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A Igreja e a Cultura
VIEIRA, Alberto (2000), A Igreja e a Cultura, Funchal, CEHA-Biblioteca Digital, disponível em:
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IGREJA E CULTURA
ALBERTO VIEIRA
1
A Relação de Francisco Alcoforado, publ. por José Manuel de CASTRO, Descobrimento de Ilha da Madeira ano
1420..., Lisboa, SD, p. 90.
2
Ibidem, p. 93.
3
J. M. Silva MARQUES, ob. cit., I, p. 273, 400.
4
Fernando Jasmins PEREIRA, "Bens Eclesiásticos - Diocese do Funchal" in Estudos sobre História da Madeira,
Funchal, 1991, pp. 325-327.
5
RGCMF, T. I, fls. 204-209, publ. AHM, XV, pp. 11-20. Vejamos o que édito: "Em esa parte da ylha ho sennor ynfante
meu padre que Deos aja nunca pos mays de hum capellam porque emtam a gente era pouca E agora he em mays
multiplicaçam asy que hum soo capellam nom pode abrajer a todollos logares..."
Não agradou ao infante a pretensão dos franciscanos, oriundos das Canárias, ao
quererem introduzir-se na ilha, ficando subordinados ao vigário dessas, tal como o
estabelecia a letra "dum ad prellara" do papa Nicolau V em 10 de Dezembro de
14506. Estes havião-se fixado no arquipélago vizinho desde 1436, mediante
autorização do Papa Eugénio IV. Tal situação era entendida como uma ingerência
nos direitos adquiridos pela Ordem de Cristo e uma afronta, tendo em conta o
empenho do infante na conquista de algumas dessas ilhas. O próprio infante
preocupou-se com a administração religiosa do arquipélago, ordenando a construção
de igrejas e capelas, conforme se deduz do seu testamento de 1460: "Item estabeleci
e ordenei a principal igreja de Sta Maria da ilha da Madeira e dehi em diante as
outras que si ordenaram, e item estabeleci hi da ilha do Porto Santo e Igreja de Ilha
Deserta (...)"7. No período de 1433 a 1994 as administrações civis e religiosa
estavam a cargo do mestre da Ordem de Cristo que, no caso da alçada religiosa,
determinara a sua superintendência pelo vigário da vila de Tomar. De acordo com a
bula de 1456 as novas áreas atlânticas eram consideradas "nullius diocesis", estando
dependente daquele vigário. Era ele quem determinava a construção das primeiras
igrejas e nomeava os prelados para o serviço religioso. A alçada do vigário de
Tomar sobre as ilhas continuou até 1514, altura em que foi criado o bispado com
sede no Funchal.
6
Confronte-se Monumenta Henricina, III, (1961), pp. 53-54.
7
J. M. Silva MARQUES, ob. cit., I, p. 590.
8
J. M. Silva MARQUES, ob. cit., I, p. 273, 400.
9
Fernando Jasmins PEREIRA, "Bens Eclesiásticos - Diocese do Funchal" in Estudos sobre História da Madeira,
Funchal, 1991, pp. 325-327.
10
RGCMF, T. I, fls. 204-209, publ. AHM, XV, pp. 11-20. Vejamos o que é dito: "Em esa parte da ylha ho sennor ynfante
meu padre que Deos aja nunca pos mays de hum capellam porque emtam a gente era pouca E agora he em mays
multiplicaçam asy que hum soo capellam nom pode abrajer a todollos logares..."
destas paróquias a data que lhes é atribuída no Elucidário Madeirense não
corresponde sempre à verdade, uma vez que o autor se baseou em muitos casos nas
indicações do tombo da Provedoria da Fazenda.
11
Confronte-se Padre Fernando Augusto da SILVA, Subsídios para a História da Diocese do Funchal, Funchal, 1946,
pp. 22-35, 299-376; Padre Manuel Juvenal Pita FERREIRA, O Arquipélago da Madeira Terra do Senhor Infante de 1420
a 1460, Funchal, 1859, pp. 308-352.
12
"Notas", Saudades da Terra, Funchal, 1873, pp.534-566.
13
Subsídios para a História da Diocese do Funchal, pp.22-35.
14
EM 1466 continua a referir-se só um vigário (RGCMF, I, fls. 216-219v, publ. AHM, XV, pp. 36-40).
15
Em 1466 continua a referir-se só um vigário (RGCMF, I, fls. 216-219v, publ. AHM, XV, pp. 36-40). Veja-se
Fernando Jasmins PEREIRA, "Bens eclesiásticos. Diocese do Funchal", in Estudos sobre História da Madeira, Funchal,
1991, 323-350.
16
. Cf. Susana Munch Miranda, "Para a História da estrutura eclesiástica da ilha da Madeira(segunda metade do século
XVI). Congruas, paróquias e paroquianos", in III CIHM, Funchal, 1993, pp. 541-556.
