZo (doc. n . 2 d a ccontest.), n a qual dizem que ha
trinta annos qne os A. A. e algt~nsdos reclamantes (sso s6
trey) teem usado do^ processos de que o R. pediu privile-
gio; e que esses processos süo os mais simplas e proueitosos
que se podem conceóer; senclo completamente impossivel ha-
-4-
ver qualquer processo mc~isfacil e mais proveztoso p(17-a se
conseguir o referido resultado. E descrevein, pelo seguinte
modo. a primeira parte d'esse favzoso invento, que é a que
tem immediata relação com o artigo sobre o qual o R.
esth depondo:-a0 processo até hoje seguido pelos sup-
plicantes é o seguinte; -Depois da primeira passagem da
Lanna de assucar pelos cyl~izdros e de s* ter eztrulizdo d'estc
91~odoa mazor parte da matéria sacchartna yue a canna COIL-
tém, o bagaço restante é bume~leeidocom agua frza ou guente
passando-se este novaqnente pelos cy1zndro.s.))
Ora este processo, em que os A. A. dizein que o
bagaço 6 hz~mederzdoe passado pelos cyliridros, é, eviden-
temente o mesmo processo do R. patentearia em 1883. e
que estalece, com mais preois20, que o bagaço, ao sahir
do inoiiiho, 6 posto em contacto com agiia apeiiiis suflicien-
te para humedecel-o e penetrar até o znterioi das cellulas
aindo tntautas, sendo drapois passado ao lamzizador; e já os
nlesmos A. A. o recon2iecein no 2." a ~ t . "da réplhcu.
Ficando, pois, demonstrado que o processo q u e
serviu de base á reclaxiaçEo é o mesmo processo do R.
pateiiteildo em 1885; ficando demonstrado que os A. A.
não conheciani então as reivindicaçae.: da patente do R.
pedida eni 1896; demonstrado fica tainbem que os A. A.,
reclamimdo contra o dito pedido de patente, reclamara~ir
contra as novidades de que o R. pedio privilegio, sem, sa-
berem quaus eram essa: izovidudes!
E' fòra de toda a dúvida que. se os 8.A. ronlie-
cesseili o inzportaiztissimo inelhorailieilto. desenvolvida-
merite expresso na S." reivindicaçzo, e que faz uni con-
traste quasi coinpleto com o piocesso do R. patenteado
eni 1885, não s6 não diriani na reclamaç&'oque o proces-
so de hulrzedecer o b a g a ~ oe passal-o pelos cylinilros é o mais
faczl e proveitoso que se póde cofceber; mas riáo deixsriam,
por certo, de referir-se á mat6ria d'essa primeira reivindi-
-5 --

cagão, yne 4 um dos mellrorameiltos mais importantes da


patente de 1896.
Corii effeito! a 1." reivindicação da paiente impu-
gnada diz assim:
((1.' O por o bagaço um contacto, não com a agua ape-
nas sufric,ieritepara o b~imelecer,mas com ayiu l)astunte para
que o-hagaço jque bem rnolhado. sempre p e a caana núo seja
baslanle rica de assuear, para que o liqi~icloeztrahido do ha-
gaço, segundo o processo patenteado em 1886, tenha densida-
de suficiente para, por si só: fermentar bem, e dar producto
aantajoso ao fabricante; m,elhorarner~toque pefmittirá u m me-
lh,or aproveitamento do assucar do bagaço, sem iiupodar que
o liquido que d'este se obtiver lenha pequena delzsidade, porque,
Ror mais pequeiia que esta seja, o Nssucar poder6 ser ~jtilisado
bem .
J>

E:' pois, sem diívida, por já terem conhecimerito


d'esta citada 1."reivindicação da patente que impugnam,
que os A. A. redigiram agora o seu 6.%artieulado da pe-
tição inicial d'esta acção de modo que revela bem a in-
l.enção de quererem apresentar ideias sirnilhantes &a do
R. Masesse articulado sò mostra contradicção com a 1.e-
clama@o, e o munifesto desconhecimettto, em que, ainda
hoje, os A. A. estão. da excellencia dos preceitos, tão fa-
cilmeizte praeticavsis e tão ferteis e7n applicaçõcs uteis, con-
tidos na mesma reivindicação, e os quas elles subsiit~íen~
por preceitos estereis, e, até, inzpracticaveis. .s

Impra.clica?ieis, sim.
Corn effeito, dizem os A. A,! no seu sexto articula-
do, que o bagaço da caniia de assucar de que yiierem ex-
trahir os liquidos que empregam na sua fAbrica, é, não
s6 humedecido, mas tavzbem ivzpregnado com agua bnstulete
para$car bem saturado, isso confor~nei1 percentagem de as-
assucar que a caiina contém. Mas o eiitpregado que teni qne
regular a qnaatidade de agua com que deve ser im-
--6 -

pregnado o 1 ) a p ç o cu7fo~m~rc percentaye.nz de assucar que


a canna contéin n2o pdde ~abcrqual eiu a maior ou nzenor
percentagem de assucar da canna n que o baga90
que deve ser imp~eg9zadod'agua para <ieitai?nais ou me-
nos agua segunclo essa pe~.centayem.
Na verdade, nãp se coniprehende que tal processo,
c o n ~ ose acha ennneiado, seja p~aticnvel; por qNanto,
serido certo qiie a prrceiitagem do sssucar da canna O
~lktiit~ uariaud segundo a fiegwzia, o sitio, e mesmo segun-
do o ?nodo por que a, canna B tratada por cada cnltiva-
dor, e ainda por outras circumstancias; sendo certo que
chegam ás fábricas, muitas vezes ao mesnio tempo, can-
nas de diversas proveniencias, que, gevalinente,jse inistii-
ram e se confundein, nR8 é possivel Jeterminar, nniiia
f á b ~ i c ade grande laboração, conio 4 a dos A. A., qual 6
a proveilieneia das cannas que produziram o bagaço
sobre o qual se deve deitar a agua proporcionalmente 5,
perceqztagenz de assucar que as niesmas cannas conti-
nhani.
E isto é tanto mais iiidubit;~rel,qnando 4 certo que
na seasao da Deleg;lç%o do Mercado Central de 28 de
janeiro de 1895, como se lê na acta d'essa sessão. publi-
cada no «Diario de Noticiasn e no aDiario Popiilar» do
Funclial de 29 do mesino mez de janeiro. os A. A. e oii-
t.ros fabricantes de alcool declararam que <<entrandonas
fhbiicas milhares de kilos de cannas em cada dia, de
differentes productores, e sendo todas levadas para os
armazens parti d'nhi sereni transportadas para o logar
da laboração, dtficil, ati ~ ~ B ~ O S S B~ Yconseq-var
PI a separqão
das rannaspor fúrnza que 1220 SE confundunz».
Quando, pois, &ta ;~veriguaçãonZo & possivel pas-
sando as cannas num moinho só, muito irienos se póde
conceber a possibiliclade, na ftibrica dos il. A., onde as
carinas. sahindo inal espremidas do primeiro nioinho, en-
trani num 2." moinho, do qual sue então o bugago, que
deve receber a agua.
E ainda qnando, para tal veiificaçZo, se quizesse
xecoruer li deterrninaçião da densidade d , ~qaiapa,por meio
de uni areometro iiiergulhndo, repetidas vezes, nos Iiqui-
dos qrie saem dos dois moinhos, nâo seria psssl~~el saber a
que cannas correspondia essa deterrniriaçso médza, qiie
nem mesino poderia ser conhecida, por experiencia re-
gularmente feita, senão depois do bagaço ter passado
deante do empregado encarregado de o zrnpreynar de agua
pelo modo preceituado.
Mas, adniittindo que os A. A., querendo recorrer
a um meio de menos difficil applicaçso. para regular a
aguagern do bagaço segundo as suas ideias, estabeleces-
sem como base a densidade méclia da garapa. deterrni-
nada por observaç8es areometricas, feitas de meia em
meia Iiora ou <]e quarto em quarto de hora; admittindo
q u e este meio, ainda assirri despendioso e difficil de pôr
em execuq20 aproveitavel, numa laboração importailt8 e
longa, fôsse capaz de dar inclicaçòes ~iteispara o fim qiie
os A. A. teem em vista; nâo poderiaiu, mesmo neste caso.
a s indicações médias de muitas e diversas densidades ser-
vir de base reguladora para a agiiagem do bagaço con-
forme a pnrcentagemde assiicar contido n a canna; ainda
quando tal meio fosse efficaz e para esse fim, os A. A. não
fariam senão demonstrar, niais urna vez. que o uniço pen-
samento que teein tido em vista é, como no processo do
R. de 1885, o aproveitanzento do assucar do bagago.
E se assim não fôsse, se os A. A,, nno tivessem o
pensamento de obter liquidos do bagaço Com densidade
suficiente para fermentarem regiilarmente por si s6s, dei-
tariam, sempre, em x g r a , sobre o bagaço a quantidade de
a g u a necessaria para elle ficar todo beiii molhado, em
ordem a aproveitarem bem todo o assucar qiie este coil-
téin, em liariiioqia coiri n pr;i<:tica qiie tivesseiii estabele-
cido de dar liqiiido cio bagaqo. por, lileio cie qualquer
niatéria assuc;rrada, a rlei~sidade conveizie7zte para unia
boa e regnlar ferrnentaçáo.
Assim, segundo a reclainixção, o bagaço I! s6 hu-
nzedecido; e, no art." li." 6, é, nüo só humed~czdonias impre-
gnado de ayua bastante segundo a pereelztagenz de assucur
que u cunna conté~n. Logo & primeira vista se notam as
grandes differenças qiie dihtingueni e caracterisani a
p r i m e i ~ areivindicaçclo do R., onde estabelece os seguintes
preceitos da mais facil applicação:
Se o fabricante tem coiiver~ieilciaein fazer ferrnen- a

tar os liquidos do bagaço por sr s6s, apesar de não podêr


assim aproveitar bem todo o assucar do bagaço, pbe este
eni contacto com a. quantidade de agua apenas szcficzente
para o Izumedeecr, em ordem a produzir um liquido capaz.
por si s6, de fermentar regularmente;
Se o fabricante está em circuinstancias de a j ~ n t a r
ao liquido do bagaço unia m n t b i a assucarada, em ordem
a dar-lhe a derzszdade neccessariu para ~ i n i aboa e regu-
lar fermentação, molha o bagaço com aguli bastante
para tnr a certeza de que se estabeleceram bem, em
todo o bagaço, os phenomenos da osinose: comquan-
to possa. muitas vezes, não convir, neste caso, deitar
mais agua do que a necessaria para que esses pl~enonienos
se estabeleçam bem, 6, todavia, certo que a aguageni não
esth aqni adstricta a preceitos de difficil execuç%o; pois
que ;linda qiiando o liquido qne se obtiver seja Ue
peqaenn densidade, ha iiieio de iitilisar bem o assucar
nelle contido;'
Se o fabricante destina os liquidos do bagaço para
outras applicaç8es. taes como para diluir a garapa ou
para desfazer e diltczr o nzelajo e juvorecer a fe~n~elztação
deste (casos eni que não importa que os liquidos do ba-
gaço conteriham pouco assucar, por serem aqui mais \,a-
liosos, não tanto pelo assiicai mas pelo fermento que
contêeni), a quantidade de agua coin que se põe em con-
tacto o bagaço é então ainda maior, enipregnndo-se ines-
ino para isso a rnaceragão, oii outros processos especiaes
constantes da inemoria descriptiva da patente impugnada.
Vê-se, pois, qiie a quantidade de agua com que o
bagaço é posto eni contacto, segundo os processos da pa-
tente do R. de 1896, não é regulada pela percentagein
de assucar que a canna contém, mas pelos fins que o fa-
bricante tem e m vista.
E faz o R. aqui bem notar que, comquanto o me-
lhoraiiiento comprehendido na primeira reivindicaçao
utilise ainda o processo l~atenteadoem 1885, no caso exce-
pcional de ter alguma vez o fabricante conveniencia
obter liquidos do bagaço qiie possam fermentar por si s6s,
distingue-se tanto este mell~oramentovor caracteres ~roprtos

