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ÍNDICE

Introdução ................................................................................................................. 02

A edificação de uma Igreja Vencedora passa pela formação de Discípulos .......... 03

Compreendendo o discipulado cristão .................................................................... 06

Estabelecendo novos líderes .................................................................................. 18

Realizando um discipulado eficaz ........................................................................... 23

Inimigos do discipulado ........................................................................................... 26

Atitudes de um bom discípulo .................................................................................. 30

Transforme o rebanho em discípulos e discípulos em discipuladores .................... 32

Atitudes de um bom discipulador ............................................................................. 34

Conclusão ................................................................................................................ 36
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INTRODUÇÃO

O discipulado não deve ser vago, sem finalidade e sem clareza de propósito.
Precisamos de metas objetivas, do tipo “levarei o irmão à maturidade em
determinado tempo”, pois isso nos fala da clareza de prazos e objetivos.
Jesus sabia que não permaneceria com seu grupo de discipulado por toda a
vida. Por isso ele sempre trabalhou com um propósito claro que se manifestou
depois de sua morte e ressurreição.
Uma vez alcançado o propósito do discipulado, inicia-se uma fase de
relacionamento de amizade.
Por exemplo, se eu ando com alguém e nós temos alvo de sermos pastores,
entendemos que quando isso for alcançado, o propósito se completou. Sendo assim,
a partir de então poderemos continuar com o mentoriamento em um outro nível.
Percebe como há certeza de propósito? Este princípio foi visto claramente no
ministério de Jesus.
A missão dos setenta discípulos foi uma demonstração clara da prática de
discipulado com propósitos. Jesus não tinha um relacionamento vago. Vemos que
Ele conduziu seu grupo de discípulos, trabalhando durante os três anos, com o
objetivo de fazê-los conquistadores.
Esse objetivo foi alcançado logo após a sua ressurreição. No livro de Atos dos
Apóstolos em especial, notamos uma explosão de potencial gerado durante os trás
anos de discipulado que tiveram anteriormente.
Com isso, toda uma geração foi influenciada através da liderança daqueles
homens. Vemos um mover com o evangelismo, curas, conversões e expansão do
reino de Deus. Tudo isso por intermédio de homens que experimentaram um projeto
de discipulado trabalhado com objetivos claros desde o primeiro momento.
Veja que desde o primeiro convite Jesus deixou claro que os transformaria em
pescadores de homens. O propósito foi colocado desde o primeiro momento “...vinde
após mim e eu vos farei pescadores de homens.” (Mt 1:17).
O propósito não era formar um grupinho fechado de religiosos, pelo contrário,
houve ensino, prática e trabalho intenso que resultou em uma igreja conquistadora.
Enfim, é sobre isso que iremos tratar nesse livro. Há na igreja contemporânea
um movimento muito forte e que tem gerado muitas distorções a respeito deste
assunto tão crucial.
Por isso, estude esse livro e absorva os princípios que trazemos, extraídos de
estudos diversos e da experiência de anos.

Prª Maria Rosangela de Oliveira Donato

Adaptação do livro “Discipulado” do autor Marco Antonio P. Borges, Videira, 2006


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CAPÍTULO 1

A EDIFICAÇÃO DE UMA IGREJA VENCEDORA


PASSA PELA FORMAÇÃO DE DISCÍPULOS

Porque de Deus somos cooperadores; lavoura de


Deus, edifício de Deus sois vós. Segundo a graça
de Deus que me foi dada, lancei o fundamento
como prudente construtor; e outro edifica sobre ele.
Porem cada um veja como edifica.

“Quem é Apolo? E quem é Paulo? Servos por meio de quem crestes, e isto
conforme o Senhor concedeu a cada um. Eu plantei, Apolo regou; mas o
crescimento veio de Deus. De modo que nem o que planta é alguma coisa, nem o
que rega, mas Deus, que dá o crescimento. Ora, o que planta e o que rega são um;
e cada um receberá o seu galardão, segundo o seu próprio trabalho. Porque de
Deus somos cooperadores; lavoura de Deus, edifício de Deus sois vós. Segundo a
graça de Deus que me foi dada, lancei o fundamento como prudente construtor; e
outro edifica sobre ele. Porém cada um veja como edifica. Porque ninguém pode
lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo. Contudo, se o
que alguém edifica sobre o fundamento é ouro, prata, pedras preciosas, madeira,
feno, palha, manifesta se tornará a obra de cada um; pois o Dia a demonstrará,
porque está sendo revelada pelo fogo; e qual seja a obra de cada um o próprio fogo
o provará. Se permanecer a obra de alguém, que sobre o fundamento edificou, esse
receberá galardão; se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas esse
mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo.” ( 1Co 3:6-15).
Nessas passagens o apóstolo Paulo nos fala a respeito do trabalho de
edificação da igreja. “Cada um veja como edifica.”
Paulo exorta-nos a edificarmos segundo o padrão da edificação divina. Ele
mesmo nos dá oportunidade de escolhermos como edificaremos essa obra e para
isso nos oferece alguns princípios.
A igreja ocupa o ponto central no projeto de Deus e todos que desejam
cumprir Sua vontade estarão envolvidos na edificação como tarefa prioritária em seu
ministério.
Esse trabalho não deverá ser realizado somente por um grupo de
profissionais religiosos restrito como pastores, presbíteros e líderes. Na verdade, a
edificação do Corpo e realizado pelo próprio corpo. De acordo com a medida da
maturidade de um cristão ele desenvolverá compromisso com essa obra.
A estrutura de muitas igrejas locais está voltada para edificar uma massa
consumista que se senta, ouve, consome e sente-se satisfeita. Um grupo que não
experimenta padrões de uma edificação prevalecente, formando apenas
consumistas religiosos. A grande parte do tempo e da energia disponíveis é investida
com a finalidade de produzir grandes eventos, todavia sem propósitos e não
contribuem para uma edificação prevalecente.
O corpo de Cristo é edificado quando vive o padrão estabelecido em
Colossenses 2:19 com relacionamentos fortes, resistentes e específicos entre seus
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membros. Relacionamentos que produzam suprimento, cooperação, crescimento e


edificação. Se isso não ocorrer, a igreja será apenas um amontoado de membros e
não um corpo bem ajustado. Um amontoado de membros não pode ser considerado
um corpo só por ter membros. Se esses membros não estiverem vinculados através
de juntas e ligamentos não haverá vida, harmonia, crescimento e multiplicação.
“E não retendo a Cabeça, da qual todo corpo, provido e organizado pelas
juntas e ligaduras, vai crescendo com aumento concedido por Deus.” (Cl 2:19).

Levando os membros a funcionarem

“Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada


no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os
em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as
coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até a
consumação do século.”(Mt 28:18-20).
Vemos no texto acima o trilho da edificação da igreja. Alguns ingredientes são
necessários para que esse padrão seja cumprido. Ingredientes como evangelismo,
batismo e discipulado são indispensáveis para a edificação do corpo.
Jesus deixou explícito na Grande Comissão, quais deveriam ser as nossas
prioridades ministeriais.
O foco da Grande Comissão é o “gerar discípulos”. Ao observarmos o tempo
verbal descobrimos que o centro deste mandamento é o mesmo que sempre esteve
no coração de Deus (gerar pessoas, fazer discípulos e levá-los à maturidade cristã).
Matheteusate ou “fazei discípulos” é o único imperativo nesse texto. Os outros três
verbos encontrados nos versículos 19 e 20 estão no gerúndio – indo, batizando e
ensinando – estas são as três ações indispensáveis para a boa formação de
discípulos. Da mesma forma que Deus ordenou a Adão que crescesse e
multiplicasse, Jesus fala aos discípulos: “Vão, gerem, façam discípulos”.

Envolvimento com este compromisso traz sentido para vida cristã

Sempre encontramos pessoas que têm vivido um ministério e vida cristã


medíocres por falta de clareza e envolvimento com a vontade prioritária de Deus
para sua igreja. Esses, normalmente estão à procura do inalcançável. Qual é a
vontade de Deus para minha vida?
Esta pergunta caracteriza realidade de uma vida desconectada com o trilho
proposto por Jesus à igreja. Perde-se muito tempo, energia, oportunidade e
potencial com trabalhos que não estão em linha com a realização deste propósito.
Estabelecer compromisso em cumprir a Grande Comissão nos levará a
experimentar uma vida cristã que responda à vontade dEle.
A maximização do potencial da visão de edificação da igreja é comprometida
quando não aprofundamos na prática de discipulado dentro dos padrões
exemplificados na palavra.

A edificação de uma igreja vencedora passa pela formação de


discípulos
O discipulado é o princípio central no projeto de Deus em relação a edificação
do seu Corpo. Podemos concluir isso ao avaliarmos nosso padrão, Jesus. Ele é o
prumo que devemos usar.
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Muitas igrejas locais têm sido edificadas como uma construção


comprometida, cheia de rachaduras, bases apodrecidas e materiais de baixa
qualidade. Tais falhas comprometem qualquer construção. Isso ocorre durante a
edificação do Corpo de Cristo, quando não atentamos na formação correta de
discípulos.
Se a nossa ênfase estiver em formar meramente uma igreja de multidões, não
experimentaremos o padrão de edificação que está em linha com a perfeita vontade
de Deus. Perderemos tempo se o rebanho não estiver sendo edificado em linha com
o padrão, Cristo. Edificar fala da vida de Cristo sendo formada na vida das pessoas,
fala de sermos transformados à sua semelhança dentro do processo de
amadurecimento.
Jesus priorizou o relacionamento de discipulado com o grupo de doze
homens. Aqueles homens foram edificados durante três anos a fim de se tornarem
base da igreja e darem continuidade ao seu ministério.
Aqueles homens aprenderam o padrão do compromisso, serviço, amor,
santidade e os princípios do Reino de Deus. Foram transformados em colunas na
edificação e expansão da igreja ao longo dos séculos. Por meio do discipulado, Ele
transformou aqueles homens em colunas vivas, e esse deve ser o alvo de um
discipulado bem realizado.
Só poderemos edificar uma igreja vencedora se houver a prática efetiva de
discipulado. Um erro que compromete a edificação da igreja acontece quando não
há uma prática eficaz deste.
Sendo o discipulado o centro da Grande Comissão e a estratégia para
experimentarmos a edificação prevalecente, necessitamos ter uma impressão
correta acerca dele.
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CAPÍTULO 2

COMPREENDE NDO O DI SCI PULAD O CRI ST ÃO

Durante seu ministério Jesus sempre reuniu


grandes aglomerados. Notamos, por exemplo,
textos que relatam a presença de cinco mil homens
escutando-O, sem contar crianças e mulheres.
Entretanto, esse grande povo não ocupava um
lugar de prioridade.

