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Drogas psiquiátricas: Um assalto

à Condição Humana
Loucura na América: Ciência ruim, Medicina ruim, e os
contínuos maus tratos ao doente mental

Entrevista do The Street Spirit com Robert Whitaker 
Entrevistado por Terry Messman 

Tradução: José C B Peixoto

Bob Whitaker é o autor do livro: Mad in America: Bad Science,


Bad Medicine, and the Enduring Mistreatment of the Mentally
III (Loucura na América: Ciência ruim, Medicina ruim, e os
contínuos maus tratos ao doente mental).

O repórter investigativo Robert Whitaker, autor do impressionante


livro MAD IN AMERICA, atualmente está engajado em uma
fascinante linha de pesquisa: de que forma a gigantesca indústria
de remédios psiquiátricos está colocando em risco a população
americana ao encobrir os casos não relatados de sofrimento,
angústia e enfermidade originados pelos medicamentos
antidepressivos, amplamente prescritos, e os anti-psicóticos.

Whitaker expõe as massivas mentiras e encobrimentos que


corromperam os processos de revisão de drogas que são
realizados pelo FDA nos Estados Unidos, mostrando como são co-
optados os testes de pesquisas com a finalidade de distorcer os
resultados desses testes com esses medicamentos. Dessa forma
escondem os sérios perigos, mesmo os efeitos colaterais mortais,
de produtos com nomes conhecidos como Prozac®, Zoloft®,
Aropax® e Zyprexa®.

A história se torna até mais assustadora quando nós olhamos para


as táticas agressivas que estas poderosas companhias
costumavam silenciar seus críticos proeminentes, difamando-os na
imprensa, e usando seu dinheiro e poder para dispensar cientistas
amplamente respeitados e eminentes pesquisadores médicos se
ousarem assinalar os perigos e os riscos de suicídio e morte
prematura causados por tais drogas.

Whitaker começa desconstruindo a exagerada eficiência dessas


drogas amplamente divulgadas como medicamentos maravilhosos -
antidepressivos como Prozac®, Zoloft® e Aropax®, e as novas
drogas antipsicóticas atípicas como o Zyprexa®. Sua pesquisa
mostra como eles de um modo geral são escassamente mais
efetivos do que placebos no tratamento de desordens mentais e
depressão, apesar da ampla adulação que eles recebem na mídia
popular.

Porém ele prossegue fazendo mais declarações surpreendentes:


estas novas drogas psiquiátricas contribuem diretamente para uma
alarmante nova epidemia de doenças mentais induzidas por drogas.
Medicamentos popularmente prescritos pelos médicos para
estabilizar desordens mentais de fato estão induzindo mudanças
patológicas na química cerebral e levando ao suicídio, a episódios
maníacos e psicóticos, convulsões, violência, diabetes, falência
pancreática, doenças metabólicas, e morte prematura.

Whitaker originalmente era repórter médico de grande reputação do


Aihany Tirnes Union e também atuava para Boston Globe. Uma
série que ele co-escreveu para o Boston Globe sobre os perigos da
pesquisa em psiquiatria lhe deixou finalista ao Prêmio Pulitzer em
1998. Quando ele começou a sua pesquisa investigativa em temas
psiquiátricos, Whitaker ainda era um partidário da história sobre o
progresso que a psiquiatria vinha informando ao público nas últimas
décadas.

Ele disse, “eu absolutamente acreditava no senso comum de que


estas drogas anti-psicóticas realmente melhoraram as coisas e que
elas revolucionaram totalmente a forma como nós tratamos a
esquizofrenia. As pessoas costumavam ser presas, afastados de
suas casas para sempre, e agora talvez as coisas não sejam as
ideais, mas seriam muito melhores. Era uma história de progresso.”

Tal história de progresso era fraudulenta, como Whitaker logo


descobriu quando ele adquiriu novos insights a partir de suas
pesquisas de práticas psiquiátricas de tortura como eletro-choque,
lobotomia, coma por insulina, e drogas neurolépticas. Os psiquiatras
informaram ao público que essas técnicas curavam psicose ao
equilibrar a química do cérebro.

Mas, na realidade, a linha comum em todos estes diversos


tratamentos foi a tentativa de suprimir a “doença mental” ao
prejudicar deliberada mente as funções mais elevadas do cérebro. A
atordoante verdade é essa, atrás de portas fechadas, o próprio
stablishment psiquiátrico etiquetou estes tratamentos como
“terapêutica prejudicial ao cérebro.”

A primeira geração de drogas anti-psicóticas criaram uma patologia


droga-induzida no cérebro ao bloquear um neurotransmissor, a
dopamina, em essência obstruindo muitas funções cerebrais
elevadas. De fato, quando os anti-psicóticos como a clorpromazina
e o halo pendo! foram inicia/mente introduzidos, os próprios
psiquiatras disseram que estas drogas neurolépticas eram
virtualmente indistinguíveis de uma lobotomia química.

Em anos recentes, a mídia tem alardeado a chegada de


medicamentos de design especial como Prozac®, Aropax® e
Zyprexa®, que deverão ser superiores e ter menos efeitos
colaterais que os antigos antidepressivos tricíclicos e os primeiros
anti-psicóticos. Os milhões de americanos que acreditaram nesta
história têm enriquecido companhias farmacêuticas como a Eh LiIIy
ao gastar bilhões de dólares anualmente comprando estes novos
medicamentos.

A pesquisa do Whitaker nos casos trágicos de doença, sofrimento e


as primeiras mortes causadas por tais drogas mostram que esses
milhões de consumidores foram enganados por uma gigantesca
campanha de mentiras, distorções, e pesquisas de remédios
forjadas. Eminentes pesquisadores médicos que tentaram nos
advertir dos perigos destas drogas foram silenciados, intimidados e
difamados. Nesse processo, o FDA se tornou um cão de estimação
para a poderosa indústria farmacêutica, e não um cão de guarda
para a população.

Tha street spirit entre vistou Robert Whitaker sobre esta nova
“epidemia” de desordens mentais, e como as companhias
farmacêuticas lucraram ao venderem drogas que nos tornam mais
enfermos.

A entrevista: 

Street Spirit: Sua nova linha de pesquisa indica que existe  
um enorme aumento na incidência de doença mental nos  
Estados Unidos, apesar dos aparentes avanços na nova  
geração das drogas psiquiátricas. Por que você se refere a  
este aumento como uma epidemia? 
Robert Whitaker: Até mesmo pessoas como o psiquiatra 
E. Fulier Torrey, que escreveu isso recentemente em um 
livro, podem dizer que parece que nós estamos tendo uma 
epidemia de doença mental. Quando o Instituto Nacional de 
Saúde Mental publica seus gráficos sobre a incidência de 
doença mental, você vê estes crescentes números de 
pessoas mentalmente enfermas. Alguns relatórios recentes 
dizem que quase 20 por cento dos americanos estão 
mentalmente doentes na atualidade. 
Então o que eu quis fazer foi em dobro. Eu quis examinar 
exatamente o quão dramático é este aumento na doença 
mental, e principalmente na doença mental severa. Parte 
desta subida no número das pessoas ditas serem 
mentalmente doentes é apenas por redefinição. Atualmente 
nós concebemos um espectro muito grande onde lançamos 
todos os tipos de pessoas naquelas categorias de doença 
mental. Então, crianças que não ficam sentadas um tempo 
suficiente nas suas salas de aula parecem ter o Distúrbio 
de Déficit de Atenção e Hiperatividade (DDAH), além de 
nós criarmos uma nova enfermidade chamada de Distúrbio 
de Ansiedade Social. 

Street Spirit:  Então o que costumava ser chamada  
simplesmente de timidez ou ansiedade no relativo às  
pessoas, está agora sendo etiquetado como uma  
desordem mental, e você supostamente necessitará de um  
antidepressivo como a paroxetina para um tal de distúrbio  
de ansiedade social. 
RW: Exatamente. Ou você precisa de um estimulante como 
Ritalina® para DDHA. 

Street Spirit:  Isso aumenta os clientes em psiquiatria,  
como também não aumenta o número de pessoas para as  
quais essas gigantescas companhias farmacêuticas podem  
vender suas drogas psiquiátricas? 
RW: Evidente. Então parte do que nós estamos vendo é 
nada mais do que a criação de um mercado maior para tais 
medicamentos. Se você pensar sobre isto, uma vez que 
nós desenhamos um círculo tão grande quanto possível, ao 
expandir os limites da doença mental, a psiquiatria pode ter 
mais clientes e vender mais drogas. Então existe um 
incentivo econômico intrínseco para que se defina doença 
mental nas mais amplas perspectivas possíveis, e dessa 
formar transformar situações ordinárias, emoções 
estressantes ou comportamentos que algumas pessoas 
podem não gostar, tudo isso poderia ser rotulado como 
doença mental. 

