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O povo Bérbere

Os bérberes eram povos nômades do deserto do Saara. Este povo enfrentava as


tempestades de areia e a falta de água, para atravessar com suas caravanas este
território, fazendo comércio. Costumavam comercializar diversos produtos, tais
como : objetos de ouro e cobre, sal, artesanato, temperos, vidro, plumas, pedras
preciosas etc.
Costumavam parar nos oásis para obter água, sombra e descansar. Utilizavam o
camelo como principal meio de transporte, graças a resistência deste animal e
de sua adaptação ao meio desértico.
Durante as viagens, os bérberes levavam e traziam informações e aspectos
culturais. Logo, eles foram de extrema importância para a troca cultural que
ocorreu no norte do continente.

Os bantos
Este povo habitava o noroeste do continente, onde atualmente são os países
Nigéria, Mali, Mauritânia e Camarões. Ao contrário dos bérberes, os bantos
eram agricultores. Viviam também da caça e da pesca.
Conheciam a metalurgia, fato que deu grande vantagem a este povo na
conquista de povos vizinhos. Chegaram a formar um grande reino ( reino do
Congo ) que dominava grande parte do noroeste do continente.
Viviam em aldeias que era comandada por um chefe. O rei banto, também
conhecido como manicongo, cobrava impostos em forma de mercadorias e
alimentos de todas as tribos que formavam seu reino.
O manicongo gastava parte do que arrecadava com os impostos para manter
um exército particular, que garantia sua proteção, e funcionários reais. Os
habitantes do reino acreditavam que o maniconco possuía poderes sagrados e
que influenciava nas colheitas, guerras e saúde do povo.
Os soninkés e o Império de Gana