Podemos notar pelo menos três tipos de relacionamentos que jesus


desenvolveu em seu ministério terreno, esses relacionamentos mostram uma clara
diferença entre os níveis de vínculos desenvolvidos por Jesus em sua vida
ministerial. Vejamos:
1. Relacionamento com a multidão
“Seguia-o numerosa multidão porque tinham visto os sinais que Ele fazia na
cura dos enfermos”. (Jo 6:2).
Durante seu ministério Jesus sempre reuniu grandes aglomerados. Notamos
por exemplo, textos que relatam a presença de cinco mil homens escutando-O, sem
contar crianças e mulheres. Entretanto, esse grande povo não ocupava um lugar de
prioridade. O nível de resposta e de compromisso da multidão é pequeno, inseguro
e desconhecido. O nível de impacto e transformação mediante Sua Palavra se torna
quase insignificante.
As multidões buscavam apenas curas e sinais( Jo 6:2), elas eram curiosas e
sempre ansiavam presenciar shows sobrenaturais. Por esses motivos Jesus
priorizou o desenvolvimento de vínculos mais profundos com seus discípulos.
Precisamos ser sábios para discernir àqueles que estão no nível da multidão,
para não incorrermos no erro de cobrar um padrão de discípulo. Não devemos gerar
grandes expectativas sobre pessoas desse grupo. Não a conhecemos e nem somos
conhecidos por ela e por não conhecermos seu coração, sua motivação e seu
compromisso, seria ingenuidade esperar algo dessas pessoas.
Jesus tinha consciência disso e sabia que aquele povo O rodeava apenas
para “consumir benção” e mesmo assim, por sua infinita bondade, o Senhor Jesus
não negava atendê-los.
Sempre quando exigimos algo da multidão ela nos abandona ou nos troca por
outros. Grande parte dos que estavam com Jesus se voltou contra Ele. As opiniões
da multidão vacilam e variam de acordo com a opinião popular. Esse tipo de gente
não está disposta a pagar o preço do discipulado, da transparência e da submissão.
A multidão nunca decidiu escolher a cruz, por isso Jesus não a priorizava.
A intimidade com Jesus sempre foi um mistério para aquela gente, por esse
motivo o relacionamento era determinado por um contato impessoal.
Outra característica que define o comportamento da multidão é a busca pelo
suprimento de suas necessidades particulares. Buscava o profeta de Nazaré quando
havia uma necessidade esporádica. Assim, o compromisso estava condicionado às
suas necessidades, por isso, a decisão de estar com ele era uma decisão provisória.
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A multidão dentro das igrejas hoje

As multidões em nossas igrejas hoje são compostas por crentes batizados que não
possuem nenhuma aliança com a igreja local. Esses irmãos buscam seus próprios
caminhos e3 são independentes. São pessoas intratáveis, afetuosamente
superficiais, não são assíduos e demonstram o desejo de se manterem sempre a
distância, tornando-se intocáveis. Não são transparentes, não expõem seus
problemas, pecados e deficiências. São pessoas que não tem nenhum compromisso
com a liderança, muito menos com os irmãos.
Como conseqüência dessas características, as pessoas que fazem parte das
multidões serão eternos bebês espirituais. São sempre conversadores, materialistas
e problemáticos. São crentes, até dão dízimo e possuem uma conduta religiosa, mas
acostumaram com os relacionamentos superficiais na igreja.
Após séculos dentro da igreja, crêem que nada existe diferente daquilo que já
experimentaram. O relacionamento da liderança da igreja com essas pessoas é
impessoal e distante. São irmãos que não têm visão e sua vida cristã está sempre
em oscilação.

O que gera multidão?

• Decepção
As decepções são procedentes de relacionamentos frustrantes, escândalos,
feridas profundas e decepções com estruturas eclesiásticas.

Características De Pessoas Decepcionadas


• Incredulidade;
• Falta de compromisso;
• Medo
O temor da rejeição, da decepção, da exploração e da manipulação leva as
pessoas a fugirem de um compromisso de discipulado.
• Síndrome de Bartimeu
Possui “Síndrome de Bartimeu” aquele que vive uma vida privada de
realidade espiritual. Os que são acometidos por essa cegueira, acham que
“vida espiritual” é sinônima de estagnação e miséria.
• Falta de compromisso
Estes sabem o que Deus quer, convivem com pessoas de visão, mas mesmo
assim, optam por uma vida sem compromisso.
Um dos motivos pelos quais à multidão é atraída à igreja é a necessidade de
preencher o vazio do bom-senso religioso que predomina no cidadão brasileiro, “se
for no culto uma vez por semana Deus se agradará de mim”, pensam alguns. Outros
buscam libertação em alguma área específica e por incrível que pareça outros
apenas querem manter seu status.
È interessante observar quanto mais pobre é o Ministério da Palavra em uma
igreja local mais problemático e estéril são seus membros.

Veja abaixo as características de pessoas inseridas na multidão:


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• Mantêm relacionamentos impessoais;


• Os diálogos são sempre muito superficiais;
• Não respondem às exigências e padrões da Palavra de Deus;
• Fogem da cobrança;
• São intratáveis;
• Possuem motivações desconhecidas;
• Não merecem confiança;
• Seu crescimento em Deus é limitado;
• Independentes;
• Infantis;
• Confusos;
• Frustrados;
• Materialistas;
• Fogem dos princípios da cruz e não toleram o desprazer;
• Egocêntricos;
• Vivem de aparência.
Este é um bom momento para avaliar se você tem sido apenas mais um na
multidão.

2. Relacionamento com os discípulos ocasionais


Jesus possuía alguns discípulos que O seguiam ocasionalmente, como por
exemplo, Nicodemos. Outro relacionamento nesse nível, e o mais ilustrativo de
todos, é o de Jesus com o jovem rico. O jovem rico era um homem que não
pertencia a multidão, pelo contrário, ele admirava Jesus.
Esse grupo possui duas características principais: fidelidade e cumprimento
da lei. Apesar de serem fiéis, não podem ser confrontados, pois voltam atrás.
Quando Jesus mostrou àquele jovem o caminho da cruz ele retrocedeu.
Há uma classe de pessoas na igreja que escuta a Palavra de Deus, ouve
conselhos de seus líderes, mas não obedece. Esses irmãos costumam ir atrás de
pastores e líderes e são bastante assíduos nas reuniões. Costumam ser apáticos
ou, às vezes, místicos.

Características:
• Raquíticos
Esses irmãos se alimentam da Palavra mas não consomem todos os
ingredientes necessários, assim permanecem anêmicos na fé. São incrédulos,
apáticos e mornos.
• Inconstantes
Chegam sempre na hora, marcam presença nos eventos, dão boas sugestões,
participam de jejuns, mostram-se intensos e então desaparecem. São
desequilibrados e inseguros.
• Místicos
Esses irmãos vivem baseados num fervilhar de revelações, sonhos, profecias,
visões e tolices. Um simples sonho torna-se uma enorme meditação profunda.
• Auto-suficientes
Esse grupo deixa-se tratar apenas superficialmente, pois quando há pressão se
fecham com facilidade ou preferem o extremo de abandonar tudo. A comunhão com
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Deus é caracterizada pela superficialidade. São convencidos de que são muito


espirituais, mas o fato de ser superficiais com seus líderes mostra que são
superficiais com Deus também.
O relacionamento construído com a liderança não é de discipulado. Andam por
conta própria gerando desunião e a multiplicidade de pensamentos. Cada um
planeja uma coisa diferente. Há uma quantidade de obras de Deus, que na verdade
são obras humanas. Uma multiplicidade de opiniões, de diretrizes e de direções,
onde cada qual caminha conforme “o que mais lhe parecer bem aos olhos”. Daí as
divisões.

Os seguidores ocasionais dentro das igrejas hoje


É interessante observar que o relacionamento dessas pessoas é mais
próximo a Cristo do que as pessoas que fazem parte da multidão. Frequentemente
criticam a multidão por sua falta de compromisso. Seu enfoque aborda apenas a
assiduidade e o ativismo.
O compromisso de apenas trabalhar na igreja não define absolutamente
nada. A falta do discipulado sim, pois produz líderes não confiáveis e imprevisíveis.
Esses irmãos são estabelecidos na igreja como líderes por causa dos seu
numerosos talentos. São pessoas com forte tino de liderança, cheias de dons
espirituais mal usados, pessoas coléricas e que falam muito. Por falarem muito e por
terem tantos talentos, são estabelecidas como líderes. É aqui que as igrejas sem
visão de discípulos caem, pois a partir daí surgem diversos escândalos.
A falta de critério bíblico para o estabelecimento de líderes e obreiros precisa
mudar urgentemente se quisermos uma estrutura de igreja mais firme e frutífera.
Para sermos estabelecidos como líderes na casa de Deus, precisamos estar
fortemente vinculados naqueles que vão nos estabelecer. Qualquer outro meio é
inseguro e gera incertezas quanto ao sucesso do novo líder. Acerta-se com uns e
frustra-se com outros. Diante dessas incertezas podemos ter muitos problemas por
estabelecermos pessoas que roubam ovelhas, que dividem a liderança, que dividem
o corpo e que saem da igreja e levam outros. Líderes cheios de orgulho e de
presunção, que possuem títulos, cargos, posições, reino, poder e glória.
Enquanto houver conveniência e agrado, enquanto forem vistos pela multidão
como líderes, enquanto recebem de Deus e possuem cargos caminham bem e em
unidade. Mas quando são confrontados, quando precisam abrir mão de posições ou
de razões pessoais se escandalizam e fogem do compromisso que haviam firmado
anteriormente.
São cegos quanto às circunstâncias que Deus gera para tratar com suas
vidas. Estão com os olhos fixados nas circunstâncias. Sem perceberem, se deixam
tomar pelo sentimento de auto-piedade ou justiça própria. Sempre estão esperando
que a liderança volte atrás e reconsidere suas colocações e posições.

Veja abaixo características de pessoas inseridas nesse grupo, o


dos discípulos ocasionais:
• Relacionamentos freqüentes, mais superficiais;
• Diálogos abrangentes, mas sem profundidade;
• Inconstantes;
• Formam vínculos por conveniência;
• Fogem de cobranças e de confrontações;
• Vivem espiritualmente entediadas;
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• Mantêm fidelidade às programações, normas e preceitos da estrutura


religiosa, mas não se deixam tratar pela cruz de Cristo;
• Nada herdam espiritualmente;
• Não possuem realidade espiritual;
• Vivem em um misticismo infantil que gera um padrão de vida cristã estéril;
• Mantêm opiniões próprias muito fortes que normalmente não tem conexão
com a Palavra de Deus;
• Falta-lhes a revelação na Palavra e percepção espiritual.

3. Jesus e os Discípulos
“E Jesus, andando ao longo do mar da Galiléia, viu dois irmãos – Simão,
chamado Pedro, e seu irmão André, os quais lançavam a rede ao mar, porque eram
pescadores. Disse-lhes: Vinde após mim, eu vos fareis pescadores de homens. Eles,
pois, deixando imediatamente as redes, o seguiram. E, passando mais adiante, viu
outros dois irmãos – Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, no barco com o seu
pai Zebedeu, consertando as redes; e os chamou. Estes, deixando imediatamente o
barco e seu pai, seguiram-no”. (Mt 4:18-22)
“Então designou doze para estarem com ele e para enviá-los a pregar , e a
exercer a autoridade de expelir demônios” (Mc 3:14-15)
Através desses e outros textos vemos que o relacionamento priorizado por
Jesus foi o relacionamento de discipulado estabelecido com os seus discípulos. Aqui
a proximidade foi total. A intimidade e a liberdade de expressão foram próximas. O
compromisso e a renúncia também foram totais. As motivações dos discípulos e o
potencial de resposta de cada um foram intimamente conhecidos. Sobre essa base
exemplar de discipulado os desafios foram realizados.
Discipulado nos fala de cruz. É interessante vermos que Jesus trabalhou
com homens comuns que não possuíam formação religiosa e transferiu a eles todo
Seu ministério, assim como a unção, a autoridade e a experiência de vida.
Em seu ministério, Jesus focalizou o cuidado pessoal desses homens, para
que esses, uma vez edificados e preparados para obra, continuassem a estabelecer
a igreja.
Não podemos perder tempo com aqueles que não querem andar dentro do
padrão do discipulado. É natural que alguns queiram andar sem esse compromisso,
mas nós, como discipuladores, não podemos dar a primazia para esse tipo de gente.