Street Spirit:  Sua pesquisa também mostra que existe um  
aumento real nas pessoas que têm uma desordem mental  
severa. Agora, embora isso possa parecer contraditório,  
mas na verdade você acredita que muito deste aumento  
seria causado pelo excesso de uso de algumas dessas  
novas gerações de drogas psiquiátricas? 
RW: Sim, exatamente. Eu examinei ao número daqueles 
classificados como doentes mentais severamente inválidos 
­­ pessoas que não estão trabalhando, ou que são de 
alguma maneira disfuncional por causa da doença mental. 
Então eu tentei classificar ao longo da história a 
porcentagem da população que é considerada como um 
doente mental incapacitado. 
Então, em 1903, nós vemos que aproximadamente 1 de 
cada 500 pessoas nos Estados Unidos era hospitalizada 
por doença mental. Em 1955, no começo da era moderna 
das drogas psiquiátricas, aproximadamente uma de cada 
300 pessoas era inválida por doença mental. Mais tarde, 
vamos para 1987, o final da primeira geração de drogas 
anti­psicóticas; e de 1987 adiante nós alcançamos as 
drogas psiquiátricas modernas. De 1955 até 1987, durante 
esta primeira era de drogas psiquiátricas ­­ as drogas anti­
psicóticas Amplictil® e Haldol® e os antidepressivos 
tricíclicos (como Tryptanol® e Anafranil®) ­­ nós verificamos 
que o número de doentes mentais incapacitados aumentar 
em quatro vezes, chegando ao ponto onde 
aproximadamente uma de cada 75 pessoas serem julgadas 
como inválidas por doença mental. 
Pois bem, ocorreu uma mudança na forma como nós 
cuidamos do doente mental entre 1955 e 1987. Em 1955, 
nós os estávamos hospitalizando. Porém, em 1987, nós 
passamos por uma mudança social, e a partir daí nós 
estávamos colocando essas pessoas em abrigos, casas de 
apoio, ou outro tipo de cuidado comunitário, além de dar a 
eles pagamentos da seguridade social (SSl/SSDI  
payments) por inaptidão mental. Em 1987, nós começamos 
a utilizar os supostamente melhores, medicamentos 
psiquiátricos de segunda geração como o Prozac® e os 
demais antidepressivos ISRS — inibidores seletivos de 
recaptação de serotonina. Logo em seguida, nós 
recebemos essas novas drogas, os anti­psicóticos atípicos 
como Zyprexa® (olanzapine), Leponex® e Risperidal®. 
O que tem acontecido desde 1987? Bem, a taxa de 
inaptidão continuou a aumentar até chegar aos atuais: um 
para cada 50 americanos. Reflita sobre isto: um de cada 50 
americanos é inválido por doença mental na atualidade. E 
isso ainda está num crescente. O número das pessoas 
mentalmente inválidas nos Estados Unidos tem aumentado 
na taxa de 150.000 pessoas por ano desde 1987. Isto é um 
aumento diário, ao longo dos últimos 17 anos, de 410 
pessoas por dia ficando incapacitada por doença mental. 
Street Spirit:  Isso nos leva a pergunta óbvia. Se  
psiquiatria introduziu estas drogas tidas como maravilhosas  
como Prozac® e Zoloft® e Zyprexa®, porque a incidência  
da doença mental está subindo dramaticamente? 
RW: Essa é a questão. Isto é uma pergunta científica. 
Nós temos uma forma de atendimento onde nós estamos 
usando estas drogas de um modo cada vez mais inclusivo, 
como supostamente nós temos medicamentos melhores e 
eles são a base dos nossos tratamentos, 
conseqüentemente nós deveríamos ver taxas de inaptidão 
decrescente. Esse seria o cenário esperado. 
Mas ao contrário, de 1987 até o presente, nós vimos um 
aumento no número das pessoas mentalmente inválidas 
que passou de 3.3 milhões de indivíduos até os atuais 5.7 
milhões nos Estados Unidos. Nesse período, nossos 
gastos com drogas psiquiátricas aumentaram a um nível 
surpreendente. Os gastos combinados com medicamentos 
antidepressivos e anti­psicóticos saltaram de algo ao redor 
de US$500 milhões em 1986 para quase US$20 bilhões em 
2004. Por isso nós levantamos a questão: seria o uso 
dessas drogas que realmente, de algum modo, alavancou 
este aumento no número de doentes mentais? 
Quando você examina a literatura de pesquisa, você 
encontra um padrão claro nos resultados com todos esses 
remédios ­ você vê isto com os anti­psicóticos, os 
antidepressivos, as drogas anti­ansiedade e os 
estimulantes como Ritalina® usada para tratar ADHD. 
Todas estas drogas podem restringir um sintoma alvo de 
forma ligeiramente mais eficaz do que um placebo o faz, 
por um período pequeno de tempo, digamos seis semanas. 
Um antidepressivo pode melhorar os sintomas de 
depressão melhor do que um placebo por um curto prazo. 
Você verifica com qualquer classe dessas drogas 
psiquiátricas uma agravação do sintoma alvo de uma 
depressão ou psicose ou ansiedade a longo prazo, em 
comparação aos pacientes tratados com placebo. Então, 
mesmo nos sintomas alvo, existem maior cronicidade e 
severidade nos sintomas. E você vê uma porcentagem 
bastante significativa de pacientes onde sintomas 
psiquiátricos novos e mais severos são ativados pela 
própria droga. 

Street Spirit:  Novos sintomas psiquiátricos são criados  
pelas inúmeras drogas que as pessoas utilizam pois foram  
informadas que lhes ajudaria a recuperação? 
RW: Exato. O caso mais óbvio é com os antidepressivos. 
Uma porcentagem das pessoas colocadas sob uso de 
ISRSs, porque eles têm algum grau de depressão sofrerá 
ou um ataque maníaco ou psicótico — 

induzido por drogas. Isto está bem reconhecido. Então 
agora, em vez de só lidar com depressão, eles estão 
lidando com mania ou sintomas psicóticos. E uma vez que 
eles apresentem um episódio maníaco induzido por drogas, 
o que acontece? Eles vão para um quarto de emergência, 
e naquele momento eles estarão sendo novamente 
diagnosticados. A partir de então serão informados de 
serem bipolares e lhes será adicionado um anti­psicótico ao 
uso do antidepressivo; E, naquele momento, eles estão 
movendo ladeira abaixo para uma incapacidade crônica. 