novo, eni vista. do que dispõe o art.' 8." da lei de 21 de


ciiaio de 1896, que claramente diz que, y a r u que u m
producto ou processo se consdere novo, não é i~ldispensnvel
que seja intezramente diverso de outros conhectdos, bastando
que d'elles se disliizga por caracteres proprios e novos que lhe
deenz uma qualidade citracterastica.))
, E I ~ tiido o que fica exl~ostojulga o R. estar bem
evidente que os A. 8.. apesar de terem j i conhecirnento
das rairindiciições quando apresentaram a petiçzo inzczal,
i ~ ã ocoinpreliendem ainda, todavia, um importante melho-
ramento de que dize111 usar ha m z s de tl-znta annos,e só co-
nheciam bem e cornprehendzain o invento do R. patenteado
em 1885, de qiie h a muitos annos teem realmente iisado,
com auctorisação do R.
Ao 7."-Disse que ha tarnbem contraclicgão no
quc os A. A. dize111 n'este art.", e o qiie asseveram na
iriaiicioriada recZcc~naçCiocontra o pedido da patente que
lml>llgnanl.
C0111 effeito, il'esta reclamacEo, os A. A. e os oiitros
reclwinwiites ùescreverain o processo de qire disse]-am ter
usado ha. niais detrints annos; processo que, como cntao
jA o R. fez sentir no seu depoiiiiento ao art.".' e leni-
bra wqiii; pretenderam os A. A. se; identicq ao invento
de qiic o 8. eizt20 pedia privilegio, e que coi~sirleravam 1
« mais sim1)les e proveitoso que se po'de conceber, 'jiilgzznùo ',
mesmo co@letnn~ente impossivel haver outro qualquer i
~ J ~ G C ~ S 111elho1.;
SO sendo, no fim de con+asl esse
1
cnino jil o 12.. deinon.st,roii, neni iriais nem inenos do qiie
o mesmo processo do R. patênii.%clo em 1885. Ora, com-
i
1
pletando o R. a traiiscripção cl'esse processo, cuja primei-
parte, j& foi textualuiente feita: accresceilta: ((Doliquido
q u e se obtem d a st-/ulzciu lias,~qenz do bapgo Irri~~~etleeidupel-
os ~3li7i~17-3~ oLii se distilla P q i i 67% ccyzca~dente, o s se ajun-
ta conz 7~6elagopnra sen-uir de fermento, clcmdo em ysi.nlpuer
dos casos hsns resziltados. »
Kinguem poderá ver nestas palavras que affii-
111:iTi qiie o liquido do bagaço, ao sahir dos cyliiidros,(<ou
se distilla- logo enz aguardente, ou se ajunta com +n,elaco
pa7-a swuii- de /'er7nrnio>>, cousa algiiiiia que possa iiidicitr
o pensamelito ge7ze~icoe de tüc~iroveilosasa,Zicugb'es,clara-
n ~ e n f eexpesso na 2.a 7-e<vi?zdicng~o da patente inipugnada,
nos seçulrites terilios: ~2.' O adclicionar uma matéria as-
szccnrndn nos liynidos mtrafiiclos ,do bagugo, 0 1 1 n de os pôr
eliz iielzsidade conveniente e de torna?. mais facil e mais re-
g u l a r ' processo
~ do fabrico, conz. ~jzenoresdespezas de produc-
$130." Sendo para notar que esse mellioramento rko con-
siste em addicionar uma matéria assncarada ao liqiiido
do bagaço eni qualqiier proporçt20, mas sim em addicio-
nar ao liquido do baga,ço uma matbria assocarada, suffi-
ciente~ueilte.rica de assucar e ein quantidade sofficiente,
na densidade niais conveniente para os fins indicados.
Ninguem poder$, portarito, ver? nas citadas pala-
vras da ieclamaçZo, o ~iese~~?;olo.iiize~ato e upplicciçtio do
pmmnmento gencrico ti'estn 2.':' reiviridicação, coiisignaclos
ria 3." 4." reivindicações,que são do tlieor segninte:-- a3."
Obter este resultc~dopor rn,CIc ~ C gnrclpu,
G que tc?77,,gerali~ente,
para ser e~npregadacom o.ani(o/en~
densidade su@?cie~zte puro.
tal$m>).-x4.W indicci~.~iarc~V ~ ~ S T ~efeito
ZO o ?7telugo,que
pvjerivel 4 yurapu por ter nzaior cle.Esiduíieo (lar melliw
producto.
hfas: as inesn~aspuInvras citadas estno dizendo que
os aferidos reclainsi.i~tesn:jo tiniiam a. nienor ideia do
oújeto da,s 2.a, S.', e 4:* reivindicações da patente i11ip~1-
gnada.
Na verdade, d ~ z c ~ eosl n A. A. qrie o liquido do baga-
ço, ao sahir doscyliildros, r<ozcse distlllii, logo em agucirilen-
te, ou se ujuztr~coln lizelaço pur-i serozr de fec'~:icntos 6 de-
clararem qiie s6 utilisavain o liquitlo do b a p ç o para dois
fins: 1."ptu-a se- logo dzstillud I para a y ~ ~ u r d e ~2~ t epara.
;
se ujrsntur com melaço pa? a se?-vai- de jennenlo. Alas ser o
liqiri<iodo bag?çi7, imi~iediarr~rrite depo~ade ssbir dos cy-
lindros, logo distill:~do eiri a g ~ i ~ r d e r i t4e una zn-ossivel
industrial; pois as noq6es inais eleinentares. viilgar~nente
conhecidas, cnsinaill que o liquido do bagaço ri20 pbde
dar aguardente lc~;o depois de saiiir cio moiiiho; sendo,
para isso,jnecessi~rioestir LIi<isem fermentaçiio. Portalito
os A. A,, asseveraiido que os liquidas do bagaço, ao s a -
liirem do moinho, se distillam logo em aguardente, nZo
podiam querer dizer seniio que, entre a sahida c10 liquido
do bagaqo dos cylliidios e a saliidn da seuardente do
9
apparelho da. distillação, iião ha nenhiiiil interniediario
que mereça ser niencionado.
Mas os A. A. no art." 'i O , quarido jd conl~ecinma s
-12-
2.", 3." e 4." reivindicações, dizein que tinhani estabele-
cido o uso de addicionar aos liqiiidos do bagaço «uma
materia assucarada para lhes dar densidade conveniente.
empr~gando,para esse Fm, meloco, garapa e outras matérias
assucaradas, como sáo os residuos cios'clarificadores; e os q i ~ e
prodem da lavayem d'estes e d'outros receptaculos c vasilhame.»
Em primeiro logwr, 6 bem de ver que a matéria
d'este articiilado,não indicadana reclamação e s6 meneio-
nada depois de terem os A. A. conhecimento das reivin-
dicaçôes, foi bebida n'esta fonte.
Mas o que o R. não p6de conciliar Q a asserçiio que
faeem os A. A. de tereni estabelecido o uso de addiciona-
rem melaqo ao liquido do bagaço para lhe darem a
densidade conveniente, e a seguinte asserção que os A.
A. e alpris oiitros fabricantes fizeram, na sess5o de 28
de janeiro de 1898, da.Delegaç.io do Mercado Central,
como mostra a acta d'essa sessão publicada no «Diario
de Noticias» e no «Diaiio Popiilaro de 29 do mesmo
m a , e da qual consta o seguinte :
<<Aconvite da Delegação compareceram os srs. fa-
bricantes de ale001 C. Hinton, Antonio da Silva Mani-
que, JoSo Hygino Ferraz e José Julio de Lemos.
.............................................
uOs fabricantes declararam que ate Iioje não tinham
podido tirar da entrada do melaço as vantagens que espe-
ravam alcançar. pois que s6 depgis do mez de junho on ju-
lho 1hes haviam permittido a làbora$ão com melaço, e que,
por estas e outras razões allegadas, entre as quaes a fis-
calisação despendiosa a que foram sujeitos, entendiam
elles não poder no anno corrente dar maiores preços mi-
nimos nem alterar as zonas jâ estabelecidas. a
Declarando, pois. os A. A. que s6 depois do niez
de junho ou julho lhes tem sido ate Iioje permittido labo-
rar COM melaço na sua fábrica, e sendo sabido que a esse
-1
tempo já estfi terminada a laboração da canna, que co-
meça em fevereiro e não vae além do mez de junho. não
é, em verdade facil de co~ilprehendercomo 6 que duran-
te ésta laboraçzo, podem os A. A. ter usado do melaço
para dar inaior densidade ao liquido do bagaço !
E, quando o R. deposer sobre art.' 8.', apresentará
outras razões em que se funda para crer que os A. A. não
empregaram melaço na sua fitbrica no tempo da labora-
ção das cannas de assucar.
Mas é notorio que, na ftibrica dos A. A,, a garapa
15 destinada para a fabricaçzo 20 assucar; e. sendo certo
que a fabncaqão do assucar dá mais proveito ao fabricante
do que a fabricaq6o da aguardente de cannas, não B admissi-
vel, em boa prictica industrial, que os A. A. desviassem
da fabricação do asuucar a quantidade de garapa neces-
saria para. durante tres ou quatro mezes, numa fitbrica.
de grande laboração como é a dos A. A., elevar a cêrca
de 5.9.um liquido obtido de bagaço bem moll~ado.
E' certo, porém, que os A. A. dizem empregar,
para o mesmo fim, os residuos dos clar2ficadores e os que
provêem d a lavagens d'estes e d'out~osreeeptaculos e vasi-
Zhawe.
Ora, o que sZo os residuos dos clarificadores ?
Nas fábricas de assucar de cannas, a garapa,ao sahir
do moinlio, vai directamente para os clar$cadores, onde
8 elevada a unia temperatura de cêrca de 75." C., e tra-
ctada então, geralniente, com agua de cal, e depois leva-
da & ebuliçiio, ficando em seguida algum tempo eni re-
pouso. D'este rnodo, a campa clareia, deixando no fundo
do clarificador. por decantação, nnl pé, ou borra, que os
bricantes esclarecidos espremem ou filtram em impren-
sas-filtros, ou outras quaesquer imprensas ou filtros, indo
os liquidos qne d'ella saem claros! eguaes ú garapa clarifi-
ada, juntar-se a ésta, para a fabricação do assucar.
O que fiei nas iniprc»s:rs 6 iiilia ~ K ~ ~ S Scor1ten6o
IL já uma.
inilito peqiieiiit quantidade de ;issuci~r, e constituida,
q~iasitotalinente, por ~1zat61-insinso!~u?ieis, entre as qnaes
ha unia grande quantidade de sues calcarios.
Se os A. A. fazein pass:ir por uma iniprensa ou
filtro estes residuos dos clarificadores; destinam coino é
ilatural, o liqiiido assini obtido :i iabricaçio do assaçar:
logo os residuos de que fallaili s%«(:usa nznzsa dr 17zatérias
irrssoltsc~is que fica nas iinprcnsas «ti nos filtros, quasi
despor~~ida. de assucar e niuito carregada, de sael; calc>~-
rios; e, port~ilto,nociva á ferrileritaç%o.
Se' não esprernein os re~iduosdos classificadores e
os inist~iram,tae's qnaes, coiri os liqilidos do b a p q o , (mh
pr&ctica iildustrial) lançam, 8 ceito, neste, caso mais algrini
assricar nesses liquidou; ixias prejudicani-os milito c0111
a graride cjuaiitidade de inak6rias i~zsolzcveis!especialuieii-
te de saes calcarios, que llies addicio'nam.
3ías estes resid.lios d o jiliic?os eoni a.yuas de lu7:a:
yevz dos nzesnzos clarificadores e tle outros rec~;i3laczclose va-
silliarne J:L IAbxica. Ora, 6 s t a ~ a g u a sde kavagem, s5.o eiii
milito peqiieiia quantidade relativa h dos liquidos do ha-.
gaço; e il%opódeni conter assueiir qix: ihes de clensiclade
sriilicieiite para augineiltni a deilsida.de dos iiiesinos liqni-
dos.
Mesmo addicionadas aos residcios dos clarificado-
res ri20 filtrados. rião poderá ler L: mistura mais de I.'%.
Mas, aiilda adinittindo que tenh:~2 . " ~ mesmo 3.' B., 8
evidente que i150 podeni os A. A,, niisturando residuos
de clarificadores e aguas de lavagem qae tcnliani a deil-
sidadd de 2." ou mesmo 3.' B. (e que, eiii grande parte,
será devida. nRo só ao assricar iiias á grande quantidade
d'outras iriatérias, nâo assucarndas, qiie eilccrrain esses li-
quido~)coni liquidos do bagaço co~ii3 . k 4.", ~ B., elevar
a mistura á densidada 5.' B., só devido á addiçiio de as-
-15-
sucar, como 4 necessnrio que seja, para o fim que se terii
eili vista. Tal pretenção é iiili evideilte absurdo.
E o que fica exposto deinonstrarit que os A. A,,
misturxntlo taes residrios e lavageiis coni agua do baga-
ço liao tivcram por fiin addicionar a este liquido uma
matéria assucar:~daqiie lhe désse riqrieza siriiicicrite dc
assiiçar para fernirntar berii (cousa c111 qne, decerto, nem
sequer pensararri); mas tiveram inlicnn~ente em vista
ap~meitai,enz aguarclsnte, o ass?~ccrrque ainda conteern
esses residuos c lavagens, como 4 costume fazer-se em
todas as fithricas de assiiear, e conio,sem diívida, os A.A.
fazem ha 111uito4 annos.
Sendo,de iimis, :~bsiirdoque os A. A,, devendo tilan-
dar lavar as vasilhas, sobretiido para evitar p c as im-
lmresas que ellns podessem conter introdiizissem, lios 1i-
quiiios cni fei.~nentaç,?o,sribs tancias capazes de prodirri-
reiii,.nesses liqutclos, as deg~~~erescenczas
acetz+u,lactlcn,epar-
tiçularinei~tehzcQ/,.zca. qiie :i;» tão pr~jnciicia~s, n13ndas-
sem, depois, lançar todas eqsws iuipirresas no liquido que
querein por nas inelhores uoi~dições liara iinia boa e re-
gular feriileiita<;ão I
De niodo que. do qiie fica expost6, vê-se quo os A. A.
dizem empregar mnt6rias assiicaradas de tres ordens, para
dar maior dei~sidadeao liquido do bagaço: 1."melaço; 2.'
gdrapa; 3.' residiios dos clarificadores e agiias de la-
vagens. Mas 8 notarel qde, em vista das prcsenies coiisi-
deraç8es.-da primeira, não podiam s~roir-se;cla segunda,
n& 1hes conzlznha se~-o?r-se;e a terceira n8o Zhts sel-uza.
E tudo isto, que denionstra q ~ os ~ A.
e A. não usa-
vain na sua fAbrioa o emprêgo de niat6ria alounia assa-
b.
carada para auginentar x densidade dos liquidos do ha-
gaço, corrobora a denionstl.ação de qrie,até & data em que
os A. A. vierani iinpiignar a patente de 1896, elles
não nsavani, para obter os liquidos assucarados do
-16-
bagaço, senâo do processo tio R. patenteado eilt 1885,
que consiste essencialmente, e111 l~unzedecero baqago e es-
premel-o no moinho, conio se vê lia nienioria descrtptiva
(cit. doe. n." 4). E' o processo de que o R. deu aos A. A., em
1887, o direito de usarem na mesma fAbrica. como o aro-
va a citada escripturit príblica (doe. n . 9 da cont.), e
q-e os mesmos A. A. seiiipre tinliam eiitpregado?sern con-
ceberem vzesmo que podesse haver ouno procrsso melhor,
como prova a mencionada reclawzaqâo,(cit, doe, n.") onde
os A. A. declaram que o processo de que teem usado,
ha muitos annos até hoje consiste em huqneclecer o bagaço
e espremel-o no minlio,e onde dizem tanzhefnqfie«é completa-
mente inzpossivel haoer gualquer pvocesso naais fan'l ou maas
proveitoso para se conseg~iiro referido resultado.» E ainda
no articulado 6." os A. A.,estabelecendo o preceito, unico
para todos os casos, de ser o bagaço hunzedecido ou mais
aguudo, confornn! a percentagem de assuciir qiie a canna csnlbm,
revelaram bem o pensaniento, que não quereriam jiL cla-
ramente manifestar, de obter sempe liquidos do bagaço
com densidade suflicinnte para poderem fermentar por si
sós e produzir aguardente coin vantagem; coino tanibem
revelaram n a cilada reclan~nção dizendo cpe o liyiiido
do bagaço que sae do moiilho é logo dzstilludo e7n aguar-
dente.
E &ta deducçEo 8tanto mais ilatnral, quanto 6. cer-
to que inuitos outros fabricantes qri0, ha. muitos annos,
utilisanl em aguardente o assucar do bagac,o, pelo proces-
so do R. patenteado em 1883, isto 6. liurriedecendo o
bawa o e passando-o ao laminador, pagando sempie ii1-
a ç
demnisação ao R. pelo seu consentimento, continuam
ainda a usar do mesmo processo, apesar de não ser tZo
vantajoso como o processo do R. patenteado em 1896.
E, accentnando alguiis pontos d'este seu depoimen-
to, faz notar o R. que a s contradicções apontadas entre
-17-
o 7." artic. dos A. A. e a reclamação que os mes
mais dois fabricantes apresentaram contra o pedido da
patente que agora impugnam, corroboram a deilionstra-
ção, já feita pelo R. rio seu depoimento ao artic. 6.", de
que, qiiando essa reclamaçáo foi apresentada, os A. A. e
os outros reclamantes não conheciaut o Boletim da Pm- '
priedade Industrial, onde s6 fora111 pnblicadas as reivin-
dicaçnes, ou no\idades de que o R. pedia patente; conhe-
cendo, portarito, sò o titiilo da mesma patente publicada
no Diario do Governo. E deduz-se, rigorosamente, d'esta
circinnstancia, que os reclamantes nZLo sabiani então
qtiaes eram os melhoramentos contra os quaes reclama-
vam; que reclamavam cega~~ente contra o que não conhe-
ciam.
E as mesmas contradicções denlopstram taiizberii
que os A. A., quando conhrceram essas reivindicações,
estando já a patente concedida, não tiveram dúvida em
impugnal-a, tomando por base o pretexto unico em que,
neate caso, a lei lhes permittia de fundamentar a sua pre-
tenção - sercnz os processos patenteadosjá notonamente prcL-
ctieados e conhecidos do público.
Tinliam os A. A.-portanto, necessidade de demons-
trar que elles e outros fabricantes practicavam, e eram
publicamente conliecidos, os mesmos processos de que o
E. tinlia obtido patente. Mas os factos que o R. tem jB
posto em rel2vo a proposito do 6." 7." artic. dos A. A.,
deixam,subejamente provado que é infnndada essa preten-
çâo dos A. A. E entende o R. que bastaria a simples com-
paração da I.", Z.", 3." e 4." reivindicações da patente im-
pugnada com o 6 . O e 7." artic. dos A.-A. sôbre os quaes,
at6 agora, o R. tem deposto, para demonstrar a inteira
vaidade e improcedefzc~ada caiisa que os A. A. tiveram a
coragem de intentar.
Ao 8."-Os A. A.,asseverando neste articulado que
ha annos empregam liquido do bagaço para diluir a ga-
rapa que desejam par em ferinentação (cousa em que não
,
fallaraai na citada reclainação, qt~andon8o conheciam as 1
reivindicações da patente que impugnam), mostram bem I
que Bsta ideia lhes foi suggerida pela 5.a reivindicaçzo ,
do R., que os A. A. então já conheciam e transcrevem no
seu segundo articiilado, a qual é do theor ~eguinte:-n5.~
o ernprepr para diluir a yarapa que se quer pôr e m fer-
nzi~ntação,liquido do bagaço. quando isto mais convenha.
por ter esse liquido pequena densidade. ou porque se não
possa dispor cie matéria assucarada conveniente ou por
outios motivoso. E os mesmos A. A. confessam que n%o
empregam para este fim o liqiiido do bagaço; porquanto
o se dts-
dizem, na mesma reclamação, que este l i q ~ ~ i daou
tilla logo ein aguardente ou se ajunta 'com inelaço para
servir de fer?i~e7zto»:sendo, pois, evidente que os A. A. não
pretendiam entzo dar ao liquido do bagaço mais que és-
tas duas applicaçbcs, nas qnaes não est& compreliendida
:t de dilui? a garapa c0111 o liquido do bagaço.
Accresceiita o R. que, lhe parece conveniente lern-
brar que, no seu depoimento ao 6." art.O, teve occasião
de citar text~ialmentea primviaa parte da descripçzo do
fainoso processo de que os A. A. disseram, na reclamação
(1896), ter usado até hoje, de ha muitos annos; assim
como lhe parece conveniente lembrar que as palavras
testuaes que completam a descripçâo do mesmo processo,
já citadas pelo R. quando falloii do 7.hrticulaclo dos
A. A., são as seguintes:-«Do liquido que se obtem da
s e g ~ ~ n passagem
da do bagaço hu,medecido pelos cylindros
ou se distilla logo eiri aguardente ou se ajunta conz melaço
para servir de fermento, dando ern qualquer dos casos
bons resultados.»
E leínbra o R. ainda ter demonstrado que a pri-
meira parte do processo indicado pelos A. A. não era se-
-
-19-
não o mesmo processo do R. patenteado eni 1885; sendo
para notar que até a agua fria e a agua quente de que
fallam foi tomada na mesma fonte, como se vê da citada
inemoria descriptiva (doc. u." da ncontest.) Disse mais o
R. que, quanto & segunda parte agora reproduzida da
mencionada descripção, A ella e até as principaes pala-
vras de que foi acoi?ipanliada,'o evidente resultado da
simples leiturw do titulo da patente iliipugnada,cujo theor
o R. pede licença para reprodiizir, e 6 o seguinte:-O
modo mazs facil e mais proveitoso de utilisar para aguar-
dente ou pura a fermentação de melaço liquidos contendo ccs-
sucar e fermento apropriadamente obtidos do baga90 da can-
na de asszccar. De inodo que, assim como o titulo da pa-
tente diz:-« O modo mazs facil e mais proveitoso»; a recla-
mação diz:-aE' comnpletamente imnposswel liaver qzcalqtier
processo mais faeil ou mais proveitoso.» O titulo da patente
diz que o liq~iidodo bagaço é utilisado para aoaardeiite
ou para a fermentação de melaço; a reclainaçao diz:=
.
que o liquido «OLI se distilla logo em aguardente ou se
ajunta com melaço para sarvir de ferinento~~.
Parece, & prin~eiravista, que ha perfeita egualda-
de entre o que diz o titulo da patente e o que diz a recla-
mação; mas quem olha attentamente reconhece que ha,
entre estes dois documentos, con~pletadisparidade. O ti-
t ~ ~ da
i o patente mostra, com toda a evidencia, que o ob-
jecto especial d'ella A o modo mais facil e mais proveitoso
de utilisar os liquidos do bagaço para agaardente OLI pa-
ra a fermenta@o do melaço; obtendo o R. este fim por
meio de novos inventos indicados nas reivindicações e
exec~itadospor processos constantes de uma memoria
descriptiva reservada.
A reclamação indicou sómente que tambein tem
por fim utilisar o liquido do bagaço para aguardente ou
para a fermentação do melaço, sem indicação alg~inia,
-