Características dos verdadeiros discípulos:


• Intimidade com o discipulador;
• Resposta correta à Palavra de Deus;
• Submissão;
• Crescimento constante e desobstruído;
• Tratável;
• Ensinável;
• Motivação conhecida e correta;
• Dependência de Deus;
• Vida de Vitória;
• Ministério desenvolvido e reconhecido;
• Clareza dos princípios da Palavra de Deus.
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Ampliando a visão sobre discipulado


Não tenho a pretensão de trazer novidades, mas pretendo compartilhar
alguns princípios que aprendi e que tem sido de grande utilidade. Acredito que essas
riquezas podem ser de grande valor para aqueles, que como eu, procuram a
aprender a cada dia sobre este princípio indispensável na edificação da igreja.
Antes de estabelecermos uma definição ou conceito sobre discipulado é
necessário entendermos os conceitos equivocados que existem acerca dele.
Há idéias equivocadas que devem ser rejeitadas por aqueles que desejam
estar na prática de um discipulado eficaz nos moldes bíblicos. Veja os conceitos que
parecem, mas não são corretos:

Discipulado não é uma sala de aula


Essa forma de instruir traz alguns resultados positivos, mas torna-se
impessoal e gera poucos frutos. A deficiência que vemos hoje na formação cristã na
igreja é que ficamos presos apenas a esta forma de ensino.
Jesus ordena a igreja a fazer discípulos e ensina-los a guardar os
mandamentos de Deus. Ele não disse:” ensine-os entender”. O ensino de púlpito ou
de sala de aula faz exatamente isso, gerando uma multidão de consumistas. O que
levou aqueles homens a serem semelhantes a Cristo foi o vinculo sólido e profundo
com o mestre.
O método praticado por Jesus é o do “ensinar a guardar”, e este ensino só é
atingível com profundo grau de identificação entre as partes envolvidas. O discípulo
enxerga a realidade da vida do discipulador e anseia adquirir a mesma realidade.
Jesus não tinha uma sala de aula, mas relacionava-se.
O discipulado eficaz é praticado diariamente e não em uma sala de aula. Não
é caracterizado por metros quadrados, e sim por relacionamento entre discípulo e
discipulador, que pautados pela Palavra de Deus, vão diariamente experimentando
níveis de transformação genuína em seus caracteres, alcançando o alvo do “Cristo
em Vós...” (Cl 1:27)

Discipulado não é um aconselhamento esporádico


O aconselhamento ocorre quando um determinado irmão possui alguma
necessidade ou problema. Esse, por sua vez, procura alguém mais experiente, um
pastor ou um líder a fim de receber conselho e direção. Esse tipo de relacionamento
não pode ser considerado um tipo de discipulado.

Discipulado não é um estudo bíblico


Em um relacionamento de discipulado cada parte tem seu papel. O papel do
discipulador e ensinar, instruir, armar, equipar, adestrar, tornar o discípulo ínfimo
conhecedor das armas espirituais, torna-lo um perigo para o reino das trevas, e
então, após toda essa preparação e treinamento o discípulador envia-o.
Também precisamos entender que não são os programas que vão instruir
nossos discípulos. A Palavra de Deus diz que é o Espírito Santo é o responsável
pelo crescimento e transformação de um crente, podemos notar essa verdade
quando Paulo escreve a igreja de Filipos que “Aquele que em vós começou a boa
obra há de aperfeiçoá-la”. Quando oramos e pedimos a Deus que nos forme, Ele vai
nos responder levando-nos a entender onde devemos mudar. Após isso, o próprio
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Deus gerará circunstâncias para nos moldar, Ele é um Deus prático. É


principalmente nesse contexto que devemos responder positivamente a Ele.
Assim, um vínculo de discipulado não exige um programa rígido ou um
currículo previamente estabelecido a ser cumprido. Pelo contrário, existem duas
pessoas profundamente abertas e dispostas a relacionar-se e aguardar
circunstâncias geradas pelo Espírito de Deus a fim de se moldarem ao caráter do
Filho de Deus.
Estudos bíblicos geram uma formação teórica e teológica que normalmente
são desprovidas de conhecimento espiritual. Esse método não gera o fruto de
revelação da Palavra necessário para que haja transformação genuína.

Definindo Discipulado
O discipulado acontece quando uma pessoa toma a decisão de aprender e
crescer, através de um relacionamento, com alguém mais experiente na fé. Esses
então são ligados no reino do espírito e a partir de uma aliança estabelecida, andam
em compromisso de submissão e transparência. Tudo isso com o objetivo de serem
moldados e cumprirem o propósito que Deus estabeleceu para suas vidas.
Discipulado é o compartilhar de vida através de relacionamentos que
possuem o crivo da Palavra de Deus.
Esses vínculos geram alguns ônus para as partes envolvidas no
relacionamento. Há um alto preço a ser pago que implica muitas vezes, tomadas de
decisões e objetivos cumpridos.

Mentoriamento: Um novo conceito


No decorrer do tempo a palavra “discipulado” foi distorcida. Algumas idéias
erradas foram ensinadas, gerando o “pseudo discipulado”.
Uma das distorções mais comuns é a idéia de que o discipulado gera
manipulação e exclui a espontaneidade das pessoas.
Essas e outras distorções ocorreram pela falta de uma compreensão clara e
equilibrada desse conceito. Por isso é oportuno mencionar a terminologia moderna
do conceito de discipulado, o mentoriamento.
A palavra mentoriamento foi originada através de uma lenda da mitologia
grega. Mentor era o nome do conselheiro de Ulisses. Certa vez, Ulisses partiu para
uma longa viagem e confiou o treinamento de seu filho, Telêmaco, ao seu
conselheiro, o Mentor.

Mentorear é:
• Compartilhar os recursos dados por Deus;
• Capacitar outros a vivenciarem um projeto de vida cristã vencedora;
• Maximizar o potencial das pessoas envolvidas no processo.

Existem três tipos de mentoriamento:


1- Mentoriamento ativo
Esse é o discipulado em sua forma mais pura. Assim duas ou mais pessoas
assumem o compromisso de estabelecerem um relacionamento de aprendizagem e
monitoramento para alcançarem um alvo proposto.
2- Mentoriamento ocasional
Nesse nível de mentoriamento não existe nenhum compromisso estabelecido
entre as partes, sendo assim, ele acaba acontecendo naturalmente, como por
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exemplo, em um aconselhamento. Ao dar aulas, o professor também estará


praticando um mentoriamento ocasional.
3- Mentoriamento Passivo
No mentoriamento passivo, o discípulo segue o outro através de pregações,
exemplos de vida e livros. Essa situação poderá ocasionar uma falta de
relacionamento ativo entre discípulo e discipulador. Às vezes o discípulo passa toda
sua vida sem conhecer pessoalmente seu mestre.
Dos modelos supracitados, o mentoriamento ativo é o melhor método de
edificação da igreja. Isto é visto claramente através da prática de Jesus. Ele separou
doze discípulos estabeleceu o padrão ativo de mentoriamento entre eles.

Construindo um relacionamento saudável


Em um relacionamento de discipulado/ mentoriamento existem pelo menos
quatro aspectos que devem ser observados:

1-Atração
As pessoas tentam viver de acordo com as expectativas daqueles que
admiram e respeitam.
Essa atração estimula o trabalho duro e motiva as partes envolvidas a
responderem apropriadamente a Deus.
È imprescindível haver seriedade por parte do discipulador. Muitos se tornam
mercenários, aproveitando da situação para tirar vantagens dos seus discípulos.
Esse tipo de discipulador não pode ser considerado pastor, pelo contrario, é um
mercenário carrasco.

2- Relacionamento
O discipulador não se preocupa em transmitir um ensino acadêmico, mas em
relacionar-se com o discípulo. Discipulado não é um sistema acadêmico religioso e
não deve ser uma mera prática de transmissão de conteúdos teóricos.

3- Modelo
Todas as pessoas possuem referenciais, homens e mulheres que se tornam
modelos a serem seguidos. Existem outros que são “super espirituais” e costumam
dizer; “Ah! Eu olho somente para Jesus”, esses querem ser espirituais, mas são
apenas crianças na fé.
Ser modelo é ser transmissor de um DNA e de um padrão. Isso nos fala de
ser fiéis a um padrão e cultivar uma visão coerente da Palavra de Deus.

4- Prestação de Contas
Não existe discipulado sem prestação de contas.
Para evitar desapontamentos no relacionamento de mentoriamento é melhor
inicia-lo estabelecendo o padrão claramente. Questões como freqüência dos
encontros entre as partes, atribuições de cada um, o material a ser utilizado, os
limites de autoridade e tempo de mentoriamento devem ser colocados claramente.

Discipulado e paternidade Espiritual


“È bom ser sempre zeloso pelo bem e não apenas quando estou presente
convosco, meus filhos, por quem, de novo, sofro as dores de parto, até ser Cristo
formado em vós...” (Gl 4:18-19).
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O trabalho do apóstolo Paulo, um dos maiores discipuladores que a igreja já


viu, tinha como principal objetivo levar as pessoas a experimentarem a maturidade
em Cristo Jesus. Através dos textos citados podemos notar, que havia um aspecto
de discipulado muito interessante na vida do apóstolo, a paternidade espiritual.
Ser um discipulador requer também o coração e a pratica da paternidade
espiritual. A relação de discipulado que não manifesta este aspecto, normalmente
resulta em uma relação meramente gerencial que produzirá apenas números,
perdendo assim a oportunidade de experimentarem o amor, maturidade e uma série
de benefícios. Devemos entender que o alvo a ser alcançado através do
relacionamento entre discipulador e do discípulo é a maturidade cristã e a
maximização de potenciais (Gl 4:19 / Ef 4:13; 4:15 / Cl 1:22; 1:28 e 5:22-23).
Temos presenciado dias de uma geração complexa, destruída e muitas vezes
falida. A raiz dessa situação está no fato de que cada vez menos tem se
experimentado uma paternidade segundo o modelo de Deus. Esse fato tem ocorrido
também na vida espiritual de milhares de irmãos.
Como discipuladores não podemos ignorar esse aspecto. Discipular com o
coração paterno nos levará a ver o crescimento de nossos discípulos, que
experimentarão o projeto de uma vida cristã significativa e frutífera. Devemos ser
vistos como agentes de bênçãos.

Considerações sobre paternidade espiritual


• O pai é aquele que ajuda o filho a formar sua identidade. Isso ajudará a
formar uma personalidade equilibrada e levar-vos-à a uma vida adulta
ajustada, madura e abençoada;
• A paternidade espiritual também desenvolve o físico, o espiritual e o
emocional;
• A paternidade espiritual também nos modela nos ensina e nos ajuda a
relacionarmos saudavelmente com o próximo.

