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maio 2004 :: ano1 :: nº5 :: www.arteccom.com.

br/webdesign

DEU BRANCO?!
saiba como os profissionais mais criativos do mercado encontram inspiração

R$ 6,90
Estudo de caso: Hotsite Brahma - Zeca Pagodinho
Inspire-se nos macetes dos grandes profissionais para fugir do “branco”
Tipografia Digital : entrevista, dicas e links
Portfólio: Thunder House / Zentropy

Brainstorming : conheça melhor esta técnica para desenvolver sua criatividade


“Estamos a caminho de uma sociedade sem computadores pessoais ” Luli Radfahrer
direitos autorais
3
Equipe

Editorial
quem somos

Apreciem sem moderação Direção Geral


Adriana Melo
adriana@arteccom.com.br
Quando a equipe me avisou que, praticamente, só faltava o edi-
Direção de Redação
torial para fechar a revista e eu pedi uma opinião sobre o que escre- Bete Veiga
veria, logo me perguntaram se tinha dado um branco... bete@arteccom.com.br

Na verdade, sempre me dá um branco. Então, pensei: vou ler Direção de Arte


Patrícia Maia
essa tal de Webdesign, quem sabe não aprendo alguma coisa?! E não
patricia@arteccom.com.br
é que Daniel Brum, da agência Urbana (pág. 40), esclareceu meu
Ilustração
branco constante. É a falta de limites. Pelo tema do editorial ser livre, Beto Vieira
posso falar aqui de qualquer assunto, desde que exista um link com o beto@arteccom.com.br

conteúdo da revista. Mas é esse excesso de liberdade que atrapalha. Diagramação


Bruna Werneck
Bem, depois que li a revista e descobri o motivo do ‘branco’, fiquei
bruna@arteccom.com.br
mais tranqüila e me senti mais confortável.
Publicidade
Quando resolvemos o conteúdo de cada edição da Webdesign, Daniele Moura
aqui na Arteccom, imaginamos o que gostaríamos de saber, de apren- daniele@arteccom.com.br

der, e corremos atrás disso. Se estamos aprendendo realmente algo Webdeveloping


Fabio Pinheiro
com as matérias, com as entrevistas, com os artigos, com os debates,
fabio@arteccom.com.br
acreditamos ser este o caminho.
Contabilidade
Voltando à minha leitura, logo em seguida, Daniel Brum dá uma Ana Maria Medeiros
entrevista sobre o hotsite da Brahma, que complementou a polêmica ana@arteccom.com.br

campanha televisiva com o “garoto propaganda” Zeca Pagodinho.


Simplesmente, excelente. Ele explica claramente como explorar as Criação e edição
www.arteccom.com.br
potencialidades e recursos que a internet oferece. Nós adoramos e
Distribuição
aprendemos bastante com mais esta edição. Espero que vocês gos- www.chinaglia.com.br

tem também! Minha dica é: apreciem sem moderação ;-)


Colaboração
Bruna Kanhan - Redação
Um grande abraço,
:: A Arteccom não se responsabiliza por informações e opiniões contidas
nos artigos assinados, bem como pelo teor dos anúncios publicitários.
:: Não é permitida a reprodução de textos ou imagens sem autorização
da editora.
Adriana Melo :: Os emails são apresentados resumidamente.
:: Sugestões dadas através dos emails enviados à revista passam a
ser de propriedade da Arteccom.

4
menu
apresentação
pág. 4 quem somos
pág. 5 menu

contato
pág. 6 emails
pág. 6 fale conosco

fique por dentro


pág. 9 adote esta página
pág. 10 clipping

portfólio
pág. 13 veterano: Thunder House/Zentropy
pág. 18 calouro: Glauco Diogenes

matéria de capa
pág. 19 entrevista: Clovis La Pastina
pág. 24 e tudo se fez... branco!
pág. 30 brainstorming
pág. 32 criar para solucionar
pág. 35 debate: O que você faz quando dá branco?

e-mais
pág. 42 estudo de caso: hotsite brahma
pág. 46 tipografia digital
pág. 51 tutorial: formulários em flash com PHP

com a palavra
pág. 54 estratégia online: Marcello Póvoa
pág. 56 webwriting: Marcela Catunda
pág. 60 marketing: René de Paula Jr.
pág. 62 interface: Cláudio Toyama
pág. 64 webdesign: Luli Radfahrer

5
emails

Assunto: À tapa apenas pode ter o rótulo, deve Assunto: Tipografia


levar o nosso conteúdo, a
Primeiramente, gostaria de nossa arte, o nosso objetivo, a Que tal uma seção falando das
parabenizar a iniciativa da fontes mais usadas na web? O
nossa autenticidade e dizer a
Arteccom de desenvolver uma porquê de tantas fontes
todos o que aqui se faz.
revista sobre webdesign dingbats. Por que algumas são
Se atuamos no mercado
realmente de respeito, não grátis e outras chegam a
nacional, devemos reproduzir o
aquelas revistas de 13 a 15 custar mais de US$100.00?
desejo nacional, bem como
reais que, no máximo, vêm Estou adquirindo muito mais
satisfazer as necessidades e
com os trials dos programas conhecimento e informação em
demandas nacionais. Não
Assunto: Não deixem a mais utilizados, e nunca web e design através desta
devemos criar algo pensando
peteca cair acrescentaram nada para o publicação. Parabéns!
em necessidades e preceitos
desenvolvedor. Vocês Gelson Rosin
que não são nossos.
Trabalho na área há quase dez gelson.rosin@terra.com.br
desenvolvem um trabalho
Acredito ser de enorme valia
anos e sempre tive um certo
sério, e eu, aqui em Ribeirão Gelson, vá até a página 49. Seu
uma revista voltada para
desgosto em pesquisar outras
Preto, já comprei as duas pedido é uma ordem! ;-)
um público de
revistas que, na realidade,
primeiras edições (como é
mão-de-obra
nunca foram tão eficientes
difícil encontrar a revista!).
especializada,
como a nossa Webdesign,
Devem estar disputando à tapa
que também
graficamente agradável e
pra comprá-la. rss...
demonstre
impecável nos seus serviços de
Caio Vinícius Osman
preocupação
informação! Pessoal, nunca caioosman@audaxwebdesign.com.br
com a sua
deixem a peteca cair, hein?! Para a Wd é gratificante poder
formação
Flávio S. Martins atender aos desenvolvedores
flavius3@bol.com.br sócio-cultural.
também. Como o projeto de um site
Não há para
Obrigada, Flávio! Adorei a “nossa” deve ser feito em equipe, é bom que
onde corrermos, precisamos Assunto: O que o cliente
Webdesign. A peteca não vai cair se designers e desenvolvedores falem
nos inserir melhor na precisa saber
pudermos contar sempre com a a mesma linguagem.
sociedade, precisamos
ajuda, as sugestões valiosíssimas e Gostaria de, primeiramente,
aprender a vender o nosso
a força de vocês. Um grande abraço! parabenizá-los pela excelente
peixe, precisamos de retórica
qualidade da revista:
sem superficialidades.
Assunto: Usabilidade impecável, tanto no aspecto
Uma revista de tal forma
gráfico quanto no conteúdo. A
Gostaria de ver reportagens democrática, que desperta em
sugestão que quero dar é que
sobre ‘usabilidade’ ou nós, leitores, o sentimento de
publiquem artigos voltados ao
pesquisas centradas no sermos pertencentes, só
empresariado, pois, por
‘usuário’: empresas que fazem poderia ser um sucesso.
incrível que pareça, existem
pesquisas e quanto custam; a Sheila V. Freire
svfreire@hotmail.com muitos que ainda não
aceitabilidade do mercado
acreditam que internet
empresarial e quanto estão Olá, Sheila! E com esta edição,
proporcione retorno para o
dispostos a pagar. valorizamos ainda mais a importância
negócio.
Joana Andrade de projetos originais e criativos.
joanahyper@hotmail.com Alexandre L. Paschoalino
Esperamos que seja bastante útil. alexpaccino@terra.com.br
Assunto: Autenticidade
Olá, Joana! Faremos uma revista com
Utilizaremos como tema de capa da
tudo sobre usabilidade. Aguarde! A revista Webdesign fomenta
edição de junho sua sugestão: o que
Aliás, estamos aceitando sugestões inquietudes importantes e
o cliente precisa saber. Acreditamos
para matérias de capa. Envie a sua! desperta, com uma certa
que ajudará o designer a orientar
sutileza, a necessidade de
bem seus clientes. Parabéns pela
sermos autênticos. O Made in
idéia, Alexandre!
Brazil, que de estrangeiro

fale conosco :: www.arteccom.com.br/webdesign ::arteccom@arteccom.com.br

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“Eduquem-se as crianças e não será necessário punir os adultos” Piaget


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Adotando esta página, a agênciax.com contribuiu com R$600,00 para a
manutenção do projeto Mage-Malien – Crianças que Brilham, benefician-
do integralmente crianças e jovens de comunidades menos favorecidas.
O projeto possibilita o acesso das crianças ao universo da educação, da
arte e da cultura através de cursos e oficinas ministrados gratuitamente agênciax.com

pela equipe Beriba-Rei Capoeira. Ocupando de maneira sadia suas horas de lazer, Rua Albita, 131 sl 306
30310-160, Cruzeiro
os jovens aprendem o exercício pleno da cidadania.
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A Arteccom acredita na construção de um futuro melhor e agradece este gesto de solidariedade!
(31) 3227-7177
Você também pode ajudar a manter o brilho dessas crianças: ligue para (21) 2253-0596 (31) 3227-1363
ou envie um email para arteccom@arteccom.com.br e adote esta página! http://www.agenciax.com
Para conhecer o projeto Magê-Malien, visite o site www.arteccom.com.br/magemalien. comercial@agenciax.com

9
clipping

Detetives digitais caçam copiadores de textos


Começou a temporada de caça aos copiadores de textos na internet: segundo o Wired News, muitas empresas de
advocacia já estão se utilizando de detetives digitais para vasculhar a internet em busca de plagiadores, como o
historiador Stephen Ambrose, acusado de temperar seus best-sellers com trechos roubados de outras pessoas.
O jornal USA Today anunciou que havia usado softwares de detecção de plágio na investigação do caso Jack
Kelley, o repórter que teria inventado matérias de capa e copiado material de diversas fontes, inclusive do The
Washington Post.
Quem está feliz da vida com a notícia é John Barrie, dono da eParadigm, empresa que tem registrado ganhos anuais
de US$ 10 milhões com o serviço Turnitin, que verifica o conteúdo de cada texto publicado na internet, através de um
banco de dados contendo livros, artigos de jornais e websites. Ano passado, a iParadigm aumentou seu investimento na área. ao
oferecer um novo programa chamado iThenticate, que cruza informações e livros publicados online para saber se seus autores foram
plagiados.

(01)
Robôs fazem de tudo
A Toyota anunciou um projeto para
desenvolver robôs destinados a Intel vai lançar
serem assistentes pessoais. processadores
Este da foto tem 1m20cm “ecológicos”
de altura, 35 quilos e lábios A Intel anunciou que vai lançar, no fim deste
artificiais com movimentos ano, processadores “ecológicos”. Os novos
tão semelhantes aos dos (01)
chips serão praticamente livres de chumbo e não
humanos que lhe permitem tocar um trompete. vão prejudicar o ambiente, disse a empresa. Os
O robô da Toyota interage com seu parceiro enquanto demonstram (03)
equipamentos terão apenas 5% do material
seus movimentos fluidos. Eles integram um projeto da companhia japonesa usado nos produtos vendidos hoje em dia.
para o lançamento de robôs destinados a dar assistência aos humanos “Processadores sem chumbo são uma exigência
numa diversidade de áreas. O presidente da Toyota Motor Corporation, do futuro”, disse Michael Garner, diretor de tecnologia de materiais
Fujio Cho, afaga um dos novos robôs humanóides que a companhia planeja da Intel. “Esse é o momento certo para o lançamento destes produtos.”
lançar. A Toyota quer que que seus robôs parceiros “tenham características As fabricantes de produtos eletrônicos são cada vez mais pressionadas
humanas, como agilidade, bondade, gentileza e inteligência suficientes a usar materiais e componentes que não prejudiquem o ambiente.
para serem hábeis na operação de variados dispositivos nas áreas de Além disso, muitas substâncias estão sendo consideradas perigosas
assistência pessoal, cuidado de idosos, linhas de produção e mobilidade”, para os consumidores e estão sendo proibidas pelas agências de
disse Cho. regulamentação.
(02) (03)

Talento feminino na web


Recém-lançado no mercado editorial, o livro “Idéias Criativas em
Flash MX para Web”, de autoria da webdesigner Flávia Barbieri Concurso de sites já tem
Soares, apresenta de forma criativa técnicas para a utilização mais de duzentos inscritos.
do Flash MX de maneira adequada. Baseando-se no livro e Participe!
usando o programa, os leitores terão acesso a conceitos para O Plug In Website Award, concurso que vai premiar
construção de websites consistentes através de exemplos e os melhores sites da web brasileira, já apresenta
(05)
idéias. Além disso, traz efeitos criativos de animação, incluindo concorrência acirrada: mais de duzentos sites foram
Action Script e técnicas básicas de animações funcionais. cadastrados. O grande vencedor ganhará um Pentium
“Espero que ele possa complementar a experiência dos 4 mais um ano de hospedagem grátis com a Plug
leitores de maneira inteligente, eficaz e agradável”, diz a autora. In. Corra e participe do concurso em
Editora: Ciência Moderna. Preço: R$ 40,00 www.plugin.com.br/concurso. Boa sorte!
(04)
(05)

10
clipping
China bane
cibercafés Descobertas falhas críticas em versões do
perto de RealPlayer
escolas e casas Foi detectada uma grave falha de segurança nos tocadores multimídia da Real Networks

Os cibercafés chineses estão - RealPlayer e RealOne. O site de segurança francês K-OTik anunciou que, através de

proibidos de se estabelecerem uma vulnerabilidade crítica, um usuário mal-intencionado pode comandar um ataque

em áreas residenciais e a menos remoto ao usuário do aplicativo, provocando um erro de buffer overflow (sobrecarga

de 200 metros de escolas de de memória). A vulnerabilidade está presente no processamento de arquivos de

Ensino Fundamental e Médio. A r egra da extensão .R3T (RealText 3D), permitindo ao hacker executar comandos aleatórios

Administração Geral para a Indústria e Comércio da no sistema atacado. As versões atingidas são o RealPlayer 8, RealOne Player, RealOne

China vale para todos os Estados - no país é proibida Player v2, RealPlayer 10 Beta, RealPlayer Enterprise. A Real já oferece solução para

a presença de menores de idade em locais públicos o problema.


