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julho 2004 :: ano1 :: nº7 :: www.arteccom.com.

br/webdesign by
julho 2004 :: ano1 :: nº7 :: www.arteccom.com.br/webdesign

R$ 6,90

e d i t o r a

arteccom
Webdesign

SOM na internet Fiat e BLOGS


Superdicas, links de trilhas sonoras Americanas “Eles não são
revelam o atalho mais inocentes diários...”
gratuitas, legislação e muito mais...
para o sucesso do Luli Radfahrer fala
com Suzana Appelbaum
comércio online sobre o poder dos blogs

Designer precisa de faculdade? – Michel Lent responde Marcela Catunda: Vida de freela
direitos autorais
3
menu
apresentação
pág. 4 quem somos
pág. 5 menu

contato
pág. 6 emails
pág. 6 fale conosco

fique por dentro


pág. 7 adote esta página
pág. 8 clipping

portfólio
pág. 11 veterano: W3Haus
pág. 16 calouro: Rapadura Design

matéria de capa
pág. 18 vantagens e desvantagens
pág. 22 emotional commerce
pág. 25 entrevista: Francisco Reinaldo Rodas
pág. 32 entrevista: José Martins
pág. 33 entrevista: Americanas.com
pág. 36 entrevista: Wal-Mart

e-mais
pág. 37 estudo de caso: Fiat.com
pág. 44 o som que vem da web
pág. 49 tutorial: vídeo digital – parte 2
pág. 52 tutorial: sql injection

com a palavra
pág. 56 estratégia online: Marcello Póvoa
pág. 58 webwriting: Marcela Catunda
pág. 60 marketing: René de Paula Jr.
pág. 62 mercado de trabalho: Michel Lent
pág. 64 webdesign: Luli Radfahrer

5
emails

Assunto: Virou celebridade!!! estou em compasso de Assunto: Agradável surpresa!


espera, em contagem
Oi, Adriana regressiva, ávido pela Finalmente, achei a revista e
Outro dia, um de nossos próxima Wd. Viciei, ferrou! comprei-a. Quando a abri,
fornecedores nos ligou para Um abraço a todos(as). fiquei espantado. Muita
discutir um orçamento e, em Clovis La Pastina qualidade nas matérias, preço
meio às negociações, clovis.lapastina@eurorscg.com acessível e um visual animal!!!
comentou: “- Ah! Legal a Era tudo o que eu queria em
Olá, Pedro e Clovis
entrevista de vocês”. Seguiu- uma revista. Continuem assim,
É muito gratificante sabermos que
se, então, o breve diálogo: pois é muito difícil achar algo
nosso trabalho proporciona um
“- Que entrevista?”. com estas qualidades. Gostei
retorno positivo aos nossos
“- Como assim? A de vocês, muito da seção de e-mails,
entrevistados e colaboradores. Afinal,
que está nas bancas”. porque vocês realmente os
nada mais justo, já que vocês, de
“- Nas bancas? Onde?”. respondem e atendem às
certa forma, é que fazem a revista.
“- Na Webdesign deste mês, nossas humildes, aflitas e
A repercussão favorável é prova de
sobre o hotsite do criativas opiniões. Uma
que estamos no caminho certo e
Pagodinho” (disparou). revista, finalmente, voltada Assunto: Eureka!
correspondendo às expectativas dos
“- Uau! Tinha me esquecido, para o leitor.
leitores.
deu um branco”:-) Parabéns!!! Tenho que contar uma coisinha
Em nome da equipe Webdesign,
Passei na banca aqui em Leandro Guerra
para vocês: sabiam que são
obrigada! rsdweb@hotmail.com
frente, e lá estava ela, responsáveis por minha paixão
Bjs, Adriana
branquinha e e interesse em virar designer?!
Tinha o costume de ler outras
radiante...Hehehehe... Pois é... Acabei de entrar na
revistas de design. Mas, na
Assunto: Aumentando e
Ficou muito legal! Estamos faculdade, estou cursando o
organizando primeira vez em que li a
orgulhosos da edição! Sem a produtividade segundo período de desenho
revista Webdesign, me
querer parecer exibido, e já industrial. Comecei a
surpreendi com a qualidade
sendo, vamos mostrar pra todo Olá! Minha maior dificuldade, é
do conteúdo de vocês. Muito descobrir o que um designer
mundo! :-))))))) uma metodologia de trabalho a
obrigado. faz de verdade. E, quando
Valeu! ser seguida. Poderia publicar
Phelipe Pavanello menos esperava, minha
Um beijo grande, alguma coisa do tipo. phelipe@qualityimport.com.br
amiga veio com o exemplar
Pedro Mozart Ricardo das Neves
ricardo@promedia.com.br nº 2 de vocês. Fiquei
pedro@urbana.com.br Obrigada, Rodrigo e Phelipe.
louuuuuuuucaaaaaaaa...!!!
Surpresas boas são sempre bem-
Olá pessoal da Webdesign! Superválida a sua sugestão, Ricardo. Parabéns pela revista, pelo
vindas, não?! A qualidade é nossa
Gostaria de agradecê-los pela Metodologia é fundamental para visual e obrigada por terem
prioridade para que vocês, leitores,
entrevista e pela matéria da racionalizar e agilizar a produção de me ajudado!
recebam informações cada vez mais Ana Moutinho
Thunder, que saiu na edição de todo e qualquer trabalho. Por sua
úteis e abrangentes. Continuaremos anamoutinho@globo.com
Maio. Ficou muuuito legal. utilidade, incluiremos este tema em
assim e esperamos que vocês Que legal, Ana! Tomara que a ajuda
Acho que vocês sabem uma de nossas próximas pautas.
continuem com a Webdesign! da nossa revista não pare por aí e
fazer a revista porque Aguarde!
que a Webdesign seja sua
a fazem com tesão. companheira constante até depois da
Só pode ser formatura. Sucesso e boa sorte!
isso. Mais
uma
vez,

fale conosco através do site www.arteccom.com.br/webdesign

6
adote esta página
adotou esta página

“Que cada indivíduo procure auxiliar os interesses alheios


e não somente os seus próprios interesses” Filipenses

Adotando esta página, a Locaweb contribuiu com R$600,00 para a manutenção do projeto
Mage-Malien – Crianças que Brilham, beneficiando integralmente crianças e jovens de comuni-
dades menos favorecidas. O projeto possibilita o acesso de crianças ao universo da educação,
da arte e da cultura através de cursos e oficinas ministrados gratuitamente pela equipe Beriba-
Rei Capoeira. Ocupando de maneira sadia suas horas de lazer, os jovens aprendem o exercício
pleno da cidadania.
A Arteccom acredita na construção de um futuro melhor e agradece este gesto de solidariedade!
Você também pode ajudar a manter o brilho dessas crianças: ligue para (21) 2253-0596
ou envie um email para arteccom@arteccom.com.br e adote esta página!
Para conhecer o projeto Magê-Malien, visite o site www.arteccom.com.br/magemalien.

7
clipping

Intel desenvolverá games multiplayer na China


Seagate lança HD de
A Intel e o maior provedor chinês de games online, Shanghai Shanda, anunciaram na terça-
uma polegada
feira (08/06) uma parceria para o desenvolvimento de uma plataforma para entretenimento
interativo online. A Shanda já oferece diversos jogos multiplayer massivos, permitindo que A Seagate anunciou, no início do mês passado,o

milhares de jogadores interajam entre si em um mundo virtual. lançamento de um disco rígido com uma

Os termos do acordo são de que as duas empresas deverão cooperar entre si para o polegada de tamanho, destinado ao mercado de

desenvolvimento de diversos jogos para PCs, consoles e telefones celulares. tocadores de música digital. O disco, que contará

A iniciativa faz parte do projeto de casa digital da Intel, focado em com duas versões – uma de 2,5 Gigabytes (GB)

estender o acesso dos usuários a arquivos de mídia e conteúdo e outra com 5 GB de capacidade – concorrerá

online em diferentes tipos de aparelhos, como consoles de diretamente com o MicroDrive, da Hitachi, que

games e telefones celulares. equipa o Apple iPod Mini.

A Shanda opera, atualmente, cerca de 9,5 mil A Seagate espera lançar o disco mundialmente

servidores, o que significa uma capacidade até o começo do terceiro trimestre deste ano, e

máxima de 3,3 milhões de gamers chineses aposta na maior capacidade de armazenamento

conectados. Durante o primeiro trimestre de de seu produto para ganhar espaço no mercado.

2004, a Shanda registrou média de 931,5 mil Atualmente, o disco rígido de uma polegada da

jogadores diariamente. Toshiba oferece 4 GB – um gigabyte a menos


que o lançamento da Seagate.
(01) (02)

Microsoft pode entrar no Mais um scam apela para o medo da traição


mercado vetorial amorosa
Sem fazer qualquer alarde sobre o assunto, a
Os scammers voltaram a atacar com o assunto traição. Internautas estão recebendo
Microsoft oferece desde o início de junho
em suas caixas de correio eletrônico e-mails com supostas fotos em que estaria
versões gratuitas para download do Expression
revelada a traição do amado ou amada.
3, um aplicativo de ilustração gráfica vetorial
Com o título “A pessoa que você ama continua te traindo”, e assinada por um “amigo
para sistemas Windows e Macintosh. O
que quer te ajudar”, a mensagem do scam indaga se o destinatário já sabia desse
programa ainda está em fase de
fato. Diz também que enviar as fotos comprometedoras “foi o único meio para poder
desenvolvimento, mas a empresa não esclarece
mostrar tudo o que está acontecendo”.
o que pretende fazer com a tecnologia. Os
O texto traz então um link para acesso às supostas fotos, que deverão ser analisadas
principais produtos similares do mercado são
“com muita calma”. Ao fazer isso, o destinatário se tornará um indivíduo traído, sim,
Corel Draw e o Illustrator, da Adobe.
mas pelo falso amigo, que terá inoculado algum tipo de vírus no seu PC.
O amigo-da-onça ainda pede desculpas por “não poder” se identificar.
(03) (04)

Sala de cirurgia do futuro funciona com comandos de voz


Uma sala de cirurgia que entende comandos de voz do médico foi uma das atrações da
Hospitalar 2004, feira de produtos para a área médica que aconteceu mês passado,
em São Paulo.
O sistema, lançado simultaneamente em vários países pela empresa Stryker, consiste
em um sistema computadorizado, ativado pela voz do médico, que pode controlar uma
série de equipamentos conectados a ele. Dentre 300 ações possíveis, ele pode regular
a luz da sala, a localizada sobre o paciente, aumentar ou diminuir o zoom de câmeras
envolvidas na operação e mover a mesa, por exemplo. Sem tirar as mãos do paciente, o
médico pode até solicitar uma ligação telefônica e consultar outro especialista.

(05)

8
clipping
Gil lança proposta para
Mais americanos buscam emprego
recolher direitos autorais 
pelo PC do patrão
O ministro da Cultura, Gilberto Gil, lançou, durante Nos últimos 12 meses, o uso de
o 5º Fórum Internacional Software Livre (FISL), computadores de escritórios para
em Porto Alegre, uma nova proposta para o procura de emprego em sites de
recolhimento de direitos autorais no Brasil. E será o recolocação cresceu 26% nos EUA,
primeiro artista a usar o modelo, abrindo mão dos de acordo com estudo da Internet
direitos autorais da música Oslodum. Security Systems (ISS).
Com as novas resoluções do governo, as obras não A empresa, especializada em
sairão necessariamente das fábricas com a frase segurança para sistemas de
todos os direitos reservados. Serão criadas duas informação, diz que a busca por vagas
novas frases: alguns direitos reservados e nenhum pela Web no horário comercial se deve, em
direito reservado. Assim, o autor irá decidir se a parte, ao aumento dos sites de recolocação e ao uso de banda larga nas empresas
obra estará liberada para quaisquer usos, para norte-americanas.
nenhum ou para alguns usos (nesse caso, ele A Internet Security Systems também menciona estatísticas que revelam
poderá decidir as ocasiões em que a obra será grande redução, de cerca de 10%, no número de profissionais satisfeitos com
utilizada livremente). seus atuais empregos.
Além disso, a proposta prevê que o autor poderá Os estudos realizados pela Internet Security Systems são usados como base
ditar o tempo em que isso será feito. O modelo para o desenvolvimento de soluções para monitoração e controle do uso da
atual prevê que as obras têm todos os seus direitos Internet no meio corporativo.
de comercialização preservados por 70 anos,
quando ficam livres para utilização. (06) (07)

Hackers estão usando táticas de spammers para enviar


vírus
Hackers estão usando um programa para enviar spam – as mensagens de email indesejadas
– para distribuir milhares de cópias de um novo vírus.
De acordo com a MessageLabs, empresa que produz um software para filtrar e bloquear
mensagens não-solicitadas, mais de 4.000 cópias da praga Demonize.T foram bloqueadas
em 24 horas. A companhia costumava bloquear, no máximo, 20 e-mails com vírus por dia.
Alex Shipp, pesquisador da divisão antivírus da MessageLabs, disse ao site “The Register”
(www.theregister.co.uk) que os hackers estão adotando táticas dos spammers para
atingir o maior número possível de PCs.

(08)

(01) http://idgnow.uol.com.br/AdPortalv5/omputacaoPessoalInterna.aspx?GUID=358EAE4C-243E-4611-8019-A38313FA5596&ChannelID=2000010
(02) http://idgnow.uol.com.br/AdPortalv5/ComputacaoPessoalInterna.aspx?GUID=833A864F-10C4-4D1B-B658-CD6310143AA6&ChannelID=2000006
(03) http://idgnow.uol.com.br/AdPortalv5/ComputacaoPessoalInterna.aspx?GUID=53480D96-B447-42F9-8854-5768E5D43080&ChannelID=2000014
(04) http://info.abril.com.br/aberto/infonews/062004/01062004-3.shl
(05) http://noticias.uol.com.br/inovacao/ultimas/ult762u2011.jhtm
(06) http://www.radiobras.gov.br
(07) http://info.abril.com.br/aberto/infonews/062004/01062004-10.shl
(08) http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u16142.shtml

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portfólio :: veterano
Gaúchos da W3haus apostam

noprofissionalismo, na
competência e na criatividade
por Bruna Kanhan

Tiago Ritter e sua equipe saíram do

extinto Studioweb para consagrar a W3haus

Tiago Ritter, Diretor da W3haus, tem apenas 24 anos e é formado em jornalismo. Tra-
balha com webdesign desde 1996 e, de lá pra cá, já entendeu que o “mercado de hoje ne-
cessita mais de pessoas que saibam muito de uma coisa do que de pessoas que saibam um
pouco de tudo”, ao contrário da máxima do jornalista profissional, que, normalmente, se
considera um especialista em generalidades.
A W3haus fica em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Tem uma equipe de dez pessoas no
total: três no núcleo de design, três no núcleo de TI e mais três na produção, além de uma
assistente. Produzem tudo para a internet, “desde banners até portais de conteúdo dinâ-
mico”, diz Tiago.
A agência gaúcha ganhou as primeiras contas pelos contatos feitos na época em que seus
funcionários ainda trabalhavam no antigo e extinto Studioweb. Até hoje, a Tramontina e a
Sanremo são seus clientes. Grendene, Elegê e Avipal são contas mais recentes da empresa.

www.w3haus.com.br

11
11
portfólio :: veterano

www.grendene.com.br
Para garantir o sucesso da W3haus, a
equipe aposta no profissionalismo, na compe-
tência e na criatividade. “Unindo-se a isso
uma boa administração, é garantia de suces-
so”, define Tiago.
O diferencial da agência está em soluções
completas e customizadas para os seus clien-
tes. De acordo com o designer, “a W3haus se
preocupa em oferecer ao cliente não só uma
cara bonita, mas também, uma estrutura
tecnológica consistente”.
Projetos experimentais também estão
www.grendene.com.br/ipanema em seu portifólio. A equipe fez dois traba-
lhos criados a partir de um estudo feito
pelo escritor Sérgio Capparelli e pela
designer Ana Gruszynski. “Transformamos
poemas visuais em ciber poemas ou poe-
mas interativos. Na segunda parte desse
projeto, nos voltamos mais para o ensino
da poesia nas escolas, criando atividades
de completar, declamar, ordenar, enfim,
interagir com a poesia”.
Recentemente, foram premiados com três
bronzes e uma prata no salão de mídia

www.adrianegalisteu.com.br

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portfólio :: veterano
Alguns projetos da W3Haus:

www.vallagarina.com.br

www.cartoesgigantes.com.br

www.primafer.com.br

www.senairs.org.br/talentos

www.elege.com.br

www.ordene.com.br

www.tramontina.com.br

www.tramontina.com.br/tramontina

www.ciberpoesia.com.br
www.ciberpoesia.com.br/zoom

www.transfi.co.uk

www.trf4.gov.br

13
portfólio :: veterano

interativa da Arp (Asssociação Riograndense O site da Grendene foi criado com o


de Propaganda) com os seguintes sites: mesmo estilo dos produtos da empresa:
www.grendene.com.br/giz, design diferenciado e moderno e, ao mes-
www.grendene.com.br/ipanema, mo tempo, simples e de fácil acesso.
www.rider.com.br (bronze) e Até a 4ª região do Tribunal Regional Fe-
www.archakattack.com.br (prata). deral tem um portal desenvolvido pela
Outro trabalho importante é o site da W3haus, onde se pode fazer uma consulta
multinacional Tramontina, todo desenvol- em uma base de dados com mais de 300
vido em asp, com base de dados em SQL mil processos. “Neste projeto, o grande desa-
Server e conteúdo disponibilizado em fio foi redesenhar o site antigo e criar uma
três línguas. “É o único local em que se estrutura capaz de suportar mais de 30.000
pode consultar todos os produtos da acessos diários”. E, de desafio em desafio, a
Tramontina”, garante Tiago. W3haus vai deixando sua marca registrada
no mercado de web.