Discipulador e pai
Note bem algumas características de um discipulador que também é pai:

• Refugio
O discipulador é aquele em quem o discípulo pode encontrar refúgio (Sl 3:3 /
5:11-12 / 59:16-17).
• Amigo
O discipulador deve ser cordial e íntimo. Isto implica em oferecer disponibilidade
de tempo e abertura para o compartilhar experiências e problemas. (Sl 5:3)
• Sustentador
O discipulador sustenta o discípulo em suas dificuldades.
• Um companheiro
O discipulador é alguém que ama seu discípulo. Precisa gostar de estar com ele.
Esse companheirismo gera uma relação de paz e alegria.
• Conselheiro e guia
O discipulador deve ser uma das primeiras pessoas a quem o discípulo recorre
quando precisa de ajuda para tomar decisões. Além disso, ele ajuda e estimula o
discípulo a avançar. A disciplina também se encaixa aqui, pois quem ama
disciplina. Disciplinar significa orientar, educar e supervisionar as escolhas.
• Perdoador
DISC IP UL ADO 15

O discípulador não deve guardar rancor, pelo contrario deve perdoar sempre.
Filhos cometem erros, principalmente na fase de crescimento. Ele deve conduzir
a relação com amor e não com ira, rigor, ameaças, críticas ou aspereza.
• Confiável
Quando o discípulo percebe que pode confiar no discipulador e que ele é
confiável, haverá um ambiente estável e propício ao crescimento.

Sugestões:
• Priorize e realize reuniões de discipulado com prazer e espontaneidade;
• Comam juntos;
• Jejuem e orem juntos;
• ]Pergunte e fale sobre os sonhos de seus discípulos;
• Proporcione boas surpresas;
• Emocione-os;
• Fale sobre sua vida;
• Estabeleça projetos juntos;
• Honre-os;
• Use sua criatividade.
• È tempo de experimentarmos e exercitarmos paternidade espiritual através do
discipulado a fim de proporcionarmos edificação de discípulos vencedores.

O preço do discipulado
“...E quem não toma a sua cruz e vem após mim não é digno de mim. (Mt
10:38)
Estabelecer uma igreja de vencedores é sinônimo de edificar uma igreja de
discípulos. Uma coisa é ter uma multidão de salvos e a outra é ter um povo que
aprendeu e decidiu a pagar o preço de se tornarem discípulos. Ser discípulo tem um
preço, e esse preço é a cruz.

A cruz no discipulado
A cruz era o método usado pelos romanos para executar os criminosos. Para
um criminoso, a cruz era sinônimo de sofrimento. Ela não era fruto de uma escolha,
pelo contrário, era imposta.
Jesus, entretanto não foi forçado a carregá-la. A cruz tornou-se o instrumento
para cumprir o propósito de Deus. Ele não foi forçado a morrer como criminoso, mas
por livre escolha estava disposto a morres a fim de liberar a vida de Deus para gerar
a igreja.
O próprio Jesus disse: “tome sua cruz”. Cruz é a vontade de Deus e
sofrimento para o nosso ego e nossa carne. Cruz é não agradar a nós mesmos e
sofrer dano. Sabemos que Jesus não apenas morreu na cruz, mas viveu vida de
cruz.
Sem cruz não há prática do discipulado genuíno pois não haveria
transformação, quebrantamento, formação de caráter, submissão, amadurecimento,
vida de Deus e frutos do Espírito.
Só a cruz gera um verdadeiro discípulo com um coração voltado para o
Senhor, livre e disposto a obedecê-lo. A cruz nos capacita a viver a vida de Cristo e a
multiplicá-la em todas as pessoas.
Somente a cruz no discipulado poderá gerar a maturidade.
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A imaturidade está relacionada com o egocentrismo. Ser imaturo é ser


egoísta, é deixar o ego no centro. Através desta compreensão, notamos que um
discipulado eficaz é aquele que busca a maturidade, isto é, vive no principio da cruz.

Cinco características de um discípulo que experimenta o principio


da cruz:
Há pelo menos cinco características de um bom discípulo que vive pelos
princípios da cruz. Vemos essas características ocorrerem claramente na vida de
Jesus. Ele não apenas morreu na cruz, mas toda sua vida foi uma vida de cruz.
1. Desenvolve um coração submisso
O primeiro grande teste na vida do discípulo é o teste de ser submisso às
autoridades. Sem dúvida, essa também foi a primeira lição que Jesus aprendeu na
vida. Seria ingenuidade pensar que Jesus não precisou aprender coisa alguma (Hb
5:8).
Lucas diz (Lc 2:41-51) que Jesus não somente obedecia seus pais, mas que se
submetia de coração a eles. Ele sabia quem era e Sua origem, mas mesmo assim
se submetia. Aos doze anos Jesus, já discutia com doutores, mas permanecia com o
coração correto. Maria, ainda que fosse uma santa mulher de Deus, não era culta,
pois era extremamente pobre e não tinha previlégios e oportunidades. É muito fácil
nos submetermos a quem sabe mais do que nós mas é difícil ser submisso a quem
sabe menos. Isso exige renúncia do orgulho, do desejo de ser reconhecido e do
desejo de ser alguma coisa aos seus próprios olhos.
2. Desenvolve um coração ensinável
Ser ensinavel é estar aberto para aprender sempre, com qualquer um. Jesus
foi batizado por João Batista diante de todos. Isso era muito perigoso, pois, mais
tarde, algum fariseu poderia dizer “acaso não estivemos juntos nas aulas de batismo
de João?”, isso certamente deve ter acontecido, Jesus aprendeu muitos princípios
com João Batista, pois usa algumas ilustrações feitas por João Batista (Comparar Mt
3:10 com 7:16-20) no sermão da montanha. Deve ser bastante constrangedor, para
Deus, ser colocado ao lado de pecadores a fim de serem batizados como iguais.
Esta é a segunda lição que um bom discípulo precisa aprender.

3. Aprende a vontade de Deus


Não é função nossa criar métodos. Deus tem uma obra para ser edificada e
através da narração de João (Jo 5:19, 5:30 e 8:28), notamos que Jesus fazia
somente o que Jesus mandava.
Não havia lugar para o “eu acho” ou o “eu penso”. Nós somos construtores e
devemos executar a planta que Deus projetou antes da fundação do mundo. Deus
não aceita materiais humanos em Sua obra. Muitos de nós queremos fazer o que
bem entendemos e isso mostra claramente a falta de clareza do princípio da cruz.
“Não mais eu vivo, mas Cristo vive em mim”, tudo está sob o controle divino.

4. Vence a auto preservação


Pedro ingenuamente (Mt 16:21-34) incitou Jesus a ter dó de Si mesmo,
julgando com isso, estar fazendo um ato de amor. Jesus, no entanto, foi severo,
como raramente vemos na BÍBLIA. E Exatamente em função de ter sido tocado
numa das áreas mais sensíveis do homem, o amor próprio. É propósito de Deus que
alcancemos o nível de maturidade em que abramos mão até mesmo da própria vida.
“Quem amar a sua vida, perdê-la-a...”. Quando o discípulo entende esse princípio
passa a viver para agradar ao seu Senhor. O único direito que temos é o de amá-Lo.
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5. Rejeita a glória humana


Jesus poderia ter sido coroado rei de Israel (Jo 12:12-28), mas Ele preferiu a
vergonha da cruz, pois esta era a vontade de Deus.
6. Obedece
O plano de Deus é que cheguemos como Jesus, a completa obediência (Mt
26:36-46). Deus não obrigou Jesus ir para a cruz. No Getsemani , Jesus orou até
saber a vontade de Deus. Quando Deus revelou que a sua vontade era a cruz,
Jesus se levantou e caminhou até ela. O principio da cruz não está relacionado com
a questão do pecado propriamente dito, mas sim com aquilo que, mesmo não sendo
pecaminoso, deve ser abandonado ou colocado em segundo plano.

7. Servo
“O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir”. Nós somos
chamados para servir aos santos sem distinção. Isso implica em levarmos o nosso
interesse de sermos servidos à cruz. Nosso ego deseja que todos estejam a nossa
disposição sempre, a cada momento, e de preferência, que nos tratem com toda a
atenção. Mas, o Espírito Santo nos desafia a negarmos isso e a fazer aquilo que
esperávamos que fosse feito a nós. Devemos servir aos outros com um coração
perfeito e isso só acontece se renunciarmos toda a expectativa de lucro. Só assim
serviremos com alegria. O resto depende de Deus que nos vê em secreto.
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CAPíTULO 3

ESTABELECENDO NOVOS LÍDERES / DISCíPULOS

O discipulado bem sucedido possui a prática de


estabelecimento de novos líderes treinados e
capacitados para discipular novos irmãos na fé.

Dicas para o estabelecimento de discípulos no paradigma celular


O discipulado bem sucedido possui a prática de estabelecimento de novos
líderes treinados e capacitados para discipular novos irmãos na fé. Isso gera,
normalmente, muita confusão em diversos irmãos, pois não sabem ao certo quais
critérios usar para isso. Neste capítulo, gostaria de dar algumas dicas práticas que o
ajudarão a ter percepção das características necessárias que o novo líder/ discípulo
deve possuir para ser estabelecido, principalmente dentro do paradigma celular:

1. O novo líder/ discípulo deve seguir o padrão da igreja


• Cada semente gera de acordo com sua espécie. Por isso precisamos
observar bem os tipos de frutos que ele tem gerado. Lembre-se que após ser
estabelecido, seu novo líder /discípulo não mudará de atitudes em função da
nova liderança, talvez isso aconteça a principio, mas a tendência é
permanecer como antes. Se o irmão sempre produziu frutos podres, não
pense que, se for estabelecido como líder, passará a produzir frutos maduros;
• Compare-o com o padrão da igreja. Ele seria um bom exemplo? Você precisa
saber que por onde for, levará consigo o nome e a representação de sua
liderança. Você se orgulharia de tê-lo como representante legítimo ou
pensaria diversas vezes antes de delegá-lo essa importante função? Seu
nome e o nome da igreja estão em jogo também;
• Um líder não pode ser difuso. Não estabeleça um líder que mantenha práticas
diferentes daquilo que a liderança prega. Por exemplo, se o padrão de
relacionamento é Corte, não admita um líder que namora. Isso pode gerar
muita confusão.
2. O novo líder/ discípulo precisa ser um multiplicador de liderança
• Alguns líderes fazem reuniões, não multiplicam discípulos. Quem não
multiplica discípulos não é um discipulador. O padrão de Deus ao longo da
história sempre foi o da multiplicação, por isso, um líder que não multiplica,
não pode ser contado como um líder;
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• O novo líder precisa sempre multiplicar-se segundo sua espécie. Por


exemplo, um pastor se torna eficaz em sua função a partir do momento que
gera outros pastores. Se este pastor não consegue gerar outros
provavelmente possui dificuldade em se tornar multiplicador de liderança;
• Esse ponto é um termômetro chave para saber qual a temperatura do
candidato. Afinal, multiplicação de liderança ocorre através de um
relacionamento de discipulado com propósitos. O fato de alguém não
conseguir multiplicar-se é diretamente proporcional com a possibilidade de
estar sendo realizado um discipulado superficial e improdutivo. Discipuladores
produtivos geram líderes.

