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4.

1 Vigência e eficácia da lei: as leis nascem e permancem a lei, alegando que não a conhece (princípio da obrigatorie-
INTRODUÇÃO em vigor até serem revogadas por outra lei. dade). Visa a garantir a eficácia global da norma jurídica,
4.2. Regras: que estaria comprometida, caso se admitisse a alegação
O Direito Civil é um dos ramos do direito priva- a) A lei começa a vigorar em todo o País 45 dias depois de de ignorância de lei vigente (a publicação oficial da lei tem
do que se destina a regulamentar as relações oficialmente publicada, salvo disposição contrária; por fim torná-la conhecida).
de família e as relações patrimoniais que se b) Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei Erro de direito: é o conhecimento falso da lei, como
formam entre os indivíduos encarados como brasileira, quando admitida, inicia-se 3 meses depois de causa de anulação de negócios jurídicos, que só poderá
tal, isto é, como membros da sociedade. oficialmente publicada; ser invocado quando não houver o objetivo de furtar-se
Os princípios que orientaram a elaboração do c) Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publi- ao cumprimento da lei.
Código Civil de 2002, segundo Miguel Reale cação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste
são os seguintes: a) sociabilidade: prevalên- artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da 7. Integração das normas jurídicas.
cia de valores coletivos sobre os individuais, nova publicação; Corresponde à atividade jurídica de preencher as lacunas
sem prejuízo do valor fundamental da pessoa d) As correções a texto de lei já em vigor consideram-se da lei, fazendo uso dos mecanismos da analogia, costu-
humana; b) eticidade: a pessoa humana lei nova; mes e princípios gerais do direito, nesta ordem, diante
considerada como fonte de todos os demais e) Artigo 8°, § 1°, da Lei Complementar 95/98: a contagem da omissão legal.
valores, priorizando a eqüidade, boa-fé, justa do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam
causa e demais critérios éticos, conferindo período de vacância far-se-á com a inclusão da data da 8. Interpretação das normas jurídicas: consiste em
publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no descobrir o sentido e o alcance da norma jurídica.
maiores poderes aos juízes para solucionar
dia subseqüente à consumação integral. Por exemplo: o Princípio adotado: na aplicação da lei, o juiz atenderá
de forma mais justa – cláusulas gerais; c)
novo Código Civil, Lei 10.406/02, foi publicado no dia 10 aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do
Operabilidade: o direito é feito para ser efeti­
de janeiro de 2002, com prazo de vacância de um ano, e bem comum.
vado, executado. O complicado, portanto, deve entrou em vigor no dia 11 de janeiro de 2003.
ser afastado. Exemplo: prazos prescricionais f) Não se destinando a vigência temporária, a norma estará 9. Eficácia das leis no tempo: consiste em determinar
e decadenciais separados no CC. em vigor enquanto não surgir outra que a altere ou revogue qual a lei, entre a nova e a antiga, que será aplicada às
São princípios gerais do Direito Civil os se- (princípio da continuidade); situações anteriormente constituídas.
guintes: a) da personalidade; b) da autonomia g) Só é possível a revogação de uma norma por outra de 9.1. Princípio adotado: da irretroatividade, como regra, e
da vontade; c) Da liberdade de estipulação mesma hierarquia ou de hierarquia superior. o da retroatividade, como exceção. Assim, a lei em vigor
negocial; d)da propriedade individual; e) da h) A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico
intangibilidade familiar; f) da legitimidade da declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.
herança e do direito de testar; g) Da solida- inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. 9.2. Ato jurídico perfeito: é o já consumado segundo a lei
riedade social. i) A lei nova, que estabelece disposições gerais ou espe- vigente ao tempo em que se efetuou, já tendo produzido
ciais a par das já existentes, não revoga nem modifica a seus efeitos jurídicos, uma vez que o direito gerado foi
lei anterior. consumido.
j) Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se 9.3. Direito adquirido: é o que já se incorporou definiti-
Lei de Introdução
restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. vamente ao patrimônio e à personalidade de seu titular,
ao Código Civil 4.2. “Vacatio legis”: é o lapso de tempo existente entre a não podendo a lei nem fato posterior alterar tal situação
data da publicação e o termo inicial da obrigatoriedade. jurídica.
1. Generalidades: Decreto-Lei 4.657/42, que trata da
vigência, revogação, aplicação, interpretação e eficácia 9.4. Coisa julgada: é a imutabilidade dos efeitos da
5. Revogação de uma lei. sentença, não mais sujeita a recursos.
da lei no tempo e no espaço, de suas lacunas e da
5.1. Conceito: é a exclusão da norma jurídica do mundo
impossibilidade de ser alegada sua ignorância.
jurídico, tornando-a sem efeito e retirando sua obrigato- 10. Eficácia da lei no espaço:
2. Características:
ridade. 10.1. Princípio da territorialidade: a norma jurídica
5.2. Espécies: aplica-se no território do Estado, estendendo-se às
a) Diz respeito a todo o ordenamento jurídico, e não
a) Abrogação: é a supressão total da norma an­terior. embaixadas, consulados, navios de guerra onde quer
só ao Código Civil;
b) Derrogação: é a supressão parcial da norma anterior. se encontrem, navios mercantes em águas territoriais ou
b) Trata-se de um conjunto de normas sobre normas,
Exemplo: o Código Civil de 2002 ab-rogou o Código Civil em alto-mar, navios estrangeiros (menos os de guerra em
que determina sua interpretação e aplicação no tempo
de 1916 e derrogou o Código Comercial de 1850. águas territoriais), aeronaves no espaço aéreo do Estado
e no espaço, além de suas fontes.
c) Revogação tácita: ocorre quando há incom­patibilidade e barcos de guerra onde quer que se encontrem.
3. Funções:
entre a lei nova e a lei antiga, uma vez que a nova passa a 10.2. Princípio da extraterritorialidade: alude à possibili-
regular inteiramente a matéria; dade de a norma ser aplicada em território de outro Estado,
a) Regular a vigência e a eficácia das normas jurídicas
d) Revogação expressa: dá-se quando expressa­mente é com base nos princípios e convenções internacionais.