Os soninkés habitavam a região ao sul do deserto do Saara. Este povo estava


organizado em tribos que constituíam um grande império. Este império era
comandado por reis conhecidos como caia-maga.
Viviam da criação de animais, da agricultura e da pesca. Habitavam uma região
com grandes reservas de ouro. Extraíam o ouro para trocar por outros produtos
com os povos do deserto (bérberes). A região de Gana, tornou-se com o tempo,
uma área de intenso comércio.
Os habitantes do império deviam pagar impostos para a nobreza, que era
formada pelo caia-maga, seus parentes e amigos. Um exército poderoso fazia a
proteção das terras e do comércio que era praticado na região. Além de pagar
impostos, as aldeias deviam contribuir com soldados e lavradores, que
trabalhavam nas terras da nobreza.
GANA
O Império de Gana localizou-se na região Sahelo-sudanesa. O Sahel é uma
área entre o deserto do Saara e as florestas tropicais. No século IV, o período em
que se formaram os Estados Nacionais, era uma área maior. Os soninquês, por
exemplo, habitavam uma área saheliana que hoje já foi tomada pelo deserto.
Isso porque, há 10 mil anos, uma parte relativamente pequena de deserto
começou a se expandir e tomar as proporções gigantescas que o Saara tem hoje.
A adoção do dromedário permitiu que os berberes se tornassem senhores do
deserto no século III. Com este meio de locomoção, o deserto deixou de ser um
“mar” que separava para unir o Mediterrâneo à África. A partir de então, as
comunidades ditas “cameleiras” reduziram à obediência ou à servidão,
habitantes do oásis e passaram a ter no saque, na proteção das caravanas e no
comércio novos meios de aquisição de riquezas. Os povos agrícolas (do Sahel e
da savana) receberam os rebanhos dos pastores (do deserto e do Sahel) e, vale
lembrar, é nesse encontro de culturas que surge a escravidão. Porque os povos
agrícolas estavam acostumados a receberem os berberes com seus rebanhos que
necessitavam de pastos nos meses de estio. Então se praticava o comércio, os
pastores berberes entregavam cavalos, leite, sal, e recebiam cereais e outros
produtos da terra. Só que quando os pastores ficavam tempos demais,
raptavam mulheres, profanavam locais sagrados e o resultado desses conflitos
eram, muitas vezes, pessoas feitas cativas pelos nômades.
O comércio transaariano foi um fator permissivo do desenvolvimento dos
Estados Nacionais e da escravidão, visto que passaram a incorporar o saque às
suas atividades econômicas, ou seja, o respeito entre nômades e sedentários já
não existia mais, é possível que um desses grupos tenha se imposto como
nobreza armada aos sedentários, acelerando o processo de escravidão política e
criação de Estados. Mas, segundo Alberto Costa e Silva, é mais provável que
pela pressão dos nômades sobre as terras dos agricultores, estes tenham
reforçado suas estruturas de poder local para melhor resistir.
O Império de Gana surgiu por volta do século IV como Estado centralizado. As
fronteiras ocidentais seguem a linha do rio Senegal; as orientais perto de
Tombuctu; embaixo são delimitadas pelo rio Níger e acima pela linha de
Tebferilla. Costuma-se dizer que a origem do Império Gana remonta aos
soninquês. O soninquê é um povo que habitou o Saara Ocidental antes dessas
áreas se desertificarem - antes de Cristo. Ki-Zerbo fala da hipótese descrita no
Tarik al Fettach, que Gana teria sido originada por uma dinastia de príncipes
brancos e que os soninquês teriam tomado o controle do Império quando de
tanto se “cruzarem” uma dinastia puramente negra surgiu. Mas a hipótese é
frágil por que fora escrita 12 séculos depois do acontecimento e serve mais do
que outra coisa para dar prestígio para as famílias nobres depois da dominação
islâmica. A origem com os soninquês é a que parece mais aceitável, pois eles
teriam se fortalecido e se fechado para se defender de ataques.
Para tratar da organização política de Gana, é importante frisar alguns
conceitos, como o de Estado, o qual, segundo o Dicionário Aurélio, seria um
povo que ocupa determinado território, sendo dirigido por um governo próprio
- a idéia de Estado estaria ligada à de nação soberana ou divisão territorial. O