Street Spirit:  A moderna psiquiatria reivindica que esses  
medicamentos psicoativos corrigem uma química cerebral  
pato/á gica. Existe alguma evidência que suporte essa  
apologia de que uma química cerebral anormal é a culpada  
pela esquizofrenia e depressão? 
RW: Isso é o aspecto chave que todo mundo precisa 
entender. Realmente é a resposta que destranca este 
mistério do porque as drogas teriam aquele efeito 
problemático a longo prazo. Começamos pela 
esquizofrenia. Eles imaginaram que tais drogas trabalham 
corrigindo um desequilíbrio de um neurotransmissor: a 
dopamina no cérebro. 
A teoria seria que as pessoas com esquizofrenia teriam 
sistemas dopaminérgicos hiperativos; e esses 
medicamentos, ao bloquear a dopamina no cérebro, 
consertariam tal desequilíbrio químico. Dessa forma, você 
obtém a metáfora de que eles são como insulina é para a 
diabetes; eles estão consertando uma anormalidade. Com 
os antidepressivos, a teoria seria de que as pessoas com 
depressão teriam níveis muito baixos de serotonina; As 
drogas elevam os níveis de serotonina no cérebro e dessa 
forma eles estão equilibrando essa química no cérebro. 
Em primeiro lugar, essas teorias nunca surgiram de 
investigações sobre o que realmente estava acontecendo 
com as pessoas. Pelo contrário, como eles descobriram 
que os anti­psicóticos bloqueavam a dopamina eles 
teorizaram que tais indivíduos teriam um sistema 
dopaminérgico hiperativo. O mesmo aconteceu com os 
antidepressivos. Eles verificaram que os antidepressivos 
elevavam os níveis de serotonina; então, eles teorizaram 
que as pessoas com depressão deveriam ter níveis baixos 
de serotonina. 
Mas esse é o aspecto que eu desejaria que toda a América 
precisa saber e desejaria que a psiquiatria devesse 
esclarecer: Eles nunca puderam verificar que as pessoas 
com esquizofrenia teriam sistemas hiperativos de 
dopamina. Eles nunca puderam constatar que as pessoas 
com depressão teriam um sistema de serotonina hipoativo. 
Eles nunca provaram de forma consistente que quaisquer 
dessas enfermidades são associadas com qualquer 
desequilíbrio de substâncias químicas no cérebro. A 
história de que as pessoas com desordens mentais têm 
reconhecidos desequilíbrios químicos ­ isto é uma mentira. 
Nós definitivamente não sabemos. E algo dito apenas para 
ajudar vender tais drogas e ajudar a vender o modelo 
biológico das desordens mentais. 
Mas o ponto é esse. Nós sabemos, de fato, que estas 
drogas perturbam a forma como estes mensageiros 
químicos trabalham no cérebro. O paradigma real é: As 
pessoas diagnosticadas com desordens mentais não têm 
nenhum problema conhecido em seus sistemas de 
neurotransmissores; e estas drogas perturbam a função 
normal dos neurotransmissores. 
Street Spirit:  Então em lugar de corrigir um desequilíbrio  
químico, esses medicamentos infinitamente prescritos  
corrompem a química cerebral e a tornam enferma. 
RW: Com certeza. Stephen Hyman, um famoso neuro­
cientista e antigo diretor do Instituto Nacional de Saúde 
Mental (INSM), escreveu um artigo em 1996 que avaliava 
como as drogas psiquiátricas afetam o cérebro. Ele 
escreveu que todas estas drogas criam perturbações em 
funções dos neurotransmissores. E ele observa que o 
cérebro, em resposta para esta droga externa, altera suas 
funções normais e interpõe uma série de adaptações 
compensatórias. 
Em outras palavras, tenta se adaptar para o fato que uma 
droga anti­psicótica está bloqueando as funções normais 
da dopamina. Ou no caso dos antidepressivos, tenta 
compensar o fato de que você está bloqueando a re­
captação da serotonina. A maneira como ele faz isso é se 
adaptar no sentido oposto. Então, se você for bloquear a 
dopamina no cérebro, o cérebro tenta liberar mais 
dopamina e realmente aumenta o número de receptores de 
dopamina. Dessa forma uma pessoa colocada sob drogas 
antipsicóticas acabam tendo um número anormalmente alto 
de receptores de dopamina no cérebro. 
Se você der a alguém um antidepressivo, e isso tenta 
manter os níveis de serotonina muito elevados no cérebro, 
ele faz exatamente o oposto. Ele cessa a produção da 
serotonina habitual e reduz o número de receptores de 
serotonina no cérebro. Então alguém que está sob uso de 
antidepressivo, depois de um tempo acaba com um nível 
anormalmente baixo de receptores de serotonina no 
cérebro. Assim o que Hyman concluiu sobre isso: Depois 
que estas mudanças aconteceram, o cérebro do paciente 
fica funcionando de um modo que é “qualitativamente tanto 
quanto quantitativamente diferente do estado normal.’ 
Então o que Stephen Hyman, antigo diretor do INSM, fez foi 
definir o presente paradigma de como estas drogas afetam 
o cérebro mostrando que elas estão induzindo a um estado 
patológico. 

Street Spirit:  Então o paradoxo é que não existe nenhuma  
evidência que suporte ao conclame da psiquiatria moderna  
de que existe algum desequilíbrio bioquímico patológico no  
cérebro que causa doença mental, mas se você tratar  
pessoas com estas novas drogas espetaculares, então  
você cria esses desequilíbrios patológicos? 
RW: Sim, estas drogas corrompem a química normal do 
cérebro. Temos então aqui o real paradoxo! E a tragédia 
real é, que até que nós negociamos essas drogas como 
equilibradores químicos, fixadores químicos, quando na 
verdade nós estamos fazendo justamente o oposto. Nós 
estamos tomando um cérebro que não tem qualquer 
desequilíbrio químico sabidamente anormal, e ao colocar 
essas pessoas sob drogas, nós estamos instabilizando 
aquela química normal. Aqui é como Barry Jacobs, um 
neuro­cientista de Princeton, descreve o que acontece com 
uma pessoa que recebe um antidepressivo da família dos 
ISRSs. “Estas drogas,” ele disse, “alteram o nível da 
transmissão sináptica para fora de taxas fisiológicas 
alcançadas sob condições biológicas ambientais normais. 
Deste modo, qualquer mudança no comportamento ou 
fisiologia produzida sob essas condições deveria ser 
apropriadamente considerada patológica ao invés de refletir 
o papel biológico normal da serotonina.” 

Street Spirit: Um dos antidepressivos ISRS que é  
amplamente creditado em ser uma droga maravilhosa é o  
Prozac®. Porém sua pesquisa verificou que o FDA  
(Administração de Alimentos e Medicamentos Federal dos  
EEUU) tem recebido mais relatos de efeitos co­laterais  
sobre o Prozac® do que qualquer outro medicamento. Qual  
tipo de efeitos maléficos as pessoas estão relatando? 
RW: Em primeiro lugar, o Prozac® e os demais sucessores 
da mesma família ISRSs, tem seu nível de eficácia sempre 
num caráter marginal. Em todos os testes clínicos dos 
antidepressivos, aproximadamente 41 por cento dos 
pacientes melhoram num curto prazo contra 31 por cento 
dos pacientes com placebo. Agora veja a advertência 
disso! Se você usar um placebo ativo nestes testes ­ um 
placebo ativo causa uma mudança fisiológica sem 
benefício, como uma boca seca ­ qualquer diferença no 
resultado entre o antidepressivo e placebo virtualmente 
desaparece. 

Street Spirit:  Os testes medicamentosos mais iniciais com  
o Prozac® foram tão pouco promissores que eles tiveram  
que manipular os resultados dos testes para conseguir a  
aprovação do FDA? 
RW: O que aconteceu com Prozac® é uma história 
fascinante. Desde o início, eles notaram uma eficácia 
discretamente acima de um placebo; e eles observaram 
que eles tiveram alguns problemas com suicídio. Existiriam 
aumentadas respostas suicidas comparadas ao placebo. 
Em outras palavras, as drogas estavam agitando as 
pessoas e tornando pessoas suicidas que não tinham 
potencial suicida prévio. Eles estavam obtendo respostas 
maníacas em pessoas que não tinham sido maníacas 
anteriormente. Eles estavam obtendo episódios psicóticos 
nas pessoas que não tinham quadros psicóticos prévios. 
Então você estava vendo estes efeitos colaterais muito 
problemáticos até ao mesmo tempo em que você estava 
observando alguma eficácia muito modesta, se alguma, 
maior do que um placebo para melhorar a depressão. 
Basicamente, o que a Eh Lilly (Fabricante do Prozac®) teve 
que fazer foi encobrir a psicose, encobrir a mania; e, dessa 
maneira, podia conseguir obter a aprovação para essas 
drogas. Um revisor do FDA até advertiu que o Prozac® 
parecia ser uma droga perigosa, mas seria aprovada de 
qualquer maneira. 
Nós aparentemente estamos sabendo de tudo isso 
somente agora: “Oh, o Prozac® pode causar impulsos 
suicidas e todos esses ISRSs podem aumentar o risco de 
suicídio.” O ponto é: isso não era nada novo. Aqueles 
dados já estavam documentados desde os primeiros 
ensaios. Você teve pessoas na Alemanha dizendo, “eu 
penso que esa é uma droga perigosa.” 
Street Spirit:  Mesmo voltando ao final dos anos 1980,  
eles já eram conhecidos? 
RW: Antes do final dos anos 1980 ­ no início dos anos 80, 
antes do Prozac® ser aprovado. Basicamente o que a Eh 
Lilly teve que fazer foi encobrir os riscos de mania e 
psicose, ocultar que algumas pessoas estavam ficando 
suicidas porque eles estavam ficando com esta agitação 
nervosa do Prozac®. Essa foi a única maneira para obter 
aprovação. 
Existiriam várias maneiras que eles utilizaram para esse 
encobrimento. Uma seria simplesmente remover os relatos 
de psicose da base de dados. Eles também voltaram e 
recodificaram alguns dos resultados dos ensaios. Vamos 
dizer que alguém teve um episódio maníaco ou um 
episódio psicótico; em vez de assinalar isto, eles só 
apontariam para um retorno da depressão, ou coisa 
parecida. Então existia uma necessidade básica em 
esconder estes riscos desde o início, e isso foi feito. 
Então o Prozac® é aprovado em 1987, e é lançado em uma 
campanha de marketing surpreendente. A pílula 
propriamente foi apresentada na capa de várias revistas! É
como a Pílula do Ano [risos]. E ele parece ser muito mais 
seguro: um remédio dos sonhos. Nós temos médicos 
dizendo, “Oh, o problema real com esta droga é que nós 
podemos agora criar qualquer personalidade que nós 
desejamos. Nós ficamos tão qualificados com essas drogas 
que se você quiser ter muito prazer o tempo todo, tome sua 
pílula!” 
Isso era uma tolice completa. As drogas eram apenas 
fracamente melhores do que placebos no alivio de 
sintomas depressivos no curto prazo. Você teve todos estes 
problemas; e nós ainda estávamos elogiando em demasia 
estas drogas, dizendo: “Oh, os poderes da psiquiatria são 
tais que nós podemos dar 

a você a mente que você quer — projetamos uma 
personalidade! Era absolutamente obsceno. Entretanto, 
qual foi o medicamento, que depois de ser lançado, que 
mais rapidamente se transformou na droga com mais 
reclamações nos Estados Unidos? O Prozac®! 