– arts. 1° e 2°;
b) Garantir a eficácia global da ordem jurídica, ao
declarada pela lei nova. 10.3. Princípio adotado pelo Brasil: territorialidade
5.3. Art. 9° da Lei Complementar 95/98: a cláusula de moderada.
não admitir o erro de direito, que a comprometeria
revogação deverá enumerar, expressamente, as leis ou Link Acadêmico 1
– art. 3°;
disposições legais revogadas, visando evitar antinomias
c) Estabelecer mecanismos de integração de normas,
e obscuridades. Relação Jurídica
quando houver lacunas – art. 4°;
5.4. Repristinação: pelo art. 2°, § 3°, da LICC, a lei
d) Fornecer critérios de hermenêutica – art. 5°;
revogadora de outra lei revogadora não tem efeito repris-
e) Apresentar soluções para o conflito de normas no
tempo (art. 6°) e no espaço (arts. 7° ao 19);
tinatório sobre a velha lei abolida, a não ser que haja 1. Conceito: é o vínculo entre pessoas, em razão do qual
pronunciamento expresso do legislador a esse respeito. uma pode pretender um bem a que outra é obrigada.
f) Garantir a certeza, a segurança e a estabilidade do
Ou seja, a revogação da lei revoga­dora não implicará o
ordenamento, preservando as situações consolidadas
em que o interesse individual prevalece – art. 6°.
seu retorno ao mundo jurídico. 2. Elementos: pessoas (sujeitos ativo e passivo), bens
6. Obrigatoriedade da lei: ninguém se escusa de cumprir

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(objeto) e os fatos jurídicos. c) Os que, mesmo por causa transitória, não puderem b) A emancipação por outorga dos pais ou por sen-
Notas: exprimir sua vontade. tença do juiz;
a) As relações sociais decorrentes da interação entre as 3.4. Relativamente incapazes: c) A interdição por incapacidade absoluta ou relativa;
pessoas transformam-se em relações jurídicas quando a) Os maiores de 16 anos e menores de 18 anos; d) A sentença declaratória de ausência e de morte
previstas na norma jurídica; b) Os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por presumida.
b) A relação jurídica nasce então da ocorrência de deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; 7.4. Atos jurídicos averbados em registro público:
um fato propulsor ou jurídico (dependente ou não da c) Os excepcionais, sem desenvolvimento mental com- a) Sentença que decretar a nulidade ou anulação do
vontade humana), que, por estar disciplinado na norma pleto; casamento, o divórcio, a separação judicial e o resta-
jurídica, passa a produzir efeitos no mundo jurídico; d) Os pródigos belecimento da sociedade conjugal;
c) Os elementos da relação jurídica constituem o ob- Notas: b) Atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou
jeto da Parte Geral do Código Civil e estão presentes i) O pródigo é aquele que gasta de forma desmedida, dis- reconhecerem a filiação;
em praticamente toda relação, de qualquer ramo do sipando seus bens, sua fortuna. Sua incapacidade relativa c) Atos judiciais ou extrajudiciais de adoção.
direito; restringe-se apenas aos atos de disposição (emprestar, Link Acadêmico 2
transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser
demandado, e praticar, em geral, os atos que não sejam de Direitos da Personalidade
Pessoas mera administração);
ii) Os índios não possuem habitualmente a experiência
1. Conceito: são entes físicos ou coletivos suscetíveis necessária para a prática dos atos da vida civil, enquanto 8.1. Conceito: são direitos subjetivos da pessoa de
de direitos e deveres, sinônimos de sujeitos de direito afastados da civilização, perdurando esta incapacidade defender o que lhe é próprio, ou seja, a sua integridade
(aqueles que são sujeitos de um dever jurídico, seja até que se adaptem à civilização, o que é regulado pela Lei física (vida, alimentos, próprio corpo vivo ou morto,
pretensão ou titularidade jurídica), e que podem ser 6.001/73 (Estatuto do Índio); corpo alheio vivo ou morto, partes separadas do corpo
sujeitos de uma relação jurídica. vivo ou morto), intelectual (liberdade de pensamento,
4. Maioridade: a menoridade cessa aos dezoito anos autoria científica, artística e literária) ou moral (honra,
2. Espécies: pessoa natural ou física (ser humano) completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de recato, segredo pessoal, profissional e doméstico,
ou pessoa jurídica (agrupamento de pessoas ou de todos os atos da vida civil. imagem, identidade pessoal, familiar e social).
patrimônios). 8.2. Atributos dos direitos da personalidade: são
5. Emancipação: é a aquisição da capacidade civil antes direitos extrapatrimoniais, absolutos, intransmissíveis,
Pessoa Natural ou Física da idade legal. indisponíveis, irrenunciáveis, ilimitados, imprescritíveis,
Hipóteses: impenhoráveis, não sujeitos a desapropriação.
a) Pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do
1. Princípio da personalidade: personalidade jurídica outro, mediante instrumento público, independentemente AUSENCIA
corresponde à aptidão para adquirir direitos e contrair de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o
deveres (art. 1º do C.C.). tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; 9. Ausência:
b) Pelo casamento; 1.1. Conceito: dá-se quando uma pessoa desaparece
2. Capacidade jurídica: indica a extensão da persona- c) Pelo exercício de emprego público efetivo; de seu domicílio sem deixar um representante ou pro-
lidade; corresponde à sua medida jurídica; é condição d) Pela colação de grau em curso de ensino superior: curador para administrar seus bens, ou ainda quando
ou pressuposto de todos os direitos. e) Pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existên- estes não podem ou não querem fazê-lo.
2.1.Capacidade de direito, jurídica ou de gozo: é cia de relação de emprego, desde que, em função deles, 1.2. Fases do procedimento:
a que gera a aptidão para adquirir direitos e contrair o menor com dezesseis anos completos tenha economia a) Curadoria do ausente: o juiz declara a ausência e
deveres. Todos que nascem com vida a têm. própria. nomeia um curador a requerimento de qualquer inte-
2.2. Capacidade de fato ou de exercício: é a aptidão ressado ou do MP, fixando-lhe deveres e obrigações,
para praticar atos da vida civil com efeitos jurídicos. 6. Extinção da personalidade natural: dá-se pela morte a quem caberá promover a arrecadação dos bens do
Somente a têm os maiores de 18 anos e emancipados natural ou real, comoriência (morte simultânea), morte ausente. (CC, arts. 22 ao 25);
com o devido discernimento para a prática dos atos presumida ou ausência. b) Sucessão provisória: decorrido 1 ano da arrecada-
da vida civil. 6.1. Morte real ou natural: ção, pode ser requerida pelos interessados a abertura
2.3. Legitimidade: corresponde à posição das a) Prova da morte real: é feita pela certidão de óbito lavrada da sucessão provisória por sentença, que só produzirá
partes, num ato jurídico, em virtude da qual elas têm pelo oficial de registro do lugar do falecimento, com base em efeito 180 dias após publicada, mas que, transitada em
competência para praticá-lo. Consiste em se saber se atestado de óbito fornecido pelo médico legista; julgado, proceder-se-á ao inventário e partilha, sendo
uma pessoa tem ou não competência para estabe- b) Algumas conseqüências da morte real ou presu- os bens entregues aos herdeiros em caráter provisório
lecer determinada relação jurídica, em razão de sua mida: extinção da personalidade, dissolução do vínculo e condicional, e sua disposição possível somente por
posição especial em relação a certos bens, pessoas conjugal e do regime matrimonial, extinção de contratos autorização judicial (CC, arts. 26 ao 36);
e interesses. Assim, pode alguém ter capacidade de personalíssimos, extinção da obrigação de pagar alimentos c) Sucessão definitiva: poderão os interessados, 10
fato e de direito, mas não dispor de legitimidade para (transfere-se aos herdeiros), do poder familiar, do usufruto anos passados do trânsito em julgado da sentença que
a prática de determinado ato – o tutor não pode adquirir e do benefício da justiça. determinou a abertura da sucessão provisória, requerer
bens do pupilo. 6.2. Morte presumida: a morte presumida pode ser com a definitiva – também poderá ser requerida contando