(07)
que ofereçam acesso à internet, conta o site
XinhuaNet. Tanto que policiais foram escalados este
ano para patrulhar, entre os meses de fevereiro e
Microsoft lança linha de mouses futuristas
agosto, todos os estabelecimentos deste tipo
A Microsoft apresentou em 06/04 três novos modelos de sua linha de mouses, que permitirá
existentes no país, à procura de crianças e
aos consumidores personalizar seus PCs com equipamentos nada convencionais. Cores fortes
adolescentes. Os cibercafés são acusados pelas
e texturas diferenciadas marcam os três novos membros da família, que levam
autoridades chinesas de “espalharem informações
os nomes de Groovy, Immersion e Night Vision.
online que fazem mal à saúde”. “Eles trouxeram
O mouse óptico e sem-fio Groovy (US$ 44,95) remonta ao estilo da
grandes danos à saúde mental dos adolescentes e
década de 60, e leva tonalidades brilhantes nas cores laranja, pink e
interferem no ensino escolar”, alega o GAIC. Os
vermelho. Já o Immersion (US$ 54,95), com fluidos das cores azul e
estabelecimentos que não tiverem licença de
violeta. O Night Vision (US$ 54,95), criado em tons de verde e preto,
funcionamento serão fechados; os que tiverem
“evoca uma imagem futurista da fantasia criada na ficção científica”,
licença mas admitirem a presença de menores de
segundo o fabricante. De acordo com a Microsoft, será vendido no mercado
idade serão “severamente punidos”.
brasileiro somente o modelo Night Vision. A previsão é que o produto esteja
(06) disponível ainda neste mês, mas o preço ainda não está definido. (08)

(09)
Palestras gratuitas Impacta Uso de banda larga já representa
A Impacta Tecnologia, com os apoios da Macromedia, Softcorp e revista
60% do tempo de permanência na
Webdesign, realizará em Junho as seguintes palestras:
Web brasileira
Os internautas que navegam via banda larga já representam mais de
Tema: “A evolução da internet: de web à plataforma de negócios _ os
37% do total de usuários domiciliares ativos no Brasil e correspondem
‘Rich Internet Applications’”.
a 60% do tempo total de conexão na web. Os dados da IbopeBOPE/
Data: 03/06/04. Horário: 19:30/21:30 h.
NetRatings mostram também que os internautas tendem a se
Local: Rua Árabe, 71 (próximo ao metrô Santa Cruz – SP).
concentrar em si tes de entretenimento, comunidade e
Tema: “Evolução do webdesign no Brasil _ do fazer ao vender”.
aplicativos. “Nossos relatórios mostram que executivos e profissionais
Data: 05/06/04. Horário: 10:00/13:00 h.
liberais são as categorias que mais utilizam este tipo de tecnologia e
Local: Rua Árabe, 71 (próximo ao metrô Santa Cruz – SP).
que alguns sites de serviços financeiros e ecommerce já apresentam
Inscrições pelo site www.impacta.com.br ou pelo l ink
mais usuários de banda larga que de linha discada”, esclarece Marcelo
www.impacta.com.br/eventos/eve_eventos.asp .
(09)
Coutinho, diretor de Serviços de Análise do Ibope. (10)

(01) http://www.estadao.com.br/tecnologia/ internet/2004/abr/05/53.htm


(02) http://informatica.terra.com.br/ultimas/galerias/0,,EI553,00.html Errata
(03) http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u15669.shtml Na barra superior da página 57 da edição ABR/04, coluna da
(04) http://www.tonanet.com/livro_FlashMX/ Marcello Póvoa, o destaque de texto correto é:
(05) http://www.plugin.com.br/concurso “Está claro que a forma como escutamos música, assistimos a
(06) http://info.abril.com.br/aberto/infonews/032004/24032004-2.shl filmes, e até mesmo como lemos livros, irá sofrer profundas
(07) http://idgnow.terra.com.br/idgnow/internet/2004/04/0014 transformações nos próximos anos”.
(08) http://idgnow.terra.com.br/idgnow/pcnews/2004/04/0013
(09) http://idgnow.terra.com.br/idgnow/pcnews/2004/04/0012
(10) http://ultimosegundo.ig.com.br/useg/economia/mundovirtual/artigo/0,,1572353,00.html

11
12
portfólio :: veterano
THUNDER HOUSE
OLHOS ABERTOS
PARA INOVAR
A Thunder House nasceu como um departamento de internet da

Mccann-Erickson e tornou-se uma agência independente dentro do grupo

Clovis La Pastina é formado em Comunicação Social pela


Universidade Anhembi-Morumbi, em São Paulo. Aos 40 anos, o
Gerente Geral da Thunder House, já é um veterano no ramo da
comunicação, mas, de acordo com o que diz o famoso ditado -
“a vida começa aos 40” - ainda tem muito sucesso pela frente.
A Thunder House é formada por profissionais que atu-
avam offline, antes da difusão da internet. Clovis, por
exemplo, começou a carreira como redator há mais de 15
anos e ao ingressar, em 1992, numa das maiores agências
de publicidade do país, a Mccann-Erickson, nem imaginava
que o seu destino seria gerenciar, sete anos mais tarde,
uma agência especializada em web.
A agência surgiu, originalmente, como um departamento
de internet da Mccann-Erickson. Os primeiros clientes, conse-
qüentemente, eram os mesmos da Mccann. Com o passar do
tempo e a demanda crescendo a cada dia, a Thunder House
tornou-se uma empresa independente dentro do grupo.
Novos clientes foram conquistados com “respeito e trans-
parência, como em qualquer relação. Tudo na vida imita a polí-

13
portfólio :: veterano

“JAMAIS ACEITE QUALQUER


AFIRMAÇÃO DE QUE O MERCADO
ESTÁ RUIM. BATALHE, LUTE, QUE
VOCÊ ACHA O SEU ESPAÇO”

tica ou o casamento. Você tem de ceder, mas também tem


de ser firme na hora certa, ser flexível em algumas ocasiões,
mas nunca deixar que ajam com prepotência com você.
Sorriso também é sempre bom”, diz Clovis.
Em sua opinião, a palavra-chave para o webdesign
sempre foi e, sempre será, usabilidade. “A internet é dife-
rente de todos os outros meios. O meu modo de buscar
informações é diferente do seu. A minha leitura na tela é
diferente da sua. O meu “timming” é diferente, as minhas
prioridades são outras e sou eu quem as faz. Como acer- www.thunderhouse.com.br

tar em cheio o gosto de cada um? Quem faz um anúncio


de revista sabe que o leitor vai virar a página, ver a foto,
ler o título e, se interessar, ler o texto. Mas, e ao entrar
em um site? Há sites que parecem um buraco negro, você
vai entrando em vários níveis e pode até se perder. A so-
lução para isso é usar o bom senso, ir sempre para o bo-
nito e simples, a não ser que você esteja fazendo um site
experimental, sem pretensões de vender ou apresentar
uma empresa”.
Thunder House Touchscreen: este site, que ganhou o
O reconhecimento de seus clientes é fundamental prêmio Moluv de excelência em design e foi
reconhecido em Cannes, está disponínel na seção
para coroar o sucesso da agência paulista. Assim como portfólio do site institucional

Darwin e sua teoria da seleção natural, Clovis também www.thunderhouse.com.br

tem sua versão para explicar a prosperidade da Thunder


House: “ninguém engana por muito tempo. Quando o
profissional é picareta ou a empresa não é boa, o tempo
se encarrega de fazer a seleção natural. Muita gente per-
deu negócio mesmo quando houve aquela euforia da
www.thunderhouse.com.br/trabalhos/laramara
Este site, da Fundação Laramara, é um dos mais
premiados do mundo.

14
portfólio :: veterano
internet, e achou que era simplesmente uma forma de ga-
nhar dinheiro fácil. Realmente, ganhava-se dinheiro mais
fácil do que hoje, mas trabalhava-se muito, como continua
acontecendo”.
Quando o assunto é trabalho, Clovis abre seu portfólio
para mostrar alguns motivos de orgulho da Thunder
House. O briefing para o site da Gol era simples: vender
passagens aéreas pela internet. “Fizemos um site modular,
que funciona como um Lego. Tudo pode ser mudado pelo
próprio cliente conforme a sua necessidade, exceto a seção
em que os internautas compram as passagens. Deu, e con-
tinua dando, um super resultado. A Gol conseguiu quebrar
a barreira de compra de bilhetes via web. Tudo foi desen-
volvido em cgi”.
Para o fotógrafo Giácomo Favretto foi feita uma pági-
na personalizada e muito criativa. O site aproveita a luz
que vem de trás do computador para representar a mesa
de luz na qual o fotógrafo apresenta seus trabalhos em
cromo. “Na vida real, o fotógrafo faz exatamente isso, liga
a mesa de luz, coloca os cromos sobre ela e mostra os de-
talhes do clic no conta-fio. No site você faz o mesmo: ar-
rasta o cromo sobre a mesa e arrasta o conta-fio sobre o
cromo para vê-lo ampliado. Foi todo feito em Director”.
www.giacomofavretto.com.br
A navegação faz analogia à manipulação de uma
fotografia por um fotógrafo.

Uma história para contar...


“Certa vez, o Bob foi almoçar xerox grampeadas. Pois bem para um loft, contava que a xar pra lá, mas ele pegou o
com o PJ, da Agência Click, e no dia seguinte ao almoço tal concorrência já estava ga- telefone e disse: “Eu vou ligar
contou sobre alguns planos de dos dois, nós fizemos um nha e finalizava falando da- agora para esse f…”.
mudança da Thunder para um clipping ‘fake’, reproduzindo o quelas agências que ele acre- Bem, óbvio que nós tivemos
loft. Na época, as duas agênci- que teria sido uma entrevista ditava que eram as melhores que explicar para ele o que tí-
as estavam na mesma concor- do PJ. Pegamos uma foto dele do mercado, sem citar a nhamos feito, mas, mesmo
rência e eles foram super polí- e eu fiz o texto no formato de Thunder, é claro. O Bob ficou assim, ele demorou para
ticos sobre o assunto. entrevista. louco da vida, fumava tre- acreditar, porque a nossa en-
Nesse período, na McCann, Na entrevista, o PJ que nós mendo muito e me chamou trevista estava muito perfeita.
nós recebíamos o clipping im- criamos, falava da vontade para ver a entrevista. Eu dei Acho que o PJ só vai saber
presso, em várias folhas de dele de mudar a Agência Click de ombros e falei pra ele dei- disso pela Webdesign”.

15
“A PALAVRA-CHAVE
PARA O WEBDESIGN
SEMPRE FOI E
SEMPRE SERÁ:
USABILIDADE”
O site da Laramara foi desenvolvido em uma tela
toda preta, na qual o visitante não enxerga o cursor e não
tem a mínima idéia para onde seguir. “Uma voz vai lhe gui-
ando, falando para você ir mais para os lados direito ou
esquerdo, para cima ou para baixo. Diz também pra você
clicar no menu até achar um game que você joga sem ver
nada. Tudo isso para mostrar como é difícil a vida de quem
é deficiente visual. Feito todinho em Flash”, explica ele.
Pessoalmente, Clovis é “tarado por cinema” e sente-se
realizado, principalmente, porque adora ser pai. Profissio-
nalmente, ele se considera metódico e perfeccionista. Aos
designers que estão entrando no mercado, deixa uma su-
gestão: “nunca, jamais aceite qualquer afirmação de que o
mercado está ruim, que ele está lotado, que tem gente indo
para a rua, que o risco-país influencia na tomada de decisões
dos clientes. Desde que eu me conheço por gente a situa-
ção está ruim. Aliás, acho que ela está ruim desde 1500,
quando fomos descobertos. Se a situação está tão ruim
assim, porque não vamos todos para a praia? Não aceite
desculpas. Batalhe, lute, que você acha o seu espaço”.
Para o próprio futuro, Clovis tem seus planos: “Teria fei-
to jornalismo. Espero ficar rico, largar tudo e fazer jornalis-
mo”. Enquanto o futuro não vem, ele espera... sentado, no
selim de uma bicicleta. “Aqui na Thunder, nós temos uma
equipe que vai para as trilhas de bike, no meio do mato, para
encher os pulmões. Ultimamente, isso tem virado uma febre
por aqui. No carnaval, foram 400 km em quatro dias. Já par-
ticipamos de provas no mini-EMA, com corridas de aventura,
mas isso eu não faço mais. Principalmente, porque, agora, eu
tenho um bebê pra cuidar”, lembra o papai coruja.

16
portfólio :: veterano
De cima para baixo, nesta coluna:
www.voegol.com.br
http://200.162.218.57/lycra/index.asp

Ao lado:
www.thunderhouse.com.br/trabalhos/sorriso_jua
www.sadiakits.com.br
http://200.162.218.57/intelig/homesv.asp
www.bayer.com.br

“A SOLUÇÃO É SEMPRE IR PARA O BONITO


E SIMPLES, A NÃO SER QUE VOCÊ ESTEJA FAZENDO
UM SITE EXPERIMENTAL, SEM PRETENSÕES DE
VENDER OU APRESENTAR UMA EMPRESA”

17
portfólio :: calouro

Pressão? Tô fora!
Apaixonado por design suíço, o paulista

Glauco Diogenes de Oliveira aposta numa rotina bem


planejada para cumprir prazos e, principalmente,

realizar trabalhos de qualidade

“Trabalhar sob pressão, para algumas pessoas pode ser estimulante,


mas não é o meu caso”, confessa. Recém-formado pela UniFMU (Unidade
Vila Mariana - SP), no final de 2003 concluiu o curso de Desenho Indus-
trial com bacharelado em Design Gráfico e vem trabalhando como ilustrações Glauco Diogenes

freelancer há cerca de dois anos.


Como resultado de um primeiro projeto independente bem feito,
Glauco conseguiu dar continuidade a seu trabalho graças ao famoso, e
“Conheço verdadeiros cobras
eficientíssimo, boca-a-boca. Por conta disso, já realizou mais de 80 que não são formados,
jobs (ilustrações para revistas, websites, logotipos de casas noturnas),
inclusive para as revistas Playboy e VIP. Também participou da campa-
mas estes, são jóias
nha da Acessorize London, uma grife inglesa de acessórios, recém- cada vez mais raras”
lançada no Brasil.
Defensor da necessidade de formação acadêmica para os designers,
ele reconhece que existem exceções: “A formação superior é fundamental
para acompanhar os avanços de tecnologia/internet e também por causa
da competição cada vez mais acirrada entre concorrentes. Co-
nheço gente muito boa na área, verdadeiros cobras, que
não são formados, mas estes, são jóias cada
vez mais raras”.

www.ellusjeansdeluxe.com.br

www.ellus2ndfloor.com.br www.equus.com.br

18
entrevista :: Clovis La Pastina
Pintou sucesso!
Agora que vocês já conheceram alguns dos trabalhos realizados pela Thunder House, chegou

a hora de saber um pouco mais sobre metodologia de criação, perfil profissional, relação
com o cliente, trabalhos bem sucedidos etc.. Numa entrevista franca e descontraída, Clovis

La Pastina, gerente da agência, comenta estes temas e ainda aconselha àqueles que estão

começando... ou tentando começar. Com vocês, a voz da experiência!

Wd :: A Thunder House utiliza alguma amente dito. As idéias vão surgindo e todo
técnica como o brainstorming, por mundo acaba participando do processo.
exemplo, para buscar soluções originais? Wd :: Você acredita que a energia gera-
Ou seja: qual a metodologia de criação da pelo trabalho ‘sob pressão’ e prazos
da agência? curtos faça despertar idéias originais?
Clovis :: Depende do caso. Muitas vezes, Clovis :: Sabe quando você vai acampar
quando fazemos um hotsite de apoio a uma no meio do mato, acaba sendo pego de
promoção não há muito tempo hábil para a surpresa e perde o contato com o
criação e temos que seguir o guideline que mundo? Cai a
a campanha promocional já tem. Por noite, chega
exemplo, nas promoções de Nestlé, Sorri- o frio e você
so/Colgate e Lycra, nós criamos ‘by the tem que se
book’. As imagens foram enviadas pelas virar pra conseguir
agências e nós tratamos de adaptar para o fazer algo rápido para
formato web. sobreviver? É mais ou
Quando trata-se de um trabalho mais livre, menos este o espírito. Na
como ocorreu com Patrícia Coelho, Arnaldo pressão, eu acredito que o
Antunes, Os Paralamas, Laramara e outros, aí cérebro entre num ritmo
sim, existe um tempo maior para a elabora- de achar uma saída, uma so-
ção da idéia. Não há um brainstorming propri- lução. Acho que é assim que

19
entrevista :: Clovis La Pastina

“Só a criatividade funciona, porque, de fato, coisas boas aca- principais prêmios internacionais e eu digo
bam surgindo do prazo exíguo. Não que que valeu a pena, sim. Óbvio que gerou no-
não segura
‘segura a onda’ isto seja uma regra, mas é uma forma de, vos projetos, mas pintou muita coisa pra
dos clientes, eles digamos, jogar mais adrenalina nas veias e fazer de graça. Quando o Bob Gebara saiu
isto acaba sendo um estímulo involuntário. da Thunder e eu acabei assumindo a dire-
querem
quer em um As situações adversas são uma grande ex- ção, as coisas mudaram um pouco de fi-
compromisso periência. Elas fazem você provar a si mes- gura, mas não por minha causa. Aconte-
mo que não vai ser o ponteiro do relógio ceu uma mudança na filosofia interna.
sério, um bom que vai ditar o seu ritmo. Dá pra fazer meia Como a Thunder já havia ganhado tudo,
atendimento etc.” hora virar um minuto. Nós somos a prova vi- era preciso priorizar outras coisas mais
va disso. Lembra muito aquelas cenas clichê importantes. Então, nós deixamos de fa-
de filmes em que o cara tem que cortar o fio zer o que todo mundo faz, que é criar só
certo enquanto o relógio digital vai se apro- para os festivais. Preferimos utilizar o nos-
ximando do zero. No final, tudo dá certo. so precioso tempo para prospectar e ala-
Wd :: Até que ponto o sucesso da em- vancar novos negócios através do traba-
presa pode ser atribuído aos diversos lho duro, ao invés de deitar na fama. Só a
prêmios conquistados? Os prêmios criatividade não ‘segura a onda’ dos clien-
alavancam novos projetos? tes, eles querem um compromisso sério,
Clovis :: O sucesso da Thunder já foi o re- um bom atendimento etc..
sultado dos prêmios que ela ganhou no Wd :: Como você identifica o perfil do
passado. Naquela época, de 1996 para cá, profissional criativo?

havia uma cultura de entrar em tudo quan- Clovis :: Hoje ele é mais maduro, mais pro-
to era premiação. Isso acaba gerando mí- fissional. Entende que refazer um trabalho
dia espontânea, projeção, burburinho, ou seguir um guideline é uma coisa que faz
reconhecimento. Nós ganhamos todos os parte do dia-a-dia. O estrelismo exacerba-
do acabou. Todo mundo ‘rala’ legal para
produzir um trabalho, no mínimo, digno.
Ninguém mais é dono absoluto da cadeira
ou do computador. Cada vez mais, as equi-
pes estão buscando profissionais que
trabalhem em equipe. Eu, pessoalmente,
acho muito triste o cara colocar um fone
de ouvido e ficar o dia inteiro com aquele
troço na cabeça, sem dividir opiniões.
Wd :: Vocês já tiveram idéias super criati-
vas censuradas pelo cliente? Como lidar

com os limites impostos pelos clientes?