Street Spirit:  Qual foi o índice de reclamações quando o  
Prozac® chegou ao mercado? 
RW: Nesta aferição, nós temos o Medwatch, um sistema 
de relato onde nós reportamos eventos adversos das 
drogas psiquiátricas ao FDA. A propósito, o FDA tenta 
manter estes relatórios negativos distantes do público. 
Então, em vez do FDA manter esses dados facilmente 
disponíveis para o público, para que você possa conhecer 
os riscos de tais medicamentos, é muito duro chegar a 
estes relatórios. 
Dentro de uma década, existiram 39.000 relatos adversos 
sobre o Prozac® que foi enviado para o Medwatch.  
Acredita­se que o número de eventos adversos enviados 
ao Medwatch represente só um por cento do número real 
de tais eventos. Então, se nós conseguirmos 39.000 relatos 
de evento adversos sobre 
o Prozac®, o número de pessoas que realmente sofreram 
tais problemas é estimado ser 100 vezes maiores, ou 
aproximadamente quatro milhões das pessoas! Isso faz do 
Prozac® o medicamento mais reclamado da América, sem 
dúvida. Existiram mais relatos de eventos adversos 
recebidos sobre o Prozac® em seus primeiros dois anos de 
mercado do que tinha sido reportado ao principal 
antidepressivo tricíclico em 20 anos! 
Lembre, o Prozac® foi lançado ao público Americano como 
uma droga maravilhosamente segura, e sobre o que as 
pessoas estão reclamando? Mania, depressão, psicose, 
nervosismo, ansiedade, agitação, hostilidade, alucinações, 
perda de memória, tremores, impotência, convulsões, 
insônia, náusea, impulsos suicidas. É uma grande 
variedade de sintomas graves. 
E aqui temos o surpreendente. Não foi apenas o Prozac. 
Uma vez que nós tivemos os demais ISRSs no mercado, 
como o Zoloft® e Aropax®, em 1994, quatro 
antidepressivos dessa família estavam entre os 20 “tops” 
de reclamação entre as medicações da lista do Medwatch 
do FDA. Em outras palavras, todas destas drogas trazidas 
para comercialização começaram a ativar esta amplitude 
de eventos adversos. E esses não eram eventos menores. 
Quando você fala a respeito de mania, alucinações e 
depressão psicótica estamos falando de eventos adversos 
graves. 
Prozac® foi lançado para o público americano como uma 
droga maravilhosa. Foi apresentado nas capas de revistas 
como tão seguras, e como um sinal de nossa habilidade 
maravilhosa de induzir o cérebro da forma como nós 
desejássemos. Na verdade, os relatórios estavam 
mostrando que nós poderíamos ativar muitos eventos 
perigosos, inclusive o suicídio e a psicose. 
O FDA estava sendo advertido sobre isto. Eles estavam 
recebendo uma inundação de relatórios de eventos 
adversos, e o público nunca foi informado sobre isso para 
um longo período de tempo. Levou uma década para que o 
FDA começasse a reconhecer o aumento de suicídios e de 
violência que pode ser ativados em algumas pessoas. Isso 
só mostra como o FDA traiu o povo americano. Isto é um 
exemplo clássico. Eles traíram sua responsabilidade em 
agir como um cão de guarda para o povo americano. Pelo 
contrário eles agiram como uma agência de encobrimento 
dos danos e riscos dessas drogas. 

Street Spirit:  Levando em conta o fracasso do FDA para  
nos advertir sobre Prozac®, qual foi sua recente  
negligência no assunto do risco de suicídio com os  
antidepressivos para crianças tratadas com remédios como  
o Aro pax®? Não seriam os oficiais de saúde mental da  
Inglaterra muito melhores que seus colegas americanos no  
FDA na advertência sobre os perigos de tentativas de  
suicídio quando esses antidepressivos foram administrados  
aos adolescentes? 
RW: Sim. A história das crianças é incrivelmente trágica. 
Também é uma história realmente sórdida. Vamos voltar 
um pouco para ver o que aconteceu às crianças sob 
antidepressivos, O Prozac® chegou ao comércio em 1987. 
No início dos anos 90, as companhias farmacêuticas que 
fabricavam estas drogas estão dizendo, “O que podemos 
fazer para expandir o mercado para os antidepressivos? 
Porque é isso que as companhias farmacêuticas fazem ­ 
elas querem chegar a um número sempre maior de 
indivíduos. Eles viram que eles tiveram um mercado em 
aberto com as crianças. Então vamos começar a vender 
essas drogas para crianças. E eles foram bem sucedidos. 
Desde 1990, o uso de antidepressivos em crianças subiu 
em torno de sete vezes. Eles começaram a prescrever por 
bem ou por mal. 
Atualmente, sempre que eles fazem testes pediátricos com 
os antidepressivos, eles verificam que tais drogas não são 
mais efetivas nos sintomas objetivos da depressão do que 
o placebo. Isso aconteceu repetidamente nos testes 
pediátricos com essas drogas antidepressivos. Então, o 
que isso informa é que não existe nenhuma razão 
terapêutica real para o emprego dessas drogas nesta 
população de crianças, porque as drogas nem mesmo os 
reduzem os sintomas alvo por um curto prazo de forma 
melhor do que o placebo; e além do mais eles estavam 
causando todos os tipos de eventos adversos. 
Por exemplo, em uma pesquisa, 75 por cento das crianças 
tratadas com antidepressivos sofreram algum evento 
adverso de qualquer espécie. Em um estudo pela 
Universidade de Pittsburgh, 23 % das crianças tratadas 
com um ISRS desenvolveu mania ou sintomas tipo 
maníaco; um adicional de 19 % desenvolveu hostilidade 
droga­induzida. Os resultados clínicos estavam lhe 
informando que você não conseguiu qualquer benefício na 
depressão; e você podia criar todos os tipos de problemas 
reais nas 

crianças ­ mania, hostilidade, psicose, e você pode até 
induzir suicídio. Em outras palavras, não use estas drogas, 
correto? Isso foi totalmente encoberto. 

Street Spirit:  Como foi ocultado? 
RW: Nós tivemos psiquiatras – alguns desses obviamente 
receberam dinheiro das companhias medicamentosas – 
dizendo que as crianças estão sub­tratadas e eles estão 
em risco de suicídio e como nós poderíamos possivelmente 
tratar as crianças sem essas pílulas e que tragédia seria se 
nós não pudéssemos usar estes antidepressivos. 
Finalmente, um pesquisador proeminente na Inglaterra, 
David Healy, começou a fazer sua própria pesquisa na 
habilidade destas drogas em promover suicídio. Ele 
também conseguiu conseguir acesso a alguns dos 
resultados de pesquisas e ele “soou o alarme”. Ele primeiro 
soou esse alarme na Inglaterra e ele apresentou esses 
dados em revisões por lá mesmo. E eles verificaram que 
aparentemente essas drogas estão aumentando o risco de 
suicídio e não existe realmente nenhum sinal de benefícios 
nos sintomas objetivos de depressão. Então eles 
começaram a se mobilizar por lá para advertir os médicos a 
não prescrever tais drogas para a juventude. 
O que acontece nos Estados Unidos? Bem, foi só depois 
de existir muita pressão colocada sobre o FDA que eles 
captaram a mensagem. O FDA reclassificou o risco dessas 
drogas. Eles foram lentos até mesmo para por 
advertências, faixas pretas, nas caixas desses produtos. 
Por quê? As vidas das crianças não são um bem a ser 
protegido? Se nós sabemos que temos demonstrações 
científicas dos riscos que esses remédios apresentam ao 
aumentar suicídio, não deveríamos ao menos publicar uma 
advertência sobre isso? Mas o FDA foi negligente até 
mesmo para colocar essa advertência nas embalagens 
desses produtos. 