Canhas 1426 Capela São Tiago
17
Confronte-se Monumenta Henricina, III, (1961), pp. 53-54.
primeiros povoadores. Alguns desentendimentos com o vigário de Tomar
conduziram a que em 1459 abandonassem a Madeira, fixando-se em Xabregas. A
saída poderá ser considerada como uma forma de represália por parte do infante D.
Henrique em face da sua subordinação ao vigário-geral ilhas Canárias, como postu-
lava uma letra do papa Nicolau V de 1450. Para colmatar a sua ausência o papa Pio
II concedeu em 1462 licença aos frades da regra de S. Jerónimo para fundar um
mosteiro na Madeira, o que não surtiu efeito. Todavia, os franciscanos regressaram
em 1474 ao seu cenóbio de S. João da Ribeira e acabaram por adquirir uma posição
relevante na ilha. Mais tarde, em 1485, retirou-se para a ilha Frei Pedro da Guarda,
criando o pequeno eremitério de São Bernardino em Câmara de Lobos. Este
franciscano, conhecido como o santo servo de Deus, ficou célebre na ilha pelas
virtudes e milagres, o que motivou um culto arreigado às populações de Câmara de
Lobos, que se manteve até 1835, ano em que foi proibido.
A ordem seráfica firmou-se na vida religiosa madeirense criando conventos,
cenóbios ou oratórios no Funchal (1480), Câmara de Lobos (1450), Santa Cruz
(1527), Ribeira Brava (1724), Calheta (1670) e Machico18. Neste contexto relevam-
se os de S.Francisco do Funchal e o de Santa Clara19. O primeiro para albergar os
frades foi construído a partir de 1474, enquanto o segundo, de freiras, foi erguido
por iniciativa de João Gonçalves Câmara, segundo capitão do Funchal, no espaço
onde o seu pai havia edificado a capela da Conceição de Cima (em oposição à da
Conceição de Baixo, construída junto ao mar), que teve o padroado do mesmo por
bula (1476) de Sixto IV e por breve (1496) de Alexandre VI ficou estabelecida a sua
regular observância e o início da clausura, sendo abadessa D. Isabel de Noronha,
filha do capitão, que se encontrava no Convento da Conceição de Beja. Por fim,
registe-se o Convento de Nossa Senhora da Piedade, fundado por legado estabele-
cido no testamento (1518) de Urbano Lomelino numa granja, situada no local onde
hoje se encontra o actual aeroporto do Funchal. Idêntico ideal moveu o cónego
Henrique Calaça de Viveiros, que em 1650 ergueu um convento de Nossa Senhora
da Encarnação em honra da restauração da independência20. Este foi o segundo
convento feminino da regra franciscana de Santa Clara. Mais tarde, em 1654,
Gaspar Berenguer de Andrade fundou o convento das Mercês.
Os conventos são uma presença assídua na História da Madeira, persistindo,
ainda hoje alguns de pé. A sua pujança testemunha-se, quer através da dimensão
económica das quintas, resultantes de dotes e legados21, quer pela adesão das
principais famílias madeirenses, onde foram recrutados muitos dos noviços e
noviças22.
19
. João José Abreu de SOUSA, O convento de Santa Clara do Funchal, Funchal, 1991.
20
. Eduarda Maria de Sousa GOMES, O convento da Encarnação do Funchal. Subsídio para a sua História. 1660-
1777, Funchal, 1995.
21
. João José Abreu e Sousa, o convento de Santa Clara do Funchal, pp.63-115.
22
. Veja-se listagem feita por João José Maria de Oliveira, "Principais religiosos madeirenses dos conventos da Madeira e
Portugal", in A. H. M., vols. II-III, 1932-1933, pp.118-128, 88-93, 35-38.
governo espiritual ficou entregue ao vigário de Tomar, sede da Ordem de Cristo e
na condição de nullius diocese, enquanto ao administrador da ordem competia a
construção dos templos, a nomear os ministros e pagar o seu vencimento. situação
que não agradou à diocese de Tânger que queria alargar os seus domínios às ilhas23.
À parte isso, em todas as ilhas, estabeleceu-se ouvidorias com o objectivo de
organizar e exercer o governo eclesiástico. A situação mudou em 1514 com a
criação do bispado do Funchal e, depois em 30 de Dezembro de 1551, com o
regresso à coroa do padroado.
Extinto o senhorio, a Ordem de Cristo através do vigário de Tomar
continuou a superintender o governo eclesiástico das ilhas até que em 12 de Junho
de 1514, pela bula "Pro excellenti", foi criado o bispado do Funchal com jurisdição
sobre toda a área ocupada pelos portugueses no Atlântico e Indico. Até este
momento todo o serviço episcopal era feito por bispos titulares aí enviados pelo
referido vigário, como sucedeu em 1507 e 1508. Mas, o progresso económico e
social deste espaço vasto levou à criação em 1534 de novas dioceses, cujas áreas
foram desanexadas do Funchal: as de Goa, Angra, Santiago e S. Tomé.