20
entrevista :: Clovis La Pastina
Clovis :: Já. Muitas. Várias. Isso faz par- disse que é por isso que nascemos com “Ninguém mais é
dono absoluto da
te. Nós entendemos de internet, mas não duas orelhas e apenas uma boca.
somos os donos da verdade absoluta. Por Wd :: Como surgiu a idéia/conceito do
isso, costumamos ouvir muito os clientes. site Laramara? cadeira ou do
computador.. Cada
O que acontece, às vezes, é que o cliente Clovis :: Foi numa conversa entre mim e o
não entende muito de internet. Ele quer André Matarazzo, um dos melhores
computador
fazer um site com uma massa de texto designers que eu já vi. O cara é um mestre vez mais, as
impossível de ler, com um ‘scroll’ gigan- Jedi do design web. Nós queríamos fazer
tesco. Ele tenta adaptar uma peça publici- algo para o terceiro setor, pois, na época,
equipes estão
tária ao meio web na íntegra. nós estávamos dentro do prédio da McCann buscando profis-
Da mesma maneira, há anunciantes que e a agência sempre teve a filosofia de traba-
colocam um mundo de informacões num lhar muito para as campanhas colaborativas,
sionais que traba-
busdoor ou num outdoor, que não são os como AACD, Care, AMA, Exército da Salva- equipe””
lhem em equipe
meios mais adequados para isso. ção etc.. Então, como eu conhecia a Lara,
Na maioria das vezes, eles estão apenas que é deficiente visual e filha do fundador
seguindo as orientações de uma matriz, da Associação Laramara, nós ficamos de pen-
mas é óbvio que existem coisas que funci- sar em algo para a entidade. Até que o André
onam na Holanda, mas não aqui no Brasil. teve um estalo e fomos afinando o discurso
Diante disso, tentamos adequar os dois de como achávamos que o site deveria ser
lados. O principal numa relação com o cli- feito. Eu fiz a redação e o atendimento, mas
ente é ouvir, mais do que falar. Alguém já 99% da idéia pertencem ao André.

21
entrevista :: Clovis La Pastina

Wd :: Quais são suas influências cultu- fascina e eu fico olhando pra ele durante vá-
rais? Onde buscam inspiração? rios minutos, o jonathan-clark.com (e olha que
Clovis :: Em tudo. Cinema, teatro, TV e na este site mostra um cemitério). Por isso que
própria web. Ultimamente, temos buscado quando pinta um site com idéia, com concei-
bastante inspiração no campo, saindo da to, ele acaba virando cult, porque é raro apa-
cidade nos fins de semana. Criamos a recer um. Daí eu gostar de alguns sites que
nossa equipe de biking, a Thunder House fizemos, como o touch-screen, o Laramara e
Adventure Team e através dela participa- o site do fotógrafo Giácomo Favretto.
mos de provas em equipe, em que todo Wd :: Que retorno seus clientes tiveram
mundo tem de chegar junto, ou simples- com soluções originais apresentadas
mente percorremos algumas trilhas do in- por vocês? Este retorno foi mensurado?
terior do Estado. Recentemente, a equipe Clovis :: O retorno de vendas do site Sa-
fez 230 km no meio da lama, na chuva, dia Kits, um b2b que vende aqueles kits de
tentando atravessar o caminho da fé, Natal com peru e tender numa sacola tér-
que tem 400 km de extensão e atravessa o mica, com que as empresas presenteiam
Estado de Minas, até chegar em Aparecida. seus funcionários no final de ano, é um
Não deu pra chegar por causa do tempo tremendo sucesso. Uma das operações
ruim, mas no próximo feriado de 09 de mais rentáveis da Sadia, já que a ação é
abril vamos completá-lo. Não é que a inspi- rápida, começa em agosto e termina no
ração esteja lá, no meio do mato, mas a começo de dezembro. Tudo é feito via web.
oxigenação do cérebro, sim. E é isso o que O próprio telemarketing deles utiliza a web
nos faz ficar bem, com o corpo e a mente quando um cliente tem alguma dúvida.
legais para voltarmos na segunda-feira total- Esta é uma operação da qual temos um
mente zerados. grande orgulho de participar, pois fomos
Wd :: Que sites vocês nós que a implementamos. O site da Gol
O Caminho da Fé X consideram exemplo de Linhas Aéreas, cuja ação principal é a de
Sr. Almiro Grings, aposentado, duas vezes originalidade? Por que? vender passagens aéreas via web, dá o
peregrino do Caminho de Santiago de Compostela, Clovis :: É muito difícil maior show na concorrência. Estes são
retornou de sua segunda peregrinação convicto
você achar um site legal, apenas dois exemplos dentre vários. Vale
em implantar a maior trilha de peregrinação no
Brasil, similar a de Compostela. Traçou, que tenha uma idéia bem lembrar que não se trata apenas do retor-
aleatoriamente, uma rota onde predominasse a sacada. Há um monte de no de vendas, mas também do retorno de
beleza natural conjugada com a religiosidade.
sites bonitos, lindos, clean, imagem que as empresas têm.
Contatou, de início, as Administrações e Igrejas
de 16 cidades, ficando cada município responsável bem feitinhos, com tudo Wd :: Algum conselho aos jovens profis-
por seu território. Em tempo recorde, o Caminho funcionando, como o site sionais? Dicas de livros, referências etc.?
da Fé foi inaugurado em 11 de fevereiro de 2003,
www.tom-roch.de/start.htm,
na cidade de Águas da Prata.
O Caminho da Fé tem aproximadamente 400 por exemplo. Tá tudo lá, cer-
quilômetros, atravessando a Serra da Mantiqueira tinho. Existe um site que
por estradas vicinais de terra, trilhas, bosques e
não é novo, mas a idéia me
pastagens.

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entrevista :: Clovis La Pastina
O que é B2B? X

‘B2B’ é a sigla para “Business to business”. Este é um dos termos


de marketing mais utilizados na área de TI. Traduzindo, ‘B2B’
significa um negócio entre duas companhias que utilizam
tecnologia digital.
Fonte: www.it-director.com

Clovis :: Não desistir jamais, mesmo que Resultado da enquete:


alguém te diga que o mercado está satu- Onde você busca inspiração?
rado e que não há lugar para mais nin- 35% internet
26% livros, revistas e músicas
guém. O mesmo cara que fala isso, acaba
22% no ócio: relaxado, pensando na vida
empregando uma gatinha descoladésima, 13% lugares: passeios, viagens etc.
ou um parente de alguém influente que 4% conversando com amigos

não vai estar muito interessado em traba- Acesse www.arteccom.com.br/webdesign e

participe!
lhar duro como você.
Dicas e referências? Vai muito do gosto de
cada um. Tire o máximo de informações
daquelas coisas que fazem você sentir que
está vivo e lhe deixam feliz, mesmo que
estas coisas estejam longe da tela de um
computador.

“ T ir
iree o máximo de informações
daquelas coisas que fazem você
sentir que está vivo e lhe deixam feliz,
ainda que elas estejam
longe da tela de um
computador””
computador

23
e tudo se fez... branco!

E tudo se fez...

...BRANCO!
24
e tudo se fez... branco!
De repente, todas as informações parecem ficar ilegíveis para o nosso cérebro, como se
estivessem numa linguagem impossível de ser decodificada pela mente ou ilhadas num local
de difícil acesso. É o famoso branco, que consegue tirar muita gente do sério,
principalmente, aqueles que têm na criatividade a matéria-prima do seu trabalho.

Bloqueios de criatividade... Quem Grandes Idéias”, a criatividade não é uma “A criatividade,


nunca os teve que comemore! Você se caracterísitca inata, e aumentá-la é algo
para mim, não é só
lembra do último? E do penúltimo? Se a completamente possível, seja qual for a
ter idéias, mas sa
resposta foi sim para ambas as perguntas experiência criativa, atual, ou passada,
é sinal de que eles estão acontecendo com de cada um. Partindo dessa afirmação, ber rrealizá-las:
ealizá-las: é
freqüência. E isso é péssimo... Talvez você subentende-se que todo ser humano car- unir fantasia e
esteja dormindo menos do que necessita rega criatividade dentro de si, ainda que
concr etude
etude””
concretude
ou tendo sonhos entediantes e inúteis nas estagnada.
Domenico De Masi
suas poucas horas de descanso. Indepen- Jordan enxerga quatro elementos
dente da causa, felizmente é possível re- fundamentais no espírito criativo: aber-
verter esse quadro lançando mão de al- Criatividade X
guns artifícios capazes de ressuscitar o seu s. f., capacidade criadora; aptidão para formular idéias
criadoras; originalidade; engenho.
potencial criativo, evitando que esses vá-
Fonte: dicionário online Priberam
cuos se repitam tantas vezes.
Criatividade sem preconceito
O que poderia ser mais democrático
do que a criatividade? Qualquer pessoa
pode ser contemplada com um espírito cri-
ativo, não importa qual sua etnia, naciona-
lidade, aparência, situação financeira...
Enfim, para a criatividade não existem
fronteiras. Ela é justa, imparcial e trans-
cende valores sociais num mundo onde o
‘ter’ é mais valorizado que o ‘ser’.
Mas essa facilidade de criação seria
um dom, um talento nato ou poderia ser
aprendida? Haveria dois tipos de criati-
vidade: uma genuína e outra fabricada?
Para o consultor e palestrante Jordan
Ayan, autor do livro “A Ha! 10 Maneiras de
Libertar seu Espírito Criativo e Encontrar

25
e tudo se fez... branco!

tura; tolerância ao risco; ânimo e curi-


osidade, sem os quais torna-se
imposível pôr em prática as estratégi-
as por ele sugeridas. São elas:
1. Relacione-se com as
pessoas
Cada pessoa é um universo e
pode lhe apresentar uma mesma
questão analisada sob um ângulo
diferente.

2. Projete um ambiente 3. Saia do seu casulo viajando 4. Seja contagiado por brin-
enriquecedor O contato visual com outros cadeiras e pelo bom humor
Um ambiente personalizado cenários assim como o contato Informalidade e descontração
influencia na geração de pessoal com outras culturas libertam as pessoas da auto-
pensamentos criativos. aumenta o grau de atenção do censura, criando um estado
cérebro. mental propício à criatividade.

5. Expanda sua mente por 6. Dedique-se às artes 7. Fique ligado na tecnologia


meio da leitura As artes trazem à tona emoções A tecnologia pode viabilizar a
Ler possibilita a interação com encobertas pelo cotidiano, criatividade na medida em que
outros conceitos, propiciando a fazendo surgir as mais variadas oferece ferramentas que
reciclagem e o abastecimento de formas de expressão. facilitam a transição teoria-
idéias. prática das idéias criativas.

8. Dinamize o pensamento 9. Libere seu alterconsciente 10. Entre em contato com sua
com relação aos seus Quando acordados, todos devem alma criativa
desafios procurar usar ao máximo o Mergulhar dentro de si mesmo é
É preciso exercitar o cérebro na alterconsciente, definido pelo estabelecer contato com seu eu
focalização de um pensamento autor como a capacidade interior para resgatar a criativi-
criativo para os casos de cerebral sob o estado de dade presente em cada um.
trabalho sob pressão. consciência (uma espécie de
território nulo entre consciente e
inconsciente, de onde parecem
partir as idéias).

26
e tudo se fez... branco!
Na aldeia global, cada um vale quanto cria tecnológica e outras características da época atual aca-
Num mundo globalizado e competitivo, onde a busca bam gerando uma automação de atitudes e sentimentos, o
por soluções inteligentes é uma constante, teoricamente, que é altamente prejudicial à criação. Do mesmo modo,
os criativos tendem a ser mais bem sucedidos no campo globalização nos remete à unificação, padronização, efei-
profissional. Mais do que nunca, hoje em dia, sentir-se cri- tos que vão de encontro à individualização que personifica
ativo está intimamente ligado à autoconfiança. Para o objeto de criação. A quebra de identidade cultural acar-
Jordan, a criatividade começa e ser estimulada em casa reta unanimidade não apenas de idéias, mas também de
(através de pais criativos e de um ambiente familiar saudá- críticas. Então, o risco de se cair num ciclo vicioso e
vel) e limitada na escola (dentro de um sistema educacio- entediante torna-se maior.
nal pré-formatado). Apesar de toda essa tendência globalizadora, ainda é
Contraditoriamente, a mesma pós-modernidade que possível observar criações e reações variantes de país para
exige o profissional criativo, deixa cada vez menos espaço país. Muitas vezes, o que é considerado criativo por um
e tempo para o desenvolvimento de um espírito criativo. povo, passa despercebido por outro e vice-versa. Tal julga-
Instantaneidade de informações, rotina corrida, revolução

27
e tudo se fez... branco!

A mesma pós- mento terá como base a cultura e os valo- porém, poucos têm essa consciência.

modernidade que res peculiares daquela sociedade. Polêmica criativa


Racional X Passional Aonde começa e onde termina a ética na
exige o profissional
Haveria um perfil de indivíduo criativo? criação é algo bastante discutível. Não raro,
criativo, deixa cada As pessoas racionais teriam mais dificul- uma ótima idéia é criada com base em outra
vez menos espaço e dade em criar por usarem pouco a emo- boa idéia, quase num compartilhamento de

tempo para o ção? Os passionais poderiam ser conside- autoria. Algumas campanhas publicitárias são
rados mais propensos a rompantes de bons exemplos disso.
desenvolvimento
criatividade por estarem mais em contato Ainda polemizando, Domenico De Masi,
de um espírito com seus sentimentos? Mas, se todos tra- publicitário italiano famoso por suas criações
criativo zem essa capacidade dentro de si, talvez a e declarações polêmicas, revelou-se um de-
diferença esteja na metodologia de cria- fensor do ócio criativo numa entrevista que
ção, ou seja, ambos os tipos poderiam até deu origem ao livro de mesmo nome. Para
chegar à mesma solução, sendo que por ele, a criatividade é resultado da síntese en-
caminhos diferentes. tre consciente e inconsciente assim como
Jordan Ayan recomenda atenção es- entre as esferas racional e emotiva. “Por es-
pecial a sonhos e intuições. Eles permitem fera racional entendo o conjunto dos nossos
acesso a informações que podem se revelar conhecimentos e habilidades, e por esfera
preciosas na hora de criar e, por traduzirem emotiva o conjunto das nossas opiniões,
emoções e sentimentos ocultos, imprimem comportamentos, emoções e sentimentos.
uma marca personalíssima às criações que (...). A criatividade, para mim, não é só ter
os usam como fon- idéias, mas saber realizá-las: é unir fantasia
Ócio Criativo X
te inspiradora. Li- e concretude”. Logo, não basta teorizar, é
“O futuro pertence a quem souber libertar-se da idéia
tradicional do trabalho como obrigação ou dever e for teralmente, é a preciso saber pôr em prática.
capaz de apostar numa mistura de atividades, onde o criatividade incons- Quem nunca teve branco que atire a
trabalho se confundirá com o tempo livre, com o estudo e
ciente. Conclusão: primeira...a primeira...a primeira... A pri-
com o jogo, enfim, com o “ócio criativo”.
Fonte: “O Ócio Criativo”, de Domênico De Masi. todos são criativos, meira o quê mesmo, hein?!