nem dos iiielhoramentos nem dos processos de execução,


que faziam o objecto especial da patente contra a qual os
A. A. reclaniarai~~ e os quaes nzo .conheciam. O objecto
especial da patente são os meios; a reclamação não vê se-
nRo osjjins. O contraste é bem frizante; e é inais uma rir-
cui~istanciaque demonstra que os A. A. fizeram obra só
pelo titulo da patente, assim como deinonstra tambem
que os A. h.,não tendo conhecimento das reivindicações
que faziam o objecto do pedido da patente, reclamaram,
sem saberem quaes os iiiventos contra que reclamavam.
E' certo, porém, que os A. A. pretenden~no artic. 8.", que
ernpregaii, h a annos, para diluir a garapa que desejam
por ein fermeiitação, o liquido extrahido do bagaço. Ora
não 6 verosiiiiil este desejo dos A. A., quando é certo que
elles teem mais vantagens em fabricar assucar do que
aguardente de cannas; e, como é ilotorio, é á fabricação
do assucar que elles destinam em regra a garapn; de mo-
do que deve naturalmente admittir-se que os A. A só
farão aguardente da garapa quando, par qualquer moti-
vo de força maior, não podérem fazer d'ella assucar.
Nas os A. A. nestas circumstancias, isto é, quan-
do seja destinada para aguardente toda a garapa da
canna moida, não poderão nunca, pelo processo unico
que estabeleceram na agnagem do bagaço confornie a
percentagem de assucar que a' canna contém, (art. 6.")
obter liquidos do bagaço proprios p ~ r adiluir a garapa,
conio são os que o R. emprega para tal fim, e como in-
dicam a 5." e 6." reiviridicações.
O que é nielhor e mais facilmente exequive1,em tal
caso, não é diluir a garapa com liquido do bagaço, mas
augmentar a densidade do liquido do bagaço com a ad-
dição da garapa. O que quer dizer que melhor 6 empre-
gar,neste caso, não o processo da 5." reivindioação do R.,
mas o da 3.a.
' O que parece, pois, ao R. dever concluir-se do que
fica exposto 6 que os A. A. não empregavam, como as-
severam, liquido do bagaço para diluir a garapa que de-
sejam pôr em fermentaç%o. Os A. A., dizelido, com os
outros dois reclamantes, qiie o liquido do bagaço «se
ajunta com melaqo pura servir de fe7-mente», fazem a unica
referencia que a leitura do titulo da patente impugnada
lhes permittia fazer a matéria que tivesse alguma rela-
çzo com o objecto das reivindicaçaes da mesma patente.
Ainda assim, nas poucas palavras que dizem a tal res-
peito, s6 demonstram poucos conhecimentos ocientificos
e nenhiiils conhecimentos practicos da mesma iliatkria.
Na verdade, quem, 6 temperatura ardinaria, (seguindo
rigorosamente o que esta, enunciado nas citadas palavras
dos A. A,) ajuntar o liquido do bagaço que nao tem den-
sidade s~ifficientepara fermentar por si s6, com melaço
que telu cêrca de 40" B., ha de verificar que, depois de
uma certa agit~ção,nos dois liqriidos se formarno duas
camadas, uma superior, principalmente eonstituida pelo
liquido do bagaço, e outra inferior, principalmente cons-
tituida sò pelo melaço, como todos sabem que acontece
quancio se mistura azeite coni agiia.
E' certo que, por uma prolongada agitação d'aquel-
les dois liquidos, no nosso clima onde a temperaturanao é
nunca muito baixa, poder& conseguir-se, cotn grande per-
da de tempo e de trabalho, que esses dois liquidos se
unam, mais o ~ nienos
i completamente; mas, ainda assim,
como é que d'aqiii se havia de chegar a pôr o nielaço em
fermentação com a densidade de cêrca de 6" B. e n a tem-
peratura de 25" C. ? Ern práctica regular os fabricantes
desfazem o nielaço, com agua ou liquidos pouco densos,
á temperatura de 60 a 70" centigrados, para depois o di-
lnirein com outros liquidos, em ordem a ficar o todo fi-
~ial~iiente,como fica dito, na densidade de cêrca de 6 9 .
e na temperatiira de 2.5"C. E o R.. na citada memoria
descriptiva (cloc. n." da cont ), descreve o processo com
a necessaria claresa para podêr ser exec~~tado. Mas os
A. A. nada dizem a tal respeito.
Disse mais o R. que no 8." artic.', os A. A. quail-
do já tinham conbeciinenlo do 6." reivindicaç20 da paten-
te do R. agora impugnada, di7,em: «ainda com este liqul-
do, proveniente da primeira e segunda passagem do ba-
gaço pelo moinho ou lamiiiador, desfazem e diluem o me-
laço pondo-o em fermentação.)~Ora V&-seclaramente que
o que os A. A. a~c~escentanl ao que disseram na reclama-
ção, sôbre o mesmo objecto, foi colhido na 6." reivindi-
cação da citada patente do R., que diz assim :-O pôr
e m fementação o rnelaço, desjbzendo-o e diluindo-o conz
liquidos do bagaço pelos processos indicados, o u obtidos por
meio de ~naceração,segzcida ou não, de pressão no lamzna-
dor ou nzoinl~o,ou ccindu 0 ~ 1 % liguidos obtidos clo mesmo
bagaço e m segundo traballio pov qualquer dos nzencionados
processos, sendo estes ultimos liquidos, challzados liqiiidos
segunilus, para disttncção dos que foram eztrahidos do baga-
ço e?n primeira operação, que serão chamados, liquidos )ri-
nieiros. Empreganz-se assim, para a fermentagão do melago,
não sh os liquidos eztrahidos do baga90 pelos p r o c ~ s o sjá
piitenteados, mas tambem liquidos obtidos do bagaço p o ~ou-
tros processos, proprios para o mesmo Jinz, pelo fer.iilento
que egual~nenteconteênz, além do assucar, l~quidosque pode-
rão ser, além d'isso, empregados para clilzcir a garupa.»
Tiido isto parece demonstrar que 6s A. A. não uti-
lisavam o liquido do bagaço na feriuentaç%o do melaço,
tanto mais evidentemente, quanto é certo que, como o R.
recorda aqui, os A. A. declararam na mencionada sessão,
de 28 de janeiro de 1898, da Delegação do Mercado
Central, cuja acta foi publicada no «Diario de Noticiaso
e no <Diario popular^) de 29 do mesmo mez de janeiro,
que até agora lhes não tem sido permittido laborar coin
melaço arites do inez de junho, isto'é, no tempo da labo-
ração du canna de assncar.
Nem se diga que o melayo que os A. A,, fazeni fer-
inentar coin liqiiido do bagaço, não 6 melaço estrangei-
ro, mas sim inelaço que provém da IaboraçXo de assucar
de cannau da mesma fAbrica dos A. A.; por quanto, sen-
do certo que este melaço é o residuo dos terceiros e
qiiartos cosimentos de assucar, para os quaes é preciso
estar o xarope muito tempo a crystalisar depois de obti-
do o assucar do primeiro e segundo cosinientos, é evi-
dente que o mesmo nielaço não póde ser utilisado para
tal fim, senão inuito depois de terminada a
da canna.
E o que confirina a ideia ein que está o
é pelos iiiezes de setembro ou ontubro qne os A. A. de-
viam f ~ z e aguardente
r de iiielaço, ria sua fábrica, B o ter
o R. ouvido dizer, em varios ailnos, por essa epocha, que
os A. x.compravaili peros, não para fazerem vinho de
pe~os,mas para fazerem aguardente juntamente co~izo me-
lago du sua fábrica.
Não é tambein crive1 qiie deixassem os A. A. de fa-
bricar aguardente do melaço da sua fábrica no tempo
em que ésta se acha em descanqo da fubricação do assuear,
e tendo geralmente carencia de aguardardente, 1,ara o
guardarem para o anno seguinte,para o tempo Cesta fa-
b r i c a @ ~ epocha
. do niaior trabalho do estabelecimento.
Aléni d'isso, é certo que, tendo a lei de 30 de de-
zeinbro de 1895 permitido a importayão na Madeira,
com dimiiitiição de direitos, do melaço apenas necessario
para a fabricação d'alcool para tempêro de vinhos, e não
estando íixada a quantidade de melaço que cada fabii-
cante podia iinportar para tal fim, nXo tem sido perniitti-
do,at8 agora,laborar com melaço no tempo da laboração
da canna, coriio,«s inesrnos A. A: declararam perante a
commissão do DIercaclo Central: o que A, de certo, para
evitar a fraude que poderia dar-se. E não tem sido mes-
mo, até agora, permittido, ein vista do que dispRe o regu-
lamento de 20 de setembro de 1888, laborar, enl tal epo-
cha, mesmo com melaço que estivesse jit nacionulisado,
tendo pago todos os direitos e impostos de consuino que
as leis impoêem ao melaço despachad
e, portanto nas mesinas circ~imstancias
effeitos, que o'melaço nacional.
E', demais, sabido que os fa
vam, desde longa data, muito elevados os importos lan-
çados sôbre o melaço importado n'esta Ilha,para podêrem
usar d'elle com vantagem coino matéria prima para a
fabricaçãc de ag~iardente.
Todavia é certa que, em 1888, tendo as fábricas
deixado de laborar com cannas de assucar, por terein
morrido as plantações; e não sendo então menores os
impostos da importação do nielaço do que eram eili 1881,
quando a firma hoje representada por \Viliiam Hinton &
Sons declarára á corilmissão de Inqiierito Industrial que
não podia usar de melaço estrangeiro como matéria pri-
ma para a fabricação de agilardente, por serem muito
elevados os inipostos de iinportaçno a que elle estava su-
jeito; terido mesmo esses impostos augmentado de então
para cB; é, t d a v i a , certo que diversos industriaes im-
portarani, desde essa epocha, tzo grandes porçbes de ine-
laço, e muitas vezes cnm tão subida proporçRo de assu-
car, qne o Governo teve apprehensões de que, em vez de
melaço só, se estivesse importando xarope concentrado, ou
melaqo misturado com assuear crystalisado, e tomo^^ pro-
videncias neste sentido.
Entre os industriaes que,de 1888 para cá, importa-
ram melaço, apparece, em pimeira plana, a citada firma
Williarn Hintori & Sons, que, segunJo uma nota fornecida
pela secção de estatistica da Alfaiidega do Funolial, im-
portou, em 1888,-349:604 kilog.; em 1889,-108.339
i l o g . ; em 1890.--86.796 k'ilo~.;ein 1891,-494.517
kilog.; em 1892,-231.744 kilog.; em 1893 -O;em 1894,
(novembro)-1.026 Irilog.; em 1895, --O; e em 1896,-
quando houve dir::inuiqão de impostos para o uielaço im-
portado para alcool para tenipêro de viulios, 268.842 ki-
log.; todo livres, neste anilo, de imposto municipal.
Ora é para notar que em 1892, anno oui que, se-
gundo consta ao R., a firma Williani Hinton & Sons, la-
borou pela primeira vez com cannas de wsiicar das no-
vas plantaçôes, tendo nesse aimo, comprado uma peque-
na porção de carinas, para ensaios, de que s6 Eez aguar-
dente; e não tendo, decerto, podido fazer nesta curta la-
boração as observações que a replicit diz ter ella feito,
depois de alguns tempos de experie~~ci<z;-aíirnia cortiprou.
neste anno, 231.744 kilog. de iilelaço, que não foram, de
certo misturados com agua de bagaqo.
No anno de 1893, em que talvei, a f;ibrica dos A.
A. fizesse maior laboraçilo com cannas de assiicar, não
irnl'orto~inielaço nenh~iinestiimgeiro; e. não tendo feito
assucar, no anno de 1892. n2o podia ter melaço da sua
fábrica reservado d'esse anno para iuisturar coni liquido
do bagaço das cannas nioidus ein 1893.
E tambenl. em 1894, tendo a rriesma fábrica feito
egualniente assucar e tendo egualmente precisão de mui-
to melaço pura enriquecer convenientemente o liquido do
bagaço;-só importou 1.026 kilog., e isso no niez de no-
vembro. fbra do tempo da Iaboraçio de canna !
E ainda em 1895, nas qesnias condiqôes de fabri-
caç$o que no arino anterior, não irnportou melaço algrim !
E, d'ahi para c&, todo o n~elaçoque importou, com
diminuição de direitos e livre de inipos$o municipal, e $6
-26-
destinado h fabricação de alcool para t
não podia ter sido laborado ao mesmo tempo que a labo-
i
raçâo da. canna.
Não 4 possivel conciliar estes dados com a preteil-
ção da firma William Hintori & Sons.
Ao 9.-0 qne o R. tem jk dito relativamente h
i~iatériados art." 6.'. 7." e 8.",deixa claramente demons-
trado. em vista das proprias aliegaçôes dos A. A., qne os
melhoramentos de que pediu. e llir foi coiicedido privi-
legio em 1896, publicados no Boletini da ,Propriedade
Indristrial de 28 de abril do mesmo anno,náo orara entao
codzecidos do público n e m usados nas fábricas.
E é, ainda facil de demonstrar txiitbem que os li-
yiiidos que os A. A. dizem obter na sua fAbrica na pri-
inetra ou ~e,qundapassagem do bagaço pelo moinho, pelo
processo d s aguageni do bagaço estabelecida no art." 6.".
da petigão inicial (e qlie se niistoram sempre porque os
A. A. não lazeni nunca distinção entre elles) embora pos-
sani ser em parte sim~lhantes aos Ziquidos pkmezros ou
liguidos segundos do R., nem mesmo são tinia controfuç&~~
fcliz; porqrianto é certo que os liquidos primeiros e s e p n -
dos do R. se distinauern
?
beni dos indicados na recla?nagao
epetigão inicial msvm mencionadas, por qur~froordens de
ca~aeterespropkos e novos. que a macbina photographica
dos A. A. nâ<>pode apanhar bem nas citadas reivindicações:
-1 ."pensamento;-2.' modo de execugüo do processo;-3."
resultados;-4.' applicugões.
Com effeito:-1." sendo certo que os A. A.,no seu 6.'
art.', dizem qrie «ha inais de cinco annos costumam apro-
veitar, na sua fhbrica os liqilidos extrahidos do baga-
gaço da canna de assncar. impregnundo-o não s6 coiu
agua bastante para o huinedecer, nzas tambem para Jicar bem
r percenlageiii de iissuCaí' que r cannii
saturado, isto co~ifor~iie
eoat&m;n e não indicando os A. A, nenhum ptro'preceito
-27-
para regular a agnagem do bagaço na p~ilizezrao segtc~zda
pas+zgem d'este pelo Ian~inador,como j8. o R. fez notar, é
evidente que o pensamrnto wtico qoe tinham os A. H. era
o do aproveitamrnto do ussucnr do bagaço, como fbrn tibrri-
bem o pensatilento unico do processo do R. patenteado
ern 1885: sendo os liquidos do b a g ~ ç o ,pelo p~ocessoiil-
dicado pelos A. A., sempre obtidos do mesmo modo para to-
dos os efeitos. Emqui~iltoque os liquidos primeiros empre-
gados no processo do R., embora, princzpalmente, sc~bordz-
nudos tnrnbem ao pensamento do aproveitanzento do assucar
do bagaço, fini ~inicodo processo de 1885. 720, todavia,
obtidos por metos tov vos e vurzavets segiindo as eircum-
stancias, com a vantagem de serim applolicaveis ao bugaço de
todas as cannas, qualquer que seja a sua rzqueza sacchccriau,
em ordem a obter, pelo nieio mais lacil, o mais complelo e
Tnais pToueztoso aproveitamento, em aguardenle, du assiicar
do bagaço. E os liquidns segundos reve!arri cla~amente,niio
já, princ~pulmente,o aproveztamrnto do assacar do bagaço,
iiias a ut~lisaçãodo krnienlu $este.--2." O processo em-
pregado pelos A. A. é sempre o mesm». Tanto antes dx
prilizezra passagem. conio antes da, segunda passayeri~ pelos
cylindi.os, o bagaço é s6 hunzedecido (reei.), ou hzcn~edeczdo
e empregnado com mazs ozi menos agua conforme a percen-
tagem de ussucar que a canlza cot~téin(arte 6.7 : isto é. com
mais agzia se a canna contém mafs assucxr, com ??%nos
a , p a se a canna conténi meizos assucar. Emq~ianto clne,
nos liqz~idospnmezros empregados no processo do li., a
quantidade de i ~ g ~ai adeitar sôbre o bagaço varia, como
o R. j& teve occasiEo de dizer e agora faz de novo notar
aqui. segundo os3n.s a que os mesmos Iiqnidos se desti-
nam.-Assim. se convem ao fabricante pôr em fermenta-
ção os liquidos do bagaço por si ~6s;-emprega-se nzelzos
qwcntidade de ccgua se a canna é rica, e m contrario do que
fazem os A. A. Se os liquidas do bagaço s5o destinados a
-28-
serem enriquecidos por outra materia assucarudu,-einpre-
ga-se mais ugua, isto 6, a agaa necesaka para se ter a cer-
teza de que não ficou assucar perdido no bagaço por se
não pod6reili estabelecer bein, por falta d'agua, os plle-
nomenos da osmose. erri ordem a aproveitar a maior
quantidade de assucar. Se os liquidas do bagaço szo des-
tinados a outras ~1pplica~ões, pai a as qiines sejam proprios
liquidos pobres de ussucar, e mazs valiosos p o r o7ttl-as quali-
dades, einprega-se ainda maio?- pantidade de agua. Pùe-
se inesiilo o baea
? C
o em ~noceraqCona agua, espremendo-
o depois rio n~oiiiho, quando. conio para a fermentaçzo
do nze?ago, forem necessarios liqiiidos que, embora po-
bres de ascucar, sejam rzcoi de fermento. Isto diz o R. bem
claramente. 11% iiieinoria descriptiva d , ~patente iriipugria-
da, 110s seguiiites terinos: ((Purece mernzo que este procmso
de n2aceraqU0, upplicado a bagago ainda não tractado pela
agua, ofe~ec~rh,2Jal.a a kr~nentsyãode ritel:r~o,mais vacta-
gens de que os primeiros procesms.» E os liqutdos segun-
dos, que s2o destiinados especialineritc 6 fer~nenta@o do
~nelaqo,e por isso, 6 convei~ienteque sejamp?bres de ias-
suear e ricos de fermento, sZo obtirlos deitando, sdbre o
bagaço já trackado pela agua e espremido pelos cyliridros.
agua bastante para tal fiiii, o11 traetarido o mesmo bagaço
pelo piocesso de nznee~-agEo;processo este que 01%. indaea
pelo seguinte iriodo na sua mencioiiada melliorla des-
criptivx:-cora especialnwnte paro diliiir o melaço, i~a*nto
convem empregar, em logar de agua, um liqtczdo que conte-
nha fermento. Julgo, poi., gur, emn, tues casos. have~auan-
iagc~nem por eili nisctrafln. por uma ou duas horas, em re-
cipiente~aproprz(;1do1bagaço já frae~adopelos p1~7mei7-ospro-
cessos, passando-o depois ao lamznad-r ou ~noiuho', serido
certo que, por este ineio, se obterá uiria graiide yuanti-
dade de liqiiido aincla rzco em fer~nento. e que ainda con-
teró alqunz assncari>.--3." Os liquidos que os A. A. tiram
d o bagaço lia primeira e segunda passagem d'est.: pelos
cylindros, e que se misturcinz, de~7erãoter, segundo o processo
indicado, isto 6, sendo o bagaço aguado conforme a pereen-
tagem de assucar riue u ca~zl~u colztenz, a derisidade de cerca
de 3." a 4.' B. eiri q u r ~ n t oqne os liquidos obtidos pelos
novos processos do R., pelo niodo tiio vuriavel por que
siio obtidos, apresentarão, certamente, niuito dzferelzte ri-
queza de assucar e de fermento, segundo é maior o11 menor
a quaritidade d'agua necessaria em harmonia com os fins
a que se destiria1n.-4.hinda segundo a petrgão inzcial os
liquidos extrahidos pelos A. A. na prinzeira e seyz~ndapas-
sagem do bagzaço pelo moinho, e, de certo, misturados,
coino fim denionstrado, em vista dos preceitos estabaleei-
dos pelos A. A., s%ounicamente destinados a serem postos
em ferrnentaçiio por si sós para a fabricaçZo de aguardeil-
te, como mesmo o die claramente a mencionada reclama-
ção rios seguintes termos, que o R. pede licença para,
mais rima vez, repetir:-<<O liquido que se obtem da
passagem do bagaço humedecido pelos cylinciros on se dis-
tilla logo eni aguardente ou se ajunta cotn melago pccru servir
de fer71zefzto. a
Ora, qiiando i. certo que os A. A. cleclarain que,
niio teeiii traballiacio com melaço dzcra~itelotempo da lobo-
rn$o du, culznu. e isto está mesmo já denronstrado por
iuuitas outras considerações; e, não sendo verusinlil que
os A. A. cl'esseni aos liqiiidos do bagaço applicaqo"e,g de
que nüo jullara17z ma sva reclamagi2o, e sú mencionaram
depois de terem conl~ecin~entodas reivinclicagões da patente
imnpugnac1a;--deve deduzir-se que a m i c a applicaçgo que
faziam do liquido do bagaço, era o aproveitamentedoassu-
cur d'este segundo o processo do R. patenteado eiii 1885.
-Logo 6 inteiramente distituida de fundamento a asser-
çiio que fazem os A. A., nu petrgâo inicial, de que davam
aos liquidos que extraliiam do bagaço antes de 1896, ap-
plicaçties essrncinl.inente eguars ás indicadas pelo R. na
patente que impugnam; pois que nestas os mesmos li-
quido~do bagaço são extrahidos por processos novos e
oariaveis, diferentes do que indicam a reclrtmação e apeti-
ção inicial, em harmonia com os$ns que tem e m vista o fa-
bricante, com grandes vantagens para a industria e a agricul-
tura, como mostram as reivindicações, e, como demon-
stra a citada memoria descriptiva depositada no ininíste-
rio das obras ptiblicas.
Em todo o caso é certo que tudo o que os A. A.
affirmam na sua petição inicial, em contrario do que afir-
maram na meizcionada reclamação, haverem praticado na sua
fábrica annos antes de 1896, e que intendem ser sirni-
lhantes aos melhoramentos da patente do R. qne inipu-
gnam, está todavia comprehendido nos processos iridica-
dos nas reivindicações da mesma patente, por menos
completo e regular que seja o modo de execuçso indica-
do pelos A. A.: por isso é tambem certo qiie os A. A.,
depois de 28 de outubro da 1896, isto é, depois de con-
cedida ao R. a dita patente, não poderão ter feito nem
poderão continuar a fazer na sua. fábrica cousa similhante
nem parecida sein incorrerem nas penas que a lei impõe
aos contrafactores.
TERCEIRA PARTE

Reielaes do Coude de Canna~iaisobre o que disse a firma \\ilI~amHinton d Sons,


tendo sido clianiada a de@
I
O que dtaiae a arma William Xiineoin rPr Slpns,

A firma Williâm Hinton & Sons 6 constituida por William


Hinton, e seus dois filhos, Charles Hinton e H e n r y Hinton.
T e n d o o Conde d e Cannavial dispensado T+'iIliam Hinton de
depôr, e m attenção á s u a adiantada edade e a o estado da s u a
saude, depozeram os dois outros representantes d a mesma firma,
Charles Hinton e H e n r y Hinton, pelo modo seguinte :

CRARLES HiNTON

Aos dezoito de mar90 de mil oito centos noventa e oito, n'esta cidade e
comarea de Funchal, no tiibunal judicial, onde se achava o Dr Joaquim Si-
mües Cantante, juiz de direito e presidente do tribunal cornmeroiirl, comigo
escrivão interino, foi tomado o depoimento ao auctor, com as soleuinidades
declaradas na acta"
Eu Vieente Juliao Goncalvea, esciiv.50 inteiino que o escrevi
Chailes Hrnton, casado, negociante, socio da fiima auctoia Willinm Hin-
ton & Sons, natural da frcguelia de S m t n L u ~ i amo:.ador
, 4 levada de Santa
Lusia, dita freguezia de Santa Luzia, do quarenta e oinco annos de edade,
prestou juramento aos Santas Evsngelbos, que elle juiz Ibe deferiu, promet-
teu dizer a veidade, dos costumeb disse nada E, perguntado sobieo artigo
teroerro da eontestapEo, que lhe foi lida, disse Que lhe consta,por oui7ir di-
zer, que o reu Conde de Cannavial obteve p&ente de invenpdo por quinze
anuoa em mil oitocentos oitenta e cinco, sendo ceito que não pode aErmar
o numero exacto de anuos por que foi concedida a inesuia patente. Disse mais
que tambem ouviu dizer que o fim da patente era para o aproveitamento de
algum assucar que por ventura ainda existisse no bagaço. Disse tambem
que em mil oito centos noventa e um, ae bem se recorda, ou antes de mil
oito centos noventa e um para 04, não havendo csnna suffieiente para fazer
assuear, comprou uma porção, a qual foi moida nos engenhos do costume, e o
bagaço, perfeitamente enoharcado com agna quente ou fria, foi outra vez
moido uma ou duas vezes, isto 6, espremido no engenho, e o produeto rnis-
turado com a garapa e com rnelapo, evitando assim usar tanta agua pnra
desfazer a garapa ou melaço, para pôl-o em grau conveniente parafermen-
tação; porém, depois de haver eanna suficiente para assucar a eanua é
moida ou espremida no cylindro, torna-se a moer o bagaço em outro engenho
ou no mesmo engenho, sendo o producto d'este usado para fabricação doas-
Yucar. O bagaço depois de espremido para assucai encontra ao sahir do
enge?lio um cano perfurado, o qual deita sempre uma porção de agua quente
o u fria, de maneira que fica o bagaço bem molhado, depois d'isso a bagaço
vae As costas de homens ou meohanicamente a um estrado, sonde é outra
vez aguada por meio d'um chuveiro de agua quente ou fria depois de algu-
mas horas de tempo, conforme for conveniente, esse bagaço 6 moido ou es-
premido por eylindro, ao sahir d'cste torna outra vez a encontrar um cano
perfurado com agua quente ou fria, sendo espremido outra vez pelos mes-
mos ou outros eylindros. O producto d'esta operapão dá um liquido de um
até dois e meio graus Beaumé, o qual vae para um tanque onde se deita
melaço ou garapa ou espuma da garapa e calda da fabricação do assuear,
lavagem da casa do assuear, agua dôee dos filtros e do6 sacoos onde a ga-
rapa 6 coada, ou de doce das borras das elarifieadores e tudo quanto tem
algum doce que pode ser aproveitado, tudo Isto com o fim de augmentar a
densidade para obter uma boa femcntação para extrahir alcool. Disse mais
ue em mil oito eentos noventa e um ou mil oito centos noventa e dois, a
i r m a a que elle dopocnta pertence, g astou cêroa de quatro centos ponehes
de melaço, o qual foídeafeito camgarapa e agua do bagaço para fazer alcool.
Disse mais que no anno de mil oito centos noventa e quatro a mesma firma
reservou cerca de cem ponehes de melspo do seu fabrico d'esse xnno para
em mil oito centos e noventa c cinoo ser empregada da mesma fdrma que
acaba de expôr. Ao artigo quarta disse: Que entre a firma authora e o reu
houve ha annos rima qucstffo que acabou por transacções, não podendo rc-
cordar-se preoisamente o anuo em que teve lagar essa transacção, e esta
questão teve origem na patente de mil oito centos oitenta e cinco,faota este
de que tambem elle depoente não póde precisar; que a transaoção a. que se
vem referindo foi feita por meio d'urna escriptura e em eonsequencia do que
n'olla foi estipulado a mesma firma deu ao reu uma quantia ajustada, dando
asuiin por terminada a referida questão. Disse mais que a firma a que elle
depoente pertcnoe, deu ao reu a quantia ajustada, no intento de terminar o
processo e para socego da mesma firma, mas não porque reeonheocsse o di-
reito do mcsmo reu, sendo certo que n a mesma escriprura ficon a firma au-
thorisada a usar do processo de mil oito centos oitenta e cinco e outros
processos, nZo podendo cointudo elle depoente precisar com exactidão eporhas
nem datas com reiorencia á eseriptura e patente. Disse finalmeute que,
aohanùo-se deolarado eni cima que a questão judicial a que se tem referido
tivera origem na patente eouferida ao reu em mil oito centos oitenta a eineo
e declarando-se mais, logo em seguida, que elle depoente naopodia precisar
este facto, julga necessario esclareoer qur o que elle depoente não podo
precisar é simplesmente a data da patente alludida, par isso que tem perilito
conhecimento da que a questão te17e origem n'urna patente antexior á actuai
e não duvida que seja a de mil oito centos oitenta e cinco, mas que em todo
o caso reportou em tudo ao contheudo da escriptura. Ao quinto disse : Que
já antes de mil oito centos oitenta e einoo a firma de que elle depoente faz
parte aproreital'a algum assuear do bagaço. e foi por essa occasião que a
referida firma teve uin pleito com o E U , pleito que acabori por uma traos-
acção a que elle já acima se referiu, mas c certo quo desde ha muito tempo
já se servia d'aquellc processo, isto é, aproveitando o asaucar do bagaço
pelo processo que julgara conveniente para esse eíieito. Disse mais que tam-
bem lhe parece pagar algumas fabricas indemnisapão ao seu ou quantias
ajustadas, com o fim de os seus proprietarios ou gerentes alean assem o seu
socego. Ao sexto disse: nada. Ao decimo oitavo disso: Que &i seu irmão
EIenry Hinton que faz parte da mesma firma, quem tratou do assumpto a que
se refere o presente artigo, e B portanto elle quem podera responder satis-
fatoriameute á materia do mesmo artino segundo elle depoente suppiie. Ao
deoimo nono disse : Que pela mesma razão não póde responder mais do que
já disse ao artigo anterior. E mais não disse aos outros por não lhe ser pcr-
guntado. E mais não disse, e lido o seu depoimento o ratificou e vae assignar
com elle juiz e comigo Yicente Juliãa Gonsalves, cscrivão interino, que o
esoreri.
(a) Joaqvtm Sirnòes Cm~tarite.
(a) Charles Elnton
(a) Vzcente JuliUo Gonsnlvee.