3. As pessoas querem segui-lo? Tem influencia?


• Aqui nós checamos se ele tem exercido influencia ou se simplesmente
executou uma tarefa. Todo bom líder/ discípulo possui seguidores fiéis. Se
não há ninguém que siga você, provavelmente você não é um líder. Existem
pessoas que querem segui-lo? As pessoas possuem orgulho e satisfação em
tê-lo como discipulador? Estas são questões que precisam ser apreciadas
com cautela.

4. O novo líder/ discípulo reconhece os demais líderes?


• Se os líderes /discípulos que eu gero não reconhecem a autoridade dos
demais então uma semente de rebeldia esta presente no processo.
• A Bíblia diz que o pecado da rebeldia é como o pecado da feitiçaria. Sendo
assim, precisamos ser radicais com aquilo que a Bíblia é radical e flexíveis
com o que Ela é flexível. Nesse caso ela é extremamente radical, sejamos
assim também;
• Você já imaginou as confusões e desgastes gerados por um líder/ discípulo
que não reconhece as outras lideranças? Essas pessoas tendem a ser
independentes e arrogantes. Pensam que são boas o suficiente e que não
precisam ouvir nada de ninguém. Se eles não precisam de outros, nós
também não precisamos deles; da mesma forma que ele precisa ter
seguidores, ele precisa ser um seguidor seu. Ele tem prazer em dizer que é
seu discípulo? Gosta de estar com você ou apenas está com você por
conveniência? Verdadeiros discípulos amam seus mestres.

5.Ele respeita e é fiel as ferramentas de controle organizacional, como


relatórios e as práticas e procedimentos? Traz informações reais ou
informações maquiadas?
• Informações maquiadas são sinais de que ele está procurando apenas uma
posição e não a realidade ministerial. Os verdadeiros discípulos são
transparentes e não precisam de maquiagem.
• Ele precisa mostrar a você o que realmente é; não adianta manter um vinculo
de discipulado que não seja transparente, é como querer que os outros os
vejam através de um vidro preto;
• Se o candidato à liderança /discipulado não quer mostrar sua realidade fracas
é um forte sinal de orgulho.
6. Ele repete os ensinamentos recebidos sem constrangimento
• Quem não consegue ensinar aquilo que aprendeu com você não pode ser
seu discípulo. Se alguém se sente desconfortável ao repassar aquilo que
DISC IP UL ADO 20

aprendeu com você, passa a mensagem de que o que você ensina está
errado ou não merece atenção;
• Precisamos ser cuidadosos com aqueles que desejam ser originais
desprezando as origens. No fundo eles querem dizer que são sempre
possuidores de uma nova revelação e que não precisam de mestres, ou seja,
não possuem um coração ensinavel;
• Esses irmãos, abertamente ou nas entrelinhas discordam da visão, dos
valores e das ferramentas que temos e usamos. Não servem para estar
conosco.
7. Você precisa sentir que ele é o seu discípulo
• Se ele é discípulo de outro mas insiste em andar com você ele será um
problema, você precisa essa percepção em seu espírito. Você sente que ele é
seu discípulo de outro? Lembre-se de que comparações são sempre
prejudiciais, por isso evite-as.
8. Ele precisa ser ativo
• O líder/discípulo não pode ser passivo diante de atitudes de pecado ou
divisão na vida da igreja. O discípulo precisa ser um guardião da saúde
espiritual de seus liderados e principalmente, da igreja do Senhor. Sendo
assim, ele não pode ficar com as mãos atadas diante do pecado de seu
discípulo ou situações de divisões. Ele precisa agir com seriedade. As
pessoas passivas não se encaixam nesse aspecto; Ele não espera que
alguém faça, ele faz acontecer. Um líder não reage, ele gera reações.

9. Cuidado com aqueles que sempre enxergam o homem e não a mão de Deus
• Aquele que sempre interpreta as decisões da liderança como caprichos
pessoais ou escolhas naturais, em vez de enxergarem ali a mão de Deus,
possui uma séria tendência para a rebeldia; esses irmãos tem uma séria
tendência a serem naturais e levam decisões contrárias as suas a um nível
pessoal. Se você disse “não” a ele, provavelmente ficará magoado e vai dizer
que você não importa com ele e sempre deixa-o para o segundo plano;
• Tendem a reclamar bastante e socializar acusações e problemas. Ele sempre
é o injustiçado. Cuidado com essas pessoas elas podem contaminar outros e
gerar uma serie de problemas.

10. Cuidado com os que pressionam o discipulador constantemente para


serem reconhecidos
• Há pessoas que estão trabalhando para o homem, e não para Deus, assim
eles vivem em busca do elogio e do reconhecimento humano, quando não
recebem desistem; estabeleça aqueles que querem ser aprovados por Deus,
somente.

11.Evite os infantis
• Não existe maturidade espiritual sem uma maturidade natural
correspondente. Lembre-se que o natural denuncia o espiritual; o próprio
apostolo Paulo escreveu, em sua carta a Timóteo, que os presbíteros não
deveriam ser neófitos, ou seja, novos na fé. A imaturidade pode ser natural ou
espiritual;
• A maturidade de expressa em sensatez. Por isso, tome cuidado ao escolher,
pois existem alguns mesmo muito novos em idade, possuem maturidade
DISC IP UL ADO 21

suficiente para responder a grandes exigências. Maturidade tem mais a ver


com sensatez e bom senso do que com data de nascimento. Conheço
pastores que foram ordenados após dois anos de sua conversão;
• Atitudes mostram a cronologia da maturidade; com quem ele discute? Com
crianças? Se a resposta a essas perguntas for afirmativa, não tem dúvidas
que ele é uma. Crianças choram e levam um tempo para crescer, não force
ninguém a queimar etapas. Espere o momento certo, toda criança normal
cresce, mas, se porventura, encontrar alguma que não queira crescer não a
force, você não tem poder para isso.

12. Discípulos respeitam limites


• Quem não respeita o seu tempo também não respeitará sua palavra; quem
não respeita sua palavra, não respeita ninguém;
• Quem não respeita sua posição não seguirá sua direção. Quem não segue
sua direção não é seu discípulo, pois nossos discípulos nos seguem;
• Quem não tem o senso de limite, ultrapassa os limites do respeito.

13 Discípulos não são “ fãs”


• Assim como possuímos referenciais, somos referenciais para muitos. Isso é
bom e ao mesmo tempo perigoso, pois corremos sempre o risco de sermos
considerados infalíveis.
• Existem discípulos que sempre idealizam você e é evidente que eles vão
decepcionar-se um dia. È melhor que decepcionar-se logo pois é muito
pesado carregar o peso de perfeição;
• O problema é perceber qual será a reação deles quando isso acontecer. Se o
encanto acabar, provavelmente o abandonarão;
• Normalmente essas pessoas são rápidas demais para fazerem afirmações
sérias como “eu tenho uma aliança com você” ou “jamais abandonarte-ei”.
Desconfie daquele que “morreriam” por você. Aliança e amor são provados
com atitudes e não com palavras. Pedro também disse a Jesus que não o
negaria,mas tal promessa não durou quase nada.
• O verdadeiro relacionamento só começa quando seus discípulos enchergam
você como gente; não idealiza ninguém, nem mesmo você.

14. Discípulos pagam o preço


• Precisamos de lideres que rejeitem a auto-preservação e que estão dispostos
a avançarem, mesmo que o preço seja alto.
• Desconheço um homem que marcou sua geração que não tenham pagado
um alto preço. Se você ceder, provavelmente entrará no estilo medíocre de
vida cristã;
• Quem reclama do preço não vai paga-lo. Escolha os que possui um desejo
ardente de cumpri o propósito e que se dêem por isso. É muito bom trabalhar
com gente constante e fiel.

15. Cuidado com aqueles que nunca abrem a sua vida


• È estranho que uma pessoa nunca passe por problemas, crise ou tribulações.
Provavelmente possui problemas, mas não tem coragem de abrir-se com
você;
DISC IP UL ADO 22

• Se a pessoa é refratária a todas as perguntas pessoais ela se torna um risco.


Panelas de pressão acumulam o vapor para dentro e não se abrem. Mas,
quando se abrem você sabe muito bem o que pode acontecer; escolha os
transparentes.
• Lembre-se de um dito popular que diz que “ Quem não deve, não teme”, esse
ditado se aplica muito bem na vida cristã. Se ele não temesse a nada,
provavelmente se abriria.

16. Não podem ser melindroso


• Devemos ser cuidadosos párea não gerarmos dependências nos outros.
Dependência de homens produz ressentimento e esterilidade;
• Cuidado também com os melindrosos, pessoas maduras são tratadas por
Deus e deixa a melindre de lado. A formação de uma equipe de discípulos é
um dos principais desafios de um bom pastor ou líder. Nós não podemos
trabalhar sozinhos, pelo contrário, o próprio Jesus precisou de uma equipe de
discípulos para poder estabelecer seus projetos e visão.
Jesus não escolheu a qualquer um, Ele estabeleceu critérios sábios
para escolher a melhor equipe, e mesmo assim, houve um traidor entre os doze
escolhidos. Por isso, observe com cuidado, medite nestes aspectos citados, ore ao
Senhor e avalie aqueles que desejam ser estabelecidos por você. Busque
discernimento.
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CAPÍTULO 4

REALIZANDO UM DISCIPULADO EFICAZ

Segue abaixo algumas advertências, que são


também princípios, para que o relacionamento
entre o discipulador e seus discípulos ocorra com
eficácia.
Não se pode ignorar que existem perigos nos relacionamentos de discipulado.
Para manter um discipulado eficaz, você precisará estar atento para a certos desvios
que poderão ocorrer no relacionamento com o discípulo.
Segue abaixo algumas advertências que são também princípios para que o
relacionamento entre o discipulador e o seu discípulo ocorra com naturalidade.
Temos aqui alguns tipos de relacionamentos impróprios no discipulado. Evita-
los só trará benefícios a obra de Deus.

1. Solteiros com solteiros, casados com casados:


Os problemas de casais só devem ser tratados com quem é casado e tem
experiência na esfera familiar. E os problemas sexuais, principalmente, são os mais
difíceis para um solteiro resolver. É claro que podem ocorrer exceções, mas serão
situações bastante raras.

2. Homem discípula homem, e mulher discípula mulher.


Embora um rapaz possa levar uma moça a Cristo, e vice versa, não deve ser
ele seu discipulador. O mesmo se aplica as moças, ou seja, não é prudente uma
moça acompanhar um rapaz nos primeiros passos da vida cristã dele. Os riscos de
um envolvimento sentimental estão sempre presentes, e a relação pode acabar num
clima romântico. Se ambos fossem já maduros não haveria problemas, mas em se
tratando de um novo convertido, ele não está apto a ter um relacionamento ainda.
Portanto o melhor é evitar.

3. Inserindo o cônjuge
Você nunca deverá acompanhar uma mulher recém convertida casada ( ou
inverso também), a menos que seu esposo participe diretamente. Isso significa que
DISC IP UL ADO 24

você só fará o acompanhamento de uma mulher com seu esposo presente em todos
os encontros.
Além da evidente aparência do mal, o marido não crente vai odiar ser um
homem vier para aconselhar sua esposa em sua casa.