Império seria um governo com influência dominadora. Império, visto sob a
perspectiva romana, estaria associado à expansão territorial. Reino, no
Dicionário Aurélio, aparece como uma monarquia. Enquanto Monarquia seria
uma forma de governo na qual o poder supremo é exercido por apenas um
monarca.
Por não possuir vontade de se expandir territorialmente, não ter tentado
unificar todos os povos dentro de seus domínios, de acordo com a visão romana
não podemos considerar Gana um Império. Segundo Alberto Costa e Silva, era
um reino por ter um soberano, um sistema monárquico, mas também um
Estado, por possuir governo próprio. Havia uma esfera de influências, vários
povos próximos à Gana não respondiam diretamente ao rei, mas lhe pagavam
tributo. A soberania não era exercida sobre a terra, mas sobre os homens. O
monarca não estava interessado em ampliar seu poder pela adição de novos
territórios, mas em submeter números crescentes de grupos humanos que lhe
pagassem tributo e pudessem fornecer soldados.
Quanto à sucessão ao trono, ela era matrilinear: era o filho da irmã do rei que
lhe sucedia. Segundo Ki-Zerbo, o escritor árabe Al Bakri diz que era para
assegurar que o sucessor fosse sempre de sangue real, já que seu filho poderia
não ser realmente seu filho. Mas Ki-Zerbo também cita Cheik Anta Diop, para
dizer que o sistema matrilinear foi prática comum aos povos africanos e ligada
ao seu caráter agrícola e sedentário.
Estima-se que na segunda metade do século IX os azenegues tenham
conquistado Audagoste, fato de extrema importância para compreender os
motivos que levaram Gana ao seu apogeu. Os azenegues figuravam entre os
berberes. Dividiam-se em grandes grupos e controlavam rotas comerciais.
Enquanto isso, Audagoste era uma pequena cidade, segundo o Costa e Silva,
fundada por volta do século sete. Apesar de recente, era um centro agrícola,
artesanal e mercantil. Os azenegues conquistaram Audagoste na segunda
metade do século nove. O grande chefe azenegue vivia no deserto e ia de vez
em quando a Audagoste. Esta e Gana se completavam. Audagoste controlava o
comércio de sal e a saída para o deserto e Gana o ouro e as trilhas para a savana
e o cerrado. De acordo com Costa e Silva, no início do século XI os soniquês
subiram até Audagoste e lá puseram seu rei. Assim, o poderio de Gana atingiu
seu apogeu, com seu soberano dispondo de grandes forças militares.
Os arqueiros militares eram em torno de 40 mil durante o apogeu. Usavam
arcos pequenos e flechas com bico de ferro. O alcance da arma era curto, mas os
arqueiros eram temidos e decisivos nas batalhas. Uso de eqüinos segundo Costa
e Silva, Al Bakri diz que os eqüinos de Gana eram pequenos. O
desconhecimento da sela, do estribo e do freio reduzia o impacto do cavalo
como animal de guerra. Mas não os excluía das batalhas, já que a montaria
fornecia certa mobilidade. O cavalo aparecia como sinal de prestígio. É também
provável a existência de tropas camaleiras, inclusive o uso do dromedário para
a captura de escravos. A infantaria era a força básica do Exército de Gana,
sendo mais de 100 mil soldados, a qual demonstra, portanto, a força militar
alcançada pelo Império.
O cavalo, visto que era ligado à pompa do estado, era o transporte do soberano.
O gana só montava a cavalo e percorria a cidade, duas vezes entre cada levantar
e pôr-do-sol, acompanhado pelos grandes do reino. A comitiva era precedida
por tambores e pífaros, sendo os tambores utilizados em rituais ligados à
religião e à corte, como mais tarde seria comum em quase todos os desfiles reais
por África. Parece certo que havia tambores especiais para cultos religiosos e
cerimônias da corte. O gana estava vestido de túnica, assim como o herdeiro
presuntivo. O gana e seus escravos, cavalos cerimoniais e cachorros andavam
ornamentados com muito ouro. Aos súditos era vedado usar túnicas ou roupas
que sofressem costura, apenas podiam usar longos cortes de tecido, quando as
posses o permitiam. Ao verem o gana, jogavam areia sobre suas cabeças. Os
muçulmanos aplaudiam o rei.
Quando morria o gana, erguia-se uma grande cabana de madeira para acolher