HENRY HINTON
d o s desoito de março de mil oitocentos noventa e oito n'esta cidade e
comaroa do Funohal, no tribunal judicial, ande se achava o Dr. Joaquini Si-
m õ e ~Cantante, juiz de direito e presidente do tribunal commercial comigo
eser'r.ão interino, foi tomado o depoiinent,~ao authar com as soleinnidades
declaradas na acta. E u Vicente Juli3.0 Ronsalves o esercvi.
~ ~ H e n rWinton:
y solteiro, de qiiarcnta e um annos de edade, negociante,
socio da fixma coniinp.rcia1 Williarn Wintan Sons, morador á quinta do'ril,
fregueria de Sancta Luzia, prestou juramento aos SantosEvangellios, que elle
juiz lhe deferio, piornetteu dizer a irerdade, aos costumes disse nada. E per-
guntada ao artigo terceiro da contostaçEo que lhe foi lida disse : Que já antes
de mil oitocentos oitenta e cinco, tinha a firma de que faz parte na sua fa-
brica a.o l'nireáo, usado molhar o bagapo tirando d'elle por meio de nora
passagem no larninador ou cylindros o assuear que o baga90 cont,inha, irinr-
eando o liquido resiiItante d'esta opcraçZo qiiat,ro a cinco graus BeaumB,
que o liquido era lanpado em cubos ou pipas pai.& fermentar seguindo d'alii
para. o alambique para ser dirtiliado e qiie era este o mesmo systerna seguido
pelar, oiitxas fabricas. Disse mais: que de mil oitocentos noventa e i z u i p a m
c & e quando comerou a harer eannas dos cortes novos, a firma rnodifioou um
pouca arjuolle processa, porquanto notou que o bagaco depois de ter passado
por aquella antiga aperapEo mostrara ainda ter assucar e que para o apro-
veitar adoptou o seguinte processo: O bagaço ao sahir dos eylindros 6 mo-
lhado por iim cano perfurado oom agua quente o~ fria e d'ahi é posto ou
conduzido n. um estrado 6s costas do liomem o u meehanioamente, e ahi é
aguado segunda vez por meio de um chuveiro e umamangueira, d'ahi i:cnn-
dueido a um laniinador ficando tão bem molhado n'esta operação que os
homens que acarretam o bagaço ficaram enoharcados, o depoi6: dc chegado
ao laminador é passado novamente pelo meamo. Ao sahir dos eylindros é
novamente molhado por meio d'um cano perfurado e repassado outra vez
n'um Iaminados sendo o u t ~ avez aguado antes de n'este entrar. O producto
d'estas duas operações que marca de um n t,res Beaiirnb é deitado por meio
d'imn bomba n'estes tanques onde é misturado com diversas matcrias assu-
caradas, taes como garapa, agua doce dos filtros, claros das borras dos ela-
rifieadores, cspurnas de garapa e calda ou xarope e melaço, afim de pôr este
liquido em grau proprio para fevmenta~ãoalcoolica. Que em mil oitocentos
noventa e um, sendo o primeiro anuo em que a dita firma comprou canna da
casta nõva, empregou para o fabrico d'alcaol a garapa d'esta eanna no se-
guinte pzocesso. Depois de extrahida a garapa d&canna era a mesma garalia
deitada n'um tanque, e o bagaço, depois de ser bem snturado, era passado ao
larninador uma oii duas vezes pela forma já. explicada, c o liquido resultante
d'esta operação era deitado por meio d'uma bomban'easemesmo tanque com
o fim de diluir a garapa, juntando-se tambem i g u a quando era neccssario
para reduzir o grau ao ponto conveniente para a fermentação, sendo este
liquido misturado depois com mel desfeito quando era conveniente. Disse
mois: que quando os regulamentos fiscaes permittiam o despaclio de mclaoo,
Era este tambeni usado para misturar com agua do bagaço afim de o pôr
n'im grau mais eonvenicnic para a fermentação, c quando os regulamentos
impodiam o despacho de melaço estrangeiro, como suceedeu em mil oito-
centos noventa e quatro, a mesma firma de que faz parte o depoente reser-
vava melaço da scu proprio fabrico para o cffeito indicado. Ao quarto disse :
Que a firma de que elle depoente faz parte fez com o rcu a transacplo de
composipão a que o artigo se refere não si>para socego d'clles authores, mas
tambem porque semprc ouviu dizer quc mais valia unia mz composição do
que uma boa demanda. Disse tambem que se r e ~ o r d ater o reu jA um privi-
legio seu antes do mil oitocentos oitenta e cinco, privilegio este para o
aproveitamento do assucar do baynpo, mas quo nunca reconheceu o mesmo
direito nem elle depoeriie nem a firma de que faz parte. Ao quinto disse:
Que tem ouvido dizer quc os proprietarios das diversas fabricas de espremer
cannz pagam uma indemnisnção ao rcu, não sahendo comtudo at6 que ponto
seja isso verdadeixo. Ao dccimo oitwo disse: Que é facto ou antes i.verda-
deira a materia contida no artigo. Ao deeimo nono disse: Que quando foi
feita e apresentada a reclamação não tinham visto o boletim a que se refere
o arbigo. Ao rigesimo disse: Que ellc depoente sabc ou conhecc é o pro-
cesso de que ha muiios snnos lança m8o a firrna de q~zcelle depocute faz
parte, parecendo-lhe ser o seu processo egual ao processo do reu. E lido o
seu depoimento o ratificou e vae assigna~eom,elle juiz e comigo TTicente
Julião Gonsalves, escrivdo interino, que o escro-ri.
(a) Jocrpuiv?~Sier8es Cantarite
(a) Hmvy Hznton
(a) Vicicente Julzc%o Gonsalces »
TI
BePlexBes do @ande do CarinavSal

A firma William IIinton 8í Sons, tendo declarado, no depoi-


mento acima transcripto textualmente, que é ve~,dadeil.aa ?natoria
contida no artigo decimo oitavo da contestação do Conde de Can-
navial á aoção que lhe moveu a mosma firma, deciarou assim qrie
é facto que, tendo o Conde de Cannavial apresentado, na respe-
ctiva Repartisão de Industria, o pedido da patente impugnada
pelos A. h.,sómente appareceu ahi uma reclamação contra o mesmo
pedido, assiguada pelos fabricantes do Funohal William EIinton R
Sons (os A. A,), João I-Iygino Ferraz i% Companhia, e, a rogo de
seu marido Antonio da Silva Manique, Magdalena Carlota da Silva
Illanique; reclamação que nào foi attendida por nào ter chegaao
dentro do praso legal (doc. n.O 5 da cont).
Declarou tambem a mesma l i m a , no dito depoimento, artigo
decimo nono, que, quando foi feita e apresentada a ~eclamagão,
(em que as firmas signatarias s6 se referiram ao Diario do Go-
verno, n.O 118 de 27 de maio de 1896, no qual tinha sido piibli-
cado o titulo da patente pedida, sem as reivindicações, como mos-
tram os doc. n.OS 5 e 6 da cont.), nEo tinham visto o Bolrtim da
P~opviedadeIndustrial n.O 13 de 18 de a b d de 1896, em que fo-
ram pu6licados o titulo e as ~eivin&nções da mesma patente. Isto
é: não conheciam as reioindicagões em qiie o mcsmo Conde pve-
cisára as nouidades do invento, ou objecto especial da patente pe-
&da. O que demonstra que ignoravam tambem as disposições do
art. 210.0 do decreto de 15 de dezembro de 1894 e o artigo 20.'
da lei de 21 de maio de 1896!
Assim William IIinton S: Sons e as oiitros dois fabricantes si-
gnatarios da reclamação, souberam pelo aviso publicado no citado
numero do Diario do Goue~no,que o Conde de Cannavial pedira
patente de um invento que tinha por titulo-o modo mais facil e
mais proveitoso de utilisar para aguardente ou para a fermenta-
ção do melaço, liquido contendo assuear e fermento appropviada-
mente obtidos do hagago de canna do asszccarn ;e logo reclamaram
contra o pedido da patente d'esse invento, que não conhecianz!
reclamaram sem saLemnz contra o que reclamavam! baseando-se
unicamente nos termos vagos e syntheticos do titulo da patente
pedida !
Acham-se, portanto, confirmadas as reflexces qiie a este respeito
fez o Conde de Cannavial, na segunda parte d'este opusculo, so-
bre o sexto artigo da petigão inicial d'esta acção.
Mas em 1897 a firma William IIinton i% Sons apresentpu em
juizo a petigEo inicial d'esta acção, na qual se acham transoriptas
como base fundamental d'ella essas vei~indicagUes. Logo Q claro
que estas já então eram conhecidas d'aqiiella firma.
E, como os fundamentos das mesmas reivindicaç0es foram ex-
plicados deseuvolvidamente pelo Conde de Cannavial, na conles-
tugão a que a tal peticáo deu logar, claro é tambem qiie a mesma
firma teve, desde então, n~otivoe tempo para reflectir sobre siias,
atC que dois dos seus representant~svieram depur n'este processq
a reqiierimento do Conde de Cannavial, pelo modo constante do.
documento transcripto.
Temos, pois, tres documentos assignados pela mesma firma
William Ilinton ? i : -- ~eclamu$Eo; petigão inicial ; depoi-
Sons
mento. Vamos agora TTeias discardaneias e eo~~I~udicgÕe~ JIag~an-
tes, e muito sigizv$cati~as, que se notam n'estes tres documen-
tos, qiie ser29 tambem confrontados com as mesmas reivindica-
ções.
A reclamac,ão disse [m 180Q que cha mais de trinta annoç
que alguns dos reclamantes (foram sij tres a dizia-se alguns!) teem
usado do pedido do inventou feito então pelo Conde de Cannavial.
-4 petigüo disse (em 18.97j que ha mais de cinco annos que o Inesnzo
invento é usado nu fabrica da dita firma e em outras fabíi'cas da
J4adei~a.O depoimento disse que a laboraçio da fabrica que deu
Iogas aos inosmos melhoramentos con~eçouem 1891 ou 1892 fiz20
pôcle precisar bem a ~ i u t a j ;e ?iEo fallot~ em pue nenhuma olct~a
fabrica d'elles usasse antes da patente do Coriae de Cannarial da
1896.~

A ~~eclamrrc,ão, descrevendo o processo que diz ser usado ha


miiitos annos por alg~cnsdos tves reclzmantes, e que diz ser o mais
simples e p~oueitoso que se póde concebei, sendo mesmo completa-
m e n t e inipossivel hnver p~ulgtserprocesso mais simples e mais pro-
veitoso para se conseguir o referido resultado, exprime-se nos se-
guintes termos : - « O processo atè hoje segzcidopelos supplicantes
@gola são jh todos) ,i o se,yuinte : Depois da primeira passagem
da canncc de assucar'peZos cylindros e de se ter extrahido d'este
nzcdo a nzaio? p a ~ t eda materiu succl~arinaque a calma contdln, o
bagaço estante d humedecido eonz agua fria ou pente passsando-
7
......... . .

se novamente este pelos cylindros». Mas iim preceito de proces-


sos de que o Conde de Cannaviai tem privilegio, ha muitos annos,
para o aproveitamento do assucar do Lugago da canna, 4 : -- «pôr
o bagaço em contacto com uma puantidade de agica apenas siiffi-
ciente para o .humedecer e penetrar ató o interior das- celhlas
ainda iutactas, passando-o depois ao larninador)). E, visto que a
firma William I-Iinton 8; Sons, pela insistenoia com qiie repete as
palavras -agira quente e agua fria, -110 sou depoimento, parece
querer attribuir-se com relação a este ponto, lima certa orginali.
dade, 6 bom fazer notar que o Conde de Cannavial, na sua adcli-
$80 de 1575 6 patente de 1870 para o aproveitamento do assiicar
de bagaço 'de canna de assucar, j6 dizia : aA aguapúde ser quente,
se o p~odnctoé destinado para ugicardente; deve ter ri temperatura
normal se se quer fabvicar ussucar». Isto mesmo foi repetido na
memoria descriptiva da patente de 1855. E, na de 1896, elle dis-
séra tambem: o (<óagrrco4 p úde ser nzolhado com agua quente ou com
agua friao. E pois, evidente que o famoso processo dos reclaman-
tes, ao qiial se referem as palavras da reolamaçho acima transcrii
ptas, não 6 senão o mesmo processo de que o &to Conde tinha dado
á $?ma Williarn & Xons o direito de usar, pela eseriptiira de
1887; e de que os oiitros dois reclamantes (Ferrai, e Hanique)
teemprcgo desde 9nuitoa unnos, indemnisação anniial cro mesmo (=oude
para poderem usar.
A primeira reivindicação da patente de 1896 do Conde de
Cannavial, que a dita f i m a confessou que nâo conhecia quando
reclamára, diz assim :
I."- O pôr o lugago em contacto, não com agua apenas si&$-
ciente priva o humedecer, mas com agua Lastante p u m pue o 6a-
gago Jigue 6em molhado, sempre pue a canau nüo saja bastante rica
de ussucar, para pzce o ligi~idoextruhido do hagago, segundo o pro-
cesso priuilegiado em ,1885, tenha densidade su8ciente para, por
si sú, fermentar bem, e da?,p7.odccto vantajoso ao faLricnnte; aper-
fe<gomeafo pue pernzittirá icm melho? aproceitanzcnto do aisucur de
La,qu~osenl inzportar pue o lipuido pus d'este se obticer tenhnpeqnrenu
devsidade, porgue pw muis pquena gzce esta seja, o assucav po-
dewí ser utilisndo Úe,ni>. - A petigno inicial da ac~rto,apresentada
quando j i aqiiella firma tinha conhecimento da precedente reivin-
d i c a @ ~ ,diz «ha l~zaisde cinco unnos qua os A. R. costninam apro-
vaitar na sua fabrica os liqriidos extraliidos do bagas0 da ,anua -
de assucar; impregnando-os c0111 agua basta~atenão sOpura o hu-
8

medecer, mas tamóem p a r a Jicar bem saturado, isto conforme a


percentagem de assucar que a canna conlema.
Estas palavras, em que a Petipão teve manifesta vontade de
imitar a citada reivindicação, mostram bem que a firma William
Hinton & Sons, levada pelo noóve desejo de esbulhar o Conde de
Caunavial d'uma propriedade que de direito lhe pertence, e jul-
gando poder conseguil-o facilmente pela allegação de que essa
propriedade j& era log~~adouro commum, cahiu, sem pensar, em
jayrante contradicção com a reclamação, na qual havia dito que,
no processo de que o Conde de Cannavial pedira patente em
1896, o bagaço era humecido e passado ao laminadov, e que este
processo era o mais facil e mais zautajoso que se podia conceber:
o que demonstra que, ainda em 1896, depois de ter o mesmo
Conde pedido essa patence, aquella firma não concebia, sepuel; a
possibilidade da existencia dapropriedade de que, em 1896 e 1897,
não hesitara em affirmar que ella e outros tinham o uso$mcto,
havia muitos annos!
Mas, o que é tambem muito notavel, é que a mesma firma,
nem depois de ter lido as reivi%dicações, comprehendeu o peusa-
mento do inventor!
O Conde de Canuavial desenvolveu bem o seu pensamento na
nzemo?ia desedptiva que junctou ao pedido de patente, assim como
o desenvolveu sufficientemente nos articulados que apresentou
n'esta acção contestando a mencionada petição ihicial.
E m resumo, disse o mesmo Conde que, tendo averiguado que
as cannas das novas plantaç8es eram, geralmente, nzenos vigas de
assucar, principalmente as do norte da Ilha, reconheceu que, pelo
seu processo patenteado em 1883, se ngo poderia aproveitar vau-
tajosamente o assucar do bagaço de nma grande parte das canuas
de assiicar, por não serem, em muitos casos, os liquidos obtidos
do bagaço, por tal processo, su8cientemente ricos de assucar pura
fermzentarem bem por si so's, e darem, pela distillação, producto
vantajoso ao fabvicante.
Esta consideraçâo fez surgir no pensamento do Conde de Can-
navial a ideia de enripuecer os liquidas do bagaço pobres de assu-
{cm, l ~ e l uaddiçicau de tima materia assucarada, em virtude da qual
podesse ser bem aproveitado o assucnr délles. E, como a aguagem
do bagaço el.a, militas vezes, mal feita, dando isso logar a uma
notavel p e ~ d ado assucar, em diversas fabricas do districto que
usavam d'aquelle processo (i~nico até então empregado p01 todas
9
.............
as que teem ccproveitado o clssucor do bagaço), entendeu o Conde
de Cannavial que, ern vez de se p6r ó bagayo ein contacto com
uma qiiantidade de agua apenas sibficiente para o lzz~,medecere pro-
duzir os plienomenos da osnrose penetrando at6 o interior das cel-
lulas ainda- intactas, era melhor par o bagaço em contacto, na
maior parte dos casos, com agiia bastante para elle ficar bem mo-
lhado, atC se adquirir a certeza de se esta6elecerm benr, nas cellu-
las al?zlda intactas, os pl~enomenos da osmose; sendo, todavia, o
processo de 1885 applica7-e1 As cannas siifficientemente ricas de
assucar para fernientarem pov si só8 e prodiizirem liquidos vanta-
josamente iitilisax,eis.
E como, pelo emprego d'este novo meio, se obteriam do ba-
gaço liquidas e?zf~~apueciilos, que, quando não fosseni enriyuecidos
por uma materia assucarada, poderiam ter, ainda assim, uma ap-
plicação proveitosa, lembrou-se o mesmo Conde de os utilisar, não
s6 na dilzcl$ão da garapu, mas, especialmente, na ferm@atugão do
ntelu~o,na qiial o fabricante encontra tantas di$cteldades, e que
os mesmos liquidos do hagaso poderiam facilitc~r milito, por meio
d'uma male?ici granuloscc que conteem, com a p.opriedade de des-
envolver com energia a fewnentaçüo alcoolica.
h ai. em resultado d'estas cogit.aç8es que o Conde de Cannavial
' 7

