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ENTREVISTA

John Diamond, criador do


Alien Arena

http://revista.espiritolivre.org | #004 | Julho 2009

ENTREVISTA
Sami Kyöstilä, criador do
Frets on Fire

PYTHON ENTREVISTA
Análise do livro Python para Bernhard Wymann,
Desenvolvedores desenvolvedor do TORCS
GINGA
Ginga brasileira na TV
Interativa

APTITUDE
Gerenciando pacotes

PROMOÇÕES
Sorteios de kits, cds e
camisetas
COM LICENÇA

Revista Espírito Livre | Julho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |02


EDITORIAL / EXPEDIENTE

Jogos, diversão e EXPEDIENTE


Diretor Geral

muito mais... João Fernando Costa Júnior

Editor
João Fernando Costa Júnior
Chegamos nesta quarta edição em meio a muitos eventos, e
ultrapassando a barreira das 100 páginas! Como poderão ver, apesar do tema
Revisão
de capa ser sobre jogos, os eventos permearam o mês de junho e a revista Marcelo Tonieto
não poderia deixá-los de fora! Portanto, alertamos aos leitores que uma over-
dose de informação os espera. Arte e Diagramação
Com o tema de capa, Jogos e Diversão, a Revista Espírito Livre teve a João Fernando Costa Júnior
honra de ter como entrevistados diversos responsáveis por projetos mundial-
mente conhecidos e já consagrados pela comunidade. Acompanham as entre- Capa
vistas, matérias que circundam este tema tão discutido, e às vezes até Nilton Pessanha
inflamado, afinal, muitos dos leitores que nos estão lendo neste momento ain-
da utilizam softwares proprietários afim de terem uma plataforma para seus jo- Contribuiram nesta edição
gos favoritos. Esta edição tenta mostrar que é possível encontrar títulos de Aécio Pires
Alessandro Silva
qualidade contendo seu código aberto, demonstrando que a qualidade destes
Alexandre Oliva
aumenta a cada dia, assim como o número de jogos e seus fãs.
Andressa Martins
As entrevistas desta edição, que são três, revelam um pouco mais sobre Bernhard Wymann
John Diamond - criador do Alien Arena, Bernhard Wymann - líder da equipe Carlos Donizete
responsável pelo TORCS e Sami Kyöstilä, criador do Frets on Fire. Cárlisson Galdino
Cezar Farias
A equipe da revista está em constante crescimento tendo desta vez par- Cezar Taurion
ticipações de Cristiano Rohli, tratando de um tema que inflama conversas, Ce- Cristiano Roberto Rohling
zar Farias estréia uma coluna sobre Inkscape e outras ferramentas gráficas, Edgard Costa
Gustavo Freitas apresenta o SEM: Search Engine Marketing, Luiz Eduardo fa- Evaldo Junior
la de seu livro sobre Python, entre outros. Por justamente junho ter sido palco Gustavo Freitas
de vários eventos de software livre, temos várias matérias e relatos a respeitos John Diamond
destes, como poderão ver. Ari Mendes, Andressa Martins, Alessandro Silva, Jomar Silva
José Josmadelmo e Vladimir di Fiori, diretamente da Argentina, contribuiram José James F. Teixeira
de forma impecável nestes eventos que ocorreram mês passado. José Josmadelmo D. Silva
Juliana Prado
Continuamos com nossa seção de emails, com comentários e suges-
Lázaro Reinã
tões enviados para a redação da revista. Participe! Envie também o seu co- Leandro Leal Parente
mentário! Luiz Eduardo Borges
A Revista Espírito Livre trás a relação de ganhadores das três promo- Marcelo Moreno
ções da edição anterior. E uma novidade: novas promoções estão a caminho, Moisés Gonçalves
como poderão perceber, isto se deve à inclusão de parceiros que estarão co- Relsi Hur Maron
nosco ao longo das próximas edições. Basta ficar ligado na revista e no site ofi- Roberto Salomon
cial da revista [http://revista.espiritolivre.org] para não perder nenhum detalhe. Sanmara B. Guimarães
Sinara Duarte
Nossos agradecimentos a todos aqueles que tornaram e tornam este tra- Tatiana Al-Chueyr
balho possível, inclusive aos que colaboraram com as traduções das entrevis- Vladmir di Fiori
ta, Andressa Martins, Aécio Pires, Marcelo Tonieto, Juliana Prado, Relsi Hur Viktor Chagas
Maron, etc. Wallisson Narciso
Wesley Samp
A Revista Espírito Livre, através da colaboração e apoio desta forte equi- Yamamoto Kenji
pe, vem crescendo e mostra mais uma vez que chegou para ficar, que entrou Yuri Almeida
no jogo, afim de disponibilizar conteúdo de qualidade, temas relevantes, maté-
rias com o propósito de acrescentar, feita por e para leitores.
Contato
revista@espiritolivre.org

O conteúdo assinado e as imagens que o


integram, são de inteira responsabilidade
de seus respectivos autores, não
representando necessariamente a
João Fernando Costa Júnior opinião da Revista Espírito Livre e de
seus responsáveis. Todos os direitos
Editor sobre as imagens são reservados a seus
respectivos proprietários.

Revista Espírito Livre | Julho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |03


EDIÇÃO 003

SUMÁRIO
CAPA
Entrevista com
43 Evolução dos jogos para
Linux Bernhard Wymann
Verdade ou ilusão?

47 Newsgame
O embaralhamento de fronteiras entre
PÁG. 27
jornalismo e videogame

COLUNAS Entrevista com


John Diamond
11 Tron: jogando por liberdade
Zumzumzum..

PÁG. 35
14 Jogando à Velha
Torneios eram disputados...

16 Serious Game Entrevista com


Que tal um jogo sério?
Sami Kyöstilä
20 Cordel da Pirataria
E você, é um pirata?! PÁG. 39
24 Ócio Criativo
Você sabe do que isto trata?

TECNOLOGIA
ODF no Brasil
50 O que vemos pelo retrovisor e temos no
parabrisa

DESENVOLVIMENTO
104 AGENDA 06 NOTÍCIAS
53 Virado pra Lua - Parte 4
Preparando o foguete para a LUA!

55 Portais instantâneos com


Joomla
Conhecendo este gerenciador de
conteúdo
57 Python para
Desenvolvedores EDUCAÇÃO
Análise do livro
74 Computador e crianças em
casa
REDE Guia de sobrevivência para pais nas
férias

60 TCOS no Kubuntu 9.04


Instale o TCOS no Kubuntu com este
passo-a-passo
SOFTWARE PÚBLICO

GRÁFICOS 79 Ginga
Ginga brasileira na TV Interativa

65 Tranformando objetos em MULTIMÍDIA


linhas guias no Inkscape
É hora de desenhar!
84 Kernel Real-time e Áudio no
Linux
Aumente o som...
ADMINISTRAÇÃO
68 Gerenciando pacotes com o MKT
Aptitude
Segura o pacote!
88 SEM: Search Engine
Marketing
Vamos buscar...
FÓRUM
EVENTOS
71 Porque as pessoas (ainda)
preferem o Windows?
Uma boa pergunta... 89 Relato: CMS Brasil 2009
CMS e conhecimento

92 Relato: III ENSOL


Muita informação e discussões
relevantes

94 Relato: FISL10
Contra a vigilancia e o controle da
internet

98 FISL10
Liberdade e diversidade cultural

101 Relato: M3DDLA


Móvel e embarcado...
09 LEITOR 10 PROMOÇÕES
HUMOR
102 Os Levados da Breca
Helpdesk
Windows e Mac vs. Linux
Funcionário Público
NOTÍCIAS

NOTÍCIAS
Por João Fernando Costa Júnior

Seja a diferença: Mozilla Service Week! SqueakFest Brasil 2009


A Mozilla tem o prazer de anun- Os organizadores
ciar a primeira Mozilla Service convidam educado-
Week. Durante a semana de res, estudantes,
14 a 21 de setembro de 2009, pais e desenvolve-
está convocando voluntários pa- dores a participar
ra serem a diferença usando a da Squeakfest Bra-
Internet para melhorar sua co- sil, evento internacional voltado à utilização do
munidade. A Mozilla é uma co- software Squeak Etoys na Educação. Realizada
munidade global com a missão pela primeira vez fora dos Estados Unidos, a
de fazer a Internet melhor para todos. Quando Squeakfest contará com a presença de líderes
membros da nossa comunidade decidem tomar das comunidades de uso do Squeak Etoys nos
uma atitude, eles têm o poder de realmente fa- Estados Unidos, na Alemanha e em países da
zer a diferença. Busca-se pessoas que queiram América Latina que participam da modalidade
compartilhar, se engajar, criar e colaborar ofere- 1:1 (um laptop por aluno), bem como de pesqui-
cendo seu tempo e talento para organizações lo- sadores brasileiros da aplicação da linguagem
cais de interesse público, sem fins lucrativos e LOGO, atualmente inculados ao Projeto
pessoas que precisarem de sua ajuda. Quer par- UCA/SEED-MEC. Mais informações no
ticipar?! Então visite mozillaservice.org para squeakfest.org.
mais informações.

Cisco apresenta roteador Linksys 802.11n


Governo Belga torna público software usado com Linux
em máquinas de voto eletrônico A Cisco anunciou a comuni-
Após as eleições regionais dade o WRT160NL, um ro-
e européias que acontece- teador sem fio 802.11n
ram no dia 7 de Junho des- open-source que vem com
te ano, o governo belga Linux. O modelo dá mais
decidiu disponibilizar o códi- poderes ao usuário, sem
go-fonte do software utiliza- que haja necessidade de
do em suas máquinas de recorrer a hacks no firmwa-
voto electrônico. Também foi tornado público a re. Entre outras coisas, a escolha do Linux tam-
especificação do tipo de arquivo usado para a co- bém permite armazenamento e
municação entre as máquinas e os servidores compartilhamento através de USB, podendo
centrais. O software e a especificação do tipo de compartilhar arquivos para qualquer computador
arquivo estão disponíveis no site do orgão belga ou dispositivo que reconheça UPnP. O modelo
que regula os atos eleitorais e pode ser conferi- já está disponível a U$$ 120 dólares. Informa-
do aqui. ções aqui.

Revista Espírito Livre | Julho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |06


NOTÍCIAS

Amazon disponibiliza parte do código-fonte net está a ponto de converter-se no lugar mais
do Kindle DX regulado que jamais tenhamos conhecido. Isto
A Amazon, criadora Kindle se deve não somente ao poder legislativo do Es-
DX, ganhou as páginas de di- tado, mas também à arquitetura das novas tec-
versos meios nas últimas se- nologias. A ausência de uma discussão política
manas ao ser noticiado que sobre estas questões já não produz como antes
estaria disponibilizando o códi- uma liberdade por padrão. Ao contrário, deixa
go-fonte usado em seu produ- campo livre aos grupos empresariais e ao Esta-
to. O que acontece é que a do para produzir tecnologias a sua medida. Ex-
empresa disponibilizou o códi- tender esta discussão é o principal propósito
go-fonte de alguns softwares deste livro." Quer saber mais então descarregue-
que são usados em seu leitor de ebooks, mais o aqui.
especificamente o código das aplicações licencia-
das sob a GNU General Public License, cumprin- Palm libera códigos do WebOS usados em
do desta forma os termos desta licença. Assim, seu Palm PRE
a empresa está apenas cumprindo os termos
descritos na GPL, caso contrário, provavelmen- A Palm liberou recentemen-
te teria que enfrentar algum processo judicial. te a relação de softwares
open source utilizados no
Palm Pre, bem como o códi-
Conheça o pdfreaders.org! go-fonte dos seus patches.
Você, que está lendo a Revis- No site http://opensour-
ta Espírito Livre neste mo- ce.palm.com podem ser
mento, está usando um maiores informações sobre tal liberação, bem
leitor de PDF de código aber- como o downloads dos referidos pacotes. Em
to? Se não, o convidamos a um blog ligado ao site oficial da Palm é afirmado
conhecer o pdfreaders.org. que está prevista a liberação do SDK para o fi-
A iniciativa partiu originalmen- nal do verão americano.
te da Fellowship da Free Software Foundation
Europe (FSFE) e apresenta no referido endere- Maior provedor da Noruega é pressionado a
ço uma série de soluções para leitura de seus bloquear The Pirate Bay
pdfs através de softwares de código-aberto, obe-
decendo Padrões Abertos, pois estes garantem O tempo está fechando lá
a interoperabilidade, competição e escolha. pelos lados da Noruega, e
a tempestade aponta em
direção ao The Pirate
Publicado "El Código 2.0", livro em espanhol Bay, conhecido site busca-
do autor Lawrence Lessig dor de torrents. Diversos
O editorial "Traficantes de Su- estúdios de cinema e gra-
eños" publicou o novo livro em es- vadoras estão pressionan-
panhol de Lawrence Lessig do o maior provedor da
intitulado "El código 2.0", sob a li- Noruega, a Telenor, a bloquear o acesso ao bus-
cença CC e disponível para down- cador. Medidas semelhantes já foram tomadas
load em formato PDF. Segue na Dinamarca e Itália.
trecho (traduzido) do livro: "A Inter-

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NOTÍCIAS

Mozilla lança Firefox 3.5 legalizar o serviço, encontrando maneiras de pa-


Após vários meses de desen- gar aos provedores de conteúdo e detentores
volvimento, eis que a Mozilla fi- de direitos autorais sempre que uma música ou
nalmente disponibiliza a filme for baixado no The Pirate Bay. Segundo
versão final do Firefox 3.5. As Peter Sunde, co-fundador e porta-voz do The Pi-
novidades são muitas, mas rate Bay, o valor arrecadado com a venda será
provavelmente, a mais impor- usado para projetos relacionados a internet na
tante delas é o suporte do pro- forma de ativismo político. Detalhes em
tocolo HTML5, que possibilita http://thepiratebay.org/blog.
entre várias coisas o suporte
para as tags áudio e vídeo. A nova versão do Fi- Lançado PostgreSQL 8.4
refox traz ainda suporte a CSS3 e novo motor pa-
ra renderizar Javascript. Para informações e O Grupo de Desenvolvimento Global do Post-
download, visite http://www.mozilla.com. greSQL anuncia o lançamen-
to da versão 8.4,
continuando o rápido desen-
FreeDOS completa 15 anos volvimento do banco de da-
No último dia 28, o FreeDOS, sistema operacio- dos de código aberto mais
nal alternativo ao MS-DOS avançado do mundo, como
e compatível com o mes- afirma a equipe. Esta versão
mo, completou 15 anos de contém várias melhorias
existência. O FreeDOS sur- quanto a administração, consulta e programa-
giu em 1994, quando o estu- ção de bancos de dados PostgreSQL, tornando
dante de física Jim Hall estas tarefas mais fáceis do que nunca. As mu-
decidiu criar um projeto pa- danças são significativas, totalizando 293 modifi-
ra preservar o sistema, lo- cações entre novos recursos e melhorias.
go após a Microsoft anunciar que abandonaria o Informações no http://www.postgresql.org.
MS-DOS e que seu novo sistema operacional vi-
ria a ser o Windows 95. Hall então anunciou o Sistema educativo holandês torna livre plata-
PD-DOS (Public Domain DOS) em 28 de junho forma de gestão e distribuição de vídeos
do mesmo ano. Saiba mais em http://www.free-
dos.org. O código-fonte da Media-
Mosa, plataforma de ges-
tão e distribuição de
The Pirate Bay é vendido e comprador quer in- conteúdos vídeo criada
troduzir novo modelo de negócios para o sistema educativo
Os fundadores do site con- holandês, tornou-se livre.
cordaram em vendê-lo pa- O anúncio foi feito pela empresa SURFnet e pe-
ra uma rede de pontos de la agência pública de suporte de IT do setor edu-
acesso públicos na Suécia cacional da Holanda, Stichting Kennisnet. Para
chamada Global Gaming os dois órgãos, a disponibilização do código sob
Factory X por 7,8 milhões uma licença aberta, neste caso a GPLv2, irá per-
de dólares. A Global Ga- mitir que qualquer pessoa possa ajudar a me-
ming Factory X (GGF) afir- lhor a aplicação. MediaRosa é baseada no
mou ainda que quer Drupal e o seu código pode ser conferido aqui.

