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Conde de Cannaviâl
SOBRE uni INVENTO DE Q U E O MESIIO CONDE OBTEVE
PATENTE EM 1896, E QUE TEII P O R T I T U I ~ O:
PRIMEIRA P A R T E - E a c l a r e o l m e ~ i t o s
SEGUEDA PARTI-O c m e diria o iteu, se tiveasa. n i d o
chamado a d e p o r .
TEILCEIRA P A R S E - l k e n e x b e s d o Rea- bõbre o pa-c clinae-
ram OS ~ a - t o r e a , t e n d o *ido o h n -
m a d o s il d e p o r .
1898
Typ. =Diario Populara
PK!\Orn.%L
William Hinton & Sons
Conde de Gannavial
PRIMEIRA PARTE-np<eRarecimencos
SEGUNDA PAI1TE-e <rime itlriai a Icema, s e i t i v o s s e * i d o
chamado a d e p o r
TERCEIRA PARTE-WednexBea do W e u sobre o que disse-
ram o a A u e o r e s . t e n d o s i d o ~11.2-
mados a depor.
"; wfww*--A
PRIAIEIRA PARTE
«Reivindicaqões :
.iacintho Jg~lacioCubral.
garapa,
nte para ser eiripre-
gada com vantagem para tal fim;
4." -O indicar para o mesmo efeito o nielaço, que
6 preferirel R garapa, por ter maior densidade e dar me-
lhor prodocto;
5 . L - 0 empregar, para diluir a garapa que se quer
pôr eni fermentação, o liquido do bagaço, quando isso
mais convenha, por ter esse liquido pequena densidade
ou porque se n%o possa dispbr de materia assi~carada
conveniente ou por outros motivos;
6."-0 pôr em ferinentação o melaço, desfazendo-o
e diluindo-o com liqiiidos obtidos do bagaço pelos pro-
cessos ji indicados, o11 obtidos por meio de maceração,
segnida ou não, de pressão ,no laininador ou nioinho; ou
ainda com liqiiidos obtidos do mesmo bagaço, em seguil-
do trabalho, por qualqiier dos mencionados processos;
sendo estedultimos liquidos, chamados Iiqiiidos segundos,
para distincção dos que foram extrahidos do bagaço em
primeira operação, que serão chamados, liquidos primei-
ros. Empregam-se assirn para a fermentação do mclaço
não s6 os liquidos extraliidos do bagaço pelo processo j R
patenteado, mas tambem liquidos obtidos do bagaço por
outros processos, proprios para. o mesnio fim, pelo fer-
mento que egualnieilte conteem, alem do assucar, liqui-
dos que poderão ser, alem disso, empregados para dilnir
a garapa.1)
3." P. qiie o mencionado titulo e discripção do in-
vento foram publicados no Boletim d a P~opriedade In-
dushsal ri."3 de Abril de 1896, sendo concedida a res-
pectiva patente de invenção, como se vê do mesmo Bole-
tim, n." 13, referente a outubro de 1896, documentos
juntos; mas.
4.' P. que aqiiella patente OLI privilegio se deve de-
clarar nulla e de nenhum effeito, pelo facto de o processo
nhecido do pilblico e empre-
s de requerido e concedido.
E, com effeito
na cidade do Funchal uma
fabrica coiii apparelhos e machinismos proprios para mo-
enda de canna de assucar e producção de alcool, aguar-
dente e assucar e ahi empregam h a annos os mesmos
processos que o R. descreveu para alcançar a patente.
6." P. que ha mais de 5 nnnos que os A A costu-
mam aproveitar na sua fabrica os liquido6 extrahidos do
bagaço da canna de assucar impregnando-os com agua
bastante i120 SD pari1 o Iiuine(iecer, mas tainbem 23arauficar
benz saturndo, isto coiilot~nea percentagem de assocar que s
canoa eonlénn.
7." P. qne conhecendo os A A npùs as primeiras
experiencias, que o liquido extrahido óo bagaço, d e ~ o i sde
mol7~adopela f o m a indicada, e m demnsiaclo fraco e não
tinha a densidade bastante para ferinentar bem, logo es-
tabalecwam o uso de lhe addicionar u m a materia assucara-
d a para lhe dar a densidade convenielite, empregando
paraeste fim melago, garapa e oirtras inaterias assiicara-
das, coino são os residuos dos clarz,fieadores e os que pro-
vêm clu lavagem cl'estes. e de outros receptaeulos e vasilhame,
8." P. e tambeni ha aiinos que os A A empregam,
para. dilnir a garapa que desejam pôr em fermentação o
liqiiido extrahido do bagaço. e ainda com este l i q ~ ~ i d o ,
ssagein pelo moi-
o melago, pondo-
u modos de apro-
-28-
veitar os líquidos extrahidos do bagaço para a fabricação
da aguardente e fermentação do melaço a que se referem
os artigos 6.", 7." e 8." d'esta petição são essencialmente
egzcaes aos descriptos pelo R. no mencionado Boletim n.'
13 de Abril de 1896, e eram conhecidos do publico e
usados na fnbrica dos AA muito antes de o R. haver re-
querido e lhe ser concedido o privilegio ou patente a que
se referem os artigos I.", 2." e 3." desta petição.
10.' P. que tambem em outras fabricas da Madeira
se empregavam, já muito antes do R. haver requerido e
alcançado o privilegio, os mesmos processos designados
nos artigos 6.", 7." e 8.".
11."P. que n'estds circumstancias o modo descripto
pelo R. para alcançar a patente e privil-gio, não offere-
ceu novidade algiima, nem pode. nem deve sujeitar a li-
berdade de industria, que s6 está sujeita ás restricç6es
que a lei expressamente consigna;
12.' P. que os A A e o R. são os proprios e legi-
timos:
N'estes termos,
13." P. que são os de direito ser esta acção con-
siderada procedente e provada e o R. condemnado a vêr
julgar nu110 e de nenhum effeito o privilegio e patente
de invenção que lhe foi concedida, e a que se referem os
artigos l.', 2.' e 3.' desta petição.
2."
P. que o processo da patente requerida pelo Coude de Can-
navial em 5 de maio de 1896, a elle concedida p e l ~ governo de
Sua Magestade, e hoje impugnada pelos A A, B um invento do
mesmo conde, que representa a consequencia logica, natural e
otil dos seus longos estudos e trabalhos anteriores sobre o assum-
pto, em presença de condições economicas especiaes do districto
do Fuuchal. Porquanto
3.'
P. que o Conde de Cannavial, ha já longo tempo, estudan-
do a estructura da cauna saccharina e o que se passa nos tecidos
d'ella quando submettida á prassáo dos laminadores ou cylindros,
isto 8 , do moiuhe de espremer canna, conseguiu, humedecendo
com agua o bagaço da mesma canna e produzindo os phenomeno
da osmose nas cellulas ainda intactas, e fazendo passar de novo
tudo pelos cylindros, obter facil e economicamente liquidos assn-
carados com a densidade de 4",5 e 5" e mesmo de 5O,5 Beaumé,
e com o valor saccharino correspondente ao d~ um qiiinto da ga-
rapa das cannas de que derivava o b a g a ~ otrâtado por este pro-
cesso, do qual obteve em 1883, sem reclamaç20 alguma, patente
de invenpão, por 15 annos.