A 31 de Janeiro de 1533 a diocese do Funchal foi elevada à categoria de
metropolitana e primaz, englobando "a Madeira e Porto Santo, as ilhas Desertas e
Selvagens, aquela parte continental de África, que entesta com a diocese de Safi[m]
e bem assim as terras do Brasil, tanto as já descobertas, como as que se vierem a
descobrir". Mas esta foi uma situação passageira. Além disso a bula papal não foi
expedida do Vaticano, por a coroa a não ter pago, o que coloca a dúvida da
existência real do arcebispado do Funchal. Em 1551 o papa Júlio III revogou a
situação passando o Funchal para simples bispado sufragâneo de Lisboa, que passou
a assumir a função de primaz das terras atlânticas, enquanto a de Goa preencherá
idênticas funções para as terras orientais. A justificação apresentada pelo papa é
expressiva da mudança operada na geografia económica do espaço atlântico:
"Nós, porém, considerando que a navegação da província arquiepiscopal para a
cidade do Funchal é muito difícil e incerta e que se torna não menos perigosa que
dispendiosa aos bispos provinciais ao clero e ao povo, e que muitas vezes acontece
que para tal navegação faltam os navios necessários e bem apetrechados, e mesmo
que os haja, nem todos ousam lançar-se ao mar numa viagem tão longínqua e
perigosa, pelo que os mesmos provinciais, que apelam para o arcebispo do Funchal,
não podem apresentar-se ao seu tribunal e à dita cidade, para fazerem valer as suas
apelações e conseguirem a justiça desejada e além disso, sofrem outros incómodos e
danos...24".
NOME GOVERNO
Diogo Pinheiro 1514-1526
Martinho de Portugal 1533-1547
Frei Gaspar do Casal 1551-1556
Jorge de Lemos 1556-1569
23
. Confronte-se António BRÁSIO, "O padroado da Ordem de Cristo na Madeira", in Arquivo Histórico da Madeira,
XII, 1960-61, pp. 193-228.
24
. Pe. Manuel Juvenal Pita FERREIRA, A Sé do Funchal, Funchal, 1963, 84.
Fernando de Távora 1570-1573
Jerónimo Barreto 1574-1585
Luís de Figueiredo de Lemos 1586-1608
Frei Lourenço de Távora 1610-1618
A construção do templo que lhe serviu de sede à nova diocese não foi
rápida: o duque ordenou-o em 1485 mas as obras só se iniciaram em 1493, e ainda
continuavam em 1515, sendo sagrado no ano imediato25. As riquezas geradas pelo
comércio do açúcar propiciaram à coroa e vizinhos os dinheiros necessários para
erguer tão sumptuoso templo e rechea-lo de preciosas pinturas flamengas e alfaias
religiosas em ouro e prata. Aliás, a riqueza da arte sacra madeirense e a
monumentalidade da arquitectura religiosa está em relação directa com esta
realidade.
25
. Confronte-se M. J. Pita FERREIRA, A Sé do Funchal, Funchal, 1963; António ARAGÃO, Para a História da cidade
do Funchal, 2 edição, Funchal, 1987.
26
. Confronte-se Gaspar FRUTUOSO, Saudades da Terra, 290-291; Paulo Drumond BRAGA, " A actividade diocesana
de D. Martinho de Portugal na arquidiocese funchalense", in Actas. III Colóquio Internacional de História da Madeira,
Funchal, 1993, 557-562.
A reorganização das instituições religiosas e do ritual religioso, iniciados em
1578 por D. Jerónimo Barreto teve continuidade com D. Luís Figueiredo de Lemos
(1597, 160227), Frei Lourenço de Távora (1615), D. Fernando Jerónimo (1622,
1629, 1634), D. Frei António da Silva Teles e D. Frei José de Santa Maria (1610).
Todos os prelados realizaram um sínodo onde foram aprovadas diversas
constituições, mas apenas se publicaram as de 1578 e 1597 e conhecem-se as de
outro manuscritas, tendo-se perdido as restantes. Estas medidas correspondem ao
apelo da própria estrutura da igreja e também dos leigos que em 1546, através da
câmara, fizeram ouvir a sua voz de descontentamento junto da coroa28.
27
. Confronte-se Isabel R. Drumond BRAGA, "A acção de D. Luís Figueiredo de Lemos, bispo do Funchal.1585-1608",
Actas. III Colóquio Internacional de História da Madeira, Funchal, 1993, 563-583.
28
.ANTT, CC, parte I, maço 78, doc. 58, 16 de Agosto.
29
. Confronte-se nosso estudo “As constituições sinodal das dioceses de Angra, Funchal e Las Palmas nos séculos XV e
XVI", in Congresso Internacional. Missionação Portuguesa e encontro de Culturas. Actas, Vol. I, Braga, 1993, pp.455-
481.
30
. Abel A. de Silva, "Seminário do Funchal. Algumas notas sobre a sua História", in DAHM, VI, o.34-35, 1964-1865.