www.rider.com.br

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15
O...
portfólio :: calouro

I CA N
AME R A DO
I LEIR
A S
ABR É apostando em

contatos que ele busca superar a

instabilidade tão conhecida de quem


Ernesto Carlos Ruiz Cômodo, 23 anos, nasceu em São
Francisco, na Califórnia, EUA, e formou-se em 2002, na Otis trabalha por conta própria
College of Art and Design em Los Angeles. Fotógrafo de plan-
tão, tem na câmera fotográfica uma companheira inseparável.
Calmo e pensativo no âmbito pessoal, no profissional, necessi- Ernesto defende a formação acadêmica para os
ta de ordem. “Profissionalmente, gosto de ter tudo no lugar e designers, mas reconhece que existem aqueles que podem
limpo. Não suporto ver uma mesa de trabalho desorganizada, contar com o dom: “Para trabalhar como autônomo, você
não consigo trabalhar produtivamente assim”, revela. precisa conhecer os termos usados em design, pensar criti-
Freelancer há três anos, considera um bom networking camente, saber argumentar a favor de seus designs. Além
“essencial para a sobrevivência. Costumo dar cartões para disso, temos de dominar um pouco de cultura, ciências, polí-
todos que conheço, principalmente para clientes, que aca- tica, história, porque nossos clientes apresentam perfis va-
bam repassando-os para amigos”, dá a dica. É apostando em riados”, justifica. “Logicamente, existem alguns designers
contatos que ele busca superar a instabilidade tão conheci- natos, que não são formados, porém, possuem disciplina,
da de quem trabalha por conta própria. “Mas, em compensa- força-de-vontade e curiosidade de aprender, características
ção, você faz seus próprios horários, decide quanto quer importantes”, complementa.
receber ou quando sair de férias”. Com mais de 65 clientes, Dentro em breve, ele pretende abrir seu escritório de design
empresas pequenas em sua maioria, destaca: Brazzil Maga- em São Paulo, com uma equipe de cinco designers.
zine (revista online sobre o Brasil, em inglês), LaserCare
(vendedora de impressoras laser HP), Goddess Granola
(produtos de Granola), Linda Larsen (locutora), Tucanis
Hotel & Pousada (em Bonito, Mato Grosso do Sul), Pleascent
Aromas (velas e produtos para pele).
Dependendo do porte do projeto, pode contar com a co-
laboração de outro designer e de um programador para sites
de e-commerce e formulários. “Também posso contratar ilus-
tradores ou fotógrafos profissionais de acordo com o job. Se o
projeto for pequeno, trabalho sozinho”.
www.jeremykidd.com
um dos projetos da Rpadura Design

O site da Rapadura Design é <www.rapaduradesign.com> Para participar da seção portfólio, cadastre-se no site
16 e o email para contato, info@rapaduradesign.com www.arteccom.com.br/webdesign
17
vantagens e desvantagens

18
vantagens e desvantagens
Se, no início, havia o receio de quebra de sigilo nas operações

de pagamento, hoje, as empresas varejistas da web investem

maciçamente em segurança a fim de ganharem credibilidade

A internet é, sem dúvida, o marco da ciçamente em segurança a fim de ganharem


comunicação pós-moderna. Veio para revolu- credibilidade e, conseqüentemente, clientes.
cionar, e revolucionou não só relações huma- Dentre as tecnologias de segurança encon-
nas, mas também comerciais. A cada dia que tram-se: protocolos de transmissão segura
passa, esta ferramenta de TI tem sua utiliza- de dados “ canal criptografado HTTPS e SSL;
ção ampliada, atuando nos mais variados detecção de intrusos; certificação digital e
segmentos, seja no âmbito pessoal, econômi- autenticação forte (garantem a identidade do
co, político ou social. Mas sua aplicação na usuário); certificação com time stamp; tecla-
área mercadológica acabou por provocar do virtual (contra capturadores de
mudanças significativas nas vendas e no digitação); biometria.
consumo contemporâneos. O advento do e- Cartão de crédito, depósito bancário,
commerce acirrou a concorrência e muitos boleto e débito em conta corrente costumam
sites de comércio virtual sairam do ar tão rápi- ser as formas de pagamento oferecidas à cli-
do quanto entraram, sobretudo, por falta de entela. Para os comerciantes online, obvia-
planejamento estratégico. Enquanto isso, as mente, é preferível que a transação seja fei-
grandes corporações fizeram da internet não ta no ambiente virtual, o que favorece as
só mais um canal de vendas, mas também um compras por impulso. Com boletos e depósi-
eficiente multiplicador e fixador de suas mar- tos sempre há a possibilidade de desistência
cas. Com um ritmo de crescimento acelerado, por parte do comprador em potencial. O ínte-
o comércio virtual expandiu-se rapidamente e rim entre a visita ao site e a ida ao banco
passou a ser um meio de compra assimilado pode transformar-se no maior inimigo do e-
por boa parcela da população. commerce.
Da implantação do comércio virtual aos
Brasil: dias atuais ocorreram mutações tanto no
População: 178 milhões de habitantes aspecto tecnológico como no humano. O
Internautas: 20,5 milhões comportamento dos consumidores pode va-
Consumidores online assíduos: 2 milhões riar de acordo com classe social, grau de
instrução, familiaridade com a rede, sexo
Se, no início, havia o receio de quebra etc.. Homens e mulheres interagem de ma-
de sigilo nas operações de pagamento, hoje, neiras distintas nas compras online, depen-
as empresas varejistas da web investem ma- dendo do tipo de produto em questão. Em

19
vantagens e desvantagens

Quanto mais próximo do seu público-alvo, maior a facilidade


de se traçar um perfil de consumo, personalizando o atendi-
mento para torná-lo um diferencial

recente pesquisa do Ibope/NetRatings, aridades e competitividade. O CRM


constatou-se que as mulheres compram (Customer Relationship Management) é a
mais automóveis pela internet, enquanto a maior prova disso. Com a função de estreitar
maioria dos homens, embora sejam visitan- o relacionamento empresa-consumidor atra-
tes mais assíduos dos sites automotores, vés de um conhecimento aprofundado deste,
preferem fechar a compra após testarem o esta estratégia de gestão tem sido bastante
carro na concessionária. Da mesma forma, aplicada no e-business, sobretudo no B2C
há diferenças na maneira de comprar nos (business to customer). Quanto mais próximo
estabelecimentos físicos e virtuais. Uma de- do seu público-alvo, maior a facilidade de se
las é a quantia gasta. No comércio online os traçar um perfil de consumo, personalizando
valores são bem superiores, uma vez que o atendimento para torná-lo um diferencial.
atinge classes sociais mais privilegiadas. Diante de tanta competitividade, dife-
E, se o perfil do consumidor mudou, o renciar pode ser a chave do sucesso no e-
atendimento ao cliente viu-se obrigado a commerce. Empresas devem adequar seus
sofrer modificações para garantir a sobre- sites às suas necessidades, ao gênero de
vivência num mercado tão cheio de peculi- produto e ao público-alvo. Um planejamento
prévio é o caminho para conjugar harmonio-
samente tais fatores. A partir do momento
em que consegue-se tal equilíbrio, fica menos
difícil vencer o desafio de fidelizar o cliente,

Novidade!

M-COMMERCE ou mobile-commerce: negócios eletrônicos


gerados a partir de dispositivos móveis, como telefone celular.
Ingressos para filmes e entradas para teatro já estão disponíveis.
Com a chegada dos aparelhos coloridos com suporte a vídeo, surgem
outras opções de compra de serviços que não sejam jogos e
ringtones. Vídeos, papéis de parede e outras formas de
entretenimento também são vendidas para estes equipamentos.
(Fonte: Webinsider).

20
vantagens e desvantagens
fazendo-o retornar à loja virtual. Para alguns teóricos, quanto
menos familiarizados com a rede, maior a tendência à fidelida-
de, já que o usuário ficaria receoso de entrar numa nova loja
virtual e deparar-se com um novo sistema operacional de com-
pra com o qual não estaria acostumado. Sim, o mercado virtu-
al também possui suas sutilezas...
Bem, como não poderia deixar de ser, o e-commerce
apresenta prós e contras. A seguir, alguns deles:

Vantagens do e-commerce Desvantagens do e-commerce


Para empresas: Para empresas:
:: grande fixação e divulgação da marca; :: diminuição das barreiras à entrada no mercado –
:: maior garantia de recebimento de valores; considerável aumento da concorrência (facilidade de
:: maior integração; instalação da loja virtual em comparação com a física);
:: eficiência/agilidade nas transações – favorece ex- :: provoca modificações na indústria – pode acabar
pansão do mercado. beneficiando mais o fornecedor;
Para clientes: :: menos possibilidades de diferenciação (sites facil-
:: comodidade; mente copiados)
:: praticidade; :: maiores chances de infidelidade do consumidor;
:: rapidez; :: migração da competição para o quesito preço –
:: aumento do número de serviços à disposição; queda de lucratividade.
:: formas de pagamento variadas; Para clientes:
:: simulações de compras; :: impossibilidade de examinar o produto pessoalmente;
:: maiores informações sobre produtos (ex.: vídeos :: problemas como propaganda enganosa;
demonstrativos); :: possibilidade de quebra de sigilo de dados.
:: maior poder de barganha – com apenas um click vai-se
à concorrência.

Dica de leitura

AMAZON.COM – COMO CRESCER DA NOITE PARA O DIA


Os bastidores da empresa que mudou o mundo
Autor: Robert Spector
Editora: Campus
Livro sobre a criação da empresa que definiu parâmetros para o comércio eletrônico. Jeff Bezos, o criador
da empresa, soube o momento certo de entrar no jogo e dar valor ao que mais importa: o cliente.

21
comércio e-mocional

comércio
e-mocional
Numa era de constante evolução
tecnológica, aonde máquinas vêm toman-
do o lugar das pessoas, começa-se a des-
cobrir que o ser humano é substituível até
certo ponto. Um ótimo exemplo são os
bancos, que, após implantar caixas eletrô-
nicos capazes de executar as mais diversas
operações, ainda mantêm seus gerentes,
atendentes e caixas físicos. Seja qual for o
grau de automação, em determinado momen-
to, a presença humana se faz necessária.
E no ambiente virtual, não po-
deria ser diferente. O atendimento
ao cliente passou a ser um diferencial
decisivo para enfrentar e vencer a
concorrência cada vez mais acirrada,
não só pela quantidade de sites de e-
commerce presentes na rede, mas também
pela equiparação dos mesmos em termos
tecnológicos. Fora isso, a facilidade de loco-
moção na internet confere maior poder e au-
tonomia ao cliente, já que os estabelecimen-
tos comerciais estão separados por simples
cliques. Por essas razões, o atendimento e a
satisfação dos consumidores online, mais do
que nunca, assumem uma relevância indiscu-
tível e devem ser colocados na lista de priori-
dades de uma loja na web.

22
comércio e-mocional
Fazer compras online pode ser muito rápido e prático, mas também muito solitário e impessoal.
Se, por um lado, o e-commerce liberta os clientes das filas entediantes, por outro, os priva do

contato humano que personaliza o consumo. Na tentativa de compensar esta lacuna, os sites

de vendas investem em CRM (Customer Relationship Management) e disponibilizam recursos


como call centers e chats para tirar dúvidas em tempo real. Será que este é o caminho para

humanizar as relações de consumo na web?

Hoje, após alguns anos da prática do e- que a manutenção dos já conquistados.


commerce, as expectativas dos compradores Logo, investir em CRM e outras estratégias
via web mudaram em alguns aspectos, so- de relacionamento com o público consumidor
bretudo na questão do relacionamento em- pressupõe garantia de retorno econômico
presa-cliente. Foi-se o tempo em que queri- para a empresa.
am apenas conveniência e praticidade. Mais A gerência de relacionamento com o cli-
do que tais vantagens, eles reivindicam aten- ente é peça-chave na personalização do aten-
ção, traduzida em máximo de interatividade e dimento na medida em que trabalha com a
personalização do atendimento. Tornar a manipulação de dados e informações que irão
compra online um processo menos impessoal formar um histórico composto de todos os
firmou-se como tendência e virou um desafio passos da trajetória de cada consumidor pelo
para os sites de vendas. Neste tipo de transa- site. Assim, detectam preferências, hábitos e
ção comercial, o atendimento é uma espécie demais peculiaridades de comportamento
de ponte humana entre quem vende e quem bem como eventuais problemas ou falhas (re-
compra. petição de débito em conta corrente, falta de
Dentro desse contexto, o atendimento feedback a e-mails, call center ineficiente,
ao cliente transformou-se em área estratégi- dentre outros). Tais informações ficam dispo-
ca e fez surgir um novo tipo de gestão, exclu- níveis para todos os departamentos que man-
sivamente para tratar de relacionamento com têm contato com o cliente em um banco de
o público consumidor – o CRM (Customer dados central. Vale lembrar que os tipos de
Relationship Management), mais aplicado no software, hardware e formatos de atendi-
Brasil a partir do final de 1998. Focado na cli- mento ao cliente têm de ser compatíveis
entela, o CRM tem no cliente o referencial com o porte e objetivo de cada empresa.
para suas decisões. Possui como metas pre- Da mesma forma que no comércio tradi-
ver e satisfazer os anseios do público consu- cional, os clientes precisam ser ouvidos e res-
midor na rede, conquistando-os e, principal- pondidos no comércio virtual. Serviços de
mente, mantendo-os e fidelizando-os. Diver- resposta automática, totalmente impessoais
sos estudos e pesquisas concluíram que a e sem a presença do fator humano, não re-
captação de novos clientes é mais onerosa do solvem problemas. Pior do que isso, só a au-

23
comércio e-mocional

sência de retorno, o que traduz descaso e negligência com o imediatas e objetivas às queixas e solicitações do cliente).
cliente. Resultado: na melhor das hipóteses, a empresa perde Enfim, o processo de compra deve ser o mais descomplicado e
credibilidade, na pior, o próprio cliente. Devido ao poder dinâmico possível.
multiplicador da rede, a insatisfação ou frustração do cliente A observação permanente do comportamento do con-
torna-se um perigo muito mais potente para as empresas sumidor é, e continuará sendo, o caminho para um comér-
online. Emails, correntes e mensagens são transmitidos suces- cio bem sucedido tanto no meio eletrônico quanto no meio
sivamente por um tempo razoavelmente longo depois de gera- físico. Cabe às empresas que se utilizam do e-commerce
dos. Ou seja, os efeitos do mau atendimento na rede podem explorar as inúmeras possibilidades oferecidas pela
ser devastadores. internet para otimizar as compras na web e jamais se es-
Aumentar a qualidade do atendimento e reduzir custos é quecerem de que do outro lado da tela há um ser humano que
mais um desafio para o e-commerce. Abrir canais de comunica- deseja e merece um tratamento mais humano.
ção empresa-cliente, buscando integrá-los com inteligência e
criatividade talvez seja a chave do sucesso. Respostas perso-
nalizadas, direcionadas para cada queixa específica devem ser
enviadas em no máximo 24 horas. Um call center bem informa-
do e com relativa autonomia pode agilizar soluções e acrescen-
tar um toque humano ao e-commerce. Chats para tirar dúvidas
em tempo real também podem abreviar bastante o processo.
Não basta pôr a loja na rede, é essencial planejamento e or-
ganização para sobreviver no mercado de web. Então, conhe-
cer o público-alvo a fundo, estreitar relações com ele e manter
proximidade fará com que clientes voltem e cliquem sempre.
Como uma espécie de recompensa e incentivo pela fidelidade,
muitos sites oferecem benefícios aos clientes mais freqüentes
(descontos especiais, promoções exclusivas, prioridade nas
listas de envio etc.).
Visando facilitar as compras, trocas e devoluções de
seus produtos, algumas lojas virtuais permitem a retirada
e troca ou devolução dos artigos nas lojas físicas. Assim,
uma funciona como extensão ou complemento da outra, o
que acaba sendo uma vantagem e mais um diferencial no
mercado online.
Na verdade, o bom atendimento tem início na apre-
sentação do próprio site (visualização rápida, fácil navega-
ção, auto-explicativo, busca simples pelo produto). Esta deve
ser conjugada com processo de compra desburocratizado,
cumprimento de prazos e suporte pós-venda (com respostas

24
entrevista
E-COMMERCE:
“Batendo mouse” atrás do melhor preço

O e-commerce não é apenas uma maneira de efetuar

compras, mas sim uma tendência de consumo que vem

ganhando força na sociedade contemporânea mundial. A


popularização da internet só veio a expandir este

promissor segmento de mercado. Desde o seu surgimento,

o comércio virtual passou por transformações necessárias


à sua adaptação ao mercado e ao público consumidor. E, ao

que tudo indica, tais mutações serão uma constante. Em


entrevista à Webdesign, Francisco Reinaldo Rodas (sócio-

diretor da Agência Laboris) analisa o e-commerce em seus

mais variados aspectos.