4."
P. que por esse tempo, tendo o Conde de Cannavial convi-
dado os donos das fabricas madeirenses de assucar e aguardente
a tratarem com elle para a iitilisaçZo do invento a que se refere
o art. 3.' d'esta contestação, a firma William Hinton, depois
William Hinton &. Sons, A. A. n'este pleito, nSo acceitou as con-
d i ~ õ e sque lhe foram propostas e fez logo uso do mesmo iu~,ento
sem aiictorisa$do. pelo que o Conde de Cannavial, ent5o vistonde
de Cannar,ial, lhe moveu a acpão competente, acâão cm que a
dita firma principiou por negar ao Conde de Cannavial o direito
á respectiva patente, e que terminou por uma escriptnra publica
em que aqciella firma, reconhecendo no masmo conde o direito
que come~árapor negar-lhe, o ir.demnisoii dos damnos qiie lhe
causára e ficou auctorisada a f a ~ e r uso, na siia fábrica, de todos
os processos relativos á fabricayao do assiicar 2 da agilardente,
inclusivé o que se referia ao aproveitamento do bagaço [doe n.O 1.)
!Lo
P. qile o mesmo invento a que se referem os art. 3.' e 4.'
d'esta contesta~ão tem sido usado n?io sb pela firma William
Hinton &- Sons. em virtiide da escriptuia mencionada, mas tam-
bem por todos os fabricante& da Madeira qiie passaram a apro-
veitar o assucar do bagaço da canria sacihai~ina,os quaes pagam
annnalmente a indemnisapão convencimada ao Conde de Canna-
vial, como se mostrará testimiinhalmente e se conclue, em parte,
dos doe. n." 2 e 3.
1'. qiie alem de se fazer pelo modo que acaba de ser indi-
cado outra applicação indirecta dos principios das duas primeiras
reivindicações da patente impugnada pelos A. A., com todas as
vantagens, condições e eircumstancias que se Ihes notam, de har-
monia com os requesitos deduzidos dos art.'G.', 8.' e 37.O n.' 7 da lei
de 21 de maio de 1896, no art. l l . q d ' e s t a contestayão, a prodric-
ção dos liquidos segundos do bagaço e o emprego d'estes e dos pri-
metros na operação de desfazer e diliiir o melaço e muito especi-
almente na sua fermentapão, qne C o fim principal, constituem
iim processo novo que uperfezfoa e inelhora a aguardente do mela-
go, torna rneqzos dispendzoso o mezo de a obtcr, offerece caracteres
novos e privativ.1~e amplta a uttlidade do trabalho da producção,
sevzpqe faczl, dos liquidos do bagaço, o que representa outras van-
tagens especiaes e decisivas em face dos art.' 6.", 8.' e 37.' n.'
7 da citada lei e justifica a 6.a reivindicação da patente de 1896,
qrie 4, como consta do doc. n.O 4:
&-O pôr em fermentação o melaço desfazendo-o P dilu-
indo-o com liqiiidos obtidos do bagaço pelos processos já indica-
dos, ou obtidos por meio d a maceração seguida o11 não de pressão
no Iaminador ou moinho, ou ainda com liquidos obtidos do mesmo
bagaço em segundo trabalho por qualquer dos mencionados pro-
cessos, sendo estes ultimos liquidos chamados liqiiidos segundos,
para distincção dos que foram extrahidos do bagaço em primeira
operação, que serão chamados liquidos primeiros. Empregam-se
assim para a fermentação do melaço não sb os liquidos extrahidos
do b a g a ~ opelo processo já patenteado, mas tambem liqiiidos ob-
tidos do bagas0 por outros processos, proprios para o mesmo
fim, pelo fermento que egualmente conteem alem do assucar, li-
q u i d o ~que poderão ser alem d'isso empregados para diluir a g a -
rapa.
23.'
P. qiie apezar de tudo o que fica dito, a indicação dos pro-
cessos feita pelos A. A. nos art. 6.' a 9.O da petição de fls. 2, não
é ainda assim acompanhada de descripçiies e elementos de infor-
mação bem claros, przcisos e defenidos, como deve sncceder em
todos os bons proressos indiistriaes, ao passo que na discripção
qiie o Conde d e Cannavial juntou ao pedido da patente impiigna-
da pelos A. A. (doc. n.' 4), tudo se acha narrado, previsto e d s -
terminado, sendo certo que, se pode ser annuilada lima patente
que não assignale os procebsos neoessarios para a execução do
invento, segundo o art. 37.O n.O 5 d a lei de 21 de maio de 1896,
n5o seria admissivel, ainda quando fid!tassem todas as outras ra-
zões dicisivas ate aqiii expostas, que valessem contra iima paten-
te r~qiieridacom uma descrippão scientifica satisfatoria, e conce-
dida já, allegaçnes estribadas na pretensso de que sdo conliecidos
os principias e os processos, e desacompanhadas da exposiqão
completa e efficaz de hns e outros, a1lega)ões que denunciam
qiie os h. A. ainda hoje não teem o conhecimento perfeito dos
melhoramentos de que se tracta e deixam entrever que os A. A.
e as ontras fabricas não aproveitam riquezas consideraveis que
pelos mesmos meihoramentos podem aproveitar. E para se v S r
isto e para os oiitros effeitos competentes
24."
P. qiie al8m de serem novos e inventados pelo Conde d e
Caunavial todos os melhoramentos da patente de 1896, como fica
dito n'esta contestação só podem militar contra os A. A. e os
mais fabricantes, e nunca contra o Conde de Cannavial, a s d u a s
unicas especialidades que apparecem na petição de fls. 2. E na
verdade, em primeiro logar
P. que dizendo os A. A. que iia siia fabrica e em outras
da Madeira ha mais de 5 annos não sò se liiimodece o hagayo
mas tambem se costuma deixal-o bem satiirado de xgua, confor-
me a percentngena, d8 assucar q!!e i( canna contbm, (art. 6.' e 10.'
da ~ e t i ~ ãdeo fls. 2), o que póde. muito bem siiçceder, veem mos-
trar evidentemente que os A. A. e os outros fabricantes apenas
conheciam o processo patenteado em 1885, e nãu corihecem ain-
d a hoje em toda a sua contextiira, em todos os seus principias e
applicações o processo cuja patente se pieitéa. Porque
26."