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COLUNA DO LEITOR

EMAILS,
SUGESTÕES E
COMENTÁRIOS Ayhan YILDIZ - sxc.hu

Você já enviou seu comentário? Ajude a revista Parabéns pela iniciativa. Aqui em São Luís do
ficar ainda melhor! Contribua, envie suas suges- Maranhão não é nada fácil encontrar apoio de
tões e críticas. Abaixo listamos mais alguns co- qualquer natureza quando o assunto é Software
mentários que recebemos: Livre, e encontrar esta revista foi muito bom.
Ribamar Costa - São Luíz/MA
A qualidade da revista está cada vez maior! Ma-
térias diversificadas com base teórica e prática. A Revista Espírito Livre é mais uma contribui-
Dá prazer em ler a revista! ção para a disseminação do software livre com
Sandro Brasileiro - Vila Velha/ES qualidade profissional aqui no Brasil. Isso é mui-
to bacana, pois, temos uma certa carência de in-
É incrível. Quando penso que a qualidade da re- formações "livres" relacionados a softwares
vista chega ao máximo, eles vêm com mais es- livres no Brasil que tenha credibilidade o que
sa edição, lançada tão pouco tempo após a não quer dizer que não sejam de qualidade, is-
segunda. A equipe Espírito Livre está de para- so é importante para citações em artigos ou tra-
béns por nos disponibilizar um material tão farto balhos acadêmicos por exemplo. Esta é uma
de qualidade e ótimas matérias de maneira total- iniciativa louvável e deve ser promovida sempre
mente gratuita. que possível.
Ricardo Martiniano da Silva - João Pessoa/PB Saulo Vieira de Almeida Filho - Contagem/MG

A Revista está cada dia mais massa e interes- Está ficando muito difícil encontrar novas pala-
sante! Parabéns a todos... continuem assim! vras para elogiar as edições desta revista. Vou
Rodolfo Azevedo Bueno - Goiânia/GO ter que comprar um dicionário especializado em
elogios. Parabenizo pela "espetacular" participa-
Logo que recebi o comunicado do lançamento ção feminina nesta edição... Cuidado: estamos
da 3ª edição da revista, entre no site correndo e dominando o mundo!!!! rsss
já baixei a minha. É claro que já estou lendo. Karla Capucho - Vitória/ES
Parabéns a todos!!!
José Raimundo O. Silva - Taguatinga/DF Gostaria de parabenizá-los pela Revista. O con-
teúdo ficou muito bom, assim como a forma de
Parabéns pela ótima revista. Desde o fechamen- abordagem. Espero que continue neste ótimo ní-
to da Revista do Linux estávamos precisando vel e que se popularize cada vez mais.
de um substituto à altura! Vitor S. Bertoncello - Santa Maria/RS
Seido Nakanishi - São José dos Campos/SP

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PROMOÇÕES · RELAÇÃO DE GANHADORES E NOVAS PROMOÇÕES

PROMOÇÕES
Na edição #004 da Revista Espírito Livre tivemos 3 promoções, onde sorteamos 5 inscrições para
cada um dos eventos que haviam em questão. Abaixo, segue a lista de ganhadores de cada uma
das promoções. Para aqueles que não ganharam fica o recado: novas promoções estão a caminho!

Ganhadores da Promoção CMS Brasil 2009:

1. Tiago Bertoni Scarton - Bauru/SP


2. Jefferson de Oliveira Marinho - São Paulo/SP
3. Sérgio Ricardo Milare - São Paulo/SP
4. Arimendes Rodrigues de Oliveira - Embu/SP
5. Henrique G. Gularte Pereira - Santa Maria/RS

Ganhadores da promoção FISL10:

1. Alexandre Alves Correa - Porto Alegre/RS


2. Bruno de Jesus Santos - Valença/BA
3. Adriana Sommacal - Porto Alegre/RS
4. Rafael Ris-Ala Jardim - Campos dos Goytacazes/RJ
5. Francisca Juscivania Mendes - Fortaleza/CE

Ganhadores da promoção III ENSOL/PB:

1. Herbert Vasconcelos Dantas - João Pessoa/PB


2. Dhérsy Gabriel Ferreira da Silva - Caruaru/PE
3. Eliara Maria Tavares - Paraguaçu/MG
4. Calismar Moreira da Cunha - Cariacica/ES
5. Marcus Vinícius de Barros Pontes - João Pessoa/PB

A VirtualLink em parceria com a Revista Espírito


Livre estará sorteando kits de cds e dvds entre os
leitores. Basta se inscrever neste link e começar a
torcer!

O Clube do Hacker em parceria com a Revista


Espírito Livre estará sorteando associações
para o clube, entre outros. Basta se inscrever
neste link e cruzar os dedos!

Revista Espírito Livre | Julho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |10


COLUNA · ALEXANDRE OLIVA

Tron: jogando
por liberdade
Por Alexandre Oliva

commons.wikimedia.org

Quem não lembra do zum- é a chave para uma nova or-


zumzum sobre o filme “Tron, dem! Este disco de código sig-
uma Odisséia Eletrônica”, em nifica liberdade!”, “Meu usuário
meados dos anos 1980? Na tem informação que poderia...
época eu brincava com videoga- que poderia tornar este siste-
mes, era fascinado por progra- ma novamente livre!” e “Este é
mação e me interessei muito o Tron. Ele luta pelos usuári-
pelo filme. No entanto, por al- os.” Fez-me pensar se Ri-
guma razão, não assisti a esse chard Stallman foi inspirado
marco na história da ficção cien- pelo filme, lançado pouco mais
tífica e dos efeitos especiais an- de um ano antes do projeto
tes de esbarrar nele, outro dia, GNU.
numa loja de DVDs na Internet. Tron, pra quem não sabe
Embora a história seja in- ou não lembra, era um progra-
teressante e sedutora como tan- ma escrito para monitorar as
tas outras batalhas entre o comunicações do mainframe
bem e o mal, e os efeitos de da ENCOM, computador con-
computação gráfica ainda im- trolado pelo malévolo Master
pressionem, levando-se em Control Program, ou MCP, ana-
conta sua idade, o que me fez grama do então prevalente
vibrar foram frases como “Esta CP/M. Kevin, brilhante ex fun-

Revista Espírito Livre | Julho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |11


COLUNA · ALEXANDRE OLIVA

cionário da ENCOM e autor de Kevin, digitalizado, encon- bertando o sistema, os progra-


vários jogos eletrônicos por ela tra Tron, feito à imagem e seme- mas, as linhas de
comercializados, tentava inva- lhança de seu autor, e muitos comunicação e os usuários.
dir o mainframe para reunir pro- outros programas apropriados Embora algum conhecimento
vas de que era ele o autor dos pelo MCP. São todos obriga- de informática ajudasse a en-
jogos que valeram muitas pro- dos a atuar em jogos eletrôni- tender alguns dos chistes do fil-
moções ao executivo que assu- cos, como gladiadores nos me, como o “End Of Line”, ou
miu sua autoria, numa jogada circos do Império Romano. A “Fim da Linha”, com que o
que lembra a compra do Quick preocupação com usuários era MCP terminava suas conver-
and Dirty Operating System pe- ridicularizada e condenada: “O sas, não precisa ser nem
la Microsoft para fornecer o sis- MCP os escolheu para servir o software nem desenvolvedor
tema operacional para o IBM sistema na arena de jogos. para compreender por que foi
PC, assim como vários lances Aqueles que continuarem a pro- tão comemorada a queda do
ainda mais traiçoeiros entre Mi- fessar a crença nos usuários re- MCP na ficção.
crosoft e Apple retratados no fil- ceberão o treinamento padrão Já no mundo real, o MCP
me “Piratas do Vale do Silício”. abaixo do padrão, o que acaba- continua espalhando o terror
MCP reclamou ao executi- rá resultando em sua elimina- entre jogos e outros tipos de
vo sobre Tron: “Não posso tole- ção. Aqueles que renunciarem programas, através de DRM,
rar um programador a essa crença supersticiosa e formatos de arquivo e protoco-
independente me monitorando. histérica serão elegíveis para a los secretos, falta de acesso
Você tem ideia de quantos sis- Elite Guerreira do MCP.” ao código fonte, desvios de pa-
temas eu invadi, de quantos Um programa de cálculo drões estabelecidos, introdu-
programas eu me apropriei?”. de juros compostos manifesta- ção à força de falsos padrões,
Bloqueou o acesso de Tron e va sua frustração com os des- computação em nuvem, licen-
seu autor, que recorreu então mandos do MCP: “Fala sério! ças excessivamente limitadas,
à ajuda de Kevin. Este acaba Mandar-me aqui para atuar em EULAs cada vez mais abusi-
sendo “digitalizado” por uma jogos?! Quem ele calcula que vas e ameaças através de pa-
máquina desenvolvida por um é?” Para um guarda do MCP, tentes de software. Se o MCP
cientista que, em discussão ameaçava: “Vocês vão deixar se valia, para acumular poder,
com o executivo, afirma que “É meu usuário muito bravo!”, ao de acesso indevido a computa-
para atender às requisições que o guarda respondia com es- dores de terceiros, um dos mo-
dos usuários que servem os cárnio: “Que maravilha! Outro tes do AI-5.0 do Senador
computadores!”, de que o exe- maluco religioso!” Na época, Azeredo, outros vilões visionári-
cutivo discorda: “Servem para ainda não chamavam aqueles os da vida real tentam levar a
promover nossos negócios”. Es- como nós, que lutamos pelos cabo o desastre que previu Bill
tava aí plantado o embate en- usuários, de xiitas ou fundamen- Gates em 1991: “Se houves-
tre o controle das talistas. sem entendido como patentes
computações pelos usuários e Depois de jogar e vencer, seriam concedidas quando a
por aqueles que se creem no di- Kevin (“Do outro lado da tela pa- maior parte das idéias de hoje
reito de obter vantagens abusi- recia bem mais fácil!”) e Tron foram inventadas e houves-
vas privando-os desse acabam escapando da arena sem obtido patentes, a indús-
controle, através de negação de jogos e, após perseguições tria estaria totalmente
de código fonte, Gestão Digital e batalhas emocionantes no es- estagnada.”
de Restrições (DRM), Tivoiza- paço virtual, chegam ao MCP Não ajuda quando desvi-
ção, direito autoral, patentes, e previsivelmente o derrotam, li- am o foco dos Trons, que lu-
EULAs e por aí vai.

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COLUNA · ALEXANDRE OLIVA

jogar o jogo para reconquistar


nossas liberdades, ou deixar
os MCPs tomarem o controle
de tudo e darem a última pala-
Precisamos de cada vra até o “Fim da Linha”?

vez mais Richards e Trons para Copyright 2009 Alexandre Oliva


fortalecer a Aliança Rebelde na Cópia literal, distribuição e publica-
luta pelas liberdades... ção da íntegra deste artigo são permi-
tidas em qualquer meio, em todo o
mundo, desde que sejam preserva-
das a nota de copyright, a URL oficial
Alexandre Oliva do documento e esta nota de permis-
são.
http://www.fsfla.org/svnwiki/blogs/lxo/
tam pelos usuários, e glorifi- pub/tron-jogando-por-liberdade
cam os Kevins, que entraram vin apenas por acaso participa-
na história em busca de diver- ram de batalhas cruciais na
são e atrás de seus próprios in- longa luta pelos usuários e cer-
teresses mesquinhos. É como tamente não tomam partido nes-
glorificar o mercenário Han So- sa guerra, assim como Han
lo, de Guerra nas Estrelas, por apenas por acaso participou
seu papel na vitória da Aliança de uma batalha contra o Impé- ALEXANDRE OLIVA
Rebelde, esquecendo de todo rio. é conselheiro da
Fundação Software
o trabalho anterior feito pelos re- Livre América Latina,
Como cada vez mais inte-
beldes e do total descomprome- mantenedor do Linux-
resses mesquinhos cooptam Li- libre, evangelizador
timento de Han Solo com a
nuses, Kevins e Hans, que do Movimento
causa. Não é à toa que, quan- Software Livre e
perseguem, como sempre fize- engenheiro de
do a FSF foi agraciada com o
ram, seus próprios interesses, compiladores na Red
“Prêmio Linus Torvalds” na Hat Brasil. Graduado
precisamos de cada vez mais na Unicamp em
[GNU/]LinuxWorld de 1999, Ri-
Richards e Trons para fortale- Engenharia de
chard Stallman traçou esse pa- Computação e
cer a Aliança Rebelde na luta
ralelo: “É tão irônico como Mestrado em
pelas liberdades cerceada pe- Ciências da
conceder o Prêmio Han Solo à
los MCPs e pelo Império. Va- Computação.
Aliança Rebelde.” Linus e Ke-
mos lutar pelos usuários e

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COLUNA · ROBERTO SALOMON

JOGANDO À VERA
Por Roberto Salomon

David-Kingsley Kendel - sxc.hu

Quando criança, uma das tensão era palpável. Era possí-


grandes diversões era o jogo vel perder até mesmo os preci-
de bola de gude. Verdadeiros osos olhos de gato que
torneios eram disputados eram entravam no jogo como cam-
disputados naqueles espaços peões de algum exército mági-
onde a grama não crescia. Em co. Por isso mesmo, na
Brasília, na época, isso não maioria das vezes, jogavamos
era muito difícil de encontrar à brinca (de brincadeira) e ao
pois ainda havia muitos cantei- final da partida, cada um volta-
ros de obras e gramados acaba- va para casa com todas as bo-
dos não eram tão comuns las intactas (sem trocadilhos,
quanto hoje. Com o calcanhar por favor).
grosso de correr descalço, ca- Os tempos mudaram e os
çapas eram cavadas em linha jogos também. Depois que re-
ou uma barca era desenhada solvemos incorporar o compu-
com o galho ou pedra mais pró- tador às nossas vidas
xima. E o jogo começava. O profissionais, precisavamos
maior risco era perder as boli- dar um jeito de também jogar
nhas de vidro quando o jogo com eles. Mesmo quem é da
era à Vera (ou para valer). A "geração Atari" não faz idéia