25
entrevista

“O público feminino é muito forte no comércio tradicional,

esta tendência pode indicar uma oportunidade de ampliação

no nível de consumo no e-commerce”

Wd :: Quais as vantagens e desvantagens Isso fez com que os fornecedores amplias-


do e-commerce comparado ao comércio sem as ofertas para este público. Sites de
tradicional? varejo online de uma forma geral, sites de
Reinaldo :: A grande vantagem do e- financiamento ao consumidor, sites de e-
commerce está na quebra das restrições commerce associado ao entretenimento
de tempo e espaço. A loja virtual está aon- são exemplos de sites que também possu-
de o consumidor está e na hora em que ele em a classe C como público-alvo.
quiser. Esta onipresença da loja virtual per- Outro ponto importante é o aumento do
mite capturar todos os momentos de dese- ticket-médio (valor gasto em média por cada
jo e necessidade do consumidor, dando a consumidor) observado nas relações de e-
ele conforto, facilidade e alternativas de commerce nos últimos meses, o que reflete
fornecimento. uma diminuição da desconfiança dos consu-
As principais desvantagens estão no hábito midores virtuais quanto à segurança da in-
de compra do consumidor. Isto deve-se ao formação trafegada na internet. O ticket-
fato de a grande maioria de usuários da médio evoluiu de R$ 249,00, em janeiro de
internet não terem adquirido o costume de 2003, para R$ 315,00, em dezembro do
Exemplos de sites com foco
realizar compras online. Seja pela necessida- mesmo ano, atingindo assim a marca mais
na classe C:
varejo online
de de se ter o contato físico com o produto, alta da história do e-commerce brasileiro.
www.americanas.com seja pela desconfiança em relação à segu- Além disso, apesar de os números indicarem
www.magazineluiza.com
rança da informação trafegada pela internet. que o público masculino domina 61% desse
www.extra.com.br
financiamento ao
Wd :: Desde o surgimento do e- mercado e gasta mais que o público femini-
consumidor commerce, o perfil do público consumi- no, este número é decrescente. Ao analisar-
www.facilitanet.com.br
dor sofreu alterações? Quais? mos que o público feminino é muito forte no
e-commerce associado ao
entretenimento
Reinaldo :: Sim. Com a popularização da comércio tradicional, esta tendência pode
www.webventure.com.br internet, pode-se dizer que os consumido- indicar uma oportunidade de ampliação no
res do comércio eletrônico deixaram de ser nível de consumo no e-commerce.
exclusivamente das classes sócio-econômi- Wd :: Segundo o livro “O Cliente em Se-
cas A-B. Hoje, a classe C também compra gundo Lugar” (Hal F. Rosenbluth e Diane
online, mesmo que em menor proporção. McFerrin Peters/ Editora M. Books), o se-

26
entrevista
gredo do e-commerce eficiente está na demos citar: os atendimentos telefônicos de
atenção dispensada a cada cliente, fazen- forma mais personalizada, a ponto de o
do com que ele se sinta único. Qual seria o atendente identificar com quem está falando,
atendimento ideal para suprir a falta de bem como possuir o histórico de interações da
contato humano no comércio virtual? empresa com o cliente, tudo dentro do conceito
Reinaldo :: Antes de falar em cliente único, dos chamados contact centers; os canais de
nós não podemos esquecer de que este cli- relacionamento/atendimento em tempo real re-
ente faz parte de uma sociedade, de grupos alizado diretamente no website das empresas
dentro da mesma, e isto implica em conside-
rar o contexto sócio-cultural, histórico e eco- Ferramentas de apoio ao e-commerce X
nômico. É fácil concordar que o cliente John, Assim como nas lojas físicas, quanto mais rápido e personalizado o suporte ao
consumidor, maiores as chances de se destacar na concorrência. Abaixo, alguns
que mora nos EUA (NY), apresenta algumas
exemplos das ferramentas mais utilizadas nos contatos com a clientela da web:
diferenças se comparado ao cliente João,
Chat Online Estrutura tecnológica:
que mora no Brasil (interior do Nordeste),
Funciona como um tira-dúvidas em • software para gerenciar emails;
pois compartilham de alguns valores diferen- tempo real, possibilitando ao cliente • solução de atendimento online (chat);
tes. Feita essa consideração, o atendimento contato direto com o atendente via chat. • solução de televendas, atendimento
Este recurso tem a vantagem de ser telefônico e registro de contatos.
individual através da identificação, diferenci-
familiar à grande parte dos internautas, e • custo – informação não divulgada.
ação, interação e personalização, seja do John pode evitar vendas perdidas, já que
ou do João, deve conter uma visão de com- presta esclarecimento imediato, Linha 0800 Telemar
possibilitando que o atendente use (TC 0800 ALCANCE)
portamento, hábitos e interesses. Também
argumentos favoráveis à efetivação da Permite à empresa receber ligações
devemos buscar no ambiente virtual o máxi- compra do produto/serviço. dentro da abrangência escolhida, sem
mo possível de similaridade com o ambiente Algumas empresas prestadoras de ônus para o originador de chamada
serviços de Call Center, como a Atento  e (cliente final), pois a cobrança é reversa.
real, tal como acontece nos simuladores de
a Telefutura, já oferecem o serviço de Valores:
vôo, nas corridas de carro e nas livrarias vir- chat integrado a soluções de Assinatura modalidade nacional: R$68,07.
tuais, onde há a possibilidade de folhear os atendimento telefônico e a sistemas de Serviço de bloqueio de celular: R$ 67,82.
CRM. Valor: Solução com capacidade Identificador de chamadas – cobrado à
livros, para citar alguns exemplos. Entretan-
mínima de atendimento (uma estação parte.
to, estamos ainda falando de um modelo de para cada período) – a partir de R$ Algumas facilidades e aplicações:
atendimento estruturado. A possibilidade 5.000,00 por mês. • modalidades disponíveis – Local,
Atenção para o horário de funcionamento Estadual, Regional e Nacional;
de criar canais de atendimento alternativos
do chat online. Vale lembrar que o • oferece descontos progressivos
fora de uma estruturação rígida é bem-vin- horário de pico na internet é de 22:00 h conforme o volume de chamadas
da, como a ouvidoria, o contato telefônico à 1:00 h. Dessa forma, o ideal seria ter o recebidas no(s) número(s) 0800 (exceto
serviço disponível 24 horas por dia. modalidade Local);
e o fale conosco.
Veja o exemplo do esquema de • permite a restrição de chamadas
Wd :: Atualmente, que ferramentas pos- funcionamento do Grupo Pão-de-Açúcar: originadas de telefones públicos,
sibilitam maior proximidade deste aten- 60 atendentes que se revezam em 35 celulares ou de áreas geográficas que
posições de atendimento. não sejam de interesse;
dimento ideal?
Média mensal de 33.200 contatos Maiores informações:
Reinaldo :: Como exemplo de ferramentas cliente-empresa. 0800 31 0800 - Serviços Empresariais
existentes e atualmente utilizadas para suprir a Telemar.

falta de contato humano no e-commerce, po- Obs.: Não nos responsabilizamos pelas informações acima, divulgadas pela Telemar.

27
entrevista

de e-commerce através dos chats, onde o cliente recebe um suporte de atendimento exclusivo via
troca de mensagens de texto instantâneas; os canais de contato interativo, em que são feitas re-
produções e/ou animações em vídeo visando simular o atendimento presencial; os canais de aten-
dimento que utilizam as tecnologias integradas de voz e vídeo, tornando o relacionamento com o cli-
ente mais pessoal, exclusivo e próximo do ideal, ou seja, próximo do contato humano.
Wd :: Quais as falhas mais freqüentes no relacionamento com os clientes dos sites de
e-commerce?
Reinaldo :: Um erro comum é a falha na comunicação das normas e regulamentos que
regem as negociações daquele site. Quando estas regras não são bem comunicadas, ge-
ralmente surgem problemas. Uma navegação intuitiva e interfaces amigáveis também são
fatores importantes para reduzir as dúvidas e, conseqüentemente, melhorar a experiência
do usuário, deixando-o satisfeito e com vontade de voltar.
Outra falha freqüente é não levar em consideração que existem problemas isolados, in-
dividuais. Há uma tendência em generalizar os problemas e agrupá-los em categorias, e
pré-determinar uma solução para cada um deles. Isso é um erro. O cliente precisa se
sentir especial e único, caso contrário, vai procurar o concorrente, reclamando do seu
atendimento. Hoje em dia, o cliente sabe identificar uma resposta-padrão e se sente in-
comodado com isso. É preciso tratá-lo de forma personalizada e com exclusividade.
Wd :: O que diferencia o consumidor online brasileiro dos consumidores online ame-
ricanos, europeus e japoneses?
Reinaldo :: Acredito que o grande diferencial entre os diversos consumidores do comércio ele-
trônico diz respeito aos fatores sócio-culturais, históricos e econômicos que os envolve. Não
podemos esquecer de que apesar de o comércio online ser algo eletrônico e virtual, quem o mo-
vimenta/realiza são pessoas, fisicamente constituídas, envoltas por uma sociedade com valo-

“O que faz com que o brasileiro ainda compre pouco via web

é uma questão puramente cultural: a desconfiança”

28
entrevista
res, costumes, hábitos e culturas diferentes. Portanto, a dinâ- O fato de os brasileiros comprarem menos pela internet do que
mica do e-commerce, seja no Brasil, nos EUA, no Japão ou em os japoneses, americanos ou europeus é um exemplo de como
qualquer outro lugar do mundo, possui características próprias as diferenças de valores e costumes interferem nos hábitos
e diferentes entre si. online. Afinal, o que faz com que o brasileiro ainda compre
Por estes motivos, se o brasileiro permanece, em média, pouco via web é uma questão puramente cultural: a desconfi-
menos tempo online que o americano, ou se ele acessa, tam- ança.
bém em média, menos sites de jornais/noticiários que o eu- Existem similaridades entre os produtos mais comprados,
ropeu, isso não pode ser justificado levando-se em conside- que são os CDs, livros e itens de computação. Porém, há
ração apenas um fator/motivo. Devemos levar em consideração diferenças importantes, como, por exemplo, os itens de
os diversos aspectos supracitados. Ou seja, a distribuição de vestuário, que estão em quarto lugar na lista de itens mais
renda e a economia do Brasil permitem que a maioria da popula- vendidos pela internet nos EUA, enquanto aqui, no Brasil,
ção tenha condições financeiras para adquirir um computador as vendas neste setor são muito pequenas.
pessoal? As infra-estruturas tecnológica e de telecomunicações Em suma, essa análise serve para toda e qualquer diferenciação/
disponíveis no país, e o seu financiamento, permitem a essas em- comparação dos consumidores do e-commerce pelo mundo. A
presas oferecerem serviços a preços competitivos para toda a partir daí, seria leviano de minha parte diferenciar os consumido-
população? A população brasileira tem acesso à internet de forma res online brasileiros, americanos e japoneses, tomando como
fácil e barata? base apenas uma característica global deste mercado.
Wd :: Seria simplista afirmar que clientes de e-commerce
buscam comodidade e praticidade no ato de comprar ou
haveria outros elementos motivadores implícitos?
“Hoje em dia, o Reinaldo :: Não podemos esquecer de que existem vários con-
sumidores de e-commerce que não possuem condições de com-
cliente sabe
prar alguns produtos em sua cidade, região ou país.
identificar uma Sem contar que existem outros elementos motivadores como:
preço; facilidade de comparação de produtos entre vários for-
resposta-padrão e
necedores; disponibilidade de informações detalhadas sobre
se sente diversos produtos.
Assim como no comércio tradicional, no e-commerce, cada ca-
incomodado com
tegoria de produtos possui um processo de escolha e compra
isso. É preciso distinto. Desta forma, podemos dizer que os elementos
motivadores do comércio eletrônico variam de acordo com o pro-
tratá-lo de forma
duto a ser comprado e que, portanto, vão além de simplesmente
personalizada e comodidade e praticidade.

com exclusividade”

29
Wd :: Que argumentos usariam para persuadir um clien-
te em potencial, tradicionalista e avesso à pós-
modernidade tecnológica, a utilizar o e-commerce?
Reinaldo :: Utilizaria como argumentos os benefícios pro-
porcionados pelo comércio eletrônico no que diz respeito
a: preços mais competitivos que os praticados pelo comér-
cio tradicional; comodidade na compra e entrega do produ-
to; facilidade na comparação de diversos fornecedores e a
disponibilidade de acesso a compra, pois o consumidor
pode, a qualquer momento, realizar a compra desejada.
Também reforçaria a questão da segurança da informação
nas compras online.
Wd :: O fator segurança ainda é a maior barreira a ser
vencida no e-commerce? Além deste, que outros fato-
res afastam o consumidor do comércio online?
Reinaldo :: Com certeza, a segurança ainda representa uma
grande barreira à adoção do e-commerce pelos consumidores.
Estudos apontam a existência de 17 barreiras potenciais. Em
primeiro lugar, estão as barreiras relativamente importantes,
mas que devem ser resolvidas nos próximos dois anos. A única
que se encaixa nesse quesito é ‘alto custo do tempo online’.
Outras barreiras envolvem as áreas de tecnologia (ainda não
foi definido um sistema-padrão de pagamento, as tecnologias
de segurança/criptografia não estão suficientemente desen-
volvidas), questões do setor varejista (custos altos de criação
e manutenção do sistema) e do consumidor (custos altos dos
aparelhos para acesso, escolha limitada de produtos,
interface de uso complicado e dificuldade de navegação).
Estudos apontam ainda que as barreiras que levarão mais tempo
para serem solucionadas são classificadas, em sua maioria, como
menos importantes. Três se referem à conveniência: o consumi-
dor não consegue especificar ‘horários’ e ‘locais’ adequados para
a entrega de mercadorias, o que leva alguns consumidores a dar
‘preferência ao comércio local’. Duas se referem a barreiras
tecnológicas: ‘custos altos de distribuição de produtos físicos’ e
‘interface para o consumidor’ insuficientemente desenvolvida.
Duas se relacionam a preocupações quanto à apropriação
indevida de dados: o consumidor acredita que não há proteção

30
entrevista
“Itens de vestuário estão em quarto lugar na lista de itens mais vendidos pela internet

nos EUA, enquanto aqui, no Brasil, as vendas neste setor são muito pequenas”

legal suficiente e se preocupa quanto ao uso veniente, solução rápida dos problemas, aten-
não autorizado de dados pessoais (nome, en- dimento privilegiado, entrega de valor consis-
dereço, hábitos de navegação etc.). tente, entre outras ações, façam com que o
As duas barreiras principais são aquelas tidas consumidor confie mais em você do que no con-
como importantes e que, provavelmente, leva- corrente.
rão mais de dois anos para serem resolvidas. Wd :: Quais os prognósticos para os pró-
São elas: ‘preocupação do consumidor com a ximos dez anos do e-commerce no Brasil
segurança dos dados pessoais’ (tais como de- e no mundo? Que obstáculos foram su-
talhes de cartões de crédito) ao realizar uma perados até agora e o que ainda é pro-
transação e ‘baixa velocidade de transmissão blema no comércio online?
de dados’ para as residências. Esses dois fato- Reinaldo :: Segundo alguns especialistas do
res, aparentemente, serão cruciais para a ado- setor, é previsto que até 2010 o acesso à
ção em larga escala do comércio eletrônico pelo internet através de linhas telefônicas tradicio-
consumidor. nais responda por cerca de 30% das transa-
A segurança dos dados pessoais é tida como ções comerciais, contra os 80% de agora.
uma barreira muito mais importante para o Com isso, prevê-se ainda que o uso das
consumidor do que o sigilo dos dados, ques- tecnologias DSL e por cabo cresçam
tões, muitas vezes, associadas em uma consi- para cerca de 50% das transações. As
deração mais genérica, envolvendo confian- maiores e mais persistentes barreiras
ça ou risco. para a sua adoção são ‘preocupação do
Wd :: Você concorda com a teoria (apre- consumidor com a segurança dos da-
sentada no livro ‘Ecommerce’/FGV Edito- dos pessoais’ e ‘baixa velocidade da
ra) de que consumidores mais familiari- transmissão de dados’.
zados com a internet são mais difíceis de Dessa forma, teremos um aumento
fidelizar, enquanto os com pouca prática crescente do e-commerce no Brasil e
no ambiente web tendem à insegurança no mundo para os próximos anos. A
para experimentar novos sites de e- partir de níveis que hoje variam de 1 a
commerce? 30%, os especialistas prevêem gran-
Reinaldo :: É uma das atitudes possíveis. O de incremento na proporção de
que temos de entender é que a fidelização é compras online como um todo, por
um conjunto de atitudes, crenças e desejos, parte do consumidor. Especialmen-
porém, não existe uma condição necessária te, em áreas como varejo de músi-
para a fidelização. A fidelidade pode acontecer ca, serviços financeiros, livros,
se as suas ações de permitir acesso fácil e con- vendas de viagens e ingressos.