31
. Maria Fernanda ENES, As visitas pastorais da matriz de São Sebastião de Ponta Delgada (1614-1739), Angra do
Heroísmo, 1983; Eugénio dos SANTOS, "A sociedade madeirense na Época moderna. Alguns "indicadores", in Actas do I
Colóquio Internacional de História da Madeira, vol. II, Funchal, 1989, 1212-1225.
159832. O combate ao absentismo do clero foi outra preocupação: o pároco e cura
passaram a residir obrigatoriamente na sede da paróquia e a cumprir as obrigações.
Estas surgem apenas nas sinodais post-tridentinas: Funchal (1585, 1597). Para que
isso acontecesse era necessário garantir ao clero meios de subsistência adequados e
capazes de o manter afastado das tarefas mundanas e residente nas paróquias.
32
. Arquivo dos Açores, vol. IV, 184-192; Álvaro Rodrigues de AZEVEDO, "Anotações", in Saudades da Terra,
Funchal, 1873, 536-566.
33
. Arquivo Paroquial da Fajã da Ovelha, Livro de Visitações 1587-1730, fls. 14-15.
34
. A.N.T.T., Cabido da Sé do Funchal. Livro de Matrículas de ordenados em ordens menores, nº 29,fls. 70v.
35
. A.R.M., Paroquiais Sé, nº 68, fls. 36v.,16 Maio 1563.
36
. A.R.M., Juízo dos Resíduos e Capelas. tombo, fls. 386- 388v., Funchal 21 Junho 1658.
37
. A.R.M., Capelas, maço 137, nº 10, Fajã da Ovelha, 11 Setembro 1696.
38
. Ibidem, maço 17, nº 10, Ribeira Brava, 15 Janeiro 1683.
Outro aspecto de particular interesse na devoção dos escravos foi o
aparecimento das suas confrarias. Trata-se de instituições de assistência na vida e na
morte, cujo inicio e afirmação foi resultado da influência dos franciscanos e
dominicanos. O culto a Nossa Senhora do Rosário encontra-se ligado à tradição
dominicana, tendo surgido em Portugal na segunda metade do século XV, a partir
da Igreja de S. Domingos em Lisboa. Todavia, a sua assimilação pelos negros da
capital, através da confraria de Nossa Senhora do Rosário, ter-se-ia iniciado em data
incerta. O culto a Nossa Senhora do Rosário expandiu-se a todo o espaço atlântico,
tendo expressão nas ilhas e Américas. Na Madeira, não obstante as ausências dos
dominicanos, ele teve forte implantação, existindo a confraria respectiva nas
freguesias da Sé, Nossa Senhora do Calhau, E. da Calheta, Ribeira Brava, Santo
António, São Martinho, Tabua, Porto Santo, Machico e São Vicente. além disso
deparamo-nos, a partir do século XVII, com algumas capelas particulares em que o
orago é Nossa Senhora do Rosário. Elas existiram em São Vicente, Machico, S.
Roque, Santa Cruz, São Jorge e Campanário. A confraria não se resumia apenas à
função religiosa, pois a ela também estavam associados outros interesses de ordem
social. No caso dos negros a de Nossa Senhora do Rosário ainda providenciava o
necessário apoio social aos irmãos e os meios exigidos pela alforria. Na Madeira
não conhecemos nenhum caso de libertação por esta via, mas sabemos que em
162240 Catarina Gonçalves entregou à mesma quinze mil réis com tal objectivo.
40
. A.R.M., Paroquiais. Óbitos-SÉ. Nº 73, fls. 143, registo de 8 de Setembro.
41
.Confronte-se Maria do Carmo Dias FARINHA, "A Madeira nos arquivos da inquisição", in Actas do I Colóquio
Internacional de História da Madeira, vol.I, Funchal, 1990, pp.689-742. O seu estudo foi feito por Fernanda
OLIVAL,"Inquisição e a Madeira. visita de 1618", in Actas do I Colóquio Internacional de História da Madeira, vol. II,
Funchal, 1990, 764-818; "A visita da Inquisição à Madeira em 1591-1592", in Actas. III Colóquio Internacional de História
da Madeira, Funchal, 1993, 493-520.
do tribunal do Santo ofício em Lisboa conduziu a que avançassem no Atlântico:
primeiro nas ilhas e depois no Brasil. Tal diáspora fez-se de acordo com os vectores
da economia atlântica pelo que deixavam atrás um rasto evidente na sua rede de
negócios. O açúcar foi sem dúvida um dos principais móbeis da sua actividade, quer
nas ilhas, quer no Brasil. A par disso, o relacionamento destes espaços com os
portos nórdicos conduziu a uma maior permeabilidade às ideias protestantes, o que
gerou inúmeras cuidados por parte do clero e do Santo ofício. A incidência do
comércio da Madeira no açúcar, pastel e vinho conduziu ao estabelecimento de
contactos assíduos com os portos da Flandres e Inglaterra, que não era bem visto
pelo tribunal. Isto deverá ter favorecido a presença de uma importante comunidade,
o que veio a avolumar as preocupações dos inquisidores.