28
29
brainstorming

Conheça um pouco mais sobr


sobree esta técnica valiosa
utilizada pelos melhor es profissionais
melhores profissionais:
Brainstorming: Procedimento utilizado para auxiliar um grupo a criar o máximo de
idéias no menor tempo possível. O Brainstorming pode ser utilizado das seguintes
formas: Brainstorming não-Estruturado, Brainstorming Estruturado e Brainstorming
Estruturado e Programado. No Brainstorming não-Estruturado, os participantes do
grupo dão suas idéias à medida em que elas surgem em suas mentes. Este procedi-
mento tem a vantagem de criar uma atmosfera mais espontânea entre os integrantes
do grupo. Por outro lado, pode favorecer o risco da dominação por parte dos partici-
pantes mais extrovertidos. No Brainstorming estruturado todas as pessoas devem dar
uma idéia a cada rodada ou “passar” até que chegue a próxima vez.

Brainstorming
Conceito:
Brainstorming, ou “tempestade de idéias”: Consiste Brainstorming não-Estruturado:
em uma técnica grupal de pensamento divergente para Nesta técnica, as pessoas podem
produção de uma grande quantidade de idéias, expondo expressar suas idéias à medida em que
ao máximo nossa inteligência, desbloqueando, dessa elas vão ocorrendo, sem necessidade de
forma, hábitos e atitudes inibidoras de um raciocínio aguardar a sua vez; cabe ao coordenador
criativo. estimular a participação de todos os
participantes.

Brainstorming Estruturado:
Aqui, as pessoas se manifestam obs.: Às vezes, é interessante começar com o
segundo uma ordem pré-estabelecida. processo estruturado e depois passar para o não-
Dessa forma, todos têm oportunidades estruturado quando as sugestões tornam-se escassas.
iguais para se manifestar e os mais Em qualquer caso, a sessão acaba quando os integrantes
calados são estimulados a uma participa- não têm mais idéias a apresentar.
ção maior.

30
brainstorming
Principais P assos:
O Brainstorming está estruturado em três fases distintas:

1a. fase > Geração: Recomendações


Recomendações:
1. Definir o assunto (tema). :: Deixar claro que não haverá críticas nem julga-
2. Convidar os participantes, que mento de idéias, mesmo que elas pareçam, à primeira
devem ser de áreas diferentes e ter vista, absurdas, uma vez que a seleção será feita posteri-
habilidades e formações distintas, ormente.
informando-os sobre os objetivos da :: Antes de analisar as idéias de outrem, deve-se
reunião. solicitar ao locutor que justifique sua resposta, proporcio-
3. Fazer uma breve exposição no nando, desta forma, a obtenção de uma visão e consciên-
início da reunião sobre o problema e a cia das idéias expostas.
sistemática a ser utilizada. :: Encorajar os participantes a apresentarem idéias
4. Iniciar a reunião. baseadas em variações de idéias lançadas anteriormente.
5. Anotar as idéias, de forma que :: Dar oportunidade para que os integrantes reflitam
todos a visualizem durante a reunião. sobre o assunto (se for o caso, pode-se continuar a
6. Prosseguir a reunião até que técnica em outra oportunidade).
todas as idéias sejam registradas.

2a. fase > Clarificação:


1. O time deve rever todas as idéias e entendê-las, mas não deve discutí-las.
2. Priorizar as idéias com a participação do grupo, através da técnica de votação
múltipla, que consiste em uma série estruturada de votações a serem usadas por um
time, para reduzir uma lista com um grande número de itens.

Objetivos: 3a. fase > A valiação:


Seu objetivo é deixar a mente criadora fluir O time deve rever a lista e eliminar problemas
livremente, sem medo de críticas. Essa técnica irrelevantes ou idéias fora do objeto.
reúne um grande número de idéias sem a preocu-
pação com a qualidade. Assim sendo, após
encerrada a sessão, se faz necessário selecionar,
melhorar e organizar as idéias, até se chegar à Fontes:
solução a ser implantada. WebFurnas – www.webfurnas.com.br
“d” – Desburocratizar –www.d.gov.br

31
criar para solucionar

Criar para
solucionar
Resultado: a ponta do iceberg da criatividade. Tudo começa num pensamento
criativo e termina num objetivo alcançado. Parece simples, mas pensamentos
criativos nem sempre chegam prontos. Muitas vezes, são induzidos por
necessidades e lacunas a serem satisfeitas e preenchidas. A resposta para
alguns problemas pode estar na criatividade.

Hoje, mais do que nunca, não basta resultado. (...). Estudos apontam que
ser novo, tem de ser útil. Utilidade é um quanto mais idéias você gerar, mais prová-
diferencial que agrega valor ao objeto de vel é ter uma idéia espetacular. Se quiser
criação e ao seu criador. Uma idéia preci- ter uma grande idéia, tenha muitas idéias,
sa ser admirada e consumida. Diante propicie insights através de observações,
desse quadro, o atual contexto sócio- sentimentos, pensamentos para chegar
“O Homem e seus Símbolos” econômico tornou-se um terreno fértil aos resultados esperados. Mas, não se es-
Carl G. Jung
para o desenvolvimento do processo cri- queça de que, num determinado momen-
Editora Nova Fronteira
O psiquiatra Carl Jung defendia a
ativo. “Nunca foi tão fácil criar como to, temos de utilizar o pensamento lógico”,
tese de que muitos sonhos hoje. As necessidades e informações são completa.
podiam ser interpretados como
inúmeras e o mercado consumidor é vas- Inovar envolve risco e desafio, exige
auxílio ao sonhador, enquanto
outros não passavam de
to”, afirma Maria Inês Felippe, consultora coragem para romper paradigmas internos
manifestações do inconsciente de criatividade e inovação. Na sua opi- e externos. “A inovação é desafio, sempre
coletivo. De acordo com a
nião, brainstormings são altamente pro- foi e será, porque é um passo para o des-
primeira hipótese, conclui-se,
então, a importância de sonhar
dutivos, pois ao oferecerem várias res- conhecido, uma aceitação do ambígüo,
para criar. Cabe aos sonhos postas para cada pergunta, aumentam a algo que somente as pessoas corajosas
libertar de nossa auto-censura
possibilidade de se encontrar uma solu- fazem. (...). Sempre que lançamos uma
estas impressões iniciais.
Uma boa dica para quem
ção: “É da quantidade que sai a qualida- idéia, estamos sujeitos a críticas, reprova-
pretende potencializar sua de e lembre-se de que não é preciso uma ções. O processo criativo é um ato de cora-
capacidade criativa.
grande idéia, e sim, uma idéia de grande gem”, analisa Maria Inês.

32
“Mente aberta, receptiva ao novo, equilíbrio de
emoções” são pré-requisitos para gerar o processo criati-
vo. Nos casos em que a criatividade é direcionada para o
resultado, ao contrário do que se tende a imaginar, a ló-
gica não deve ser priorizada, a princípio. A consultora es-
clarece: “...o pensamento lógico não poderá vir à frente,
temos que, inicialmente, deixar a mente livre para bus-
car idéias, intuir, usar o pensamento divergente, expan-
dir e depois colocar a lógica em ação, através do pensa-
mento convergente, buscando resultados qualitativos e
quantitativos”. Paradoxalmente, “criar exige dedicação e
disciplina”, ao mesmo tempo em que “surge do ócio, da
curiosidade, da inquietação ou do incômodo”.
O processo criativo, em certas ocasiões, é solitário em
sua fase teórica (geração de idéias) e passa a ser compar-
tilhado na fase prática (execução). Por isso, é primordial

Exercitando o pensamento criativo:


– Se eu não fizesse estas atividades desta forma, de que
outra forma faria?
– Como poderei dinamizar as minhas atividades sem
comprometer a qualidade?
– Como poderei agregar valor às atividades que executo?
– Como poderei agregar valor ao negócio da empresa?
– Que outros produtos ou serviços poderei criar a partir do
que já existe?
– Que outros produtos ou serviços poderei criar para pre-
encher uma necessidade específica de uma população?
(Lembre-se dos curiosos!).
Entendendo o processo:
Motivação: tenha um objetivo e trace desafios.
Preparação: defina metas, desconsidere formas e cami-
nhos, levante informações.
Incubação: confine-se, deixe o inconsciente trabalhar.
Iluminação: registre a idéia.
Elaboração: plano de ação, avaliação.
Ação: atacar, fogo!
Avaliação: quantitativo e qualitativo.

33
criar para solucionar

“Estudos apontam que quanto mais idéias você gerar,


mais provável é ter uma idéia espetacular
espetacular”” Maria Inês

um ambiente de trabalho que incentive à Há inúmeras variantes entre o sucesso


criação individual e coletiva”. Maria Inês e o fracasso de uma idéia. Daí a vantagem
considera o pensamento criativo “fruto de de se ter à disposição múltiplas soluções
um processo de educação que vai desde os para um mesmo problema. “Se quiser fazer
ensinamentos no lar, nas escolas, nos am- grandes progressos, terá que correr riscos
bientes de trabalho, que nos tornam prisi- calculados, pois idéias não funcionam sem-
oneiros ou livres”. pre... Em criatividade não existem erros, e
sim, ensaios, e uma idéia poderá ser inade-
Resultado da enquete: quada para determinado momento e valiosa
Você acha que a criatividade:
em outro. Aprender com erros e acertos é
81% é um talento natural, um dom
fundamental”, relativiza a consultora.
19% não precisa ser um dom, pode ser desenvolvida com técnicas
Acesse www.arteccom.com.br/webdesign e participe

34
debate
O que você faz
quando dá branco?
Você utiliza técnicas para buscar soluções originais?

Levante a mão quem nunca teve um branco!


Quase sempre, ocorre justamente nos

momentos em que mais precisamos de

inspiração. Várias coisas podem justificar


essa perda repentina e inoportuna de idéias,

esse bloqueio de criatividade. A famosa lei


de Murphy e o trabalho sob pressão são bons

exemplos. Paradoxalmente, nos dias de hoje,

há os que, de tão acostumados à correria,


até preferem essa situação desafiadora para

desenvolver projetos. Há quem prefira

trabalhar de dia, e também, aqueles que só


dão vazão às idéias durante a madrugada.

Outros têm velhos truques para voltar à

tona, como simpatias... Haja superstição!


Quantas vezes já não tivemos de escrever

palavras com duas grafias diferentes para

termos certeza da grafia correta? Acontece


de vez em quando, não tem como negar nem

fugir. O famoso branco atormenta a todos e

pode, inclusive, atrapalhar uma carreira bem


sucedida. A questão é: o que fazer quando

‘dá branco’?

35
debate

“Pensamento Lateral: você não se concentra na solução

do problema, e sim, no porquê da existência do problema”

“Eu acho o branco total, na profissão Na campanha de um novo lápis azul,


criativa, quase impossível. Sempre vão por exemplo: ‘Por que um lápis e por que
surgir soluções. O problema é que as solu- azul?’, ‘Não poderia ser uma caneta?’,
ções ruins são quase sempre construídas ‘Não poderia escrever com um batom?’,
em torno do ‘branco’ ou da falta de inspi- ‘Por que escrever? Não é mais fácil falar?’,
ração. Na minha opinião, inspiração tem ‘Por que estamos falando?’, ‘O que quere-
muito a ver com o quanto você se identifi- mos transmitir?’.
ca com o produto, entende o mercado que Ao responder essas perguntas, você des-
o circunda e gosta do trabalho que irá de- cobre a essência do problema e, à medida em
senvolver. que isso acontece, escreva tudo o que vier à
Se o designer tiver essa ligação cabeça e recorte todo o material visual que se
emocional com o trabalho, não existe referir a qualquer um desses conceitos. Esse
‘branco’, mas sim, situações mais e me- exercício cria uma imensidão de idéias novas e
nos inspiradas. não usuais. A grande maioria será descartada,
Para mim, existe uma forma de alcan- mas algumas idéias preciosas sairão desse
çar um patamar mais alto de originalidade, brainstorming.
o Pensamento Lateral (Lateral Thinking), Agora, para inspirações visuais ape-
que é, na verdade, a técnica mais importan- nas, prefiro folhear dezenas de livros de
te para a carreira de um criativo. Ela é com- design, anuários antigos, anuários de ou-
plexa e tem uma estrutura muito interes- tros países, coisas do Japão da década de
sante, que visa criar novas vias de solução 80… Tem muita coisa interessante por aí.
sem que se caia no clichê. Aliás, ela até dei- Ou andar pelas ruas perto da minha casa,
xa você cair no clichê, mas acaba lhe dando onde existem milhares de posters, um
ferramentas pra corrigir e melhorar a fór- melhor que o outro… Uma idéia sempre se
mula. O resultado é que você não se con- liga a outra”.
centra na solução do problema, e sim, no
:: André Matarazzo
porquê da existência do problema. O impor-
Diretor de arte
tante é questionar o porquê desse problema da Farfar (Suécia)
www.farfar.com
existir.

36
debate
“Existem diferentes situações em que o processo criativo se comporta de diferen-
tes formas.
A primeira é quando não esperam muito de você e o job é uma grande oportunidade
de crescimento ou de visualização. Aparecerão dezenas de idéias criativas e você ficará
frustrado, pois não haverá dinheiro nem tempo para fazer tudo o que imaginou.
A segunda situação é quando não esperam muito de você e o job não é uma grande
oportunidade. Sem o incentivo, sua cabeça não dará importância ao caso e haverá uma
leve sensação de branco, mas, no final, a idéia solucionará o problema acima do esperado.
A terceira é quando esperam muito de você e o job não é uma grande oportunida-
de. Pela pressão do seu ego e imagem pessoal você passará por 20 idéias péssimas até
chegar a uma com que se sinta confortável, ou porque não há mais tempo de pensar
em mais nada.
O inferno é a quarta situação. Você já foi vendido como o ‘Mago’ das idéias criativas
e essa é a grande oportunidade da sua vida. Depois de ficar dias pensando e nada surgir,
a não ser as idéias que muitos já usaram ou idéias que não têm nada a ver com o proble-
ma, a crise existencial entrará no jogo, levando você a se perguntar se não deveria vender
água de côco na praia.
Para fugir das piores situações é melhor ousar nas idéias do que arriscar o básico, ou
seja, melhor ter uma idéia recusada por ousadia demais do que por ousadia de menos.
As idéias muito ousadas aparecem mais do que as idéias fracas. Porcaria é o que
mais imaginamos na hora de criar algo. Desta forma, ao invés de você fazer o caminho
correto do processo criativo, faça o contrário: pense em algo que jamais poderia ser usa-
do e vá amenizando a idéia até a sua ética dizer que está bom.
Porém, lembre-se de que isso não garante a oportunidade, mas protege a sua
criatividade”.