P. q i e se os A. A. confessam que o emprego da maior ou
menor quantidade de agua dependia da maior oumonor percenta-
gem d e assucar de canna, qiler isto dizer que empregando mais
agua com o bagago de canna rica e menos com o b a g a ~ oda can-
na pobre, obedeciam e obedecem, com as outras fabricas generi-
camente invocadas, ao principio fundamental de que o bagago deve
ser aguado de modo qw ao passar depois pelos cylindros produ-
za sempre liquidos com densidade sufficierite para entrarem por.
si sós em fermentasão, e darem aguardente, e para nunca drixa-
rem de fermentar nem serem alguma .iez perdidos ou s6 serem
aproveitados em condiyões desvantajosas, sendo certo qiie se
obedecesse ao princi~iode que qualquer que fosse a densidade de
taes liquidos O sempre facil aproveital-os vantajosamente por pro-
cessos efficazes e uteis usariam tambem o systema da saturayão
quanto ao bagago da canna pouco rica de assucar, 'que é hoje
em geral a da Madeira, uma vez que reconhecem que molhan-
do mais o b a g a ~ otira-se d'elle mais assiicar, embora se affe-
cte a densidade dos liquidos; concliiindo-se de t7,do isto que
os A. A. e os mais fabricantes só conheciam, e. ainda hoje só co-
nhecem bem o processo privilegiado em 1885, subordinado á pro-
ducção de liquidos que tanham sempre d e n s i h d e siifficiente para
entrarem por si sós em fermentacão e serem utilisados lucrativa-
mente. E alem d'isso
27."
P. que, assim, das proprias palavras dos A. A. se dediiz
immediataffiente:
-43-
i.'-qiie tanto os A . A. como os oiitros fabricantes desco
nheciam e não conhecem aiiida bem o principio fundamental d a
patente de 1896 ( l . arei?indicaqZo) porqiie .segundo esse princi-
pio póde-se e deve-se mesmo molhar bem o bagaço ainda que a
canna seja pobre, visto ser sempre possivel iitilizar com, vanta-
gem os liquidos resiiltantes, qualqiier que seja a densidade destes,
ao passo que os A. A. vesm confessar qiiz tanto elles conio os
oiitros fabricantes humedecem o bagaço. da canna pobre e apenas
saturam de agua a canna rica para manterem sempre yma certa
drnsidade,,perdendo a grande qiiantidade de assucar que não se
consegue tirar com o simples humedecimento, sobretudo tratan-
do-se do baga90 da canna das novas planta~ões,que é geralmen-
te pobre de assucar;
2.'-que confessando os A. 4 . que tanto elles como os. 011-
tros fabricantes ignoravam e não conhecem ainda bem o prin-
cipio fundamental da patente de 1896, que impugnani,, confessam
implicitamente que udo conheciam, nem conhecem ainda bem,
não faziam nem fazem todas as applica~õesoii qualqiier das ap-
.plica~õesd'aquelle mesmo principio e que constitiiem a materia
das cinco iiltimas reivindicaç0es da patente mencionada;
3.0--qiic tanto isto assim é que se os A. A. e os outsos fa-
bricantes conhecessem ou fizessem, como allegam ni, petiçso d e
fls. 2, as cinco referidas applicasões, os A. A. viriam evidentemen-
te dizer que tanto elles como 8s outros fabricantes costiimavam
saturar de agiia todo e qualquer bagaço e aproveitar todo o as-
sncar e fermento nelle contidos, por saberem m elas niesmas ap-
plicaç0es qiie os'liqnidos do bagaço p ~ d i a mser aproveitados van-
tajosamente qualquer que fosse a siia densidade, em vez de di-
zerem o que acima fica notado. D'esta maneira
28."
P. que resultando da propria con5ssão dos A. A. que tan-
to estes como os oiitros fabricantes apenas conheciam o processo
patenteado em 1585,e não conheciam e não conhecem ainda
bem, não applicaram nem applicam ainda o processo patenteado
em 1896, segue-se que a situação dos A. A. é absolutamente h-
sustentavel. E agora, considerando-se a segunda especialidade da
petipão de Tls. 2
P. que o emprego que os A A. dizem fazer ha cinco annos,
com outros fabricantes, das lavagens de rarios xl)parelhos de ia.
bricas, como materia assucarada para tornar mais denso o Iiqiii-
do do bagago, longe de representar, q i i ~ n d o tenha sido feita a
applicayão do priiiçipio da segunda reivindicação da patente d e
1896, priqcipio cnja excellenuia os A. A. desconheciam e que foi
tão fertil em consequencias proieitosas nos trabalhos do Conde
de Cannavial, isto é, longe de ter em vista dar mais densidade
ao liquido do bagayo por tima ideia scientifica que uma vez drs-
coberta tinha de ser fecunda em applicações caracteristicas de
grande alcance, significava apenas o intuito de aproveitar o assu-
car dss la\.agens mencionadas, em aguardente, como é costume
fazer-se nas fabricas de assucar qiie teem apparelhos de distiila-
são e c o m o os A. A. podiam evidentemente fazer ha muito. E
com effeito
30."
P. que, concluindo-se, como se viii, da propria confissáo
dos A. A , , ,que estes e os outros fabricaiites desconheciam o pri-
meiro principio fundamental da patente de 1896 (1." reivindica-
@o) e todas as siias applicaqões, segue-se que o mencionado em-
prego das ditas lavagens tem representado, tambem por coiifissão
dos A. A , , nas fabricas que o faqam, iim papel differente d'a-
qrielle que Ihes é assignalado, como a qrialqiier materia assuca-
rada, na segunda reioindicayao da mesma patente, papel que
não pode ser outro, manifestamente, seudo o que foi indicado
no art.29.O d'esta contesta<;ãoe que nao tem significagão alguma
em face do processo industrial pleiteado. E alem d'isso
40."
P que a Conde de Cannavial se achava já então doente de
molestia que depois se aggravou muito, e de que está ainda en-
fermo, 2ão tendo podido por isso dar impulso á execuyão dos
seus novos processos, culas vantagens nXo são de certo ainda
bem comprehendidas pelo publico e pelos fabricantes, o que não
admira porque já os seus processos patenteados em 1885 leraram
muitos annos para vencer a guerra de uns e a incredulidade de
outros, sendo, porem evidente que a mesma não execução dos
processos novos nas differsntes fabricas da Madeira é ontra pro-
va de que elles nem ainda hoje, depois da piiblica~ãoda patente,
da descripção e de outras informações e esclarecimentos, são bem
conhecidos theorica e practicamente dos proprios fabricantes, que
tendo assim deixado até hoje de tratar a tal respeito com o Con-
de de Cannarial perdem riquezas consideraveis que poderiam iiti-
lissr com vantagem sua e com interesse publico, por taes melho-
ramentos.
41."
P. que as fabricas de assucar e agilardente da Madeira szo
em numero de 50.
42."
P. que n'estes termos e nos mais de direito deve ser julga-
da improcedente e não provada a presente acçIio, nulia a impu-
gnarão que os A. A. fazem ao privilegio e patente concedidas a o
Conde de Cannaviai e a que se referem os art.Ox 1. O , 2.' e 3." da
petição de fls. 2 , mantidos e validos para todos os effeitos l q a e s
o mesmo privilegio e a mesma patente, e condemnados os A. A.
a indemnizarem o mesmo Conde de quaesquer perdas e damnos
que lhe advenham d'este pleito.