ou sem declaração de ausência. o desaparecido com 80 anos de idade e passados 5
3. Incapacidade: Hipóteses: anos de suas últimas notícias, conforme dispõe os arts.
3.1. Conceito: é a restrição legal ao exercício dos atos a) Se for extremamente provável a morte de quem estava 37 ao 39 do CC.
da vida civil, devendo ser encarada restritivamente, em perigo de vida; Link Acadêmico 3
considerando-se o princípio de que a capacidade é a b) Se alguém, desaparecido em campanha ou feito pri-
regra e incapacidade é a exceção. sioneiro, não for encontrado até dois anos após o término Pessoa Jurídica ou Moral
3.2. Espécies: da guerra.
a) Incapacidade absoluta: quando houver proibição 6.3. Comoriência:
total do exercício do direito pelo incapaz, acarretando 6.3.1. Conceto: ocorre com a morte simultânea de duas ou 1. Conceito: é a unidade de pessoas naturais ou de
a nulidade do ato em caso de violação do preceito, mais pessoas, ou quando impossível é sua determinação, patrimônios que visa à consecução de certos fins,
devendo, portanto, ser representados por ocasião do ainda que em lugares diferentes. reconhecida pela ordem jurídica como sujeito de
exercício dos direitos que possuam, normalmente por 6.3.2. Principal efeito: não-transferência ou comunicação direitos e deveres.
seus pais, tutores ou curadores. de patrimônio (bens e direitos) entre comorientes.
b) Incapacidade relativa: quando o incapaz pode pra- 2. Requisitos da pessoa jurídica:
ticar por si os atos da vida civil, desde que assistido por 7. Atos do registro civil: a) Organização de pessoas ou patrimônio;
quem de direito, em razão de parentesco, de relação 7.1. Conceito: é a perpetuação, mediante anotação por b) Licitude de propósitos ou fins;
de ordem civil ou de designação judicial. A violação agente autorizado, dos dados pessoais dos membros da co- c) Capacidade jurídica reconhecida pela norma
acarreta a anulabilidade do ato. letividade e dos fatos jurídicos de maior relevância em suas jurídica.
3.3. Absolutamente incapazes: vidas, para fins de autenticidade, segurança e eficácia;
a) Os menores de 16 anos; 7.2. Finalidade: provar a situação jurídica do registrado e 3. Natureza jurídica: apesar de controvertida, preva-
b) Os que, por enfermidade ou deficiência mental, torná-la conhecida de terceiros, com base na publicidade. lece, atualmente, a teoria da realidade das instituições
não tiverem o necessário discernimento para a prática 7.3. Atos jurídicos registrados em registro público: jurídicas, de autoria de Hauriou, segundo a qual perso-
desses atos; a) Os nascimentos, casamentos e óbitos; nalidade jurídica deriva do direito e pode ser concedida

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a agrupamentos de pessoas ou de bens que tenham por 2. Domicílio da pessoa jurídica ou sede social: Nota: as aeronaves e os navios são bens móveis
escopo a realização de interesses humanos. a) da União, o Distrito Federal;
Bens Fungíveis
propriamente ditos, podendo ser imobilizados somente
b) dos Estados e Territórios, as respectivas capitais; para fins de e Infungíveis
hipoteca, que é direito real de garantia
4. Classificação: c) do Município, o lugar onde funcione a administração sobre imóveis.
4.1. Quanto à nacionalidade: municipal;
a) Nacionais: as que se subordinam à ordem jurídica d) das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem
brasileira, independentemente da nacionalidade de as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem
seus membros; são organizadas conforme a lei bras- domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos.
leira e tem no país a sede de sua administração. 1. Bens fungíveis:
b) Estrangeiras: aquelas que são organizadas segun- 3. Nota: têm domicílio necessário o incapaz (o do seu 1.1. Conceito: são os que podem ser substituídos por
do a legislação alienígena, e que precisam de autoriza- representante ou assistente), o servidor público (o lugar outros da mesma espécie, qualidade e quantidade.
ção do Poder Executivo para funcionar no país, mas, em que exercer permanentemente suas funções), o militar 1.2. Exemplos: dinheiro e gêneros alimentícios em
uma vez autorizadas, sujeitam-se às leis e tribunais (onde servir ou sede do comando a que se encontrar imedia- geral.
brasileiros quanto aos atos aqui praticados. Devem tamente subordinado, sendo da Marinha ou da Aeronáutica),
ter representante no Brasil e podem nacionalizar-se, o marítimo (onde o navio estiver matriculado) e o preso (onde 2. Bens infungíveis:
trazendo sua sede para o Brasil. cumprir a sentença). 2.1. Conceito: são aqueles que não podem ser
4.2. Quanto à estrutura interna: substituídos por outros da mesma espécie, qualidade
a) “Universitas personarum” ou corporação: con- e quantidade.
junto de pessoas que, apenas coletivamente, goza de
Bens Jurídicos Exemplos: obras de arte (personalíssimas).
certos direitos e os exercem por meio de uma vonta­de
única (as associações e as sociedades); Conceito: são coisas materiais e imateriais que têm valor Nota: somente
Bens são fungíveis
Consumíveisos bens móveis, embora
b) “Universitas bonorum”: é o patrimônio persona- econômico e que podem servir de objeto a uma relação jurí- haja entendimento da doutrina
e Inconsumíveis moderna no sentido
lizado destinado a um fim que lhe dá unidade (funda- dica. É tudo que pode ser objeto de uma relação jurídica. de se admitir fungibilidade entre bens imóveis (lotes
ções). idênticos de uma quadra de loteamento).