31
entrevista

Mais e-commerce...
Diante de um tema tão extenso como o e-commerce, a Webdesign também
entrevistou José Martins (diretor de tecnologia da Modem Media Brasil Interativa)
para obter um segundo ponto de vista sobre o desenvolvimento do comércio
virtual. Com objetividade e clareza, ele expôs suas opiniões em relação a
esta modalidade de compra e venda.

Wd :: Desde o surgimento do e-commerce, Wd :: O que diferencia o consumidor online

o perfil do público consumidor sofreu al- brasileiro dos consumidores online ame-

terações? Quais? ricanos, europeus e japoneses?

José :: Com certeza, o consumidor passou a José :: Os americanos estão acostumados

desfrutar da comodidade de poder comprar a comprar por catálogos há décadas, a

no dia e na hora em que desejar, fazer uma internet só veio como um meio digital para

ampla pesquisa comparativa entre os bens os mesmos. Os europeus e japoneses, na

desejados e comprar o melhor produto pelo sua maioria, são conservadores, muito pa-

melhor preço. recidos com os brasileiros, mas os núme-

Wd :: Atualmente, que ferramentas pos- ros têm demonstrado um forte crescimen-

sibilitam maior proximidade deste aten- to das operações de baixo valor (CDs, li-

dimento ideal? vros, revistas e leilões).

José :: Existem várias ferramentas, mas to- Wd :: O fator segurança ainda é a maior

das elas serão ineficientes sem uma política barreira a ser vencida no e-commerce?

clara da empresa de como usar as informa- Além deste, que outros fatores afastam

ções, bem como o entendimento dos consu- o consumidor do comércio online?

midores e dos produtos que a empresa José :: A segurança foi muito mistificada com o

comercializa, ou seja, de nada adianta altos e-commerce, mas aqueles que criticam a segu-

investimentos em ferramentas se não existir rança, quantas vezes já não deram o cartão de

um planejamento. crédito para um garçom que demorou um

Wd :: Quais as falhas mais freqüentes no tempão para devolvê-lo? Que segurança eles

relacionamento com os clientes dos sites tiveram nesta operação? Muita gente diz que

de e-commerce? não coloca os dados pessoais na internet, mas

José :: Hoje em dia, os grandes portais de e- preenchem aqueles carimbos com o endereço,

commerce estão bem maduros, cada um já telefone, placa do carro entre outros dados em

implementou a sua política de relacionamen- qualquer posto de beira da estrada... A ques-

to, mas, na minha opinião, a principal falha no tão da segurança é delicada, mas, com inteli-

relacionamento era a ausência de um call- gência e processo, a venda online pode ser

center para a solução de problemas, que foi muito mais segura do que a tradicional.

corrigida por alguns sites.

32
varejo na web
Americanas:
varejo popular
no mundo virtual
Presentes no comércio online desde 1999, as tradicionais Lojas Ameri-
canas também buscam se consolidar no e-commerce. Com o objetivo
de ser o destino preferido de compras online no Brasil, a varejista
conta com uma infra-estrutura que permite entregar pedidos em 48
horas em mais de 200 países espalhados pelo mundo. Hoje, a
Americanas.com é o destino de 3 milhões de consumidores e mais de
500 empresas, com cerca de 70 mil produtos. A seguir, Beto Ribeiro,
gerente de marketing da Americanas.com, fala sobre a loja virtual
desta grande varejista popular.

Wd :: Quanto tempo decorreu entre a fase menos familiarizados com a internet? Não
de projeção do site e sua disponibilização houve receio de que isto se tornasse um
na rede? fator restritivo ou excludente?
Beto :: O primeiro grande desafio deste em- Beto :: O cliente procura variedade e bons
preendimento foi colocar no ar um grande preços. Na internet, isso não é diferente -
projeto em 45 dias, tempo em que também quanto maior a oferta disponível, maior será
foram definidos equipe, planejamento e es- a possibilidade de se encontrar justamente
trutura. Tudo foi desenvolvido internamente, aquilo que se está procurando. Hoje, a
e essa decisão ocorreu em função de o co- Americanas.com oferece a maior variedade
mércio eletrônico causar ‘estranheza’ ao gran- de artigos do varejo online: cerca de 77 mil
de público. Estávamos em 1999, e muito se itens, distribuídos em 17 categorias. O au-
questionava a confiabilidade das operações e mento contínuo das vendas e do número de
dos prazos das entregas. Para quebrar tal visitantes só comprova que variedade de
preconceito, os processos foram integrados itens é mais um dos grandes atrativos do site.
e automatizados (do pagamento à entrega). Wd :: Além do cuidado de possibilitar o
Assim, mostramos que podíamos ser ágeis, envio de presentes sem valor na nota fis-
seguros e confiáveis. cal, que outros recursos foram aplicados
Wd :: O grande número de informações não para personalizar ao máximo a compra
pode dificultar a navegação dos clientes via web?

33
varejo na web

Beto :: A Americanas.com tornou-se referência de estrutura tecnológica efi-


ciente para o comércio eletrônico brasileiro. O que aparece como um processo
de compra simplificado para o cliente, está apoiado por um modelo sofisticado
de integração entre sistemas dos mais diversos, unindo numa mesma operação
online transações financeiras e de logística das mais avançadas.
Wd :: O lançamento do site foi precedido por testes, simulações ou
pesquisas com o público?
Beto :: No dia 15 de novembro de 1999, a Americanas.com estava disponível
para todo o Brasil expondo cerca de 1000 produtos. O mercado teste foi
Curitiba e 70% dos internautas da cidade visitaram o nosso site na data de
inauguração. No dia 15 de Janeiro de 2000, houve o lançamento nacional do
site, com 10 mil produtos.
Wd :: Houve algum problema recorrente não previsto nas operações
de compra/venda virtuais? Qual? Como foi solucionado?
Beto :: Não foi um problema, mas um desafio. A premissa essencial para o
desenvolvimento do site foi construir tudo a partir de uma base de dados
integrada. Com isso, foi implantada toda a plataforma que atende
concomitantemente as demandas das áreas comercial e logística. Ao longo do
processo, a base de TI passou a atender a demanda de toda a empresa.
Wd :: Em algumas categorias de produtos, como em ‘livros’, encontra-
se a avaliação do público em relação a determinado produto. Como é
obtida tal avaliação?
Beto :: Ao comprar determinado produto, o internauta pode optar por acres- Na página de apresentação do produto selecionado, em
posição de destaque, encontra-se a média de todas as
centar sua opinião sobre o mesmo.
notas dadas pelos leitores. Mais abaixo, pode-se ler os
Wd :: Criar uma loja virtual o mais semelhante possível da loja física é comentários completos.

um desafio. Até que ponto a interatividade proporcionada ao usuário é


importante para se ter esta impressão? Quais as ferramentas mais
interativas do site?
Beto :: A força do nome e o ótimo conceito de Lojas Americanas junto a seus
clientes são um grande aval para o site. Apesar de se dirigirem a públicos dife-
rentes (a loja física vende mais para as classes B, C e D e 80% dos consumido-
res do site estão nas classes A e B), a força da marca, certamente, garante a
confiança que o internauta precisa antes de realizar sua primeira compra e
Tela de detalhamento do MP3 Player da Philips, com um
conhecer melhor a Americanas.com.
botão para visualização 360o e pop-up, onde é possível
ter tal visualização.

Menu principal: evidencia as 17 categorias em que são divididos todos os produtos encontrados no site.

34
Você faz compras online?

41% Às vezes
21% Sempre
20% Nunca
18% Raramente
(Total de votos: 399)

Acesse e participe!
www.arteccom.com.br/webdesign

Há várias formas de interatividade no site. Além dos canais de atendi-


mento (citados na próxima resposta), uma parceria entre a
Americanas.com e a Philips trouxe ao site a experimentação virtual ,
uma série de recursos para facilitar o acesso dos internautas aos pro-
duto da marca. O serviço permite a visualização de todos os produtos
em 3D e ferramentas para aplicar zoom, girá-lo 360 o , observá-lo de
todos os ângulos e medir todas as suas dimensões (profundidade, altu-
ra e largura), dentre outras coisas. Eles disponibilizam também o ‘Assis-
tente Virtual’, um chat online com um especialista em produtos Philips.
Wd:: Qual o grau de relevância do ícone ‘Ajuda online’ (um tira-
dúvidas em tempo real, onde o cliente conversa com um opera-
dor numa espécie de chat) no sucesso do site?
Beto :: Ao efetuar qualquer compra, o internauta pode fazer uso deste
canal direto da Americanas.com (chat online). Batizado de ‘Ajuda Online’,
o canal permite que o cliente esclareça qualquer tipo de dúvida com os fun-
cionários do site no exato momento em que efetua a compra. É mais uma
forma de atender ao internauta e deixá-lo completamente seguro em rela-
ção à escolha do produto, formas de pagamento, entrega e qualquer ou-
tra dúvida que ele possa apresentar em um momento crucial de sua visita
ao site: a compra. Caso prefira, o cliente também pode optar pelo atendi-
mento via telefone ou formulário.
Wd :: Os ícones ‘Shopping/Veja todas as lojas’ e ‘Revista’, a colu-
na à esquerda ‘Conheça todos os produtos da categoria que você
selecionou’ e os banners variáveis (de acordo com a categoria
de produtos que esteja na página) visam estimular o consumismo
ou facilitar a navegação do cliente?
Beto :: São recursos que facilitam a navegação e levam a uma maior
integração entre o internauta e o site, atuando como um facilitador de
compras e tirando as dúvidas do comprador em potencial.

35
varejo na web

Wal-Mart: a maior varejista, versão para web


Fundada por Samuel Moore Walton, em 1962, na cidade de Arkansas – Rogers, a Wal-Mart tornou-se a maior rede varejista do
mundo. Superar as expectativas do cliente através do conceito de “hospitalidade agressiva” e oferecer mercadorias de qua-
lidade a baixos preços (lucrando na quantidade vendida) fazem parte da filosofia da empresa, elaborada pelo próprio funda-
dor. Com o objetivo de conhecer seus consumidores a fundo, a Wal-Mart possui o segundo banco de dados do planeta, sendo
superado apenas pelos computadores do Pentágono. A integração com os fornecedores também é prioridade - os caixas têm
um sistema de aviso aos computadores de cada fornecedor, acionando as engrenagens de reposição, o que praticamente dis-
pensa estoques. Apesar de tantos investimentos em recursos tecnológicos, a rede varejista disponibiliza seu e-commerce
apenas nos EUA. A seguir, um panorama das vendas online da rede Wal-Mart.

Wd :: A Wal-Mart chegou ao Brasil em 1994, inaugurando online, visando conforto e segurança na hora das compras.
sua primeira loja em 1995, na cidade de São Caetano, em Wd :: Quanto ao atendimento, a Wal-Mart utiliza o CRM
São Paulo. Por que a Wal-Mart ainda não disponibilizou (Customer Relationship Management) para acompanhar
um site para compras online no Brasil? seus clientes? Como é medido o grau de satisfação dos
Embora o site Walmart.com, atualmente, esteja disponível somente mesmos? Existem estratégias de personalização
para os consumidores dos Estados Unidos, continuamos avaliando diferenciadas para clientes das lojas físicas e clientes da
oportunidades para expandir novos serviços internacionalmente à loja virtual?
medida que os negócios evoluem. A resposta dos consumidores tem sido extremamente positiva.
Wd :: Qual foi o principal objetivo do Wal-Mart, líder Mesmo porque estamos sempre agregando conveniência ao
mundial no comércio varejista, que atende a 138 milhões Walmart.com para integrar o e-commerce às lojas, por exemplo:
de consumidores por semana (fonte: - Foto: os clientes podem transmitir suas fotos digitais pela internet
www.varejista.com.br) e fatura US$ 260 bilhões por ano e retirar a revelação em uma das lojas de sua conveniência.
(fonte: www.jornaldaciencia.org.br), ao implantar seu - Pneus: o produto pode ser comprado via web e retirado na loja.
site de ecommerce? - Farmácia: suplementos e receitas para diabéticos estão entre os
Com o crescimento do e-commerce, o Walmart.com expandiu o itens que podem ser solicitados no site e retirados nas lojas.
mercado para as lojas locais nos Estados Unidos, aumentando os - Ópticos: lentes de contato também podem ser compradas via web
produtos comercializados e as categorias de serviços oferecidos. e retiradas nas lojas.
Nosso principal objetivo é agregar valor às compras dos clientes Wd :: “Em relação à rivalidade interna entre os
online, particularmente, quanto à informação, aos serviços e concorrentes da indústria, a internet traz várias
benefícios. O e-commerce Walmart.com continua em forte ameaças. Os concorrentes tendem a aumentar,
expansão. A expectativa de vendas até o final deste ano é de US$ especialmente se o produto for global. Além disso, a
122 bilhões. O site de compras do Wal-Mart vem crescendo com a diferenciação é mais difícil, já que copiar um site é mais
migração de clientes para a internet. fácil do que copiar uma instalação física” (fonte: ‘E-
Wd :: Aumento da margem de lucro e fixação da marca da commerce’, Série Marketing, Editora FGV). Como a Wal-
empresa – em qual dos dois quesitos o site de compras Mart individualiza sua marca na web e destaca-se dos
proporciona à Wal-Mart um retorno maior? demais concorrentes que trabalham com produtos
Não divulgamos esta informação. globais?
Wd :: Quais as formas de pagamento oferecidas e os Certamente, há muitos competidores globais e nacionais, mas
dispositivos de segurança aplicados? Como os clientes preferimos manter o foco nos nossos clientes. Quanto mais
online preferem comprar? ouvirmos a opinião de nossos clientes, mais continuaremos a crescer
A maioria prefere pagar com cartões de crédito (Visa, Mastercard, e a expandir o Walmart.com. Novamente, ressaltamos que nosso
Amex, Discover), além do cartão Wal-Mart, vale presente e cartões objetivo é agregar valor aos costumes dos nossos consumidores
de débito. Temos sólidos procedimentos e sistemas de pagamento online nos segmentos de informação, serviços e benefícios.

36
estudo de caso :: fiat
Fira t :
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ga
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A Fiat foi a primeira empresa do ramo automobilístico a implantar e-commerce, em 1999. Também foi a pioneira na
divulgação de preços em suas páginas virtuais. Todo esse pioneirismo foi um risco necessário para mapear uma
trajetória de sucesso. As vendas online serviram de ponte para encurtar o caminho até os consumidores, que
ganharam mais informação, maior comodidade e transparência de relacionamento.
Márcio Miranda e Ronaldo Gazel, respectivamente, diretor de negócios e diretor de criação da Bhtec, contaram à
Webdesign as ‘aventuras’ dessa viagem bem sucedida. Prontos para pegarem esta estrada com a gente?!