4. A questão da idade

Quando o novo convertido é muito mais velho e muito mais experiente que o
discipulador, há um risco de, em vez de salgar, o discipulador venha ser salgado
pelo outro, em vez de influenciar acabe sendo influenciado.

5. Evite a manipulação

Cuidado com o assenhoramento sobre a vida do discípulo. A Palavra de Deus


diz para guardarmos o rebanho de Deus que há entre nós, não como constrangidos,
mas, espontaneamente, como Deus quer. Não como dominadores, antes tornando-
nos modelos do rebanho (I Pe 5: 2-3).
O ato de “seguir” deve ser decorrência do exemplo, não da manipulação.

6. Evite o farisaísmo
Não tente mudar a pessoa baseada em seus preconceitos pessoais. Não
queira mudar o exterior se o inteiro ainda não foi mudado. Não prenda-se a coisas
exteriores, mas leve o discípulo a ter uma experiência intima e profunda com Deus.

7. Não seja negligente


Não seja negligente com a pontualidade e também não desmarque um
encontro de discipulado na ultima hora, a não ser que haja uma razão realmente
forte para isso. Essas atitudes podem comunicar indisposição, má vontade ou
rejeição mesmo. Lembre-se que você é o padrão para eles, portanto cuidado para
não decepciona-los com atitudes como falta de pontualidade e inconfidencialidade,
etc.
Providencie tudo o que for necessário para o crescimento deles, como DVD
de pregações, CDs de música e livros.

8. Tenha bom senso


Evite tomar o tempo do discípulo desnecessariamente. Seja cuidadoso para
não ter encontros em horários impróprios, como muito tarde da noite, nem em
lugares muito movimentados onde não seja possível a privacidade.

9. Não seja superprotetor


Ficar guardando o discípulo o tempo todo compromete a vida espiritual dele.
Os crentes superprotegidos são inseguros e necessitam constantemente
“mamadeira” espiritual. Não faça tudo por ele. Deixe que ele se esforce um pouco
também. Por exemplo, você não tem que busca-lo de carro para todas as reuniões
da igreja ou da célula. Assim como as crianças podem ficar mimadas, os discípulos
também ficam. Isso se aplica a muitos outros aspectos da vida cristã. Deixe que ele
ande com as próprias pernas.

10. Não sufoque o discípulo


DISC IP UL ADO 25

O cuidado exagerado pode ser perigoso. Possivelmente ele se cansará de


você e da igreja. Se ele sentir-se sufocado, ele foge. Vamos ilustrar: Certo dia o
pastor disse:
- Marcos, quero confiar Pedro a seus cuidados. Quero que você discipule-o
- Pode contar comigo, pastor, meu sonho era ser um discipulador na igreja. Estarei
atento aos passos dele, garantiu. Montarei uma vigilância constante.
Mas o que o pastor não esclareceu, nem Marcos perguntou, era até onde ele
poderia ir nessa vigilância sem sufocar o outro.
Marco levou muito a sério a incumbência de ser um discipulador. Nos dias
que se seguiram logo ao se levantar, Marcos telefona para Pedro. E repetia o
mesmo ao meio dia e a tarde, sem lhe dar tréguas. E mais, “cumprindo sua
obrigação”, todas as noites ia visitá-lo, constrangendo-o e tirando sua liberdade e
ainda acrescentou uma longa lista “do que ele não devia fazer”; e como se isso não
bastasse, vigiava-o de espreita cada vez que Pedro saía de casa.
Ao fim de duas semanas o pobre novo discípulo desapareceu da igreja de
forma repentina. Isto é mais comum entre os jovens, por isso Paulo ordenou a Tito
que exortasse os jovens a serem “moderados” (Tt 2:6).
Tenha equilíbrio. Respeite a privacidade do outro e não o sobrecarregue com
excesso de atenção. Não seja ídolo.
Há discípulos que são super pegajosos. Isto é o contrário do que acabamos
de abordar. O novo discípulo ávido por aprender, toma a idéia de ter comunhão de
forma extrema.
Com isso transforma-se em “perseguidor” de seu discipulador, a ponto de não
fazer nada sem que o discipulador saiba primeiro. É um gesto até louvável, desde
que não o transportemos para os atos do cotidiano até mesmo aos afazeres
mínimos como comer, beber, dormir e trabalhar. Não permita que o discípulo seja
assim, super dependente do discipulador.

12. Liberdade não é libertinagem


O bom discipulador tem plena consciência de que Deus é um ser nobre, o que
quer dizer que seu caráter manso, moderado e prudente respeita o livre arbítrio do
homem. Deus nos criou com capacidade de livre escolha. Por isso não ultrapasse o
limite da privacidade do discípulo, tanto no nível pessoal quanto familiar.
Uma coisa é um discípulo espontaneamente contar, confessas, confidenciar
algo de sua intimidade, outro bem diferente é o discipulador forçar a entrada ou
invadir sua privacidade.
Quando a convicção de pecado provém da atuação do Espírito Santo,
naturalmente o discípulo buscará sua ajuda como irmão em quem confia, e abrirá o
coração a você.

13. Não negocie


Evite fazer qualquer tipo de negócio com o novo discípulo. Ele ainda não tem
maturidade e algo muito pequeno ainda pode escandalizá-lo.
Alem disso não dê e nem empreste dinheiro a ele. Evidentemente o vice
versa é verdadeiro: Não peça dinheiro emprestado ao novo discípulo. Se você sentir
de Deus de ajudá-lo procure fazer com sabedoria.

14. Cuidado com as críticas


Julgar não ajuda em nada. Censurar e “pegar no pé nunca mudam as
pessoas”. Ninguém gosta de ter alguém censurando o tempo todo. Como
DISC IP UL ADO 26

discipulador você é um motivador. Tenha sempre uma palavra positiva e de fé para


levantar o animo do discípulo. Lembre-se que você é um estabelecedor de alicerces
e não um destruidor de auto-estima.

CAPíTULO 5

OS INIMIGOS DO DISCIPULADO

O discípulo sempre fica analisando as palavras dos


discipuladores e pensa que por traz dessas palavras
existe algum tipo de mensagem pessoal.

È necessário estarmos atentos algumas atitudes doentias que podem se


manifestar no relacionamento do discipulado. Se estas não forem tratadas
devidamente, poderão minar ou mascarar todo o processo, causando prejuízos
gravíssimos.
Essas atitudes são como um vírus, que comprometem a saúde do
relacionamento:

1. Desconfiança Mutua
Nunca somos inteiros com quem não confiamos.
A desconfiança gera insegurança. O discípulo sempre fica analisando as
palavras do discipulador e pensa que por traz dessas palavras existe algum tipo de
mensagem pessoal.
Da mesma forma, o discipulador que tem a necessidade de ficar provando o
discípulo demonstra o mesmo erro.
O discipulador não deverá testar o discípulo, pois isso seria um claro sinal de
neurose e falsidade. Quando isso ocorre o propósito da transparência é frustrada e
pode comprometer o relacionamento.
Falta de transparência gera infidelidade e receio.
Um relacionamento marcado pela desconfiança é como uma bomba relógio, é
certo que em algum momento vai estourar.

2.Medo de rejeição
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A rejeição é um sentimento problemático que traz por de traz o receio de ser


abandonado, excluído e rejeitado.
Quando o discipulado está permeado por medo da rejeição, tanto o
discipulador quanto o discípulo viverão com receio de confrontos, impedindo assim
que as oportunidades de crescimento sejam aproveitadas.
Nesta busca por aceitação, os discípulos fazem as coisas com a motivação
errada, querem agradar ao homem, e receber dele elogio e aceitação.
Certos conflitos são grandes oportunidades de crescimento, isso ajuda a
formação do caráter de Cristo em cada um, no discípulo e no discipulador, e eles
podem gerar confiança, fé e aliança. Não há nada melhor do que resolverem
grandes problemas trabalhando em equipe.
O medo da rejeição, quando não é devidamente tratado, gera um
relacionamento superficial e de falsa harmonia.

3. Descompromisso
O relacionamento de discipulado deve ser estabelecido sobre um alicerce
sólido, de aliança e compromisso.
A fidelidade é um fator imprescindível em qualquer relacionamento. Não
consigo imaginar um relacionamento conjugal sem fidelidade. No discipulado não é
diferente, sem discípulos fiéis, não há discipulado real.
A falta de comprometimento gera um discipulado disperso e sem maturidade
cristã.

4. Não há prestação de contas


A prestação de contas é o princípio da dependência, aliança, submissão e
segurança.
Quem não presta contas demonstra um coração auto suficiente, independente
e altivo. Quem não presta contas, passa uma clara mensagem de que não precisa
aprender com ninguém.
Em Lucas 10:1-24 Jesus comissiona setenta discípulos para trabalhar em sua
seara. Nesse mesmo momento, Ele dá as instruções, e ao retornarem, os setenta
trouxeram os relatórios de suas viagens. Esse é um exemplo claro de que Deus
trabalha com ordem e prestação de contas.
A aliança e o discipulado.
Deus é um Deus de aliança, e sua obra é realizada com homens que
entenderam esse princípio. Quem nunca cantou aquela canção: “Deus de aliança,
Deus de promessas, Deus que não é homem pra mentir?”.
A parábola dos construtores nos ensina sobre a importância dos tipos de
bases que devemos escolher para estabelecermos projetos. Areia ou rocha? Essas
são as opções. Nenhum discipulado, não tenha dúvida, a rocha (material durável)
deve ser o alicerce.
Em Mateus 8:22 e Lucas 9:23 Jesus nos convida a escolher segui-lo. Ele não
impõe isso a ninguém, suas palavras são claras quando diz “Quem quiser”, nos
textos citados. A pessoa é livre para assumir um compromisso de aliança ou não.
Entretanto, as bases determinam a qualidade e a durabilidade de qualquer
projeto. É sobre a base de aliança que se constrói um relacionamento, Discipulado
sem aliança não dura muito tempo.
Jesus nos deu a oportunidade e a liberdade de decidirmos entre o caminho da
admiração ou a da decisão de segui-Lo. Tudo inicia com uma “de cisão”, cisão com
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a infância, com a independência, com a mediocridade, com a religião vazia e com a