chegou a produzir os melhoramentos de que pediii patente em


1896 e qiie se acham consignados nas mencionadas reivindicag8es,
Uas quaes a primeira estA acima transciipta.
De modo que, nos n o ~ o sprocesso$ do Conde de Cannavial, a
aguagesu do bagaço varia segundo os Jins que o fabricante tem em
vista. Assim, se o fabricante inlende que as cannas são stcficien-
temente ~ i c a sde assucar para que os liquidos do bagaco possam
fermentar bein por si sús, e elle não tewb fcdcllidade em enrique-
cel-os coin matei-ia asszccarada p~oprz'a, põe o baga90 em contacto
com agua apenas szl8ciente para o icuniedecer como no processo
de 1883. S e tenz ú stcn dLsposiçüo naateria ussucav~zdacom que
possa enriquecer coiivenientemeiite os liquidos do bagaço - em-
prega agna bastante,, nüo so' pa7.a hzc+necedecero bagayo, mas tain-
tiem para O nzollzur liem e assegurar os phenemenos da osmose nas
cellulas ainda intactas. S e o fabricante destina os liquidos dorba-
gago para rlilzLir a garupa, - p6de empregar toda a agua gue o
ba,ga$o p f d e ubso~vel; e que as circuinstancias da sua installapXo
llie permittirem.
Se o fabricante destina os liquidos do bagaço A fermentapão do
2
10
~~~~ ~ ~.....

melaço, para o que os mesiiios liqiiidos s%o a ali os os espec;cclqnente


pelo fermento qiie conteem, (e, portanto, sRo, pala isso, proferivais
os liqiiidos muis poõres de u s s 7 ~ c auoinlanto
~ q m seja111ainda 1.i-
cos de j'evnzentoj, - einprega uindn ?»ais agzia; nsando mesmo de
pmcessos especiaes de nraceraçXo, indicados, para esse fim, pelo
Conde de Cannavial.
Mas a firma TVilliam Ilinton 6: Sons, que nliu revelou iim
uqrieo pensamento de utilidnde geral, neni na /leclawn;tlo, nem na
Petição inicial, nem no DepoUizento, diz, na mosma I'etiçüo, ,que
lia mais de cinco m n o s costuma aproveitar os liqiiidos extrahidos
do bagapo, iinprcgnando-os com agaa áustaq~te,nãa só para o hu-
inedecer, nws tnmbenz pal.a $cai. bem sat7crndu, isto conforme a
percentagem de assucar q u e a canna contem.
Este preceito, o unico que a firma ostabelcceii pnl.n todos os
casos, e segondo o qual, o bagaço da canna que tiver maio^ per-
centagem de assucar deve receber mais aguu, e o que tiver nienos
percentagem deve receber menos c~gua,nMo sO est.6 oin desliarino-
nia com o (pie se acha indicado na. .primeira reivindica~ãodo
Conde de Cannavial, segundo a qual a canna nzais rica recebe
-
menos a-m a. mas distingue-se meia circumstancia de ser -i l n ~ r a -
ticavel.
O R. já teve occasião de demonstrar evidentemente que, na
.
fabrica d'aaiieila frrnia., alie é de grande laboraclio.
r> , , e onde a5 can-
nas de diversos prodiictores e de differentes localidades, se bara-
lham e se confiinderii, nXo ha meio nenl~7impratico de se determi-.
nar a percentagem de assucar que a canna contém; de modo que
isso possa servir de base para regular a aguagem do Iragaso, so-
hretiido sendo certo que o baga90 provbm de cannas que passaram
em c7ois moinhos, e é aguado não sú antes de ser expreùrido aprimeira
vez, senão tambeni antes de ser expreiiiido lima segiinda vez. De
mais, estabelecer o preceito da agnagem do bagaco segiamdo a 71er-
centagenz do asslicar que a canna contbn~,6 dizer qiie o que se
teni om vista h t~nicumenteo aproveitamento do nsszrcm. do b-;tgp,
é dizer que esta oparaqão e s t i siihordinada, como no p~.ocessi~ de
1885 do Conde de (;annavial, ao pensamento de se obterom iiqiii-
dos bastante assnca?~adospara por ri aús podêrrni feriiientar regii-
larmente e dar prodiicto vantajoso ao fabric:inte. E 6 <IrcrOr qiie
a aguagem clo hagaro, regiilada na. conforniiila(1e de taes icleias,
darh sempre liqiiidos cle unia densidade media.de cBrcn 11e 3' a
4O 13.
11
.............

A IZeelainagÜo, em complemento do processo qun ella descreve,


e 'de qiie já acima fica traiisoripta a primeira parte, dia assim:
n1)o ligrcido qtce se obtem da segunda pcrssagem do bagaço hu-
medecido pelos cyZinrl?us, ozc se di.s:rtiZla logo een~aguardente ou se
ajuncta eon, .ncelugo para se~wir de fermenlo, dando mn pzeulyue?.
dus casos boizs vestcltadosn.
Estas palavras da recl~i~izn~LLo mostram claramente que, na fa-
brica de \Villiam IIinton & Sons, ia20 se addiciona?;a ao liqzrido do
baga90 sz~bsinncia alg!cma que ~ J O ~ E S Saugnzentar-lhe
S a deiisidnde.
Dizer que o liquido do bagavo, ao sahir do moinho, logo dis-
tillado em agiiardeilte, é, tomando-se a plirase ao pb da leltra, zcm
evro ii~dzcst~ial $20 grossei7.0,. que se não pódn, razoavelmente,
arlmittir qiie a i~ecimizagüoqiiiçosse dizer, senão que o liquído do
bagaço, ao sahir do moi~ilio, 6 'logo posto em fefel.melztaçüo; mos-
trando a palavra -lago que nenhteria outra ?ncctei.ia se udcli-
ciona pico nzer.ep sei. nle7~cionuda;poiqrie, se assim se finesse, n8o
deimvircni, de certo, os raolamaiites de a mencionar. E o que mais
confirma esta assergão 6 a referencia uaga, tirada da leitura do
~ i t u l oda'patenke, que a vecla9napu"o fas, em seguida, ao empvego
de agiia do brcgngo pavu a fermentação do melaço; sem indicar
yrre se jiriictusse ?nelcigo ci ngtrci do brcgago pci'ra ne?ihunz o7cti.o Jim.
E', pois, miiilo significativo qiie a firma William Hinton 6;
Sons e os oiitros dois reclamantus izccda dissesss~zna ?eelamngão,
com rela@o a rnellloramentos tão importantes como são os das
2.". 3.' e 4." reivindica(;õns da patente do Conde de Cannavial, qii8
dizem assim :
2 . O - O ucldicin~zc~i~uma mdtcr'ia dssucarad.3 ao liotcido ezira-
h& do bugup, qfin de o pO1. em densidade cunueniellti, e de to?.-
rui mais facil e m a i s regnlar o processo do fi~hrieo com menores
despesas dc producçâo ;
3.O O obter este va.s~clt~cdo
por wcko du garapa, pire tem, ge-
i.nl?lzewte, deizsidccd~stt@ciel~tep n m ser sn~pregud(rcom vuntagem.
puvn tal $iiz;
4.O.- O i~acliouvpara o v~eswo(!feito o melaço, 577~0 d preferi-
vcl á gur(c11~pov te,). maios densidade e d a i melhor producto.s
Ora; é evidente que, não tendo a reclarnaçXo dito nada c?m
relapxo a estas reivindica~ões, qiie os A. A. n8o coizheciaiia, foi
d'ellas tirado o que a tal respeito disse a jeligZo i~zicialda acção,
quando já oi.mia eo~~hcçidas dos A . A.
&ta petiçzo exprime-se nos sogiiintes termos: ucbnlaecendo os
12

A . A. agóz as primeiras experiencias, que o liquido entvahidu do


bagaço, depois de molhado pela fórma i?zdicacla e1.a demasiado
fraco e nüo tiisha a densidncle bastante pava f e ~ m e n t wLem, logo
eslabelerwam o uso de lhe addicionuv uma materia assucarada para
lhe dar a densidade conveiziente, e~np~egando para este,fim meiaço,
garapa e outras materias assucaradas, como são os residuos dos
clarificadores e os yue yrocee?n da lavagem d'estes e d'outros re-
ceptaculos e v a s i l h m e . ~
E' notavel o modo porque aqriella firma historia a origem, na
sua fabrica. dos ditos inventas natenteados do Conde de Canna-
vial.
Descobvira que, deitando no bagaço mais agt~a,o liquido ex-
trahido era mais fiaco (!); e logo estabelecêra o uso de addicio-
uar n ~ e l q o ,garupa e o ~ c t w ~matevias,
s taes como, iwiduos dos
cla&$cado~re~.e os que pvoveenz da lauagan~d'estes e d'outros re-
ceptaculos e uasilhansa.
Teria sido uma origem unicamente filha da simples obser-
vação de uin facto particular, que a mesma fimia niio,mostrori,
por modo algum, ver ligado ds circumsta7lcias difevei~tesem yue
se achavam end$o, nu Madeira,, o: ctiltu~.ada crowra de assscar e
a 6izd~z~~t~Zal .fal>iil da agtr~crdoirte; e,,cuja utilidade estaria, em
todo o caso, oondemnada a nXo ii. alim do tecto cla jfc~b~.icaque a
uiva nasce,.. Emquanto que o invento do Conde de Cannavial
mostrou-se, desde logo fecai,do em al,lrliea@es ~ ~ l e i applicaqrien
s;
de que os h. A. só ti,cevan~co~~hecinzeirto depois de cc2,resentart.m
ent agosto de 1896 a sua recla?iza~Xocontra o pedido da pateizle
que Xmpugnaranz, e gire ainda hqje nüo co~is~~i~eTzendern bem,
k igualmente para notar que a Keclamag8o suostsa que9 em
agosto de 1896, a firma William I-lint,on 8: Sons vs8o conhecia os
piwcessos a que se refere a e 6.a reivindicaç8es da patsnte jú
pedida, do Conde de Cannavial; e que o que a petiqBo inicial.,
apresentada em 18.97, 86 demonstra 6 qiie a uiesma firmajá eutão
conhecia as i.efiridas reiz.i?~&ca$Jesp c
ia t?.n?sscveve.
Com effeito, as 5.a e 6.a reivindicações dizem assim:
~ 5 .- ~ O. em11regal; para dikriv a gru.upa que se yuar pôr ent
fermenta$o, o liquido do bagaço, guanclo isso mais co?,venha, por
ter esse liquido pequena densidade, ou porgtce se ?a8opossa dispo^.
de mate& assucmracla co~menientc,ou por outros mo&os.a
a6.".- O pôi. em fevmentiipBo o nlelago dssfazendc-o o diluiu-
do-o com liyu,idos obtidos do bagas0 pelox pvocee"oe8já indicados,
13

ou oblidos 130'. n~&ode maceração, seguida o z ~1i20, c7e p~essliono


lalninado~ozc moinho; ou ainda cana liyaidos o b t i ~ l odo ~ 112es1110 ba-
gago eni segundo trabalho, por qualque? dos naencionados yvoces-
$08, sendo estes zcltinlos liqnidos, chamados liquidos segondos, puva
distnzecâo dos que f o ~ a neztrahiclos
~ do bugngo 01% primeira opera-
ÇXO, q1~3soÜoclzan7udos liquidos primeiros. E empregam-se assinz
pava a fei-nientc~güo do melaço nüo só os liq~cidos ertvahidos do
bagugo ~ P L O pvocesso C j i patenteado, ntas lanibein ligicidos obtidos
do bccgago por outros processos 1~ropi.ios 1~avao mesmo fili, pelo
fermento que egualn1ente conléenz, ulmn do nssucal; liquidos que
poder&^ se?', a1thn d'isso, einpregados para diluir a g a r a p a . ~
A petiküo iilaicial die :- olia annos que os A. A. eqiipveganh,
para diluir a garapa que desg'un par em fevnaewtaküo, o liyuido
eztrahido do 6agag0, e ainda com este liquido, 1woueniente da pri-
nleira e seguiida passagem pelo moinho oa laniiaador desfazem 6
diluem o melaço, poi~doO ern fe~azentugüo.n
R evidente que a i~eligãoinicial bebe11 estas palavras na fonte
em que n2o tinha bebido a Zeclanza~üo.N'esta, o liquido do bagaça
só sr, $junta conz ~ n e l a ~(ope~ngüo
o contraria a todas as i.egras);
n'acjuella, j A o melaço e desfeito e diluido, como na 6." reivindica-
çRo (sem todavia i n d t c a ~o l~rocesso).Mas o que é notavel é que
a petiçao inicial 1120 comprel~endeiiqiie, para a dilr~igüoda gavapa
e para a f e ~ ~ u e n t a ~doü o ?>telago,o Conde do (lannavial recoinmen-
dou, sobretiido, os liquidos mais enfraytc~cidos,apvo~iviadaniente
obtidos para esse fim; e, espeoiaLnientc pccva a Jermentagao do ine-
lago, para a rlual indica e dasei,e?;epvocessos de inucera~üode que
a mesma petigc*o n e ~ nsequer fi~lla,e qiie l ~ r o < l ~ ~liquidos
z e ~ n pobres
de nssnca?. e ainda i.icos de feinzenlo; e por isso, naais -isl?roprios -
1?"1." tal JG1n.
&Ia&veiainos
" arora o nue diz a firma TVilliam Hintou & Sons
no seti depoinaenlo, com r&aç?Lo ao emprego, qiie tem feito na sua
fabrica, dos liquidos extiahidos do bagapo da caiina de assiicar.
E m primeiro logar, C miiito para notar que, n'este clelioinibnto,
feito em 1598, o bdeaço j á nâo é, n'aquelld. fábrica, desde 1831
ou 18O2, só huinedeerdo conio 0111 1896 disse a Meclainugüo que
~ l l efora seinpve, huvia naais de trinta nnizus; nem 6 já tamhem
não s6 hz~medecirlomas ir~ipregnadode agua 6aatanteparaJ'icav bem
sattcvodo, islo conforme a percentagem de assucar que a canna con-
tem, como disse, em 1897, a peliçüo inicial que o era, havia mais
de cinco annos (unico processo então preceitiiado pela mesma firma,
.............
para todos 0,s casos). Agora, no de~~oime?abo, em 18'38, já nBo hci
9,egi.a nem nledidrc p i a u ugceugem do br~gaço;nem B i n d,zLa' . c2O u71z
processo qualquev clavo, de v a l o ~scieviti$oo
. e iv,dustrial!
Segiindo ostu depoinze~ztoa bagaço agem 6 sempre a.giiado tr,es
ou qtcatro vezes, de inodo a ficar, do cada vez, bem encharcado. E
é bern evidente, em todo o caso, que d o 1zci liyrcidos yvimeiros e
liquidos segunclos rlo bit.qugo, como os do Conde de Cannavial; nXo
ha senno zcnz liquirlo só, obtido senzpre do nzcsriro modo, com a dew
sidade de 1." a 3 . 9 . , e senzpre o mcsnro pur.u todos os efeitos.
S ã o ~ s óos liqiiidos sais fracos da 1."reiv;indicaçSo da patente iin-
pugnada, e tanu inziinçZo dos liqiiidos obtidos nos processos do
mesmo Conde.de Cannarial paia os efkitos das 5.' e 6.J reivin-
dicagoes. 620 sempre liquidas senailhailtes a alguiis .dos liqiiidos
obtidos pelos processos do Conde de Cannavial, e, em nzzcitos ca-
sos, me?;os yvoprios e menos. ,cantccji~sosdo qiie os liqiiidos apro-
priadamente obtidos, segiin<lo as reivinrlica~ões da patente im-
pugnada.
Dizerem agora os A. A. qiie os liqiiidos qiie eiles ohteem do
bagaço teem I", 2' oii 2,.5"B., e, qnando milito, R., é dizerem
que empiegarn senzp~e,seinvantagnm nem necessidade, ?iznis agccn
do que a precis;~para se estabeleceram bem os Iihenomonos da
osmoso e para poder ser !>em aliroveitado o xssiica~do bagaço pela
addiç2o de uma inateria assucarada ao liqiiido extraliido. Seiido
certo que esse systema %?lun~iauel póde ter, em miiitos casos, se-
rios inconvenionies;, porqiie exige maio? quantidade de nluteria as-
sucarccdu, nzccis cawllzas JICLVCLpÔ1' evr~fevnrentugZo, i~zuiorcok~nie
de liqvi~lu,e mais oii ~izaioresuppnrelhos,yu?~u a distillacZo; incon-
venientes que são tão graiines, especia,Jrnente para as fibrioas ru-
raes. Isto prova tambem qiie os A. i\. nXo compiehendnrain o
pensamento do final da i.' reivindicação da patente impiignada;
porque o qiie so deve antencler das palavras do R., 6 que se não
deixe de deitar sobre o bagaço a agira neoessaria para qiie os phe-
nomenos cla osrnose se estabeleoam bem com o roceio de ficar o
liquido muito p o b r ~de assiicar, porque, qilu?~doisso <iconlegrc, ha
remedio para 11Xo ficar perdido o mesmo liqiiido: o que nl<o 6 de
modo neillium preceitiiar que o bagaço seja senzpre aguado,de modo
que não se obtenha seuao liqiiidos miiito enfraquecidos. E apenas
um remedio para um iucunveiiieiite que piido trazer mna operaçao
fabril inal feita.
E, para a fermentaçzo do melaço, comquanto sejam utilisaveis
1%
...... ~ ..~.

os liqiiidos obtidos pelos A. A. semelhantes a alguns dos iiqiiiílos


obtidos pelos processos patenteados pelo R., siio, todavia, menos
prnprios do qiie os qiie são apropriadameiite ohticlos para esse fim
por meio da mrccerrr~ão, segiiiido se acha indicado ira 6." reiviu-
dicaqao e descripto na respectiva incinoiia descrit>tiva d a patente
iiiipugnada.
E esta orientação, skgiiicla agora ljelos depoentes o qiie elles
parecem, hoje; considorni awanis Jirvorufiel á sua caiisa, ser6 pro-
vaveliiiente, a que seguirdo, inspirados lior elles, os e ~ ~ i ~ ~ ~ ~ e g
d a 1.efe.rii1~1fah~ica, qiie s&o quasi todas as suas testrrnunhas.
Vê-se pois qiio a mes?iaa j i ~ m a ,descrevendo por tres tiers, a
mesma operag&o, n a naesmo fuliricí~, e no mesmo tempo, traz, de
cada vez uma cleaei.+~çüo dz:Veg,elzt<; coiitradizendo-se em todas as
-siias declaraçõe,~. . ,. , , , .
E ti, realmente, niiiito ciirioso notar as modificat:ões por que
pnssoii, depois de 1896, a agungeni clo baga20 feitu. na fabric.a.da
fi-ima. TVilliam Iliiiton & Soris, nos iiltimos anuos antes de 1896.
Essas niodifica$iies foram taes, que caracterisani beiu t7.e~
phusea ou epoçhas distinctas, correspondentes aos annos d e 1596,
, ,
1897 e 1898.
1896, representa a epocha21rimitiz;a, ou epoclia cla ~eclumagüo.
E r a a phase ern qiie, estando as reivindicações emco?n1~letoecl,Q~se
para aqiiella firma, ella nAo descobriu nada alkin (lapatente tiellccl,
?en&o o qiie p8". s e r á luz vaga e indecisa do ljttdo da patente
nova., EntAo o ba-a .o era sd h7inzedeeido coin a agna apenas szt$-
&elite da patente hdeC 1895. E r a o iiltimo clarão cln Lzca velha.
1597, representa a epocha d e tmnsigão, oii e11ocha d a Yetiçko
inicial. E r a a pl~useeril qiie, te.ndo desappareeido o eelil)se, pode
aquella firnla descobrir qiie, na pri?»eira parte d a 1." reivind'ica-
$20, 0 bagaço era, nüo sú ltnn~edecido, ein ce~toscasos, mas mais
ug71ado em outros. Logo passoii a mesma firiua a dizer qiio, na
niesnza fabl.ica, o bagaco tinha sido, não s6 hnn7.edeeid0, mas iria-
21~e,q1m"docoiii mais ~ I J I I ~ ,todavia suliordinada á percentagem do
assucar qu- a c a m a contem, Fussot~o j~lrinefaoo quarto cres-
cente.
1898, representa a <-ocha act7cic2, oii epocha do depoimento . .
i.:' a plcase ein qiie a dita firma, já menos offuscada 11eia I.zL.,nown
'7

da ~nesnlrtvoivin&cn@o, gôde r ê r iiislhctr o$?zai Cesta,; que, din que,


por mais ZIegtLelm gue sejcc a delzsidude do-liqtcido do Lugago, pode
este ligtiido ser c~proueitadocom vmatagevz. 13 sem oomprelien(1er o
-...
sabe bem!) não havendo cannas sufficientes para fazer assucar, a
firma William Hinton & Sons, comprou uma porção de cannas
que destinou para aguardente, e que foi amoida nos engenhos do
costume e o bagaço perfeitamente encharcado com agua quente ou
f i a foi outra vez moido uma ou dzcas uezes, isto é, espremido no
engenho e o producto misturado conl garapa e com melu90 mitando
assim usar tanta agua para desfazer a garapa ou melaço para
pol-a em grau conveniente para a fermentaçào.~
Em primeiro logar é notavel a iecertezu do depoente, não po-
dendo precisar se foi em 1891 ou 1892 que a sua fabrica come
çou a laborar; quando é certo qne, não tmdo sido perguntado sobre
tal facto, e tendo elle vantagem em poder assegurar que fosse em
1891, ser lhe-hia muito facil, quando a memoria lhe fôsse infiel,
ter-se certificado pela sua escripturação, afim de poder assegurar
com confiança que realmente a fabrica tinha começado a laborar
em 1891. Deve-se, pois, crêr que a referida laboraçãu foi em 1392.
Em segundo logar, não é crive1 que um gerente de uma fa-
brica que labora com cannas de assucar ha mais de trinta aunos,
dissesse, inconscientemente, tão grandes disparates e absurdos
scienti$cos e industriaes, como os pue encerram as precedentes pa-
lavras. Mas isto, que poderá, talvez, surprehender os que não ti-
verem conhecimentos especiaes sufficientes da industria, que faz
o objecto d'esta questâo, tornar se-ha evidente depois dos esclare-
cimentos que seguem.
A garapa das cannas das novas plantações, se bem que menos
ricas de assucar do que o eram as cannas antigas, não apresenta,
em média, no sul da Madeira, uma densidade menor de 7.' a 9.'
B. Admittamos que essa média seja de 8." B.
Ainda assim é necessario, em boa pratica fabsil, que essa den-
sidade seja reduzida a 5 . O B., ou pouco mais, para que a fermen-
tapão se estabeleça com a maior regularidade e proveito.
Antes dos melhoramentos do Conde de Cannavial patenteados
em 1896, a garapa era reduzida ao grau conveniente para a fer-
mentação, nas diversas. fabricas de aguardente de cannas da Ma-
deira por meio de agua commum, ou, talvez, por um residuo da
distillação, a que dâo o nome de uinhão. Mas então o Conde de
Canavial, reconhecendo que seria melhor empregar o fabricante
para tal fim, liquidos de bagaço obtidos com pequena densidade,
p a n d o lhes não podesse da?. applicapão mais vantajosa, fez disso
o objecto da sua 5.a reivindicaçào.
3
18

Diz o mesmo depoente que, em 1891 ou 1892, querendo a


firma que elle representa, fazer pela primeira vez com as cannas
das novas plantações, aguardente da garapa, logo pensou em di-
luil-a com a agua do bagapo. E , quando é certo, como já está
bem provado, que em 1896 ella affirmára que o bagaço tinha sido,
até então, s6 humedecido; quando é certo que, em 1897, ella asse-
verAra que, na sua fabrica, o bagaço era, havia mais de cinco
annos, não s6 humedecido mas mais aguado, conforme a percenta-
gem de assucav pue a canna contem; apparece a mesma firma, em
1898, a dizer que desde 1891, o bagaço era encharoado na sua
fabrica, por tres ou puatro vezes, sem indicar vegra nem medi-
da; obtendo assim liquidos assucarados com a densidade de 1.'
a 3.O B!
Mas admittamos, por hypothese, que, na fabrica d'aquella
mesma firma, assim se procedeu em 1891 ou 1892, admittamos
que ella chegou então. por intuigão ao melhoramento do emprego
da agiia de bagaço para diluir a yarrapa; e vejamos, pratioa-
mente, como ella procedeu.
Nos processos patenteados do Conde de Canavial, antes de
1896, para o aproveitamento do assucar do bagaço, acha-se de-
monstrado que, sendo o bagaço humedecido com agua apenas snf-
ficiente para os phenomenos da osmose, a quantidade de liquido