Wd :: Qual o maior diferencial da loja vir- tém êxito nessa empreitada porque, se por
tual da Fiat em relação à concorrência? um lado tem um back-end sólido, capaz de
Márcio Miranda :: O principal diferencial do suportar todo tipo de demanda, permitindo
aplicativo ‘Monte seu Carro’ é a confiabilidade. uma compra rápida, simples e segura, por
Sua interface amigável mantém uma com- outro, existe a comunicação publicitária fortemente voltada a pro-
patibilidade visual desde a primeira versão, mover o produto, tendendo sempre a aproveitar todo o espaço disponível
priorizando sempre a clareza da informa- com imagens que despertem desejo e emoção, ao invés de
ção. No site da Fiat, o internauta monta interfaces high-tech e, muitas vezes, não tão amigáveis. O site fiat
seu carro com menos etapas que nos sites não é apenas um portal de informações, mas
concorrentes, e a partir do carro montado, uma central de desejos.
ele pode armazenar, enviar para um amigo, Ao desenvolver o ‘Monte seu Carro’, obser-
ou comprar. A loja virtual da Fiat também vamos e registramos impressões sobre
possui um agente que interpreta os passos uma grande quantidade de sites internaci-
do internauta. Com alguns clicks este onais, que também vendiam carros online.
agente monta uma oferta personalizada e Baseados nessas impressões, criamos um
oferece ao usuário. filtro especial, que inova pela sua facilida-
Ronaldo Gazel :: A loja virtual da Fiat, de- de de uso. Através dele, o usuário pode fa-
nominada ‘Monte Seu Carro’, tem uma carac- zer diversas combinações entre preços,
terística, para nós, essencial: ela vende. Ob- motorização, categoria, número de portas.

37
estudo de caso :: fiat

Automaticamente, a lista dos carros Fiat que se enquadram


naquela pesquisa é mostrada. Ao se optar por um modelo, sur-
ge um segundo nível de filtro, personalizando ao máximo a es-
colha antes de se chegar à próxima etapa, na qual o usuário irá
configurar o restante das suas opções e calcular os preços, fi-
nalizando a compra ou ‘estacionando’ seu carro, isto é, sal-
vando suas configurações para uma futura visita.
O console de navegação, à esquerda do site, presente duran-
te todo o processo de configuração e compra, permite ainda
maior flexibilidade ao ‘Monte seu Carro’, permitindo a qualquer
instante verificar os itens de série, obter informações sobre as
formas de pagamento, ver um resumo da configuração monta-
da, dentre outras opções. Já o menu principal do ‘Monte seu
Carro´, permite que o usuário vá, a qualquer momento, a qual-
quer uma das seções de configuração, sem ter que seguir uma
ordem linear durante o processo.
Wd :: Durante a implantação do projeto do site, quais as
maiores dificuldades enfrentadas?
Márcio Miranda :: Pouco tempo para desenvolvimento e
produção. Implementamos o site atual em 45 dias. Também
tivemos restrição da tecnologia. Tínhamos que trabalhar
com os servidores disponíveis, nem sempre com os ambi-
entes que considerávamos ideais.
Ronaldo Gazel :: Tivemos que entrar em um esquema de
funcionamento 24 horas, através de uma escala de
revezamento dos funcionários, ou, provavelmente, tería-
mos atrasado a entrega do site, que foi lançado
impreterivelmente na data estipulada. Uma equipe de com-
petentes jornalistas e publicitários avaliava e revisava os
conteúdos pré-publicados, evitando que a pressa se trans-
formasse em erros.
Wd :: Da implantação do primeiro site Fiat, em 1995,
até a disponibilização do comércio online, em 1999, o
que foi testado e aperfeiçoado para que o e-commerce

Acima: home www.fiat.com.br entrasse no ar? E de 1999 para cá, que inovações/fer-
No centro: imagem do filtro inicial do ‘Monte seu Carro’.
ramentas foram implantadas?
Abaixo: tela aonde são escolhidos os opcionais.

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estudo de caso :: fiat
Márcio Miranda :: O primeiro carro vendido Ronaldo Gazel, diretor de criação
no Brasil foi o Fiat Brava. Para tomarmos a
decisão de sermos pioneiros na venda de car- Wd :: Como funciona a ferramenta ‘in-
ros pela internet, tentamos implementar uma tenção de compra’?
estrutura de retaguarda para atendimento e Ronaldo Gazel :: A ‘Intenção de Compra’,
processamento dos pedidos. Estrutura que como o próprio nome nos mostra, representa
precisou ser testada e aprimorada, porque, formalmente o desejo de compra do usuário,
uma vez comprado, o carro teria que ser pro- com todas as suas características. Através do
duzido ou estar disponível em estoque e, fi- sistema LEAD, o usuário pode receber, inclusi-
nalmente, ser enviado para a pessoa que o ve, uma proposta de qualquer concessionária
comprou, através de uma concessionária es- Fiat de sua preferência em, no máximo, 24 ho-
colhida. ras depois de ter sido solicitada através do
Ronaldo Gazel :: Cada nova versão do ‘Monte seu Carro’ do site Fiat (aproximando ain-
site Fiat foi marcada, sem falsa modéstia, da mais o usuário de um Fiat 0Km). Tudo isso,
pela inovação, considerando uma linha sem burocracia, sem tecnicismos exagerados,
evolutiva constante. A maior razão disso é apenas com opções simples e bem formatadas.
que o know-how adquirido no cotidiano de Wd :: Como a usabilidade foi adequada
um business tão complexo como a venda ao perfil do usuário? Foram feitas pes-
de automóveis pela internet nos tornou quisas, testes, ou partiu-se do princípio
capazes de criar produtos inovadores, de que o público-alvo,
sempre à frente da concorrência. Todos os avanços visu- por pertencer a uma
ais e tecnológicos levaram em consideração o histó- classe social mais ele-
rico vivenciado e, a cada versão, tentamos desenvol- vada, tinha familiarida-
ver um design que melhor expressasse a linguagem de com a internet?
publicitária do cliente, ao invés de interfaces muito Ronaldo Gazel :: A Fiat
‘marcantes’, que tirassem o foco do usuário Automóveis possui um de-
sobre o produto. Tudo isso paralelo à evolu- partamento de marketing dedicado a ‘dese-
ção do núcleo do business, isto é, a nhar’ constantemente o perfil mais próximo
tecnologia por detrás dos browsers, respon- do target na comunicação – e, por isso mes-
sável por efetivar o relacionamento e a com- mo, esse perfil nos é informado pelo próprio
pra. Um dos maiores exemplos disso é o pró- cliente ao iniciarmos o processo de desenvol-
prio ‘Monte seu Carro’, que desde a sua pio- vimento do site. Além disso, sim, foram feitas várias pesquisas exclusi-
neira aparição no mercado brasileiro, vem vamente contratadas para o site Fiat, que auxiliaram bastante na
evoluindo a olhos vistos, mostrando-se, atu- formação dessa imagem do usuário.
almente, como um dos mais amigáveis siste-
mas de configuração e compra de veículos
dentre os sites nacionais.

39
estudo de caso :: fiat

Antigamente, era muito fácil categorizar os Para que aproximássemos a interface do que
usuários em categorias de consumo, como chamaríamos de ‘ideal de usabilidade e inte-
‘Classe A’ , ‘AB’, ou ‘C’. Mas, como diria o mote resse’ perante o usuário, sem que deixásse-
de uma bem-sucedida campanha da própria mos de focalizar no produto, valemo-nos de
Fiat, ‘Está na hora de você mudar seus con- pesquisas de credibilidade (como as do IBOPE
ceitos’ – quero dizer, a categorização de e-ratings <http://www.ibope.com.br/
usuários é, hoje, muito mais abrangente, possu- eratings/ogrupo/empresa/eratings>) e de
indo exponencialmente mais elementos a serem reuniões com grupos de usuários, que, con-
considerados, como os emocionalmente relacio- duzidos por um mediador, relataram suas opi-
nados, pois a compra de um carro está intima- niões in-loco, devidamente registradas e sis-
mente ligada a sensações que vão do status à tematizadas num relatório. Essas pesquisas
paixão propriamente dita. Para atualizarmos avaliaram critérios diversos do universo que
nosso perfil de usuário, utilizamos o próprio cerca o site Fiat, identificando as opiniões do
site Fiat, realizando enquetes, pesquisas e usuário quanto às vantagens e desvantagens
outras ações, recebendo, assim, o feedback de sua interface, segundo critérios pessoais
necessário para tal. de usabilidade. As pesquisas também avalia-
Wd :: O que foi priorizado na elaboração ram os produtos das outras montadoras: o
do projeto: compatibilizar a interface com grupo de usuários, através de opinião espon-
o produto ou com o usuário? tânea, nos relatou o que mais lhe interessava
Ronaldo Gazel :: Havia duas frentes bem de- ou desagradava dentro das interfaces con-
finidas: era necessário que o site pudesse correntes.
promover o produto, servindo como um ‘pal- Infelizmente, não existe uma pesquisa
co virtual’, no qual a grande atração fosse o definitiva, que nos aponte a direção infalí-
carro – e que se esforçasse por vendê-lo da vel do sucesso. No caso do site Fiat, algu-
maneira mais prática e fácil possível; ao mas pesquisas apresentaram conclusões
mesmo tempo, precisava ser vibrante, hu- contraditórias entre si, mas nos colocaram
mano, colorido, semioticamente correto, diante de valiosas informações, que soma-
capaz de reacender o interesse do usuário a das às vivências oriundas dos relaciona-
cada novo acesso.

Seção Marea com Agente Inteligente ativo. Teaser da campanha ´Eu quero o meu´.

40
estudo de caso :: fiat
‘agentes inteligentes’ :
mentos pregressos do site Fiat com seus simplicidade, contemporaneidade e
Informações sob demanda que surgem
usuários, propiciaram a definição das dire- originalidade, experimentando o êxito
em scroll vertical sob a interface e,
trizes que permearam na prática (e na for- de uma existência intimamente relacio- depois de algum tempo, desaparecem,

ma!) a criação da interface. São elas: utili- nada ao produto, cujas características, fazendo o movimento em sentido
contrário.
zação de imagens ambientadas, sempre que também reafirmadas pelas outras
possível; uso de imagens grandes, nítidas, mídias (TV, rádio, revista etc.) são totalmente
mesmo que isso representasse um adicional aproveitados pela interface, ou seja,
em KBytes; eliminação da barra de rolagem repotencializamos a comunicação do cliente. E
geral (padrão do browser) em prol de bar- viva o design italiano!
ras de rolagem localizadas sob demanda da Wd :: As modificações no site são reali-
própria navegação, de maneira a não ocul- zadas com que freqüência e segundo
tar, em nenhum momento, qualquer tipo de que critérios?
informação, mesmo sob resolução de Ronaldo Gazel :: Apesar do pouco tempo disponível, surpreende-me o fato
800x600; uso intensivo de elementos visuais de até hoje nunca ter havido uma modificação estrutural significativa
animados, como os ‘agentes inteligentes’; dentro do site Fiat. Isso mostra que o projeto original era capaz de
utilização de elementos humanos escolhidos prever uma grande quantidade de situações, todas elas bem resolvi-
especificamente para se reforçar o perfil das pela interface. Sua home, por exemplo,
delimitado para cada categoria de consumi- foi capaz de apresentar campanhas que segui-
dor, dentre outras. ram à risca a comunicação publicitária da Fiat
Wd :: O design italiano é um dos mais Automóveis, através de animações interessan-
valorizados e respeitados do mundo, o tes e surpreendentes, como as das campanhas
que se reflete nos modelos de automó- ‘Eu quero o meu’ e ‘Moviecard’. Também na
veis Fiat. Até que ponto manter o nível home, devemos ressaltar importância do ‘Con-
em termos de design influiu na projeção sole Multimídia’, espécie de monitor com ‘canais’,
do site? cada um deles contendo informações rápidas e
Ronaldo Gazel :: Os carros da Fiat, na importantes, sem perder o primordial: desta-
minha opinião, vêm evoluindo seu design a que para o produto, característica mais impor-
cada lançamento. Por isso mesmo, é grati- tante do site Fiat.
ficante perceber que a interface do site A seção Fiat News, responsável pelas notíci-
Fiat consegue se manter atual em relação as relacionadas com o universo Fiat, é atuali-
a seus produtos, cumprindo seu papel com zada com uma freqüência regular desde o seu
eficiência, que é o de promover a venda, lançamento. Sua atualização é realizada
aproximar seus usuários do produto e, através de um sistema em PHP desenvolvido
conseqüentemente, da marca. Confesso pela equipe de tenologia da Bhtec, permitindo
uma grande satisfação ao constatar que o a entrada e atualização dos dados pelo jor-
site Fiat continua distante do ´hype´ de al- nalista a qualquer instante, sem que este ne-
guns clichês estéticos web, mantendo sua cessite de pré-requisitos em programação ou

41
41
estudo de caso :: fiat

design. Newsletters e boletins são enviados Márcio Miranda, diretor de negócios


periodicamente aos usuários.
O site fiat ainda possui dois recursos que são Wd :: A que você atribui o fato de os sites
automaticamente ativados ao ser detectada de automóveis serem os líderes em ven-
resolução de vídeo superior a 800x600 das pela internet?
pixels: os consoles laterais. Eles aproveitam Márcio Miranda :: O meio é a mensagem.
as vantagens da resolução maior e apresen- Neste caso, a internet, presente nas casas das
tam uma gama extensa de informações, em pessoas, e o fato de o brasileiro ser um apaixo-
formato console, fácil de se navegar e com- nado por carro, mais a capacidade de explorar
preender. O console da direita, denominado os modelos em um ambiente neutro (sem a pres-
‘Ofertas Fiat’, apresenta ofertas pré- são de um vendedor), podendo configurar o
selecionadas ou de alguma promoção vigen- carro e simular as condições de pagamento –
te. O console da base possui chamadas para tudo isso atribui liderança em vendas de auto-
o Fiat News, atalhos iconográficos para se- móveis pela internet. Por outro lado, as vanta-
ções internas do site e outras informações. gens oferecidas pelas montadoras são atrati-

Mais opções de navegação para os usuário de alta resolução

Os consoles lateral e inferior do Site Fiat são exibidos, consecutivamente, à lateral


direita e abaixo da base do site – desde que o usuário utilize resoluções de vídeo
superiores a 800x600. Essa, para mim, foi uma solução que ofereceu aproveitamento
de espaço e, ao mesmo tempo, controle e personalização dos elementos visuais,
normalmente, ‘pasteurizados’ nas interfaces consideradas ‘líquidas’. Em termos
práticos, tratando-se de um produto que precisa manter a unidade de sua comunicação
a todo instante, criamos um produto altamente compatível, considerando os usuários
800x600 e também os de resolução superior, sem detrimento do design. Além disso,
são retráteis: o usuário pode abri-los ou fechá-los a qualquer instante.
O console lateral substitui um antigo pop-up, existente na versão 2001 do site Fiat,
apresentando ofertas mais interessantes da promoção em vigor; mas também é
utilizado, em algumas ocasiões, para divulgação de outros sites, promoções e produtos
Fiat. Já o console inferior apresenta um ‘plus’ de navegação, com atalhos
iconográficos para seções do site, destaques publicitários específicos e outras
informações que se fizerem necessárias.

42
estudo de caso :: fiat
vas, já que o custo de venda para elas é menor. nível para entrada e o número de prestações.
As concessionárias não precisam de espaço físi- O sistema calcula e exibe de forma clara um
co nem de funcionários, permanecem abertas plano de pagamento, que pode ser alterado
24 horas por dia e aceitam milhares de pessoas quantas vezes for necessário, para se ade-
simultaneamente, atendendo a cada um de quar à realidade de cada internauta.
forma personalizada. Enfim, a união de todos Wd :: Os carros da Fiat sempre tiveram um
estes fatores alavancou a venda de carros grande público feminino. As consumidoras
pela internet no Brasil. se mostraram receptivas às compras vir-
Wd :: Até que ponto o pioneirismo da Fiat tuais? No site, há alguma ferramenta per-
em vendas via web e na divulgação de suasiva direcionada a este público?
preços pela rede, facilitou ou abriu ca- Márcio Miranda :: O agente inteligente
minho para a concorrência? interpreta os itens marcados no ‘Monte
Márcio Miranda :: Antes de 1997, ou na épo- seu Carro’ e procura um modelo em ofer-
ca do primeiro site Fiat desenvolvido pela ta com aquele perfil. Se o perfil for femi-
Bhtec, existia uma hipocrisia de não divulgar nino, o agente mostra uma possibilidade
o preço do carro na internet. A decisão da personalizada.
Fiat de divulgar o preço para o público, além Wd :: Pode-se mensurar o retorno dos
de possibilitar um aplicativo aonde o próprio sub-links ‘Indique um amigo’ e ‘Envie
usuário pudesse montar seu carro, abriu ca- para um amigo’?
minho para que as outras montadoras de- Márcio Miranda :: Sim. Cada ação execu-
senvolvessem programas similares, inclusi- tada no site é monitorada.
ve, utilizando o mesmo jargão criado pela Wd :: A implantação da loja virtual
Bhtec, o ‘Monte seu Carro’. A Bhtec desen- incrementou as vendas nas lojas físicas?
volve o site Fiat há oito anos. Agora, completa- Quais os maiores benefícios proporciona-
mos o ciclo de um produto vitorioso. dos pelo e-commerce da Fiat?
Wd :: O retorno proporcionado pela ferra- Márcio Miranda :: Através da venda pela
menta “intenção de compra” superou as internet, as montadoras conseguiram ven-
expectativas? O êxito pode ser creditado der um carro mais barato. A padronização
em grande parte à possibilidade de o cli- do frete para todo o Brasil trouxe uma pe-
ente incluir em seu orçamento a despesa culiaridade: os Estados do Norte têm um ín-
com a aquisição do automóvel, já que é dice de compra muito alto, pois o frete tor-
possível simular valores de prestações? na-se muito vantajoso nas compras pela
Márcio Miranda :: A entrada do Banco Fiatinternet.
como par-Em 2003, o portal da Fiat,
ceiro do site trouxe uma ferramenta importante e com as suas concessio-
juntamente
alavancou as vendas. As pessoas não nárias, vendeu mais de 60.000 carros
precisam entender de matemática financeira, pela web. Fato que comprova a im-
basta montar o carro, escolher o valor dispo- portância da internet na estratégia
de marketing da Fiat.