4.3. Quanto às funções e capacidade: Bens Corpóreos
4.3.1. Pessoa jurídica de direito público interno: e Incorpóreos
a) União;
b) Estados, Distrito Federal e Territórios; Conceito: corpóreos são os bens que têm existência mate-
c) Municípios; rial; incorpóreos, ao contrário, são os que não a têm. 1. Conceito: são bens consumíveis os móveis que se
d) Autarquias, inclusive as associações públicas; terminarem logo com o primeiro uso, havendo imediata
e) Demais entidades de caráter público criadas por destruição de sua substância, bem como os bens
lei.
Móveis e Imóveis destinados à alienação; são bens inconsumíveis os
4.3.2. Pessoa jurídica de direito público externo: que puderem ser usados continuamente, possibilitando
Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem 1. Bens móveis: que se retirem todas as suas utilidades sem atingir
regidas pelo direito internacional público. 1.1. Conceito: são os que podem ser transportados de sua integridade.
4.3.3. Pessoa jurídica de direito privado: um lugar para outro, sem destruição ou sem alteração em
a) Associações: conjunto de pessoas que colimam sua substância. Exemplos:Bens Divisíveis
gêneros alimentícios em geral e o vestido
fins ou interesses não-econômicos, que podem ser 1.2. Classificação: de noiva (esteeestando à venda na loja) são exemplos
Indivisíveis
al­te­rados, uma vez que seus membros deliberam 1.2.1. Bens móveis por natureza: semoventes, suscetíveis de bens consumíveis; adquirido para uso, o vestido de
livre­mente, sendo seus órgãos dirigentes. de movimentos próprios, e os que necessitam de força noiva passa a ser bem inconsumível.
b) Sociedades: são objeto do Livro II da Parte Especial alheia, tais como moeda, livro;
do CC. 1.2.2. Bens móveis para os efeitos legais:
c) Fundações: universalidade de bens personalizada a) As energias que tenham valor econômico;
pela ordem jurídica com fim estipulado pelo fundador, b) Os direitos reais sobre objetos móveis e as ações
sendo imutável este fim e seus órgão servientes. correspondentes; 1. Conceito: são divisíveis os bens que puderem ser
d) Organizações religiosas. c) Os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas fracionados em partes homogêneas e distintas, sem
e) Partidos políticos. ações. alteração das qualidades essenciais do todo e sem
1.2.3. bens móveis por antecipação: são os incorpo­rados desvalorização, formando um todo perfeito; são bens
5. Desconsideração da personalidade jurídica: pelo homem ao solo, mas com intenção de separá-los no indivisíveis os que não podem ser fracionados.
5.1. Regra: em caso de abuso da personalidade jurídi­ futuro e convertê-los em móveis (árvores desti­nadas ao
ca, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela con- corte, frutos não colhidos). 2. Classificação dos bens indivisíveis:
fusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento Nota: os materiais destinados à construção, enquanto não 2.1. Por natureza (física ou material): quando não po-
da parte, ou do Ministério Público, quando lhe couber forem empregados, conservam sua qualidade de móveis; dem ser fracionados sem alteração na sua substância,
intervir no processo, que os efeitos de certas e deter­ readquirem essa qualidade os provenientes da demolição. redução de valor ou prejuízo do uso. Exs.: um cavalo,
minadas relações de obrigações sejam estendidos um diamante ou um relógio.
aos bens particulares dos administradores ou sócios 2. Bens imóveis: 2.2. Por determinação legal: quando a própria lei
da pessoa jurídica. 2.1. Conceito: são os bens de raiz, se não puderem ser impede o seu fracionamento. Exs.: servidões prediais,
5.2. Generalidades: transportados sem destruição de sua substância. hipoteca e o direito dos co-herdeiros da propriedade
a) As pessoas jurídicas não se confundem com as 2.2. Classificação: da herança até a partilha.
naturais que a compõem, tendo patrimônio e responsa- a) Por natureza: o solo, com o seu subsolo, superfície e 2.3. Por convenção entre as partes: quando o acordo
bilidade distintos. Entretanto, vindo a pessoa jurídica a espaço aéreo. entre as partes torna indivisa coisa comum por prazo
se desviar de seus princípios e fins, cometendo fraudes b) Por acessão física ou natural: tudo o que se incorpora não superior a 5 anos (CC, art. 1.320, §§ 1° e 2°).
e desonestidades, praticando abuso e causando pre- ao solo, tais como árvores, fontes e cursos d’agua, superfi-
juízos para terceiros, a lei autoriza que os tais danos ciais ou subterrâneas, que corram naturalmente; Nota: tanto o que é divisível pode tornar-se indivisível
sejam suportados pelos bens particulares dos sócios; c ) Por acessão física artificial ou industrial: tudo o que o pela vontade das partes, como o que é indivisível pode
b) A medida não acarreta a dissolução da pessoa jurí- homem, artificialmente, incorporar ao solo, de modo que não tornar-se divisível;
dica, subsistindo o princípio da autonomia subjetiva da se possa retirar sem destruição (plantações, construções).
pessoa coletiva distinta da pessoa de seus sócios, sen- d) Imóveis por determinação legal: são bens incorpóreos, Bens Singulares
do esta distinção apenas afastada temporariamente. visando dar maior segurança às relações jurídicas atinentes e Coletivos
Link Acadêmico 4 (art. 80 do CC):
a) Os direitos reais sobre imóveis e as ações que os 1. Bens singulares:
Domicílio asseguram; 1.1. Conceito: são os que, embora reunidos, consi-
b) O direito à sucessão aberta. deram-se de per si, independentemente dos demais
2.3. Não perdem o caráter de imóveis: (considerados em sua individualidade).
1.1 Domicílio da pessoa natural: a) As edificações que, separadas do solo, mas conservando 1.2. Exemplos: uma árvore, um cavalo, um livro.