3
(Seguem as testimuuhas).
V
~ é ~ ~ a c
Replicando, dizem William Binton & Soiis contra
o conde de Cannavial
1." P. yiie, apezar da largueza com que se fez a
contestação, a verdade 6 que o ~uppostoinvento ou des-
cobriniento a que se refere a acção era já anteriormente
conhecido do publico pela applicação que dos respectivos
processos se fazia na fabrica dos A. A. e eni outras.
2 o P. que, embora na patente de invento alcan-
çada pelo R. em 1885, e Lt qual allude o artigo 3." da
contestação, se indicasse como processo melhor de utilisar
para aguardente ou para a firme~taqüodo melaço cs liqui-
dos extrahiclos do baga90 da cannn de assucar d por este
baga90 em contacto com a agua apenas suf$cie%te para o hu-
medecer e penetrar uté 6s cellulas ainda intactas, 6 certo que
os A. A., passados algiins tempos cle cwperieiicia, na sua fabrica
conheceram que era mais vantajoso para aquella eztrncqão,
nico o simples huinedeuiiiiento do bagaço, rnns molhal-o bem,
de maneira qite intezramente satvtrado fosse maior o apro-
veita~neatodo asszlcur n'elle contido;
3." P. que, ~ ~ c ~ e d c então
i i d ~ que o liquido extrahido
assim do bagaço era menos denso, os A. A. addicionavam-
lhe 7~mamateria assucarada, como melago e garapa, afim
de llie darem a densidade conveniente para a fermenta-
ção e tornar niais facil e menos dispendioso o processo do
fabrico da aguardente; e'
4." P. que este processo usado pelos A. A. (art. I.",
2." e 3.") se tornou do conheciinento publico. pela appli-
caqão que d'elle faziam ria sua fabrica no Funchal, e
tanibem pela applicação que do mesmo processo faziam
outras fabricas.
-50-
5." P. que depois d'isto, depois de ser conhecido
pratica e publicamente o referido processo, inencionado
nos art."' 2.' e 3.") b que o R. vendo assim prejudicada
a patente de 1885, se abalançou a requerer a patente de
que se trata. para não perder os proveitos que d'ahi lhe
resnltavam. patente que lhe foi concedida em outubro de
1896, como se v6 do Boletim n." 1 8 do mesmo mea.
6." P. que o R. á sombra d:i patente de 1885, con-
tractou com algiitiias fabricas pagarem-lhe na razzo de
dez reis por almude de garapa extrahida & canna, como
se vê do documento de f, o que representa um onerosis-
simo tributo para todas as fabricas da Ilha da Madeira.
7." P. e assim a escriptura celebrada entre os A. A.
e o R, e a que se allude na contestttção não póde signifi-
car o reconhecimento do direito da patente alcançada, por
este em outubro de 1896, p ~ l arazão bem obvia que essa
escriptura é anterior á mesma patente.
Acceitando as confiss8es uteis, replicando a tudo
o qne offenda pela mais obsoluta negação.
8."P. que, n'estes termos, são os de direito julgar-
se como conclue na petição inicial.
ESCLARECIMENTOS
Circumstancias que precederam e prepararam as
patentes do Conde de Caunavial de {870,1885 e
1896 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 3
Reclamaqão contra o pedido de patente de 1896,
apresentada em 7 de agosto de 1896 por tres
fabricantes da cidade do Funchal, William Hin-
ton & Sons, João Hygino Ferraz & C.a e An-
tonio da Silva Manique.. . . . . . . . . . . . . . 22
I11 Petip5.o inicial da acç8o apresentada em 1896 ... 25
IV Contestapão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
V Réplica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
VI Tréplica.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50 .
V14 . Conloio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
SEGUNDA PARTE
O que Q REe.
diria se tivesse sido
chamado a depor
Impra.clica?ieis, sim.
Corn effeito, dizem os A. A,! no seu sexto articula-
do, que o bagaço da caniia de assucar de que yiierem ex-
trahir os liquidos que empregam na sua fAbrica, é, não
s6 humedecido, mas tavzbem ivzpregnado com agua bnstulete
para$car bem saturado, isso confor~nei1 percentagem de as-
assucar que a caiina contém. Mas o eiitpregado que teni qne
regular a qnaatidade de agua com que deve ser im-
--6 -
CRARLES HiNTON
Aos dezoito de mar90 de mil oito centos noventa e oito, n'esta cidade e
comarea de Funchal, no tiibunal judicial, onde se achava o Dr Joaquim Si-
mües Cantante, juiz de direito e presidente do tribunal cornmeroiirl, comigo
escrivão interino, foi tomado o depoimento ao auctor, com as soleuinidades
declaradas na acta"
Eu Vieente Juliao Goncalvea, esciiv.50 inteiino que o escrevi
Chailes Hrnton, casado, negociante, socio da fiima auctoia Willinm Hin-
ton & Sons, natural da frcguelia de S m t n L u ~ i amo:.ador
, 4 levada de Santa
Lusia, dita freguezia de Santa Luzia, do quarenta e oinco annos de edade,
prestou juramento aos Santas Evsngelbos, que elle juiz Ibe deferiu, promet-
teu dizer a veidade, dos costumeb disse nada E, perguntado sobieo artigo
teroerro da eontestapEo, que lhe foi lida, disse Que lhe consta,por oui7ir di-
zer, que o reu Conde de Cannavial obteve p&ente de invenpdo por quinze
anuoa em mil oitocentos oitenta e cinco, sendo ceito que não pode aErmar
o numero exacto de anuos por que foi concedida a inesuia patente. Disse mais
que tambem ouviu dizer que o fim da patente era para o aproveitamento de
algum assucar que por ventura ainda existisse no bagaço. Disse tambem
que em mil oito centos noventa e um, ae bem se recorda, ou antes de mil
oito centos noventa e um para 04, não havendo csnna suffieiente para fazer
assuear, comprou uma porção, a qual foi moida nos engenhos do costume, e o
bagaço, perfeitamente enoharcado com agna quente ou fria, foi outra vez
moido uma ou duas vezes, isto 6, espremido no engenho, e o produeto rnis-
turado com a garapa e com rnelapo, evitando assim usar tanta agua pnra
desfazer a garapa ou melaço, para pôl-o em grau conveniente parafermen-
tação; porém, depois de haver eanna suficiente para assucar a eanua é
moida ou espremida no cylindro, torna-se a moer o bagaço em outro engenho
ou no mesmo engenho, sendo o producto d'este usado para fabricação doas-
Yucar. O bagaço depois de espremido para assucai encontra ao sahir do
enge?lio um cano perfurado, o qual deita sempre uma porção de agua quente
o u fria, de maneira que fica o bagaço bem molhado, depois d'isso a bagaço
vae As costas de homens ou meohanicamente a um estrado, sonde é outra
vez aguada por meio d'um chuveiro de agua quente ou fria depois de algu-
mas horas de tempo, conforme for conveniente, esse bagaço 6 moido ou es-
premido por eylindro, ao sahir d'cste torna outra vez a encontrar um cano
perfurado com agua quente ou fria, sendo espremido outra vez pelos mes-
mos ou outros eylindros. O producto d'esta operapão dá um liquido de um
até dois e meio graus Beaumé, o qual vae para um tanque onde se deita
melaço ou garapa ou espuma da garapa e calda da fabricação do assuear,
lavagem da casa do assuear, agua dôee dos filtros e do6 sacoos onde a ga-
rapa 6 coada, ou de doce das borras das elarifieadores e tudo quanto tem
algum doce que pode ser aproveitado, tudo Isto com o fim de augmentar a
densidade para obter uma boa femcntação para extrahir alcool. Disse mais
ue em mil oito eentos noventa e um ou mil oito centos noventa e dois, a
i r m a a que elle dopocnta pertence, g astou cêroa de quatro centos ponehes
de melaço, o qual foídeafeito camgarapa e agua do bagaço para fazer alcool.