Na Madeira, a presença da comunidade britânica era evidente mas manteve-se
ilesa. O bispo funchalense, D. Frei Lourenço de Távora, no sínodo realizado em 15
de Junho de 1615 chamou a atenção para a presença de estrangeiros "de partes
infeccionadas na fé", apelando para a necessidade de se cumprir o estabelecido em
1608 pelo prelado anterior que determinara "que os tais estrangeiros cismáticos e
hereges não podem tratar nem disputar com a gente da terra sobre a fé, nem fazer
cousa, que dece escandalo". Isto derivava certamente da assídua frequência de
mercadores ingleses à cidade do Funchal, que assumiam uma posição dominante
nas trocas externas. Todavia, é reduzido o número de anglicanos denunciados,
sendo apenas quatro em 1618. Analisadas as denúncias e confissões de madeirenses
e açorianos perante os inquisidores conclui-se por uma incapaz intervenção do clero
no ensino da doutrina aos leigos. A maioria dos réus é resultado da ignorância dos
cânones católicos. A mesma ideia é-nos transmitida através das visitas paroquiais,
disponíveis e já divulgadas. Deste modo poder-se-á afirmar que as orientações
tridentinas tardaram em chegar às ilhas e que a inércia e o fraco nível cultural do
clero terão sido os principais responsáveis disso.
Em 1689 é a vez de um protestante britânico, John Ovington, de visita à
Madeira apontar o estado de formação e comportamento social do clero e leigos.
Acerca do primeiro refere que os jesuítas "apenas um em três com quem conversei
compreendia o latim", enquanto os cónegos da Sé "são habeis na sua capacidade de
inventar razões para defenderem a sua indolência" e "todos fingem um grande ardor
na sua fé". Dos leigos católicos refere a sua propensão para o crime de homicídio
tendo como resguardo o recurso à comunidade eclesiástica, concluindo da seguinte
forma: "Estes cristãos são tão desregrados na prática deste crime como indulgentes
nos castigos merecidos por tais acções". Eis um breve e incisivo retrato do
catolicismo madeirense que, não obstante ser traçado por um protestante, molestado
com o tratamento feito para com os seus compatrícios, não estava longe de espelhar
a pratica e quotidiano religioso da Madeira e demais ilhas.
ASSISTÊNCIA. Outra das vertentes que pautou a intervenção da Igreja nas ilhas
foi a prestação de serviços de assistência aos cristãos e cativos. Para isso existia um
conjunto variado de instituições, que foram criadas de acordo com as necessidades
dos diversos núcleos populacionais. As cidades portuárias ficaram servidas de
hospitais, que davam o necessário apoio aos marinheiros e demais gentes de
passagem. A par disso, os problemas resultantes da fome, mendicidade e a peste
levaram à criação de inúmeras instituições de beneficiência, por iniciativa de
particulares que, depois, passaram à alçada da igreja. Na Madeira refere-se o
empenho de Zargo em fazer construir em 1454 um hospital junto à capela de S.
Paulo, mas não sabemos se o seu desejo foi por diante. A isto juntam-se referências
a outros dois hospitais de iniciativa de particulares, sendo um na Rua de Boa
Viagem. Entretanto tivemos também as mercearias, sendo a do Funchal fundada por
Constança Rodrigues, mulher de João Gonçalves Zarco, em 1484.
A partir de 1485 com a bula de Inocêncio VIII in iunctum nobis a estrutura
assistencial ganha uma nova forma. De acordo com esse espírito a coroa criou em
1498 o hospital de Lisboa, que veio a congregar todos os menores aí existentes. O
mesmo espírito foi seguido para todas as vilas do reino, por autorização papal de 23
de Outubro de 1501 e expresso na carta régia de 4 de Maio de 1507. As ordenações
régias definiam a sua superintendência aos bispos. É neste contexto que surgem
idênticas instituições nas ilhas. Na Madeira, tivemos, primeiro, no Funchal (1507) e,
depois, em Machico, Calheta, Santa Cruz e Porto Santo o hospital da Misericórdia42.
A função assistencial completa-se com as confrarias, autênticas associações
de solidariedade social e espiritual, sendo os irmãos recrutados pela sua situação
sócio-profissional ou, pela sua devoção ao santo patrono. É de salientar o caso da
dos pescadores, que na ilha não tiveram o mesmo patrono, e a dos mesteres, como a
de S. Jorge (1562) e de S. Miguel, São Crispim e Chrispiniano (1572). É de realçar
ainda as confrarias ligadas às misericórdias, onde os irmãos tinham assegurada a sua
assistência hospitalar e espiritual.
