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PARÁ +
Celio Bermann
Professor do PIPGE / USP
1.0. RESUMO
uma grave crise econômico-financeira, que tem limitado sua capacidade de investir na
estende-se de 1970 até 2004, sendo utilizados a liquidez geral, a liquidez instantânea, a
contenção tarifária imposta pelo governo federal no final da década seguinte estão entre
2.0. INTRODUÇÃO
+ Citar da seguinte forma: SILVA, Marcos Vinicius Miranda da; BERMANN, C. A crise econômico-financeira das
Centrais Elétricas do Pará. In: XI Congresso Brasileiro de Energia / I Seminário Brasileiro de Inovação Tecnológica
no Setor Energético, 2006, Rio de Janeiro. XI Congresso Brasileiro de Energia / I Seminário Brasileiro de Inovação
Tecnológica no Setor Energético. Rio de Janeiro : Chivas, 2006. v. I. p. 105-116.
em 2004, dos quais 1.117.162 (88,5%) são residenciais, 112.200 (8,9%), comerciais,
3.878 (0,3%), industriais, 12.352 (1%), públicos, e 16.769 (1,3%), rurais (CELPA,
expansão do sistema elétrico paraense, que pode ser intensificada pelo processo de
1958, que obrigou o governo estadual a organizar empresas de economia mista para
A CELPA foi criada para elaborar estudos e projetos para a expansão do sistema
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Os valores apresentados neste trabalho estão em dólar de 2000.
energia em todo o território paraense (CELPA, 1965). Dessa forma, houve uma
sobreposição de atribuições, pois a Força e Luz do Pará (FORLUZ), que foi constituída
2005).
expansão do sistema elétrico paraense, pois o governo federal passou aportar recursos
Ministério de Minas e Energia, pois essa hidrelétrica era considerada estratégica para a
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Atualmente, a potência instalada dessa hidrelétrica está em 30,3 MW.
Na década de 1970, houve uma acelerada expansão do sistema elétrico paraense.
3.562 km, sendo que o maior crescimento foi observado no interior do Estado, enquanto
a potência total instalada passou de 94 MW para 300 MW, dos quais 93% eram
térmicos. Por outro lado, o número de consumidores totais passou de 101,3 mil para
200,5 mil, enquanto o consumo total passou de 203,4 GWh para 657,6 GWh. Além
inaugurada em 1977.
Tapanã I, os aportes de recursos foram exagerados, uma fez que essa hidrelétrica exigiu
governo estadual (SILVA, 2005), o que não deveria ter ocorrido, pois o parque gerador
1977. Em 1970, essa receita era de US$ 33,8 milhões, com participação do faturamento
de 94,4%. Em 1978, ela passou para US$ 156,2 milhões, porém a participação do
faturamento foi reduzida para 68,7% (CELPA, 1971 e 1979). Isso é atribuído à
contenção tarifária imposta pelo governo federal, como mecanismo antiinflacionário
(SILVA, 2005).
reajustes das tarifas de energia elétrica foi transferido para o Ministério da Fazenda, que
exemplo dessa política, menciona-se que a tarifa média da CELPA foi reduzida de US$
elevação dos juros internacionais provocaram uma crise generalizada no sistema elétrico
nacional. Além disso, a pressão contra a equalização tarifária por parte das
cujo parque gerador era predominantemente térmico. Para tentar resolver esse impasse,
seus recursos.
agravar a crise dessa concessionária, porque ela eliminou o Imposto Único sobre
Energia Elétrica (IUEE), que era uma fonte de aporte de recursos para os Estados e
ser lembrado que o governo do Pará era o maior acionista da CELPA e que esse Estado
tornou-se um dos maiores exportadores de energia elétrica do País. Por fim, essa
Esse contexto não permitiu que a CELPA arrecadasse recursos suficientes para
Em 1985, pela primeira vez em sua história, essa concessionária teve prejuízo.
De 1989 a 1997, excetuando-se apenas 1996, esse quadro voltou a se repetir, o que
levou o governo estadual a abrir sucessivos créditos, num total de US$ 6,89 milhões,
Considerando que essas obrigações eram de US$ 64,8 milhões e US$ 247,9 milhões em
1978, observa-se que houve uma degradação mais acentuada da situação econômico-
elétrica em vinte e três municípios, localizados nas regiões do Baixo Amazonas, Alto
Em 10 de julho de 1998, a CELPA foi a leilão, tendo sido vendida pelo preço
apud SILVA, 2005). A diferença entre os preços do leilão e dos consórcios talvez
ocorreu pelo fato de as ações pertencentes à ELETROBRÁS não terem sido colocadas à
elétrica até 2028, podendo o mesmo ser prorrogado por um prazo máximo de 30 anos.