produzido, depois de espremido o bagaço convenientemente, não
vae albm de dois puintos da quantidade da garapa que produzi-
ram as cannas de que resultou o liquido do bagaço.
Segundo os novos processos do Conde de Canavial, sendo o
bagaço molhado com agua suffioiente para se ter a certeza de pue
os phenomenos da osmose se estabelecerão bem em todas as cellu-
las ainda intactas, a quantidade de liquido do bagapo produzido
poderá ser, em volume, cerca de tres quintos da garapa.
Sendo o bagaço molhado com toda a agua que elle possa absor-
Ter, como Q indicado para a diluiçxo da garapa, a quantidade
de liquido do bagaço obtido será, n'este caso, cerca de puatro
quintos da garapa.
Mas admittamos que, na referida laboração da mesma firma,
em 1891 ou 1892, o liquido obtido fosse mesmo tanto como a ga-
rapa, com a densidade de 1 . O a 3.O E., ou, em média de 2.' B.
Temos, pois, uma certa quantidade de garapa, com 8.' B., e
uma puantidade egual de liquido do bagaço, com 2.' E., para di-
luir esta garapa. Feita a operação de uma maneira regular, ficou
. . I9.. ..
a mistura em 6.* B., e, portanto, ficou toda a garapa diluida con-
venientemente para uma boa e proveitosa fermentação.
Mas diz o depoente que a mistura ent%o feita do liquido do
bagaço com a garapa evitou que se empregasse tanta agua para
desfazer a garapa. Ura dizer que o emprego do liquido do bagaço
evitou que se empregasse tanta agua é o mesmo que diner -que
se empregou u m certa porpão d'agua; é o mesmo que dizer que o
liquido do bagago não foi, por si só: suficiente para diluir toda a
garupa; é o mesmo que dizer gue o liguido do bagaço foi em menor
quantidade do que o da garapa,
Mas, tendo ficado a garapa completa e convenientemente diluida,
por meio do liquido do bagagaco e da agua, para uma boh e regula?
fementapão; e sendo a diluipão da garapa para essa boa fermun-
tagão, o unico fim que tinha em vista a operação; é evidente que
em taes circumstancias, a addigão do melaço, que tem 40' B., a
um liquido com 5' B.,, posto assim, com tanto trabalho, nas con-
dipões que a boa pr&tioa industrial reclamava, nXo vinha senão
inutilisar todo esse trabalho. E, portanto, n&oé admissivel que essa
mistwra de m e l a p se$iesse, em taes circumstancias; quando mesmo
não fôsse certo que a dita mistura praticada por tal modo 6 um
erro industrial.
Mas n&o está aqui sô o disparate. O depoente, depois de ter
affirmado que o liquido do bagaço tinha sido misturado com garapa
e com melaço, diz que esta mistura evitara tambem o emprego do
melago para pôr a garapa em grau conveniente para a fermentapão:
o que é evidentemente um absurdo; porque, tendo a garapa 8' B.,
e devendo ser posta em cêrca de Tio B. para estar no grau couve-
niente para a fermeutaç%o, u8o se póde conseguir esse resultado
pelo uso do melaço,, que tem 40' B!
O que é todavia certo é que, em caso nenhum, Q necesswia,
nem util, a interveuçfio do melaço para pôr a garapa em grau con-
veniente para a fermentaçgo; porque, tendo ella maior densidade
do que a precisa para tal fim, a sibiples addição d'uma pouca de
agua dá o resultado que se deseja.
Tudo isto mostra que o depoente fallou aqui no melaço, não
porque n&o visse em sua consciencia que este não tinha em tal
operação emprêgo acceitavel em boa prativa industrial; mas tão
somente para introduzir no seu depoimento uma ~ a l a v r aque tor-
nando-o, pelo menos, co?~&so, podesse, talvez, fazer crêr aos menos
entendidos, que já desde 1891 aquella firma empregava o mela$o
20
. .. .....

por meios similhantes aos do Co


1896.
Mas, nXo só é certo qiie o Co
nenhum dos seus novos process
a garapa em graii conveniente para a fermentacXo; mas é tambem
certo que apesar da serern os meios de se obterem o s j n s o objecto
especial da patente do mesmo Conde, a mencionada firma ainda,
até hoje, não descreveu com relação a nenhuma das citadas rei-
vindicaçnes, um unico processo que mereça este nome.
Este pensamento torua-se tambem saliente n'outras partes do
mesmo depoimento.
Assim, um pouco mais adeante, o depoente fallando da labò-
ração da fabrica, quando esta já empregava toda a garapa na fa-
bncação do assncar (sem determinar o anno, mas que não devera
ser antes de 1897) e depois de ter descripto o modo como era
obtido o liqiiido do bagaço, diz: o 0 producto d'esta operação dá
um liquido de um até dois e meio graus Beaumé, o qual vae para
esses tanques onde se deita melago ou gwapa ou espuma da garapa
e calda da fabricação de assucav, lavagens da casa do assucar,
agua doce dos $filtros e dos saccos onde a garapa é coada, ou de
cloce das borras dos clarifiadores e tudo quanto tem algzon doce que
pode ser aproveitado, tudo isto com o$m de augmentar a densidade
para oóter uma boa fern~entapãopara extrahir alcoolu.
Esta miscelanea de tantas materias, t$o diversas, e até algumas
praticamente incompativeis, sem regra, nem indicagâo de peso, de
medida, de temperatura, de nada do que deve ser precisamente
indicado n'um processo regular; i: mais uma evidente demonstra-
çXo de que o pensamento dos A. A. é illudir os que nXo tiverem
sufficientes conhecimeptos da industria.
A garapa e o melaço são as unicas duas materias assucaradas
das especialmente indicadas nas reivindicagõer da patente do Conde
de Cannavial, para darem, ao liquido do bagaço pobre, a riqueaa
de assucar necessaria para elle poder ser aproveitado vantajosa-
mente na industria; porque sâo as unicas materias assuoaradas que,
nas cimumstancias actuaes, pareceram ao mesmo Conde, provei-
tosamente applicaveis para tal fim; pela sua densidade, pelo seu
preço e pela sua facil aey-uisiçxo.
O Conde de Cannavinl, tendo sido, duranre muitos annos, di-
rector da fabrica da Companhia fabril de Assucar Madeirense,
sabe bem que, nas fabricas de assuoar, ha residuos que podem e
82 I
. ..~..
toda a Ilha, eêrca de 50 fabvicas de aguardente de garapa, em- 1
quanto que s6 duas, situadas na cidade do Funchal (a de William
Hinton & Sons e a de Antonio da Sileu iManipue), teem fabri- 1
cado ~8gulannenteassucar da garapa. E', porém, certo que mais 1
uma fabrica, a da firma José de Faria & C.=, situada na fregue-
zia de S. Martinho, começa agora, pela primeira vez, a faaer as- 1
suoar, segundo se di5, com bom resultado.
A razão d'isto está em que é muito mais dispendiosa a instal- 1
lação de uma fabrica para assucar do que para aguavdente.
A fabrica da Companhia Fabril de Assucar Madeirense custou
&to de 200:000~000réis; e por isso mesmo que ella custou ca-
pital tão avultado para esta terra, é que, apesar das suas boas
coudiç8es industriaes, os que a guerreavam conseguiram vêl-a
afogar; sendo para lamentar que os agrioultores, que tinham n'ella
a principal garantia da sua cultura, assistissem então impassiveis
ao sacrificio !
Foi a fabrica de assuoar mais bem montada que tem tido a
Ilha da Madeira.
A firma William Hintou & Sons, adquiriu, é verdade, os ap-
parelhos d'esta fabrica; mas não os montou todos, segundo se diz,
e os que montou, foram addicionados aos apparelhos priw~itivosori
mais tarde adpuiridos: de modo que íieou uma fabrica de maior
laboraç%odo que a da Companhia Fabril de Assucar Madeirense;
mas um corpo de systwma mixto, representando as diversas edades
da industria. Em todo o caso é certo que 6 hoje a fabrica de assu-
car mais importante do districto.
Convem accresceutar que mais umas cinco ou seis fabricas
teem feito ensaios ou projectos de fabricaçzo de assucar, levadas
pelo pensamento do maior lucro que dá este ramo de industria;
mas, tendo sido, ou installapões acanhadas, ou installapões maiores,
incompZetas, e não ovpznisadus nas nzelhores condipões industriaes,
nâo teem podido obter as desejadas vantagens. E, todavia, certo
que ?s circumstancins aduaneiras são actualmente favoraveis a
esta vdustria.
Tudo isto vem para fazer vêr que a fabrica William Iiin-
tou & Sons, que, tendo sido montada em 1836, já em 1863 fazia
assucar de toda a garapa, ou do sueco de todas as cannas que a
mesma fabrica consumia, como se vê pelas informações da Esta-
tistiea Industrial publicadas, n'esse anno, pela repartiqtio de pesos
e medidas do districto do Funchal; que, em 1881, fazia egual-
23
.. .. .
mente s6 assucar da garapa de todas as cannas que moia, como
provam as declarayões feitas n'esse anno pela mesma firma, iL
commissão de Inqiierito Industrial; não póde, depois da aguardente
da garupa, que diz ter feito em 1891 ou 1892, para experimentar
as cannas das novas plantaç8es, ter deixado, nos annos segiiintes,
qiiando teve cannas sufficientes para fazer assucar, de continuar
a empregar, n'esta laboração, como sempve antes tinha feito, toda
a garapa obtida na mesma fabrica, para a empregar, com grande
pwjuizo fabril, em dar densidade a liquidas extrahidos de bayupo
eneharcados com ayuu sem vegra nem medida. Não é, pois, crive1
que depois de 1892, tendo a mesma fabrica volvido a fazer assu-
car, misturasse nunca ntais, garapa com agua de bagaço para fazer
aguardente. E isto mesmo é o que se deprehende do proprio de-
poihento dos A. A.
Com effeito, n'este depoimento, depois de ter aquella firma
dito que, em 1891 ou 1892, nEo havendo cunna suficiente r>a?.a
faze?, asszccur, comprara uma porçâo de cannas, cuja garapa fôra
destinada para uguardent8, exprime-se assim: porém depois de
haver canna sufficiente para assucar, a canna é moida ou espre-
mida nos cylindros, torna-se a moer o bagaço em outro engenho
o:] no mesmo engenho, sendo o producto d'este usadopara a fa-
br<eagLio do asszccar.
Ora estas palavras mostram bem que, desde que a fabrica dos
A. A. teve cannas sufficientes para fazer assucar, nunca mais des-
tinou a garapa senão para assuoar, 0, portanto, nunca mais teve
que diluir garapa para frrzer aguardente, nem póde ter empregado
ligaidos da bayapo para diluir garupa. Devendo-se, todavia, fazer
notar que, nas ritadas palavras, a niesma firma dA, evradanzentc,
a denominação de bagupo &s cannas ainda mal espremidas, de que
obtem, por uma segunda pressao, sem addição d'agua, garapa que
utilisa para a fabricaçâo de assiiear.
E como a laboração de 1892, foi uma pequena laboração s6
de ensaio; como, segundo diz a mesma firma no seu depoimento,
ella começara n'ssse anno a extrahir o liquido do bagaço pela uan-
tiga opera~2io~ (isto é o processo do conde de Cannavial, de 1885);
como a rdplica diz no art. 2.', que os A. A. rpassacios alguns
tempos de ezperiencia, na sua fabrica, conheceram pue era ma&
vantajoso para aquella ecctracção, não o simples hu~riedecinzentodo
bagaço, mas moll~d-obem, de maneira que inteiramente saturado
f h s e maior o aproveitamento do assucar n'elle contido;)) é evidente
24
. .. ...
que, em 1892, nSo tendo ainda cannas su$cientes para fazer assu-
car, e por isso só d'ellas fizeram decerto, uma pequena quantidade
de aguardente, não poderam ter tempo de introduzir no modo de
obter os liqnidos do bagaço as modificaçBos que pretendem ter
então introduzido depois de alguns tempos de experiencia.
E deve-se notar que os A. A. dizem, no art. 3.O da mesma
réplica, que succedendo então pue o liquido extruhido assim do
bagaço era menos denso, os A. A. addicionaram-lhe uma nzateria
asszccarada, como melapo e garupa, a$m de lhe darem a densidude
conveniente, etc.
D e modo que, segundo as citadas palavras do seu depoimento,
reconheceram, desde 1891 ou 1892, que o bagapo depois de ter
passado por aquella antiga operação (o mesmo processo do conde
de Caunavial, de 1885) mostrava ainda ter assucarln
E, realmente, este facto para causar admiraçso! Aquella firma
?Villiam Hinton & Sons, tratava o bagaço pelo dito antigoprocesso
desde 1880; e, desde então até 1891 ou 1892, emquauto laborava
com as cannas mais ricas, nunca reco?zhewra que ficava ainda
assucar no bagapo tratado compouca agua, segundo o mesmo pro-
cesso. Mas, chegada a mesma firma á primeira laboração com
cannas das novas plantapões, reconheceu logo que começou a la-
horar que no baga90 Cestas cannas, menos licas de assucar, tra-
tadas pela mesma quantidade de agua, Jicaua ainda assucar! E logo
achara, como já acima se fez notar, que era mais vantajoso, para
a extracçdo do assucar que reconheceu então ficar ainda no ba-
gaço das cannas das novas plantapões, (e que n%o tinha reconhe-
cido ficar no bagas0 das cannas antigas), nüo o simples hurnedeci-
mento do bagugo, mas molhul-o bem!a
Mas note-se que os A. A., dizendo que, tendo observado que no
bagaço tratado com pouca agua, ainda ficava assucar, lhe deita-
ram mais agua, para aproveitarem melhor o assucar que ficava assim
perdido, mostram que teriam tido evidentemente só o pensamento
de aproveitar a pequena quantidade de assucar que o processo
antigo, quando mal empregado, deixava ainda no bagaço ;sem terem
ligado esta observação á circumstaneia de serem menos ricas as
cannas das novas plantap8es. Emquanto que foi este o ponto de
partida dos melhoramentos inventados pelo Conde de Cannavial.
Assim os A. A. teriam procurado aproveitar, na sua fabrica, a
pequena quantidade de assucar que una processo mal applicado
deixava ainda no bagaço. O R. conheceu que, sendo as cannas
25

menos ricas, o mesmo processo, por mais Lem esecutado que fôsse
não poderia permittii que se aproveitasse vantajosamente o assii-
car do baga90 d'uma grande parte das camas; o qiial ficaria as-
sim todo perdido. P?.ocurou, p&, e descobriu o meio de se apro-
veitar bmn, em todas as fubrzcas, o assucar de todo o bagaço,
niesnzo das cannas mais poáres.
A differença 6 bem frizante.
Assim a firma William EIinton R: Sons teria descoberto qiie de-
via deitar mais agua no bagaço das cunnas das nouas planta~Ues
(yue sâo menos vicas), p o r ter observado que n'elie $cava assucar
que nuuca ti& oáse~vadoque ficasse no bagaço das cannas nzais
ricas das a?itigasplantapo"es tratado pela mesma yzcantidade de agtra!
E d'ahi, tendo suecedido então (caso que, de certo, nso espe-
rava) ugue o liquido do bugaso era menos denson, logo achára e
applicúra; para este mal inesperado, o remedio de deitar, na siia
fabrica, urna materia assucarada no liquido do bagapo!
1%assim teria sido resolvido uin problema tão importante para
todos os ciiltivadores de cannas e fabricantes de aguardente d'es-
tas, nao si, do sul, mas piincipalmente do norte da Madeira. Mas
teve a pncdeneia, de T~SITVUP O segredo só p a r a si, e de e~ectrtur
u?iicaniente na sua fabrica, vão só até quando reclamozc, em 1896,
contra a patente do Conde de Cannavial, que agora impiigna, e
quando não conhecia ainda as ~.eieLlldicagõesda mesma patente,
mas mesmo até qiiando, depois de conhecer em 1897, essas rei-
vindicaçDes, ap~esenton a p e t i ~ â oinicial d'esta acç&o! Foi, real-
r-lente, uma reserva Õenemerita!
Mas, em abril de 1896, o Conde de Cannavial atreveu-se, ou
melhor (na phrase do art. 5.' da replica) ahalanpou-se a requerer
patente dos melhoramentos que a firma Tlíilliam Hinton & Sons,
desejara ter inventado para uso da siia fabrira, e dos quaes,para
não lhe ser voubcccla a iidia, a mesma firma se gi~arcloubem de
falla~; ainda em agosto de 1896, quando reclamou contra o pe-
dido de patente do Conde de Cannavial!
E tendo sido dcsattendida, essa reclamação, e concedida nos
fins de oiitiibro de 1896, a dita patente requerida pelo Conde de
Cannavial, teve elle a i?nprzcdencicc de publicar logo no niez se-
p i n t e , no L>iu+.io do Conznierrio de 25 de novembro de 1896; os
seguintes esclarecimentos, (doc. n.O 9.O e 10." da contestação) sobre
os inesnios inelhoramentos qiie estaram predestinados para a fa-
h ~ i c a\\7illiani Ilinton R: Sons :
4
Eaolsisecimeri<ori.- Julgo util, e oppoituno, dizer agora algumas
palavras para esclarecimento dos que quizercm pedir-me a neceesaria per-
iriiasão para se poderem aproveitar das grandes vantagens dos processos da
patento de i7tvm,çZo que acaba de rrie ser conccdidn e que cornprehende im-
portantes aiolh"lizentus que per?nitton atilisar, cinn n 'maior f~ciiidadee o
maior pvourito, para ayiia~denteou para feime?itaçÜo de rneloço, os liyuidos
cotitenáo osuucur c fermentos, apropiiadamente obtidos do bagaço das c w a s
dc ussricnr.
Os liquidos assiicai.ados obtidos do bagaço com 3: Beaumé s%osuscepti-
reis de fermentar; mas tendo menos do 4.", 5 ou 5 . O B. não est80 ern condi-
gòes favoraveis para a fenrientayio em ordem a produ;.i~niabmu u i n i ~ o s y w a
u distillaç8o. Por isso, no processo de que, ha jh. aiinos, tenho patente, é pre-
ceito essencial que se ponha o bagaço em contacto «com agua apesj.s sal.-
rIcir.nrs para o humedeeer e peneirar até o intevior &i<s eellidau ainda i d a -
""- .
r i n s >,
E é certo que, poi este pi ooesuo, se podem obtei liquidos assuca~adoscorn
4i I3 , ou mesmo 40,s B , sendo as rannas bastante iicas de assucar, e sendo
a operação bem feita.
Mas é certo que a garapa das camas do noite da Ilha tem grau maia
baixo do que a das cannas do siil, e tem-se t k b e m notado que a mesma
garnpa do sul, tem apresentado ultimamente grau mais baixo do que antes
apresentava. Além d'isso ó fóra de duvida que. principalmente nas fahricns
ruraes, ? aguagem do ha,yaço é confiada a empregados que rstXo bem longe
de praticatem esta operaçEo nas condigoes mais favoravois para o fabri-
cante. De modo que, ora o bagas0 é molhado innufficieiitemenle, ou, mesmo,
fica, em parte, s8oc0, resultarido d'alii perda. de assuear que póde ser es-
tiahiilo faciluiente; ora E molhado de mais. dando isso logtr a que o liquido
d'elle obtido n8o tenlia ùeiisidade conveniente. Em arnbos os casos ha, evi-
dentemonte, pcejuiuo in~portamiepara o fabricante.
Porám esse grande inconveniente desnpprweceu pelos ~zovosproeersos, por-
que uzo é j á neoeasario deitar s ô b n o bagaço a agua apenas rrrrrrcriiam
para o Az~mcdeeae penetrar ntA o iittel'ior das oellz~lasicinrla intactu..~
Com effeito pelos processos de que agora me foi concedida patente de
iuvençio, u a g i a póde ser deitada em qziaralidade B A S ' L i N T Z p n r a que se
tenha a ee~teaade ue o bagaeo ficou todo bem molhado; por quanto os liqui-
dos assiioarados d7elle obtidos podein ser vantajosamente utilisadoa, por
muito pqtcena dersidade que tezhn,m, ~ O muito T Laizo que seja o grau que n'el-
Zes maryue o areornetro de Ijeaz~md.
Todos sabem que a garapa que, ao sahir do moiiiho, m a c a 9.O ou 10.OB.
não B posta em fermentaçzo n'esse gran, o qual convem reduiir a 6.0, a b."
5, a 5 . O B.; sendo certo que em 5 . O 5, e, mesmo em 5.0, n fer,ner%toç& A viva;
tem uma ~ n a ~ c hregular;
a está terrniviada ao terceiro dia; e o vinho distillado
uma sd vez, produ~ueaguwdente qihe tem valor commevcial.
Emprega-se ordinariaincnte psra deafazer a gurapa, a agua c o m u m , o11
oritros liquidos sem nenh.um sal07 sachariuo, e que talvez sobrecarregam o
vinlio com principios que prl.j~dica~17ii. o gosto e o cheira d a aguai-dente.
Xos novos Iivopessoi; s narana
~ ~ c~~ é desfeita corn os Liauidod assueuvados
~ ~

aLtidos do bagaço; ~ieiboramentoeste que offerece 'grandes vantagens por-


que a fermentap8o faz-se melhor; parque ficam reduzidas a uma só operag80
afe~mrntapüoda garapa e a r108 lipaidos do bagaço; porque nEo ha senho im
E inirito 111elI1or ~elidel-as eaiinas pasa rcceber o pagamento ein aguai-
dente do que mandal-asmoer por sua conta. Os doilos das eaonas têem iin- i
tnediatatnente á sua disposiyão o justo valor d'ellas na aguardente que mais I
lhe convier; sem andarem dias e noites pelas fabricas paxaespreitarem se
as eannas são ma1 esy~rsiidas,e som estarem sujeitos a ,im rendimento ne-
cesssariainnrente variavel.
A compra das cannas para screin pagas cui dinheiro ou cm aguardente
6 muito vantajosa para os fabrieantes; porque ilies torna a lahoração nzrcitn
mais sivi,q,les e rqulai.; e Ihes introduz nas fabricas mais orclear, muis ecuiio-
mia, e m a i s ve?~dime?tto:po1. tantas razücs nrairo arrrs 1,nal-vi~o.E, al6m d'isso,
dá-lhes a vantagem de os p6r nas eondi$Zes mais vantajosas da primeira
hypothese.
E melhor seria atQ qiic as fabricas n%o trabalhassem por ço~i1aparlict~-
l<!r, nem inesmo para os sociosproprieta?.ios r20 estuiieleei?iin~!o;os yuaes, a
incri rèr, dereiri vender as cannas % fabrica. a peso, como os ertralilior;, o
receber, como est,os, o pagamento em aguardente, e no iim da lahoração lá