42
. José Pereira da COSTA, Assistência médico-social na Madeira(breve resenha histórica), Funchal, 1993.
recorrer à intercessão dos santos, quando se esgotam as possibilidades humanas em
face do mais horrível flagelo -a peste- que assolou os nossos avoengos nessa
longínqua centúria quinhentista. Essa fraqueza e devotada confiança nos santos da
Igreja define de modo cabal a envolvência religiosa do Homem do século XVI na
religião, enquanto a sua manutenção, caso raro senão o único em termos de
continuidade de votos civis, atesta a vinculação que os presentes prezam em manter
com esse longínquo momento de aflição.
Estamos no Funchal no fatídico mês de Março de 1521, as ruas encontram-
se desertas, o porto encartado e as lojas carentes de alimento, o Hospital a abarrotar
de doentes; todos fogem com medo da peste, vereadores, clero e bispo, refugiam-se
em Machico ou nalgumas localidades fora da cidade. Nela só permanecem os
pobres, os doentes ,os sangradores e os guardas da saúde. E neste quadro de horror,
que nos faz lembrar as pinturas de Bosch, que, ao se esgotarem as fracas
possibilidades humanas, os vereadores do burgo sentem-se na obrigação de solicitar
de interceder junto do panteão dos santos a sua intercessão da providência divina
para por cobro à peste.
Foi nesta situação de desespero que a vereação se reuniu a 8 de Junho com o
capitão Simão Gonçalves da Câmara para escolher o santo a quem intercedendo
saído S. Tiago Menor que ficou desde então como o protector e padroeiro da cidade.
Nesse dia todas as autoridades presentes fizeram voto de construir um templo em
honra do santo e de todos os anos pelo primeiro de Maio, em que se rememora o seu
nome, fazer uma procissão da Sé ao referido Templo. E para que a promessa não
ficasse votada ao esquecimento, decidiram no dia 21 de Julho fazer uma procissão
ao terreno oferecido por António Espindola, para a construção da referida ermida.
Esta foi a primeira procissão que se fez para dar cumprimento à promessa e que se
manteve com redobrado fervor religioso nestes anos de peste; a sua concretização
far-se-ia de acordo com o cerimonial estabelecido para a procissão do Corpo de
Deus, isto é, deveriam desfilar rodas as autoridades civis e eclesiásticas e ofícios
mecanicos, levando estes últimos as suas danças(jumenta, das espadas...),castelos e
"gigantes".
A continuidade da peste levou-os , em 1523, a nova intercessão junto do
santo protector, assim a vereação reunida a 23 de Janeiro decidiu-se aprovar o
referido voto e dar continuidade à obra da igreja. E em 1538 ,em face do regresso da
peste, aquando da procissão, reuniram-se os guardas encarregados de vigiar as
entradas e saídas com os vereadores, entregaram a protecção da cidade nas mãos do
santo, dizendo então o guarda mor de saúde: -'Senhor até aqui guardei esta cidade
como pude, não poso mais, aqui tendes a vara, sede vós o guarda de saúde".E afirma
a tradição, expressa em Gaspar Frutuoso, que quando regressaram da procissão
todos os doentes vieram sãos, e assim, de acordo com o mesmo autor 'daquelle dia
até hoje (1597) pelos merecimentos do Bem-aventurado Santiago, não houve mais
peste na ilha da Madeira, Bendito seja o Senhor!'.
O ENSINO e CULTURA.
A Igreja está intimamente ligada ao ensino, uma vez que durante muito
tempo quem quisesse aprender a ler, escrever e contar tinha apenas a possibilidade
das escolas ligadas às igrejas paroquiais e catedrais. De acordo com as constituições
sinodais de 1578 este ensino deveria estar ligado à aprendizagem do latim e da
doutrina cristã. Estas eram, aliás as exigências para os que fossem ordenados em
ordens menores e sacras. Com a criação do bispado em 1514 temos de entre as
dignidades eclesiásticas o mestre-escola que tinha a seu cargo o ensino do Latim e
Gramática. Na mesma centúria a câmara do Funchal pagava a um mestre do ensino
da Gramática43.
A ausência da estrutura universitária na ilha não foi um drama para a
panorama cultural madeirense, tão pouco sinónimo da não prossecução dos estudos
universitários para muitos madeirense, ou da falta de espírito científico, que
pontuou, ontem como hoje, através das tertúlias culturais e científicas. Aliás, muitos
madeirenses singraram na vida universitária do país e estrangeiro e deixaram obra
científica renomeada. As condições de prosperidade de muitas famílias madeirenses
nos séculos XVI e XVII fizeram com que jovens seguissem a carreira universitária,
formando-se em Cânones, Leis, Medicina e Teologia. Por isso podemos dizer, que a
universidade esteve ausente da ilha mas o espírito universitário foi muito forte no
apelo às novas gerações para a continuação dos estudos no reino ou fora dele. Para o
período de 1573 a 1730 a Universidade de Coimbra recebeu 274 madeirenses para o
curso de Cânones (68%), Teologia (12%), Leis (9%), Medicina (4%). Antes de
1573 outros 87 estudantes haviam frequentado as universidades de Paris,
Salamanca, Itália.