Disse mais que no anno de mil oito centos noventa e quatro a mesma firma
reservou cerca de cem ponehes de melspo do seu fabrico d'esse xnno para
em mil oito centos e noventa c cinoo ser empregada da mesma fdrma que
acaba de expôr. Ao artigo quarta disse: Que entre a firma authora e o reu
houve ha annos rima qucstffo que acabou por transacções, não podendo rc-
cordar-se preoisamente o anuo em que teve lagar essa transacção, e esta
questão teve origem na patente de mil oito centos oitenta e cinco,faota este
de que tambem elle depoente não póde precisar; que a transaoção a. que se
vem referindo foi feita por meio d'urna escriptura e em eonsequencia do que
n'olla foi estipulado a mesma firma deu ao reu uma quantia ajustada, dando
asuiin por terminada a referida questão. Disse mais que a firma a que elle
depoente pertcnoe, deu ao reu a quantia ajustada, no intento de terminar o
processo e para socego da mesma firma, mas não porque reeonheocsse o di-
reito do mcsmo reu, sendo certo que n a mesma escriprura ficon a firma au-
thorisada a usar do processo de mil oito centos oitenta e cinco e outros
processos, nZo podendo cointudo elle depoente precisar com exactidão eporhas
nem datas com reiorencia á eseriptura e patente. Disse finalmeute que,
aohanùo-se deolarado eni cima que a questão judicial a que se tem referido
tivera origem na patente eouferida ao reu em mil oito centos oitenta a eineo
e declarando-se mais, logo em seguida, que elle depoente naopodia precisar
este facto, julga necessario esclareoer qur o que elle depoente não podo
precisar é simplesmente a data da patente alludida, par isso que tem perilito
conhecimento da que a questão te17e origem n'urna patente antexior á actuai
e não duvida que seja a de mil oito centos oitenta e cinco, mas que em todo
o caso reportou em tudo ao contheudo da escriptura. Ao quinto disse : Que
já antes de mil oito centos oitenta e einoo a firma de que elle depoente faz
parte aproreital'a algum assuear do bagaço. e foi por essa occasião que a
referida firma teve uin pleito com o E U , pleito que acabori por uma traos-
acção a que elle já acima se referiu, mas c certo quo desde ha muito tempo
já se servia d'aquellc processo, isto é, aproveitando o asaucar do bagaço
pelo processo que julgara conveniente para esse eíieito. Disse mais que tam-
bem lhe parece pagar algumas fabricas indemnisapão ao seu ou quantias
ajustadas, com o fim de os seus proprietarios ou gerentes alean assem o seu
socego. Ao sexto disse: nada. Ao decimo oitavo disso: Que &i seu irmão
EIenry Hinton que faz parte da mesma firma, quem tratou do assumpto a que
se refere o presente artigo, e B portanto elle quem podera responder satis-
fatoriameute á materia do mesmo artino segundo elle depoente suppiie. Ao
deoimo nono disse : Que pela mesma razão não póde responder mais do que
já disse ao artigo anterior. E mais não disse aos outros por não lhe ser pcr-
guntado. E mais não disse, e lido o seu depoimento o ratificou e vae assignar
com elle juiz e comigo Yicente Juliãa Gonsalves, cscrivão interino, que o
esoreri.
(a) Joaqvtm Sirnòes Cm~tarite.
(a) Charles Elnton
(a) Vzcente JuliUo Gonsnlvee.
HENRY HINTON
d o s desoito de março de mil oitocentos noventa e oito n'esta cidade e
comaroa do Funohal, no tribunal judicial, ande se achava o Dr. Joaquini Si-
m õ e ~Cantante, juiz de direito e presidente do tribunal commercial comigo
eser'r.ão interino, foi tomado o depoiinent,~ao authar com as soleinnidades
declaradas na acta. E u Vicente Juli3.0 Ronsalves o esercvi.
~ ~ H e n rWinton:
y solteiro, de qiiarcnta e um annos de edade, negociante,
socio da fixma coniinp.rcia1 Williarn Wintan Sons, morador á quinta do'ril,
fregueria de Sancta Luzia, prestou juramento aos SantosEvangellios, que elle
juiz lhe deferio, piornetteu dizer a irerdade, aos costumes disse nada. E per-
guntada ao artigo terceiro da contostaçEo que lhe foi lida disse : Que já antes
de mil oitocentos oitenta e cinco, tinha a firma de que faz parte na sua fa-
brica a.o l'nireáo, usado molhar o bagapo tirando d'elle por meio de nora
passagem no larninador ou cylindros o assuear que o baga90 cont,inha, irinr-
eando o liquido resiiItante d'esta opcraçZo qiiat,ro a cinco graus BeaumB,
que o liquido era lanpado em cubos ou pipas pai.& fermentar seguindo d'alii
para. o alambique para ser dirtiliado e qiie era este o mesmo systerna seguido
pelar, oiitxas fabricas. Disse mais: que de mil oitocentos noventa e i z u i p a m
c & e quando comerou a harer eannas dos cortes novos, a firma rnodifioou um
pouca arjuolle processa, porquanto notou que o bagaco depois de ter passado
por aquella antiga aperapEo mostrara ainda ter assucar e que para o apro-
veitar adoptou o seguinte processo: O bagaço ao sahir dos eylindros 6 mo-
lhado por iim cano perfurado oom agua quente o~ fria e d'ahi é posto ou
conduzido n. um estrado 6s costas do liomem o u meehanioamente, e ahi é
aguado segunda vez por meio de um chuveiro e umamangueira, d'ahi i:cnn-
dueido a um laniinador ficando tão bem molhado n'esta operação que os
homens que acarretam o bagaço ficaram enoharcados, o depoi6: dc chegado
ao laminador é passado novamente pelo meamo. Ao sahir dos eylindros é
novamente molhado por meio d'um cano perfurado e repassado outra vez
n'um Iaminados sendo o u t ~ avez aguado antes de n'este entrar. O producto
d'estas duas operações que marca de um n t,res Beaiirnb é deitado por meio
d'imn bomba n'estes tanques onde é misturado com diversas matcrias assu-
caradas, taes como garapa, agua doce dos filtros, claros das borras dos ela-