Street Spirit:  Se o Prozac® é o remédio mais reclamado  
do país, se o Aropax® foi demonstrado ser um risco de  
suicídio para a juventude, como foi que esses  
antidepressivos continuaram a ter uma reputação tão  
mágica de curas para a depressão? E por que o FDA  
falhou em nos advertir sobre Aropax® e Prozac® para  
tanto tempo? 
RW: Existem algumas razões para isto. Os fundos do FDA 
se modificaram em 1990. Um decreto permitiu que muito 
dos fundos do FDA viessem das indústrias farmacêuticas: o 
decreto PDUFA (Prescription Drug UserFee Act— Decreto 
de Taxa de Usuário para Drogas de Prescrição). 
Basicamente, quando as companhias farmacêuticas 
solicitavam aprovação ao FDA eles teriam que pagar uma 
taxa. Esses honorários se tornariam grande parte dos 
recursos das revisões do FDA sobre as aplicações dos 
medicamentos. 
No final de contas, de repente, os recursos começaram a 
vir da indústria farmacêutica; não vinha mais do povo. 
Como esse decreto surgiu para renovação, basicamente os 
lobistas das fábricas de medicamentos estão dizendo que o 
trabalho do FDA não seria uma análise crítica das drogas, 
mas sim aprovar rapidamente essas drogas. E isso foi parte 
do pensamento de Newt Gingrich: seu trabalho era obter 
drogas para comercializar. Comece a ser parceiro da 
indústria farmacêutica e facilitar o desenvolvimento de 
medicamentos. Nós perdemos a idéia de que o FDA teria 
um papel de cão de guarda. 
Também, de um modo humano, muitas pessoas que 
trabalham para o FDA abandonam para acabar indo para 
trabalhar para as companhias de medicamentos. A piada 
velha é que o FDA é um tipo de vitrina para um futuro 
emprego na indústria farmacêutica. Você vai lá, você 
trabalha por algum tempo, então você sai para a indústria 
de remédios. Bem, se esse é a progressão que as pessoas 
fazem, em essência eles estão fazendo uma rede de 
relações de bons meninos, para tanto eles não vão ser tão 
severos com as companhias farmacêuticas. Então, é isso 
que realmente aconteceu nos anos 1990. O FDA receberia 
novas ordens de marcha. As ordens eram: “Facilite a 
obtenção de medicamentos para o mercado. Não seja 
muito crítico. E, de fato, se você quiser manter seus 
recursos financeiros, que a partir de então estavam vindo 
da indústria farmacêutica, tenha certeza que você entendeu 
essas lições de sobrevivência.” 
Street Spirit:  Então as gigantes companhias  
farmacêuticas têm um enorme poder de cozinhar os  
resultados dos testes das drogas, fazendo os  
pesquisadores e até o próprio FDA a se curvar para a sua  
vontade? 
RW: O FDA, em essência, foi submetido no início dos anos 
90, e nós realmente vimos isto com as drogas psiquiátricas. 
O FDA se tornou um cão de colo para a indústria 
farmacêutica, e não um cão de guarda. 
É só agora isto se tornou de conhecimento público. Nós 
temos Marcia Angel(*), uma antiga editora do New  
England Journal of Medicine, escreva um livro em que ela 
diz que o FDA se tornou um cão de companhia. Agora está 
basicamente bem documentado esse declínio. Como 
editora do New England Journal of Medicine, o o mais 
prestigioso jornal médico que nós temos, Marcia AngelI é 
alguém que estava bem no coração da Medicina 
Americana, e ela concluiu que o FDA desaponta as 
pessoas americanas. E ela perdeu seu emprego no New  
England Journal of Medicine ao começar a criticar as 
companhias farmacêuticas. 

Ela era a editora do jornal no final dos anos 1990 e havia 
um médico correspondente chamado Thomas 
Bodenheimer que decidiu escrever um artigo sobre como 
você não podia nem confiar no que era publicada nos 
jornais médicos por causa de toda a manipulação de 
resultados. 
Então eles fizeram uma investigação sobre como as 
companhias farmacêuticas financiavam todas as pesquisas 
e manipulavam os resultados dos ensaios científicos, então 
você não poderia realmente ter confiança no que você lê 
nesse tipo de publicação. Eles assinalaram que quando 
eles tentaram conseguir um perito para revisar a literatura 
científica relacionada aos antidepressivos, eles 
basicamente não conseguiram encontrar alguém que não 
tivesse recebido algum dinheiro das companhias 
farmacêuticas. 
Agora, o New England Journal of Medicine é publicado pela 
Sociedade Médica de Massachusetts que publica muitos 
outros jornais, e eles têm muita publicidade farmacêutica. 
Então o que acontece depois que aquele artigo ser 
publicado por Thomas Bodenheimer e um editorial 
acompanhado de Marcia AngelI sobre o estado deplorável 
da medicina americana a respeito disto? Ambos perdem 
seus empregos! Ela foi demitida e o mesmo aconteceu com 
Thomas Bodenheimer. Pense sobre isso. Nós temos o 
principal jornal médico demitindo pessoas, deixando­os 
partir, porque eles ousaram criticar uma ciência desonesta 
e o processo desonesto que estava envenenando a 
literatura científica. 
Então nós temos o FDA que está agindo como cães de 
companhia. Você não pode confiar na literatura científica. 
Tudo isso mostra como o público americano foi traído e não 
sabia sobre todos os problemas com estas drogas e por 
que foi ocultado deles. Isso tem a ver com dinheiro, 
prestígio e redes de velhos bons meninos”. 
Street Spirit:  Isso também a ver com o silenciamento dos  
críticos. A Eh Lilly usa a mídia para alardear benefícios do  
Prozac® e dar vantagens para médicos que freqüentam  
conferências para ouvir sobre seus benefícios, e suborna  
pesquisadores. Mas eles também não usam seu poder e  
dinheiro para silenciar seus críticos? 
RW: Um exemplo é Dr. Joseph Glenmullen, um psiquiatra 
que também trabalha para o Serviço de Saúde da 
Universidade de Harvard, e que escreveu um livro 
chamado Prozac Backlash (O Jogo Prozac) que advertia 
sobre os perigos do Prozac®. Ele entende que essas 
drogas estão sendo abusadas e que causam efeitos 
colaterais severos. Ele até levanta questões sobre os 
problemas de memória a longo prazo com as drogas e 
deficiência orgânica cognitiva. Bem, a Eh Lilly construiu 
uma campanha de marketing para tentar desacreditá­lo. 
Eles divulgaram notícias para a mídia questionando sua 
afiliação com a Escola Médica de Harvard, etc. Fazem tudo 
para silenciar os críticos. 
Se você cantar a melodia que as companhias de droga 
querem, aos mais elevados níveis, você é pago com muito 
dinheiro para voar pelo mundo e dar apresentações sobre 
as maravilhas dessas drogas. E aqueles que vêm, e não 
fazem quaisquer perguntas embaraçosas, conseguem 
jantares de lagosta e talvez eles obtenham honorários para 
freqüentar essa reunião educacional. Então se você quiser 
ser parte dessas vantagens, você pode. Você canta as 
maravilhas dessa droga, e você não fala sobre seus efeitos 
colaterais sórdidos, e você pode conseguir um generoso 
pagamento como um de seus locutores convidados, ou 
como um de seus peritos. 
Mas se você for um daqueles que estão dizendo: “E a 
respeito da mania, que tal a psicose? ­ Eles silenciam você. 
Olhe para o que aconteceu para David Healy. Healy é até o 
melhor exemplo. David Healy tem esta reputação de 
extrema qualidade na Inglaterra. Ele é o escritor de vários 
livros na história da psicofarmacologia. Ele é como um 
antigo Secretário da Associação de Psicofarmacologia de 
lá. Ele recebeu uma oferta de trabalho na Universidade de 
Toronto para encabeçar seu departamento de psiquiatria. 
Então enquanto ele está esperando assumir aquela 
posição na Universidade de Toronto, ele vai para Toronto e 
preparou uma conferência sobre o risco elevado de suicídio 
com Prozac® e alguns outros ISRSs. Quando ele volta 
para casa, a oferta de trabalho foi rescindida. 
Agora Eh Lilly doa algum dinheiro para a Universidade de 
Toronto? Absolutamente. Então, respondendo sua 
pergunta, sim, a Eh Lihhy silencia seus dissidentes 
também. 