Conceito: é o lugar onde ela estabelece sua residência a sua unidade, forem removidas para outro local;
com ânimo definitivo. b) Os materiais provisoriamente separados de um prédio, 2. Bens coletivos:
para nele se reempregarem. 2.1. Conceito: são os constituídos por várias coisas

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singulares, consideradas em conjunto, formando um todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a da autonomia privada.
todo único, que passa a ter individualidade própria, dis- que pertencerem.
tinta da individualidade dos seus objetos componentes, 3. O ato jurídico “stricto sensu” é potestativo:
que conservam sua autonomia funcional. 2. Espécies: o agente pode influir na esfera de interesses de
2.2. Espécies: 2.1. De uso comum do povo: os que podem ser utilizados, terceiro, quer ele queira ou não – de modo geral o
a) Universalidades de fato: biblioteca, rebanho, indistintamente, pelo povo em geral. Exemplos: rios, mares, destinatário a ele não adere – às vezes não existe
floresta e uma galeria de quadros. Decorrem da estradas, ruas e praças; nem destinatário. É atingido pela decadência, mas
vontade humana. 2.2. De uso especial: os destinados a serviço ou estabe- não pela prescrição.
b) Universalidades de direito: a herança, o patri- lecimento da administração federal, estadual, territorial ou
mônio, o fundo de comércio, massa falida. Decorrem municipal, inclusive os de suas autarquias; 4. Classificação:
da lei. 2.3. Dominicais: constituem o patrimônio das pessoas 4.1. Atos materiais ou reais: são atuações da von-
Link Acadêmico 5 jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, tade que lhes dá existência imediata, porque não se
ou real, de cada uma dessas entidades. destinam ao conhecimento de determinada pessoa,
Bens Principais não tendo destinatário. Exs.: ocupação, derrelição,
e Acessórios 3. Regras: fixação e transferência de domicílio, achado de tesouro,
a) Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso comistão, confusão, adjunção, especificação, acessão,
1. Conceito: principal é o bem que tem existência especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua pagamento indevido.
própria, autônoma, que existe por si. Acessório é o qualificação, na forma que a lei determinar; 4.2. Participação: são declarações para ciência ou
bem cuja existência depende do principal. b) Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião; comunicação de intenções ou de fatos, com o fim
de produzir um evento psíquico em mente alheia –
Exemplo: o solo é principal, enquanto que a árvore é tem necessariamente destinatário. Exs.: intimação,
acessório, já que sua existência pressupõe a do solo. Bens Fora do Comércio interpelação, notificação, oposição, aviso, confissão,
denúncia, convite.
2. Regras: 1. Conceito: são os que não podem ser objeto de relação ju-
2.1. O bem acessório segue o destino do principal: rídica negocial, mesmo não mencionados expressamente.
necessário disposição em contrário para que tal não
Ato-Fato Jurídico
ocorra (presunção “juris tantum”); 2. Classificação:
2.2. Importância desta classificação: tratamento 2.1. Naturalmente inapropriáveis: insuscetíveis de apro- 1. Conceito: é a conduta na qual a vontade é simples-
dado aos direitos reais, no instituto da posse e do priação pelo homem (ar atmosférico); mente ignorada, importando-se o direito tão-somente
direito de retenção. 2.2 Legalmente inalienáveis: bens de incapazes, públicos com os efeitos daí decorrentes.
de uso comum ou de uso especial, de fundações, lotes rurais
3. Espécies de bens acessórios: de dimensões inferiores ao módulo regional, bem de família, Exemplos: o louco que encontra tesouro e dele fica
3.1. Partes integrantes: bens tombados, terras ocupadas pelos índios, órgãos do proprietário; o menor que compra um refrigerante
a) Produtos: são as utilidades que se retiram da coisa, corpo humano e direitos da personalidade; com o dinheiro do pai; alguém que, mesmo de modo
diminuindo-lhe a quantidade, porque não se reprodu- 2.3. Indisponíveis pela vontade humana: testados ou diligente; dirige um automóvel e o joga, heroicamente,
zem periodicamente. Ex.: pedras e metais extraídos doados com cláusula de inalienabilidade. sobre uma casa para evitar o atropelamento de uma
de pedreiras e minas; criança; a criança que se torna proprietária do peixe
b) Frutos: são utilidades que uma coisa periodicamente que pesca etc.
produz, podendo ser retiradas sem que se diminua o Fato Jurídico
valor e a substância da fonte. Ex.: frutos de uma árvore,
produção de uma fábrica e juros; Negócio Jurídico
1. Conceito: é o acontecimento, previsto em norma de
c) Benfeitorias: é o que se acrescenta a um bem móvel direito, em razão do qual nascem, se modificam, subsistem
ou imóvel para melhorá-lo, aumentar a sua utilidade ou e se extinguem as relações jurídicas. 1. Conceito: é o poder de auto-regulamentação dos
valor, tornando-o mais cômodo ou aprazível. interesses que contém a enunciação de um preceito,
c1) Necessárias: são as que têm por fim conservar o 2. Espécies: independentemente do querer interno.
bem ou evitar que se deteriore (despesas realizadas 2.1. Fato jurídico em sentido estrito: é o que advém de
na estrutura de um edifício); fenômeno natural ou de fatos relacionados com o homem 2. Classificação dos negócios jurídicos:
c2) Benfeitorias voluptuárias: são as que não aumen- sem intervenção da vontade humana, que produz efeito 2.1. Quanto às vantagens que produz:
tam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais jurídico. Subdividem-se em: 2.1.1. Gratuitos: obtenção de benefício ou enrique-
agradável ou sejam de elevado valor (piscina); a) Ordinários: o nascimento, a morte, a maioridade, a cimento patrimonial sem qualquer contraprestação
c3) Benfeitorias úteis: são as que, ainda que não menoridade, o decurso de tempo (intervalo de tempo entre (doação);
sejam consideradas indispensáveis à sua manutenção, dois termos); 2.1.2. Onerosos: sujeitos visam, reciprocamente, a
aumentam o seu valor ou facilitam o seu uso (acréscimo b) Extraordinários: o caso fortuito (acidente que advém obter vantagens para si ou para outrem; se de presta-
no tamanho da garagem de um prédio residencial ou de causa desconhecida – explosão de caldeira de usina, fio ções equivalentes, são comutativos (compra e venda);
de uma suíte). elétrico que cai causando incêndio) e a força maior (fato se de prestações não-equivalentes, são aleatórios
3.2. Pertenças: da natureza que se conhece a causa – raio, inundação, (contrato de seguro);
a) Conceito: são bens móveis que, não constituindo terremoto, incêndio). 2.2. Quanto à formalidade:
partes integrantes, estão afetados de forma duradoura 2.2. Fato jurídico humano ou ato jurídico: é aquele que 2.2.1. Solenes: requerem para sua existência forma
ao serviço ou ornamentação de outro. depende de vontade humana. especial prescrita em lei (testamento);
b) Exemplos: os tratores destinados a melhor explora­ i) Voluntário: é aquele que produz efeitos desejados pelo 2.2.2. Não-solenes: não exigem forma legal para sua
ção da propriedade agrícola e os objetos de decoração agente. efetivação (compra e venda de bem móvel).