rifieadores, cspurnas de garapa e calda ou xarope e melaço, afim de pôr este
liquido em grau proprio para fevmenta~ãoalcoolica. Que em mil oitocentos
noventa e um, sendo o primeiro anuo em que a dita firma comprou canna da
casta nõva, empregou para o fabrico d'alcaol a garapa d'esta eanna no se-
guinte pzocesso. Depois de extrahida a garapa d&canna era a mesma garalia
deitada n'um tanque, e o bagaço, depois de ser bem snturado, era passado ao
larninador uma oii duas vezes pela forma já. explicada, c o liquido resultante
d'esta operação era deitado por meio d'uma bomban'easemesmo tanque com
o fim de diluir a garapa, juntando-se tambem i g u a quando era neccssario
para reduzir o grau ao ponto conveniente para a fermentação, sendo este
liquido misturado depois com mel desfeito quando era conveniente. Disse
mois: que quando os regulamentos fiscaes permittiam o despaclio de mclaoo,
Era este tambeni usado para misturar com agua do bagaço afim de o pôr
n'im grau mais eonvenicnic para a fermentação, c quando os regulamentos
impodiam o despacho de melaço estrangeiro, como suceedeu em mil oito-
centos noventa e quatro, a mesma firma de que faz parte o depoente reser-
vava melaço da scu proprio fabrico para o cffeito indicado. Ao quarto disse :
Que a firma de que elle depoente faz parte fez com o rcu a transacplo de
composipão a que o artigo se refere não si>para socego d'clles authores, mas
tambem porque semprc ouviu dizer quc mais valia unia mz composição do
que uma boa demanda. Disse tambem que se r e ~ o r d ater o reu jA um privi-
legio seu antes do mil oitocentos oitenta e cinco, privilegio este para o
aproveitamento do assucar do baynpo, mas quo nunca reconheceu o mesmo
direito nem elle depoeriie nem a firma de que faz parte. Ao quinto disse:
Que tem ouvido dizer quc os proprietarios das diversas fabricas de espremer
cannz pagam uma indemnisnção ao rcu, não sahendo comtudo at6 que ponto
seja isso verdadeixo. Ao dccimo oitwo disse: Que é facto ou antes i.verda-
deira a materia contida no artigo. Ao deeimo nono disse: Que quando foi
feita e apresentada a reclamação não tinham visto o boletim a que se refere
o arbigo. Ao rigesimo disse: Que ellc depoente sabc ou conhecc é o pro-
cesso de que ha muiios snnos lança m8o a firrna de q~zcelle depocute faz
parte, parecendo-lhe ser o seu processo egual ao processo do reu. E lido o
seu depoimento o ratificou e vae assigna~eom,elle juiz e comigo TTicente
Julião Gonsalves, escrivdo interino, que o escro-ri.
(a) Jocrpuiv?~Sier8es Cantarite
(a) Hmvy Hznton
(a) Vicicente Julzc%o Gonsalces »
TI
BePlexBes do @ande do CarinavSal
menos ricas, o mesmo processo, por mais Lem esecutado que fôsse
não poderia permittii que se aproveitasse vantajosamente o assii-
car do baga90 d'uma grande parte das camas; o qiial ficaria as-
sim todo perdido. P?.ocurou, p&, e descobriu o meio de se apro-
veitar bmn, em todas as fubrzcas, o assucar de todo o bagaço,
niesnzo das cannas mais poáres.
A differença 6 bem frizante.
Assim a firma William EIinton R: Sons teria descoberto qiie de-
via deitar mais agua no bagaço das cunnas das nouas planta~Ues
(yue sâo menos vicas), p o r ter observado que n'elie $cava assucar
que nuuca ti& oáse~vadoque ficasse no bagaço das cannas nzais
ricas das a?itigasplantapo"es tratado pela mesma yzcantidade de agtra!
E d'ahi, tendo suecedido então (caso que, de certo, nso espe-
rava) ugue o liquido do bugaso era menos denson, logo achára e
applicúra; para este mal inesperado, o remedio de deitar, na siia
fabrica, urna materia assucarada no liquido do bagapo!
1%assim teria sido resolvido uin problema tão importante para
todos os ciiltivadores de cannas e fabricantes de aguardente d'es-
tas, nao si, do sul, mas piincipalmente do norte da Madeira. Mas
teve a pncdeneia, de T~SITVUP O segredo só p a r a si, e de e~ectrtur
u?iicaniente na sua fabrica, vão só até quando reclamozc, em 1896,
contra a patente do Conde de Cannavial, que agora impiigna, e
quando não conhecia ainda as ~.eieLlldicagõesda mesma patente,
mas mesmo até qiiando, depois de conhecer em 1897, essas rei-
vindicaçDes, ap~esenton a p e t i ~ â oinicial d'esta acç&o! Foi, real-
r-lente, uma reserva Õenemerita!
Mas, em abril de 1896, o Conde de Cannavial atreveu-se, ou
melhor (na phrase do art. 5.' da replica) ahalanpou-se a requerer
patente dos melhoramentos que a firma Tlíilliam Hinton & Sons,
desejara ter inventado para uso da siia fabrira, e dos quaes,para
não lhe ser voubcccla a iidia, a mesma firma se gi~arcloubem de
falla~; ainda em agosto de 1896, quando reclamou contra o pe-
dido de patente do Conde de Cannavial!
E tendo sido dcsattendida, essa reclamação, e concedida nos
fins de oiitiibro de 1896, a dita patente requerida pelo Conde de
Cannavial, teve elle a i?nprzcdencicc de publicar logo no niez se-
p i n t e , no L>iu+.io do Conznierrio de 25 de novembro de 1896; os
seguintes esclarecimentos, (doc. n.O 9.O e 10." da contestação) sobre
os inesnios inelhoramentos qiie estaram predestinados para a fa-
h ~ i c a\\7illiani Ilinton R: Sons :
4
Eaolsisecimeri<ori.- Julgo util, e oppoituno, dizer agora algumas
palavras para esclarecimento dos que quizercm pedir-me a neceesaria per-
iriiasão para se poderem aproveitar das grandes vantagens dos processos da
patento de i7tvm,çZo que acaba de rrie ser conccdidn e que cornprehende im-
portantes aiolh"lizentus que per?nitton atilisar, cinn n 'maior f~ciiidadee o
maior pvourito, para ayiia~denteou para feime?itaçÜo de rneloço, os liyuidos
cotitenáo osuucur c fermentos, apropiiadamente obtidos do bagaço das c w a s
dc ussricnr.