“Para fugir das piores situações é melhor ousar

nas idéias do que arriscar o básico”

:: Daniel Bottas
Diretor de arte da Publicis Salles Norton
www.publicissallesnorton.com.br

37
debate

“Com exceção do Ziraldo, todo designer já teve branco algum dia. É “O melhor jeito de
uma situação difícil, mas inevitável, que, mais cedo ou mais tarde, vai
combater o ‘branco’, em
acontecer com você. No meu caso, sempre que fico criativamente preso
em algum trabalho tento olhar para o projeto de outra maneira, encará- suma, é ignorá-lo”
lo de outro ângulo e me pergunto o que eu faria se tivesse de recomeçar
o trabalho todo agora, usando uma outra abordagem estética ou “O problema do ‘branco’ não é quan-
organizacional. Acredito que essa técnica de zerar as suas impressões do ele acontece com você, mas quando ele
originais é sempre útil. Outra saída que busco é a de procurar referências acontece em um brainstorming – culmi-
em obras de plataformas diferentes da que estou trabalhando. Um filme nando em um verdadeiro esgotamento co-
pode inspirar um site, um livro pode inspirar um vídeo, um trabalho de letivo de idéias. A discussão chega naquele
arquitetura pode inspirar uma ilustração e assim por diante. Griffith in- ponto em que não sai nada, e quando sai,
ventou a narrativa cinematográfica clássica analisando a obra literária de é uma bobagem tamanha que não dá para
Dickens. Essa é uma boa saída para tentar buscar soluções originais e di- aproveitar nada de útil. Nessas horas, o
ferentes, desconstruir inputs diversos e remontá-los de uma maneira jeito é cada um ir para o seu lado e rea-
nova. Funciona para mim, espero que ajude vocês”. gendar a reunião para mais tarde.
Para arejar a cabeça e espantar o
“Acredito que essa técnica de zerar as suas ‘branco’, gosto de me ocupar com assuntos
que nada remetam à tal idéia bloqueada –
impressões originais é sempre útil”
dos pessoais aos profissionais (às vezes,
trabalhar em um projeto de outro cliente
:: Thiago Teixeira
até resolve o ‘branco’). Geralmente, os
Designer gráfico
www.tiagoteixeira.com.br ‘brancos’ não vêm por acaso. Os meus,
quase sempre, vêm por causa de sono ou
se estou pouco receptiva para criar. Sento
em frente ao computador e começo a na-
vegar, nem sempre com rumo definido.
Quando me dou conta, já estou fazendo
outra coisa, tendo novos pensamentos. O
melhor jeito de combater o ‘branco’, em
suma, é ignorá-lo”.

:: Tatiana Kligerman
Diretora de planejamento da Digital@JWT
www.jwt.com.br

38
“Pode parecer masoquista, mas eu
adoro trabalhar sob pressão. Acho que a
:: Michel Lent
criação pode, e deve, acontecer dentro Sócio-diretor da 10´Minutos
de um tempo delimitado, que a gente www.10minutos.com.br

mesmo se impõe. Como nosso dia-a-dia


é a criação, ou trabalhamos dentro de
um ‘limite’ ou vamos estar eternamente
tensos, estressados e atrasados com a
‘falta de inspiração’. Mas, é claro, que
também não dá simplesmente pra dizer
‘vou criar agora’, sentar e a coisa já sair. “A minha técnica para
Afinal de contas, estamos criando, e
criação está ligada dire-
não, fritando pastéis.
A minha técnica para criação está liga- tamente à troca e ao
da diretamente à troca e ao bate-papo.
bate-papo”
Sempre que eu me vejo com uma sinuca
de criação pela frente, junto a turma em
uma sala com papel em branco e caneta
Futura preta (da finada PaperMate). Nes-
sa hora, vale juntar gente de todo tipo.
Não importa se é de criação ou não. Quem
puder ajudar, participa.
Depois de explicar o briefing para a
turma, o lance é deixar as idéias rolarem
soltas, mesmo que de início, só venham
bobagens. A troca de idéias, naturalmen-
te, vai estimulando a cabeça das pessoas
e vai amadurecendo o conceito, até que
conseguimos começar a definir o concei-
to, as peças, o que precisar.
Essas sessões de criação costumam
levar em média uns 40 minutos”.

39
debate

“A falta de limites “‘As idéias estão no chão. Você trope- é hora de parar e trabalhar individualmente
ça e acha a solução’. Gosto bastante deste em cima do que você já tem na mão.
é, provavelmente,
versinho dos Titãs, mas, no dia-a-dia da Fila de jobs - Normalmente, temos
a causa número agência, quando a pilha de jobs não pára poucos dias ou horas para realizar um job.
de crescer, o prazo é curto e o ‘branco to- Não quer dizer que esse job tenha entrado
um do surgimento
tal radiante’ chega sem aviso. Não tem na agência na mesma hora em que caiu na
do ‘branco total simpatia, superstição ou tropeção que re- sua mesa. Portanto, arranque o briefing do
solva. Mas, há algumas técnicas preventi- atendimento sempre antes de ele trazer
radiante’”
vas que eu uso sempre: até você: imprima, leia com atenção, tire
Diferencial – No caso da internet, todas as dúvidas e deixe o problema traba-
principalmente, sempre cabe a velha per- lhar no subconsciente, bem antes de colo-
gunta inicial: ‘O que eu posso fazer me- car a mão na massa. Você, provavelmente,
lhor aqui do que nas outras mídias?’. A vai ter uma idéia brilhante durante o ba-
resposta quase sempre vem acompanha- nho, na manhã seguinte. Saia do banho
da de boas idéias. imediatamente e anote tudo.
Limites – Budget, formatos, limitações Se nada disso der certo, escolha
técnicas, identidade visual do cliente, obje- uma das alternativas abaixo:
tivos da ação, prazos... Tendo limites bem ( ) peça mais prazo
definidos, você já tem, pelo menos, o ter- ( ) durma 30 minutos
reno sobre o qual trabalhar. A falta de limi- ( ) peça uma pizza
tes é, provavelmente, a causa número um ( ) faça um café bem forte
do surgimento do ‘branco total radiante’. ( ) use uma fórmula bonitinha pra
Chame a galera – Faça um resolver o job
brainstorming rápido. Anote tudo e não dis- ( ) todas alternativas anteriores”
perse falando sobre a balada do fim de se-
:: Daniel Brum
mana (deixe isso para hora do almoço). Diretor de criação da Urbana

Quando as idéias começarem a ficar óbvias, www.urbana.com.br

40
debate
Resultado da enquete:
“O que você faz quando dá branco?”
Participe das enquetes pelo site: www.arteccom.com.br/webdesign

“Rabisco... mas sem objeivos. Fico somente deixando a


imaginação fluir até que a dita cuja da inspiração resolva
aparecer!”
Alice Vargas :: avargas@papayadesign.com.br

“Páro tudo o que estou fazendo, jogo algumas partidas de vídeo-game e pronto! Estou
novinho em folha!”
(Anônimo)

“Tomo um banho gelado, depois ligo o som, fecho os


olhos e relaxo.”
Leandro José Lesnik :: zantetso@ig.com.br

“Abro a boca, ponho a língua para fora e faço caretas...”


cesarfranc@uol.com.br

“Respiro fundo, falo um pouco sozinho e vou ver dese-


nho animado na tv.”
Aloisio Maia :: aloisiomaia@yahoo.com.br

“Leio blogs... Esta é uma das melhores maneiras de fazer vir à tona a criatividade...”
(Anônimo)

“Saio para dar uma volta, olho outdoors e pessoas, sento


em algum lugar e observo todos os detalhes à minha
volta. Dali a meia hora tenho alguma luz.”
Andressa de Queiroz :: andressa@inext.com.br

“Navego por portfólios de designers. E, se mesmo assim, não surgir uma idéia, faço
uma pausa para distrair. Depois, volto a pensar. Sempre funciona!”
Mariana Frioli :: mfrioli@unip.br

“Ligo o som bem alto, apago a luz e saio pulando pela


casa! Estranho... mas sempre dá certo!”
(Anônimo)

“Paro o que eu estiver fazendo e vou dar uma relaxada. Ter um branco é sinal de
stress.”
Henrique Assis :: henriqueassis@uaivip.com.br

41
estudo de caso

Refresca até hotsite


A seguir, Daniel Brum, diretor de criação, e Pedro Mozart, diretor executivo, ambos da Urbana,
falam do projeto de criação do hotsite da campanha Brahma – Zeca Pagodinho. Diante de um
público-alvo tão numeroso quanto heterogêneo, apostar na simplicidade foi a solução encontrada
para alcançar a maior parte desse universo. A fixação da marca do produto, e a divulgação em
massa do mesmo, são objetivos facilmente identificáveis neste hotsite. Polêmica à parte, um
trabalho que merece ser estudado pela adequação, mostrando que nem sempre complexidade e
eficácia caminham lado a lado. E não é filosofia de botequim!

Wd :: Quais as diferenças entre projetar Wd :: Quantas pessoas fizeram parte da


um site ou um hotsite? Que particularida- equipe responsável pela criação do
des devem ser levadas em consideração? hotsite? Quanto tempo durou o projeto?
Daniel :: De uma maneira muito geral, Daniel :: Cinco designers, um redator,
espera-se de um site que ele seja um espa- dois programadores, um estagiário. Uma
ço funcional, simples e rápido. Se você equipe não muito enxuta, já que o prazo,
consulta um portal, o site do seu banco ou este sim, foi bastante enxuto: 72 horas
uma loja virtual, é porque deseja acessar para criar, aprovar, desenvolver, testar e
facilmente a informação, utilizar serviços publicar o site.
online e pronto. E o visual exige certa neu- Wd :: O layout simples, descomplicado,
tralidade, é um ambiente que você vai visi- foi uma espécie de analogia à personali-
tar muitas vezes. Por isso, sites excelentes dade do “garoto propaganda”, ou sim-
são tão simples, como é o caso do Google. plesmente visou abranger os mais diver-
Já um hotsite é uma ação especial, tempo- sos tipos de usuário, facilitando ao má-
rária, promocional. Normalmente, você vai ximo a navegação? Como foi trabalhada
acessá-lo através de ações de mídia online, a usabilidade do site?
mais pela curiosidade do que pela necessi- Daniel :: Em primeiro lugar, tínhamos a
dade. No Hotsite existe muito menos con- marca Brahma, o Zeca Pagodinho e uma
teúdo e uma estrutura de navegação bem música brilhante. Não interessava, então,
mais simples. Não existem tantas amarras fazer com que os elementos gráficos, a
funcionais como num site normal e, por navegação, as animações e tudo o mais
outro lado, há uma maior predisposição do sobressaísse. Nesse ponto e, naturalmen-
usuário para o inusitado, para o download te, dentro do espírito da campanha e do
mais demorado, para plug-ins. Claro que garoto propaganda, optamos pelo design
tudo isso é uma tremenda simplificação, despojado. O uso da isometria e da textu-
mas já é um ponto de partida. ra é sutil, o menu tem cara e jeito de

42
estudo de caso
menu, a usabilidade é a mais simples e cie de ante-sala para o site, com o tema e
objetiva possível. Por outro lado, não eco- o clima próprios da nova campanha, sepa-
nomizamos recursos tecnológicos, porque rando-a, propositadamente, da estrutura
é um site para ser visto, ouvido e divulga- restante do site. Aliás, tem sido mais ou
do para os amigos. Por exemplo, você não menos assim, desde que criamos (meu só-
ouve simplesmente a música, você tem um cio Pedro Mozart e eu), no século passado,
videokê para acompanhá-la, pode baixá-la, o primeiro “hotsite”, cujo nome foi dado
enviá-la por e-mail, baixar um screensaver pelo Paulão (Paulo Sérgio Silva, do Terra),
musical. Houve também, tanto no site para descrever um trabalho promocional
como no email marketing, uma grande pre- que nos propusemos a fazer para um clien-
ocupação com o uso de títulos e textos te, na época do StudioWeb (1996). Era um
simples e diretos, sem aquela linguagem trabalho com um posicionamento diferen-
robótica que você às vezes vê em sites te dos sites caretões de empresas, já utili-
com design brilhante, mas que não têm a zava fortemente ações de mídia online e,
mão de um bom redator. Não é, portanto, por isso, necessitava de uma estrutura in-
um site orientado ao design, é um site de dependente. O mais legal foi que o concei-
cerveja, cujo tema é um amor de verão, to se mostrou tão útil que logo começou a
em ritmo de pagode. ser adotado por outras empresas e pegou
Wd :: A criação do site institucional da firme :-).
Brahma não foi feita pela Urbana. Isso di- Wd :: A assinatura do Zeca, literalmente
ficultou, de alguma forma, o desenvolvi- embaixo, confere um tom extremamen-
mento do hotsite? Qual foi a maior difi- te personalizado. Houve uma intenção,
culdade encontrada durante o processo? ou melhor, uma preocupação maior em
Pedro :: A maior dificuldade de todo o se passar credibilidade ao público devi-
processo foi a questão do prazo. Tivemos do às circunstâncias polêmicas que en-
que trabalhar com vários designers simul- volveram a campanha?
taneamente, mas, felizmente, isso não é Daniel :: Eu vejo como uma transposição
percebido no resultado final da peça. Já o para a mídia impressa daquilo que o filme
site existente, não dificultou em nada. Op- é: uma declaração de amor. Nos cartazes e
tamos por criar o hotsite como uma espé- na internet, a mesma parte final do refrão

“Hotsite: não existem tantas amarras funcionais e há uma maior predisposição

do usuário para o inusitado, para o download mais demorado, para plug-ins”

Daniel Brum

43
estudo de caso

“‘Envie para os seus amigos’: uma ação

inteiramente pensada para explorar ao

máximo as peculiaridades desta mídia,

tirando partido de seu potencial

multiplicador” Pedro Mozart

da música “...não largo meu amor, voltei” entra assinada


pelo Zeca. O tom personalizado tem, logicamente, tudo a ver
com o fato de o garoto propaganda ter declarada preferência
por esta, e não, pela outra, como já era sabido pelo público.
E essa preferência é que dá credibilidade junto ao público.
Wd :: Inserir o filme da campanha no site foi uma forma
Nesta coluna: a home e as páginas
internas do projeto original do site.
de matar a curiosidade de ver o anúncio sem ter que
Na coluna ao lado: a home e uma esperar para assisti-lo na TV. Quais foram as preocupa-
página interna sem a imagem do
“garoto-propaganda”, Zeca ções e restrições técnicas enfrentadas na adaptação do
Pagodinho, substituída após
vídeo de uma mídia (tv) para outra (web)?
proibição de veicular a campanha
enquanto vigorasse o contrato dele Pedro :: O maior problema técnico envolvido é sempre,
com a concorrente.
naturalmente, o peso de um vídeo, a forma pela qual a

44
pessoa vai poder assisti-lo (ou não), o sistema operacional
de seu computador, se tem ou não tem o plug-in A, B ou C,
e por aí vai... Sem esquecermos das velocidades de cone-
xão. Assim, optamos por utilizar o novo Flash Professional
2004 MX, que permite uma compressão muito boa, man-
tendo uma qualidade visual e sonora aceitáveis, com o
benefício de poder ser visto muito mais facilmente, inde-
pendente do tipo de software (Quick Time, Windows Media
Player etc.).
Wd :: Você acredita que um hotsite tenha um público
mais específico e tolerante com o tempo de espera para
“carregar” determinado recurso, como um vídeo? Exis-
te uma maior liberdade de ousar, utilizar tais recursos
mais “pesados” na criação de um hotsite, em compara-
ção a um website?
Daniel :: Acredito que o interesse e a curiosidade do usu-
ário pelo tema justificam a espera. Este site não existiria
sem vídeo, sem áudio, sem plug-ins, sem muitos kbytes de
peso. E seria uma frustração para o usuário se não fosse
assim. Claro que houve muitos testes de desempenho para
se chegar ao melhor custo-benefício, mas, simplesmente,
não poderíamos abrir mão de nenhum destes recursos.
Wd :: O ícone “Envie para os seus amigos” é um
multiplicador da mensagem onde há espaço para o bom
humor, já que contém um espaço para o internauta
digitar seu texto. Com esse diferencial, qual o resultado
alcançado?
Pedro :: Além do espaço para o humor, o mais bacana é
que foi uma ação inteiramente pensada dentro da estraté-
gia de explorar ao máximo as peculiaridades desta mídia
tão fascinante. Tirando partido de seu potencial multiplicador
e disseminador de informação, fizemos com que, a partir
de um ponto inicial de emissão da informação (o hotsite),
cada pessoa se transformasse em um novo ponto de irra-
diação e assim sucessivamente, como ondas se sobrepon-
do e amplificando o “barulho” inicial. E o resultado superou
nossas expectativas :-)

45
tipografia digital

Tipografia Digital:
ela pode ffala
ala
alarr ma is do qu
mais e mil pala
que vr
palavr as...
vras...
Nem só de conteúdo vive um texto. Independente da quantidade de palavras, os artifícios
gráficos aplicados à letra podem transmitir dramaticidade, humor, leveza e uma série de

outras emoções que poderiam ficar implícitas na ausência de tratamento tipográfico.