A elevada frequência universitária madeirense e o mérito evidenciado, por
alguns, relevam a importância que assumia na ilha o ensino, através das escolas
paroquiais ou episcopais. Situação, aliás, corroborada pelo número de indivíduos
que, no decurso do século dezasseis, receberam ordens sacras. A criação da Diocese
do Funchal (1514), por um lado, e o concílio de Trento propiciaram esse avanço no
ensino. No período de 1538 a 1558 foram 1040 madeirenses que receberam ordens
sacras44. E, facto a revelar, é que estes se distribuem por quase todas as freguesias
do arquipélago, não obstante a supremacia evidente do Funchal com 485
ordinandos. Este valor é significativo se tivermos em consideração que só na
segunda metade do século XVI foram instituídas as estruturas adequadas para esse
ensino: a criação do Seminário Diocesano a 20 de Setembro de 1566 e a abertura do
colégio S. João Evangelista a 6 de Maio de 1570. Alguns dos madeirenses que se
evidenciaram no panorama nacional e estrangeiro são anteriores ao lançamento
destas estruturas. Aqui merece especial atenção os descendentes dos capitães do
Funchal: Leão Henriques cursou em Paris e foi reitor da Universidade de Évora,
inaugurada a 1 de Novembro de 1559; Luís Gonçalves da Câmara foi reitor do
Colégio dos Jesuítas em Coimbra e Roma; Martim Gonçalves da Câmara, doutor
em Teologia, provido em 21 de Junho de 1563 no cargo de reitor da Universidade
de Coimbra; Manuel Alvares com a "Gramática Latina" ficou com o nome
imortalizado em todo o mundo por todos aqueles que fizeram os estudos de latim45.
Até às reformas pombalinas o ensino manteve-se na alçada da igreja,
exercendo aqui a Companhia de Jesus uma acção relevante. Deste modo onde
estavam os jesuítas poderíamos contar com a presença de escolas organizadas e por
um elevado grau de alfabetização de certos grupos, o que contribuiu para elevar o
ambiente cultural, propiciador do aparecimento de importantes vultos das letras. Os
jesuítas surgem também na Madeira e criaram na cidade um dos mais importantes
colégios, que abriu as suas portas a 6 de Maio de 1570 46 e manteve-se até 1759. Os
colégios dos jesuítas permitiram a continuidade dos estudos aqueles que haviam
dado os primeiros passos nas escolas de paróquia e também lhes abriram a
possibilidade de cursarem nas universidades do reino e estrangeiras. As bases do
ensino paroquial e as condições económicas da ilha foram responsáveis pela
43 . DAHM, 19-20, p.41
44 . José Pereira da Costa(19
45 . Joaquim Chorão Lavajo(1993)
46
. Rui CARITA, O colégio dos Jesuítas do Funchal- memória histórica, 2 vols, Funchal, 1987
formação desta elite cultural, inevitavelmente ligada às principais famílias
madeirenses47. A opulência atingida com o comércio do açúcar permitiu que alguns
dos filhos desses grandes proprietários de canaviais pudessem cursar em Coimbra,
Salamanca ou Paris.
A Madeira dos séculos XV e XVI viveu uma verdadeira animação cultural
gerada nos ambientes palacianos, copiados da corte pelos capitães de Machico e
Funchal. O testemunho disso está no Cancioneiro de Garcia de Resende, compilado
em 151648. Dois desses foram capitães: João Gonçalves da Câmara, o Porrinha, o
segundo na capitania do Funchal e Tristão Teixeira, mais conhecido como o Tristão
das Damas, também o segundo na de Machico. A esta plêiade de poetas acresce a
figura de Baltasar Dias, conhecido como o "poeta cego da Madeira", célebre pelos
seus autos teatrais de cariz vicentino49. Facto singular é o de uma das suas peças, A
tragédia do marquês de Mantua, ter sido representada em S. Tomé e aí perdurado
até ao presente, sob o título de Tchiloli. Esta é considerada uma das manifestações
culturais que acompanhou a expansão da cana de açúcar.
A produção literária madeirense é diminuta. No caso da História é de
assinalar apenas a polémica "relação de Francisco Alcoforado" e o "Descobrimento
da ilha da Madeira e discurso da vida e feitos dos capitães da dita ilha" de Jerónimo
Dias Leite50. Poderão merecer ainda a nossa atenção o texto de Manuel Constantino,
publicado em 159851, e o poema a "Insulana" que Manuel Tomás dedicou em 1635
a João Gonçalves da Câmara.
Até 1759, data em que o Marquês de Pombal estabeleceu a extinção dos
colégios dos jesuítas e a expulsão de Portugal, todo o ensino esteve nas suas mãos.