Os liquidos assiicai.ados obtidos do bagaço com 3: Beaumé s%osuscepti-
reis de fermentar; mas tendo menos do 4.", 5 ou 5 . O B. não est80 ern condi-
gòes favoraveis para a fenrientayio em ordem a produ;.i~niabmu u i n i ~ o s y w a
u distillaç8o. Por isso, no processo de que, ha jh. aiinos, tenho patente, é pre-
ceito essencial que se ponha o bagaço em contacto «com agua apesj.s sal.-
rIcir.nrs para o humedeeer e peneirar até o intevior &i<s eellidau ainda i d a -
""- .
r i n s >,
E é certo que, poi este pi ooesuo, se podem obtei liquidos assuca~adoscorn
4i I3 , ou mesmo 40,s B , sendo as rannas bastante iicas de assucar, e sendo
a operação bem feita.
Mas é certo que a garapa das camas do noite da Ilha tem grau maia
baixo do que a das cannas do siil, e tem-se t k b e m notado que a mesma
garnpa do sul, tem apresentado ultimamente grau mais baixo do que antes
apresentava. Além d'isso ó fóra de duvida que. principalmente nas fahricns
ruraes, ? aguagem do ha,yaço é confiada a empregados que rstXo bem longe
de praticatem esta operaçEo nas condigoes mais favoravois para o fabri-
cante. De modo que, ora o bagas0 é molhado innufficieiitemenle, ou, mesmo,
fica, em parte, s8oc0, resultarido d'alii perda. de assuear que póde ser es-
tiahiilo faciluiente; ora E molhado de mais. dando isso logtr a que o liquido
d'elle obtido n8o tenlia ùeiisidade conveniente. Em arnbos os casos ha, evi-
dentemonte, pcejuiuo in~portamiepara o fabricante.
Porám esse grande inconveniente desnpprweceu pelos ~zovosproeersos, por-
que uzo é j á neoeasario deitar s ô b n o bagaço a agua apenas rrrrrrcriiam
para o Az~mcdeeae penetrar ntA o iittel'ior das oellz~lasicinrla intactu..~
Com effeito pelos processos de que agora me foi concedida patente de
iuvençio, u a g i a póde ser deitada em qziaralidade B A S ' L i N T Z p n r a que se
tenha a ee~teaade ue o bagaeo ficou todo bem molhado; por quanto os liqui-
dos assiioarados d7elle obtidos podein ser vantajosamente utilisadoa, por
muito pqtcena dersidade que tezhn,m, ~ O muito T Laizo que seja o grau que n'el-
Zes maryue o areornetro de Ijeaz~md.
Todos sabem que a garapa que, ao sahir do moiiiho, m a c a 9.O ou 10.OB.
não B posta em fermentaçzo n'esse gran, o qual convem reduiir a 6.0, a b."
5, a 5 . O B.; sendo certo que em 5 . O 5, e, mesmo em 5.0, n fer,ner%toç& A viva;
tem uma ~ n a ~ c hregular;
a está terrniviada ao terceiro dia; e o vinho distillado
uma sd vez, produ~ueaguwdente qihe tem valor commevcial.
Emprega-se ordinariaincnte psra deafazer a gurapa, a agua c o m u m , o11
oritros liquidos sem nenh.um sal07 sachariuo, e que talvez sobrecarregam o
vinlio com principios que prl.j~dica~17ii. o gosto e o cheira d a aguai-dente.
Xos novos Iivopessoi; s narana
~ ~ c~~ é desfeita corn os Liauidod assueuvados
~ ~
Trniãos, que esprernia a 60, 9 tirava das mesmas canrias 60k,9 de garapa
e 39k.1 de bagaço, isto 6, a fabrica do Ferrasl tirava de 100 kil. de cannas
menos llk,I de garapa c m a i ~l l k ,1 de bagaço do que a fabrica de S. João.
Mas a diferença deve aer ainda maior com relaçáo a outras fabricas?
pnis é certo que ha na Nadeira fabricas com moinhos mais pequenos do que
o da antiga fabrica Ferraa, que 6 a que tem hoje a fabrica do sr. Mauique.
Parece-me pois, que por mais estas razòos ndo convem aos proprietarios
iriandar moer caiinas por sua canta, principalmente ein fabricas pegiienas, '
e niuito melhor farão em vender 8s cannss pox iim proilucto certo, em di- !
nheiro ou etn aguardnte. I
h evidente que os fabricantes que comprarem as cannas retiram tambeni I
da gwapa rendimento proporcional ao diametro dos cj-Iindroe, mas esses
têein um recurso que nho têem os proprietarios das eannas : -é npro~,ei$ar 1
ern agilardente o assucar perdido no bagaco.
Por isso nem os proprietarios devem mandar fabricar por sua conta, nem
os fabricantes devem deixar de utilisar em agnardente oe liquidos eonre-
nientemente. obtidos do baga90 qiie lhe darão tantorneis rendimento quanto,
os e lindros, tendo menor diametro, mais assuear tiverem deixado no bagaqo.
8 8 fabricantes quc moem por sua conta, principalmente tendo moinhos
pequenos, e não aproveitam o assucar do bagaeo niio podem fazer interesses
scnEo se poderei11 comprar canna barata e render agua~.dentccara.
Peco i a pessoas a qiiem esto assumpto poder interessar queiram ler com
attenç.io est,e meu eseripto.
Coser: DE CAXNAVIBL.
CONDEDE C A ~ A V I A L .
A PROVA
-
(SUPPLEMEEITO)
pura 29 annoc.
1)ois dos seis fabricantes de aguardente de cannas que se apre-
sentaram como testemunhas foram julgados inhabeis para depor,
em vista do art.' 2.511 do Codigo Civil, por serem directamente
interessados na cansa como fabricantes de aguardente ; tendo, al4m
d'isso, mostrado o seu intevesse directo colligando-se com os A. A.
e com outros fabricantes, para concorrerem para todas as despe-
sas d'esta causa, segundo oscriptura piiblica, lavrada na nota do
38
....... .....
tabellião Freitas ; escriptura qiie ficoii sem effeito; mas foi assi-
gnada por estas diias testemiinhas e por oiitros fabricantes. Dan-
do-se ainda a circiimstaucia, a respeito de lima d'essas mesmas
testemunhas, de ter ella tambem assignarlo, com os A. A,, uma
reclamaqão contra o pedido da patente imprignada.
Os outros fabricaiites que eram testemiinhas não cliegaiain a
apresentar-se para depor, p q r q ~ eos A. A,, vendo que as circiim-
stanoias eram identicas, desistiram d'ellas.
De modo que os dois negociantes de cannas, que estXo, mais
ori menos, ein transacções com os A. A,, são as iinioas duas tes-
temunhas que nXo sejam enzpvegados da fabrica, o11 dimctamewta
intercsrados lia causa, e que os A. A. acharam poderem servir-
lhes para provar o sllegado.