falta de vida.
Sempre é bom avaliarmos o motivo pelo qual queremos andar com aluem.
Por vaidade? Por oportunismo? Isso não duraria tanto. O correto é andar com
alguém por entender que esse é método que Deus utilizar para levar-me ao
amadurecimento.
De acordo com essa compreensão, sugiro abaixo alguns”compromissos” de
alianças. Cada uma dessas alianças devem ser estabelecidas no momento em que
o discípulo e o discipulador iniciarem o processo. Isso pode ser feito nas primeiras
reuniões.
1.Aliança do amor incondicional
Eu escolho amar você, edificá-lo, aceita-lo, não importa o que você diga ou
faça. Eu escolho ama-lo do jeito que você é. Nada do que você fizer ou vier a fazer,
poderá me impedir de amá-lo. Posso não concordar com suas ações, mas vou ama-
lo como pessoa e fazer tudo para suporta-lo, na força do amor de Deus que habita
em mim”.
2. Aliança de santidade ( Cl 3:4-15; Ef 4:17-32)
“ Decido morrer para minha natureza terrena, não alimentando na minha vida:
prostituição, impureza, paixão, lascívia, desejos malignos, avareza, idolatria,
desobediência, velhos hábitos mundanos, ira, indignação, maldade, maledicência,
linguagem obscena, mentira, vaidade, indiferença, coração endurecido,
insensibilidade, preguiça, tomar emprestado e não devolver, amargura, cólera,
gritaria, blasfêmia, malicia e falta de perdão”.
3. Aliança de honestidade (Ef 4:25-32)
“Decido ser honesto com Deus e com você, falando sempre a verdade, não
desnudando-o, não não defraudando os irmãos, não permitindo que a ira permaneça
no meu coração, confessando e perdoando uns aos outros. Não me exaurindo de
ajudar financeiramente aqueles que necessitam, e nem de abençoar o corpo.
Trabalhar dignamente pelo Senhor e pelos nosso salvos, mantendo um coração
correto e disposto. Decido manter respeito nas palavras e encargo pela edificação
do corpo, sendo benigno e compassivo uns com os outros em Cristo Jesus”.
“Eu não vou esconder como me sento a respeito. Mas pelo Espírito Santo
procurarei conversar francamente com você de modo amoroso e disposto a perdoa-
lo quando necessário, para que nosso ressentimentos não se transformem em
amargura. Comprometo-me a ser sincero e honesto com você, pois sei que somente
crescemos quando falamos a verdade em amor (Ef 4:5) vou empenhar-me para
expressar minha honestidade de maneira sincera e respeitosa”.
4. A aliança de transferências (Rm 7:15-25)
“Decido abrir meus sentimentos, lutas, alegrias, decepções e derrotas. Vou
compartilhar deficiências na minha liderança, dificuldades da célula, duvidas e
conflitos. Não guardar segredos de meus lideres, mas ser transparente”.
5. Aliança do primeiro amor (MT 22:34-40; Mc 12:28-34; Lc 10:25-28; Ap 2:4)
“Não deixarei que o meu coração se esfrie, nem que a paixão por Cristo se
torne algo comum, mas me comprometo a amar a Deus com todas as minhas
forças, minha alma e meu entendimento. Quando perceber que deixei o primeiro
amor, me humilhares e buscarei a presença do Senhor, arrependendo-me e voltando
a prática das primeiras obras. Eu me comprometo a amor o Senhor não somente
com palavras, mas com atitudes que expressam-se no crescimento da igreja. Não
aceitarei a indiferença, apatia ou mornidão em minha vida, em minha célula. Amarei
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sempre a Cristo e a sua causa, irei em busca do perdido, compadecerme-ei do


necessitado”.
6. Aliança do compromisso (Jo 13:1-20)
“Eu me comprometo a buscar sempre em primeiro lugar o reino da justiça de
Deus. Vivendo uma vida de completa dependência do Espírito Santo. Eu me
comprometo a separar diariamente um tempo para o Senhor, buscando em oração a
boa, a perfeita e agradável vontade de Deus, Tanto para a tomada de decisões na
minha vida e na minha célula. Aceito minha liderança e suas direções, sendo
assíduo e comprometido com seus alvos dependo da Palavra de Deus e me
submeto a suas direções, lendo-a regularmente”.
7. Aliança de assiduidade
“Eu me comprometo a não ausentar-me das reuniões de discipulado exceto
em caso de emergência. Somente com a permissão de Deus, em oração,
considerarei a possibilidade de faltar. Se estiver impossibilitado de comparecer, por
qualquer razão, por consideração, eu comunicarei a você para que todos os
membros de nosso grupo saibam o que está acontecendo, para que possam orar
por mim”.
8. Aliança de oração
“Eu faço um pacto de orar regularmente por você, pois creio que isso que
nosso Pai deseja. Que oremos uns pelos outros, para sermos supridos em nossas
necessidades. Participarei ativamente de qualquer luta pela qual você estiver
passando, ajudando-o a levar o seu fardo.”
9. Aliança de empatia
“Farei tudo que estiver ao meu alcance para ouvi-lo, conhece-lo, compreende-
lo. Prometo ser sensível a você e aos seus problemas. Me esforçareis para livra-lo
do desanimo e do isolamento. Eu me comprometo a lutar ao seu lado nas guerras
em que você passar”.
10. Aliança de disponibilidade
“Eu estarei disponível sempre que precisar de mim. Tudo que tenho- tempo,
energia, entendimentos e bens – estará a sua disposição, até o limite dos meus
recurso. Quero ser o primeiro a ajuda-lo e supri-lo.”
11. Aliança da confiabilidade
“Prometo manter em segredo tudo que for compartilhar dentro do nosso grupo
de discipulado, de modo a termos uma atmosfera de confiança e transparência. Eu,
contudo, libero você para compartilhar o que for necessário com o pastor da igreja.
Eu entendo que os lideres de células submetam-se a mim e eu submeto-me a ti e
você deve prestar contas ao pastor que, por sua vez vai prestar contas ao pastor
maior – Jesus Cristo – o Senhor!” (Hb 13:17)
12. Aliança da prestação de contas
“Dou a você o direito de questionar-me, confrontar-me e desafiar-me em
amor, principalmente quando eu estiver falhando em relação a minha vida com
Deus, a minha família e ao meu trabalho como discipulador. Confio que você será
guiado pelo Espírito, quando assim o fizer. Preciso de sua correção e repreensão, de
modo a aperfeiçoar meu ministério diante de Deus. Eu me comprometo a responder
positivamente!” (Hb 12:1-15; 13:10-18)
13. Aliança da multiplicação
“Faço o pacto de empenhar-me ao máximo pelos lideres de célula que Deus
confiou a mim. Comprometo-me a sacrificar-me por você e pela nossa rede. Darei o
Maximo de mim para multiplicar todas as células debaixo de minha responsabilidade
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quero fazê-lo em nome de Jesus, para que esta cidade seja conquistada pelo amor
e graça de Deus”.

CAPÍTULO 6

ATITUDES DE UM BOM DISCÍPULO

O respeito está ligado ao cargo, titulo posição ou


meramente educação, mas o reconhecimento é a
percepção da unção sobre a vida de alguém;

1. O bom discípulo reconhece aqueles que estão ligado a ele pelo Espírito,
para multiplicação e crescimento.

“Agora vos rogamos, irmão, que acateis com apreço os que trabalham entre
vós e os que vos presidem no Senhor e vos admoestam; e que o tenhais com amor
e máxima consideração, por causa do trabalho que realizam. Vivei em paz uns com
os outros”. (ITs 5:12-13)
O discipulado só se desenvolve quando é baseado em reconhecimento e não
simplesmente em respeito.
O respeito está ligado ao cargo, titulo posição ou meramente educação, o
reconhecimento e a percepção da unção sobre a vida de alguém.
Quando você reconhece alguém, tem prazer em servi-lo, em segui—lo e tem
o interesse de receber a porção dobrada da unção que ele possui, assim como
Elizeu e Elias.

2. O bom discípulo se esforça para estar com o discipulador

“Disse, porém, Rute: Não me instes para que te deixe e me obrigue a não
seguir-te; porque, aonde quer que fores irei eu e, onde quer que pousares ali
pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus.” (Rt 1:16)
Precisamos lembrar que Rute era nora de Noemi e, portanto, sua discípula. É
notável a atitude de Rute estar com Noemi a qualquer custo.
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Muitos discípulos não fazem questão, muitas vezes, de estar perto de seus
lideres. Desconhecem a importância do investimento de tempo no crescimento de
ambos.
Alguns outros melindrosos, pensam que é responsabilidade do discipulador
estar sempre atrás dele, porem, quando vemos o exemplo de Jesus, percebemos
que o contrário é que é o verdadeiro. Ele sempre buscava seus discípulos e
desafiava a segui-lo.

3. O bom discípulo se esforça para seguir a direção do discipulador

“O homem, pois, que se houver soberbamente, não dando ouvidos ao


sacerdote, que está ali para servir ao Senhor, teu Deus, nem ao juiz, esse morrerá; e
eliminarás o mal de Israel, para que todo o povo ouça, tema e jamais se
ensoberbeça”. (Dt 7:12-13)
Nos dias da lei, a pessoa que se recusava ouvir o sacerdote e o ensino da
Palavra deveria ser eliminado.
Hoje eliminamos tais pessoas apenas da comunhão e da liderança da igreja.
Aquele que não tem o coração de discípulo e não se esforça para seguir a
orientação do discipulador, não está qualificado para a comunhão do discipulado.
Podemos parecer duros e radicais, mais apenas seguimos a orientação da
Palavra. Sendo assim, considere-a dura e radical também.

4. O bom discípulo discute seus erros e dores com o discipulador

“Assim, Davi fugiu, e escapou, e veio a Samuel, a Rama e lhe contou tudo
quanto Saul lhe fizera; e se retiraram ele e Samuel, e ficaram na casa dos profetas”.
(ISm 19:18)
Uma cena bonita é ver Davi procurando Samuel para abrir seu coração e
compartilhar suas dificuldades
Esse é um claro exemplo de um bom discípulo. Nossos lideres precisam
saber o que acontece conosco.
Tenha liberdade com seu líder e dê liberdade aos seus discípulos também,
para que se abram com você.

5. O discípulo fiel expõe claramente suas expectativas no relacionamento

Elizeu disse claramente o que desejava de Elias: “A porção dobrada de se


espírito” (2Rs 2:9)
Não comece um relacionamento com expectativas erradas.
Não inicie um relacionamento sem saber o que ambas as partes esperam do
mesmo.
Pergunte ao seu discipulador o que ele espera de você. Diga para os seus
discipulados o que você espera deles.

6. O bom discípulo recebe o manto de seu discipulador. (2Rs 9:14)

Enfim, todo relacionamento de discipulado precisa ser recheado de


“interesses” por de traz. Interesses como receber a mesma unção, os mesmos dons,
a mesma sabedoria são sadios.
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Queira receber tudo aquilo que seu discipulador tem para dar e ofereça aos
seus discípulos o que você possui.
Deus trabalha com a diversidade, sempre poderemos aprender e receber algo
de alguém, por mais estéril que possa parecer.

CAPÍTULO 7

TRANSFORME O REBANHO EM DISCÍPULOS E OS


DISCÍPULOS EM DISCIPULADORES

Os membros envolvidos neste contexto, mais cedo


ou mais tarde estarão naturalmente tornando-se
discipuladores. A multidão não edifica coisa alguma.
Quem realmente faz a edificação são os discípulos.

Microcelulas – Uma estratégia para fomentar a pratica do discipulado.