Esse contrato estabeleceu também que todos os municípios deveriam ter acesso ao
serviço público de energia elétrica até dezembro de 1999, obrigando essa concessionária
a estender esse serviço para mais vinte municípios paraenses, que até então não eram
atendidos. Ele também obriga a aplicação de 1%, no mínimo, de sua receita anual em
programa de eficiência no uso e oferta de energia elétrica, que deverá ser analisado e
aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Por outro lado, ele veda
a cobrança de tarifas acima dos valores estabelecidos por essa agência e preserva o
tentar sanear a CELPA, antes e após a sua privatização. Entre as quais, destacam-se:
recebimento de dívidas de empresa pública, cuja maior parte venceria no longo prazo,
venda de ativos, utilização de créditos. Além disso, eles observam um crescimento da
receita dessa concessionária, devido ao aumento das tarifas estaduais de energia elétrica
redução dos custos operacionais. Contudo, esse contexto não foi suficiente para reduzir
(CELPA, 2005). Além disso, entre 2000 e 2004, essa concessionária apresentou três
prejuízos.
parte do acordo indenizatório de R$ 370 milhões (US$ 126 milhões em dólar de 2004),
referente às perdas provocadas pelo plano Bresser. Desse total, R$ 20 milhões (US$ 6,8
essa razão que levou o INEPAR ENERGIA, que detém 1/3 do controle acionário dessa
ECONÔMICO 15/10/2004). Porém, não se descarta a possibilidade desse fato ter sido
dezembro de 2004.
partir de 1978, chegando a quase zero em 1992, ou seja, o caixa da CELPA estava
praticamente zerado para pagar as dívidas de curto prazo. É possível observar que a
situação mais grave ocorreu ao longo da primeira metade da década de 1990. Pode-se
perceber também que esse indicador, embora ainda baixo, tem mantido uma certa
0,04 entre 1999 e 2004. Isso significa que para cada unidade monetária de dívida de
curto prazo, a CELPA possuía apenas 0,04 unidade monetária de disponibilidades para
saldá-la.
o ideal é que a liquidez seca seja maior que uma unidade monetária.
capacidade, que se estendeu até 1994, é claramente observado. De 1998 a 2000, ela
voltou a apresentar uma condição financeira favorável, porém nos últimos quatro anos
do período analisado observa-se que essa concessionária voltou a ter dificuldades para
honrar suas obrigações de curto prazo. Em 2004, por exemplo, a CELPA possuía 0,88
curto prazo.
circulante. Esse indicador também serve para verificar a capacidade de pagamento das
prazo dividido pela soma do passivo circulante e exigível a longo prazo. Esse indicador
empresa estará em condição financeira favorável caso ele seja superior a uma unidade
monetária.
A Figura 3 mostra que essa situação foi observada apenas entre 1970 e 1977.
Embora se perceba que há uma tendência de recuperação dessa capacidade desde 1995,
líquido pelo passível exigível. Esse indicador é utilizado para verificar a dependência
1977, observa-se que a política adotada pela CELPA consistiu em usar mais capital
próprio para saldar suas obrigações. Essa política foi radicalmente modificada a partir
do final da década de 1970, o que coincide com a perda de arrecadação por parte dessa
concessionária em função da contenção tarifária imposta pelo governo federal. Deve ser
foi intensificada.
a longo prazo divido pelo ativo total. Esse indicador revela a dependência de capital de
terceiros para financiar o ativo. Portanto, se ele estiver muito elevado, o risco financeiro
ressaltar que, em 2004, para cada unidade monetária de ativo 0,7 era financiado com
ano de sua privatização. Entretanto, isso ocorreu em grande parte porque a iniciativa
privada usou créditos referentes aos anos anteriores num total de US$ 94 milhões
(GUERRA et al., 2002). Entre 1999 e 2004, a CELPA apresentou três prejuízos.
Figura 4: Comportamento da rentabilidade do capital próprio da CELPA entre 1970 e
2004.
Fonte: Elaborada a partir dos balanços patrimoniais da CELPA (1971 a 2005).
final da década de 1970, um período marcado pela contenção tarifária, pelo segundo
aumento do preço do petróleo, pela elevação das taxas de juros e pela intensificação do
processo inflacionário.
5.0. CONCLUSÕES
indicadores utilizados. A partir da análise, observa-se que ela teve início no final da
década de 1970. Esse fato permite relacioná-la num primeiro momento com os efeitos
pelo governo federal para controlar a inflação. Entretanto, outros fatores também
atendimento elétrico apresenta no território paraense, sob pena de agravar ainda mais
essa crise.