Vejamos agora em qiie constitue a prova testemiinhal dos
A. A.
Não 6 objecto de qiiestâo, na presente acçào, qual o material
nocessario para a execupão dos melhoramentos do Conde de Caii-
navial, patenteados em 1896; e, sendo certo que esses melhora-
meirtos podem ser executados na mais peqiiena fabrica de a p a r -
rleiite de cannas, inontada com a mais modesta installaçSo ; sendo
certo que póde ser empregado o mesmo material que tem servido
para a execuçzo dos processos patenteados em 1883;- desneoes-
sario era cançarem tanto os A. A. as testimunhas para as fazerem
dns<:rever tão detalhadamente os seus moinhos de espremer can-
nas e apparellios annexos, que não têern maior importancia na
qliestão de que se tracta. Os empregados dos A. A. (lisseram, em
resiimo, que, ha, actualmente, na fabrica d'estes, quatro moinhos
3e espremer caiinas, ou laminadorcs, compostos, cada um, de tres
cylindros de fnrro Iiorisontaes; sendo certo que dois desses moi-
nhos estzo apenas siparados, um do outro, pela distancia de ma-
tro e meio, e funccionam simultaneamente, espremendo, ora can-
nas, ora bagaço; tendo annexo aos cylindros tubos perfi~radose
armados de to~neiras,dispostas de maneira a podêrem lançar so-
bre o bagaço mais ou menos agua ; e havendo Juncto do segundo
moinho, e perto do lugar onde appareca o bagaço que fica depois
de espremidas as cannas, um elevador para transportar o mesmo
bagaço a um estrado de madeira, d'onde depois desoe para ser es-
premido, pela primeira e segunda veh, nos mesmos dois moi-
nhos que moeram as cannas. Dizendo tambeui as testemunhas que
ha na fabrica mais dois moinhos isolados, qiia fazem servi90 ana-
logo; e que, antes de ser montado, ha uns quatro annos, um dos
dois moiiihos já mencionados, havia, na mesma fabrica, só ires
moinhos.
As ditas testemunhas occuparam-se em dar, mesmo o diame-
metro das perfurações dos tubos destinados á aguagem do bagaço,
e em descrever as mangueiras, cliuveiros e horrifadores, tambem
empregados para o mesmo fim.
Todos estes detalhes só podem servir para deitar poeira nos
olhos dos leitores, ou para lhas cançar a attenção ; sendo, além
d'isso, certo que, quanto mais material pretenderem os A. A. ser
necessario para a execução dos processos da patente que impii-
garam, i~iaisdemonstrarão qiie não teem a convicpão de que es-
ses processos fossem praticados em oiitras fabricas que não tives-
sem o seu material organisado do mesmo modo.
De mais, os meios empregados pelos A. A. para executarrni
a rguagem do bagaço, não teem nenhuma originalidacle, e estão
mesmo compreheudidos nos preceitos estabelecidos pelo R. na me-
inoria descriptiva da patente impiignada, nos seguintes termos.
<<Obagaço poderá ser molhado com agua quente ou com agua
fria, á medida que vae sahindo do inoinho, por meio de uma
bomba ou de um apparelho qualquer que funcione á mau. ou de
iim apparelho automatico apropriadamente disposto sobre o nltimo
cylindro, em ordem a lançar sobre o hagago agua em quantidade
siiffipieute para bem o molhar etc.u
E, pois, evidente qiie esta parte relativa ao material, em que
os A. A. tanto fiaeram accentuar o depoiinento dos empregados
da sua fabrica, não tem importancia alguma para a questão que
se v~ntilla.
E no art. 6.' da petigão i?aicial que os A. A. estabelecem o
.
modo nor aue uretendem ter obtido. iia sua fabrica. ha mais de
L L
$20 de alguem.
E ainda a 9.a testemunha disse tambem qne ha cerca de tres
para qiiatro annos, tendo-se encontrado um pedaro de ferro entre
o hagago, e desconfiando os A. A. qiie isso fosse praticaclo com
más inteng8es, vedaram a entrada ao publico, de modo que s6 po-
dessem ir ao escriptorio os que tivessem negocios a tratar E,
comquanto a mesma testemunha tambem dissesse que, antes da
fabrica ser vedada ao publico, alguns do* curiosos que n'ella en-
travam, uma vez ou ouira, perguitavam ácerca de ;ma ou outra
operacão que se estava praticando, ignorava, comtudo, s e estas
pessoas ficariam tendo conhecimento dos factos porque pergunta-
vam; sendo certo q i e elle mesmo testemiinha, estando empregado
na fabrica dos A. A., h a cerca de quinze annos, ignora militas
das operações que se praticam no local onde elle testemiinha é
empregado.
Sendo certo tambem qiie a 8." testemunha, apesar de haver
mais de oito annos que era empregado da fabrica dos A. A., de-
clarou não poder dizer por que fbrma se fazia aguardente, por-
quanto iguorava as operapões especiaes d'esse fabrico, por ser
oiitro o serviço em que se emprega na fabrica dos A. il.
Se, pois, os que est%o ha muitos annos empregados nos traba-
lhos da fabrica n%o conliecem bem senão as operapões de que es-
pecialmente se occupam, é evidente que não poderiam os processos
do Conde de Cannavial, que, de mais, são de diffioil comprehen-
&o, tornar se notoriu~nente conhecidos do publico, pela circum-
stancia de um ou outro visitante entrar na fabrica, e algiima vez,
pedir informapões sobre as operações que s e estavam praticando,
ainda quando essas opera~õestivessem sido, desde annos, pratica-
das pa fabrica dos ,!!.A.
E, pois, evidente pelo depoimento das proprias testemunhas
dos A. A,, que os processos do Conde de Cannavial patenteados
em 1896. não erain então conhecidos do publico nem praticados
nas fabricas.
N'estas circnmstancias o conde de Cannavial podaria, talvez,
julg;:
-
deixar de dar urova em contrario do alleeado pelos * h. A.. inas
molhor s'erem inquiridas algumas das suas testemunhas.
lodavia, depois de terem sido inqiiiridas qiiatro, julgou poder
prescindir de todas as oiitrass.
As testemunhas ,inquiridas foram: o Visconde do 12iheiro aeal,
Dr. Joaquim Ricardo da Trindade e Vasconcellos, Dr. .Jo%o Bar-
bosa de Kattos e Cainara e o Commendador João de Betteucourt
Jardim.
Disseram que o conde de Cannavial obtivera, ha já mnitos
aiinos, privilegio de um invento para o aproveitamento do assucar
do bagaço da canna de assncar; que fôra esse privilegio que dbra
logar á acrão que, já antes de 1886, o mesmo conde intentara
contra a íitma William Hinton depois William Hinton 8: Sons, e
que terminou em 1887, por uma escriptiira em que a referida
firma, auctores n'esta causa, pagou ao dito conde as reparações
que elle demandava, e ficou auctorisado por elle a usar de di-
versos processos de que elle tinha privilegio, inclrisivé dos da pa-
tente d? 1885.
Que sabem qiie é preceito dos processos d'esta patente de
1883 por o bagaço enz contacto com ugua apenas su#cienfe para
o hunzedecer e penetra? no i ~ ~ t e r das
i o ~cellulas ainda intactaspas-
sundo-o depois ao luminado?..
44
- CONDLDE CANNAYIAL.