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COLUNA · ROBERTO SALOMON

da emoção que alguns meros Mas voltando ao jogo... Esta estrutura permite
quadrados na tela da TV eram O mercado de jogos já é que novos servidores sejam
capazes de provocar em um jo- um mercado maduro onde o provisionados em segundos
go chamado Pong (comerciali- modelo de negócios se reinven- sempre que um grupo inespe-
zado no Brasil, na época, com ta periodicamente. O Linux e o rado de jogadores resolva en-
o nome TeleJogo, da Philco). Software Livre são recém che- trar on-line ou viajar para
Horas de diversão passadas gados a este mundo mas solu- outras áreas do mundo do jo-
em torno de um círculo dese- ções em Linux já ganharam go. É o Software Livre garantin-
nhado na terra foram substitui- uma posição consolidada e rele- do a jogabilidade de um
das por horas com um controle vante. Em especial nos bastido- sem-número de jogadores.
de videogame na mão em tor- res do atual mercado de jogos. Este tipo de investimento
neios que reuniam os amigos mostra que o mercado de jo-
na frente da TV do amigo que Por ser um mercado es-
sencialmente voltado ao consu- gos cresceu e se consolidou.
podia comprar o jogo. Investimentos já são justificá-
midor final, são poucas as
Evoluiram os computado- empresas que investem na pro- veis e modelos de negócios
res e os jogos não podiam dei- dução de jogos para Linux. são escritos prevendo um retor-
xar de evoluir também. Muitos Uma honrosa exceção é a ID, no grande o suficiente para jus-
evoluiram apenas para aprovei- que vem lançãndo versões Li- tificar estes investimentos.
tar os novos recursos gráficos nux dos mecanismos de jogos Linux e soluções de Software
das novas máquinas chegando como Doom e Quake. Já nos Livre são partes integrantes
a um grau de realismo que já ul- servidores, a história é bem ou- deste cenário e a tendência é
trapassou o realismo de mui- tra. E o melhor dela é que pode- vermos uma participação cada
tos filmes de ficção científica mos usar um grande exemplo vez maior destas soluções on-
feitos a menos de 20 anos. Ou- daqui do Brasil mesmo. de o dinheiro é gerado.
tros, optaram por manter a tradi- Da minha parte, continuo
ção de se preocupar com a Temos aqui uma empre-
sa chamada Hoplon Infotain- esperando clientes destes jo-
qualidade do jogo (gameplay, gos que eu possa jogar. Mes-
para os americanos) criando ment que desenvolveu um
jogo no modelo MMORPG mo que escondido, quando
clássicos que se tornaram qua- meus filhos não estão por per-
se vícios - Tetris e Bubble Brea- (Massively Multiplayer Online
Role Playing Game) chamado to para um desafio à vera.
ker são dois que posso citar do
alto da memória. Taikodom. Jogos deste tipo re-
querem o desenvolvimento de Maiores informações:
Confesso que tenho uma dois componentes essenciais:
dificuldade incrível para enten- um cliente rico em detalhes grá- Blog do Roberto Salomon:
der como é que para realizar ficos e; uma estrutura de servi- http://rfsalomon.blogspot.com
um ataque, tenho que pressio- dores robusta que aguente
nar três botões do joystick en- picos de demanda sem tirar a
quanto movo o controle do paciência dos jogadores. O cli-
polegar direito para cima e o ROBERTO
ente, por enquanto, é somente SALOMON é
do esquerdo para baixo. Meus Windows mas o que chama a arquiteto de software
filhos, no entanto, parecem na IBM e voluntário
atenção mesmo é a infra-estru- do projeto
achar isso tudo muito natural, tura de servidores que a Ho- BrOffice.org.
o que me leva a derrotas amar- plon montou: centenas de
gas nas raras ocasiões em servidores Linux virtualizados
que eles me deixam jogar. em um mainframe IBM.

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COLUNA · CÉZAR TAURION

SERIOUS GAME Jean Scheijen - sxc.hu

Por Cézar Taurion

Geralmente quando se fa- (http://en.wikipedia.org/wiki/Se-


la em games, imagina-se ape- rious_game).
nas entretenimento e lazer, E à medida que a gera-
para adolescentes despreocu- ção digital se entranhe nas em-
pados...Mas, games estão se presas, mais e mais veremos
tornando coisa séria, de uso pressão para termos estas tec-
empresarial, para diversos nologias no ambiente de traba-
usos como o Energyvlle criado lho. A propósito do assunto
pela Chevron para divulgar jogos sérios, a IBM elaborou
sua política ecoconsciente um relatório muito interessan-
(http://www.willyoujoinus.com/) te, chamado “Virtual Worlds,
ou America's Army Real Leaders: Online games
(http://www.americasarmy. put the future of business lea-
com/) criado pelo Exército ame- dership on display”, produzido
ricano para incentivar o recruta- em conjunto com a Seriosity
mento. Aliás, o assunto Inc, partir de um estudo condu-
“Serious Games” pode ser vis- zido por pesquisadores da Uni-
to em mais detalhes no Wikipe- versidade de Stanford e MIT
dia Sloan School of Management.

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COLUNA · CÉZAR TAURION

de liderança aprendidas nes-


tes jogos para melhorar sua
... games estão se própria eficácia no trabalho.

tornando coisa séria, de uso Uma interessante dedu-


ção do estudo é que embora
empresarial... não se possa dizer que cada
pessoa dentro de um organiza-
ção pode e deve ser um líder,
Cézar Taurion
lideranças podem eventual-
mente emergir dadas ferramen-
tas adequadas para as
circunstâncias adequadas. Se
A idéia básica do relatório
vocês quiserem ler o documen-
pode ser sintetizada pela frase completo de informações.
to (o que eu recomendo!) aces-
de um dos seus pesquisado- Além disso a liderança é tempo-
sem
res, Byron Reeves, da Universi- rária, muitas vezes surgindo pa-
http://domino.watson.ibm.com/
dade de Stanford que diz: “If ra uma determinada missão,
comm/www_innovate.nsf/pa-
you want to see what business ao término da qual, nova lide-
ges/world.gio.gaming.html. Re-
leadership may look in three to rança aparece. Este último é
comendo também um estudo
five years, look at what’s happe- um ponto importante, uma vez
muito interessante que analisa
ning in online games”!!! que como não há expectativas
psicologia dos gamers MMOG,
da liderança ser permanente,
O estudo busca ajudar a em http://www.nickyee.com/da-
acaba-se encorajando colabo-
responder as questões: “Em edalus/. Infelizmente este proje-
rações e experimentações. Cla-
um cenário de empresas globa- to está “adormecido”, mas os
ro que surgem líderes que
lizadas, distribuídas e inovado- documentos continuam disponí-
ficam muito tempo na lideran-
ras, atuando de forma veis.
ça, mas pela simples razão
colaborativa e virtualizada, co-
que são reconhecidos como tal Além disso, um outro es-
mo seriam seus líderes? Quais
pela comunidade e não impos- tudo, feito pela Pew Internet
os skills e competências neces-
tos pela organização. Este mo- (http://www.pewinternet.org/
sários? Onde conseguir estes
delo contrasta claramente com Reports/2008/Teens-Video-
skills e competências?”.
o modelo de liderança atual, Games-and-Civics.aspx) mos-
Uma proposta é que os jo- de posição permanente, que trou que os games MMOG am-
gos (principalmente os MMOG, tende a criar gerentes arredios pliam as oportunidades de
ou massively multiplayer online à experimentações e inova- interação social e que deveria
games) criam contextos que po- ções. ser adotada com mais ênfase
dem mostrar como seria a lide- no ambiente educacional. Pa-
Uma pesquisa comple-
rança do futuro. Os líderes das ra verem algumas experiências
mentar feita com uma comuni-
comunidades criadas em torno de games em educação, ve-
dade de cerca de 200 gamers
destes jogos conquistam esta jam o site da Local Games
da IBM (funcionários) mostrou
posição por meritocracia e são Lab, da Universidade de Wis-
que eles acreditam que jogar
influenciadores, mas de forma consin-Madison, nos EUA, em
MMOG melhora suas competên-
colaborativa e não impositiva, http://lgl.gameslearningsociety.
cias de liderança no mundo re-
aceitam riscos e falhas, e to- org/.
al e quatro em cada dez
mam decisões de forma rápida
disseram que aplicam técnicas Com base nesta propos-
e sem dispor de um conjunto
ta, a IBM lançou há algum tem-

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COLUNA · CÉZAR TAURION

po o INNOV8 (o nome é uma


brincadeira com a palavra inno-
vate, usando-se innoveight), Estudo feito pela Pew
um jogo que mostra os funda-
mentos do BPM (Business Pro- Internet, mostrou que os games
cess Management), que pode
ser visto em http://www- MMOG ampliam as
01.ibm.com/software/solutions/
soa/innov8.html . O INNOV8 é
oportunidades de interação social
orientado a universidades que
estejam ensinando BPM, é um
e que deveria ser adotado com
jogo free, e faz parte do progra- mais ênfase no ambiente
ma Academic Initiative da IBM.
Bem, e como o Brasil es- educacional.
tá posicionado na indústria de Cézar Taurion
games? Entrei no site da Abra-
games e descobri uma pesqui-
sa sobre a indústria brasileira games está mais focada em um jogo interessantíssimo, on-
de jogos eletrônicos consoles e celulares. de os participantes agem co-
(http://www.abragames.org/
mo se estivessem no século
docs/Abragames-Pesquisa
XXIII. Mas, o coração do jogo
2008.pdf). Alguns dados da pes- Claramente temos imen- é uma tecnologia chamada Bit-
quisa: so potencial para crescimento! verse, que permite criar ambi-
a) Existem 42 empresas E como se ganha dinheiro pro- entes de terceira dimensão,
que produzem games no Brasil. duzindo games? Por exemplo, que podem ser usados por ex-
analisando o mercado de emplo, além de jogos em
b) O PIB (hardware e MMOG, vemos que ele permite
software) de jogos eletrônicos ações de ensino a distância. O
basicamente dois modelos de Bitverse foi escrito em Java,
aqui é de cerca de 87,5 mi- receita: venda de assinaturas
lhões de reais. demonstrando de forma inequí-
ou o que foi adotado pela Ho- voca a potencialidade desta lin-
c) 43% da produção dos plon, de entregar o jogo de gra- guagem para jogos. Ah, e uma
softwares de jogos brasileiros ça, mas ofertar produtos curiosidade: a Hoplon usa um
é destinado à exportação. O pagos, como roupas, armas, es- mainframe da IBM. Sabem por-
mercado interno é prejudicado paçonaves, etc. Estes produto que?
pela pirataria e importação ile- são virtuais, mas custam dinhei-
gal. ro real! Os jogos MMOG e mun-
dos virtuais demandam carac-
d) Artistas gráficos e pro- A Hoplon Infotainment terísticas próprias. Precisam
gramadores são os perfis profi- (www.hoplon.com) é um exem- de alta capacidade computacio-
sisonais mais comuns na plo de sucesso na indústria de nal, pois muitas vezes são mi-
indústria brasileira de games. games brasileira. Foi criada no lhares e milhares de usuários
ano de 2000, em Florianópolis simultâneos, demandando tem-
e) Em termos mundiais, o
e investiu cerca de 15 milhões pos de resposta em milisegun-
Brasil é apenas 0,16% da indús-
de reais e quatro anos de ár- dos e qualquer latência afeta o
tria global de games.
duo trabalho para desenvolver comportamento dos persona-
f) A industria brasileira de um jogo MMOG. O Taikodom é

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COLUNA · CÉZAR TAURION

gens e objetos. Portanto é ne- res parecem congelar em deter- Maiores informações:
cessário o uso intenso de pro- minadas situações. No Second
cessadores para simulação da Life cada ilha virtual está em Site Energyvlle
física nos movimentos dos per- um servidor diferente e o tele- http://www.willyoujoinus.com/
sonagens e objetos. Afinal, as porte de uma ilha para outra po-
leis da física devem também va- de sofrer alguma latência. Site America's Army
ler no mundo virtual. Mesmo http://www.americasarmy.com/
O ambiente operacional
neste mundo, velhas leis como deste tipo de jogo demanda
a da gravidade devem continu- Artigo na Wikipedia sobre Serious
uma arquitetura de servidores Game
ar valendo. desenhada para eliminar a la- http://en.wikipedia.org/wiki/Serious_
Os jogadores e usuários tência, que é o maior inimigo game
exigem tempos de resposta rá- dos jogos online. A latência faz
pidos e ao mesmo tempo, quan- com que as ações do jogo pare- Estudo sobre a psicologia dos
to mais interessante o jogo ou çam irreais, lentas, tirando o gamers MMOG
o mundo virtual, mais e mais prazer de jogar. Os servidores http://www.nickyee.com/daedalus/
usuários se conectam para inte- nos jogos MMOG tem adicional-
ragir uns com os outros. Em mente a tarefa de gerenciar a Estudo da Pew Internet
um ambiente de computação interação entre os milhares de http://www.pewinternet.org/Reports/
tradicional, quanto mais usuári- jogadores, garantindo inclusive 2008/Teens-Video-Games-and-
os conectados, menos tempo que suas ações estejam corre- Civics.aspx
de máquina cada um dispõe. tas. Os servidores, são, portan-
Para jogos interativos, degrada- to, cruciais para que o jogo Site INNOV8
ções na velocidade dos jogos opere adequadamente. Clara- http://www-01.ibm.com/software/
ou dos mundos virtuais é uma mente, o modelo exige compu- solutions/soa/innov8.html
das piores situações, que pode tação sob demanda, onde o
levar ao desestímulo dos seus mainframe, pela possibilidade Site Abragames
usuários e ao fracasso da inicia- de operar centenas de máqui- http://www.abragames.org/docs/
tiva. nas virtuais (e em Linux...) sem Abragames-Pesquisa2008.pdf
Uma técnica usada em necessidade de conexões físi-
muitos jogos e ambientes tridi- cas, é uma alternativa extrema- Site da Hoplon Infotainment
mensionais é a adoção de inú- mente válida. Como o http://www.hoplon.com
meros servidores fisicos Taikodom resolveu este proble-
separados (como no caso do ma? Usando um mainframe Discussão sobre sinergia entre
mundo virtual Second Life). Is- System z10 da IBM! mainframes e jogos MMOG
to acontece porque um único E finalmente, como leitu- http://spectrum.ieee.org/aug08/6518
servidor de pequeno porte não ra adicional, sugiro acessarem
consegue dar conta de cente- http://spectrum.ieee.org/aug
nas de milhares de jogadores 08/6518 para uma discussão
ao mesmo tempo. O problema mais exaustiva sobre o a siner-
CEZAR TAURION é
de se usar vários servidores físi- gia entre mainframes e jogos Gerente de Novas
cos é a latência que aparece MMOG. Tecnologias da IBM
Brasil.
quando a ação sai de um servi- Seu blog está
dor para o outro. Quem usa ou diponível em
www.ibm.com/develo
usou o Second Life nota isso perworks/blogs/page/
varias vezes, quando os avata- ctaurion

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COLUNA · CÁRLISSON GALDINO

Naquele tempo antigo Esses homens nesses barcos


Dos grandes descobrimentos Dominavam o mar selvagem
Navios cruzavam mares Subjugando outros povos
Levando dor e tormento Mas tinham uma boa imagem
Às terras por toda a vida Pois nos livros de História
Fossem novas ou antigas Ainda hoje levam glória
Sem respeito e violentos Por cada dessas viagens

Iam à costa africana Nesse mar, sem ter direito


Com suborno ou então bravos A ter u'a vida de gente
Deixavam terra levando Muitos se reagruparam
Dezenas de homens, escravos Num caminho diferente
Outros levavam empregados Nessa realidade ingrata
E muitos deles, coitados, Criaram as naus piratas
Eram mortos por centavos E enfrentaram o mar de frente

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COLUNA · CÁRLISSON GALDINO

Piratas, os homens livres De tudo que era impressão Os livreiros da Inglaterra


Diferiam dos demais Pois besta em tudo se mete E o monopólio a nascer
Dentro da embarcação Não era bem algo novo
Tinham direitos iguais E os livreiros desse tempo E era o bem ao povo
Cultivavam parceria Cada editora antiga Que essa lei veio fazer
Contra toda a tirania Precisava de um aval
Confrontando as naus reais Para que imprimir consiga Nasceu o Domínio Público
O aval do Rei, do Estado Nesta distante Idade
Atacavam naus tiranas Que se não for do agrado Os livreiros exploravam
Roubando o que foi roubado Deles, a impressão não siga Seus direitos à vontade
Matavam os ocupantes Mas terminado o prazo
Escravos, são libertados Um monopólio formado Toda obra era, no caso
Onde gastar o obtido? Pra controlar a leitura Doada à Humanidade
Tudo o que era conseguido Terminou dando poderes
Mundo afora era trocado Além do que se procura Os livreiros reclamaram
Dessa forma os livreiros Pedindo ampliação
Esses eram os piratas Cresceram muito ligeiro Para aquele monopólio
Daquela época esquecida Nessa forma de censura Mas não teve apelação
Que se ergueram contra reis Pois se fosse concedida
Nessa tortuosa vida Já no século XVIII Mais outra seria pedida
De "crimes", mas foi assim Bem lá no ano de 10 E o prazo seria em vão
Pois em alto mar, no fim, Naquela mesma Inglaterra
Não tinham outra saída Uma nova lei se fez Isso lá naquele tempo
Hoje ninguém lembra mais Eles podiam prever
Mas vamos falar agora De direitos autorais Que se o prazo aumentasse
De algo dos dias atuais Foi ela a primeira lei De novo iam querer
Que é estranho e nasceu Sempre após mais alguns anos
Já nem tanto tempo faz Right em inglês é direito E o prazo se acumulando
Hoje o tema da poesia E copy é copiar No fim "pra sempre" ia ser
Chamam de pirataria O Estatuto de Anne
E os direitos autorais Só disso ia tratar Mas o mais interessante
Direito direcionado Pros livreiros e editores
Para contar essa história Aos livreiros, que afetados É que o que eles previam
De leis, direito e valor Tinham que se acostumar Houve com novos atores
Temos que entender primeiro E hoje o direito autoral
Como a gente aqui chegou Pois copyright falava Vale tanto, que é anormal
Por isso, como esperado De cópia em larga escala Pra agradar exploradores
Vamos voltar ao passado E o direito é o monopólio
Onde tudo começou Sobre cada obra criada Por que, vê se faz sentido
E esse direito, notamos A desculpa que eles dão
No ano de 62 Durava quatorze anos Pra monopólio de livros
Do século XVII E o monopólio acabava É incentivo à criação
O país, a Inglaterra Se é assim, por que, ora pois
E a censura, um canivete Note que essa nova lei Ele dura anos depois
Cortava a produção Não veio favorecer Da morte do cidadão?