Mais do que uma contribuição visual e ção (embora possam causar grande descon-
estética, uma tipografia adequada à men- forto). Em meios digitais, a tipografia deve
sagem pode ser um coadjuvante de peso ser adequada à baixa resolução das telas, ao
no sucesso de um trabalho. Buscando um brilho dos monitores e à distância de leitura”,
depoimento especializado sobre o assunto, diz Priscila. Segundo a autora, nos sites com
a Webdesign entrevistou a autora do livro grande quantidade de texto ou nos projetos
“Tipografia Digital”, Priscila Farias, para a onde seja preciso otimizar a busca por infor-
qual a função da letra não se restringe à mações, a legibilidade exerce maior influên-
mera representação do alfabeto. “Além da cia na opção do tipo.
representação do alfabeto, as letras po- Produzir um texto legível, impresso
dem fornecer outras informações sobre o ou digital, requer habilidade e sensibilida-
tom e o contexto da mensagem através de de tanto do redator como do programador
seu contorno, proporções, peso, cor etc.”. visual. Proporcionar uma leitura rápida e
Como numa espécie de simbiose, deve inteligível é proporcionar ao leitor confor-
haver uma completude, uma interação re- tos visual e cognitivo. Não basta apenas ler
cíproca entre conteúdo e forma. facilmente, é preciso também compreen-
Simbiose X É necessário compatibilizar a tipografia der facilmente. Daí a diferença entre anal-
s.f. associação heterogênea de não só ao tipo de informação que se deseja fabeto e analfabeto funcional. Este último
dois seres vivos, com proveito
passar, mas também ao meio utilizado para a é capaz de ler uma frase, mas é incapaz de
mútuo
Fonte: dicionário online Priberam veiculação da mensagem. Os critérios de assimilar o seu significado. Ao distinguir
emprego de tipografia variam de acordo com legibility e readability, Priscila Farias fri-
o tipo de mídia escolhido. “Na tipografia para sa a importância da legibilidade: “Se pro-
meios impressos, o que importa, em última curarmos nos dicionários, as duas pala-
instância, é a qualidade da saída impressa. vras são traduzidas para o português
Sendo assim, problemas de visualização em como ‘legibilidade’. Mas a questão da
tela, como o encavalamento de caracteres, legibilidade da tipografia pode ser entendi-
podem ser desconsiderados, desde que se- da de pelo menos duas maneiras um pouco
jam corrigidos por uma saída em alta resolu- distintas: a rapidez com a qual

46
tipografia digital
recohecemos caracteres e palavras, possi- formações, cores, símbolos... No quesito Tipógrafos brasileiros
www.elesbaoeharoldinho.com
bilitando ou dificultando a leitura, e o grau contraste de cores, Priscila parece sugerir
www.tipograma.com.br
de conforto que acompanha esta leitura, a moderação ao afirmar que “algum con- www.tiposdoacaso.com.br
possibilitando rapidez e entendimento. A traste é necessário para possibilitar a lei- www.rexnet.com.br
www.genu.com.br
pesquisadora carioca Anamaria de Moraes tura, mas um contraste excessivo pode
www.nudes.com.br
criou o termo ‘leiturabilidade’ para diferen- prejudicar tanto quanto a ausência de
ciar este último aspecto, que, muitas ve- contraste”. E acrescenta que a tipografia
zes, diz respeito mais à composição tipo- pode definir o sucesso ou o fracasso de Fontes gratuitas
www.1001freefonts.com
gráfica do que aos tipos em si”. um site: “A tipografia mal aplicada revela
www.acidfonts.com
Por ser definida como “a percepção vi- amadorismo, pouca sensibilidade, falta de www.fontfreak.com
sual da linguagem verbal”, a tipografia é “de tempo, ou, em alguns casos, as três coisas www.larabiefonts.com
www.fontfile.com
grande relevância onde linguagem e juntas”. Erros e acertos à parte, ela consi-
www.free-fonts.com
visualidade sejam fundamentais”. Para aque- dera a internet um “ótimo ambiente para www.coolarchive.com
les que quiserem saber mais em relação ao experimentações, inclusive, tipográficas”. www.007fonts.com
www.webfxmall.com/fonts
tema, a autora dá a seguinte dica: “Os co- Saber dosar segurança e ousadia talvez
www.fontshop.com
nhecimentos sobre tipografia podem ser di- seja o caminho para agradar ao público e à crí- www.fontface.com
vididos em três eixos: a história da tipogra- tica. Da mesma forma, “valorar igualmente as- www.fontparadise.com
simplythebest.net/fonts
fia, a linguagem tipográfica e os aspectos pectos técnicos (legibilidade, completude, co-
www.abstractfonts.com
tecnológicos da tipografia. Acredito que seja erência) e conceituais (relação com o projeto, www.highfonts.com
fundamental procurar se aprofundar nesses sensações pretendidas, imagens utilizadas) no www.downloadfreefonts.com

três eixos e não apenas em um deles”. momento de escolha dos tipos”.


Mesmo com inúmeras possibilidades Entrando no aspecto humano, haveria
tecnológicas disponíveis na web, a tipogra- por parte do leitor/internauta uma tendên-
fia “continua tendo um papel importante cia a aceitar melhor certos tipos de fontes?
do ponto de vista informacional, sobretu- A facilidade de leitura é fruto do uso cons-
do, quando a economia de recursos ou a tante de tais fontes ou esse uso constante
rapidez na transmissão de dados devam tornou tais fontes facilmente reconhecíveis
ser enfatizados”. aos olhos humanos? Sem dúvida, uma ques-
Essa variedade de artifícios oferecidos tão controversa, a qual Priscila comenta, ci-
pela internet acaba fazendo com que a ti- tando outros dois estudiosos do assunto:
pografia digital seja explorada ao máximo. “Isso é mais uma opinião do que uma
Diante de tanta fartura tecnológica, muitas constatação. É uma mistura de duas opini-
vezes nos deparamos com sites visualmen- ões. Na verdade, uma do Adrian Frutiger,
te pesados e poluídos pelo exagero de in- que acredita que o tempo tenha moldado

“E
“Emm meios digit
digitaais, a tipogr afia dev
tipografia e ser a
deve de
ade qu
dequ
quaada à ba ix
baix
ixaa rreso
eso lução das tte
esolução elas,

ao brilho dos mo nit


monit
nitoores e à distância de leitu
leiturra”

47
tipografia digital

uma espécie de gabarito de letras ideais em nossas mentes, e outra da Dicas de leitura:
Zuzana Licko, que busca relativizar o conceito de leiturabilidade, baseando-
se nos hábitos e expectativas do leitor, mas pressupondo a possibilidade de
modificar estes hábitos. Acredito que a posição da Zuzana Licko esteja mais
próxima da verdade”.
Seguindo a mesma linha da questão anterior, costuma-se defender a
aplicação de conotações tipográficas emotivas a comunicações impressas
com intuito persuasivo. Já para aquelas de caráter informativo, recomenda-
se um estilo topográfico neutro, de máxima clareza. Para Priscila, essa su- Coleção Textos Design
Livro: Projeto Tipográfico – Análise e
gestão pode ser seguida na construção de páginas virtuais, mas sem esque-
produção de fontes digitais
cer que “a internet pode abrigar tanto mensagens persuasivas quanto men- Autor: Cláudio Rocha
sagens informativas”. Nada que um pouco de discernimento e sensibilidade Editora Rosari (www.rosari.com.br)
O autor aborda a tipografia de modo bastante
não possam resolver!
abrangente. Além dos mais variados tipos de fontes, o
Se a tipografia é capaz de transmitir intenções, sentimentos, informa- tema é analisado sob as ópticas sócio-econômica e
ções, por que não, revelar personalidades? A preferência ou escolha de de- cultural, desde a era medieval até a pós-modernidade.
Partindo da evolução da técnica da tipografia, há um
terminado tipo pelo usuário não seria um esboço de parte de seu perfil psi-
capítulo inteiramente dedicado à tipografia no design.
cológico? Até mesmo a falta de preferência é um indicativo. Nossa entrevis- Uma ótima publicação para quem deseja começar a
tada explica que “em um ambiente com poucos recursos visuais, qualquer se aprofundar no assunto.

aspecto gráfico assume grande importân-


Default X
cia. O tipo de letra que escolhemos (ou a
s. 1. não comparecimento,
própria opção de não escolher nenhuma
ausência. 2. negligência,
letra e utilizar o default de um progra- omissão.

ma), em um ambiente como este, tem gran- Fonte: dicionário Inglês/


Português Amadeu Marques
de influência na construção da identidade
Na linguagem digital, assume o
de um usuário. Mas esta identidade não é, sentido de “padrão”.

necessariamente, reveladora da verdadeira


Catálogo Fontes Digitais Brasileiras: de
personalidade de um usuário. Acredito ser possível, isso sim, criar muitas
1989 a 2001
personalidades/personagens a partir de escolhas tipográficas cuidadosas”. ADG Brasil (Associação dos Designers
Quanto aos rumos da tipografia na internet, para um futuro próximo, Gráficos)
Editora Rosari (www.rosari.com.br)
arrisca: “No campo da experimentação, acredito que veremos explorações
Este catálogo reúne diversos tipos de fontes digitais
mais consistentes e eficazes das possibilidades dinâmicas e interativas da criadas por designers brasileiros entre os anos de
rede para a tipografia. No campo das aplicações mais funcionais, acredito 1989 e 2001. A publicação fornece informações
técnicas como formatos disponíveis, caracteres
que o aperfeiçoamento nos estudos sobre legibilidade e leiturabilidade em
existentes e contato com a distribuidora ou autor.
tela, levará a aplicações mais eficientes do ponto de vista informacional”. E, Também traz textos escritos por especialistas no
para finalizar, perguntamos: Quando você acha que as pessoas vão se adap- tema, que destacam a situação do mercado
tipográfico no Brasil e questões pertinentes, de
tar à leitura de livros na tela de um computador? Priscila, objetivamente, res-
maneira simples e direta. Um trabalho cuidadosa-
pondeu: “Quando os computadores se tornarem objetos tão leves e agradá- mente elaborado e de grande utilidade para
veis de se manusear quanto um livro”. profissionais do segmento e designers em geral.

48
tipografia digital
“A tipogr afia digit
tipografia al é alv
digital alvoo de u
umm ffetic
etic
etichhismo frenétic
frenétic o”
enético”
Entrevista com Buggy, tipógrafo e fundador da ‘Tipos do Acaso’, de Recife

Wd :: Há quanto tempo o grupo ‘Tipos do Acaso’ está no de resolução dos ambientes para os quais foram planejadas e levam
mercado? Como vocês começaram? em conta a emissão de luz para que percebamos suas formas.
Buggy :: A ‘Tipos’ foi criada em 2000, por mim e por Miguel Sanches Wd :: O que é mais importante levar em consideração na
(que me foi apresentado por Solange Coutinho). No início, o objetivo escolha de um tipo para a internet?
era manter um grupo de estudo, pesquisa e experimentos. Sobrava Buggy :: Adequar a fonte à proposta do site é essencial - a
vontade e faltava conhecimento para produzir fontes digitais de texto legibilidade em tela e a resistência de suas formas, as reduções de
e display, mesmo assim, nos metemos a fazê-lo. Só depois, tamanho e as variações de estilos (bold, itálico etc.). É importante
percebemos que tínhamos criado a primeira “font house” nordestina. considerar também a popularidade dessa fonte, ou seja, se as
Wd :: Como vocês divulgam e comercializam as fontes que pessoas possuem esta fonte instalada em suas máquinas, caso
criam? Em algum momento elas foram gratuitas? estejamos falando de códigos html simples.
Buggy :: No início, nos preocupávamos mais com a criação de um Wd :: Em emails e programas de comunicação instantânea,
catálogo de fontes impresso mensalmente, que suprisse a demanda como o ICQ e o MSN, o usuário pode escolher o tipo em que
do mercado regional. Dessa forma, vendíamos os arquivos .ttf e deseja escrever a mensagem. Você acredita que isso
postscript, ímãs de geladeira, camisas, almofadas, luvas de cozinha, demonstra uma maior atenção à tipografia por parte do
agendas e toda sorte de cacarecos que pudéssemos estampar com público em geral? Essa possibilidade de escolha pode, a longo
texturas de nossas fontes. A única fonte da ‘Tipos’ que sempre foi prazo, valorizar o trabalho do tipógrafo no Brasil?
gratuita é a Yuri Manimals, por conta da exigência de seu autor Buggy :: A tipografia digital é alvo de um fetichismo frenético.
(então, com sete anos de idade), o resto do acervo sempre foi Existem vários sites que disponibilizam centenas de fontes, gratuitas,
vendido ou, ocasionalmente, doado a alguns parceiros e escritórios ou não, para download, acessados com voracidade por internautas do
de design. Hoje, não distribuimos mais nossas fontes, aguardamos a mundo inteiro, buscando personalizar suas ações e relacionamentos
concretização de um projeto que visa inserir nossos caracteres em na web e fora dela. O trabalho do tipógrafo brasileiro já está sendo
vídeos e softwares interativos voltados para o entretenimento. reconhecido e procurado, não somente por conta da internet, mas
Wd :: Qual a importância da tipografia? O que é fundamental também pelo mercado editorial nacional e internacional. No ano
saber sobre os tipos? passado, tivemos o 1º Congresso Brasileiro de Tipografia, em São
Buggy :: A cada dia que passa, a tipografia ganha mais importância Paulo. O nível dos trabalhos selecionados para a bienal da ADG–Brasil
na vida das pessoas. As crianças de hoje não escrevem mais à mão, nunca foi tão alto. De 40 trabalhos selecionados para a bienal latino-
elas teclam e se alfabetizam dessa forma, relacionando-se americana da Revista Tipográfica, mais de dez eram brasileiros. A
intimamente com caracteres tipográficos digitais. Sobre os tipos, ‘Tipos do Acaso’ teve uma família de fontes tipo dingbats, a
sejam belos ou feios, bons ou ruins, isso demanda investimento. ‘Manguebats’, selecionada para
Consome-se muito tempo, dinheiro, conhecimento e tecnologia para as duas bienais, e a fonte
que uma fonte seja disponibilizada na internet, por exemplo. E é por Wayana, também selecionada
Dingbats X
isso que algumas chegam a custar centenas de dólares. para a latino-americana. fontes constituídas por
Wd :: Quais as principais diferenças entre a tipografia para Wd :: O que um iniciante símbolos e/ou desenhos.
meios impressos e meios digitais? precisa saber para começar ex.: Wingdings (de “a” a “z”)
Buggy :: Fundamentalmente, a adequação ao meio é um fator a desenhar tipografia HIJKLMNOPQRz
diferenciador. Fontes criadas para meios impressos podem ter formas digital? „†‡‰LŒ‹™Š_`a
mais complexas, com sutilezas e nuances, somente percebidas em Buggy :: Vontade, saber usar
tamanhos diferentes. Elas, sobretudo, consideram a reflexão de luz um bom software vetorial e um
sobre o papel branco para que percebamos suas formas. Fontes para software de geração de arquivos de fonte, como o ‘Fontographer’ ou
meios digitais, ou seja, para serem representadas em telas de tubos o ‘FontLab’. Então, é só começar a fuçar e sair mexendo. É o primeiro
de raios catódicos, cristal líquido ou plasma, normalmente passo de uma longa caminhada até que se possa dizer que, de fato,
apresentam formas mais simples, que se aproveitam das limitações se desenha caracteres tipográficos para fontes digitais.