Street Spirit:  Qual é a história por detrás do pagamento  
secreto entre Eh Lilly e os sobre viventes que processaram  
a companhia depois que Joseph Wesbecker atirou em 20  
colegas de trabalho após ser colocado sob uso de  
Prozac®? 
RW: Durante esse julgamento em que a Eh Lihhy estava 
sendo processada, o juiz iria permitir a demonstração de 
evidências muito prejudiciais contra a Eh Lihhy. O juiz 
disse, “Vá em frente e apresente isso no julgamento.” Mas 
a próxima coisa você já sabe, eles não apresentaram essas 
evidências; e de fato, de repente, os demandantes não 
mais estão apresentando as evidências mais significativas 
para continuarem seu julgamento. Então o juiz pergunta­se 
por que eles não estão apresentando seu melhor 
testemunho. Isso cheira a sujeira. Ele suspeita que a Eh 
Lihhy pagou aos demandantes secretamente e parte do 
negócio era isso, os demandantes irão em frente com uma 
tentativa de fingimento de forma que a Eh Lihhy ganhará o 
litígio. Então a Eh Lihhy pôde conchamar, “Veja: nossa 
droga não faz as pessoas ficarem violentas.” 
E, realmente, foi isso que aconteceu. A Eh Lihhy sentiu que 
iria perder esse julgamento. Eles foram aos demandantes e 
disseram que lhes dariam muito dinheiro. Eles 
concordaram em ir em frente e arranjaram o caso, pois 
mantiveram os demandantes a irem até o final do 
julgamento. Desse modo a Eh Lilly pode publicamente 
reivindicar que eles ganharam a causa e que o Prozac® 
não causa dano. 

Street Spirit:  Como ficamos sabendo disso? 
RW: Nós nunca teríamos conhecido essa história se não 
fosse por duas coisas. Uma, acredite nisto ou não, o juiz, 
em essência, apelou da decisão em seu próprio tribunal. 
Ele disse, sinto mau cheiro nisso.” E por isto, ele descobriu 
que existia esta determinação secreta e que era um 
processo de fingimento na sua continuação. Ele disse que 
era umas das piores violações à integridade do processo 
legal que ele já tinha visto. E segundo, um jornalista inglês 
chamado John Cornwell escreveu um livro chamado: 
Power to Harm: Mmd, Medicine, and Murder on Trial  
(Poder para prejudicar: Mente, Medicina, e Assassinato 
no tribunal). Ele escreveu sobre este caso, e ainda nos 
Estados Unidos, nós praticamente não obtemos quase 
nenhuma notícia sobre esta determinação secreta e esta 
ampla perversão do processo legal. Seri um jornalista 
inglês que estariaa expondo esta história. 
Meu ponto aqui é esse: eles silenciam pessoas como 
Marcia AngelI. Eles pervertem o processo científico. Eles 
pervertem o processo legal. Eles pervertem o processo de 
revisão de medicamentos do FDA. Está em todos lugares! 
E é por isso que nós como uma sociedade acabamos 
acreditando nestas drogas psiquiátricas. Você fez a 
pergunta há pouco tempo atrás, “Por que nós ainda 
acreditamos no Prozac?” Uma das razões é que a história 
sobre o Prozac é, na realidade, suportada. É publicamente 
suportada porque nós mantemos esse silêncio sobre essas 
questões. 
A outra coisa para lembrar é que algumas pessoas sob 
Prozac® se sentem melhores. Isto é verdade. Isso é o 
divulgado, mas da mesma forma algumas pessoas com o 
uso de placebos se sentem melhores. Mas aquelas são as 
histórias que são repetidas: “Oh, eu tomei Prozac e eu 
estou me sentindo melhor.” É aquele grupo seleto que faz 
melhor para que essa história seja a informada, sendo a 
história que o público ouve. Assim, é por isso que nós 
continuamos a acreditar na história de que essas drogas 
sejam uma maravilha, que sejam muito seguras, apesar de 
todo esse material sujo que ficou coberto. 

Street Spirit:  Vamos agora nos mover dos antidepressivos  
como Prozac® e considerar outro novo grupo de drogas  
supostamente maravilhosos ­ as novas drogas anti­
psicóticas. Você escreveu que o uso a longo prazo de  
drogas anti­psicóticas — ambas, os originais neurolépticos,  
remédios como o Amplictil © e HaldoI© e os mais recentes  
“atípicos” como Zyprexa© e Risperidal© ­ causam  
mudanças patológicas no cérebro o que pode levar a uma  
agrava ção dos sintomas de doença mental. Quais  
mudanças na química do cérebro resultam dos anti­
psicóticos, e como isso leva ao principal e mais assustador  
aspecto que você descreveu — a doença mental crônica  
que ao qual se fica preso por tais substâncias? 
RW: Essa é uma linha de pesquisa que atravessa 40 anos. 
Este problema de enfermidade crônica aparece de tempo 
em tempo repetidamente na literatura de pesquisa. Este 
mecanismo biológico está um pouco melhor compreendido 
agora. Os anti­psicóticos bloqueiam profundamente os 
receptores de dopamina. Eles bloqueiam entre 70­90 por 
cento dos receptores de dopamina no cérebro. Em 
resposta, o cérebro gera mais ou menos 50 por cento de 
receptores extra de dopamina. Tenta ficar hiper­sensível. 
Então, em essência você teria criado um desequilíbrio no 
sistema da dopamina no cérebro. É quase como se, em 
uma mão, você tem o acelerador ­ isto é: os receptores de 
dopamina extra. E a droga é o freio tentando bloqueá­los. 
Mas se você libera esse freio, se você abruptamente para 
com as drogas, você agora tem um sistema de dopamina 
que é hiperativo. Você tem muitos receptores de dopamina. 
E o que acontece? As pessoas que tentam abruptamente 
largar os medicamentos tendem a ter graves recaídas. 

Street Spirit:  Então as pessoas que foram tratadas com  
estas drogas anti­psicóticas têm uma propensão maior  
para recaídas, e apresentar novos episódios de doença  
mental, ao invés das pessoas que tiveram outros tipos de  
terapias sem tais drogas? 
RW: Exatamente, e isso foi entendido em 1979, que você 
realmente estava aumentando a vulnerabilidade biológica 
subjacente para a psicose. E a propósito, nós já 
classificamos um entendimento de que se você mexe com 
o sistema de dopamina, que você podia criar alguns 
sintomas de psicose com anfetaminas. Então se você der a 
alguém doses suficientes de anfetaminas, eles ficam sob 
risco aumentado de psicose. Isto está bem conhecido. E o 
que as anfetaminas fazem? Eles liberam dopamina. Então 
existe uma razão biológica por que, se você for mexer com 
o sistema de dopamina, você está aumentando o risco de 
psicose. Isto é em essência o que estas drogas anti­
psicóticas fazem, eles incrementam o sistema da 
dopamina. 
Veja aqui um impressionante estudo real sobre isso: 
pesquisadores da Universidade de Pittsburgh nos anos 90 
tomaram pessoas recentemente diagnosticadas com 
esquizofrenia, e eles começaram a registrar imagens de 
ressonância magnética dos cérebros destas pessoas. 
Dessa forma nós conseguimos um retrato de seus cérebros 
no momento de diagnóstico, e então nós teremos imagens 
dos próximos 18 meses para verificar como esses cérebros 
se modificam. A partir daí durante 18 meses, eles estão 
sendo medicados com prescrições de anti­psicóticos, e o 
que os pesquisadores reportaram? Eles reportaram o 
seguinte, após este período de 18 meses, as drogas 
causaram um aumento dos gânglios da base, uma área do 
cérebro que usa dopamina. Em outras palavras, criaram 
uma mudança visível na morfologia, uma mudança no 
tamanho de uma área do cérebro, e isto é anormal. Isto é 
número um. Então nós temos uma droga anti­psicótica 
causando uma anormalidade no cérebro. 
Agora aqui temos o ponto chave. Eles verificaram que 
como aquela amplificação aconteceu, era associada com 
uma agravação dos sintomas psicóticos, uma agravação 
dos sintomas negativos. Então aqui você realmente tem, 
com uma tecnologia moderna, um estudo muito poderoso. 
Por processamento de imagens do cérebro, nós vemos 
como agente externo entra, corrompe a química normal, 
causa um aumento anormal dos gânglios da base, e aquele 
aumento causa uma agravação de muitos sintomas que 
deveria tratar. Agora isto realmente é, em essência, a 
história de um processo de doença ­ um agente externo 
causa anormalidade, dá origem a sintomas... 
Street Spirit:  Mas neste caso, o agente externo que ativa  
o processo de doença é o suposto tratamento para a  
própria doença! A droga psiquiátrica é o agente causador  
de enfermidade. 
RW: Isto é exatamente assim. É um atordoante, uma 
descoberta maldita. É o tipo de coisa que você diria, Oh 
Cristo, nós devíamos ter feito algo diferente. Mas você 
imagina que tipo de incentivo financeiro esse 
pesquisadores receberam, após eles fazerem tal 
descoberta? 