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COLUNA · CÁRLISSON GALDINO

Pra isso que produtores, Numa empresa transferido


Que eu saiba depois de morto Gravadoras, editores Que é quem dirá se é viável
Eu garanto a você Tudo isso se construiu Atender a esse pedido
Por grande artista que seja E se ela não publicar
Ele não vai escrever Porém esse monopólio Nenhuma outra poderá
Só se for, caso aconteça Garantido ao autor Pois o direito é exclusivo
Com um médium, mas esqueça É o preço que eles cobram
Não é o que a Lei quis dizer Pra fazer esse "favor" Esse jogo de direitos
Se a editora tem confiança Ilude a maioria
O direito agora vale Facilmente a obra alcança Dos artistas existentes
Por toda a vida do autor Além do que se sonhou Como uma loteria
Depois mais setenta anos Onde muita gente investe
Depois que a morte chegou O autor perde o direito Mas pra poucos acontece
Pra incentivar o defunto Sobre a sua criação Algum sucesso algum dia
Mesmo estando de pé junto Quem vende é atravessador
Continuar a compor E lhe paga comissão E os artistas que investiram
Alguns centavos pingados Enriquecendo a empresa
Por que funciona assim E o maior lucro somado Olham para os de sucesso
Não é difícil notar É da empresa em questão Não percebem serem presas
"Incentivo" é só desculpa Sonhando chegarem lá
Para o povo aceitar Vejam só que curioso Seguem a financiar
Quem lucra são editores São "direitos autorais" Essa indústria com firmeza
Sendo atravessadores Mas pra chegar no mercado
É a Lei da Grana a mandar Alguns contratos se faz Quem tem direito exclusivo
E os direitos de repente Cobra o quanto quiser
As empresas mais gigantes A que tanto se defende Esse é o mal do monopólio
Que corrompem os governos Do autor não serão mais Mas sempre é assim que é
Que publicam propagandas Quando surge alternativa
De produtos tão maneiros Como se vendesse a alma A essa prática nociva
Com um gigantesco ganho Para uma empresa privada Reclamam, não saem do pé
Artistas são seu rebanho Nem ele pode copiar
E a Lei garante o dinheiro A obra por ele criada Copiar é ilegal?
Mesmo quando ele morrer É, mas a Lei que hoje vale
Toda essa exploração A empresa é que vai dizer Foi feita por essa gente
Funciona desse jeito Como a obra é usada Que corromper tudo sabe
O pobre artista cria Alterando o Direito
O seu trabalho perfeito Autores bem talentosos Para funcionar do jeito
Um trabalho bom e novo Que se encontram no caixão Que melhor a elas agrade
Ele faz é para o povo Sem obras suas à venda
Poder ver o que foi feito Com fãs, uma legião Desde os tempos mais antigos
Mesmo a pedidos dos fãs Alguém canta uma cantiga
Para o povo ter acesso Toda essa força é vã Outro aumenta um pouquinho
Ao que ele produziu Pra ter republicação E ela cresce e toma vida
Não é algo assim tão fácil Na cultura popular
Atingir todo o Brasil Pois o direito estará Logo ela se tornará

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COLUNA · CÁRLISSON GALDINO

Bem melhor do que a antiga Seja massa a multidão CARLISSON


GAUDINO é
É uma questão de Poder Bacharel em Ciência
Com cultura é desse jeito Pra mais lucro acontecer da Computação e
pós-graduado em
Que se faz evolução Todos com o mesmo feijão Produção de
Sempre se inspira nos outros Software com
Ênfase em Software
Na imagem, prosa ou canção Deixo então esta pergunta Livre. Já manteve
Do Teatro à Literatura Que ainda não tem solução projetos como
Cultura gera cultura Num país de tradições IaraJS, Enciclopédia
Omega e Losango.
Não queira fingir que não Que futuro elas terão? Hoje mantém
O que será da cultura pequenos projetos
em seu blog
Hoje com toda mudança Vivendo na ditadura Cyaneus. Membro
Que fizeram, quem diria? Dos livreiros, da opressão? da Academia
Arapiraquense de
Compartilhar e expandir Letras e Artes, é
Chamam de Pirataria Piratas no fim das contas autor do Cordel do
Software Livre e do
E o direito à cultura? Apoiavam igualidade Cordel do BrOffice.
Criou-se uma ditadura Hoje chamam de pirata
Como há muito se temia Quem age contra a maldade
E compartilha o que tem
O que querem impedindo Dando cultura por bem
O poder da interação Quem tem solidariedade
É tornar todos iguais

19 de setembro - Dia da Liberdade de Software


Informe-se em www.softwarefreedomday.org

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COLUNA · EDGARD COSTA

Ócio Criativo:
você sabe do
que isto trata?
Por Edgard Costa

Curtis Fletcher - sxc.hu

O que se espera de uma Revista direciona- de Masi sobre seus escritos que tem como tema
da para Tecnologia? Mostrar o que há de mais o atual momento do trabalho e das empresas.
moderno na área, discussões relativas, resolu- A princípio estávamos conversando se o
ções de problemas focados em um determinado aluno, que está atualmente frequentando a esco-
software, ou conjunto de códigos fontes. la ao acabar seus estudos, estará apto a se in-
Mas e as causas do uso destas tecnologi- corporar ao mercado de trabalho globalizado e
as será que não mereceriam uma reflexão tam- competitivo. Concordávamos com os problemas
bém? básicos que já são largamente conhecidos co-
Eu acho que sim. mo: analfabetismo funcional, má formação aca-
dêmica dos profissionais educadores,problemas
Você sabe o que é Ócio Criativo? Você já estruturais da educação e como estes assuntos
leu algo a respeito? Será que isto já não lhe afe- afetarão a produção econômica e o trabalho,
ta ou afetará? quando a Profa. se referiu ao Ócio Criativo co-
A primeira vez que tive contato com o esta mo sendo mais um enorme problema que deve-
“coisa” denominada Ócio Criativo aconteceu em remos enfrentar nos próximos anos.
função de um pequeno debate travado entre a Ócio Criativo? O que significa? Repliquei.
Profa. Dra. Beatriz Fétizon e eu, em minha ca-
sa, em função de uma simpatia comum que são - Você lê Domênico e não sabe isto signifi-
as obras do Sociólogo do Trabalho Domênico ca? Me puxando, com os olhos, as orelhas.

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COLUNA · EDGARD COSTA

Horas depois, recebo por email, três escri-


tos da Profa. Beatriz, que podem ser achados
em seu livro “Sombra e Luz”, sobre educação e
trabalho, no quais ela já fazia referência ao que
é o Ócio Criativo. O Brasil tem-
se mostrado interessado
Afinal o que é Ócio Criativo
Tanto a Profa. Beatriz como Domênico de em mudar seu destino
Masi fazem referência ao atual momento do tra-
balho onde, em função dos avanços da tecnolo- de forma tímida e
gia, realizamos nossas tarefas em menos tempo
com mais qualidade. Isto significa que temos tem- dispersa...
po livre ou se desejar ocioso.
Edgard Costa
Domênico, chega a ser radical. Ele diz [1]:
“Quem trabalha mais de oito horas por dia é inca-
paz ou ineficiente frente aos recursos tecnológi-
cos disponíveis”. Pode, a princípio, parecer
absurdo. Mas ele tem razão. O trabalhador, em de.
sua grande maioria, não percebe esta ociosida- A constatação mais clara deste movimento
de porque continua com a carga horária de traba- é que quanto mais avançado tecnologicamente
lho normal realizando tarefas de vários outros é um país menos horas trabalhadas ele tem.
trabalhadores da mesma função ou, ainda, reali- Quanto mais avançado é um país, maiores são
za muitas tarefas diferentes que poderiam ser de- os salários pagos e maior é a estrutura de servi-
legadas a outros trabalhadores numa estrutura ços.
de trabalho, digamos, mais antiquada.
Num exemplo prático um trabalhador que O Brasil e o Ócio Criativo
tenha em sua mesa relatórios obtidos através O Brasil vive, neste assunto, o pior dos
de meios automatizados tem que fazer o quê? mundos.
Lê-los, compreende-los e tomar decisões. Tare-
fa que não deverá requerer oito horas. Por que is- Precisamos ser mais competitivos economi-
to, ainda, demora oito horas ou mais? Porque camente. O que significa mais tecnologia. Em te-
administramos mal o nosso tempo ou porque se melhorias. Melhores escolas, melhores
não temos habilidades intelectuais suficientes pa- professores, melhor material escolar, melhor
ra ler, interpretar, decidir e implementar. transporte coletivo, melhor moradia, melhor saú-
de e consequentemente melhor trabalhador.
Em alguns países europeus a quantidade Mas não é o que vemos e na velocidade que
de horas trabalhadas tem diminuído sensivelmen- precisamos apesar do governo e a sociedade
te a ponto do Ócio Criativo estar se manifestan- produtiva ter, razoavelmente, entendido esta rea-
do fortemente. Trabalhadores destes países lidade.
estão procurando se reeducar, praticar espor-
tes, realizar trabalhos voluntários ou mesmo tra- Quanto mais tecnologia é aplicada no Bra-
balhando em outra empresa. Estão usando seu sil, mais pessoas desqualificadas estarão de-
Tempo Ocioso para se reciclar, para ter mais sempregadas. É só assistir ao problema dos
saúde, mais cultura, ser mais solidários e conse- cortadores de cana no Estado de S. Paulo. As
quentemente sendo criativos com sua ociosida- estimativas são de que pelo menos 3 milhões

Revista Espírito Livre | Julho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |25


COLUNA · EDGARD COSTA

de trabalhadores ficarão desempregados e efeti- tivamente criativa no Brasil no século XXI, quan-
vamente ociosos, na pior interpretação da pala- tas empresas genuinamente brasileiras
vra, sem o corte manual. O problema é tão sério e,consequentemente empresários, encontraría-
que a automatização do corte e o fim das quei- mos?
madas estão sendo proteladas para que se Se não encontramos Empresas encontrare-
ache uma solução viável, apesar do governo do mos Governos criativos? Da mesma forma não.
Estado de S. Paulo ter firmado data limite.
Nossas escolas, como bem afirma a Profa.
Beatriz, não formam pessoas que o atual momen- Temos alguma esperança?
to do trabalho necessita, pessoas com alto grau Podemos ter sim, se não cairmos na tenta-
de compreensão, de raciocínio, com capacidade ção de algum governo caudilhesco e coragem
para ler e falar mais de uma língua fluentemen- de mudar radicalmente a representação política
te, além dos analfabetos funcionais, pessoas tanto na esfera do legislativo federal, estadual
que mal sabem ler ou escrever. Temos, para pio- como municipal. O Brasil tem-se mostrado inte-
rar este quadro, uma discussão sem tempo nem ressado em mudar seu destino de forma tímida
espaço, que são as cotas escolares. É compreen- e dispersa. Não tem sido capaz de reverter na
sível a luta de determinados seguimentos soci- velocidade que seria desejada, apesar de ter
ais pela inclusão educional. Mas esta luta condições para isto, é verdade. Mas temos que
chegou atrasada. Chegou num momento em reconhecer que mesmo aos trancos e barrancos
que a qualidade do ensino e, consequentemen- vamos indo. Mas, temos que ter em mente que
te, do aluno constituem-se prioridade. Qualidade para sair do atual estágio de produção para um
não combina com quota que também não combi- patamar igual ao do Canadá, teremos que con-
na com aprovação continuada. Aluno mal forma- seguir multiplicar e melhorar o que já fazemos
do é candidato a ficar, para sempre, pendurado pelo menos por 1000 vezes. Para tanto, precisa-
em programas sociais patrocinados pelo gover- mos sair da mesmice e passar encarar com pro-
no, saída que a Profa. Beatriz vê como inexorá- fissionalismo, coragem e criatividade o desafio
vel. Quanto mais programas sociais de suporte de nos reinventarmos.
ao trabalhador desqualificado, maior é o custo Tarefa para Hércules......
Brasil. Menos nossa economia será competitiva.
Voltaremos ao tema oportunamente.
Este descompasso é maior quando analisa-
mos as desigualdades regionais. Enquanto sul e
sudeste tem algum desenvolvimento tecnológico
avançado, região central, região norte e nordes- Maiores informações:
te estão, na média, desamparados. O sistema Artigo sobre o Ócio Criativo na Wikipedia:
educacional nestas áreas é de uma pobreza ím- http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%93cio_criativo
par. E não vai ser resolvido, nem no curto, nem
no médio prazo, já que precisa de investimentos Site Oficial de Domenico de Mase:
maciços. Talvez no longo prazo. Enxerga-se al- http://www.domenicodemasi.it
gumas ilhas tecnológicas,esparsas que, acredi-
to, não chegarão a contaminar o grande EDGARD COSTA é membro do Grupo de
contingente de trabalhadores no médio prazo. Usuários BrOffice.org do Estado de
S.Paulo, Assurer Cacert – Certificação
Domênico já havia encontrado, na Europa, Digital e autor do Livro BrOffice da Teoria
à Pratica.
empresas com diferenças administrativas avan-
çadas antes do século XX na Europa. Será que
se aplicarmos o conceito de empresa administra-

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CAPA · ENTREVISTA COM BERNHARD WYMANN

Entrevista
exclusiva
com
Bernhard
Wymann, do
Projeto TORCS
Por João Fernando Costa Júnior

Bernhard Wymann come- em Kanton Bern). Eu lembro


çou colaborando com a equipe que na minha infância eu gos-
do TORCS, e hoje é líder do tava muito de lego e autora-
projeto. Ele nos concedeu a en- mas. A minha versão preferida
trevista, falando sobre sua vi- do lego era a de estações e na-
da, seu envolvimento com ves espaciais.
computadores e como chegou Por volta dos 10 ou 11
à liderança do projeto TORCS. anos de idade, fiquei muito in-
teressado em modelagem de
Revista Espírito Livre: aeronaves e construí alguns
Quem é Bernhard Wymann? planadores de vôo livre (sem
Fale um pouco sobre você, controle remoto). Também nes-
sua experiência em tecnolo- ta época, ganhei meu primeiro
gia e computadores e desde "computador", era uma calcula-
quando começou a usá-los. dora de bolso Hp33e, e eu
achava de certa forma muito
Bernhard Wymann: Eu excitante acessar o programa
nasci em 1971 em Bern na Suí- "moon landing" e brincar com
ça. Tenho três irmãos mais no- ele (você tinha que esperar ro-
vos de 8, 10 e 11 anos. Vivi dar os 28 passos de carrega-
por muito tempo em Lan- mento do programa cada vez
gerthal (um pequeno vilarejo que ligasse a calculadora, pois