43
web sound design

A simplicidade na hora de elaborar um


projeto online é defendida por muitos estudio-
sos em usabilidade, entretanto muitos recursos
que unem áudio e imagem na internet trazem

somque
o
ótimos resultados para muitos sites. Mas, aten-
ção: a utilização pouco criteriosa dessa delica-
da comunhão, seja pela questão dos direitos

vemda

web
autorais ou pela falta de bom senso no seu
uso, poderá fazer de seu site um verdadeiro
circo eletrônico.
Quem nunca passou pela desagradá-
vel situação de estar no ambiente de tra-
balho navegando pela web e, quando me-
nos espera, deparar-se com aquelas pági-
nas com musiquinhas MIDIs? Quando per-
por André Philippe cebemos, já somos o centro das atenções
e, então, é tarde demais para esconder do
seu chefe que você adora ler poesia ou o
seu horóscopo em horário impróprio. Bem,
passado o susto e a vergonha, o melhor a
fazer é abaixar o som, estufar o peito e di-
zer que estava fazendo um sério estudo
sobre Web Sound Design.
Contudo, a ira estampada na expres-
são do seu superior exigirá, pelo menos,
uma explicação sobre de onde você extraiu
tal pérola. A discussão acerca dessa termi-
nologia, certamente, não terá uma defini-
ção específica, já que alguns profissionais
da área descrevem a função de sound
design como a de quem somente produz
efeitos sonoros para um determinado pro-
jeto. Mas a realidade é que muitas produ-
toras de áudio e artistas em geral vêem na
internet um novo nicho de mercado, po-
dendo até mesmo denominar como web
sound designer o profissional que compõe
trilhas online.

44
web sound design
Dos palcos para a internet
Assim foi para o cantor e compositor
Ritchie, que embalou os anos 80 com su-
cessos como “Menina Veneno” e “A Vida
Tem Dessas Coisas”. A convite do
renomado produtor musical Thomas Dolby,
Ritchie produziu a sonorização da página
de downloads de áudio e vídeo da Yahoo!
Digital. Apesar de ser autor de hits consa-
grados, o caminho trilhado na web não foi
o de criação de música, mas, sim, o da téc-
nica de criar sons interativos. “No final dos
anos 90 eu me especializei em sonorizar
páginas com MIDI, e depois, com o
Beatnik, uma ferramenta de sonorização
interativa desenvolvida pela equipe de
Thomas Dolby”, explica o artista.
Outro trabalho de sonorização do mú- lhas originais, retratando cada década da
sico inglês foi a Vitrola Virtual de Lulu San- História do Brasil. Segundo Suzana
tos, eleito no IBest como um dos melhores Apelbaum, diretora de criação, o uso de
sites de 1997 na categoria Arte & Cultura. música, imagem e locução em iniciativas
“A idéia era criar um ambiente onde o usuá- como o “Experiência 404”, projeto experi- www.agenciaclick.com.br/404

rio pudesse aprender a tocar as músicas mental comemorativo dos 12 anos da pro-
mais conhecidas do artista na guitarra ou dutora, foi de vital importância para criar o
no violão. A interatividade era muito limita- clima que essa peça exigia. “Neste traba-
da, mas fez bastante sucesso entre os fãs”, lho, o som era absolutamente fundamen-
relembra. Para a Usina do Som, Ritchie pro- tal, a ponto de ser um requisito básico
duziu, em 2000, o projeto UsinaCifras, que para a navegação. Foram utilizadas mais de
foi uma versão mais sofisticada da idéia da dez trilhas, nove atores (que fizeram as locu-
Vitrola Virtual. ções), uma cantora e sons de ambientação”,
afirma Suzana. Segundo a diretora de cria-
Quando o som faz a diferença ção, outro projeto que envolveu uma produ-
Com relação à elaboração de sites e ção sonora foi o MSN Mulher : “Esse banner awards.agenciaclick.com.br/
tpm/pt/
campanhas online, muitas produtoras foi bronze em Cannes, em 2003, e acabou
web estão se rendendo a trabalhos com virando um daqueles links que o público di-
música. É o caso da Agência Click, que vulga espontaneamente por e-mail”.
desenvolveu para a Petrobras um hotsite Para que a trilha musical tenha o resulta- www.petrobras.com.br

comemorativo dos seus 50 anos, com tri- do esperado na internet, é necessário um de-

45
web sound design

nham trilhas sonoras colhem bons frutos: “Às


vezes, com um pouco de investimento em
áudio, a qualidade do trabalho cresce muitís-
simo e traz resultados melhores”. Entretanto,
segundo ela, a maioria dos clientes ainda vê a
sonorização de sites e de campanhas online
como um item dispensável ou de luxo.
Ela ainda explica que o som é um to-
que a mais, porém o seu uso é, muitas ve-
talhado estudo do projeto com o designer e o zes, estratégico. “Temos sempre que estar
compositor. Desta forma, as chances do “ca- atentos ao custo-benefício dessa utilização.
samento” entre os dois acontecer de forma Por exemplo: se a peça for prioritariamente
coesa são maiores. “Da mesma maneira que de serviço e precisar ficar num peso leve,
brifamos um diretor de arte sobre o estilo do descartamos o uso de trilha, ou então, nos li-
design e a impressão que ele deve causar, mitamos ao uso de efeitos sonoros só para
“Às vezes, com brifamos o produtor de áudio, indicando a ele pontuar melhor alguns links do site”, conclui.
qual o clima que a trilha deve passar, o estilo,
um pouco de
o ritmo, a emoção. Como parte do processo, Os cuidados com a lei
investimento em solicitamos ao produtor de áudio que nos Entretanto, nem todos os que fazem site
traga referências de músicas já existentes ou que trabalham diretamente com web são
áudio, a qualidade
que sigam, de diferentes formas, o tipo de músicos. O fato de alguém querer colocar
do trabalho cresce som que estamos procurando. Isto porque uma trilha que não seja de autoria própria
um mesmo briefing pode resultar em dife- para incrementar sua página requer alguns
muitíssimo e traz
rentes interpretações; então, para garantir cuidados. Um deles, e talvez o mais importan-
resultados uma produção mais ‘em cima da mosca’, te, diz respeito aos direitos autorais.
utilizamos esse recurso das referências. Para a advogada Marianna Furtado,
melhores”
Com uma delas escolhida, o produtor já especialista em direito da propriedade inte-
Suzana Appelbaum tem uma noção mais clara de qual caminho lectual, a utilização de uma música depende
seguir na criação da trilha desejada”, expli- de prévia e expressa autorização do autor
ca Suzana. ou da gravadora. Ela lembra que existem
A carreira de web sound designer é, dois tipos de utilização de uma obra musical.
para muitos músicos que não estão interes- Uma delas é quando essa prática se faz
sados nas já conhecidas oportunidades do dentro do âmbito do computador pessoal.
ramo musical, uma ótima opção para se traba- Tal ato se inclui na categoria de uso privado,
lhar com produção de áudio voltada para a sendo, portanto, em princípio, lícita. Cabe,
web. Contudo, o mercado de internet ainda porém, a ressalva de que ao usuário não é
não criou tradição para esse tipo de produ- permitida a sua reprodução integral, seja
to. Para Suzana, projetos na web que conte- para armazenamento em seu computador,

46
web sound design
seja para transferência a terceiros, já ou incidental. Entretanto, Marianna alerta
que, dessa forma, tal prática não está de que não há nenhum dispositivo na nossa lei
acordo com o disposto no inciso II do artigo 46 que autorize expressamente esse tipo de
da Lei de Direitos Autorais. utilização.
Por outro lado, quando o assunto é a Já o Escritório Central de Arreca- www.ecad.org.br
disponibilização de uma obra na rede, a situ- dação de Direitos (ECAD) defende, in-
ação é completamente diferente, uma vez dependentemente do tempo de utilização
que configura a sua disposição ao público. da música, o recolhimento dos direitos au-
Este tipo de prática é reservada somente torais.
para o titular do direito autoral.  Mas os cuidados não param por aí.
Segundo a advogada, há uma suges- Quem pensa que somente alterando parte
tão da Associação Brasileira dos Pro- de uma obra musical o desviará das pena-
www.abpd.org.br
dutores de Discos (ABPD) que autoriza- lidades legais está enganado. Marianna
ria a livre utilização de trechos de até 30 ressalta que, neste caso, é preciso escla-
segundos de uma música. Para isso, a enti- recer que a sua modificação com efeitos
dade se apóia no parágrafo primeiro do ar- nada mais é do que produzir uma obra de-
tigo 30 da Lei de Direitos Autorais, que es- rivada da original. Sendo assim, caso não
tabelece permissão para reprodução tem- siga as regulamentações, o uso sem a au-
porária de uma obra, cujo propósito seja torização do autor da obra originária, mes-
torná-la apenas perceptível em meio eletrô- mo que modificada, constitui violação ao di-
nico ou quando guarde natureza transitória reito autoral.
No caso da utilização de uma
música modificada com efeitos,
para que não seja caracterizada
violação dos direitos autorais, é
necessário obedecer aos
seguintes requisitos:
(a) obter a devida autorização
do autor da obra originária;
(b) não causar danos à obra
originária;
(c) inserir elementos criativos
em relação à obra originária.

47
web sound design

“Se o pressuposto é envolver o cliente numa determinada

emoção, geralmente recomendamos a trilha” Suzana Appelbaum

O caminho das pedras Como na música o silêncio é tão importan-


Sendo assim, para os que não desejam te quanto a melodia, na criação de um site, às
ter problemas com a lei, uma boa opção para vezes, menos é mais. Porém, a utilização
criar suas próprias músicas de fundo é o criteriosa de som com imagem na internet pode
Fruity Loops. Este software utiliza amostras gerar um elemento extra: “Se o pressuposto é
www.fruityloops.org.br
de sons, como os de percussão ou até mesmo envolver o cliente numa determinada emoção,
pianos e cordas, e trabalha com eles de for- geralmente recomendamos a trilha. Até porque
Para quem está interessado em
inserir efeitos sonoros ou loops ma a criar seqüências musicais. Com isso, temos a possibilidade de dar ao usuário a opção
em seu site, aqui vão dicas de pode-se construir loops com hipóteses e com- de ver o site com ou sem música. De modo geral,
alguns endereços para
binações infinitas. a sonorização sempre dá um charme especial,
download. Mas não se esqueça
de escolher um som que No entanto, é válido lembrar que alguns dá mais vida à peça”, conclui Suzana.
contextualize com o projeto que problemas como o fato de seus visitantes não É claro que como em toda expressão
estiver desenvolvendo.
gostarem do seu estilo musical, por exemplo, artística, seja em qualquer vertente, o
www.musicloops.com
www.analoguesamples.com podem comprometer seriamente a imagem do senso estético e o sentimento que move
www.echovibes.com seu site. O uso com moderação da música de o artista podem, muitas vezes, serem li-
www.looperman.com
fundo é importante, pois o usuário que estiver mitados pelo meio na qual a sua arte
www.samplearena.com
www.soundbank.hu na sua página poderá estar ouvindo um CD no está inserida. E na web não é diferente.
ultimatesoundarchive.com computador ou uma rádio na internet. Isso Não que certas regras vão castrar, de
www.sounddogs.com
atrapalha significativamente a sua qualidade de uma forma ou de outra, a divina
acesso, já que produzirá uma confusão sonora. inspiração,mas o trabalho que envolve
música em sites requer viabilidade. E
quando nos referimos a isso, não é so-
mente pelo viés tecnológico, é também
por todo um contexto lúdico que envolve
um projeto para internet. Num trabalho
que exige criação, o bom senso é ele-
mento essencial para o sucesso de uma
iniciativa. E, no caso da união música e
imagem, a sua boa utilização é de vital
importância na hora de seduzir o seu pú-
blico. Dessa forma, quem sabe, a ira do
seu chefe diminuirá ao ver e ouvir que
você sabe diferenciar os sites que real-
mente priorizam o bom gosto dos pica-
deiros sonoros.

48
tutorial 1
Vídeo digital
Vivendo e aprendendo: parte 2
por Alex Falcão

Nesta matéria, iremos aprender o recur-


so automate line, que consiste, basicamente,
em você demarcar cada batida da música.
Feito isso, adicionareamos os vídeos em cada
batida.
Primeiramente, crie um novo projeto.
E escolha Multimedia Quick Time. Poderí-
amos escolher outro tipo, mas após alguns
testes,constatei que o arquivo final ficou
muito pesado.

Para colocar todos estes vídeos no


Storyboard, selecione todos os vídeos e ar-
raste para a janela Storyboard.

Agora, vamos importar os vídeos e o


som, clicando no menu File / Import / File.

Você pode escolher seus vídeos à vonta-


de. Eu, por exemplo, optei por vídeos de espor-
tes. Em seguida, vamos abrir a pasta de
áudio e repetir o procedimento.
Depois que importamos tudo, veja como
ficou nossa janela de projetos:

49
tutorial 1

Obs.: Se não usarmos o storyboard,é duas e começa a complicar, porque tenho que
possível fazer a edição da mesma forma, po- acompanhar nas duas batidas a seqüência.
rém levará muito mais tempo, porque tere- Vejam a Timeline com ZOOM para que vocês
mos de adicionar vídeo por vídeo em cada possam verificar as duas batidas da música:
ponto demarcado da música.
Os vídeos terão que estar desta forma
no storyboard:

Repare que, no início, há somente uma


demarcação na timeline; depois, passa a ter
duas de cada. Isso porque na música tem um
seqüência de duas batidas. Daí a necessidade
de escutá-la várias vezes.
Após tudo demarcado, vamos inserir os
vídeos automaticamente em cada demarcação
na timeline através do storyboard.
Vamos inserir nossa música na timeline.
Na janela Project, clique e arraste para a
timeline em áudio1.

É chegada a parte mais difícil. Você terá


que demarcar a música em cada batida. O Clique com o botão direito sobre uma imagem
som que tenho aqui é um rock . A cada batida, e acione: ‘Automate to Timeline’. Defina como a
eu demarco no Premiere. Para demarcar, imagem abaixo:
você tem que pressionar a tecla * em seu te-
clado. Use o do teclado alfanumérico do lado
direito do teclado.
Você só irá perceber a demarcação
quando a música acabar. Não é difícil, mas,
dependendo da música, você tem que escutar
várias vezes antes de começar a demarcá-la.
Para rodar a música no Premiere, pressione
barra de espaço.

No começo, a música tem apenas uma


batida de cada vez; depois, ela passa a ter

50
Obs.: Não esqueça de marcar ‘Ignore Áudio’, pois o seu vídeo pode conter
áudio.
‘Placement: At Unnumbered Markers’ é para que os vídeos fiquem exata-
mente em cada demarcação que você definiu na música.
‘Insert At: Beginning é para que os vídeos comecem do início da timeline.
Como neste exemplo não tenho um número exato de vídeos correspondente
ao número de demarcação da música, precisarei adicionar novamente os vídeos
através do ‘Automate to Timeline’.
Obs.: Você apenas irá mudar o ‘Insert’ para ‘Edit Line’.
O ‘Edit Line’ é para que continue a inserir os vídeos de onde parou.

Eu tive de fazer o ‘Automate to Timeline’ mais duas vezes para que coin-
cidisse até o final da demarcação.