49
50
tutorial
Formulários
em flash com PHP
Nesta edição, vamos aprender a trabalhar com um formulário flash+PHP.
Esse projeto ensinará como preencher os campos ‘nome’, ‘email’, ‘mensagem’
de um formulário e enviá-lo para um email com um assunto, ambos
previamente configurados.

Será necessária a criação de cinco ca- Na camada das ações no 1º frame ou


madas para deixarmos a coisa bem clara. quadro:
Criemos então as cinco camadas e ordena- _root.nome = “”;
remos da maneira a seguir (Fig.1): _root.email = “”;
1- ações _root.mensagem = “”;
2- sucesso- movie clipe de sucesso // O código acima, declara as variá-
3- erro - movie clipe de alerta de erro veis de ‘nome’, ‘email’ e ‘mensagem’, inici-
4- campos - os campos de texto de entrada ando sem valores nenhum.
5- interface - todos os boxes e o botão de Façamos agora os shapes, o que seria
enviar a parte de interface do formulário e seus
textos descritivos. Também criaremos um
botão para enviar o form. Tudo isso na ca-
mada interface (Fig. 2).

Figura 1

Figura 2

51
tutorial

Vamos para a quarta camada, a ‘cam- de escrito em vermelho, será em verde, e no


pos’. Aqui criaremos os campos e colocare- lugar de ‘todos os campos...’ escreveremos
mos os nomes das variáveis dos campos ‘Seus dados foram enviados com sucesso’.
como ‘nome’, ‘email’ e ‘mensagem’ (Fig. 3). Iremos instanciá-lo de ‘sucesso’.
Feito isso, faremos esse formulário fun-
cionar, colocando as actions necessárias.
Primeiro, no botão ‘enviar’, criado na ca-
mada interface, colocaremos a seguinte ação:
on (release) {
if (nome == “” || email == “” ||
mensagem == “”) {
_root.alert.gotoAndStop(2);
/* Teste se algum dos campos nome, email
ou mensagem está vazio; se estiver, ele vai
Figura 3
para o quadro 2 do mc alert.( o do erro)
Pulando para a camada de ‘erro’, a ter- /*
} else {
ceira, vamos fazer um movie clipe que acuse
this.loadVariables(“form.php”,
um erro caso o usuário tente enviar o formu- “POST”);
lário e deixe algum campo em branco. _root.ok. gotoAndStop(2);
/* Se todos os campos tiverem sido
Criamos um novo movie clip com o 1º
preenchidos, ele envia as variáveis e
frame vazio e um stop(); na timeline, o se- encaminha para o email configurado no
gundo com um texto em vermelho escrito: arquivo form.php, que está na mesma
pasta do servidor e vai para o quadro 2 de
‘Todos os campos são obrigatórios’. E tam-
ok (o de sucesso) /*
bém com um stop(); na timeline. }
Levamos para a cena 1 o-, }

instanciamos de ‘alert’ (sem aspas) e colo- Bem, o formulário já está funcionan-


camos no local mais apropriado para exibi- do, mas, agora, nós vamos fazer alguns
ção quando necessária. Repare: você não ajustes. Por exemplo, quando enviamos
visualizará na cena 1 o mc (movie clip), uma mensagem, não podemos deixar a
apenas a marcação do mc. (Fig.4) mensagem de erro ou de acerto por tempo
indeterminado, temos que dar um coman-
do para a mensagem ficar um determinado
tempo e voltar para a tela normal do usuá-
rio. Assim, faremos:
movie clipe de sucesso - ok
No quadro final, na timeline, antes do
stop(); já colocado, inserimos a seguinte
Figura 4
action:
function wait(){
Por último, a camada de ‘sucesso’,
this.gotoAndStop(1);
um movie clip igual ao erro, só que em vez

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_root.nome = “”;
_root.email = “”;
_root.mensagem = “”;
clearInterval(go);
};
go = setInterval (wait, 3000)
/* Aqui, a mensagem fica exposta por um determinado tempo ( no caso, nós
usamos o tempo de 3 segundos) e o mc volta pro quadro 1, zerando todas as
variáveis./*

movie clipe de erro – alert


Faremos a mesma action no último quadro, só que não vamos zerar
as variáveis. O código ficará assim:
function wait(){
this.gotoAndStop(1);
clearInterval(go);
};
go = setInterval (wait, 3000);
/* Aqui, a mensagem fica exposta por um determinado tempo ( no caso, nós
usamos o tempo de 3 segundos) e o mc volta pro quadro. /*
Editando o código no php.
<?
// Configuração do email receptor do formulário e do assunto.
$recipient =”mb@marciobomfim.com”;
$subject = “Formulário”;

$mailheaders = “From: <$email> \n”;


$mailheaders .= “Reply-To: <$email>\n\n”;

$msg .= “Nome:$nome\n”;
$msg .= “\n”;
$msg .= “E-Mail:$email\n”;
$msg .= “\n”;
$msg .= “Mensagem:$mensagem\n”;
$msg .= “\n”;

mail($recipient, $subject, $msg, $mailheaders);


?>

Importante: Os campos ‘recipient’ e ‘subject’ são editáveis.


Você pode baixar esse fla já com o arquivo php em
www.marciobomfim.com/artigos/form.zip.

Abraços,
Márcio Bonfim
mb@marciobomfim.com
*Márcio Bomfim participou da criação de sites como ‘BigBrother Brasil 4’ e ‘O Globo
online’ durante o período em que esteve na equipe de criação da Globo.com. Hoje,
trabalha como designer na Muiraquitã Produtora Web.

53
estratégia online

Marcello Póvoa
Criou a MPP Solutions, empresa de consultoria estratégica, criação e desenvolvimento
em mídia interativa. Foi Diretor da Globo.com e da IconMediaLab (Nova Iorque) com
inúmeros projetos premiados internacionalmente. Possui Masters of Science in
Communications Design pelo Pratt Institute (NY) e MBA em Administração pela
Coppead, UFRJ. É autor do livro “Anatomia da Internet” (Casa da Palavra).
mpovoa@mppsolutions.com

A força de uma marca na internet


Por dois anos consecutivos, o Google é eleito o ‘brand’ de maior impacto mundial

No topo do mundo
A empresa Interbrand publica anualmente o ranking dos “Top Global Brands”, que
traz os brands de maior impacto durante o ano. Nesta seleção entram brands de empre-
sas presentes em qualquer indústria. É importante notar que no ranking não estão neces-
sariamente as marcas mais reconhecidas a nível mundial. Se o critério fosse puro reco-
nhecimento, dificilmente um brand como “Coca-Cola” seria ultrapassado na lista.
O processo de seleção da Interbrand tem como objetivo determinar quais brands
tiveram maior impacto na percepção do consumidor nos últimos doze meses. Os consu-
midores determinam que produtos foram mais usados e, conseqüentemente, geraram
mais força para seus respectivos brands. Com base neste critério, a marca Google bateu
todas as marcas offline (incluindo Apple, Samsung e a própria Coca-Cola), sendo o núme-
ro 1 do ranking de “Top Global Brands” por dois anos consecutivos.
Sucesso não é somente sorte
O Google e seu fantástico algoritmo geraram um serviço de busca revolucionário,
trazendo resultados com um filtro de relevância incrivelmente eficiente. Uma interface
franciscana, extremamente fácil de usar, faz do site Google uma ferramenta indispensável
para qualquer pessoa em busca de informação... E quem não está?
Trata-se, naturalmente, de um grande produto quanto à diferenciação competitiva
perante seus concorrentes. No entanto, somente o quesito qualidade não é suficiente
para o sucesso. A percepção deste produto na mente do consumidor foi sempre muito
bem gerenciada pela equipe Google. E é muito importante notar: percepção é realidade,
ou seja, a realidade é uma conseqüência do que percebemos à nossa volta. Justamente
nesta percepção dos atributos de um serviço/produto é que está o “brand” deste. Um
brand bem gerenciado tem, certamente, a identidade visual e o nome do produto criati-
vamente definidos. Porém, uma estratégia sólida de branding consiste em muito mais do
que somente aspectos tangíveis (nome, cor, tipografia, logo etc.). Um brand poderoso
como o Google consegue incrustar atributos intangíveis no cérebro do consumidor: con-
fiança, eficiência, qualidade e utilidade, por exemplo.
O competente trabalho de branding associado a um produto “matador” fez do
Google o líder do segmento, com 70% do mercado global, o que significa que 7 entre 10
pessoas que procuram informação na internet clicam no Google. Todos estes resultados

54
estratégia online
“a realidade é uma conseqüência do que
percebemos à nossa volta. Justamente nesta
percepção dos atributos de um serviço/produto é
que está o ‘brand’ deste”

são excelentes fundamentos para o tão esperado lança- canal de vendas, gestão de conhecimento ou simples co-
mento de ações no mercado primário pela empresa. O IPO municação institucional, a mídia interativa torna-se parte
do Google será o primeiro em grande esca- inerente do negócio, o que
IPO X
la depois do estouro da bolha. caracteriza uma oportuni-
Uma nova fase da mídia interativa IPO (Initial Public Offering) Primeira oferta dade para as empresas de
pública ou oferta pública inicial.
Muito mais do que uma captação de re- serviços, tanto no Brasil
Significa ter uma net-empresa aprovada pela
cursos para a empresa, o IPO do Google po- Nasdaq para fazer sua primeira oferta pública como no exterior.
derá representar a volta da confiança do de ações. Como é chamada a operação de Ainda nem chegamos
abertura de capital nas bolsas americanas.
mercado financeiro na internet. Uma credibi- aos 10 minutos do primeiro
Fontes: Novomercado, RevistaTI, Revista Isto
lidade, provavelmente, sem o otimismo é Dinheiro. tempo. O jogo está apenas
descontrolado que ocorreu durante a bo- começando...
lha, mas também sem o injusto pessi-
mismo que se projetou sobre tantas
empresas sérias durante o período
pós-bolha. Inquestiona-
velmente, exis-
tiu especulação e
aproveitadores na super
escalada da internet du-
rante a virada do milê-
nio. Mas também existi-
ram (e existem) pessoas e
empresas sérias e, muitas ve-
zes, verdadeiramente visionári-
as. Muitas destas visões come-
çam a mostrar resultados financei-
ros notáveis no mercado (Yahoo,
Expedia, Amazon, dentre outros).
Em paralelo, o uso da mídia interativa
no mundo corporativo (internet, intranets,
extranets) mostra-se altamente eficiente e, conseqüen-
temente, um catalisador de receitas e redutor de custos.
A noção de empresa “em rede” é inevitável. Seja como

55
webwriting

Marcela Catunda
Trabalhou nas redes Bandeirantes, TV Gazeta, Manchete e
Globo. Foi redatora da DM9DDB e supervisora de criação de
mídia interativa da Publicis Salles Norton.
marcelacatunda@terra.com.br

Quem não se comunica


se trumbica
Maldito o dia em que confessei amar Sidney Magal, Sarita Catatau, Décio Piccinini,
Pedro de Lara e mais toda a turma de jurados do Cassino do Chacrinha e do Show de
Calouros do Silvio Santos. Estávamos tomando um inocente café na agência. Todos fala-
vam do que gostavam e sentiam saudades. Eu também disse sentir saudades do Agente
86, da turma do Vila Sésamo e ninguém fez cara feia, mas quando eu cantarolei algumas
estrofes de Sonho de Ícaro, do Biafra, quase fui apedrejada.
“Alô, Tereziiiiinhaaaa”
Amar meus ídolos sempre me fez um bem danado. Eles me ensinaram muito.
Foi assistindo a esses astros gongando calouros e rasgando elogios para outros, que
entendi a importância e a força de uma personagem. Aquelas pessoas me fascinavam e
hoje eu sei por que: é que eu conseguia ver em cada uma delas sua personalidade, estilo
e presença. Eu os conhecia! Eles tinham um perfil bem definido, características fortes,
que faziam deles um time de super-heróis muito mais divertido que a Liga da Justiça.
“Conga! Conga! Conga!”
Graças a eles e tantos outros aprendi a criar personagens. E não foi só lendo histó-
rias em quadrinhos e livros, embora eu também adorasse fazer isso.
Foi mesmo na frente da TV que conheci as personagens mais divertidas e queridas do
mundo.
“Dá dez paus”
Dei início à minha galeria de personagens com doze ou treze anos e, desde então,
não parei mais. Criar personagens é uma das coisas que mais gosto de fazer. E não é que
dá pra fazer isso em alguns jobs?
Muitas vezes, um mascote é tudo que um trabalho precisa pra ficar ainda melhor.
É uma pena que nem todas as pessoas entendam a força de uma personagem.
Consegui emplacar trabalhos muito legais criando personagens. Nem sempre ele ganha
aquela super força, mas é porque as pessoas sentem medo de misturar o real com a fantasia.
– Como eu vou colocar uma minhoca vendendo meu produto? Não vai ficar muito
infantil? Será que não vai pegar mal? Mas tem que ser uma minhoca? Por que não colo-
camos nosso logo falando? – bombardeia o cliente.
E eu tenho que responder isso? Claro, tudo que nos resta é defender nossa persona-
gem como defenderíamos um amigo, ressaltando suas qualidades e deixando seus defei-
tos bem pequenos, praticamente imperceptíveis.

56
webwriting
“O primeiro passo para desenvolver uma
personagem é entender sua importância
como agente de comunicação do job”

Construir uma personagem é criar um mundo só para mos nossa mesa, ramal, amigos e trabalhos. Como diria o
ela, e a internet é solo fértil nesse aspecto (e olha que não BBB Bambam: “Faz parte”.
estou me referindo à minhoca). Fica o que aprendemos. E criar personagens é apren-
Muitas empresas fizeram de suas personagens maravi- der muito.
lhosos garotos propagandas. Isso, sem falar do sucesso da E a Maria Clara é coisa nossa. Mas que vai, vai...
palavra ‘merchandising’ dentro dos veículos de comunicação Por falar em personagens, tá na hora da minha novela
– as novelas estão cheias de propagandas que se utilizam da das oito. Quero só ver o que a Beatriz vai aprontar com a
força de personagens para vender seus produtos. Laura para derrubar a pobre ex-menina do Andaraí. Será
“Quanto vale o show?” que a Maria Clara vai para o trono, ou não vai?
O primeiro passo para desenvolver uma personagem é
entender sua importância como agente de comunicação do
job. Depois, vem a deliciosa aventura de criá-la.
Lembro do dia em que me chamaram para dar perso-
nalidade a um mascote que havia sido criado graficamen-
te pela agência. Mas como apresentá-lo para o cliente?
Não queremos mostrar apenas uma imagem dele. Você
quebra esse galho? – perguntou meu diretor de criação.
Foi, então, que sentei e o entrevistei. Imaginei ele ali,
do meu lado, me ajudando a conhecê-lo. O formato da
apresentação foi uma entrevista como essas de páginas
amarelas. As perguntas? As mais diversas possíveis... de
sua cor predileta a sua importância como ícone de comuni-
cação da marca do cliente. Ele respondeu todas elas com
bastante humor. Através de suas respostas, tracei seu per-
fil, e daí, pude criar seu universo.
A apresentação para o cliente foi muito legal, e a cam-
panha, um sucesso. Mais legal ainda foi colocá-lo na
Internet e apresentá-lo para as crianças, que logo se apai-
xonaram por ele.
Eu gostaria que ele estivesse mais ativo,
mas nem sempre a gente pode estar ao lado
deles. Saímos de onde trabalhamos e larga-

57
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Afinal, é você quem decide como iniciar o dia...

59
marketing

René de Paula Jr.