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CAPA · ENTREVISTA COM BERNHARD WYMANN

ela não tinha nenhum dispositi- Um pouco depois um cole- meus estudos de engenharia
vo de armazenamento persis- ga teve um Commodore C64, mecânica na FH Burgdorf (FH:
tente). Na escola eu era eu poderia utilizá-lo e eu lia al- universidade de ciências aplica-
bastante interessado em ciênci- guns livros sobre o assunto, fiz das ou politécnica), que termi-
as naturais, matemática, traba- alguns projetos simples em BA- nou em 1995. Eu nunca perdi
lhos manuais e desenhos. SIC, Assembly, Pascal e Lisp. o meu entusiasmo em relação
Por volta dos 11 anos eu E eu adorava brincar com isso, aos computadores, Em mea-
já tinha juntado dinheiro o sufici- foi muito emocionante quando dos de 1994 eu comecei a pen-
ente para comprar o meu pri- eu criei o meu primeiro “sprite” sar em estudar informática no
meiro controle remoto e fazer que se movimentava suavemen- Instituto Federal de Tecnologia
um planador controlado remota- te da esquerda para a direita :-) (ETH Zürich). Para me candida-
mente. Então me juntei a um Voltando à escola: Foram tar ao ETH tive que passar por
clube de aeromodelistas local oferecidas aulas gratuitas de um exame admissional por cau-
a fim de ter suporte e acesso a programação, algo bastante in- sa da minha carreira atípica
modelos de aeronaves do aeró- comum nessa época, e eu in- (normalmente você se apresen-
dromo. Eu acho que esse pas- gressei nessas aulas (tivemos ta ao ETH com uma "qualifica-
satempo teve uma grande algumas máquinas com unida- ção geral para a universidade",
influência em minha vida. Com des de disco de 5 1/4, CPM e que eu não tive).
os erros que aconteciam na talvez uns 128k de RAM). Pri- Neste período eu visitei
construção dos aeromodelos li- meiro eu tive um curso de BA- uma exposição de TI (Orbit) on-
dava-mos com danos e frustra- SIC e depois de Pascal. de eu comprei meu primeiro
ções reais, então você podia Com 16 anos comecei mi- CD do SuSE, que continha
aprender muito com esse pas- nha formação industrial com apenas Slackware com kernel
satempo (e lá não existe um bo- um curso de mecânico. Eu fi- 0,99 IIRC. Este foi o meu pri-
tão "reiniciar"...). Com esse quei chateado com a escola meiro contato consciente com
passatempo você adquire algu- nesse período, pois não havia GNU/Linux e Open Source em
mas habilidades sociais (já nenhuma relação entre o ensi- geral (obviamente que eu usei
que num clube você tem uma no industrial e a computação, o sistema como a maioria das
grande variedade de membros na Suíça, nessa ocasião. Só pessoas faz, por exemplo, pa-
diferentes), você aprende coi- voltei a gostar de estudar nova- ra ver e-mail, FTP, servidores
sas sobre engenharia e tecnolo- mente quando decidi estudar de DNS, etc.)
gia, você melhora as suas engenharia mecânica após o Entre 1995 e 1996 me
habilidades com trabalhos ma- ensino médio. preparei para o exame admissi-
nuais, e a coisa mais importan- onal do ETH e continuei o tra-
te, você aprende como lidar Após terminar a formação
industrial, em 1991, eu tive de balho da minha tese em
com você mesmo e com suas (robótica) para a FH Burgdorf,
frustrações e erros. fazer meu treinamento militar
básico de 17 semanas (e não e isso ajudou a modernizar o
Em 1984, o destino reser- havia escolha, ou você servia controle do laboratório de enge-
vou algo à minha família, meu ao seu país ou ia para a pri- nharia.
pai morreu por causa de hemor- são, pois recusa era configura- No verão de 1996 passei
ragia cerebral, além de ser um da como crime, com no teste e comecei a estudar ci-
duro golpe para mim, penso julgamento e registro criminal; ência da computação na ETH.
que teve uma grande influên- felizmente isto mudou).
cia sobre a forma como eu Outro marco importante
olho o mundo e a vida. Em 1992, eu comecei os foi em 1997 quando eu tive o

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CAPA · ENTREVISTA COM BERNHARD WYMANN

meu primeiro computador co- mas fiquei realmente impressio- estudos, trabalhei como sub-
nectado à Internet em minha ca- nado como a sua equipe de tra- contratante para a Elsewhere-
sa, Fantástico :-) balho é concentrada e Entertainment, em um peque-
Em 1999 tive o primeiro organizada (obviamente que co- no estúdio na Bélgica na cria-
contato com o TORCS, eu só nhecia apenas uma ínfima par- ção de um jogo, Remi Coulom
estava procurando uma aplica- te de uma empresa de e eu co-licenciamos algumas
ção testar minha 3dfx Vodoo 100.000 pessoas, então não tecnologias de robôs “berniw”
Banshee com XFree86 3.99 ex- posso falar pelos demais). para um próximo projeto e aju-
perimental com suporte Open- Neste ano, projetei o meu damos com a integração em
GL, porque eu sempre gostei robô “berniw” TORCS e publi- seu código (você nunca ouviu
muito de jogos de corrida, e quei os meus experimentos. falar do jogo porque era enlata-
pesquisando na Internet por Tornei-me então um programa- do, a sua editora foi a 10tacle
um jogo Open Source topei dor TORCS e fiz um monte de Studios, e a Simbin estava de-
com o TORCS 0.16 IIRC. testes e detecção de bugs. senvolvendo um projeto seme-
lhante, por isso o editor disse
Eu fiquei realmente im- No outono de 2001 conti- que não fazia sentido de publi-
pressionado, especialmente nuei meus estudos e os termi- car dois jogos).
em relação ao comportamento nei em final de 2003. Na minha
da suspensão em pista irregu- tese do primeiro semestre eu Depois de ter trabalhado
lar, então eu comecei a jogá- me tornei familiarizado com o Li- como freelancer me tornei efeti-
lo. nux para poder gerenciar o pro- vo em 2005 como o engenhei-
jeto de um dispositivo ro de software sênior da
Depois de ter passado no Logismata AG em Zurique,
segundo exame intermediário desenvolvido pela ETH, em co-
laboração com o MIT, o "Wea- que desenvolve soluções de
no final de 2000, dei uma pau- software para o setor financei-
sa nos estudos e ingressei na rARM". A tese do segundo
semestre foi sobre a auto detec- ro (bancos e seguradoras).
Accenture para um projeto de
comércio eletrônico para uma ção de colisão por objetos de- Atualmente estou vivendo
seguradora até ao Verão de formáveis. em Zurique e trabalhando para
2001. Fiz um estágio na Ergon Logismata.

Você pode ouvir um mon- AG em Zurique, lá eu trabalha-


te de piadas e reclamações so- va com a implementação de REL: Fale-nos sobre o
bre a Accenture na indústria, um procedimento remoto de TORCS.
chamada de um gera-
dor de ponta basea- BW: TORCS é um acrôni-
do no modelo de mo de "The Open Racing Car
arquitetura orienta- Simulator". É um simulador de
da, eu fiquei bastan- corridas de carros multi-plata-
te impressionado forma altamente portátil. É utili-
com o seu "Fra- zado tanto como um
mework de aplica- extraordinário jogo de corrida,
ção Ergon", este era como um AI Racing game ou
realmente uma boa como plataforma de Estudo.
peça de engenharia Ele roda em Linux (x86,
de código. AMD64 e PPC), FreeBSD,
MacOSX e Windows. O código
Após os meus fonte do TORCS é licenciado
Figura 1 - Tela do jogo

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CAPA · ENTREVISTA COM BERNHARD WYMANN

sob a GPL, a documentação é em que o TORCS


licenciado sobre a FDL e o tra- vem sendo utilizado
balho artístico sob a licença como base, há tam-
Free Art License (cuidado, por bém artigos científi-
exemplo, alguns carros possu- cos à respeito do
em licenças proprietárias). tema usando o mo-
delo do jogo como
referência.
REL: Você considera o
TORCS um game inovador?
REL: Quais
BW: Não o chamaria de
são as principais
inovador. O que o torna único
dificuldades em de- Figura 2 - Tela do jogo
é a simplicidade do seu código
senvolver um jogo
base, a sua estabilidade e a
com código aberto e de distri- sólidas e confiáveis.
pouca necessidade de recur-
buição gratuita?
sos exigidos para execução Eu creio que vemos mais
em múltiplos ambientes. Assim BW: Em minha humilde engines de jogos como código
de forma simples um pesquisa- opinião, o principal problema é aberto, e estúdios de jogo con-
dor pode pegá-lo e depois de al- que o código aberto não funcio- centrados em conteúdo e na
gumas horas ele/ela pode na para jogos. Deixe-me expli- customização de scripts/confi-
começar a modificar o código. car porquê: Um jogo é gurações/extensões.
parecido com um filme, você o
E as coisas que você não Como líder de um projeto
adquire para sua diversão tão
encontra em jogos comerciais de jogo open source(código
somente; eu falo sobre usuári-
como as Competições AI aberto) você tem problemas
os comuns, e não desenvolve-
(www.berniw.org/trb) e as ricas com questões jurídicas, às ve-
dores ou pessoas como eu, se
ferramentas e documentação zes os participantes inserem
ocorrer algum erro aqui é ape-
que estão disponíveis (como ferramentas e recursos que
nas irritante, nada mais, para
por exemplo, o tutorial de robô são de fonte duvidosas, de mo-
quem quer apenas a diversão
em berniw.org, editor de pista, do que você precisa esmiuçar
é frustrante.
entre outras). essas questões de forma deta-
Com projetos de infra-es- lhada para garantir que tudo
Existem também alguns
truturas como kernels, servido- esteja de acordo com a legali-
ajustes de desempenho, como
res (HTTP, FTP), ferramentas, dade e usando ferramentas
a degradação de textura, que
etc. é uma história totalmente não proprietárias.
você não encontra em qual-
diferente, porque estas coisas
quer outro jogo. Antes de ter me tornado
têm custos monetários para as
O TORCS tem sido utiliza- o líder do projeto assumi esses
empresas quando utilizadas
do como base para determina- riscos descritos acima e o meu
em forma de protótipos suboti-
dos projetos científicos e trabalho consiste em garantir
mizados, então para essas em-
educacionais, como por exem- que todo o conteúdo inserido
presas faz todo o sentido
plo, em http://torcs.sourcefor- no desenvolvimento do jogo es-
partilhar os conhecimentos in-
ge.net/index.php?name=News teja de acordo com as regras e
vestidos nesses componentes,
&file=article&sid=54. esta é a razão pela qual você
porque eles são os componen-
encontrará cada vez menos no-
Tenho conhecimento de tes base para sistemas maio-
mes de marcas de carros famo-
cerca de 10 projetos científicos res e soluções que devem ser
sos no TORCS, entre outras

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CAPA · ENTREVISTA COM BERNHARD WYMANN

coisas. bug sempre é causado por de- ca de 500 Euros por ano. An-
O conteúdo que é proprie- pendência de bibliotecas 3D tes de tudo gostaria de
tário é claramente mencionado de terceiros ou driver de agradecer o pessoal do sf.net
(por exemplo, o carro de som/API (não, não estou brin- por hospedar o projeto.
Rally). Outro problema é quan- cando é serio mesmo).
do o projeto atrai as "pessoas REL: Qual é o requisito
erradas", por exemplo, algum REL: Como o projeto é mínimo de hardware para
"jogador metido a gênio" ou mo- sustentado? Há doações fi- execução do TORCS?
dificadores que pensam saber nanceiras para o projeto?
mais sobre o comportamento BW: Isso depende do con-
correto dos automóveis nas cor- BW: Enquanto alguém cui- teúdo que você usa.
ridas do que um engenheiro me- da, o projeto segue em frente, Se tomar como exemplo
cânico. e se ninguém cuidar não tem o conteúdo com 20 carros,
como seguir. Não há nenhuma quer dizer que se precisa
Encontrar o programador doação financeira.
“correto” é algo estressante tam- 2GHz na máquina e uma placa
bém, muitas pessoas são capa- Poderia se utilizar do de vídeo GeForce5xxx, ou
zes de corrigir rapidamente um sf.net para as doações, mas equivalente, mas se você qui-
bug, mas eu preciso de pesso- não posso fazê-lo funcionar de ser uma pista simples com ape-
as que o façam de forma preci- forma ágil nesse sentido (eu nas alguns modelos de
sa, e que não acabe gerando sempre brinco dizendo que irei veículos, você pode ser muito
mais trabalho para mim. optar por doações quando atin- feliz com uma máquina com
girmos 10.000.000 de usuári- 600 MHz com uma GeForce3,
Posso dizer que as pesso- os). (é claro que você pode ter bom
as querem executar as melho- desempenho com outras confi-
res e mais gloriosas tarefas, O problema é que quan-
do o dinheiro vem você tem gurações, esses são apenas
mas ninguém quer fazer o tra- exemplos).
balho sujo. Dependências de bi- que distribuí-lo de forma justa
bliotecas é um problema além de observar algumas Dessa forma podemos di-
também, porque muitas vezes questões legais (por exemplo, zer que a configuração mínima
as pessoas culpam o TORCS "uso livre" não se aplica mais, recomendada seria:
quando ele falha, mas quando então você tem de organizar - 600 Mhz, 512 MB RAM,
você o esmiúça percebe que o uma sede, ou seja, um local e GeForce3 (ou similar) com 64
você terá de pagar MB de RAM
encargos e etc.).
E a ideal:
Então eu acho
que para que vales- - 2GHz, 1GB de RAM,
se a pena a capta- bom GeForce5xxx com 256
ção, essa deveria MB de RAM.
ficar em torno de - Quanto mais, melhor,
100.000 Euros por obviamente, como de costume
ano, e essa não é
uma realidade. O
TORCS racing bo- REL: Há planos de lan-
ard é financiado por çar versões para outros sis-
mim, e me custa cer- temas operacionais ou para
Figura 3 - Tela do jogo

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CAPA · ENTREVISTA COM BERNHARD WYMANN

sistemas móveis? ques infantis. sourceforge.net/viewvc/torcs/


BW: Não. Eu já pensei torcs/torcs/doc/history/history.
em portá-lo para o iPhone, txt?revision=1.1&view=markup
REL: Quais são as princi- &pathrev =r1-3-1
mas eu não gosto das condi- pais diferenças entre o
ções da Appstore, por isso, pe- TORCS e os outros jogos? Comecei como participan-
lo menos, não vou fazê-lo tão te e me tornei líder do projeto,
breve.. BW: É muito estável, mo- em Março de 2005.
desto em recursos, funciona
em várias plataformas e é Minhas principais contri-
REL: TORCS pode se tor- Open Source (código aberto). buições são robôs, muitos (vári-
nar um "Gran Turismo" ou as centenas) bugfixes,
Outra diferença muito im- algumas funcionalidades, arte,
"Need for Speed" do mundo portante é a disposição das fer-
opensource? Este é o pla- instaladores, a página web atu-
ramentas, a AI championship e al, a documentação e os TRB,
no? os recursos disponíveis na do- o TORCS racing board. Basica-
BW: Definitivamente não. cumentação. Uma "característi- mente eu acho que virou um
Acho que não há nada errado ca secreta" é que ele é tão protótipo para um produto ins-
com esses jogos, se você qui- bom que não é muito difícil a cri- talável e agradável e isso fez
ser um desses vá até uma loja ação de conteúdo, acho que is- alavancar sua popularidade.
e compre-o. Existem alguns pro- so motiva as pessoas a
jetos que vão nesse sentido, o experimentá-lo por elas mes-
2 TORCS forks e o VDrift. mas. REL: Existe um recurso
Uma palavra para o que você tenha pensado em
"Need for Speed": eu acho que colocar no jogo, e não foi
REL: Nas últimas ver- possível, por falta de coope-
estradas públicas são um bom sões do TORCS, o que há de
sistema de transportes, de mo- ração ou por algum outro
novo? O que há de recur- motivo?
do que você realmente deveria sos?
seguir as regras e os limites BW: Não, apenas falta de
de velocidade. É óbvio que BW: TORCS 1.3.1 tem vá- tempo. O único fator limitante
qualquer motorista se acha aci- rios bugs consertados, um mon- é realmente os sistemas de có-
ma da média, mas por via de re- te de reformulação/conteúdos digo aberto em 3D. Porque al-
gra 98% dos motoristas são novos (carros e pistas). guns hardwares são realmente
amadores totais, e deviam pa- Você encontrará todo o ti- mal suportados nessa questão.
rar de sonhar e pensar sobre po de informação a respeito no Por exemplo eu não uso
as conseqüências de seus er- site: www.torcs.org ou no o estado de arte da renderiza-
ros. O "Need for Speed" definiti- README do pacote 1.3.1. ção, pois se o fizesse muita
vamente possui uma gente não poderia jogar o
mensagem errada (exceto o re- TORCS com desempenho acei-
lease "Pro Street"). Se você REL: O que o motivou a
tável.
quer experimentar/desfrutar da você criar o TORCS?
potência do seu carro haja de Eu não tenho vontade de
BW: Inicialmente eu não
acordo com as instruções de se- ter diferentes meios de renderi-
o criei e sim Eric Espie e Chris-
gurança e façam isso na pista zação, eu realmente quero
tophe Guionneau, você pode
de corrida de sua cidade que é mantê-lo simples, caso contrá-
encontrar o início da história
local ideal para isto. Estradas rio, você não pode chegar a
TORCS aqui: http://torcs.cvs.
não devem ser grandes par- uma cobertura de testes séria.