Street Spirit:  Não, qual? Eu imaginaria que eles  
conseguiram recursos para executar estes mesmos  
estudos em outras classes de drogas psiquiátricas. 
RW: Eles conseguiram recursos para desenvolver um 
implante, um implante no cérebro, que liberaria drogas 
como o Haldol® de forma contínua e ininterrupta! Um 
investimento para desenvolver um implante de liberação de 
medicamentos, dessa forma você poderia implantar isso 
nos cérebros das pessoas com esquizofrenia e assim eles 
até não teriam qualquer oportunidade para não tomar 
esses remédios! 

Street Spirit:  Incrível. Projetar um implante para fornecer  
uma dose constante de uma droga que eles acabaram de  
descobrir ser causa de patologia na química do cérebro. 
RW: Certo, eles acabaram de verificar que eles estão 
causando uma agravação dos sintomas! Então por que 
você continuaria com um projeto de um implante 
permanente? Porque seria para isso que o dinheiro viria. 
E ninguém quis lidar com este achado horrível de um 
aumento nos gânglios da base causado pelas drogas, 
associado com a agravação dos sintomas. Ninguém quis 
lidar com o fato de que quando você examinar as pessoas 
medicadas com anti­psicóticos, você começará a ver uma 
redução dos lobos frontais. Ninguém quer falar sobre 
nenhuma dessas coisas. Eles pararam essas pesquisas. 

Street Spirit:  Que outros efeitos colaterais são causados  
por uso prolongado destas drogas anti­psicóticas? 
RW: Bem, você consegue a Discinesia Tardia (tardive  
dyskinesia), uma deficiência orgânica cerebral permanente; 
e a Acatisia, que seria uma agitação nervosa incrível. Você 
nunca fica confortável. Você quer se sentar, mas você não 
pode se sentar. É como se você estivesse rastejando fora 
de sua própria pele. E está associado com violência, 
suicídio e todos os tipos de coisas horríveis. 

Street Spirit:  Tais tipos de efeitos colaterais eram notórios  
com a primeira geração de drogas anti­psicóticas, como  
Amplictll®, Haldol® e Stelazine®. Mas, da mesma forma  
que com Prozac®, tantas pessoas estão ainda elogiando  
em demasia a nova geração de anti­psicóticos atípicos — 
Zyprexa®, Leponex® e Risperidal® ­ como drogas mágicas  
que controlam a doença mental com muito menos efeitos  
colaterais. Isto é verdade? O que você verificou? 
RW: Não, é apenas uma completa tolice. De fato, eu penso 
que as mais novas drogas podem ser eventualmente 
estabelecidas como mais perigosas do que as antigas 
drogas, se isso fosse possível. Como você sabe, os 
neurolépticos conhecidos como Amplictil® e Haldol® 
tinham um relato reiterado de malefícios como a discinesia 
tardia e acatisia no máximo. 
Então quando nós conseguimos as novas drogas atípicas, 
elas foram extraordinariamente badaladas como 
infinitamente mais seguras. Mas com essas novas atípicas, 
você consegue obter todos os tipos de deficiências 
orgânicas metabólicas. 
Vamos falar sobre Zyprexa®. Tem um perfil diferente. Ele 
pode não causar muita discinesia tardia. Pode não dar 
origem a tantos sintomas de parkinson. Mas ele causa um 
amplo leque de novos sintomas. Então, por exemplo, 
provavelmente causa mais diabete. E provavelmente cause 
mais distúrbios pancreáticos. Provavelmente cause mais 
obesidade e distúrbios no controle do apetite. 
Na verdade, pesquisadores na Irlanda reportaram em 2003 
que desde a introdução dos antipsicóticos atípicos, a taxa 
de mortalidade em meio às pessoas com esquizofrenia 
dobrou. Eles tomaram as taxas de mortalidade das 
pessoas tratadas com neurolépticos clássicos e 
posteriormente eles comparam com as taxas de 
mortalidade das pessoas tratadas com anti­psicóticos 
atípicos, e essas taxas dobraram. Ela dobrou! Não houve 
redução dos perigos. De fato, nesse estudo de sete anos, 
25 de 72 pacientes morreram. 
Street Spirit:  Quais eram as causas de morte?  
RW: Todos os tipos de enfermidades orgânicas, e isto é 
parte do ponto. Estamos ficando com problemas 
respiratórios, estamos tendo pessoas que morrem com 
taxas de incrivelmente elevadas de colesterol, com 
problemas de coração, com diabetes. Com olanzapina 
(Zyprexa®), um dos problemas é que você está realmente 
força de forma extrapolada o âmago do sistema metabólico. 
É por isso que você alcança estes enormes ganhos de 
peso, e você obtém uma diabetes. O Zyprexa® 
basicamente corrompe o “equipamento” que nós somos e 
que faz o processamento dos alimentos e da obtenção 
energética dessa comida. Então esse aspecto fundamental 
da função biológica humana é perturbado, e em algum 
momento você terá todos estes problemas pancreáticos, 
prejuízos da regulação da glicose, diabetes, etc. Isto é 
realmente um sinal que você é mexendo com algo muito 
fundamental para vida. 

Street Spirit:  Supostamente existe um aumento alarmante  
de doença mental sendo diagnosticada em crianças.  
Milhões são diagnosticados com depressão, sintomas  
bipolares e psicóticos, distúrbio de déficit de atenção e  
hiperatividade, e distúrbio de ansiedade social. Essa  
explosiva nova pre valência de doença mental no meio das  
crianças é um aumento real, ou é uma campanha de  
marketing que enriquece a indústria de drogas  
psiquiátricas, uma bonança para tais corporações  
farmacêuticas? 
RW: Você está tocando em algo que realmente se trata de 
um escândalo trágico de proporções monumentais. Eu 
converso às vezes com classes de acadêmicos, classes de 
psicologia. Você não consegue acreditar qual é a 
porcentagem de jovens que foi estabelecida que seria 
mentalmente enferma desde crianças, de que algo estava 
muito errado com elas. É absolutamente fenomenal. É
absolutamente cruel estar dizendo que tais crianças têm 
cérebros falidos e enfermidades mentais. 
Existem duas coisas que estão acontecendo aqui. Um, 
claro, é que é uma completa tolice. Quando nos lembramos 
de nós quando crianças, você tem energia demais ou você 
se comporta às vezes de modo que não é totalmente 
apropriado, e você tem esses extremos de emoções, 
especialmente durante seus anos de adolescência. Ambos, 
crianças e adolescentes podem ser muito sentimentais. 
Então uma coisa que está acontecendo é que eles tomam 
alguns comportamentos da infância e começam a definir os 
comportamentos que eles não gostam de patológicos. Eles 
começam a definirem emoções que são desconfortáveis 
como patológicas. Então parte do que nós estamos 
fazendo é “patologização” da infância com uma definição 
inepta de trivialidades. Nós estamos patologizando, criando 
sofrimento no meio das crianças. 
Por exemplo, se você for um filho de criação, e talvez você 
tenha recebido pouco conforto na loteria da vida e crescido 
em uma família disfuncional e você é colocado num 
orfanato, você sabe o que acontece hoje? Você muito 
provavelmente vai ser diagnosticado com uma desordem 
mental, e você vai ser colocado sob um medicamento 
psiquiátrico. Em Massachusetts, algo em torno de 60 a 70 
por cento das crianças de orfanatos estão recebendo 
medicações psiquiátricas. Essas crianças não são 
mentalmente doentes! Elas conseguiram um tratamento 
injusto na vida. Elas acabaram em um lar de proteção, o 
que significa que eles estavam numa situação familiar ruim, 
e o que nossa sociedade faz? Eles dizem: “Você tem um 
cérebro defeituoso.” Não seria a sociedade que seria ruim e 
você não conseguiu uma situação justa. Não, a criança tem 
um cérebro defeituoso e tem que ser colocada sob drogas. 
É absolutamente criminoso. 
Deixe­me falar sobre desordem bipolar entre crianças. 
Como um médico disse, isso costumava ser tão raro que 
seria quase inexistente. Agora nós estamos vendo isso a 
todo momento. Os “bipolares” estão explodindo entre as 
crianças. Bem, em parte você poderia dizer que nós 
estamos apenas rotulando sem cautela as crianças mais 
freqüentemente; mas de fato, existe algo realmente 
acontecendo. Veja aqui o que está acontecendo. Você 
pega crianças e as coloca sob antidepressivo ­ que nós 
nunca costumávamos fazer 
­ ou você as coloca sob uso de um estimulante como 
Ritalina®. Os estimulantes podem criar mania; os 
estimulantes podem criar psicose. 