Especialista em e-business, profissional de internet desde 1996, passou pelas maiores
agências e empresas do país: Wunderman, AlmapBBDO, Agência Click, Banco Real ABN AMRO.
É criador da “usina.com”, portal focado no mundo online, e do “radinho de pilha”
(www.radinhodepilha.com), comunidade de profissionais da área.
rene@usina.com

Onde diz “Push”, empurre


É uma porta.
Tomara que ele não ouça isso, tomara que seja surdo como uma porta. Eu, no seu
lugar, ficaria ofendidíssimo. Afinal, quem gosta de se sentir burro?
Ele ouviu. Era um professor peculiaríssimo, um ponto fora da curva sob qualquer
aspecto: esquisito, mal proporcionado, hostil... Mas, parecia feliz consigo mesmo. Nun-
ca se abalou com as piadas, os apelidos e a rapaziada imitando.
Imperturbável, o senhor bizarro, até que um dia...
Numa prova, um aluno irritado deixou escapar algo como “o cara é uma porta”. Para
espanto geral, o professor subiu nas tamancas, perdeu as estribeiras. Bradava, transtorna-
do: “Podem me chamar de palhaço, do que for, mas de incompetente, JAMAIS!”. Saia justa.
Agora, fica a questão: por que uma porta é burra? Um burro parece burro, uma anta
idem, mas uma porta... Eu convivo com portas de todo tipo: algumas educadíssimas, que se
abrem mal eu apareço, outras discretíssimas, que se fecham com polidez, mas, portas bur-
ras, não me ocorre nenhuma. Teimosas, talvez? Feiinhas? Mas de burras, não me lembro.
Algumas portas lindas, nobres e elegantes lhe fazem sentir burro, isso sim. E isso
é imperdoável.
Portas anti-pânico (aquelas de saída de cinema) devem ser ótimas se você estiver em
pânico, com uma turba descontrolada lhe prensando contra a dita cuja. Mas, se você es-
tiver calminho, querendo comprar pipocas, a porta é um porre. Cadê a maçaneta? Puxo ou
empurro? Sorte que está escuro, porque, ao menos, ninguém testemunha você sendo
burro... como uma porta.
Falar em portas é uma boa maneira de abrir as portas para uma questão fundamental
em qualquer projeto interativo: o cenário de uso.
Ilustremos: o cliente lhe pede _ “Põe uma porta aí”. “Que tipo de porta?”, você pergunta.
O cliente, que tem mais o que fazer, diz delicadamente “uma porta, sua porta!”. Pronto,
abram-se as Portas da Desesperança. Vai começar uma novela de desentendimentos.
Você escolhe uma porta esplêndida, de titânio, com maçanetas italianas e com um
originalíssimo funcionamento articulado. Desastre total: ali é a saída de um aeroporto, e
nesse cenário de uso:
:: O usuário quer sair daquele lugar, e uma porta tão estilosa parece entrada, não
uma saída.
:: O usuário está com malas e sacolas, e não vai ter mãos pra maçaneta nenhuma.
:: O usuário quer mais é sumir dali, e não vai parar para fechar a porta atrás de si.

60
marketing
“Numa mudança de cenário, o usuário não vai ficar
desorientado se alguns elementos sumirem.
Não tenha pudores em mudar a cara da interface”

:: O usuário está vendo a porta pela primeira vez e é tudo mais sério e, embora seja um cenário muito mais racional,
não vai revê-la assim tão cedo, portanto, não vai querer se pode ser um excelente momento para “segurar na mão” do usu-
dar ao trabalho de aprender truques. ário e transmitir-lhe segurança e apoio. É uma hora de decisão,
:: Os usuários vêm em massa, e uma porteira de gado de ação, e ele pode não estar familiarizado com o processo. Ele
seria mais eficiente do que uma porta conta-gotas. pode ter medo de errar.
Metáforas à parte, um dos aspectos mais importantes No primeiro cenário, o que conta é a sedução, a liber-
no mundo interativo é o cenário de uso. Usuários usam, dade, o descompromisso. No segundo, a confiança, a pri-
usuários querem usar sua interface para alguma coisa, não vacidade e a facilidade são as tônicas. Quando você dese-
só para ficar olhando. Como ele quer usá-la? Qual o con- nhar as interfaces, a comunicação, o processo todo, você
texto? Pensemos num exemplo concreto: uma loja online. deve levar em conta essa diferença de ambientes. Na cabe-
Enquanto ele está passeando pela ça do usuário, ele abriu uma porta e passou para um outro
loja, conferindo produtos e ofer- espaço, um espaço com outras regras. Se você for designer
tas, sua atitude é uma. A hora ou arquiteto de informação, não tenha pudores em mudar
em que ele opta por colocar a cara da interface.
um produto no carrinho, a Numa mudança de cenário desse tipo, o usuário não
atitude é outra. vai ficar desorientado se alguns elementos sumirem, pelo
Na primeira, os atributos contrário, vai ter certeza de que abriu a porta certa e pas-
do produto, as ofertas sou para outra sala.
são o foco e o usuá- Comprei um guarda-chuva de um camelô outro dia.
rio vai se sentir Cinco “reau”. Valeu cada centavo: eu precisava andar
mais à vontade se três quarteirões na Paulista debaixo de um pé d’água e o
puder fuçar por tal guarda-chuva ‘plin-plan-plum’ se abriu automatica-
conta própria, mente. Cheguei onde queria e o fechei sem maiores dra-
sem compro- mas. Claro que eu o esqueci nem sei onde, mas não fi-
misso, sem quei triste. Ele cumpriu sua missão e, se eu precisar de
conseqüência. novo, sei que vai ser fácil achá-lo.
Na hora do car- Mas, porém, contudo, todavia, se o cenário fosse ou-
rinho, as coisas mudam. tro, se fosse um evento no Jockey, se fosse um presente de
Agora, qualquer bestei- dia dos pais, se eu fosse aparecer na Caras, meu guarda-
ra que ele fizer pode ter chuva ‘ching-ling’... não passaria da porta.
conseqüências, agora Mas, se eu estou na chuva, é para não me molhar.

61
Claudio Toyama
experience design

Experience Consultant, atua há mais de 12 anos em pesquisa e


consultoria nas áreas de internet e mídias interativas. Atualmente, é
diretor de pesquisas qualitativas e quantitativas da Survey.com Europe.
É co-representante do grupo AIGA Experience Design, no Brasil, e
membro do conselho diretor do grupo de Experience Design de Londres.
webdesign@claudiotoyama.com

A interface está morta.


Vida longa à interface!
Quando falamos em exemplos mais comuns de interface, o que vem à cabeça? Mui-
tos responderiam que é o monitor do computador. Apesar de ser a interface predominante
no mundo midiático de hoje, logo estará cedendo espaço a novas plataformas e novos
modelos de interação, como é o caso da televisão interativa, dos PDAs, dos telefones ce-
lulares, dos PDAs híbridos (PDA + telefone celular), dos game boys etc.. E isto é só o
começo... Há óculos de realidade virtual, de realidade aumentada, interfaces acionadas
por som, holográficas e a mais recente novidade anunciada na revista americana
Scientific American são as interfaces flexíveis (monitores de LEDs orgânicos que podem
ser enrolados).
Mas, qual dessas interfaces é a melhor? A resposta é fácil: é a interface invisível.
Interface invisível? Sim. Aquelas interfaces que, de tão simples, naturais e adaptadas ao
contexto de uso, não são nem sequer percebidas pelo usuário.
Um exemplo clássico é o caso dos videogames. Para o assíduo jogador, a interface
tornou-se invisível, pois esse jogador não precisa mais olhar para a interface (botões do
joystick, tipo de tela ou monitor usado etc..) para fazer pontos, ou seja, por não precisar
prestar atenção na interface, o jogador consegue imergir no jogo por horas a fio, sem que
nada o distraia.
Esse estado no qual entramos, fazendo com que percamos a noção do tempo, com
que tenhamos sensações agradáveis e que nos traz grande satisfação é o que Mihaly
Csikszentmihalyi chamou de ‘Flow’, em seu livro intitulado ‘Flow: the psychology of
optimal experience’ (traduzido na versão brasileira como Psicologia da Felicidade, título
que, a meu ver, não retrata a complexidade do tema).
‘Flow’, para Csikszentmihalyi, é um estado positivo, e altamente prazeroso, de cons-
ciência, que ocorre quando nossas habilidades se equiparam aos desafios que encontra-
mos. Nos casos em que nossas habilidades são muito superiores à tarefa em questão,
ficamos entediados. E quando nossas habilidades não fazem jus ao desafio, nos sentimos
frustrados por não conseguir realizá-lo.
Na verdade, esse estado de ‘Flow’ poderia ser considerado o Santo Graal de qual-
quer designer que estivesse pensando em prover uma ótima experiência para o visi-
tante do website.

62
experience design
“a melhor interface é a invisível...
aquela que, de tão simples, natural e
adaptada ao contexto de uso, não é
sequer percebida pelo usuário”

Na web, segundo Novak, Hoffman e Yung, em ço que devemos fazer para que esse visitante se torne as-
“Measuring the Customer Experience in Online Environments: síduo e passe para a galeria da minoria absoluta dos clien-
A Structural Modeling Approach”, ‘Flow’ é determinado por tes/visitantes leais.
altos graus de destreza e controle; altos graus de desafio, Nos próximos artigos, daremos uma volta ao mundo
excitação e atenção focada, que são melhorados com a (ou fora dele), visitando centros de pesquisa avançada
interatividade e tele-presença. como o MIT MediaLab, Cambridge, Palo Alto Research
Sabemos, através de pesquisas com os usuários de Center, entre outros, e revisaremos o que há de mais ino-
Internet, que eles decidem em frações de segundos se vador nessa área, na Europa, nos Estados Unidos e em ou-
querem explorar ou não um website que acabaram de co- tras partes do mundo, numa tentativa de fazer com que te-
nhecer. O desafio se torna ainda maior com a proliferação nhamos insumos para responder o desafio de chegar cada
de pontos de acesso e tipos de plataforma brigando pela vez mais perto dessa tão almejada ‘interface invisível’.
atenção do usuário. Imaginem, então, qual não é o esfor-

63
webdesign

Luli Radfahrer
PhD em Comunicação Digital, já dirigiu a divisão de internet de algumas das
maiores agências de propaganda e de alguns dos maiores portais do Brasil. Hoje, é
Professor-Doutor da ECA-USP, Diretor Associado do Museu de Arte Contemporânea
e consultor independente. Autor do livro ‘design/web/design:2’, administra uma
comunidade de difusão do conhecimento digital pelo país.
webdesign@luli.com.br

Lataria
ou: pra que serve um computador multimídia em casa?
Se você pertence à geração que foi alfabetizada, se formou, trabalhou e conseguiu
todo o sucesso profissional que desejava sem nunca ter precisado de um computador,
provavelmente ainda deve acreditar que eles, no fundo, são uma enorme bobagem e que
poderia viver tranqüilamente sem eles. Pois, pasme: você nunca esteve tão certo. E mes-
mo que não pertença a essa geração e ache essa escola de pensamento uma grande bo-
bagem, vale a pena considerar: o computador é mesmo algo útil e indispensável? Não falo
dos famosos sistemas “invisíveis”, que controlam, regulam e sustentam praticamente
todos os megaprocessos da sociedade moderna, das rotas de aviões à distribuição de
suprimentos em hospitais, mas, sim, daquelas calculadoras megavitaminadas que ocupam
um espaço nobre na sua casa: o esquisito “computador pessoal”, seja ele um PC ou Mac.
É só parar para analisar a sua maquininha que você, provavelmente, chegará à con-
clusão que os ingleses estavam certos ao chamar a parte física do computador de
hardware, que quer dizer ‘lataria’: qualquer que seja o modelo, portátil ou não, ele sempre
é pesado demais, frágil demais, cheio de fios e misteriosamente problemático. A não ser
que você seja uma poliana digital, é preciso um bocado de tolerância e otimismo
tecnológico para chegar à conclusão outra que não a óbvia: eles, em casa, realmente não
prestam para nada.
Se não, vejamos: para que você usa a máquina que está em casa? Para trabalhar?
Raramente. A não ser que seu escritório esteja a algumas dezenas de passos da sua cama,
a maioria dos arquivos que você precisa não estarão lá e vai ser mais rápido dar uma es-
capada até o escritório em um domingo à tarde do que tentar reproduzir toda a
cornucópia de referências que você precisa.
Se não é para trabalhar, certamente, não será para se divertir. Depois de uma breve onda de
otimismo, os videogames perceberam que seu lugar não é nos computadores. Computadores
estão ocupados demais com recursos inúteis para terem o som adequado, a resolução ou a velo-
cidade desejada. Para piorar, mouse não é joystick e o teclado não é tão ergonômico quanto os
botões de um Gameboy. Isso, sem contar que videogames não dão pau.
Você pode até achar que o acesso à internet e a habilidade de sintonizar rádio ou
tocar MP3 são luxos desnecessários para o seu aparelho de TV, DVD ou telefone. Mas é só
pensar que esses aparelhos são muito mais práticos e baratos que computadores,
walkman, sistemas de som e podem substituí-los. Ao abandonar o computador pessoal,

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webdesign
“prepare-se: vem aí uma nova geração de
aparelhinhos mágicos que vai facilitar a
sua vida. Ou complicá-la de vez”

deixamos de lado um aparelho multimídia metido à besta, interfaces? O que você precisaria aprender para não perder
caro, complicado e obsoleto, para ter uma boa TV e um ce- o emprego em 2005?
lular mais esperto. Sem contar, que eles falam a sua língua e Pra começar, é fundamental separar o conteúdo de
são bem mais fáceis de usar. seu suporte. Da mesma forma que um jornal tem muito
O computador pessoal pode ter sido uma idéia muito mais a ver com informação do que com um monte de papel
bacana, na falta de outra melhor. Mas, se ele não está liga- sujo entregue na sua casa todas as manhãs, o design de
do nem você sentado na frente dele (situação corriqueira superfícies digitais ou interfaces tem muito mais a ver com
em escritórios, mas rara em casa), todo esse processo pode hipertexto, virtualidade e adimensionalidade do que com
ser um saco. Ainda mais se o seu celular ou o controle remoto qualquer efeito do Photoshop ou actionscript do Flash.
da sua TV puderem fazer o mesmo. Já imaginou que bacana Tecnologia sem uma boa idéia por trás não vale nada e não
você poder escolher o filme que vai ver, comprar a entrada leva a lugar algum. Para se fazer bom design digital é fun-
e reservar lugar, ainda a caminho do cinema? Ou escapar damental se concentrar na idéia que se quer transmitir e
das filas de espera no restaurante por ter reservado uma trabalhá-la muito bem. Depois disso, é só escolher as fer-
mesa direto da TV da sala enquanto esperava sua mulher ramentas disponíveis – de webcam a WAP – e aplicá-las da
terminar de se aprontar? Ou checar seus e-mails enquan- forma mais adequada, buscando sempre inventar novida-
to fica parado no trânsito? Ou usar o celular para progra- des e revolucionar o que conhecemos. Design, lembre-se,
mar o vídeo para gravar a novela? Ou mesmo pedir uma quer dizer “projeto”. E não há projeto melhor que inventar
pizza antes do jogo começar e recebê-la no intervalo? uma geringonça à Prof. Pardal.
A revista Wired diz que a maioria das nossas previsões Estamos a caminho de uma sociedade sem computa-
sobre o futuro dá errado porque nos baseamos em um pen- dores pessoais. As máquinas que vêm por aí se dividem em
samento muito linear. Vemos as coisas como elas são hoje duas classes de categorias: fixos ou portáteis, para entre-
em dia e as projetamos para o futuro, achando que vai ser tenimento ou trabalho, e suas eventuais intercombinações.
tudo igual. Pois, é. Na década de 60, ninguém previu a Ao se tornarem cada vez mais eficientes, as tecnologias da
internet, em 1997 ninguém imaginou o Napster e, mesmo informação estão cada vez mais transparentes, e se infiltram
hoje em dia, muita gente no nosso cotidiano, enriquecendo a experiência que temos
confunde textualidade digi- em coisas que já conhecíamos muito bem. Por isso, se você
tal com o ato de ler textos não sabe acertar o relógio do seu vídeo, pegar os recados
na tela de um computador. da sua secretária eletrônica pelo telefone ou programar a
Como fica, então, você sua máquina de lavar, prepare-se: vem aí uma nova gera-
que hoje entende bem ção de aparelhinhos mágicos que vai facilitar a sua vida.
a web e sabe tudo Ou complicá-la de vez.
de design de Em outras palavras: tudo vai mudar. Mas, como o
Homo Sapiens não muda, no fundo, tudo continua igual.

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