de uma residência. a) Ato jurídico em sentido estrito; 2.3. Quanto ao conteúdo:
b) Ato-fato jurídico; 2.3.1. Patrimonial: versam sobre questões suscetíveis
4. Notas: c) Negócio jurídico. de apreciação econômica (reais ou obrigacionais);
4.1. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao ii) Involuntário: é o que acarreta conseqüências jurídicas 2.3.2. Extrapatrimonial: atinentes ao direito de família
bem principal não abrangem as pertenças, salvo se o alheias à vontade, hipótese em que se configura o ato ou personalíssimos.
contrário resultar da lei, da manifestação de vontade ilícito. 2.4. Quanto à manifestação de vontade:
ou das circunstâncias do caso; 2.4.1. Unilaterais: ato volitivo proveniente de um ou
4.2. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos Ato Jurídico em Sentido Es- mais sujeitos posicionados na mesma direção (testa-
ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a intervenção mento, codicilo, renúncia, promessa de recompensa,
do proprietário, possuidor ou detentor.
trito ou Meramente Lícito títulos ao portador);
Link Acadêmico 6 1. Conceito: é o praticado pelo homem como mero pres- 2.4.2. Bilaterais: declaração volitiva emanada de duas
suposto de efeito jurídico preordenado pela lei sem função ou mais pessoas, dirigidas em sentido contrário;
Bens Considerados em Re- e natureza de auto-regulamentação. 2.5. Quanto ao tempo em que produzem efeitos:
lação as Pessoas 2.5.1. “Inter vivos”: acarretam conseqüências em
2. Efeitos: gera conseqüências jurídicas previstas em lei e vida (adoção);
1. Bens públicos: são os de domínio nacional perten- não pelas partes interessadas, não havendo regulamentação 2.5.2. “Causa mortis”: regulam relações de direito
centes às pessoas jurídicas de direito público interno; após a morte do sujeito (testamento, legado).

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2.6. Quanto aos efeitos: 3. Regras: sobre algo. Recebe o mesmo tratamento do orde-
2.6.1. Constitutivos: sua eficácia opera-se “ex nunc”, a) Nas declarações de vontade se atenderá mais à inten- namento.
ou seja, a partir do momento da conclusão (compra e ção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da
venda, adoção); linguagem. 5. Dolo:
2.6.2. Declaratórios: sua eficácia é “ex tunc”, ou b) Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme 5.1. Conceito: é o artifício astucioso usado para induzir
seja, efetiva-se a partir do momento em que se ope- a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração. alguém à prática de ato que lhe é prejudicial e que
rou o fato a que se vincula a declaração de vontade Link Acadêmico 7 aproveita ao autor ou a terceiro.
(reconhecimento de filhos ilegítimos, partilha, divisão 5.2. Classificação:
de condomínio); Invalidade do 5.2.1. Substancial: é o que dá causa ao negócio
2.7. Quanto à existência: Negócio Jurídico jurídico, sem o qual não haveria o ato negocial,
2.7.1. Principais: existem por si mesmos (locação); enquanto causa determinante do negócio – vicia o
2.7.2. Acessórios: possui existência subordinada à 1. Nulidade (nulidade absoluta): consentimento;
dos principais (fiança). 1.1. conceito: é a sanção imposta pela lei aos atos e 5.3. Dolo praticado por ambas as partes: nenhuma
2.8. Quanto ao exercício de direitos: negócios jurídicos realizados sem a observância dos parte poderá alegá-lo para anular o negócio ou reclamar
2.8.1. De disposição: implicam o exercício de amplos requisitos legais, consistente no impedimento da produção indenização.
direitos sobre o objeto (doação); de seus efeitos. 5.4. Dolo praticado por terceiro: vicia o consenti-
2.8.2. De simples administração: concernentes ao 1.2. Negócio jurídico nulo: é aquele que ofende o interesse mento se a parte a quem aproveita tinha conhecimento
exercício de direitos restritos sobre o objeto, sem que social, os preceitos de ordem pública, sendo repudiado ou deveria tê-lo. Caso contrário, o negócio subsiste,
haja alteração em sua substância (mútuo, locação de pela própria sociedade, daí ter sanção mais rigorosa por respondendo o terceiro por todas as perdas e danos.
uma casa). ser mais gravoso. 5.5. Silêncio intencional em negócios jurídicos
Exemplos: ato praticado por absolutamente incapaz, ato bilaterais: sendo de uma das partes, a respeito de fato
3. Requisitos de existência dos negócios jurídi- praticado sem a observância da forma exigida em lei ou ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui
cos: declaração de vontade, finalidade negocial e ainda inexistindo o consentimento, a simulação. omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio
a idoneidade do objeto. Faltando qualquer deles o não se teria celebrado.
negócio inexiste. 2. Anulabilidade (Nulidade relativa):
2.1. Conceito: é a sanção que atinge negócios que se 6. Coação:
4. Elementos do negócio jurídico: acham inquinados de vício capaz de lhes determinar a 6.1. Conceito: é a pressão moral (“vis compulsiva”)
4.1. Elementos essenciais: são os estruturais, invalidade, mas que pode ser afastado ou sanado. ou física (“vis absoluta”) exercida sobre a pessoa, os
imprescindíveis à existência do negócio jurídico, sob 2.2. Negócio jurídico anulável: é aquele que ofende ape- bens ou a honra de um contratante para obrigá-lo ou
pena de nulidade. nas o interesse particular (pessoas envolvidas no negócio; induzi-lo a efetivar um negócio jurídico.
a) Capacidade do agente: eventualmente, terceiros). 6.2. Regra: na física, não há sequer consentimento, o
b) Forma prescrita ou não proibida por lei; Exemplos: ato praticado por relativamente incapaz, vícios que não configura vício de consentimento. Na moral, a
c) Objeto lícito (de acordo com a lei, com os bons cos- de consentimento, fraude contra credores. pressão atua sobre a vontade da vítima, sem aniquilar-
tumes, com a moral e a ordem pública), possível fisica e lhe o consentimento.
juridicamente, além de determinado ou determinável; 3. Simulação: 6.3. Excludentes da coação:
d) Consentimento (expresso ou tácito). 3.1. Conceito: é a declaração enganosa da vontade. Visa a a) A ameaça do exercício normal de um direito (a
4.2. Elementos acidentais: são estipulações acessó- produzir efeito diverso do ostensivamente indi­cado. violência deve ser injusta);
rias que as partes podem facultativamente adicionar ao 3.2. Finalidade: enganar alguém por meio de falsa aparên- b) O temor reverencial (a pai, o superior hierárquico).
negócio para modificar alguma de suas conseqüências cia que encobre a verdadeira feição do negócio; visa burlar 6.4. Coação exercida por terceiro: subsistirá o
naturais, como a condição, o termo e o encargo ou a lei (especialmente a de ordem pública), fraudar o Fisco, negócio jurídico se não houver o conhecimento (ou
modo. prejudicar credores ou guardar em reser­va determinado devesse haver) do contratante beneficiado. Havendo
4.2.1. Condição: é o acontecimento futuro e incerto de negócio. o seu conhecimento ou devendo havê-lo, a coação
que depende a eficácia do negócio jurídico. 3.3. Causa de nulidade: no novo Código Civil, não é viciará o negócio.