Agora, você já pode testar sua edição. Pressione a tecla barra de


espaço.
Se quiser exportar para ‘Quick Time’ para expor seu trabalho na web,
acione o Menu ‘File / Export / Advanced RealMedia Export’.
Na próxima janela, coloque alguns dados, clique em browser para se-
lecionar a pasta onde será salvo o seu projeto e clique em OK.
Aguarde alguns minutos. Dependendo do computador, pode demorar
um pouco para renderizar seu vídeo. No meu, por exemplo, levou 35 se-
gundos.

51
tutorial 2

SQL injection
– saiba como evitar
por Henrique Macedo

Existe injeção mais dolorida que a de SQL? Se seu site estiver co de dados. Entretanto, se após o apóstrofo que inserimos
vulnerável a este ataque tão difundido hoje em dia, a resposta pode colocássemos um ponto-e-vírgula (separando 2 declarações
ser não. A injeção de SQL é um ataque simples de executar e de evi- de SQL), depois um comando válido, depois dois traços (co-
tar, entretanto, há muita falta de informação por parte dos mentando, assim, o restante da linha) e enviássemos tudo, a
desenvolvedores com relação a este assunto, e é grande a quanti- reação do SQL seria outra:
SELECT nome, idade FROM alunos WHERE nome =
dade de aplicações publicadas na web abertas a este tipo de ‘exploit’.
‘Anto’; CREATE TABLE teste_injecao (campo TEXT) —
Para este artigo, falaremos sobre a injeção aplicada à pla- nio’
taforma mais comum exposta a este ataque, que é a combinação Considerando que o usuário que execute a query tenha
de IIS, ASP e SQL Server. Vamos assumir para o resto do texto poderes para isso, e é comum que usuários de aplicações web
que o leitor esteja familiarizado com esta plataforma e as lingua- os tenham, a query acima teria criado uma tabela chamada
gens SQL e ASP, mas os exemplos podem facilmente ser transpor- teste_injecao na base.
tados para outras plataformas, como Apache, PHP e MySql. Vamos pensar agora em um formulário de login em ASP,
O ataque é realizado através da passagem de determina- onde tenho os campos ‘usuario’ e ‘senha’. Digamos que eu te-
dos caracteres especiais juntamente com comandos SQL atra- nha digitado nestes campos os valores Zezinho e s3nh4. Uma
vés de campos de formulários ou de parâmetros passados maneira comum de testar se o usuário digitou corretamente
pela URL do cliente para o servidor. usuário e senha seria utilizar o seguinte código na página
Vamos começar observando a seguinte query simples de ‘target’ do formulário:
SQL: <%
SELECT nome, idade FROM alunos WHERE nome = sUsuario = Replace(Request.Form(“usuario”),”’”,””)
‘Antonio’ sSenha = Replace(Request.Form(“senha”),”’”,””)
boolUsuarioAutorizado = False
Esta query retorna as linhas da tabela alunos, onde o
If sUsuario <> “” And sSenha <> “” Then
nome for igual a ‘Antonio’. Agora, imagine se fosse inserido um Set objCon =
apóstrofo no meio do nome do Antonio: Server.CreateObject(“ADODB.Connection”)
SELECT nome, idade FROM alunos WHERE nome = objCon.Open Application(“string_conexao”)
‘Anto’nio’ Set objRs = Server.CreateObject(“ADODB.RecordSet”)
sQuery = “SELECT * FROM usuarios WHERE nome = ‘“
& sUsuario & “’ AND senha = ‘“ & sSenha & “’”
Server: Msg 170, Level 15, State 1, Line 1
objRs.Open sQuery, objCon
Line 1: Incorrect syntax near ‘nio’.
If Not objRs.Eof Then
O SQL Server, ao tentar executar a query, retorna um boolUsuarioAutorizado = True
erro de sintaxe, pois o apóstrofo extra ‘quebra’ a query e dei- End If
objCon.Close
xa uma parte da string ‘órf㒠(onio’) e sem sentido para o ban-

52
tutorial 2
Set objCon = Nothing
redirecionado para a página interna, ao invés de voltar para a
End If
If boolUsuarioAutorizado = True Then
tela de login. Apesar de não ser uma boa idéia autenticar usu-
Response.Redirect ários da forma como foi feito acima, é comum que isso aconte-
Application(“pagina_info_confidencial”)
ça, e o perigo é evidente.
Else
Response.Redirect Application(“pagina_login”)
Isto é apenas a ponta do iceberg. Se o agressor souber
End If mais detalhes sobre as tabelas da base, o estrago pode ser
%>
maior ainda. Isso é fácil de obter explorando determinados er-
Agora, imagine se um usuário mal-intencionado desco- ros apresentados pelo SQL que revelam nomes de colunas e
brisse que sua aplicação está vulnerável a ataques de injeção de tabelas. Por exemplo, se digitarmos:
e resolvesse digitar o seguinte: Usuário: Zezinho
Usuário: Zezinho Senha: qualquer’ HAVING 1=1—
Senha: qualquer’ OR 1=1—
obteremos a mensagem:
A query que o script mandaria pro SQL seria: Server: Msg 8118, Level 16, State 1, Line 1
SELECT * FROM usuarios WHERE nome = ‘Zezinho’ AND Column ‘usuarios.nome’ is invalid in the select list because
senha = ‘qualquer’ OR 1=1—‘ it is not contained in an aggregate function and there is no
GROUP BY clause.
Esta query selecionaria todos os registros da tabela
usuarios, já que 1=1 é sempre verdadeiro. Assim, da forma Neste momento, o agressor descobriu que a tabela se

que a aplicação foi escrita, esse usuário seria autenticado e chama usuarios e que a primeira coluna se chama nome. Se ele

53
tutorial 2

<%
colocar agora um GROUP BY usuarios.nome antes do HAVING
‘ FUNCAO QUE VALIDA O TEXTO CONTRA OS
no campo, a mensagem mudará e mostrará o nome do próximo CONSIDERADOS INVALIDOS
campo. Numa tabela mais complexa, poderia haver o problema Function Validacao(s)
‘ PRIMEIRO TESTA SE TENTOU DIGITAR
de saber os tipos das colunas, mas os tipos de dados podem ser
COMANDOS OU OUTROS ELEMENTOS SUSPEITOS
descobertos através de mensagens de erro também. Não en- DE SQL
traremos neste nível de detalhe aqui. sStringsRecusados = array(“ insert”, “ update”, “ delete”,
“ drop”, “insert “, “update “, “delete “, “drop “, “—”, “‘“,
Afinal, como se proteger? É possível se proteger de
“”””, “@@”)
100% dos ataques utilizando stored procedures para manipular Validacao = True
o banco de dados, contanto que seja através de objetos For i = LBound(sStringsRecusados) To
UBound(sStringsRecusados)
que encapsulam parâmetros. A ênfase neste ponto é fei-
If (InStr(1, LCase(s), sStringsRecusados(i),
ta porque de nada adianta usar uma stored procedure se a vbTextCompare) <> 0) Then
chamada é feita através da montagem de uma query do mesmo Validacao = False
Exit Function
jeito que foi feito acima para queries simples. Utilizando um
End If
objeto como o Command do ADO, os valores vindos de formulá- Next
rios ou da URL são passados como parâmetros, e a própria ‘ DEPOIS CONFIRMA POSITIVAMENTE SE TODOS
OS CARACTERES DA ENTRADA SAO VALIDOS
implementação evita que a injeção funcione. Esta é, com cer-
sStringCharValidos =
teza, a melhor forma de se proteger, mas nem sempre viável “abcdefghijklmnopqrstuvwxyzABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUV
em grandes aplicações já em funcionamento. WX Y Z 0123456789Á À Ã Â Ä Ç É È Ê Ë Í Ì Ï Ó Ò Ô Õ Ö Ú Ù Ü Ñ áàãâä
çéèêëíìïóòôõöúùüñ-_@/\&!?.%*()[]{}:,=#+$°ªº “ &
Outra forma de evitar a injeção é a validação da entrada,
vbCrLf
recusando determinados caracteres essenciais para o ataque, For i = 1 To len(s)
como apóstrofos, ponto-e-vírgula e dois traços. Note que isto Caractere = mid(s, i, 1)
If (InStr(sStringCharValidos, Caractere) = 0) Then
é diferente de tratar a entrada, dobrando os apóstrofos para
Validacao = False
que sejam interpretados como strings, por exemplo. Estas Exit Function
abordagens de tratar os dados podem ser exploradas pelo End If
Next
agressor também. Suponha que temos uma função que remove
End Function
apóstrofos (ou os duplica) para evitar injeção e que em algum
ponto do código montamos a seguinte query para deletar um ‘ FUNCAO PARA CHAMAR NO INICIO DE TODAS AS
PAGINAS ASP, ANTES DE QUALQUER OUTRA COISA
pedido com base em um código numérico:
Function ValidaEntrada()
“DELETE FROM pedidos WHERE id = “ &
‘ PRIMEIRO TESTA TODO E QUALQUER CAMPO DE
Request.Form(“id”)
FORMULARIO QUE TENHA SIDO PASSADO
O agressor poderia colocar 0 OR 1=1 no campo “id” da For Each campo In Request.Form
aplicação e a função de tratamento de nada adiantaria para If Not Validacao(Request.Form(campo)) Then
Response.Write “Caracteres inválidos no campo “ &
evitar que fossem excluídos todos os registros. Portanto, é
campo & “!”
mais interessante ter uma função que simplesmente recuse os Response.End
caracteres inválidos, retornando uma mensagem. Uma possibi- End If
Next
lidade seria criar as funções abaixo em um arquivo à parte e,
‘ DEPOIS TESTA TODO E QUALQUER PARAMETRO
posteriormente, fazer o ‘include’ do arquivo e a chamada da PASSADO PELA URL
segunda função no início de toda e qualquer página ASP da For Each parametro In Request.QueryString
If Not Validacao(Request.QueryString(parametro))
aplicação:

54
tutorial 2
Then
Response.Write “Caracteres inválidos no parâmetro “
& parametro & “!”
Response.End
End If
Next
End Function
%>

Utilizando estas funções em todas as suas páginas,


independentemente de receberem, ou não, valores, você Referências:

garante agora, e no futuro, que sua aplicação esteja [1] Advanced SQL Injection In SQL Server Applications - Angley,
C. - Next Generation Security Software Ltd. - 2002
protegida dos ataques mais comuns expostos acima.
http://www.nextgenss.com/papers/advanced_sql_injection.pdf
Com alguma sorte, estes exemplos auxiliarão o leitor a [2] SQL Injection - Are Your Web Applications Vulnerable? - SPI

proteger seus scripts contra essa praga da injeção. Lembre-se Dynamics, Inc. - 2002
http://www.spidynamics.com/papers/
sempre de que hackers e aproveitadores estão de olho,
SQLInjectionWhitePaper.pdf
mantenha-se do lado da segurança, e boa programação!

55
estratégia online

Marcello Póvoa
Criou a MPP Solutions, empresa de consultoria estratégica, criação e desenvolvimento
em mídia interativa. Foi Diretor da Globo.com e da IconMediaLab (Nova Iorque) com
inúmeros projetos premiados internacionalmente. Possui Masters of Science in
Communications Design pelo Pratt Institute (NY) e MBA em Administração pela
Coppead, UFRJ. É autor do livro “Anatomia da Internet” (Casa da Palavra).
mpovoa@mppsolutions.com

A guerra do videogames
A derrota não está nos planos da Microsoft
O cenário competitivo
O gigantesco mercado global de games deve se expandir de US$21.2 bilhões em 2002
para US$35.8 bilhões em 2007, crescendo a uma taxa de cerca de 11% ao ano
(PricewaterhouseCoopers).
O desenvolvimento de games envolve equipes multidisciplinares, lembrando muito a com-
posição de times de internet: profissionais de marketing, gerência de projeto, programadores
– e designers. Uma tendência importante em games é se conectar em rede, o que faz com que
estes, naturalmente, se tornem parte inerente da internet ou de redes banda larga fechadas.
Assim, é fundamental a compreensão deste mercado promissor, e que,definitivamente, apre-
senta uma grande oportunidade para empresas e profissionais brasileiros.
No campo dos consoles de vídeo-game existem hoje três empresas disputando arduamen-
te por um lugar em nossas salas de estar. Sony, Nintendo e Microsoft desenvolveram, respec-
tivamente, as plataformas Playstation 2, Gamecube e XBOX. No entanto, no Market Share glo-
bal, o Playstation 2 da Sony é lider absoluto, com 69% do mercado, contra 16% do Gamecube
da Nintendo e 15% do XBOX da Microsoft.
Quem já brincou com os três produtos deve ter notado que não existem diferenças significa-
tivas de qualidade entre eles. Tanto a performace quanto a qualidade dos gráficos e som são bas-
tante paralelas nas plataformas. No mercado de consoles, o conteúdo é o grande diferencial com-
petitivo. Ou seja, a variedade e a qualidade dos títulos de games são os fatores que propulsionam
a venda dos consoles. Assim, o ‘time to market’ das plataformas torna-se, naturalmente, essencial
para disparar o ciclo virtuoso das vendas. Quanto mais tempo houver para os desenvolvedores de
jogos criarem títulos de sucesso para determinada plataforma, automaticamente, mais popular esta
será.
A geração atual
Na última geração de lançamentos de consoles, foi o Playstation da Sony que saiu na
frente, com uma diferença de 20 meses de adiantamento em relação ao lançamento do XBOX
da Microsoft. Esta diferença de tempo permitiu que os desenvolvedores pudessem criar tí-
tulos de sucesso como o ‘Grand Theft Auto 3’ e o ‘Grand Turismo 3’, que fizeram o
Playstation 2 disparar em vendas — enquanto os rivais Microsoft e Nintendo ainda nem ti-
nham terminado o projeto de seus consoles. O ciclo de desenvolvimento típico de um título
de game com qualidade é de cerca de 18 meses. A Sony conseguiu uma vantagem de tempo
no lançamento que garantiu oxigênio para os desenvolvedores,o que resultou na liderança

56
webwriting

Marcela Catunda
Trabalhou nas redes Bandeirantes, TV Gazeta, Manchete e
Globo. Foi redatora da DM9DDB e supervisora de criação de
mídia interativa da Publicis Salles Norton.
marcelacatunda@terra.com.br

Vida de freela
Eu sou free, sempre free, eu sofri demais...

Posso dizer que ser freela é um exercício diário de fé em si mesmo. É preciso acredi-
tar no que a gente faz e nas pessoas com quem trabalhamos. Isso é super importante!
Escolher bem os parceiros e farejar as roubadas. Difícil, mas não impossível. Acredite,
existem mais fadas madrinhas do que vilões no mundo do freela.
E o jogo fica mais divertido quando você, assim como nos videogames, consegue
vencer o maior obstáculo de todos: o medo de perder.
PRIMEIRA FASE: Mundo Corporativo
Objetivo: Conquistar parceiros.
Armas: Emails, paciência, saco, telefonemas, perseverança, visitas, saco, apresentações
e pensamento positivo.
Infelizmente, tem muita gente no mercado que acredita que o freelancer é um de-
sempregado que não deu certo em algum lugar e que agora resolveu encher o saco dele.
SEGUNDA FASE: Mundo Competitivo
Objetivo: Ser melhor e não custar menos.
Armas: Jogo de cintura, humildade, talento, educação e sorte.
Para adquirir sorte você tem que matar um grande inimigo: a vergonha. Para derrotá-
la você deve mergulhar fundo no vale das vaidades pessoais e eliminá-las sem dó nem pie-
dade.
TERCEIRA FASE: Mundo do Faz-de-Conta
Objetivo: Vencer a ansiedade.
Armas: Filtrar o lero-lero sem deixar de acreditar que Papai Noel existe.
Ser freela é estar constantemente participando de reuniões maravilhosas, de mega
projetos e super produções que não sobrevivem dez minutos no mundo real. Para esca-
par dessa fase você deve atravessar o mar de promessas sem se afogar. Nade e não perca
a fé. Um grande iate pode resgatar você.
Nessa parte do jogo, a ansiedade pode fazer você se dar mal. Tenha paciência, como diz
um grande amigo: “Enquanto acontecem coisas, coisas acontecem...”.
QUARTA FASE: Mundo do Prazer
Objetivo: Fugir dos Crediários.
Armas: Manter intacta suas economias. Um bom freela sabe que a grana de hoje é a ga-
rantia do amanhã.

