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VIEIRA, Alberto (2000), Complexos portuários insulares ibéricos, Funchal, CEHA-Biblioteca Digital,
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COMPLEXOS PORTUARIOS INSULARES IBÉRICOS
Alberto Vieira
1. A HISTORIOGRAFIA E O TEMA
6.
São numerosos os estudos sobre esta temática. Veja-se
Avelino de Freitas de Menezes, Estudos de História dos Açores,
vol. I, Ponta Delgada, 1994, pp.102-106,243-285.
7. Livro Primeiro das Saudades da Terra, Ponta Delgada, 1966,
301.
do, sendo referenciado pelas suas qualidades na luta
contra o escorbuto. Acresce ainda que este vinho tinha a
garantia de não se deteriorar com o calor dos trópicos,
antes pelo contrário ganhava propriedades gustativas.
Motivo idêntico conduziu à assídua presença dos ingleses,
a partir de finais do século dezasseis.
A proximidade da Madeira em relação aos portos do litoral
peninsular associada às condições dos ventos e correntes
marítimas foram os principais obstáculos à valorização da
ilha no contexto das navegações atlânticas. As Canárias,
porque melhor posicionadas e distribuidas por sete ilhas
em latitudes diferentes, estavam em condições de oferecer
o adequado serviço de apoio. Todavia a situação con-
turbada que aí se viveu, resultado da disputa pela sua
posse pelas duas coroas peninsulares e a demorada pa-
cificação da população indígena, fizeram com que a
Madeira surgisse no século XV como um dos principais
eixos do domínio e navegação portuguêsa no Atlântico.
Tal como nos refere Zurara a ilha foi desde 1445 o
principal porto de escala para as navegações ao longo da
costa africana. Mas o maior conhecimento dos mares, os
avanços tecnológicos e náuticos retiraram ao Funchal esta
posição charneira nas navegações atlânticas, sendo su-
bstituído pelos portos das Canárias ou Cabo Verde. Assim,
a partir de princípios do século XVI, a Madeira surgirá
apenas como um ponto de referência para a navegação -
atlântica, uma escala ocasional para reparo e -
aprovisionamento de vinho. Apenas o surto económico da
ilha conseguirá atrair as atenções das armadas, na-
vegantes e aventureiros.
Deste modo poder-se-á concluir que as ilhas situadas às
portas de entrada e saída protoganizaram um papel im-
portante nas rotas atlânticas. Mas para sulcar longas
distância rumo ao Brasil, à costa africana ou ao Indico,
era necessário dispor de mais portos de escala, pois a
viagem era longa e difícil.
As áreas comerciais da costa da Guiné e, depois, com a
ultrapassagem do cabo da Boa Esperança, as índicas torna-
ram indispensável a existência de escalas intermédias.
Primeiro Arguim, que serviu de feitoria e escala para a
zona da Costa da Guiné, depois, com a revelaçäo de Cabo
Verde, foi a ilha de Santiago que se afirmou como a
principal escala da rota de ida para os portugueses e
podia muito bem substituir as Canárias ou a Madeira, o
que realmente aconteceu.
Outras mais ilhas foram reveladas e tiveram uma lugar
proeminente no traçado das rotas. É o caso de S. Tomé
para a área de navegação do golfo da Guiné e de Santa
Helena para as caravelas da rota do Cabo. Também a forte
projecção dos arquipélagos de S. Tomé e Cabo Verde sobre
os espaços vizinhas da costa africana levou a coroa a
criar duas feitorias(Santiago e S. Tomé) como objectivo
de controlar, a partir daí, todas as transacções comer-
ciais da costa africana. Desta forma no Atlântico sul as
principais escalas das rotas do índico assentavam nos
portos das ilhas de Santiago, Santa Helena e Ascensão. Aí
as armadas reabasteciam-se de água, lenha, mantimentos ou
procediam a ligeiras reparações. A par disso releva-se,
ainda, a de Santa Helena como escala de reagrupamento das
frotas vindas da India depois de ultrapassado o cabo:
missão idêntica à dos Açores no final da travessia -
oceânica.
Para Santiago são referenciados alguns testemunhos sobre
a importância do porto da Ribeira Grande como escala do
oceano, sendo disso testemunho uma carta dos oficiais da
câmara em 15128:
3.AS CONJUNTURAS
cereais outro cereais outros cereais outro cereais outro cereais outros cereai outro cereai outro
s s s s s s s
1727-30 36 6 5 19 132 56 15 3 1
4297
Na Madeira a dependência em relação ao mercado, no
assegurar a subsistência das populações, é uma
constante da sua História que perdura até a
actualidade. Desde finais do século XV que a aposta
dominante num produto de exportação, associado ao
elevado crescimento demográfico conduziram a ilha para
essa situação crónica de dependência do mercado
externo. Esta situação é descrita de forma exemplar por
Giulio Landi em 1530: "a ilha produziria em maior
quantidade se semeasse. Mas a ambição das riquezas faz
com que os habitantes descuindando-se de semear trigo,
se dediquem apenas ao fabrico de açúcar, pois deste
tiram maiores proveitos, o que explica não se colher na
ilha trigo para mais de seis meses. Por isso há uma
carestia de trigo, pois em grande abundância é
importado das ilhas vizinhas48.
A situação da ilha era de total dependência das searas
dos outros. Assim em 1625 a produção local dava apenas
para 4 meses, aumentando em 1662 e 1696 para os seis
meses. Todavia no decurso do século dezoito esta porção
reduz drásticamente para 3 meses em 1777, o que veio a
agravar a dependência em relação ao exterior. Aqui
estava assegurado um novo mercado abastecedor delineado
pelas rotas do comércio do vinho. O Norte da Europa, a
América do Norte são os principais mercados, onde é
possível accionar um sistema de trocas, mercê da
disponibilidade do vinho.
As ilhas, dos Açores e das Canárias, afirmam-se como
celeiro de provimento da Madeira. Desde 1516 que a
coroa se vê na necessidade de regulamentar este negócio
dos Açores, forçando os agricultores ao abastecimento
do mercado madeirense. Todavia, estes sempre se
mostraram renitentes, quer em momentos de penúria quer
de abundância, pois o comércio com outras áreas
parecia-lhes mais vantajoso. Daqui resulta a
insistência da Coroa na permanência desta via de
suprimento das carências alimentares dos madeirenses49.
48. António Aragão, A Madeira vista por estrangeiros,
Funchal, 1981, 84.
49. Cf. Alberto Vieira, "O comércio de cereais dos Açores
para a Madeira no século XVII" in B.I.H.I.T., vol. XLI(1983),
pp. 651.654; Maria Bendita Araújo,"Considerações em torno da
economia da Madeira e dos Açores(séculos XV-XVIII" in
Portuguliae Histórica, 20 série, vol. I, Lisboa, 1991, p. 279.
Esta intenção açoriana é também uma constante. Sucedeu
no século XVI e continua nas centúrias seguintes. Em
meados do século XVIII, com o reflexo da guerra dos
sete anos, tardavam em aparecer os navios americanos
com cereal e farinha pelo que foi mecessário o recurso
a outros mercados como os Açores; que se manifestou
contrário. O recurso foi, mais uma vez, Cádiz e
Canárias50.
No período de 1784 a 178651 temos uma relação entre os
valores da importação de bens alimentares e de saída de
vinhos, que é favorável à Madeira, mas eram os ingleses
quem arrecadavam todos os lucros mercê da política de
adiantamentos.
PRODUTOS VALOR
EM
LIBRAS
TOTAL
7.1. O BRASIL
1.GERAL
1. AÇORES
3. MADEIRA