Classificação: mais defeito do negócio jurídico, passando a ser causa
a) Condição suspensiva: quando as partes protelam, de nulidade. 7. Lesão:
temporariamente, a eficácia do negócio até a realização 3.4. Características: 7.1. Conceito: ocorre quando uma pessoa sob pre-
do acontecimento futuro e incerto. Opera-se “ex tunc” a) É falsa declaração bilateral de vontade; mente necessidade, ou por inexperiência, obriga-se
(desde o dia da celebração do ato negocial). b) Seu fim é iludir terceiro; a prestação manifestamente desproporcional ao valor
b) Condição resolutiva: subordina a eficácia do negó- c) É sempre acordada com a outra parte, ou com as pessoas da prestação oposta.
cio a um evento futuro e incerto. Verificada a condição, a quem ela se destina; Nota: a apreciação da desproporção ocorrerá segundo
extingue-se o direito para todos os efeitos. d) É uma declaração em desconformidade com a intenção, os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado
4.2.2. Termo: é o dia que começa ou extingue a efi- o que se opera de forma deliberada. o negócio. Havendo o oferecimento de suplemento
cácia do negócio jurídico. É convencional se consistir suficiente, ou se a parte favorecida concordar com
de cláusula que subordina os efeitos do ato negocial Defeitos do a redução do proveito, não se decretará a anulação
a um acontecimento futuro e certo pela vontade das Negócio Jurídico do negócio;
partes.
Não admitem o termo: renúncia ou aceitação de 1. Conceito: são imperfeições acarretadas por anomalias 8. Estado de perigo:
herança, adoção, emancipação, casamento e reco- na formação da vontade ou na sua declaração. 8.1. Conceito: verificar-se-á quando alguém, premido
nhecimento de filhos. da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua
4.2.3. Encargo: é a cláusula acessória aderente a atos 2. Espécies: família, de grave dano conhecido pela outra parte,
de liberalidade “inter vivos” ou “causa mortis” pela qual 2.1. Vícios de consentimento: são os que provocam assume obrigação excessivamente onerosa.
se impõe uma obrigação ao beneficiário. manifestação de vontade não correspondente com o íntimo Nota: tratando-se de pessoa não pertencente à família
e verdadeiro querer do agente – erro, dolo, coação, lesão do declarante, o juiz decidirá segundo as circunstân-
Interpretação do e estado de perigo; cias. Ex.: alguém que, estando se afogando, oferece
Negócio Jurídico 2.2. Vícios sociais: são aqueles que não apresentam des- toda sua fortuna para alguém que venha a salvá-lo.
compasso entre a declaração e o íntimo querer do agente.
1. Conceito: é a determinação precisa do sentido e Ocorre, entretanto, exteriorização com o intuito de prejudicar 9. Fraude contra credores:
alcance do conteúdo da declaração de vontade. terceiros – fraude contra credores. 9.1. Conceito: é a prática maliciosa pelo devedor de
atos que desfalcam o seu patrimônio, com o escopo
2. Espécies: 3. Efeito: anulabilidade do ato praticado. de colocá-lo a salvo de uma execução por dívidas em
2.1. Declaratória: o escopo é expressar a intenção detrimento dos direitos creditórios alheios.
dos interessados; 4. Erro: 9.2. Elementos:
2.2. Integrativa: consiste em preencher lacunas 4.1. Conceito: corresponde à falsa representação da a) Objetivo: é o ato prejudicial ao credor, havendo
contidas no negócio, através de costumes, normas realidade, relativa a pessoa ou objeto, que influencia a o nexo causal entre o ato do devedor e sua insol-
supletivas etc; formação da vontade. vência;
2.3. Construtiva: seu objeto está na reconstrução de 4.2. Erro substancial: somente este é considerado vício b) Subjetivo: consiste na má-fé ou intenção de prejudi-
ato negocial com o intuito de salvá-lo. de consentimento. car do devedor ou do devedor aliado a terceiro, ilidindo
4.3. Ignorância: é ausência completa do conhecimento os efeitos da cobrança.

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versos ou confirmar alegações feitas). (CC, art. 205) e prescrição especial (CC, art. 206, §§
Nota: a fraude é atacável pela ação pauliana ou revo- 1° ao 5°); há prazos prescricionais presentes também
catória, cujo principal efeito é revogar o negócio lesivo 4. Meios de prova de atos negociais solenes: a prova em leis esparsas, como na Lei do Cheque.
aos interesses dos credores. dos negócios solenes só pode ser feita pela exibição do 2.5. Pretensões imprescritíveis: as que versam
Link Acadêmico 8 documento exigido pela lei. sobre direitos da personalidade, estado da pessoa,
bens públicos, bens confiados à guarda de outrem a
Ato Ilícito 5. Meios de prova de atos negociais não-formais: rol título de depósito, penhor, mandato, direito de famí-lia e
meramente exemplificativo. Desde que não proibido ex- a pretensão do condomínio de exigir a coisa comum.
pressa ou tacitamente, qualquer meio de prova é admitido
1. Conceito: é o ato praticado em desacordo com a em se tratando de negócio jurídico para o qual a lei não 3. Decadência:
ordem jurídica, violando direito subjetivo individual, exige forma especial. 3.1. Conceito: é a extinção do direito pela inação de
causando dano a outrem, criando dever de reparar 5.1. Confissão: é o ato pelo qual a parte admite, judicial ou seu titular, que deixa escoar o prazo legal (decadência
tal prejuízo. extrajudicialmente, a verdade sobre um fato, contrário ao legal) ou voluntariamente fixado para seu exercício
seu interesse e favorável ao adversário; (decadência convencional). Trata-se de perda do
2. Regras: 5.2. documentos públicos e particulares: a escritura direito potestativo, pela inércia de seu titular no período
a) Quem, por ação ou omissão voluntária, negligência, pública será redigida na língua nacional e lavrada em determinado em lei.
imperícia ou imprudência, violar direito e causar dano notas do tabelião, sendo documento dotado de fé pública, 3.2. Efeitos da decadência:
a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete fazendo prova plena; a) Corre contra todos;
ato ilícito, e, por essa razão, fica obrigado a reparar tal 5.3. Prova testemunhal: é a que resulta do depoimento b) É irrenunciável se for estabelecido por lei;
prejuízo; (CC, art. 186) oral de pessoas que viram, ouviram ou souberam dos fatos c) Não se interrompe nem se suspende;
b) Também comete ato ilícito o titular de um direito relacionados com a causa. d) Extinção imediata do direito e por via indireta da
que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites 5.4. Presunção: ação.
impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé 5.4.1. Conceito: é a ilação extraída de um fato conhecido 3.3. Prazos de decadência: todos os prazos extintivos
ou pelos bons costumes, ficando igualmente obrigado para demonstrar outro desconhecido. É a conseqüência que do CC, exceto os expressos nos arts. 205 e 206.
a reparar (abuso de direito); (CC, art. 187) a lei ou o magistrado tiram, tendo como ponto de partida o
c) No direito privado, a regra é a reparação do dano fato conhecido para chegar ao fato ignorado. Notas:
desde que o agente tenha agido com culpa; entretanto, 5.4.2. Classificação: a) Com o advento da Lei 11.280/06, que revogou o art.
haverá obrigação de reparar o dano, independente- a) Absoluta ou “jure et de jure”: é a que não admite prova 194 do CC e alterou o art. 219 do CPC, passou o juiz a
mente de culpa, nos casos especificados em lei, ou em contrário; poder reconhecer de ofício a prescrição;
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo b) Relativa ou “juris tantum”: é aquela que admite prova b) A decadência legal pode ser reconhecida de ofício
autor do dano implicar, por sua natureza, risco para em contrário. pelo juiz, mas não a convencional.
os direitos de outrem. 5.5. Perícias: abrangem: Link Acadêmico 10
5.5.1. Exames: é a apreciação de alguma coisa, por meio
3. Elementos: de peritos, para esclarecimento em juízo – exame de livros,
a) Fato lesivo voluntário; de sangue etc;
b) Ocorrência de um dano patrimonial ou moral; 5.5.2.Vistorias: é a apreciação de algo por peritos res-
c) Nexo de causalidade entre o dano e o comporta- trita à inspeção ocular, muito empregada nas questões
mento do agente; possessórias, demarcatórias e nas referentes aos vícios A coleção Guia Acadêmico é o ponto de partida dos estudos
d) Culpa. redibitórios; das disciplinas dos cursos de graduação, devendo ser
5.5.3. Arbitramento: é o exame pericial destinado a complementada com o material disponível nos Links e
4. Culpa: no Direito Civil, inclui imprudência, imperícia, determinar o valor da coisa ou da obrigação a ela ligada, com a leitura de livros didáticos.
negligência e dolo. comum na desapropriação, nos alimentos, na indenização
dos danos por atos ilícitos; Direito Civil - Parte Geral – 3ª edição - 2009
5. Conseqüência do ato ilícito: responsabilidade pela 5.5.4. Inspeção judicial: é a verificação feita pessoal-
recuperação (“in natura” ou pelo equivalente) do dano mente pelo magistrado, quer examinando uma pessoa, Coordenadores:
causado pela própria pessoa ou por terceiro. quer verificando o objeto, com o escopo de colher dados Carlos Eduardo Brocanella Witter: Professor universitario e de
para a prova. cursos preparatorios ha mais de 10 nos, Especialista em Direito
6. Atos lesivos que não são ilícitos: Empresarial; Mestre em Educacao e Semiotica Juridica; Membro
6.1 Legítima defesa: alguém que, fazendo uso mode- da Associacao Brasileira para o progresso da Ciencia; Palestrante;
rado de meios necessários, repele injusta agressão, Prescrição e Decadência Advogado e Autor
atual ou iminente, a direito seu ou de outrem; Lucio Tixeira dos Santos
6.2. Exercício regular de um direito reconhecido: 1. Importância: sua interferência é substancial, pois existe
alguém que, no exercício normal de um direito, lesar interesse da sociedade em atribuir juridicidade àquelas Autor:
outrem não terá qualquer responsabilidade pelo dano, situações que se prolongam no tempo, visando à segurança Cassius Barreto, Advogado, Especialista em Direito e
por não ter cometido ilícito; das relações jurídicas. Professor de Direito Empresarial.
6.3. Estado de necessidade: ofensa a direito alheio Gêminson Paula, Especialista em Direito e Professor
para remover perigo iminente, quando
Prova do as circunstâncias 2. Prescrição: é a extinção de uma ação ajuizável, em virtu- de Direito Civil.
a tornarem absolutamente Jurídico
Negócio necessária e quando não de da inércia de seu titular durante um certo lapso de tempo, A coleção Guia Acadêmico é uma publicação da Memes
exceder os limites do indispensável para a remoção na ausência de causas preclusivas de seu curso. Tecnologia Educacional Ltda. São Paulo-SP.
do perigo. 2.1. Causas preclusivas no curso da prescrição: impe- Endereço eletrônico: www.memes.com.br
Link Acadêmico 9 ditivas, suspensivas ou interruptivas. Todos os direitos reservados. É terminantemente proibida a
2.1.1. Causas impeditivas: impedem que seu curso se ini- reprodução total ou parcial desta publicação, por qualquer
cie. Fundam-se no “status” da pessoa, individual ou familiar, meio ou processo, sem a expressa autorização do autor
atendendo razões de confiança, amizade ou de ordem moral e da editora. A violação dos direitos autorais caracteriza
crime, sem prejuízo das sanções civis cabíveis.
(CC, arts. 197, I a III, 198, I, e 199, I e II);
1. Conceito: é o conjunto de meios empregados para 2.1.2. Causas interruptivas: inutilizam a prescrição iniciada,
demonstrar, legalmente, a existência de negócios recomeçando a contar o seu prazo do término – CC, arts.
jurídicos. 202, I a VI e p.ú., 203 e 204.
2.1.3. Causas suspensivas: paralisam o seu curso tempo-
2. Natureza jurídica da prova: híbrida, pertencendo ao rariamente, continuando a correr após computado o tempo
direito material e ao Direito Processual Civil. decorrido antes dele. CC, arts. 198, II e III, 199, III, e 201.
2.2. Prescrição aquisitiva ou usucapião: é modo originário
3. Requisitos da prova: de aquisição de propriedade, com fundamento na posse e
a) Admissibilidade (não proibida por lei e aplicável ao no tempo.
caso concreto); 2.3. Prescrição extintiva: atinge qualquer ação, fundando-
b) Pertinência (idônea para demonstrar os fatos rela- se na inércia do titular no tempo, vindo a extinguir a ação
cionados com a questão); e não o direito.
c) Ser concludente (apta a esclarecer pontos contro- 2.4. Prazos prescricionais no CC: prescrição ordinária

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