58
webwriting
“Momento de Sabedoria:
Um dia alguém disse que não se pode ter tudo.
Eu não acredito nisso”

Nessa fase você deve fugir das deliciosas promoções do essa vontade bate, corro pra cozinha, como um brigadeiro e
Mundo do Prazer. Eu, por exemplo, fiquei muitos meses presa tomo coca-cola até a vontade passar...
nessa fase. Só eu sei a vontade que ainda sinto de encarar Momento de Sabedoria
uma boa loja de departamento e me atirar num crediário. Sou Um dia alguém disse que não se pode ter tudo. Eu não
apaixonada por um carnê, pelos programas de TV que vendem acredito nisso.
produtos com um simples telefonema e pelas maravilhosas
campanhas de varejo... Não preciso nem saber qual é o pro-
duto, nem o preço, se tem aquele 24 vezes bem grande...
Pronto! Eu já quero comprar.
Mas, depois de algum tempo, aprendi que paga-
mento só à vista (no máximo, eu passo uns
pré).
QUINTA e última FASE: Mundo Real
Objetivo: Ser feliz, trabalhar, ter ami-
gos, passear, namorar....
Armas: Todas.
Quando você consegue conquistar
bons parceiros, fazer seus traba-
lhos no conforto de sua casa,
disciplinar seus horários e
vencer o medo do amanhã,
tudo fica bem. Em algumas
fases, a gente trabalha
mais, em outras, menos. É a
lei da compensação. Hoje, eu
não encaro mais essa fase como altos
e baixos, mas sim, como um tempo de in-
vestimento pessoal. Daí eu sonho, me deses-
pero, jogo videogame, escrevo e me preparo
para o freela de amanhã.
Às vezes, me pergunto se eu estaria mais feliz se
estivesse empregada em uma grande agência com a ‘seguran-
ça’ que, no fundo, todos nós desejamos... Mas daí, quando

59
marketing

René de Paula Jr.


Especialista em e-business, profissional de internet desde 1996, passou pelas maiores
agências e empresas do país: Wunderman, AlmapBBDO, Agência Click, Banco Real ABN AMRO.
É criador da “usina.com”, portal focado no mundo online, e do “radinho de pilha”
(www.radinhodepilha.com), comunidade de profissionais da área.
rene@usina.com

Do jeito que você gosta


– Meu pai me deu uma grana para eu reformar meu guarda-roupa, reclamou X.
Éramos colegas de faculdade, sentados à mesa numa manhã qualquer, desabafan-
do querelas familiares.
– Meu pai, se quiser que eu reforme o guarda-roupa, disse o menos afortunado Y, me
dá martelo e pregos.
Até hoje rio desse episódio antigo. Lembrei dele agora, assistindo a mais um
impagável episódio de Queer Eye For The Straight Guy, onde cinco gays têm como
tarefa dar um banho de loja em um heterossexual desleixado. Vocês já viram? Não sobra
pedra sobre pedra: guarda-roupa, corte de cabelo, decoração da casa, gastronomia... É
uma metamorfose na marra.
Se a gente prestar atenção, vai ver que uma série de programas novos têm um princípio
parecido: você ‘tem jeito’ e, com o nosso know-how e o seu esforço, sua vida pode mudar de
um dia para o outro. Em alguns deles reformam-se casas inteiras, em outro, é o jardim que
muda; em um você descobre que um cacareco é antiguidade valiosa, noutro, vira um ídolo ame-
ricano... Em Extreme Make-Over fazem até plástica no sujeito.
Mesma história sempre: experts entram com... expertise, você entra com a matéria
bruta. Você tem jeito, só não levava jeito pra coisa.
A promessa é ilusória? Talvez. Uma injeção de estilo não muda décadas de estilo de vida,
e Pigmalião, de Bernard Shaw, já cantou essa bola faz séculos. Eu gosto de pensar, porém,
que existe um fio condutor nisso tudo: antes, a TV mostrava uma vida idealizada, loira e linda,
depois incorporaram dramas mais reais, até chegarmos aos reality shows, onde a vida cotidia-
na virou assunto. Por fim, descobriu-se que o cotidiano é um porre, e aí, voltamos com algo
mais... construtivo: reconstruir vidas medianas, casas medianas, seios medianos... Será ima-
ginação minha?
Esses programas ‘Sim, você tem jeito’ têm outra coisa em comum: tudo o que você precisa
(sapatos, sofás, sushi) está prontinho pra ser usado, é tudo item de prateleira. Pegue e pa-
gue.
No digimundo há maravilhas na prateleira também, prontinhas pra uso. Você quer
publicar na internet? Use blogs! Você quer mostrar suas fotos? Use álbuns virtuais. Você
quer uma turma inteira juntinha sempre? Crie um grupo no Yahoo, ou entre no Orkut.
Quer acompanhar mil blogs e sites de uma vez só? Descubra o RSS.

60
marketing
“Que ferramentas devem ser seguras,
isso é óbvio, mas têm também que parecer
seguras, transmitir confiança”

Eu vejo um fio condutor nisso também: no início do grupos a que pertencem, pessoas prezam reputação, imagem,
digimundo, você se deslumbrava com a originalidade alheia, e têm orgulho do que constroem;
com o tempo você passou a usar o digimundo no seu dia-a- :: quando pessoas se relacionam entre si, esperam que a
dia, e, finalmente, você passou a construir seu próprio relação se aprofunde cada vez mais, mesmo que a relação
digimundo particular. seja... com o Orkut. Lidar com essa expectativa, saber surpre-
Três etapas, onde a palavra ‘design’ teve três sentidos: ender, incentivar, implicam em dedicação e criatividade. Por
fazer coisas belas, fazer coisas que funcionassem e, recente- enquanto, o Orkut tem sido magistral em perceber necessida-
mente, fazer coisas que permitam às pessoas fazer coisas. des e se adiantar a elas;
Veja o Orkut, por exemplo: ele não é revolucionário por :: tesouras para crianças têm pontas arredondadas, ali-
sua beleza. Em termos de funcionalidade, também tem pouco cates têm cabo isolado. Que ferramentas devem ser seguras,
de novo. O que é revolucionário no Orkut é a facilidade com isso é óbvio, mas têm também que parecer seguras, trans-
que você cria seu próprio mundo ali dentro. mitir confiança. Se o processo do Orkut fosse minimamente
Antes que pareça jabá: eu não gosto do Orkut. Hoje, o indócil, complexo, obscuro, ninguém se arriscaria a entrar;
Orkut mais me assusta do que ajuda, e não é disso que :: nada mais gostoso do que sentir-se único, e nada é
preciso agora. Para meus fins, os grupos do Yahoo funcio- mais terrível do que se sentir só. Esse equilíbrio delicado entre
nam muito melhor. Meu interesse pelo Orkut é profissional ego e sociabilidade, entre o orgulho de ser diferente e o medo
mesmo, é admiração pura. Cinco coisas me fascinam no Orkut, de se expor, requer vidraças aqui e cortinas ali, salões e por-
e creio que servem de inspiração tas fechadas, visibilidade e privacidade. Nessas
para todos nós: contradições é que a arquitetura do Orkut
:: se algo faz sucesso, brilha.
gostemos ou não, temos O bom
que entender por quê. do Orkut é
Não e só uma questão de i s s o :
aprender coisas técnicas, cada um
mas, sobretudo, de entender o ali cons-
que move nosso público; trói sua
:: uma construção só é uma própria ci-
casa (ou uma igreja, ou uma esco- dade, seu próprio mun-
la) se as pessoas a habitarem. Atrair gente nova, do, cada um faz uma casa
fazê-las se sentir à vontade e, desafio máximo, con- que é a sua cara. Desenhar
seguir que zelem pelo espaço comum, depende de fatores para o digimundo, para mim, é aprimo-
mais humanos do que tecnológicos: pessoas se definem pelos rar cada vez mais os martelos, pregos e
tábuas.

61
interface

Michel Lent
Michel é designer gráfico e mestre em Telecomunicações Interativas pela New York
University. Foi um dos primeiros brasileiros a trabalhar com internet, começando sua
carreira no ano de 1994, em Nova York, na EURO/RSCG. Fundou a 10’Minutos, sua
consultoria em projetos interativos; foi membro do board que lançou a Globo.com e diretor
de criação da DM9DDB.
michel@10minutos.com.br

Faculdade? Para quê?


Afinal de contas, é preciso fazer faculdade para ser designer?
Uma visão prática da eterna discussão.

Volta e meia, a gente dá de cara com a mesma discussão, em bares ou nas listas de email:
afinal de contas, é preciso se fazer faculdade para ser designer?
Posso dizer tranqüilamente que conheço excelentes profissionais que trabalham com
design que nunca fizeram faculdade ou qualquer curso de design. E também conheço gente com
o diploma na parede que tem um péssimo trabalho.
Há quem diga que quem não faz faculdade não pode ser designer.
Há até quem queira regulamentar o mercado e impedir que profissionais sem formação
universitária em design trabalhem nele. E há quem diga que design não precisa de regulamen-
tação, já que não é uma área de atuação profissional que ofereça riscos à saúde, à sociedade
ou à vida, como outras profissões regulamentadas (arquitetura, engenharia, medicina, direito,
por exemplo) e, portanto, não precisaria de formação universitária.
Sem querer entrar nessa discussão, mas lembrando de que há áreas de atuação do design que
estão diretamente ligadas à saúde do indivíduo e à sua segurança (ergonomia do design de produto
e o design de sinalização), quando falamos do design gráfico e do design para a Web, podemos
tentar simplificar a questão de se fazer ou não faculdade de design da seguinte maneira:
Fazer um bom curso de design não vai transformar você em um bom designer. Mas se você
é uma pessoa com talento, interesse e força de vontade (qualidades determinantes para ser-
mos um bom profissional em qualquer área), um curso estruturado de design é uma ótima ma-
neira de fazer você chegar onde quer.
Ora, o que é um curso de design, afinal de contas?
Um curso de design vai lhe ensinar sobre tipologia, forma, movimento, espaço, cor, volume,
desenho, história da arte, fotografia, vídeo e mais tantas outras coisas legais para quem gosta do
assunto. Ele é, em essência, um programa de ensino completo, montado especificamente para nos
ensinar tudo o que é fundamental sabermos para determinada área de atuação profissional.
Aquele que é autodidata e aprende tudo sozinho poderia, em teoria, ir atrás de tudo o
que é ensinado em um curso e procurar aprender por conta própria. Mas, convenhamos, é bem
mais complicado. Isso, sem falar na falta que faz a convivência com outros alunos e, principal-
mente, a falta do feedback dos professores.
Portanto, pensando dessa forma, é fácil chegar a seguinte conclusão: deve ser obrigató-
rio fazer faculdade para se trabalhar como designer gráfico ou designer de Web? Não, mas,

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interface
“Fazer um bom curso de design não vai transformar
você em um bom designer, mas é uma ótima
maneira de fazer você chegar onde quer”

com certeza, aquele que fizer um bom curso de design, com


interesse, talento e dedicação, será um profissional muito mais
completo.
Hoje em dia, há no Brasil uma enorme oferta de cursos
sobre design, de curta, média e longa duração, oferecidos por
ótimas escolas, faculdades, universidades. Cada curso se
adequa a um tipo de pessoa e a um estágio de desenvolvimen-
to profissional.
Independente do estágio profissional em que a gente se
encontre, há sempre espaço para se estudar mais e melhorar.

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webdesign

Luli Radfahrer
P h D e m Co mun i cação Di gi tal , já d i r i gi u a d i vi são d e i n te r n e t d e al gumas d as
mai o r e s agên ci as d e p r o p agan d a e d e al gun s d o s mai o r e s p o r tai s d o Br asi l . Ho je , é
P r o fe sso r -Do uto r d a ECA -USP , Di r e to r A sso ci ad o d o Muse u d e A r te Co n te mp o r ân e a
e co n sul to r i n d e p e n d e n te . A uto r d o l i vr o ‘d e si gn /we b/d e si gn :2’, ad mi n i str a uma
co mun i d ad e d e d i fusão d o co n h e ci me n to d i gi tal p e l o p aís.
webdesign@luli.com.br

Big bróder, blogueiros, dezáiners


Esqueça os micreiros: a nova ameaça são os blogueiros
Ai ... que saudade do tempo em que a web era só HTML. E que nem editor bom tinha – a
programação era feita ‘na unha’ e o que fazia diferença era uma boa imagem no Photoshop…
Bons tempos aqueles. Ou mesmo no começo do Flash, em que qualquer animação faria a dife-
rença e ainda não existiam sites de modelos prontos, tutoriais, exemplos, animações prontas
para baixar – com seus códigos abertos – e tantos outros recursos disponíveis online. Ai... que
saudades que eu tenho dos tempos em que os principais concorrentes dos designers eram os
‘sobrinhos’ (do inacreditável ‘meu sobrinho faz sites’) ou mesmo os ‘micreiros’, especialistas em
CSS, que não sabiam diferenciar um vermelho de um magenta. É... Bons tempos que não vol-
tam mais.
E não falo nem do século passado, época em que ninguém sabia direito o que fazer com
ela, aonde se poderia chegar; época em que se ‘surfava’ ondas imaginárias até se afogar
em uma conexão dial-up lenta ou numa página inexistente ou noutro erro qualquer. A
internet era confusa, feia e chata, e a solução para isso estava nos designers – ou melhor,
nos webdesigners. Nada disso.
A época áurea de que falo é hoje, ou, conforme a ocasião, o ano passado ou o mês passa-
do: época em que seu cliente ainda não conhecia o poder dos Blogs e – pior – que com uma fer-
ramenta dessas, ele poderia se comunicar (e interagir) com seu público de forma muito mais
eficiente que um belíssimo e hermético site em Flash. Mais do que isso: sua secretária (ou seu
sobrinho) poderia realmente fazer um material claro, eficiente, limpo, funcional e bonito. Mes-
mo sem saber a diferença de um actionscript para um javascript.
Já se foi o tempo em que a internet era um processo artesanal, praticamente manual.
Também já era a época em que uma pequena produtora de websites ou a divisão digital de uma
agência de propaganda poderia dar conta de todas as necessidades de interação e
personalização dos clientes de uma empresa. O profissionalismo da internet leva, naturalmen-
te, à automação dos processos e é só você analisar os sites de que mais gosta e freqüenta que
você verá que praticamente nenhum, para manter seu frescor e novidade, é feito em casa,
página a página. Hoje, os sites de empresa se dividem em duas categorias: os que envolvem
estruturas complicadas de programação – os chamados admins – e são usados para grande
presença web; e os portfólios, que, como relatórios anuais, são compostos de belas páginas
fixas e pouquíssima interatividade.

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webdesign
“como ficam as empresas que querem
conversar com seus clientes e não têm verba
para uma estrutura grande?
A resposta é simples, e ela se chama blog”

E como ficam as empresas que querem conversar com as, criamos as coisas como todas as outras coisas são cria-
seus clientes e não têm verba para uma estrutura grande? A das, cópias das cópias das cópias dos primeiros sites, feitos
resposta é simples, e ela se chama blog. Os grandes jornais e por quem entendia de HTML, mas não sabia nada de design
revistas já os utilizam, algumas empresas também. Pior, qual- ou comunicação, e o resto é todo o blábláblá que você já
quer adolescente socialmente saudável também. Mesmo que está careca de saber.
deteste computadores e queira ser veterinário. E é exatamen- Por isso, não rejeite a ferramenta: conheça como funcio-
te aí que mora o perigo. nam, o que fazem os blogs e os insira em seu projeto de comu-
Mas há saída. E ela está em você. Como na indústria auto- nicação. E até crie o seu, se achar relevante. Eu sempre pre-
mobilística, o design digital é mais do que simples direção de feri postar mensagens nos diários de amigos a arcar com a res-
arte. Ele envolve funcionalidade, ergonomia, hábitos de uso e ponsabilidade de tocar o meu à Big Brother, até por achar que
uma série de outros fatores que formatam um produto. Home minha vida não é tão interessante assim. E mesmo que o fosse,
Banking à parte, a internet hoje praticamente ainda não tem o mistério sempre seria o melhor condimento. Mas eu sou de
forma e, para que venha a ter, é preciso que se ouse mais. E é outra época.
exatamente essa a função do designer.
Confira a seção emais da
Ao se projetar um website (ou mesmo um reles banner) é edição de agosto para uma
matéria completa sobre o
preciso levar em conta que na rede todos os serviços são
uso de blogs!
intangíveis e é em sua interface que está a diferença. As-
sim, não há motivo para que todos os sites tenham a mes-
ma cara de portal se só uma pequena minoria é noticiosa.
Por provável temor, desconhecimento e falta de exemplos
não há, na internet, a riqueza visual de um vídeoclipe ou de um
videogame. O que há, na grossa maioria, é uma cópia barata
de um jornal, de uma vinheta de TV ou — pior — de uma
Bloomberg.
Como crianças mimadas pelo excesso de liberdades,
olhamos para as páginas em branco da web e
não sabemos o que fazer. Como os que in-
vocam as musas, invocamos nossos
bookmarks e neles não encontramos inspi-
ração, talvez porque a resposta simples-
mente não esteja por lá. Daí, por pressa,
preguiça ou apenas por falta de referênci-

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