Street Spirit:  E antidepressivos também podem causar  
mania, como você assinalou. 
RW: Exatamente, então a criança pode acabar com uma 
crise maníaca droga­induzida ou episódio psicótico. Uma 
vez que elas têm isto, o médico na sala de emergência não 
diz, “Oh, ele está sofrendo de um episódio induzido por 
medicamentos.” Ele diz que ele é bipolar! 
SS: Então eles dão a criança uma nova droga para uma  
desordem mental causada pela primeira droga? 
RW: Sim, eles dão a ele uma droga anti­psicótica; e agora 
a criança está sob um coquetel de drogas, e ela está em no 
curso de ficar inválido por toda a vida. Isto é um exemplo 
de como nós realmente estamos criando crianças doentes. 

Street Spirit:  É como se a sociedade ou suas escolas  
estejam tentando tornar eles manejáveis e eles acabam  
pondo as crianças em uma montanha russa química contra  
sua vontade. 
RW: Absolutamente. 

Street Spirit:  Existe um número surpreendente de  
crianças recebendo Ritalina® para tratar hiperatividade.  
Mas qual menino de 10 anos de idade confinado em um  
banco escolar não é hiperativo? Você descreve que o efeito  
da Ritalina® no sistema da dopamina é bem parecido com  
a cocaina e as anfetaminas. 
RW: Ritalina® é metilfenidato. De fato o metilfenidato afeta 
o cérebro exatamente do mesmo modo que a cocaína. Eles 
dois bloqueiam uma molécula que é envolvida na re­
captação da dopamina. 
Street Spirit:  Então ambos aumentam os níveis de  
dopamina no cérebro? 
RW: Exatamente. E eles fazem isto com um grau 
semelhante de potência. Então o metilfenidato é bem 
parecido com a cocaína. Agora, uma diferença é se você 
está aspirando isto ou se está em uma pílula. Esse aspecto 
modifica o quão rápido é sua metabolização. Mas de 
qualquer forma, basicamente afeta o cérebro de igual 
forma. Veja, o metilfenidato foi usado em estudos de 
pesquisa para deliberadamente manipular a psicose em 
esquizofrênicos. Uma vez que eles descobriram que você 
podia tornar uma pessoa com uma propensão para 
psicose, dê a eles metilfenidato, e produza a psicose. Nós 
também descobrimos que as anfetaminas, como o 
metilfenidato, podiam criar psicose nas pessoas que nunca 
tinham sido psicóticas anteriormente. 
Então pense sobre isso. Nós estamos dando uma droga 
para crianças que é reconhecida em ter a possibilidade de 
ativar uma psicose. Agora, o estranho sobre o metilfenidato 
e as anfetaminas é o seguinte, em crianças, eles são 
reconhecidos de produzir um efeito paradoxal. O que a 
anfetamina faz nos adultos? Torna eles mais nervosos e 
hiperativos. Por alguma razão, para as crianças as 
anfetaminas as deixam realmente mais aquietam sua 
atividade; realmente as manterá em suas cadeiras e as 
tornam mais focadas. Então você captura as crianças em 
escolas tediosas. Os meninos não estão prestando atenção 
e eles são diagnosticados como DDHA e são colocados 
sob uma droga que é conhecida em promover psicose. A 
próxima coisa você já sabe, um número considerável delas 
não estarão funcionando bem quando elas tiverem uns 15, 
16, ou 17 anos. Algumas daquelas crianças falarão sobre 
como se sentiam quando estando sob tais medicamentos a 
longo prazo, você começa a sentir como um zumbi; você 
não sente como se fosse você mesmo. 

Street Spirit:  Vazios, emoções embotadas. E isto está  
sendo feito com milhões de crianças. 
RW: Milhões de crianças! Pense sobre o que nós estamos 
fazendo. Nós estamos roubando das crianças o seu direito 
de ser criança, o seu direito de crescer, seu direito de 
experimentar uma ampla possibilidade de plenas emoções, 
e seu direito de experimentar o mundo no mais amplo 
leque repleta de matizes de cores. Isso é que é o 
crescimento, isso é viver a vida! E nós estamos roubando 
das crianças do seu direito de ser. E tão criminoso. E nós 
estamos falando sobre milhões de crianças que foram 
afetadas desse modo. Existem algumas escolas onde algo 
em torno de 40 a 50 por cento das crianças chegam com 
uma prescrição psiquiátrica. 

Street Spirit:  Parece um enorme mecanismo de controle  
social. A sociedade dá às crianças Ritalina® e  
antidepressivos para subjugá­los e o faz para eles se  
ajustarem. Por um lado, é tudo controle e conformidade  
social. Mas também tem um enorme marketing  
recompensatório. 
RW: Você está certo, cria clientes para os medicamentos, e 
clientes esperados serem praticamente para toda a vida. É
assim que estamos sendo informados, certo? Eles são 
informados que eles vão estar sob essas drogas por toda 
vida. E num próximo estágio eles sabem, eles estarão sob 
mais duas ou três ou quatro drogas. É brilhante do ponto 
de vista capitalista. Também tem uma certa função de 
controle social. Mas você captura uma criança, e você a 
torna num cliente, e espero que ela seja um cliente vitalício. 
E brilhante. 
Atualmente nós gastamos com antidepressivos nesse país 
que o Produto Nacional Bruto de países de tamanhos 
médio como a Jordânia. Uma quantia surpreendente de 
dinheiro. A quantia de dinheiro que nós gastamos em 
drogas psiquiátricas neste país é mais que o Produto 
Nacional Bruto de dois terços dos países do mundo. 
Apenas sob esse paradigma mental incrivelmente lucrativo 
em que você pode consertar desequilíbrios químicos do 
cérebro com tais drogas. Isso funciona muito bem sob o 
ponto de vista capitalista para a Eh Lilly. Quando o Prozac® 
veio para o comércio, o valor da Eh Lilly na Wall Street, sua 
capitalização, era ao redor de 2 bilhões de dólares. Pelo 
ano 2000, o tempo quando Prozac era sua droga número 
UM, sua capitalização alcançou 80 bilhões de dólares ­ um 
aumento de quarenta vezes. 
Então, o que você necessariamente tem que examinar se 
você quer compreender porque as companhias 
farmacêuticas procuraram exaltar essa perspectiva com 
tamanha determinação. Trouxe bilhões de dólares em 
riqueza em termos de aumentos nos lucros para os donos 
e gerentes dessas companhias. Também se beneficia o 
stablishment psiquiátrico que se fortalece nas sombras dos 
medicamentos; eles fazem isso muito bem. Existe muito 
dinheiro que flui na direção daqueles que abraçaram essa 
maneira de tratamento. Existem anúncios que enriquecem 
a mídia. É tudo uma grande negociata. 
Infelizmente, o custo é a desonestidade na nossa literatura 
científica, a corrupção do FDA, e o dano absoluto feito 
contra as crianças neste país tratadas neste sistema, e um 
aumento de 150.000 pessoas inválidas a cada ano nos 
Estados Unidos nos últimos 17 anos. Essa é um registro 
impressionante do dano produzido. 

Street Spirit:  Todo mundo fica rico ­­ as companhias  
farmacêuticas, os psiquiatras, os pesquisadores, as  
agências de publicidade ­ mas os clientes tornam suas  
mentes drogadas e a danificadas por toda a vida. 
RW: E você sabe o que é mais interessante? Ninguém diz 
que a saúde mental do povo americano está melhorando. 
Pelo contrário, todo mundo diz que nós temos este 
problema num crescendo, eles culpam isto às tensões da 
vida moderna ou algo desse tipo, mas eles não querem 
examinar para o fato de que nós estamos produzindo 
doença mental. 

(*)Márcia AngelI — é autora do livro “A verdade sobre os


laboratórios farmacêuticos”, editora Record — faz parte dos 
livros sugeridos do site umaoutravisao. 

(tradução: José C B Peixoto, médico) 

Artigo do site www.umaoutravisao.com.br

Original: THE STREET SPIRIT 
1515 Webster St,#303 
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© 2002­2005 The street spitrit. 

Todos os direitos reservados. 
Publicado pelo Comitê de Serviço de Amigos Americanos 
Editor: Terry Messman

Fonte:
www.umaoutravisao.com.br
Uma Outra Visão

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