Estabelecer a prática do discipulado que gera novos discipuladores, é uma
característica de uma igreja que esta andando no caminho certo. O discipulado
centralizado em si mesmo não contribuirá em nada para o avanço do reino de Deus.
Os membros envolvidos neste contexto, mais cedo ou mais tarde, estarão
naturalmente tornando-se discipuladores. A multidão não edifica coisa alguma.
Quem realmente faz a edificação são os discípulos.
Dentro de nosso contexto celular, gostaria de sugerir uma estratégia que tem
funcionado em nosso dia a dia como igreja.
Desde algum tempo, temos experimentado o desenvolver natural de
estratégias que até então, desconheço algo tão fértil quanto o que denominamos de
Microcélulas, que é uma estratégia para fomentar um processo de apascentamento
e discipulado dentro da vida da igreja local.
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1. Estabeleça 3 discípulos/lideres em treinamento em cada uma de suas células;

2. O numero de discípulos é determinado pelo limite de cada um, conforme a


possibilidade de seu tempo e potencial. Se você tem condição de discipular mais
gente, faça isso;

3. Enquanto o discipulador não atingir seu limite, poderá remanejar para si mesmo
todas as novas células geradas pelas multiplicações;

4. Faça discípulos/lideres em treinamento verdadeiros discípulos;

5. A terminologia de uma palavra pode afetar a visão, por isso não use a expressão
” auxiliar”. A visão de ser mero “ajudante” não funciona no paradigma celular. Na
célula, o discípulo/líder não terá meros ajudantes, e sim, discípulos;

6. Tenha no mínimo um encontro semanal, nesse encontro deverá haver o liberar e o


fluir do Espírito que resultará na genuína transformação. Discipulado é um processo
cujo agente real de mudança é o Espírito Santo e não o homem. Falo isso porque
temos a idéia de que nós mesmos podemos mudar alguém. Podemos e devemos
ser fontes de inspiração, mas não se esqueça que os agentes de mudança são o
Espírito e a Palavra. Quando há vida, há transformação, prosperidade, fecundidade
e a vontade de Deus são cumpridas na vida de ambos;

7. Todos os irmãos da célula serão distribuídos entre os discípulos/lideres m


treinamento já estabelecidos. A partir daí atuarão como anjos da guarda
(consolidadores), cuidando dos novos membros. Cada membro devera saber com
exatidão quem estará o acompanhando;

8. Programe para multiplicar a célula em três outras novas. Para isso a célula deve
atingir o tamanho médio de 15 a 20 pessoas ( de acordo com cada contexto). Isso
desencadeia um processo altamente estimulante e fértil. Isso vai gerar a formação
de uma igreja sólida que crescera em quantidade e qualidade;
Uma vez realizada a multiplicação, o discípulo/líder ainda continuará liderando
uma célula, mas também será um discipulador cuidando de outras duas ou três
células. São estes os pilares de uma igreja que conquistará no futuro a sua
localidade através do desenvolvimento do processo de transformação de membros e
discípulos/lideres e de lideres e discipuladores.
Essa estratégia levara a célula, através do discipulado, a convergir todo o seu
trabalho para geração de filhos espirituais. Assim, as pessoas se tornarão agentes
de transformação de uma localidade, deixado para traz os status de consumidor
cristão.
Inserir o rebanho dentro deste modelo de edificação desencadeará um
processo de maximização do potencial de apascentamento e formação de discípulos
dentro da igreja local.
O crescimento da igreja esta baseado na formação de discípulos/lideres. A
prioridade de um líder é identificar discípulos/lideres em potencial e iniciar o
processo de discipulado e mentoriamento

Estabeleça uma revolução em sua igreja ou na sua célula, o alvo deverá ser
“gerar” através do discipulado na célula.
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CAPÍTULO 8

ATITUDES DE UM BOM DISCIPULADOR

Todo discipulador precisa ser sábio, ao ponto de


aplicar todo seu conhecimento adquirido ao longo
dos anos em sua vida diária. A sabedoria é a chave
para o sucesso e a vitória.

A sabedoria determina o sucesso da vida e no ministério de alguém. Ser


inteligente é diferente de ser sábio. Existem pessoas que possui muito conhecimento
em muitas áreas, entretanto, não consegue aplica-los em sua vida prática. Todo
discipulador precisa ser sábio, ao ponto de aplicar todo seu conhecimento adquirido
ao longo dos anos em sua vida diária. A sabedoria é a chave para o sucesso e a
vitória.
Qual é o motivo de não termos um bom casamento? Nos falta conhecimento
de como obtê-lo. Qual a razão da falta de dinheiro? Nos falta conhecimento de como
adquiri-lo e guarda-lo.
O sábio adquire conhecimento através de duas formas:

1. Através de seus erros e dos erros alheios;


2. Através de discipuladores ou mentores.

Veremos a seguir, as características de um bom discipulador ou mentor:

1. O discipulador é instrumento de crescimento – Pv 4:7 e 8:17


O discipulador é um canal de Deus para transmitir a sabedoria a seus filhos.
Ele é uma fonte de instrução.
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Já que uns do propósito do discipulado é a transmissão de vida e sabedoria,


nada melhor aprender com quem já passou por diversas experiências que um dia
ainda iremos passar. Discipulador, normalmente, possui erros e acertos em sua vida
cristã e muita coisa pode ser ensinada.
“O principio da sabedoria é: Adquire a sabedoria; sim com tudo o que possuis,
adquira o entendimento” (Pv 4:7)

2. O discipulador transfere sabedoria por meio do relacionamento – Pv 13:20

Se desejo receber algo, eu preciso me dispor a um tipo de relacionamento


que resulte numa identificação.
Como já disse ensinos práticos de vida não são ensinados em sala de aula,
pelo contrario, são ensinados por relacionamentos sólidos de discipulado.
Jesus não possuía uma cartilha de dois meses, por exemplo, para ensinar
seus discípulos. Ele utilizava suas experiências e momentos específicos na vida
cristã para ensinar-lhe por exemplo, quando uma viúva pobre depositou seu
sustento no gazofilácio, Jesus aproveitou para falar a respeito de ofertas que
impressionam a Deus, falou também a respeito do padrão estabelecido para ricos
entrarem ou não no reino dos céus. Ele não havia preparado uma lição sobre isso,
mas aproveitou o momento, extraiu sabedoria daquela circunstancia. “Quem anda
com os sábios será sábio, mas o companheiro dos insensatos se tornara mal”. (Pv
13:20).

3. O discipulador faz com que o discípulo cresça em autoridade e influencia –


Dt 34:9
A influência e a autoridade do discípulo estão ligadas ao discipulador. Aqueles
que ignoram seu próprio discipulador não recebem reconhecimento. Esse é o
padrão do plantio e da colheita.
Jesus foi conhecido como rei dos reis somente por ter sido submisso a João
Batista em seu batismo terreno.
“Josué filho de Num, estava cheio do espírito de sabedoria, porquanto Moises
impôs sobre ele as mãos; assim, os filhos de Israel lhe deram ouvidos e fizeram
como o Senhor ordenara a Moisés”. (Dt 34:9)
4. É o discipulador que garante a promoção e honra (Pv 4:8-9)
Somente aqueles que humildemente se submetem ao discipulado serão
honrados, porque somente eles crescerão em sabedoria.
João 15 diz que quando estamos enxertados na videira verdadeira,
naturalmente daremos muitos frutos. Então não precisamos ficar preocupados em
relação a isto, pois naturalmente a promoção ocorrerá.
“Estima-a, e ela te exaltará; se a abraçares, ela te honrará; dará a tua cabeça
um diadema de graça e uma coroa de glória te entregará”. (Pv 4:8-9)
5. O bom discipulador exige que você o procure
A prova do desejo e a busca. O maior equivoco é pensar que o discipulador
deve ficar atrás dos discípulos mimando-os. A postura correta é o discípulo procura-
lo.
“Eu amo os que me amam; os que me procuram me acham” (Pv 8:17)
O que impede o discípulo de procurar o discipulador é o ego. Os humildes
procuram e aprendem, mas os arrogantes sempre desejam ser procurados.

6. O bom discipulador aumenta seus recursos naturais e espirituais


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É a sabedoria que resulta em prosperidade, mas é o discipulador que será o


instrumento de transmissão desta sabedoria.
“Riquezas e honra estão comigo, bens duráveis e justiça”. (Pv 8:18)
A sabedoria também será fonte de recursos naturais que tem um discipulador
instruído que sabe como responder nas situações que aparecem.
“Porque eu vos dareis boca de sabedoria a que não poderão resistir, nem
contradizer todos quantos se vos opuserem”(Lc 21:15)

7. Seu discipulador não é necessariamente o seu melhor amigo


Seu amigo sente-se confortável com seu passado, mas seu discipulador olha
seu futuro, seu melhor amigo ignora suas fraquezas, seu discipulador as elimina.
Seu amigo é seu líder de torcida mas o discipulador é o técnico. Seu melhor amigo
destaca o que você fez corretamente, mas seu discipulador destaca o que você fez
equivocadamente para que possa ser aprimorado.
A intimidade produz cegueira. Sem intimidade não há amizade, mais muita
intimidade impede o crescimento pois nos torna cegos aos defeitos do outro.
Todos nós precisamos de um amigo que seja cego aos nossos defeitos, mas
não alcançaremos tudo e nos corrija.

CONCLUSÃO

UM CONVITE

Discipulado foi a prioridade a estratégia de Jesus e


deve ser a nossa. Ele disse: Vá indo pelo mundo e
faça discípulos. Ele dá o trilho para sermos
vencedores de fato.

Todos aqueles que almejam ter um ministério prevalecente deverão viver o


principio do discipulado. Comprometer-se com o cumprimento da grande comissão é
a chave do estabelecimento de um ministério frutífero baseado na vontade de Deus.
Viver o cumprimento da grande comissão é experimentar o movimento
multiplicador através da prática do discipulado eficaz. Discipulado foi a prioridade a
estratégia de Jesus e deve ser a nossa. Ele disse: Vá indo pelo mundo e faça
discípulos. Ele dá o trilho.
Somente através de um movimento de discipulado é possível conquistar e
povoar nossos territórios para Deus. É assim que o reino de Deus irá avançar.
Vemos isso ocorrendo na igreja primitiva. No inicio eram 120, depois um
grande movimento de discipulado que resultou na conquista do mundo conhecido
daquela época (At 8:1-4; 11:19-21; 8;25). Com os discípulos ela venceu a
perseguição, estimulou a igreja a avançar. Se não fossem discípulos a igreja não
teria expandido sobre aquelas circunstancias. Saíram para expandir novas fronteiras
(Jerusalém, Judéia e Samaria).
O apostolo Paulo também experimentou uma pratica ministerial
prevalecente. Com um ministério de 30 anos ele estabeleceu igrejas e entrou em
vários territórios porque formou discípulos. Veja um breve relato deste ministério:
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Antioquia, Icônio, Filipos, Tessalonica, Bereia, Atenas, Corinto, Efeso, Roma( At 13,
14, 16,17, 18, 19), foram igrejas fundadas por ele.
Nos bastidores do seu ministério podemos ver alguns discípulos: Timóteo (At
16:1-5), Silas (At 15:40), Lídia (At 16:40), Jasão (At 17:58), Dionísio (At 17:33),
Áquila e Priscila (At 18:1-3), Crispo (At 18:7-8), Erastro (At 19:22) e uma equipe (At
21:6).
Tanto a igreja primitiva quanto o apóstolo Paulo tiveram êxito porque
cumpriram o principio do discipulado. o crescimento não é fruto do acaso, ele é
resultado da prática de princípios.

Convido você para fazer parte deste grande


sonho eterno. Faça discípulos!

Prª Rosangela

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