teni cada um dos inte.ressados na fabrica. a sua parte nos lucros geraes. Isto
incsino e de bom exemplo para os oiitros.
Mas Iia ainda unia hypotliese qrie importa ter eni consideração:
4.^ - Tem a fabrica ~ n e l a p(i .st~adispoui$bn?
Apui 6 preciso notar que as pni.tes polidas das carinas, quando 8x0 rs-
premidas polo moinho, 1,eia p&r,~eiia m o , transmittem á garapa s maior parte
dos oleoi; essencines e principios aromatieos que as cannas cuntêem, o que
dão á aguardente de cannas o gosto e o ci~eiroque o cnracterisam.
1,ogo os liqiiidos que so obtêem do bagaço que foi embebido d'agua dc-
pois rle lavado pela garnpa d o podem j i conter. seuEo em pequena propor-
ção, os oloos esseneiaes e principios aroninticos das caniias. Eis arnzio por-
que a agriardente do bagaço é prefcrivel e preferida idc cannas, para
tratamento de vinlios.
Ma8; tanto a g.arnpa. como os liquirlou do k,ag;l$o contêern fermentos, que
aiigmentaui com a prrssXo; entre as quaes sc assignala, prineipalinentc,
uma materia graniilosa, que tem a propriedade de desenvolver. coni energia,
a fewneiitagiio alcooliea.
A garaya, nas diversas oporacões porqric passa, siibmettida á acyâo do
calor, na fabricaçào do assucar perde unia. grandn parte dos seus oleos es-
aenciaos c principios volateis.
Por isso o m e l a p q ~ i cprovfin da fabrieaçdo do assucar do oanna; dú,
eomo os liqiiidos do lia-ap, ~ i i e l h on/lic~rde.nte
~ pnra tratamento de vinhos,
i10 que a @rapa: gspceialmente quando os apparelhos de rectificapão não
são dos melhores r o trabalho nao é feito com todo o cnidado.
E é o que justifica a recente permissão dc entrada na Nladcira, de nie-
lago destinado á faiirica~cio de agtinrrZcntepaia trntc~~iienlo ck vinhos.
Mas os fermentos no nielaco estão. em grande parte, estesilisados; c os
sctes ulcalinor e os sucrufos, clnc n'elles se cneontram em g a n d e proporqão:
são noeirns á fermentação o ao rendimento. De modo que é d(j5cil e rZisr>e?~-
riioso pôr o melaço ern ferwentaçiio hVa e ~ c p ~ l a er ;os fabricantes tirairi
d'ell,e, gcrahente, milita menos rendimento do que deveriam tirar.
E pois, em resumo, mriito racional a mistura dos liquidas do bagaço com
o melaco pelas seguintes razi>es:
1,s Tavito o ~nelapocomo os Iiguidos do bagaço,prodnren 684 uguardente
29
....... .....

para Irntn?,ieiiio d e ziirboa; os liqttidos do hi~gwp,para ser bem ajiroveitodo


o assucnr qw,e este coqctem, 7260 deijeni srr ri;tvahidos com deizsiclade suficieiite
para podeiem ser ,fabricados em separado; o melaço que tem eeren de 42." B.,
/,úrle. I%reilniente~ Ô I 03
. lipt,ido~do /,<ryirgo lia densidade viais fai:oruvel para
uma óôn femeiitnp%o; 3.j.oozelnço ~ ~ r e c i sde a ?,,ma g ~ a n d eqliantidude de fer-
n?e?ttopara nzt?ar en%fn.mcntaçÜor q t ~ l a r os ; liquido8 do ha,~agocontêena .ca-
~ i 0 8fe~nzn~tos,entw OS guc~es a materia gva?zulusa cnln a pcpriedade de cles-
ei&coltier,ceoz muita rrclizidr<de,afernzentaçiio alcooiiea; 4.;' o ~i~elaço tem uma
?eaçEo alcalina, que ~iiuitocomem ~~?«ti.alissar; os Liguidos do bagaço $&emtinzcr
~enoç8oacida.
Não h a duvida : a mistura de melaço eom os iiquidos do bagaço, ou seia
para dar n estes denuidade ai:fieiente pare entrarem em fermentacão regular
e vantajosa, ou seja para dar ao rnclsço elesnentos que lhe faltam para sc
conseguir bern o mesmo resultado,- é uin melhoramento de grande car?la-
genr. industrial.
não A necessario entrar cm detalhes da fabricação cummrnz e o~~li,zarla.
Alas 6 p m i s o not,ar que as diffcrentes fabricas podem tirar mais proveito
d'este melhoramento, quando f6r melhar e mais coiirpleta a installacão do
material nocessario.
Aquelle que, por eseinplo, podéi. estabelceer afrrmrntnyão eoi~li?&un, terá
mais vantagem.
narei opportunaniente todos os esclarncimentos que forem neeeosarios.
Mas eii desejo aqui chamar, Frn diias palavras, a attensão dos fabriean.
tcs sobre o graude proveito que elles podei11 ter iitilisando em aguardente
os liquidos assiicarados do bagaço das cannas de assuear.
Do bagaoo de canrias que produaeiii cinco alrnudes de (160 ki1.j póde-sc
obter uni fiqkido eoin o ,calol sacharino equivalente a um almude de garapan.
Ora as oannas que prodimom iim nl?nu<lede garapa (30 kil.) custam ao
fabricante, no s i d da Ilha, pela menos, 400 ~.Cis,e no norte, 240 réis; ein-
rl,~mt,oqiie a anetorieap8.o da proprietario da patente para se aproveitar
esse liquido assuearado do hagaço que equivale a uin almude de garapa e
pelp qual ells nRo exige mais de 10 rBis por cada 30 kil. da canna, (uiil
almude de garapa) no su6, 1, 7 réis no nol.te,- só lhe ciista no sul 50 réis o
rio norte 35 réis.
O quc demonstra que-iitilisar para aguardente o liquido obtido con-
venientemente do bagaço da eanna de aisueai, equivale, no sul, a comprar
50 réis, inateria prima que tem a oalov ~eiclde 400 r é $ e, no norte, a com-
prar por 35 réis matetia prima qiic tem cctlor real de 240 rdis.
Esta demonstraç8o yamce nào dever deixar duvida.
Mas, oma circumstaucia que muito importa que os fabricantes e os pro-
prietnrios eonhecam e tcnharri eni aista, é que - cannas eguaes moidas por
rnoinhos difaventes dzo, neeessariamcnte, em aguardente, rendimentos diec-
rnntrs.
Os rnoinhos mais pequenos deirnm mais assacar no bagaso, mesmo quando
as cannaa sejam eguaimente espremidas; tanto mais quanto é certo que os
inoinhos rnais pequenos, teudo constl.uicão menos forte não podem exercer
sobro as cannas u m a pressão t8o fort,ci r até O receio de que o moinho possa
partir-8s concorrersi, de ci:rto, muita8 vozes, para que a pressâo scjn menor.
A fabrica dc S. João que espreniia a 72 O;,, tirava, de 100 liil. de cannas.
72 lril. de garapa e 28 kil. do bagaço ; emquanto que a fabrica de ferra^
30
.... .. ... .. ..

Trniãos, que esprernia a 60, 9 tirava das mesmas canrias 60k,9 de garapa
e 39k.1 de bagaço, isto 6, a fabrica do Ferrasl tirava de 100 kil. de cannas
menos llk,I de garapa c m a i ~l l k ,1 de bagaço do que a fabrica de S. João.
Mas a diferença deve aer ainda maior com relaçáo a outras fabricas?
pnis é certo que ha na Nadeira fabricas com moinhos mais pequenos do que
o da antiga fabrica Ferraa, que 6 a que tem hoje a fabrica do sr. Mauique.
Parece-me pois, que por mais estas razòos ndo convem aos proprietarios
iriandar moer caiinas por sua canta, principalmente ein fabricas pegiienas, '
e niuito melhor farão em vender 8s cannss pox iim proilucto certo, em di- !
nheiro ou etn aguardnte. I
h evidente que os fabricantes que comprarem as cannas retiram tambeni I
da gwapa rendimento proporcional ao diametro dos cj-Iindroe, mas esses
têein um recurso que nho têem os proprietarios das eannas : -é npro~,ei$ar 1
ern agilardente o assucar perdido no bagaco.
Por isso nem os proprietarios devem mandar fabricar por sua conta, nem
os fabricantes devem deixar de utilisar em agnardente oe liquidos eonre-
nientemente. obtidos do baga90 qiie lhe darão tantorneis rendimento quanto,
os e lindros, tendo menor diametro, mais assuear tiverem deixado no bagaqo.
8 8 fabricantes quc moem por sua conta, principalmente tendo moinhos
pequenos, e não aproveitam o assucar do bagaeo niio podem fazer interesses
scnEo se poderei11 comprar canna barata e render agua~.dentccara.
Peco i a pessoas a qiiem esto assumpto poder interessar queiram ler com
attenç.io est,e meu eseripto.
Coser: DE CAXNAVIBL.

r e s t e s esclarecimentos, piiblicados em novembro de 1896,


prrston o R. um importante servi90 á agriciiltura e á indiistria,
tornando conhecidos em todo o districto, e indicando os meios de
serem empregados, melhoramentos que podem ser facilmente iiti-
lisados nas mais pequenas fabricas de aguardente de cannss, tanto
do sulcomo do norte da Madeira, coin vantagens, não s<i dos in-
(lirstriaes, s e d o tambem dos agricultores.
Os A. A,, q ~ ~ em e , 189fi, p~etendinmj& fazer iiso dos mesmos
nielho~umentos, havia cinco annos, nem sequer na sua citada re-
clamaçRo julgaram opportuno mencioiia!-os !
E' para notar qiie nos precedentes esc!arecimentos o R. deu
com relação aos meios de execuySo das operaçKes relativas ás
combinaç8es da garapa o do liquido do bagaço; instriicções mais
desenvolvidas do que com relapão ás combinações do meiaço e
do liquido do bagaGo.
A raaso Cisto está em que nas circumstancias actiiaes s5o
poucas, em todo o districto, as fabricas qiie possain dispcr de me-
lapo; 1 . O pela di8ci~ldiicledo b.anspoi.te; 2." pelos pezndos ímpos-
tos de importapao ; e 3.' porque s6 um pequeno numero de fu-
-

bricas estavam em circiimstancias de se litilisarem do beneficio da


lei de .30 dezembro de 1893; e estas mesmas nno podiam laborar
com melaço, de qualqiier proveniencia, driiante o t~iiipoda labo-
l a g o da canna.
Mas, o que tainbem é notava1 ó que os A. A., pretendem ter
sempre usado, na sua fabrica, de melaço para mistnrar com o li-
quido do bagaqo, desde qile começaram a laborar com cannas das
novas planlaçòes ; sendo melaço estr,angei~opando os requlanzemz-
tos Jscaes psrmittiam o despacho d'este genero, e nzelap da Juhri-
eação de assucar, dos A. A , , quando os r~egulunzcntosimnpediam o
despucko do melqo rst~angeivocomno szcc<edm em 1884.
Esta indicaçâo especial do anno de 1894 deve fazer crer que,
nos outros annos, os A. h.,nXo reservaram melaço da siia fabrica,
porque os regulameiitos fiscaes não impe&rc&m a importaça0 do
melaço estrangeiro.
Ora o R. já anteriormente teve ocoasião de dizer, em vista de
uma nota da secçiio de estatistica da Alfandaga do Funchal, qual
a quantidade do melago despachado pelos A. A. desde 1888. Por
isso entendo que basta lembrar aqui que, desde março de 1892
a16 31 de março de 1896, os A. A., s6 despacharam, em noveiii-
bro de 1894, a peqiienissima quantidade de 1026 lcilos de melaço,
o que foi sem duvida, devido aos direitos de importação terem
augnientado pela pauta d e 1 7 de jiinho de 1892, que é a que 'i-
gora ainda actualmente. E s6 depois que veio o decreto de 30 de
dezembro de 1895, é que os A. A. importaram maior qnanlidade
de i n e l a ~ o mas
; somente para a fabricaç3.o do alcool para tenipêro
de vinhos; fabricagão que não era entXo pennittido fazer dumnte
a 106oragão da canna, o qiie os mesmos A. A. declararam perante
a Delegaciio do mercado Central, como já foi dito.
Se, pois, desde março de 1892 até ser concedida a patente ao
R. em outubro de 1896, os A. A. n&o despacliaram a u&o ser al-
coo1 para tratamento da vinhos, senTio a pequenissima quantidade
de melaço acima mencionado em novembro de 1894, e isto por se-
rem os direitos de importaçgo muito pesados ;-- é claro que, em
todo este espapo de tempo, não tiveram os A. A. na sua fabrica,
melaço estrangeiro; para mistnrar com a agua bagaço. E, como,
em todo esse tempo, em que os direitos pautaes foram sempre. os
mesmos, os A. A. ein 1892, nSo tendo feito assucar, não podiam
ter melaço que guardassem para 1893, em qne niio despacharam
melaço nenliiiin estrangeiro, e conio, ambos 05 A. A. depoentes
33
.. .........
se referiram s6iiieiito ao auiio de 1894, indicando a IaborayZo de
que tinham guardddo o meiaco para o anno seguinte; parece que
os factos iiBo ae p a s s a r a do rnesmo modo nos annos anteriores o
iminediatos. Ora, como eiii todo o r~feridoporiodo, os A. A. não
tiveram melaço estrangeiro, devo-se concluir que n&o empregaram
inelaço nenlium para misturar coin liquido do bagago antes neiii
depois de 1895. E mesmo Q muito para admirar que em 1894,
qiiando nâo importaram melaço nenllum estrangeiro e tinham,
portanto, grande conveniencia em produzir agilardente, nXo a fi-
zessem de todo o melaço da sua fabrica na occaqiâo em que esta
estava em descauço da laboração do assiiear. Jfas, o11 fôsse o me-
laço estrangeiro ou nacional, o modo por qiie os A. A. pretendem
tal-o empregado, na sua fabrica, 15 t i o contrario ás regias da pra-
ctica industrial, que, o qiie parece terem tido em vista na indica-
$20 de taes opera~ões,é faze]. ciêr que iisaraiu dos processos (10
R. patenteados em 1896.
Com effeito: o melaço, que tem oêrca de 40.' R., nXo pdde,
como a garapa qne tem 8.' a 9 . O B.,misturar-se facilmente com
agud de bagaço á temperatura do 15." a 18.O C.,que é ordinaria-
iiiente no Funclial, a do periodo da !abora$âo da canna.
E' preciso primeiro desfazer o melago n'uma qiiantidade de li-
qiii~lo snfficiante (que no processo do R. deveria ser o m e m o li-
quido do bagago á t e v ~ e r a t u v ade cerca de 60.0 C.; e depois diluir
o melaço rlesfeito, com liquido do bagaco, do modo que o liquido
resultante da mistura, depois de bein mechido fique reduzido &
dansidade de cêrca de 5.0 ou 6.' R. e com a tcmperatnia de 30."
C.; temperatura esta que, descoiitando 5.' de arrefecimento que
poderá soffrer o mesmo liquido na sna passagem para as vasilha5
onde deve ser posto definitivamente em fermentação, se reduza
a 25.' C , qiie é a temperatiira mais favorarei para ebta opera-
$80.
E isto n&o B tudo. O melaço n60 é todo eg7ral. Os fermentos
estão n'elle mair ozc menos conzpletamente este~.ilisados, e as com-
11inaç8es, que prendem lima quantidade importante de assucar, de
que é preciso soltar este, por nzeios apropriados, sâo tambem muito
variaveis. O que é necessario Q saber coiihecer e empregar os meios
precisos, para o bom resultado fabril. E deve-se oonsiderar que o
inventor não tem precisão, fallando das r~oaidadesque introdue
n'nma oparaqão fabril, de descrever as partes da mesina opera-
<;Bo qne silo de prática ordinaria já couhecida, e que n&o s&o ne-
33

cessarias para a intelligencia das mesmas rsovidades. Mas a teste-


munlia a quem s e j~edira descripg3o de uma opeiacrio fabril, de\-e
descrevel-a em todas as suas partea ; nso omittindo nada do que
souber, e que fUr importante, sobre a mesma operação, quer seja
do práctica nova quer de práctica antiga. E isto deverá ser tomado
em consideraç&o por quem quizar apreciar o depoimento das tes-
temunhas que depozeram no proresso.
Ora, o modo porque os A. A,, no seu depoimento, dizem ser
executadas todas as operações com melago e liquidos do bagago,
dentro de um poço, onde a agua do bagaco se n~isturaá gavapa,
ao mela~oe aos clavos ou doce das borvas, ou dos residuos dos clari-
$cadoies (!) e ug?ia da lauugem de dine~sasvasill~as(!) como diz.
o 7 . O art. da petigUo inicial; e onde, segundo o depoinaento dos
A. A., se deitam tambem agora: aespzmlus da garupa, calda da
jí~b~icugiJodo assuca7, j!} lavagens da easu do asszlca?. {eonz tev9"a
e tt~doj,agua dôcc dos .filtros e dos suecos, e tudo yuanto tena algnm
clGce que póde ser aproveitadon, sem regva ncnz medida como j/c se
faz notar; O um modo de proceder fabril tzo fora das regras que
recommenda a boa pratica industrial, que mais parece imaenado
do que executado por quem porveiitura nao estivesse sufficiente-
mente esclarecido na materia, e desejasse fallar, fosse como fosse,
dos diversos melhoramentos indicados nas reivindicaçses da pa-
tente impugnada do R. Sendo para notar que, entre todas estas
numerosas indicacões, a que merece importancia, porque é a que
exprime uma pratica sensata e bem fundada, é aquella em que os
A. A,, sem rejlectivern, dizem a berdadeira razão porque misturam
cclguvnas d'ayuellus materias pouco 1,icas de assuear com agua do
ha;aço: é para as aproveitarem. Isto é bem revelado pelos A. A.
dizendo no depoimento, como acima se vin, que se deita no poço:
tado quanto tem algum doce e que póde ser apraveitad0.n
Xas entre as indicações de materias assucaradas acima apon-
tadas pelos A. A,, ha uma que especialmente demonstra que, na
necessidade, que reconheceram, de se agarrarem a todas as pallias,
esqzcece~an~,ou não conheciam, preceitos dos mais ~udimentaves
que devem sempre ser observados em todas as fabricas d e aguar-
dente!
Com nffeito, é preceito dos mais importantes que todas as va-
silhas onde se teem de par liquidos em fermentaçgo sejam ~nzcito
bem lavadas, afim de evitar que n'estes liquidos se introduzam
vibri8es e qiiaesquer materias capazes de produzir as degeneres-
.>
34

cencias acetica, lactica e, sobretudo, bu@piéa; ppis sào, especial-


mente a ultima, uma g~awissinzaeomplicagão, dlficil de combater
e muito p~ejzcdi~ial aos fabricantes.
Ora os A. A. mandam lawar, 6 verdade, os clnriJcadores e as
outi.as wasilhas da fabrica, é atk o chão da casa, para deitarem
todas essas aguas de lavagens, carvegadas de ~nate&asnocivas á
felmentagão, a que podem causar g~,avissimosp~ejzcizos ao fabri-
cante (sem, sequer, as courem nem, mesmo, as apurarem pela
decantacão,) nos liqzeidos do bcegcc$o que querem faaer fermeritar;
com o pensamento, dizem, de os pôrem nas melhores coiadigCies para
a fevmentação! N%o póde um fabricante de aguardente ter preten-
são nzuis abszcrda, e que mais revele deseonheczmento dosprincipios
porque se deve regular a industria que exerce!
Quanto ao emprego da calda da fabricakão do assucar para
augmentar a densidade do liquido do bagapo, só o poderia fazer
o fabricante que estivesse doido! Pois havia de clarificar-se a ga-
rapa, filtral-a, e evaporal-a, até a pôr na densidade de calda 011
xarope, para ent8o a misturar com liquido do bagaço, com perda
de tempo, de trabalho e de dinheiro!? Não se póde tal conceber!
As aguas dôces dos íiltros s"a as aguas que se deitam nos fil-
tros atraz dos liquidas assucarados que se querem filtrar, para os
desbotarem, e que se utilisam para a fabricação de assiicar bem
regulada, emquanto n'ellas se nota assucar por meio do areometro,
ou mesmo, quando o instrumento não accusa já densidade apre-
ciavel,, por meio da impressZo doce que o liquido produz na lingua,
e por ISSO se chamam aguas dôces.
Mas, assim como os A. A. dizem que deitam calda na agua
do bagaço, tambem podem dizer que lhe deitam uguas doces dos
Jiltros contendo ainda rima grande proporç8o do xarope jáJiltrado.
Todavia as aguas dôces dos filtros, taes quaes, em pratica re-
gular, devem deixar de ser utilisadas na fabricação do assucar,
poderão ser empregadas com vantagem, não para augmentarem a
densidade do liquido do 'bagaço, mas para com ellas se diluir a
garapa ou se aguar o bagapo.
E Q tambem para notar que no seu depoimento os A. A. já
não comprehendem os residzcos dos clarilficadores entre as materias
assucaradas que misturam com a agua de bagapo, como preten-
diam fazer, no art. 7 . O da pntisão inicial; e isto, decerto em con-
sequenoia da observação do 33.' art. da contestação.
Agora. dizem claros ou doce das borras dos clarificadoves. Mas
os c1uro.s dari borixs do& clarificndnres sRo egunes ci gclvnpa cZari-
fil~idtt O ,/il/i'frdfr, íl~~stin:i~l:~ 11Rl':L i1 f:d)ric;~c;(io ilo fissiicar; e n%osn
'pí'do ;idmittir o111 Lo:l pratioa iri~lii.;trialqiin se Ilies (16 oiitro rles-
tino, riiiiito inriiios v:iiil:!joso !
E, quaiido O : ~ l .37." íla lei (10 21 de maio c11~Itil)(i, diz que
n i i d ~sor niiriiilI:trl:t, :L ~iatoiit(~ ciija clcscril)ç2o alir~sentadangci iri-
ilica tiitlo O cliio ii iiocossai.io para a oxut+iiç!icido invento ou os
vortlatl«ii~osinaios clo iiivuritor; ii%o se concebe coino podem os
I\. A. ~II'c~Ic~II(X(T ;L :~11111111:1(;~10da ~j:~teiitodo R . cilja ilescripgao
0s1á hitib, 0111 todos os pontos, com a olarez:~ rlne a lei exige,
voin o prnloxtc~(10 qiia os novos iiivciitos liatriitcndus eram j h ,
hcc ~ n u i t o sr~tg?os,o.rcoctci(los wtrs lhh~ictcsP noto~~i(il?~er/te co~?It~cicío~
do pzròlico, cjiiiiiiclo ti certo (jii(.~os mcJsinos A. A,, aposar do terei11
j5. lido :w iriciiicioiiad:~si*oivinilicaçtcs, iiatiiraliilento tudo rlurmto
'o It. tuin jií ~iiil)lic~:iclo :L ostr resprito, ainclrt Iioja só cliio, sobre
os moios qiic ilizein ter otnprogarlos lia iniiitos aiirios para u. exe-
c111~Goilos irivr!iitos ii~il~iig~i:~clos, iiiclit~rrc3esan,qcls, i7?conipletas, con-
t?~ad;rfol-icls,ladl?ez i?)zp?wtic.a~-eis, e o 1 1 di!shul~,rto7zia,?)tzritus vezes,
com c1 Ootr y)vtrticacr i~idrisfl~iril e cui,7 o q)e~zs~in/r~nto guc presitlizc ri
ilia('?,p?o dos nlBs?iios i~t~/ho~.tra,al~tos do 12. patentcuclos em INDD'!
E, qii:trido iiicsino fi,ssri ~(lniissivrla liypotlicsa cle terein os
A. A . pratiib;t,do, i i i ~sii:i, í'ab~*ica,nT~oscli s i ~ ~ ~ ~ r l / rdoc ~algum ' o s ou
dguns clos tn~~lliorainciitos c10 c.oiirlr do C:aiiii:~-\rial,p:~tc.ntc.:~dosoiii
LHOíi, intw iiiusiiio todos eble,u, t:~cs qii:~es e s t h indicados nas rei-