seu corpo. Ali se colocavam suas vestes, suas armas, os objetos que usara para
comer e beber, e comida e bebidas. Conduziam-se para dentro do que seria o
túmulo os criados que tinham servido ao rei. Ki-Zerbo diz que isso era para
prevenir que não ocorreriam envenenamentos. Vedava-se a porta. O povo
jogava terra sobre a cabana, até que houvesse uma espécie de colina. Ao redor,
cavava-se um fosso. Ao morto, eram oferecidos sacrifícios humanos e bebidas
fermentadas.
O ouro era taxado em forma de tributos ao gana, para manter sua numerosa
corte. O minério refinado era para o rei, já o ouro em pó era de quem
encontrasse. A obtenção de ouro é um processo curioso. Passadas as cheias,
cavavam-se poços quadrados, de uns 75m de lado, que raramente iam abaixo
dos 20m. À medida que os poços desciam, suas paredes iam sendo reforçadas
por vigas de madeira e nos lados uma grade de varas que servia também de
escada por onde baixavam os mineiros. Cavavam-se túneis horizontais e
mandavam em cabaças o minério para a superfície e este era catado pelas
mulheres ao entardecer. São hipóteses levantadas de como se extrai atualmente.
O ouro viria ali ter não só de Bambuk e Buré, mas também de Lobi. E. Jenné
poderia já ser então seu importante entreposto. Há uma hipótese mais simples:
situando-se Bambuk dentro da forquilha formada pela confluência do Falemé
com o Senegal, teria sido confundido com uma ilha. O sal, artigo raro, era
permutado muitas vezes por igual peso de ouro, ou mesmo o dobro. As
principais rotas utilizadas para o entreposto de sal e outras mercadorias do
Magreb pelos lingotes de ouro eram: Gana a Sijilmessa, Tafaza, Audagoste e
Tagante(azenegues). De Gana a Sijilmessa se atravessava durante dois meses
desertos absolutos, pelos quais se podia marchar 14 dias sem encontrar água. A
de maior fortuna teria sido a que passava por Tagaza, um centro onde se
trocavam as mercadorias do Magreb pelo sal que se ia vender no Sudão. Já no
Audagoste e no Tagante, as rotas eram controladas pelos azenegues, que se
haviam convertido a um maometismo exigente e militante.
Os zanatas controlavam o comércio na cidade de Sijilmessa e também alguns
entrepostos em Audagoste. Com o desejo de também ter por seu domínio estes
entrepostoso, os Almorávidas se lançam cada vez mais ao sul do Marrocos e
passam a ter um controle mais eficiente nos comerciantes zanatas de
Audagoste.
Com o impasse que se seguia entre os azenegues do deserto, Abubacar se
retira do Marrocos e deixa no seu lugar Yusufe Ibne Tashfin, que era seu primo,
e também sua mulher Zoinabe, de quem se divorcia. Passada a ruputura que
afluía no deserto, Abubacar volta ao Marrocos, porém seu primo não lhe
devolve o poder em partes.
Paralelo ao desmembramento em duas “facções”, a do norte e a do sul, ambas
cada vez mais buscavam expandir seus domínios, o que acarretará mais adiante
na morte de Abubacar em 1070, em uma homogênea ocupação Almorávida do
Ebro ao Sael, sob o comando de Yusufe.
As “tribos” azenegues estavam cada vez mais inerentes ao domínio
almorávida que se concentrava no Marrocos. Desta maneira, o declínio
começava a se assentar nas várias tribos azenegues que passaram a oferecer
ataques repentinos aos “grandes senhores Almorávidas”.
Os almorávidas deixaram grande contribuição para a islamização de grande
parte das populações do norte do Sudão Ocidental, sobretudo os soninquês que
iriam se transformar em fervorosos catequistas, além de um rompimento com o
equilíbrio entre a agricultura e a pecuária existentes no Sael, substituindo terras
que eram cuidadosamente lavradas por campos de pastoreio e a conversão
pelos azenegues a seu modo de vida de alguns núcleos que abandonaram a
lavoura pela criação de gado e aderiram ao nomadismo. Com os rebanhos
numerosos, cedo desertificaram o que então era o Sael e saelizaram o que então
era savana. Certos reis e nobres sudaneses começaram a usar até mesmo o véu
sobre o rosto, o litham.
Em 1203 ou 1204, os Sossos tomaram militarmente Gana e muitos mercadores
soninquês emigraram para outras terras, especialmente para um lugarejo que
crescerá com o nome de Ualata e se transformará no mais importante porto
caravaneiro do Sudão Ocidental.