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CAPA · ENTREVISTA COM BERNHARD WYMANN

REL: Como criar um jo- NDA's para se criar algo). as suas próprias texturas, "não
go tão bom e tão pequeno? vá" usar o conteúdo de outros
BW: Você pode pensar jogos de forma ilegal.
REL: Qual é o segredo
nas coisas relevantes, como da criação de um bom jogo? Da mesma forma com os
por exemplo, já que se recu- automóveis, modelos e mar-
sam a dar o apoio de hardware BW: Não faço idéia, acho cas, estas coisas são normal-
em determinadas situações en- que essa questão é mais para mente protegidas pela lei,
tão por esta razão eu só apoio Sid Meier, ele pode te dizer. assim que você entender que
oficialmente coisas que eu pos- Mas uma coisa é certa, o jogo não se pode usar logotipos re-
sa testar, senão eu nunca vou tem executar na máquina e sis- ais, marcas reais ou desenhos
ter a certeza de que ela real- tema operacional de seu públi- reais legalmente (é claro que
mente funciona. co, caso contrário as pessoas você pode criar um automóvel
não saberão dizer nem se o jo- semelhante, só que ele não de-
go é bom ou ruim. ve seguir a risca das caracterís-
REL: Os jogos de códi- É por isso que sou bastan- ticas do modelo original).
go aberto têm futuro? O que te conservador com adição de
você pensa sobre isso? Se você quiser algo so-
complexidade e dependências, bre código, você deve contatar-
BW: Depende do que vo- se você tiver um grande jogo me diretamente por e-mail. Vo-
cê entenda por futuro. Penso que tem apenas 2% da audiên- cê encontrara uma lista de tare-
que haverá sempre pessoas cia em potencial você perderá fas no arquivo README do
que irão surgir com um jogo de feio. pacote de distribuição.
"construção caseira" e que vão Vejo o TORCS como o
divulgá-lo como código aberto, meu "cartão de visita", por isso
se for possível. basicamente tudo nele tem de REL: Você tem outros
Ou quem sabe, talvez a in- funcionar perfeitamente. projetos opensource(código
dústria de conteúdo gere mei- aberto)?
os para evitar este movimento BW: Não, tudo está relaci-
através de normas jurídicas ou REL: Quem quiser contri- onado com TORCS e está dis-
técnicas, por exemplo, o buir com o projeto ou ter ponível no CVS (TRB, tutoriais
hardware poderia verificar que mais informações, o que fa- de robô, etc.)
o software é assinado por tal zer?
certificado para rodar nele. BW: Em primeiro lugar sa-
ber se o TORCS é o projeto REL: Qual é a sua opi-
Nós iremos executá-lo de nião sobre jogos de corrida
alguma forma. Eu penso que com o qual você deseja contri-
buir, dependendo de seus obje- proprietários?
os jogos de código aberto nun-
ca serão um grande sucesso tivos, existem melhores BW: Alguns deles são re-
se compararmos o Sims ou opções. almente ótimos e eu gosto de
GTA, para o jogador não impor- Se você quiser contribuir jogá-los vez que outra.
ta se o jogo possui código aber- de alguma forma, certifique-se
to ou não já que os principais que você compreendeu o licen-
jogos não suportam este mode- REL: Quem são as ou-
ciamento, por exemplo, se vo- tras pessoas (a equipe) por
lo de distribuição (por exem- cê quiser criar uma pista você
plo, deve se assinar uma trás do jogo?
tem que usar as texturas
licença cara para os SDK's e TORCS existentes ou a criar BW: Para lista de partici-

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CAPA · ENTREVISTA COM BERNHARD WYMANN

características de sessões de
jogo, por exemplo, onde você
pode configurar o seu carro na
Você tem seu sessão de treino ou o envio de
um safecar quando um aciden-
cérebro, aprenda a pensar com te acontecer. Esta é a prepara-
ção para a característica mais
ele, então use-o. Não acredite em relevante: jogos on-line pela In-
ternet.
nada, use seu cérebro para
questionar tudo... REL: Obrigado pela
oportunidade! Deixe um reca-
Bernhard Wymann do para os leitores da revis-
ta.
BW: Você tem seu cére-
pantes consulte a página de os criadores das ferramentas e bro, aprenda a pensar com
créditos: bibliotecas que usamos para cri- ele, e então o use. Não acredi-
http://torcs.sourceforge. ar TORCS. te em nada, use seu cérebro
net/index.php?name=Sections Como Newton disse: "Se para questionar tudo.
&op=viewarticle&artid=19 eu fui capaz de ver mais longe, Assim, ao fim, se sabe o
As mais importantes é porque eu estava sobre os que se conhece ou não, o que
(mais importante do que todos, ombros de gigantes". o ajudará a tornar-se um ser
incluindo eu) são os primeiros humano tolerante e responsá-
criadores, Eric Espie e Chris- vel. Obrigado pela entrevista.
REL: O que pensa so-
tophe Guionneau. bre a comunidade que foi cria-
Meus parabéns e respei- da em torno do jogo?
to pelo trabalho deles, essa é BW: Às vezes eu gosto
a grande diferença entre so- do pessoal e, as vezes, eles
nhar/falar e realmente fazer al- me irritam :-) por ex: há agradá-
go. veis surpresas como uma talen-
Criticas construtivas fo- tosa contribuição, boas
ram bem aceitas de Rémi Cou- discussões, etc., do outro lado
lom, Christos Dimitrakakis, existem conflitos chatos que
Charalampos Alexopoulos, Pa- não se resolvem (por exem-
trice Espie, Andrew Sumner, Eli- plo, complexidade vs. manuten-
Maiores informações:
am SpeedyChonChon, Olaf ção/estabilidade). Site oficial do TORCS
Sassnick, entre outros. Basica- http://www.torcs.org
mente você nunca consegue lis-
tar todos os créditos, caso REL: O que podem espe- Site do Torcs no Sourceforge
contrário, temos de começar, rar os fãs do TORCS em ver- http://torcs. sourceforge.net
pelo menos, com Isaac New- sões futuras?
ton, falando sobre os pioneiros BW: Além de conteúdo, Site pessoal
da computação e, finalmente, de atualizações e manutenção, http://www.berniw.org

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CAPA · ENTREVISTA COM JOHN DIAMOND

Entrevista com John Diamond,


criador do Alien Arena
Por João Fernando Costa Júnior

Revista Espírito Livre: JD: Alien Arena surgiu


Se apresente aos leitores. dos jogos em primeira pessoa
Quem é John Diamond? Fale da CodeRED, os quais são do
um pouco sobre o Alien Are- estilo ficção científica retrô. A
na. ideia original era ter uma cena
John Diamond: Eu sou o de um famoso filme com robôs
CEO da COR Entertainment, e alienígenas lutando uns con-
LLC, e líder programador/cria- tra os outros em um simples jo-
dor do jogo Alien Arena. Alien go deathmatch, mas
Arena é um jogo online multi- finalmente decidiu-se ir para
player e deathmatch, que é se- uma rota mais original. Através
melhante ao Quake 3 e Unreal dos lançamentos de 2007, o te-
Tournament, com o código ma permaneceu muito extro-
aberto e livre para o público jo- vertido, estilo retrô, mas a
gar. O jogo foi inicialmente lan- partir das versões de 2008, o
çado em outubro de 2004 e estilo foi mudado para uma
tem estado em evolução contí- mistura mais escura, atualiza-
nua desde então. das para sentir o tema ainda
mais retrô. Ao longo dos anos,
um grande número de altera-
REL: Como surgiu a ções e inovações tornaram o
idéia de se criar o Alien Are- jogo completamente diferente
na? das versões anteriores e muito
diferente da idéia original.

Revista Espírito Livre | Julho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |35


CAPA · ENTREVISTA COM JOHN DIAMOND

te a aparência do
jogo. Com a chega-
REL: Porque o nome Ali-
da da nova versão
en Arena?
do Alien Arena
JD: As primeiras versões 2009 , a engine es-
do jogo foram desenvolvidas tá entre as mais
com aparencia semelhante ao avançadas dos jo-
Quake 3 Arena, mas com ali- gos livres.
ens, de modo que o nome veio
a partir daí.
REL: A engi-
ne pode ser usa-
REL: Como funciona a da para criar
engine do jogo? É baseada outros games,
em qual engine? Fale a res- além dos jogos
peito. de tiro em primei-
Figura 1 - John Diamond, criador do jogo
A engine do jogo é, na rea- ra pessoa?
ra este tipo de jogo, e particu-
lidade, baseada na engine do JD: Sim, a engine pode larmente porque sempre há
Quake II, mas grande parte de- ser utilizada para uma série de pessoas que querem impedir
la teve de ser reescrita, especi- aplicações, mas ela é principal- seu progresso em prol dos ou-
almente o efeito renderizador mente uma engine de tiro em tros jogos similares que lhe fa-
das coisas. A engine tem evoluí- primeira pessoa. Pode haver es- vorecem. Acho que para
do constantemente ao longo colhas melhores de se usar muitos projetos, desenvolvi-
dos anos, tornando significan- em outros estilos que não seja mento é um problema em que
tes as melhorias gráficas entre este tipo de jogo, uma vez que muitas vezes os desenvolvedo-
outras. Em 2008, começamos se envolverá um trabalho ár- res empurram para outras coi-
a reescrever partes da engine, duo para torná-la apta a traba- sas, e os projetos tornam-se
removendo antigas funções fi- lhar em algo que não seja um estagnados. Ultimamente vi-
xas OpenGL com código GLSL jogo do tipo tiro em primeira mos isto ocorrer em outros jo-
(OpenGL Shading Language), pessoa. gos baseados na engine
que tem mudado dramaticamen-
Quake. O futuro parece um
REL: Qual é pouco nebuloso para alguns,
a maior dificulda- mesmo que a sua base de jo-
de de desenvol- gadores seja bastante forte.
ver um game Nós, felizmente, não temos ti-
opensource e gra- do esse problema. Na verda-
tuito? de, a quantidade de
desenvolvedores com interes-
JD: A distribui- se em trabalhar no jogo conti-
ção não é muito difí- nua aumentando. Acho que o
cil na idade maior problema é que você pre-
moderna, mas aces- cisa ter um fluxo de liberação
so a publicidade po- contínua, a fim de manter viá-
de ser difícil, vel uma base de jogadores.
especialmente pa-
Figura 2 - Cena do jogo

Revista Espírito Livre | Julho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |36


CAPA · ENTREVISTA COM JOHN DIAMOND

REL: Como o projeto é REL: Quais


sustentado? Existem doa- as diferenças en-
ções ao projeto? tre o Alien Arena
JD: Nós realmente não re- e outros games
cebemos doações e qualquer de tiro em primei-
um que trabalha no jogo o faz ra pessoa?
por prazer. Nós temos alguns JD: A maior
acordos financeiros onde te- diferença é, prova-
mos empacotado o jogo com velmente, a veloci-
outro software, o que gera algu- dade do jogo.
mas receitas para publicidade, Alien Arena tem
etc. um arsenal um
pouco mais pode- Figura 3 - Cena do jogo
roso do que os de- va, com armas que são muito
REL: Qual o hardware mais, e os fragmentos surgem divertidas de usar. Desde que
mínimo para rodar o Alien muito mais rápido do que no temos expandido a jogabilida-
Arena? Quake 3. Existem também mui- de, alguns itens como o siste-
JD: Alien Arena é muito tos tipos de jogos e mutantes ma de recompensas, acho que
escalável. Você pode rodar o jo- não encontrados em sua mé- o jogo é sem dúvida uma bela
go nas configurações mínimas dia de tiro em primeira pessoa, alternativa para os jogos Qua-
com uma CPU de 1 GHz, com como o Cattle Prod e Team Co- ke. Quanto a saber se na ver-
512 MB de memória RAM e re Assault. Alien Arena tam- dade é ou não mais divertido,
uma placa de vídeo GeForce2. bém tem um estilo visual que é eu acho que varia dependendo
Nas configurações máximas, é bastante singular em termos do gosto do jogador, mas nós
recomendável ter uma CPU de de conceito e entrega. certamente pensamos que é.
2 GHz, com uma placa de ví-
deo GeForce 9600 ou similar.
REL: Na sua opinião, vo- REL: Nesta última ver-
cê acha o Alien Arena mais le- são do Alien Arena, o que há
REL: Existem planos de gal que o Quake III ou outros de novo? Quais novidades?
portar o game para outros sis- games da série Quake?
Alien Arena 2009 (v 7.30)
temas operacionais ou mobi- JD: Esta é uma área mui- foi lançado em junho e a quan-
le? to subjetiva, mas eu certamen- tidade de recursos e comple-
JD: Gostaríamos de divul- te acho que nós temos mentos é extensa. As maiores
gar o jogo no OSX em algum expandido sobre os princípios novidades são as mudanças
momento no futuro, mas o pro- básicos que Quake III introdu- no renderizador, com todas as
blema foi que ninguém da co- ziu. Alien Arena é provavelmen- superfícies agora sendo rende-
munidade tem se intensificado te um pouco mais perto do rizadas em GLSL (se ativado)
e seguido em frente para traba- Unreal Tournament em termos usando iluminação por pixel e
lhar nesse sentido. Creio que al- de jogabilidade, considerando- com o sistema de som comple-
guém está realmente se os modos alternativos de dis- tamente reescrito, que agora
trabalhando no porte para mobi- paros, evitando movimentos e usa OpenAL. A performance
le. layouts de mapa. Penso que Ali- do jogo também foi otimizada
en Arena oferece um visual em grande parte e agora é pos-
mais atraente, aparência imersi- sível jogar nas configurações