.\.iiiclic:~çTios tl:~mosilia ~ i : ~ t ~ i ininctat o , assim iizo te ri:^ i'liilílaineiito
1ng;ll :I pi.eloiis%o clos A . A., i:oino mais oxplicitamrrite o clia o
;ii.t. 1 7." cl:~ coiiI,c~s2:~qZo, nos scg~iiiitrbs torinos : (<I'.qiio, ainda
c~ii:~ii(lo:iIgiiii~ oii ;~lgiins dos mclhoraincntcts cwnprolienclidos ii:t
11:~1ont,(> iriil)ugiiarlli, oii iiictsmo toclos ~ l l e s ,tivessem sido aliplica-
rlos orn qii:~lqiii~r M)rio:t da li:iduii~a,on iilesino n'nlgumas d'cllas,
o q11o al~solutairicnlosi, iiega e c!ontest:~, nunca a iinliiignaçAo po-
doha aniiiil1:rr n patonlo :
1." T'orqiio sú SH 11i)dn~ L L % O I 'tacs ; ~ i l n ~ i l l i ~qiiando q ~ ~ s os iiie-
Ilioi~nrnírntos í,uiiliarn sido iit,ilis~t(los j A rle ~ r ~?noda
it ~ ~ o t o v i quando
o,
i'oi,aiii conlic~cidos,jlí, do lir/Õlico ~ ~ s . « f ioii ~ u theo7~ictcn/~71 te, coiiio
clisl)íh 1 4 do 21 do maio rle 18!)G, nos art. $1.' e 37.O n.O L , o
(1110 jiwiclic:nn~ulito so ooiryirc~llariilt~~, pois o peiis:~iiiei~toda lei O g0-
iicr:ilisar, pola coiicussRo das patoiites, o coiiliocirnoi-ito dos novos
1 ~ o ( ~ 1 ~ sous o sincli1stri:is para interessei ílo 1):iiz oii clo c~sta(1o;
C L. O I'orqirn, por. isso mcsino o cliroilo 5 coilc*cssrioclo lirivilagio
36

de invencdo pertence a quem primeiro apresentar o pedido, com


os dociimentos respectivos, lia repartigxo de indiistria, art. 27.'
da citada lei, e no caso de que se trata ninguem apresentou ta!
pedido antes do conde de Cannavial, que aliás não precisa da forpa
d'esta jiirisprudencia nem seria capaz de pedir uma patente en-
costado apenas a ella, e é conscienciosamente o aiictor do invent0.n
Tudo qiianto fica dito demonstra evidentemente quanto é in-
fundada e improcedente a aocão cliie os A. A. se abalançavam a
intentar contra o R. ; na qual não si, fazem papel tristissimo de
contrafactores que procuram pretexto para se aproveitarem do
invento alheio, illudindo a lei, mas fazem papel mais tviste ainda
apresentando-se com não invejavel coragem, a quererem nsbnlhar
o R. ; para proveito seu e dos outros fabricantes (com muitos dos
quaes se combinaram por escriptura pnblica para as despesas
d'esta cansa, em que não duvido~amdar nlgzcns dos mesnzos colrzo
testenzzinhas!) de lima propriedade de que o R. legitimamente
está de posse e que de direito lhe pertence, como fructo do seu tra-
balho e intelligencia iniciativa: sendo d'este modo e por meios
taes, qiie os A. A. Stiscam o socêgcr em procura do qnal foram
em 1887, segiindo agora disseram no seu depoimento, quando se
resolveram a pagar as reparap0es qua o R. entuo llies exigia jii-
diiialmente como contrafactores; e sendo, portanto tamhrin de
jiistiga que os .4. A. para sei! completo soee,go, agora sejam
condemnados a pagar ao R. as indemiiisações que lhe devem, nXo
si, paios grandes yrejuisos que lhe teem catisado nos seus inte
reises e nas despems a que o teem obrigado, mas tamhem pelo
grande mal que lhe tem feito á saude, ha mais de itin anno gra-
iemente ferida o cujo estado é ainda bem melindroso,

CONDEDE C A ~ A V I A L .
A PROVA
-
(SUPPLEMEEITO)

Os A. A. tinliam de provar, n'eita acgâo, as allegações da sua


petição inicial; tiiiliam de provar que o invento de que o Conde
de Cannavial pediu, e lhe foi concedida patente em 1896, não
era novo; tinham de provar que cio modo mais facil e mrcis pro-
veitoso de utilisar paro aglrn~deliteou para a fernzent~ção de me-
l , liyuidos contendo assucar e fermento aprop.iadarnente obti-
dos do bagapo dn crrnna de assacar», conforme as seis veivindica-
çoes constante9 do mesiiio pedido de patente e da respectiva
memoria descriptiva, -j<i era notoriamente conhecido do publico e
usodo nas fabricas.
Deram os A. A,, para isso, 31 testemunhas; das quaes 23
enyregados da yua fctbi~rca, 6 fabricantes dp, aguardente de cannu
dir~ctnrnenteinteressados, como os A. A , , iro resilltado da causa;
r 2 negociantes. qiie teem transacç8es de cnnnas. e oiltras, com OS
mesmos A. A. A

Do estenda1 de 23 assalariados, s6 6 foram chamados a depor,


a saber: a 2.a testemunha do rol. uzce é émlireoado
' " dos A. A ha
24 annos; a Xa, que é empregado dos A. A. hu 27 annos; a 6.*,
p ~ 4e empregado dos A. A. ha 26 annos; a yue é empregado
dos A. A. ha 8 p a r a nove annos; a 9.*, yue é empregado dos A. A.
Iza inais de 16 nnnos: e a 20.*. uue G emnreando dos A . A. ha 28
A w

pura 29 annoc.
1)ois dos seis fabricantes de aguardente de cannas que se apre-
sentaram como testemunhas foram julgados inhabeis para depor,
em vista do art.' 2.511 do Codigo Civil, por serem directamente
interessados na cansa como fabricantes de aguardente ; tendo, al4m
d'isso, mostrado o seu intevesse directo colligando-se com os A. A.
e com outros fabricantes, para concorrerem para todas as despe-
sas d'esta causa, segundo oscriptura piiblica, lavrada na nota do
38
....... .....

tabellião Freitas ; escriptura qiie ficoii sem effeito; mas foi assi-
gnada por estas diias testemiinhas e por oiitros fabricantes. Dan-
do-se ainda a circiimstaucia, a respeito de lima d'essas mesmas
testemunhas, de ter ella tambem assignarlo, com os A. A,, uma
reclamaqão contra o pedido da patente imprignada.
Os outros fabricaiites que eram testemiinhas não cliegaiain a
apresentar-se para depor, p q r q ~ eos A. A,, vendo que as circiim-
stanoias eram identicas, desistiram d'ellas.
De modo que os dois negociantes de cannas, que estXo, mais
ori menos, ein transacções com os A. A,, são as iinioas duas tes-
temunhas que nXo sejam enzpvegados da fabrica, o11 dimctamewta
intercsrados lia causa, e que os A. A. acharam poderem servir-
lhes para provar o sllegado.
Vejamos agora em qiie constitue a prova testemiinhal dos
A. A.
Não 6 objecto de qiiestâo, na presente acçào, qual o material
nocessario para a execupão dos melhoramentos do Conde de Caii-
navial, patenteados em 1896; e, sendo certo que esses melhora-
meirtos podem ser executados na mais peqiiena fabrica de a p a r -
rleiite de cannas, inontada com a mais modesta installaçSo ; sendo
certo que póde ser empregado o mesmo material que tem servido
para a execuçzo dos processos patenteados em 1883;- desneoes-
sario era cançarem tanto os A. A. as testimunhas para as fazerem
dns<:rever tão detalhadamente os seus moinhos de espremer can-
nas e apparellios annexos, que não têern maior importancia na
qliestão de que se tracta. Os empregados dos A. A. (lisseram, em
resiimo, que, ha, actualmente, na fabrica d'estes, quatro moinhos
3e espremer caiinas, ou laminadorcs, compostos, cada um, de tres
cylindros de fnrro Iiorisontaes; sendo certo que dois desses moi-
nhos estzo apenas siparados, um do outro, pela distancia de ma-
tro e meio, e funccionam simultaneamente, espremendo, ora can-
nas, ora bagaço; tendo annexo aos cylindros tubos perfi~radose
armados de to~neiras,dispostas de maneira a podêrem lançar so-
bre o bagaço mais ou menos agua ; e havendo Juncto do segundo
moinho, e perto do lugar onde appareca o bagaço que fica depois
de espremidas as cannas, um elevador para transportar o mesmo
bagaço a um estrado de madeira, d'onde depois desoe para ser es-
premido, pela primeira e segunda veh, nos mesmos dois moi-
nhos que moeram as cannas. Dizendo tambeui as testemunhas que
ha na fabrica mais dois moinhos isolados, qiia fazem servi90 ana-
logo; e que, antes de ser montado, ha uns quatro annos, um dos
dois moiiihos já mencionados, havia, na mesma fabrica, só ires
moinhos.
As ditas testemunhas occuparam-se em dar, mesmo o diame-
metro das perfurações dos tubos destinados á aguagem do bagaço,
e em descrever as mangueiras, cliuveiros e horrifadores, tambem
empregados para o mesmo fim.
Todos estes detalhes só podem servir para deitar poeira nos
olhos dos leitores, ou para lhas cançar a attenção ; sendo, além
d'isso, certo que, quanto mais material pretenderem os A. A. ser
necessario para a execução dos processos da patente que impii-
garam, i~iaisdemonstrarão qiie não teem a convicpão de que es-
ses processos fossem praticados em oiitras fabricas que não tives-
sem o seu material organisado do mesmo modo.
De mais, os meios empregados pelos A. A. para executarrni
a rguagem do bagaço, não teem nenhuma originalidacle, e estão
mesmo compreheudidos nos preceitos estabelecidos pelo R. na me-
inoria descriptiva da patente impiignada, nos seguintes termos.
<<Obagaço poderá ser molhado com agua quente ou com agua
fria, á medida que vae sahindo do inoinho, por meio de uma
bomba ou de um apparelho qualquer que funcione á mau. ou de
iim apparelho automatico apropriadamente disposto sobre o nltimo
cylindro, em ordem a lançar sobre o hagago agua em quantidade
siiffipieute para bem o molhar etc.u
E, pois, evidente qiie esta parte relativa ao material, em que
os A. A. tanto fiaeram accentuar o depoiinento dos empregados
da sua fabrica, não tem importancia alguma para a questão que
se v~ntilla.
E no art. 6.' da petigão i?aicial que os A. A. estabelecem o
.
modo nor aue uretendem ter obtido. iia sua fabrica. ha mais de
L L

cinco annos, os liqiiidos extrahidos do bagaço da canna do assucar,


airnpregnando-o com agua bastante, nxo só para o humedecer,
mas tambem para ficar bem saturado, isto c o n f u m e a pereentu-
gem de assuear pue a ca?zna cont4an.~
$Ias esta asserção está em desharmonia coin a reclamação,
apresentada pelos mesmos A. A. cerca de um anno antes, coiitra
o pedido da mesma patente que impugnam; reclamaçâo em que
declararam que, no processo segiiido até upzrella duta pelos recla-
iiiautes, o bagaço era hunaeclecido.
E agora, segundo o depoimento dos empregados dos A. A , ,
assucar que a canlza contdm, nas sim bein molhado e encharcado,
por diias vezes, antes de cada uma das diias vozes em que é es-
premido, obtendo-se assiin seliyre iinl liqiiido s6, se?npre o nzesnto
para todos os effeitos, c senípre com a pequena densidade de I.',
2." e, quando muito, 3.' Reaiimé, tendo os A . A,. de certo: prin-
cipalmente em vista o qne diz o R. no final da rsivindicaç%o
da siia patente, e querendo, assim, tambem imitar os liquidos obti-
dos pelos processos de maceração do mesmo R. D e modo que os
A. A. affirmam na prova testemzc7zhal consa diversa do que alle-
garam na petigüo inicial; continuando, todavia, a ser contiafa-
ctores.
Quanto ao modo pelo qual algumas das tesbemunhas dizem
qne os A. A. execiitam, de ha annos, a materia da 2.", 3.", 4.",
3.a e 6.' reivindicações da patente impugnada, 6 o mesmo inodo
generico e confuso seguido pelos A. A. no seu depoimento, e ao
qual se não póde dar o nome de processo indtcstrial; sendo apenas
indicações incompletas e vagas, tiradas, sem di~vida,da?leitnra
das reivindicações, que os A. A. quorem imitar, mas que, ainda
assim, não compreliendem bem, e pondose em contradic$%ocom
a ~~eclanzagao mencionada.
Pretender qiie se misturam dentro de um tanqiie, com os liqiii-
dos do bagaço, e com o fiin de elevar estes liquidos de 2.' a 3." X.,
differentes matarias assiicaradas, que, pela maior parte, teein va-
lor saccharino insignificante, e s8o em muito pequena quantidade
em relappio aos liquidos cuja densidade se di%serem destinadas a
a i i p e n t a r , -- n8o i: só indioar uma má operaçso industrial, é qiie-
rer illudir os 4119 não estiverem siiffi~:ientementeesclarecidos no
assumpto.
Mas o qiie i: bem significativo B que os A. A , , para acharem
ditas testdmunhas (test. 24.a e 25.'), que não fossem empregados
da sna fabrica, oii interessados na causa como fabricantes de aguar-
dente de cannas, tiveram precispio de ir, seis annos atraz, isto 6,
ao anno de 1892, buscar dois negociantes que fizeram na fabrica
dos A. A. aguardente uor siia coiita. de cannas aiie tinham con-
' 2

tractado para elles, e aos quaes os mesmos A. A. disseram que,


para que não tivessem prejiiizo, mistiirariam o liquido do bagaço
com a garapa das mesmas cannas. E logo um dos dois negocian-
tes, antigo fabricante de aguardente de cannas, qiie nto?ea tinha
41

diluido a g a ~ a p asenli~com agua ozc uinhzo, entende11 que o poii-


samento dos A. A. era empregarem os liquidos do bagaço para
diliiir a @rapa em logar de a g ~ ~ Sendo,
a. todavia, certo qiie ape-
sar da mesma testeinunha ter ido por muitas vezes á fabrica doi
A. A,, ignora qual a applicação que os mesmos A. A . dão ao li-
quido do bagaço, e tambeiii ignora se os i\. A , , para obtei a
aguardente que foi entregue á testemunha, recorreram, com effei-
to, ao meio que lhe iiidicaram; assim como ignora qual 8 o pro-
cesso e os termos d'elle a que os A. A. recorrem para aprol-eita-
mento do bagaço. oomquanto elle testemunha tenha ido por muitas
vezes á fabrica dos A. A.
E do mesmo modo o segundo negociante disse que os A . A.
tinham declarado que aproveitariam o liquido do bagaâo para mis-
turar com a garapd e desfazel-o para a fermentag5o. Disse mais
que elie testemuniia tem frequentado e ainda frequenta a fabiica
dos A. A,, por motivo de varias transaci.ões qiie com elles tem
tido; mas que não póde descrever o processo que os mesmos A. A.
empregam para o aproveitamento do assucar do bagaço, porque
não tratou de o estudar minuoiosamente. Mas lembra-se de qiie
abse apro~~eitameuto se faz lia muitos annos e qiie as operaeões
essenciaes consistem mz molhar o bagapo com agua e sz~bmettel-o
depois ú pressão dos moinhos. Disse mais que, tambempor se riso
ter dado ao trabalho de estudar os processos enipregados pelos
A. A. para o aproveitamento dos liquidos do bagaço, nXo pCde
explicar o tratamento que estes soffrem e a applicação final que
teem. Disse mais que ha uns vinte amos administrou uma fabrica
de agriardente de cannas na freguezia de Ponta Delgada e foi qiiem
primeiro no norte da Ilha fez aguardente de bagaço com auctori-
sação do Conde de Cannavial, que já então tinha privilegio do
fabrico d'assa aguardente.
De modo que as diias testemunhas que nBo são empregados
da fabrica dos A. A. nem são já fabricantes de aguardentes de
cannas, e são, todavia, negociantes que, de ha muitos anuos, teem
transacções com os A. A,, e por isso frequentam a fabrica dos
mesmos A. A., nada sabem que diga respeito aos processos do
Conde de Canuavial patenteados em 1896, senão que os A. A.
lhe disseram em 1592, que iam misturar agua de baga90 com a
garapa, pelo que entenderam que os A. A. queriam significar que
iam diliiir a garapa com agua de bagago, mas que não sabem se
os mesmos A. A. o fizeram.
6
Foi, portanto, a pretenpno de mostrar que em 1892 os A. A.
pensaram em diluir garapa com agua de bagaeo, que fez com que
os A. A. apresentassem p o r testemunhas os dois referidos nego-
ciantes, mas! pelas mesmas testemunhas, os h. A. nrio mostram
que esta ideia passasse da imaginapão Cessas mesmas testemii-
nhas, visto que ellas declaram que não suben~se os A. A . tai fi-
zeram.
E isto B até o ponto menos importante dos melhor~amentosdo
Coiide de Cannavial patenteados em 1896; pois se refere sbmente
ao objecto da 5.a reivindicacoo.
Os mesmos A. A. não comprehenderam ainda que, em pratica
regular, é menos vantajoso diluir garapa com liquido do bagas?,
do que dar ao liquido do bagaço, por meio rle garapa, a densi-
dade sufiiciente para elle fermentar bem.
Os 11. A,, no seu depoimento, não onsaram indicar uma só fa-
brica onde os processos do R. patenteados em 1896, tivessem sido
usa<los antes de 1896, nem nenhuma das testemunhas dos A. A.
fez essa indicaç80, e at8 a 20.atestemunha declaroii que ignora se
alguem fóra da fabrica dos R. A. tem praticado os mesmos pro-
cessos n'esta Ilha.
E certo que a mesma testemunha diz qne, algnma vez, se
prest&ra a dar algumas informaçRes a visitantes da fabrica, sendo,
todavia, certo que lia mais de dois annos nxo 8 permittida a livra
entrada, em rasZo de um desarranio " que se attribiiiu a má inten-
A

$20 de alguem.
E ainda a 9.a testemunha disse tambem qne ha cerca de tres
para qiiatro annos, tendo-se encontrado um pedaro de ferro entre
o hagago, e desconfiando os A. A. qiie isso fosse praticaclo com
más inteng8es, vedaram a entrada ao publico, de modo que s6 po-
dessem ir ao escriptorio os que tivessem negocios a tratar E,
comquanto a mesma testemunha tambem dissesse que, antes da
fabrica ser vedada ao publico, alguns do* curiosos que n'ella en-
travam, uma vez ou ouira, perguitavam ácerca de ;ma ou outra
operacão que se estava praticando, ignorava, comtudo, s e estas
pessoas ficariam tendo conhecimento dos factos porque pergunta-
vam; sendo certo q i e elle mesmo testemiinha, estando empregado
na fabrica dos A. A., h a cerca de quinze annos, ignora militas
das operações que se praticam no local onde elle testemiinha é
empregado.
Sendo certo tambem qiie a 8." testemunha, apesar de haver
mais de oito annos que era empregado da fabrica dos A. A., de-
clarou não poder dizer por que fbrma se fazia aguardente, por-
quanto iguorava as operapões especiaes d'esse fabrico, por ser
oiitro o serviço em que se emprega na fabrica dos A. il.
Se, pois, os que est%o ha muitos annos empregados nos traba-
lhos da fabrica n%o conliecem bem senão as operapões de que es-
pecialmente se occupam, é evidente que não poderiam os processos
do Conde de Cannavial, que, de mais, são de diffioil comprehen-
&o, tornar se notoriu~nente conhecidos do publico, pela circum-
stancia de um ou outro visitante entrar na fabrica, e algiima vez,
pedir informapões sobre as operações que s e estavam praticando,
ainda quando essas opera~õestivessem sido, desde annos, pratica-
das pa fabrica dos ,!!.A.
E, pois, evidente pelo depoimento das proprias testemunhas
dos A. A,, que os processos do Conde de Cannavial patenteados
em 1896. não erain então conhecidos do publico nem praticados
nas fabricas.
N'estas circnmstancias o conde de Cannavial podaria, talvez,
julg;:
-
deixar de dar urova em contrario do alleeado pelos * h. A.. inas
molhor s'erem inquiridas algumas das suas testemunhas.
lodavia, depois de terem sido inqiiiridas qiiatro, julgou poder
prescindir de todas as oiitrass.
As testemunhas ,inquiridas foram: o Visconde do 12iheiro aeal,
Dr. Joaquim Ricardo da Trindade e Vasconcellos, Dr. .Jo%o Bar-
bosa de Kattos e Cainara e o Commendador João de Betteucourt
Jardim.
Disseram que o conde de Cannavial obtivera, ha já mnitos
aiinos, privilegio de um invento para o aproveitamento do assucar
do bagaço da canna de assncar; que fôra esse privilegio que dbra
logar á acrão que, já antes de 1886, o mesmo conde intentara
contra a íitma William Hinton depois William Hinton 8: Sons, e
que terminou em 1887, por uma escriptiira em que a referida
firma, auctores n'esta causa, pagou ao dito conde as reparações
que elle demandava, e ficou auctorisado por elle a usar de di-
versos processos de que elle tinha privilegio, inclrisivé dos da pa-
tente d? 1885.
Que sabem qiie é preceito dos processos d'esta patente de
1883 por o bagaço enz contacto com ugua apenas su#cienfe para
o hunzedecer e penetra? no i ~ ~ t e r das
i o ~cellulas ainda intactaspas-
sundo-o depois ao luminado?..
44

Que este antigo processo do conde de Cannavial tem sido


usado, de ha muitos annos, por todas as fabricas de aguardente
de cannas que, antes de 1896, passaram a aproveitar o assucar
do bagaço; c citaram nomeadamente muitos d'esses fabricantes.
Que não consta que antes de 1896 fôsse conhecido do publico
ou praticado em qualquer fabrica outro processo, além do antigo
processo do conde de Cannavial, bem conhecido, para o aprovei-
tamento do assucar do bagayo, e que melhor utilisasse os liquidos
assucarados do mesmo baga~o.
E o que mais os confirmava na convicção de que, antes de
1896, não era conhecido nenhum outro processo para o aproveita-
mento do assuoar do bagaço além do já referido do conde de Can-
navial, 6 o saberem, com certeza, que, ainda nos annos de 1896
e 1897, muitos d'esses fabricante^ de assucar e aguardente vieram
pedir auctorisação ao conde de Cannavial para fazerem uso do
mesmo antigo processo, pagando-lhe por isso indemnisação, pare-
cendo-lhes evidente que se fôsse anteriormente conhecido do pu-
blico e usado nas fabricas outro processo mais vantajoso para o
mesmo fim, não viriam, docerto, os fabricantes pedir aiictorisaçXo
ao mesmo conde, mediante indemnisaç20, para usarem de um pro-
cesso antigo, menos va?ztajoso.

- CONDLDE CANNAYIAL.

You might also like