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Correlacionando Educação e Educação Ambiental

De acordo com Amorim (2005) a imagem da EA no espelho da realidade sócio-


cultural é esboçada no encontro entre a Educação e as discussões, os temas, os valores,
as preocupações e as ações políticas, sociais, culturais e científicas de diferentes grupos
e movimentos ambientalistas. Não sendo apenas uma simples agregação entre a
educação e o ambiente ou uma cópia, que tem uma pequena variação devido ao
contexto em que está inserida como é a educação sexual, infantil, alimentar e para o
trânsito.

Para Zakrzevski (2003b) a EA é uma complexa dimensão da educação, que pode


ser caracterizada por uma grande diversidade de teorias e práticas, originadas em função
de diferentes concepções de educação, de meio ambiente e de desenvolvimento.

Carvalho (2003) acrescenta que a construção de uma ligação entre educação e


meio ambiente, capaz de gerar um campo conceitual teórico-metodológico que abrigue
diferentes propostas de educações ambientais, só pode ser entendida á luz do contexto
histórico. Afinal, não podemos compreender as práticas educativas como realidades
autônomas, pois só elas fazem sentido a partir dos modos como se associam aos
cenários sociais e históricos mais amplos, constituindo-se em projetos pedagógicos
políticos datados e intencionados.

Essa autora relata (2003) relata que outras correntes pedagógicas antes da EA
também se preocuparam em contextualizar os sujeitos no seu entorno histórico, social e
natural. Ressaltando que trabalhos de campo, estudos do meio, temas geradores, aulas
ao ar livre, não são atividades inéditas na educação. Questionando dessa forma qual
seria o diferencial da EA nas escolas e o que ela nos traz de novo que justifique
identificá-las como uma nova prática educativa. Sobre esta prática Carvalho (2003)
revela que,

O novo da EA é que a mesma vai além das simples práticas utilizadas


tradicionalmente na educação, ela revisita esse conjunto de atividades
pedagógicas, reatualizando-as dentro de um novo horizonte
epistemológico em que o ambiental é pensado como sistema
complexo de relações e interações da base natural e social, definido
pelos modos de sua apropriação pelos diversos grupos sociais,
políticos e culturais que aí se estabelecem. O foco de uma educação
dentro do novo paradigma ambiental, portanto, tenderia a
compreender, para além de um ecossistema natural, um espaço de
relações sócio-ambientais, historicamente, configurado e
dinamicamente movido pelas tensões e conflitos sociais.

Fundamentados nisso, sabe-se que o conceito de educação, assim como o de


ambiente, influencia e determina as escolhas educativas na EA e que a afinidade, a
proximidade e o encantamento que derivou do encontro dessas duas palavras são
marcados pela política de respeito, verdade e companheirismo (AMORIM, 2005).

A amizade entre Educação e EA segundo Amorin (2005) requer certa intimidade


para eficiência do processo, onde essa é condição necessária para que algo nos toque,
nos aconteça e nos transforme apesar dessa relação ser tensa e permeada por forças que
partem tanto de uma palavra quanto da outra, e se encontram, arrastam e fogem pelo
meio. Esse autor ressalta que,

A Educação produz para a Educação Ambiental o assombro de se


efetuarem suas práticas sem necessariamente explicitar os sujeitos, os
conhecimentos, os grupos sociais e os espaços a que se destinam. A
EA recheia-se de questionamentos em relação a seu público alvo e a
sua eficiência quando a Educação deixa de produzir sentidos em uma
sociedade de consumo, de fragmentação da percepção do real, da
centralidade nas culturas, do questionamento à idéia de verdade e da
ênfase nas relações de poder e de controle.

O autor ressalta que devemos buscar lidar menos com a identificação do que seja
um conceito, uma idéia ou uma teoria da Educação, e propor formas de trabalho em que
os seus efeitos sejam potencializadores de um campo de possíveis. Além de apostar em
uma Educação como amizade e exercício político da EA, um apelo a experimentar
formas de sociabilidade e comunidade, a propor alternativas às formas tradicionais de
transferências de informações.

De acordo com Mendonça (2007) é importante considerar que, se de um lado o


foco apenas no conhecimento científico, na organização e transmissão de informações,
pode ter um resultado limitado por não ter ressonância no corpo das pessoas para gerar
processos de mudança de comportamento, por outro lado, apenas trabalhar as questões
emotivas e focadas nos sentimentos, ainda que essencial, também não é suficiente para
gerar as mudanças necessárias. É preciso que os processos educativos atuem no centro
da vontade, o conhecimento precisa se tornar consciente.
Para isso devemos modificar a forma de transmissão dos conteúdos da nossa
educação tradicional, que se baseia na possibilidade de conhecer sem vivenciar as
informações e sem inseri-las num contexto, ou seja, sem se comprometer com o
conhecimento e sem transformá-lo num saber criando um sistema educacional formal
muito complexo e extenso em conteúdo (MENDONÇA, 2007).

Uma alternativa para essa questão é a utilização de uma metodologia que busque
ser mais reflexiva e crítica, que consiga estudar os fenômenos sociais através das
estratégias interativas, de estudos bibliográficos e que possibilite um elo teórico para a
reflexão das nossas ações, para ousar um processo de transformação de realidades em
um âmbito escolar, universitário ou qualquer outra instituição que pretendemos mudar
(SATO & SANTOS, 2003).

Uma das soluções pode ser a parceria Universidade/Escola, onde as pesquisas


desenvolvidas na academia sejam repassadas para as instituições escolares de forma
didática e prática como ocorre no presente estudo.

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