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CAPA · ENTREVISTA COM JOHN DIAMOND

acabará por ser re- trar um pouco mais sobre o Te-


lançado e utilizará am Core Assault e modos All
a engine CRX, movi- Out Assault, e naturalmente va-
do a Alien Arena. mos continuar avançando na
engine para tirar partido das
novas tecnologias que estão
REL: Quem disponíveis.
são as pessoas
atrás do game Ali-
en Arena? REL: Quem quiser con-
JD: Há um tribuir, o que deve fazer?
grande número de JD: Eles devem visitar o
Figura 4 - Cena do jogo
pessoas que ao lon- site http://red.planetarena.org
go dos anos têm con- e entrar nos fóruns, onde pode-
máximas sem ter graves proble-
tribuído para o jogo, rão interagir com a comunida-
mas com atraso de quadros.
atualmente existem 3 desenvol- de e os desenvolvedores.
Nós também incluímos uma sé-
vedores principais, o que inclui
rie de novos mapas, persona-
eu, Stratocaster (Jim) e Emp
gens e outras surpresas. REL: Deixe uma mensa-
(Dennis).
gem para os leitores.
REL: Existem outros ga- JD: Obrigado pela entre-
REL: O que você acha vista, e faça o download da no-
mes baseados no código-fon-
da comunidade que se cria va versão, lançada a poucas
te do Alien Arena,
em volta do game? semanas e se você é um fã
modificações do game. O
que você acha disso? JD: A comunidade é a me- desse tipo de jogo, você não fi-
lhor parte do trabalho no jogo. cará decepcionado!
JD: Eu adoro ver modifica-
Eles fazem toda a diferença, e
ções do Alien Arena. Eu recen-
penso que são um grande e
temente vi uma modificação do
amigável grupo de jogadores,
jogo feito na Aqua Teen Hun-
que fazem os novos participan-
ger Force, que foi engraçado e
tes se sentirem bem-vindos, e
divertido.
ajudam da melhor maneira pos-
sível a manter o jogo caminhan-
REL: Você tem outros do.
projetos em código aberto?
Você trabalha em uma empre-
REL: O que se pode es-
sa com código aberto?
perar das próximas versões
JD: Eu também lancei um do Alien Arena?
jogo por volta de 2000 chama-
JD: Em 2009, eles podem
do Alteria, que foi baseado no
esperar vários lançamentos,
código fonte do Quake I e foi Maiores informações:
nos quais iremos continuar adi-
um estilo mais RPG do que um
cionando novos conteúdos e re-
de tiro em primeira pessoa. Es- Site Oficial AlienArena
formulando alguns dos velhos
te projeto está inativo no mo- http://red.planetarena.org
conteúdos. Vamos nos concen-
mento, mas eventualmente

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CAPA · ENTREVISTA COM SAMI KYÖSTILÄ

Ent r e v is ta
exclusiva
c o m Sa m i
Kyöstilä,
criador do
Frets on Fire
Por João Fernando Costa Júnior

Revista Espírito Livre: desenvolvimento de games no


Quem é Sami Kyöstilä? Se Assembly 2006. O Assembly é
apresente para os leitores da re- um dos maiores eventos sobre
vista. demoscene no mundo e é reali-
Sami Kyöstilä: Sou um fin- zado a cada dois anos em Hel-
landês de 26 anos envolvido sinque, aqui na Finlândia. Ele
com desenvolvimento de jo- reúne milhares de entusiastas
gos, softwares de código aber- para discutir, jogar e competir
to, programação gráfica e um em várias categorias, como a
fã de arte digital em geral. categoria demo. Em 2006 nos-
so time, o Unreal Voodoo, deci-
diu que seria divertido fazer a
REL: Nos fale sobre o inscrição para a competição de
Frets on Fire. De onde vem o desenvolvimento de games e
nome? É baseado no nome em cerca de dois meses essa
de alguma música? ideia se tornou o Frets on Fire.
SK: O Frets on Fire foi cri- O nome do jogo vem de
ado para ser a inscrição do nos- um termo musical para definir
so time na competição de um guitarrista muito hábil.

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CAPA · ENTREVISTA COM SAMI KYÖSTILÄ

REL: Qual é a inovação bre os resultados a alcançar, drivers de vídeo antigos. Um


do Frets on Fire? Ele é um dessa forma todos trabalham outro requerimento é ter um
clone do Guitar Hero? para atingi-los. bom teclado (recomendo tecla-
SK: Na minha opinião a Pessoalmente meu maior dos sem fio) ou um "controle
grande inovação do Frets on Fi- problema é ter tempo para tra- guitarra".
re é a forma como ele enfatiza balhar games, já que faço isso
a comunidade e o aspecto soci- como um hobby. REL: Há planos para lan-
al de jogar. Desde o começo çar versões para outros sis-
nós quisemos tornar fácil para temas operacionais ou
as pessoas as tarefas de criar REL: Como o projeto é
sustentado? Há doações em mesmo versões mobile?
conteúdos adicionais como no-
vas músicas e também a possi- dinheiro? SK: Atualmente suporta-
bilidade de competir em SK: Nós não coletamos mos Linux, Windows e Mac OS
campeonatos online. Baseado doações ativamente dos jogado- X, mas a maioria do código é
no número de jogadores e nas res, mas apreciamos quando independente de plataforma,
comunidades formadas em tor- as pessoas decidem doar algo por isso é bem simples porta-lo
no do jogo eu acredito que cum- para nos ajudar. O Frets on Fi- para outras plataformas. Acre-
primos nosso objetivo. re é feito por diversão, mas é dito que veremos uma versão
claro que as doações ajudam, mobile também, provavelmen-
por exemplo, para adicionar su- te nos tables Maemo, da Nokia.
REL: Quais são as maio- porte à novos "controles guitar-
res dificuldades em se desen- ra" ao jogo. O mais importante
volver um jogo de código REL: O Frets on Fire po-
é a forte comunidade online de se tornar um "Guitar He-
aberto e com distribuição gra- que mantém o projeto por todo
tuita? ro" de código aberto? É essa
esse tempo. Nós temos vários a idéia?
SK: A maior dificuldade voluntários dedicados que cria-
em se criar um jogo de código ram fóruns, novas músicas, aju- SK: O Guitar Hero tem si-
aberto é juntar em um grupo daram novos jogadores e do uma fonte de inspiração pa-
pessoas com conhecimento, ta- ajudaram o projeto de inúme- ra nós, mas não queremos
lento e motivação para traba- ras outras maneiras. fazer uma replica exata dele.
lhar no projeto. É bom que se Queremos manter nosso foco
tenha uma ideia bem clara so- em nosso estilo de jogos musi-
REL: Qual é o cais.
hardware mínimo
necessário para ro-
dar o Frets on Fire? REL: Quais são as maio-
res diferenças entre o Frets
SK: O jogo não on Fire e outros jogos musi-
exige uma máquina cais?
muito potente, mas
ter um boa placa de SK: Acredito que um dife-
vídeo ajuda. A maio- rencial é que o Frets on Fire
ria dos problemas en- pode ser jogado sem qualquer
frentados pelas hardware especial, como "con-
pessoas no jogo é de- troles guitarra", basta usar o
vido a utilização de seu teclado -- E você fica mui-
Figura 1 - Tela do jogo

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CAPA · ENTREVISTA COM SAMI KYÖSTILÄ

to "cool" jogando com o tecla-


do :)
... jogos de código aberto
REL: O que há de novo são uma boa maneira para os
na última versão do Frets on
Fire? Quais os novos recur- desenvolvedores compartilharem
sos?
SK: A última versão foi fo-
idéias e aprenderem com o trabalho
cada em correção de proble-
mas e otimização de
dos outros.
performance, assim donos de Sami Kyöstilä
computadores mais antigos po-
dem desfrutar do jogo. Nosso
grupo, Unreal Voodoo, está tra- SK: Não tivemos proble- Recursos feitos pela comunida-
balhando em um novo jogo, en- mas com as músicas já que de como campeonatos online
tão o Frets on Fire está em nós mesmos criamos as músi- e a possibilidade de criar no-
modo de "manutenção", ou se- cas do jogo. vas músicas e temas ajudaram
ja, não teremos muitos novos muito no caso do Frets on Fire.
recursos por um tempo. Mas
REL: Há algum recurso
não se preocupe! Há um novo
que vocês gostariam de adici- REL: Os jogos de códi-
"branch" de desenvolvimento
onar ao jogo mas não pude- go aberto tem futuro? O que
chamado FoFiX (http://code.
ram, por falta de cooperação você pensa sobre isso?
google.com/p/fofix) que está
ou algum outro motivo? SK: Acredito que jogos
adicionando toneladas de no-
vos recursos e melhorias a SK: Há vários recursos de código aberto são uma boa
uma velocidade incrível. que gostaríamos mas simples- maneira para os desenvolvedo-
mente não tivemos tempo o su- res compartilharem ideias e
ficiente. O grupo de aprenderem com o trabalho
REL: O que o motivou à desenvolvimento inicial era dos outros. Na minha opinião
criar o Frets on Fire? bem pequeno, por isso nos fo- abrir o código do Frets on Fire
SK: Tudo começou com a camos nos aspectos essenci- foi uma boa escolha pois possi-
ideia de usar o teclado como ais para o jogo. Por sorte bilitou que outros adicionas-
substituto para o "controle gui- membros da comunidade entra- sem recursos que nós não
tarra". Nós só tivemos que ver ram para a equipe para adicio- teríamos feito. Um bom exem-
como isso funcionaria em um jo- nar recursos como multiplayer plo é um projeto de uma facul-
go atual. O que ajudou bastan- e suporte para bateria. dade onde modificaram o Frets
te foi o fato de termos um on Fire para possibilitar que ce-
prazo estrito, isso nos manteve gos joguem com um controle
REL: Como criar um jo- personalizado. Acredito que es-
motivados.
go popular tão bom e tão pe- se tipo de coisa seja muito
queno? mais complexa -- se não impos-
REL: Você tem proble- SK: A coisa mais importan- sível -- com jogos de código fe-
mas com direitos autorais te é se focar no modo de jogar. chado.
das músicas ou com a interfa- Acredito que se o jogo for diver-
ce do jogo? tido todo o resto é secundário.

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CAPA · ENTREVISTA COM SAMI KYÖSTILÄ

REL: Você tem outros koski estrelando como a voz teresse das pessoas.
projetos de código aberto? de Jürgen.
SK: Tenho poucos proje- REL: O que os fãs do
tos em que trabalho de vez em REL: O que você acha Frets on Fire podem esperar
quando. Um deles é um progra- sobre a comunidade forma- para as versões futuras?
ma que baixa capas de discos da em torno do Frets on Fire?
da internet. SK: Todos os fãs podem
SK: Fomos pegos de sur- ficar de olho no FoFiX para te-
presa pela magnitude das dife- rem dicas do que vem por ai.
REL: Qual a sua opinião rentes comunidades formadas
sobre jogos musicais de códi- em torno do jogo quase imedia-
go fechado, como o Guitar tamente após o lançamento da REL: Se alguém quiser
Hero? primeira versão. Continuamos contribuir com o projeto ou
recebendo mensagens de joga- tirar alguma dúvida deve fa-
SK: Acredito que eles são zer o que?
um mal necessário por causa dores entusiastas de todo o
dos termos que os fabricantes mundo e é irreal pensar que cri- SK: Apreciamos toda a
de consoles os forçam a se- amos algo apreciado por tanta ajuda e qualquer um interessa-
guir. Acho que o XNA da Micro- gente. do em trabalhar no projeto de-
soft para o XBox 360 é um ve me contatar via e-mail
passo na direção certa, já que (sami.kyostila@unrealvoodoo.
REL: Vocês encorajam org).
ele torna o console mais acessí- os fãs do jogo a criar paco-
vel à desenvolvedores de jo- tes de musicas? Lembrando
gos e também encoraja os que a maioria dos pacotes REL: Obrigado pela en-
jogos de código aberto. Alias, de músicas encontrados na trevista! Deixe uma mensa-
eu não vejo nada de errado internet contem arquivos no gem para os leitores da
em vender um jogo para se con- formato OGG que foram copi- revista.
seguir dinheiro, na maioria dos ados de CDs.
casos esse é o único modo de SK: Obrigado pelas per-
manter o projeto. Acredito que SK: Acreditamos que distri- guntas, foram bem interessan-
é importante que os jogadores buir musicas sem licença não tes, e lembrem-se de "keep on
deem suporte à pequenos ti- é uma boa ideia, mas não há rocking :)"* -- Algo como conti-
mes de desenvolvimento inde- dúvidas de que as pessoas con- nuar tocando, "destruindo", ar-
pendentes, pois eles também tinuam fazendo isso. Em vez rasando... =)
tem a liberdade criativa para cri- disso nós sugerimos que as
ar algo realmente novo. pessoas distribuam apenas os
aquivos com as notas das músi-
cas ou usar musicas grátis/li- Maiores informações:
REL: Quem são as ou- vres que podem ser Site oficial do Frets on Fire
tras pessoas (o time) por encontradas em fóruns como o http://fretsonfire.sourceforge.net
trás do jogo? fretsonfire.net e o keyboardson-
SK: O Frets on Fire foi cri- fire.net. Algumas bandas tam- Fórum Frets on Fire
ado por mim (código), Tommi In- bém descobriram que é uma http://fretsonfire.net
kilä (música) e Joonas Kerttula boa ideia distribuir cópias do
(gráficos). É claro que não po- Frets on Fire com suas própri- Fórum Keyboard on Fire
demos esquecer Mikko Korkia- as músicas, isso aumenta o in- http://keyboardsonfire.net

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CAPA · EVOLUÇÃO DOS JOGOS PARA LINUX

Evolução dos jogos para Linux:


verdade ou ilusão?
Por Carlos Donizete

Uma das razões que fazem as pessoas Para se ter uma idéia, na Figura 1, pode-
pensar duas vezes antes de mudar para siste- se ver o resultado da parceria entre servidor pri-
ma operacional Linux é a fama de ser difícil ar- vado OffTopic e o Portal Ubuntu Games, que
ranjar bons jogos. Não deixa de ser verdade, tornaram este Ragnarok perfeitamente funcional
porque os jogos mais badalados são aplicações para GNU/Linux via Wine.
comerciais bastante caras e normalmente só fun- O Wine (http://www.winehq.org), acrônimo
cionam em Microsoft Windows®. recursivo para “WINE Is Not an Emulator”, isto
Há muitos que não querem migrarem para é, WINE Não é um Emulador (sendo que wine
o sistema Linux por razão dos jogos que suposta- traduzido literalmente do inglês para o portu-
mente não existem para esta plataforma ou guês significa vinho, tendo como logomarca
acham que só vão encontrar jogos de baixa quali- uma taça de vinho) é um projeto para platafor-
dade, jogabilidade e sem nenhum tipo de diver-
são garantida para o usuário.
Existem usuários de Windows® que até
pesquisam em sites de buscas para saber de en-
contrar jogos legais para versão Linux ou que
possa ter possibilidades de o jogo preferido funci-
one normalmente nesta plataforma que ao pas-
sar do tempo andas atraindo muitos curiosos
para experimenta-lo.
Mas a verdade é que títulos de jogos bada-
lados realmente são poucos, isso por conta da
falta de interesse dos produtores por não faze-
rem versões para GNU/Linux, que isto também
não problema, porque com ao passar do tempo
o jogos estão funcionando perfeitamente utilizan- Figura 1 - Ragnarok perfeitamente funcional para GNU/Linux via
do via WINE. Wine

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CAPA · EVOLUÇÃO DOS JOGOS PARA LINUX

ma UNIX/LINUX que permite a executar nesse


ambiente software especificamente concebido
para o Microsoft Windows®. Os detalhes sobre
como instalar este jogo acesse você encontra
no http://www.ubuntugames.org ou no site do ser-
vidor privado OffTopicRO: http://www.off
topicro.com.
Mas, e os jogos nativamente para esta pla-
taforma? Será mesmo que existem jogos bons
tanto em 3D ou 2D? Será que existe um número
razoável de jogos para GNU/Linux?
Existem sim, muitos jogos de ótima qualida-
de na parte gráfica (visualmente) e som (som am-
biente do jogo em músicas e efeitos) e sem Figura 2 - Enemy Territory: Quake Wars nativo em GNU/Linux
dizer com boa jogabilidade e diversão garantida.
Muitas empresas estão investindo no de- Wolfenstein: Enemy Territory
senvolvimento de jogos com tecnologia de cine- (http://www.splashdamage.com)
ma, efeitos especiais, técnicas inovadoras,
Ao contrário do que o título sugere, não há
roteiros envolventes e gráficos surpreendentes.
nenhuma relação com Wolfenstein Enemy Terri-
O mercado de usuários Linux está a cada tory, mod gratuito desenvolvido para Return to
dia mais atraindo este tipo de empresa, e já é co- Castle Wolfenstein, da mesma desenvolvera em
mum acharmos jogos que rodam nativamente questão.
em Linux serem vendidos.
Foi um dos primeiros jogos conhecidos co-
A seguir, alguns exemplos de alguns jogos mo o melhor em gráficos e realismo para plata-
em 3D e 2D nativos para sistema operacional forma Linux nos anos 2005/2006.
GNU/Linux:

Jogos em 3D
Este tipo de jogo exige placas de vídeos
com suporte OpenGL 3D, ou seja modelos co-
mo NVIDIA – GeForce, ATI – Radeon e alguns jo-
gos até suporte com placas de vídeos Intel.

