Professional Documents
Culture Documents
nos versos de
a basílica da Estrela
as duas basílicas da Estrela
a que de longe aparece como uma escultura gigante
e a outra
a de perto
onde as três dimensões vencem
e nos mostram ao fundo
o iluminado corpo grosso
contra o céu
e na frente
duas torres
uma sem luz, ali estão.
comigo
o ano 2001 descia a avenida
da liberdade
os murmúrios intensos
a recusa
de ficar na rotunda do tempo
Estrela
capital de Lisboa
de Portugal
capital moçambicana
capital de roças
de São Tomé
centro da dor
quando irmãos que perdemos
em guerras por explicar
aqui chegavam
sem vida
ainda hoje
na Estrela nos despedimos
de portugueses
dos nossos hábitos
de vozes do fado
da televisão
preto e branco
aceitando
que algum ponto desta cidade
seja o centro
o princípio
e o fim (2004)
natureza
circulo em automático
lubrificado
esquecido de mim
tu não existes
mas Chopin também não
amo os dois de maneira diversa
mas esforçada
respiro o ar da noite
sinto Lisboa ao longe
mas a cidade não existe
tudo aquilo de que gosto
só existe no engarrafamento
dos sentimentos no meu cérebro
em petiz falava
falava
a franja na testa
a cara redonda
na fase de borbulhas
se disser magro
poucos acreditam
e a longínqua África
de muita selva
voltei ao Tejo, estudante
no cabelo mandam
os Beatles
esqueço maquinarias
voltear
palavras
para quê
Arménia
Paris
Lisboa
óleo
e também Iraque
e a arte
de guardar bens
suas filhas
oriente
arte nova
planos de fundo
jardins
fundação
sem pilares
com o Tejo
a mim
ser assim
assim
no fim de semana
quero sentir
o fim do mundo
tomar decisões
decretar inferno
praticar ressurreição
viver antes
devorar a náusea
rever Instambul
numa Madragoa
em Fevereiro,
de um outro Fernando,
longe,
de África e da América,
li o poema certo
de súbito, na mente
nas ideias,
um circuito se acende,
encontra a solução
sempre esperada
revista, ensaiada
em cidades e aldeias
em mágica luz Europeia
truque de monge
talvez onze
quando me assalta
é boa
Berlim
ou
Lisboa
Virgílio
Duras
despedidos em estreia
morrer assalariado