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2. A RECRIAO AFRO-BRASILEIRA
Analisando a fraca presena do negro brasileiro nas artes visuais contemporneas, em flagrante contraste com o perodo do barroco, quando eram dominantes, Clarival do Prado Valadares, num texto de 1988, menciona que essa presena passou a traduzir-se, quase que exclusivamente no que se convencionou chamar de arte primitiva. E explicava que essa arte, aceitavelmente dcil, era o que se esperava do negro. Enfim, uma arte adequada ao lugar que era permitido ao negro na sociedade brasileira. Compreende-se melhor isso ao consultar uma publicao do Ministrio das Relaes Exteriores, em 1966, intitulada Quem Quem nas Artes e Letras do Brasil. Nela esto listadas 298 fichas biogrficas de artistas brasileiros. Dessa lista, somente 16 eram negros. O mesmo Itamaraty, numa edio, em francs, do seu Anurio de 1966 (p. 227) assinala que, no que respeita cor: a maioria da populao brasileira constituda de brancos; a percentagem de mestios fraca. Hoje, no s desapareceu dos Anurios do Itamaraty essa distrao tnica quanto progrediu a participao dos negros nas artes nacionais. No entanto, em tempo algum os negros constituram uma elite nas nossas artes como aconteceu na poca do barroco.