É neste momento que se inicia um movimento de renovação dos estudos, de acordo
com o que preconizava o movimento iluminista, que se lançou um duro golpe na
pedagogia jesuítica. "O Verdadeiro Método de Estudar" (1749) de Luís Verney foi o
mote para isso. O Marquês de Pombal para acorrer às despesas das reformas
pedagógicas lançou em 10 de Novembro de 1772 um novo imposto - o subsídio
literário. Era com o dinheiro deste imposto, lançado sobre o vinho, que a coroa
custeava as despesas com o relançamento da nova rede do ensino. Um dos factos
mais saliente foi a criação em 1760 da Escola de Geometria e Trigonometria, que
funcionou nas dependências do Colégio dos Jesuítas, estando a cargo do sargento-
mor Francisco d'Alincourt e o seu ajudante Faustino Salustiano da Costa. Esta
escola funcionou em moldes semelhantes à Academia Militar de Lisboa. Em 1801
ela foi retomada apenas como aula de Geometria para os militares. Ainda ao nível
do ensino primário a reforma pombalina permitiu a criação de escolas nas sedes dos
concelhos.
47
Nuno Vasconcelos PORTO, "Madeirenses na Universidade de Paris(1500-1550)", in DAHM, vol. III, o.16, Funchal,
1953, pp. 15-19; João Cabral do NASCIMENTO, "Estudantes da ilha da Madeira na Universidade de Coimbra nos anos de
1573-1730", AHM, vol. I e II, Funchal, 1931-32, pp. 145-150, 60-64, 168-172; José Pereira da Costa, "O ambiente cultural da
_Madeira no século XVI", in Arquivo Histórico da Madeira, X, 150-161; Rui Carita, "Madeirenses na Universidade de
Salamanca em Espanha", in Islenha, vol. VI, pp.37-41;José Manuel Azevedo e Silva, "Estudantes madeirenses na
Universidade de Coimbra, entre 1573- 1730", in Revista de História das Ideias, vol. XII, Coimbra, 1990, pp.55-71.
48
. Confronte-se Teófilo BRAGA, Poetas palacianos, Porto, 1892; Ernesto GONÇALVES, Portugal e a ilha,
Funchal,1992, 47-80, 269-275, 283-327.
49
. Alberto F. GOMES(anot.), Autos e Trovas de Baltasar Dias, Funchal, 1961.
50
. Este texto foi publicado em 1947 por João Franco Machado, sabendo-se por Gaspar Frutuoso que era uma encomenda
sua de informações para as "Saudades da Terra".
51
. Confronte-se: Fernando Augusto da SILVA(pref.)História da ilha da Madeira, Funchal, 1930; Silvano PELOSO,
"Giulio Landi e a Insulae materia descriptio. Novos documentos", in Actas do II Colóquio Internacional de História da
Madeira, Funchal, 1989, pp.993-999.
A representação dramática é anterior ao aparecimento dos teatros no século
XVIII. As igrejas, as procissões religiosas foram por muito tempo os espaços
predilectos de representação teatral de carácter religioso. Note-se que a Misericórdia
celebrava o seu dia a 1 de Julho com representações de comédias e autos retirados
da Bíblia. O mesmo sucedia em muitas das igrejas e conventos da ilha. Estas
representações causavam algum escândalo o que leva o prelado funchalense, D.
Jerónimo Barreto a estabelecer em 1578 um travão. O século XVIII, certamente
fruto das reprimendas da igreja transporta esta manifestação por o exterior da igreja.
A primeira terá ocorrido em 1718 no Convento de Santa Clara quando o
Governador e Capitão-General João de Saldanha da Gama saiu da ilha. A primeira
notícia a uma casa de representação sucede em 1776 João Rodrigues Pereira fez
construir a Casa da Ópera do Funchal no local de outra que havia incendiado.
Passados dez anos temos referência a dois teatros: a Comédia Velha e o Teatro
Grande(1780).
BIBLIOGRAFIA:
Inquisição na Madeira: FARINHA, Maria do Carmo Dias, "A Madeira nos arquivos
da inquisição", in Actas do I Colóquio Internacional de História da Madeira, vol.I,
Funchal, 1990, pp.689-742. OLIVAL, Fernanda, "Inquisição e a Madeira. visita de
1618", in Actas do I Colóquio Internacional de História da Madeira, vol. II,
Funchal, 1990, 764-818; IDEM,"A visita da Inquisição à Madeira em 1591-1592",
in Actas. III Colóquio Internacional de História da Madeira, Funchal, 1993, 493-
520. Anita Novinsky, Inquisição e Heresias na Ilha da Madeira, Actas do I Colóquio
Internacional de História da Madeira, Funchal, 1989, vol. II, João Cabral do
Nascimento, Vestígios de Sangue Impuro ou Indiscrições dum Anotador mal
Humorado, AHM, vol.I, Funchal, 1931, 4-11.
Ilustrações:
Sé do Funchal.
Cruz processional
Colégio dos Jesuitas