ANTIGOS IMPÉRIOS AFRICANOS

Na apresentação das grandes civilizações africanas, em 1000 a.C., povos semitas


da
Arábia emigram para a atual Etiópia. Depois, em 715 a.C. o Rei de Cush, funda
no Egito a 25ª
Dinastia. Em 533 a.C. transfere sua capital de Napata para Meroé, onde, cerca
de cinqüenta
Anos depois, já se encontra uma metalurgia do ferro, altamente desenvolvida.
Por volta do ano
100 a.C. desabrocha, na Etiópia, o Reino de Axum.
O tempo que se passou até a chegada dos árabes à África Ocidental foi, durante
muitos
séculos, considerado um tempo obscuro, face à absoluta ausência de relatos
escritos, que só
apareceram nos séculos XVI e XVII, com o “Tarik-Al-Fattah” e o “Tarik-Es-
Sudam”, redigidos,
Respectivamente, por Muhammad Kati e Abderrahman As Saadi, ambos
nascidos em
Tombuctu. Mas o trabalho de arqueólogos do século XX, aliado aos relatos da
tradição oral,
conseguiu resgatar boa parte desse passado.
O mais antigo desses reinos foi o da Etiópia. Entre os séculos III e VII, a Etiópia
teve
como vizinhos outros reinos cristãos: o Egito e a Núbia, contudo, com a
expansão do
islamismo essas duas últimas regiões caíram sob o domínio árabe e a Etiópia
persistiu como
único grande reino cristão da África. Antes do efetivo início do processo de
islamização do
continente africano, a África Ocidental vai conhecer um padrão de
desenvolvimento bastante
alto. E, os antigos Estados de Gana, do Mali, do Songai, do Iorubá e Benin, são
excelentes
exemplos de pujança das civilizações pré-islâmicas.
Império do Gana
O Antigo Império Gana teve seu apogeu entre os anos 700 e 1200 d.C. Acredita-
se que
o florescimento desse império remonte ao século IV. Fundado por povos
berberes, segundo
uns, e por outros, por negros mandeus, mandês ou mandingas, do grupo
soninkê. O antigo
nome desse império era Uagadu, que ocupava uma área tão vasta quanto à da
moderna
Nigéria e, incluía os territórios que hoje constituem o Mali ocidental e o sudeste
da Mauritânia.
Kumbi Saleh foi uma das suas últimas capitais. Segundo relatos históricos, o
Antigo Império de
Gana era tão rico em ouro, que seu imperador, adepto da religião tradicional
africana, tal como
seus súditos, eram denominados “o senhor de ouro”. Com a concorrência de
outras potências
no comércio do ouro, o Antigo Império Gana começou a declinar. Até que, por
volta de 1076
d.C., em nome de uma fé islâmica ortodoxa, os berberes da dinastia dos
almorávidas, vindos
do Magrebe, atacam e conquista Kumbi Saleh, capital do Império de Gana.
O Império do Mali
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Os fundados do Antigo Mali teriam sido caçadores reunidos em confrarias
ligadas pelos
mesmos ritos e celebrações da religião tradicional. O fervor com que praticavam
a religião de
seus ancestrais veio até bem depois do advento do Islã. Conquistando o que
restara do Antigo
Gana, em 1240, Sundiata Keita, expandiu seu império, que já era oficialmente
muçulmano
desde o século anterior. E, o Mali se torna legendário, principalmente sob o
mansa (rei) Kanku
Mussá, que, em 1324, empreendeu a peregrinação a Meca com a intenção
evidente de
maravilhar os soberanos árabes.
Império Songai
A organização do Songai era mais elaborada ainda que a do Mali. O Império
Songai
teria suas origens num antepassado lendário, o gigante comilão Faran Makan
Botê, do clã dos
pescadores sorkôs. Por volta de 500 d.C., diz ainda a tradição, que guerreiros
berberes,
chefiados por Diá Aliamen teriam chegado à curva norte do Níger, tomando o
poder dos
sorkôs. A partir daí, a dinastia dos Diá reina em Kukya, uma ilha perto do
Níger, até 1009,
quando o reino se converte oficialmente ao islamismo e transfere a capital para
Goa, onde a
dinastia reina até 1335. Nesse ano, o povo songai se liberta do Antigo Mali, de
quem se
tornara vassalo em 1275 e, começa a conquistar as regiões vizinhas.
Império Kanem-Bornu
Outro grande Estado da África Negra, florescido por essa época, no norte da
atual
Nigéria, foi Kanem-Bornu, em torno do ano 800 d.C. As cidades-estados
haussás, situadas
entre o Níger e o Chade que se encontram em uma grande encruzilhada.
Constituíram-se por
volta do século XII, em redor das vias comerciais que ligavam Trípolis e o Egito
à floresta
tropical, por um lado, e, por outro lado, o Níger ao alto vale do Nilo pelo
Darfur. Os haussás ou
a classe dirigente são negros que habitavam muito mais ao norte e a leste do
que hoje. Junto
com o Mali e o Songai, um dos mais vastos impérios dos grandes séculos
africanos foi o
Kanem-Bornu. A sua influência, no seu período de maior esplendor, estendia-se
da Tripolitânia
e do Egito até ao Norte dos Camarões atuais e do Níger ao Nilo. Nas origens do
Kanem
encontra-se a conjunção dos nômades e dos sedentários.
Império Iorubá
A sudeste da atual Nigéria constituíra-se o poderoso e dinâmico grupo Ibo.
Possuía uma
estrutura ultrademocrática que favorecia a iniciativa individual. A unidade
sociopolítica era a
aldeia. No sudoeste, desenvolveram-se os principados iorubás e aparentados,
entre os séculos
VI e XI. As suas origens, mergulhadas na mitologia dos deuses e semideuses,
não nos
fornecem, do ponto de vista cronológico, informações suficientes. O grande
passado de todos
estes príncipes é Odudua. Seria ele próprio filho de Olodumaré, que para
muitos seria o
Nimrod de que fala a Bíblia, ou segundo a piedosa tradição islâmica, de
Lamurudu, rei de
Meca. O seu filho Okanbi, teria tido sete filhos que vieram a ser todos “cabeças
coroadas”, a
reinar em Owu, Sabé, Popo. Benin, Olé, Ketu e Oyó. Por volta do século XII, Ifé
era uma
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cidade-estado cujo soberano o Oni, era reconhecido como chefe religioso pelas
outras cidades
iorubás. É que Ifé, fora o lugar a partir de onde as terras se teriam espalhado
sobre as águas
originais para, segundo a tradição, fazerem nascer o mundo. Os iorubás foram
expulsos da
antiga Oyó pelos Nupês (Tapas) estabelecendo-se no que é a Oyó de hoje.
Império do Benin
Famoso por sua arte, o Benin, situado à sudeste de Ifé, foi fundado, segundo a
tradição, também por Oranian, pai de Xangô, sendo então, intimamente
aparentado com Oyó
e Ifé. A primeira dinastia a reinar teve, segundo mitos, primeiro doze Obas
(reis) e terminou
por uma revolta, quando se constituiu em reino. Seu apogeu ocorreu no século
XIV, com a
capital Edo, que perdura até hoje.
A cultura nagô, evidenciada nesta pesquisa, tem procedência no grupo dos
escravos
sudaneses do império iorubá, acima citado, em suas origens. Na verdade a
denominação
“nagô” foi dada, no Brasil, a língua iorubá que foi, na Bahia, a “língua geral”
dos escravos,
tendo dominado as línguas faladas pelos escravos de outras nações. O iorubá
compreende
vários subgrupos e dialetos, entre os quais o Egbá, que inclui o grupo Ketu e
Ijexá, das tribos
do mesmo nome, cujos rituais foram adotados, principalmente o Ketu, pelos
candomblés mais
conservadores. Do ewe “anago”, nome dado pelos daomeanos aos povos que
falavam o
iorubá, tanto na Nigéria como no Daomé (atual Benin), Togo e arredores, e que
os franceses
chamavam apenas nagô.1

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