Enemy Territory: Quake Wars


(http://www.enemyterritory.com)
Um jogo de tiro em primeira pessoa da acla-
mada Id Software, empresa com ampla experiên-
cia no gênero. O game é de tirar o fôlego, e
exige uma ótima placa de vídeo 256MB ou supe-
rior (de preferencia modelo NVIDIA) com no míni-
mo 1GB de memória ram para suportar no Linux. Figura 3 - Tela do game Wolfenstein: Enemy Territoy

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CAPA · EVOLUÇÃO DOS JOGOS PARA LINUX

Savage 2 - A Tortured Soul (http://sava- ca de vídeo com 64MB e com 512 MB, que
ge2.com/en) chama Savage XR.
Depois do sucesso da primeira versão - Sa-
vage: The Battle For Newerth na plataforma Jogos em 2D
GNU/Linux, a S2 Games chega impactando
com uma continuação repleta de elementos no- Para este jogos em 2D dificilmente exigem
vos, gráficos ainda mais exuberantes e sem pre- placas de vídeos com suporte OpenGL 3D.
conceito de gêneros. O game mistura estilos de
jogo onde pode atirar com arco-e-flecha ou me-
tralhadoras até construir edifícios e liderar le- Dofus Online (http://www.dofus.com/pt)
giões, tudo é permitido para o jogador. Um MMORPG (Massively Multiplayer Onli-
Exige uma ótima placa de vídeo 256MB ou ne Role-Playing Game) ou seja é um jogo de
superior (de preferência modelo NVIDIA) com computador que permite a milhares de jogado-
no mínimo 1GB de memória ram para suportar res criarem personagens em um mundo virtual
no Linux. dinâmico ao mesmo tempo na Internet que mis-
tura um mundo de fantasia heróica e gráficos
em 2D muito colorido. Produzido pela empresa
francesa Ankana Games
Feito inteiramente em Flash, Dofus oferece
vasta criação de personagens e times, inúmeras
armas, magias e itens, cenários belíssimos pin-
tados por artistas 2D, trilha sonora de primeira e
um viciante sistema de batalhas por turnos, ao
melhor estilo Final Fantasy Tactics. Não exige
uma super máquina, bastando um Pentium III -
800 Mhz, 512 MB RAM (para um bom desenpe-
nho no jogo) e Placa de vídeo onboard com 32
MB.

Figura 4 - Cena de Savage 2

Para aqueles que possuem uma máquina


com configuração inferior, eles fizeram uma ver-
são do Savage com configuração mínima de pla-

Figura 5 - Cena de Savage XR Figura 6 - Cena do game Dofus

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CAPA · EVOLUÇÃO DOS JOGOS PARA LINUX

The Battle for Wesnoth (http://www. LanHouses


wesnoth.org)
Existem diversos programas para gerenci-
Battle for Wesnoth é um jogo de estratégia ar LanHouses rodando em plataforma Linux,
baseada em turnos ambientado em um mundo tais como:
medieval cheio de magia e batalhas épicas. De-
senvolvido por David White e Comunidade Wes-
noth. LanBR - Um gerenciador de lan houses de-
senvolvido para Linux.
O jogo é baseado em turnos que envolve lu-
tas pelo controle de vilarejos utilizando uma gran- OpenLanHouse - Desenvolvido sob a ba-
de variedade de unidades. Cada unidade possui tuta do brasileiro Wilson Pinto Júnior, você ge-
pontos de força diferentes, sendo que com o de- rencia várias máquinas ao mesmo tempo. Foi
correr do jogo você pode transformar algumas escrito em Python utilizando a biblioteca Gtk.
unidades em personagens especiais, como líde-
res e heróis.
Para este jogo qualquer configuração que
possuir na sua máquina funcioná tranquilamen-
te, desde que obtenha pelo menos 512MB de
memória de RAM, para um ótimo desempenho
no jogo. Maiores informações:
Site Ubuntu Games:
http://www.ubuntugames.org

Site Linux Game Publishing


http://www.linuxgamepublishing.com

Site Linux Games


http://www.linuxgames.com

Site Linux Game Tome


http://www.happypenguin.org

Linux Gamers
http://www.linux-gamers.net

Figura 7 - Cena de Battle for Wesnoth


Linux Gamer Guide
http://linux.strangegamer.com
Estes foram apenas alguns exemplos de
bons jogos existentes nativamente em platafor-
ma GNU/Linux. CARLOS DONIZETE é técnico em suporte
de hardware e software onde reside no
Quer saber como instalá-los? Basta visitar Estado de São Paulo. Criador e
administrador do site Ubuntu Games, onde
http://www.ubuntugames.org. desenvolve tutoriais de jogos para as
disbtribuições Debian/Ubuntu Linux desde
2006 voltado ao público iniciante. É
conhecido pela comunidade Ubuntu Brasil
pelo apelido Coringao, onde participa desde
2005.

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CAPA · NEWSGAME

Newsgames:
o embaralhamento de
fronteiras entre jornalismo
e videogame
Por Yuri Almeida

Fred Kuipers - sxc.hu

Historicamente, o jornalismo se apropriou


da linguagem e técnicas de outros meios para a
produção de notícias. Assim foi com o cinema,
na elaboração de documentários, da narrativa li-
terária para o exercício do new journalism ou jor-
nalismo literário e, recentemente, a utilização de
componentes do vídeogame para a elaboração
de conteúdo jornalístico, prática denominada de
jornalismo vídeogame, newsgames, editorial ga-
mes ou jogo noticioso.
O debate sobre qual terminologia traduz a
melhor forma de se descrever/definir um fenô-
meno pela ciência é marcado por polêmicas e in-
decisões conceituais. Por uma questão didática,
utilizarei o termo newsgames para definir jogos
digitais baseados em conteúdo jornalístico difun-
didos via Internet. A notícia é o input para a cria-
ção do newsgames, que tem como

Revista Espírito Livre | Julho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |47


CAPA · NEWSGAME

característica a narrativa multimídia e a interativi- abordava a atuação da máfia, com dados, depoi-
dade. As notícias quentes (hard-news) não são mentos, investigação e o game, neste caso, pos-
os melhores laboratórios para a elaboração de sibilitava ao leitor maior interatividade com a
um newsgames, tanto por uma questão de tem- informação e engajamento na luta contra a práti-
po de produção como a sua baixa duração na ca ilegal.
agenda midiática. Portanto, as notícias frias
e/ou acontecimentos mais duradouros ou rele-
vantes (tragédias, eleições, doença) são os
mais utilizados para a formulação de um jogo ba-
seado em notícia. Vale ressaltar também, que a
linha editorial de cada veículo de comunicação
se reflete na concepção do game, na sua propo-
sição ou até mesmo na caricatura dos persona-
gens envolvidos na narrativa.
Figura 2: Game foi suporte para matéria de capa da revista

Um campo ainda em experimentação


No campo da política, durante as eleições
de 2008, o portal Uai, de Minas Gerais, influenci-
ado pelo Candidate Match Game, do USA To-
day, colocou no ar o newsgames Eleições 2008
que teve como objetivo auxiliar o leitor na esco-
lha do candidato à prefeitura de Belo Horizonte.
O jogo era simples, o jornal fazia uma série de
perguntas sobre diversos temas e no final indica-
va qual postulante estava mais concatenado
aos anseios e/ou expectativa do usuário.

Figura 1: Tom pacifista predomina no Play Madrid

Um dos primeiros newsgames foi o Play


Madrid, lançado pelo jornal ElPaís, em 2004,
que resgata o atentado terrorista na capital espa-
nhola em 2004 e convoca o leitor a manter as
“chamas acessas” pelo pacifismo.
No Brasil, a Superinteressante lançou no
ano passado alguns games baseados nas matéri-
as de capa da revista, como o Jogo da Máfia, on-
de o leitor precisa se infiltrar neste mundo para
identificar o funcionamento da máfia em localida- Figura 3: Newsgame buscou auxiliar leitor na escolha candidato
des diferentes, a venda de escravos entre ou-
tras “missões”. Cabe destacar que a matéria Apesar de alguns autores conceituarem a

Revista Espírito Livre | Julho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |48


CAPA · NEWSGAME

relação games e notícia como uma nova forma pio de algo e não um fim em si própria,
de se “fazer” jornalismo, penso que atrair uma potencializando o caráter hipertextual da Web. É
parcela da audiência, principalmente o público jo- preciso arquitetar a notícia de uma forma alinear
vem, e potencializar a interatividade junto aos lei- e possibilitar diversas “rotas de navegação” para
tores dos jornais é o foco central das o público nas páginas dos veículos de comunica-
experiências jornalísticas. Isso porque, o que de- ção.
fine o jornalismo não é o seu formato (rádio, TV,
internet, papel), mas sim, o conteúdo e as roti- Maiores informações:
nas de produção. Deste modo, utilizar a lingua- Artigo Cibercultura Remix
gem e suporte de um game significa utilizar um http://www.andrelemos.info/artigos/remix.pdf
novo meio para difundir informação. Além disso,
a nova gama de leitores já nasceu apertando bo- Blog Herdeiro do Caos
tões, interagindo com máquinas e “borrando” ca- http://herdeirodocaos.com
da vez mais a fronteira do físico e do virtual.
Para este público uma simples manchete, um le- Site Poynter
ad e uma foto não é um produto atraente. http://www.poynter.org
Estudo da Poynter (site especializado em ci-
berjornalismo) indica que a taxa de retenção de
informação, mesmo com elementos multimídia é
de 50%, enquanto com os newsgames essa ta-
xa oscila de 70 a 80%. A pesquisa sinaliza que YURI ALMEIDA é jornalista, especialista
em Jornalismo Contemporâneo,
os newsgames podem ser um importante aliado pesquisador do jornalismo colaborativo e
para atrair uma geração de leitores que há mui- edita o blog herdeirodocaos.com sobre
cibercultura, novas tecnologias e
to ameaçava abandonar o consumo de jornais. jornalismo. Contato: hdocaos@gmail.com /
Por fim, os números ratificam a tese que a notí- twitter.com/ herdeirodocaos
cia no ciberespaço deve encarada como o princí-

Acesse www.blender.pro.br para maiores informações.

Revista Espírito Livre | Julho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |49


TECNOLOGIA · ODF NO BRASIL

ODF no Brasil:
O que vemos pelo retrovisor e
temos no parabrisa
Por Jomar Silva
Oneris Rico - Flickr

Estou escrevendo este ar- que estava acontecendo na


tigo no avião, voltando do FISL ISO.
10 para São Paulo, e gostaria Me lembro de ter ficado
de compartilhar com vocês algu- dois dias no Fórum, e perdi a
mas coisas que vi, conversei e voz no final do segundo dia,
refleti nestes últimos (e delicio- dado o número de pessoas
sos) dias. com quem conversei (pelo que
Há dois anos atrás, vim me lembro, foi a única vez na
ao FISL 8 com uma missão qua- vida que fiquei sem voz de tan-
se impossível: Alertar a comuni- to conversar). O resultado de
dade brasileira de software tudo isso não poderia ter sido
livre sobre o OpenXML na melhor: A comunidade de
ISO, e conversar com as pesso- software livre se engajou na
as sobre ODF. avaliação do OpenXML na
Naquela época, mais de ABNT (e sem eles não tería-
90% das pessoas com que con- mos feito nada), e todos eles
versava não sabia o que era se engajaram também na bata-
ODF (mesmo sendo usuários lha de divulgar o padrão ODF
do padrão há anos), e pratica- e fomentar sua utilização.
mente 100% deles não sabia o Hoje, dois anos e alguns

Revista Espírito Livre | Julho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |50


TECNOLOGIA · ODF NO BRASIL

meses depois, saio do FISL 10 principalmente nas discussões raná e Governo Federal) já
com uma sensação de missão e desenvolvimento de padrões ultrapassamos a casa dos 2 mi-
cumprida muito gratificante. abertos. Tive ainda como resul- lhões de usuários de ODF em
Olhando pelo retrovisor, o Bra- tado positivo deste processo a todo o país e este número cres-
sil fez uma análise técnica do minha entrada para o OASIS ce de forma exponencial. Acre-
OpenXML invejável, e manifes- ODF TC, comitê que desenvol- dito que não exista país no
tamos (e sustentamos) nosso ve o padrão ODF, e trabalho ne- mundo que tenha obtido ainda
voto NÃO ao OpenXL na ISO le com muito empenho e números tão expressivos.
com maestria e fundamenta- orgulho, para que as necessida- Me lembro que naquele
dos nos problemas técnicos en- des brasileiras sejam incorpora- FISL 8, tive a oportunidade de
contrados (e alguns deles das ao padrão, como a falar 10 minutos sobre ODF du-
ainda estão lá, mesmo depois assinatura digital. rante a palestra do meu gran-
da norma ter sido aprovada). Do lado do ODF, honesta- de mestre Cezar Taurion, e me
Os problemas que encontra- mente falando, os resultados lembro que em uma plateia de
mos nos processos e critérios não poderiam ter sido melho- aproximadamente 250 pesso-
utilizados pela ISO durante o res. Temos o ODF adotado co- as, umas cinco pessoas levan-
processo internacional de avali- mo norma nacional, uma lei de taram a mão quando eu
ação nos fizeram enviar um utilização já aprovada no Esta- perguntei quem conhecia ou já
apelo ao board da ISO, pedin- do do Paraná (e outra em análi- tinha ouvido falar no ODF.
do a anulação do processo to- se no Congresso Nacional), o
do, mas fomos sumariamente Neste FISL 10, no início
Protocolo de Brasília e o ODF das minhas duas palestras so-
ignorados (junto com África do sendo adotado e utilizado por
Sul, Índia e Venezuela). bre o ODF, com uma audiência
inúmeras órgãos governamen- total tão volumosa quanto a do
Durante este processo, pu- tais e empresas públicas e pri- FISL 8, quando repeti a pergun-
demos mostrar para diversos vadas no Brasil todo. Apesar ta sobre o ODF, apenas umas
países que o Brasil tinha sim de não conseguirmos ainda cinco pessoas não levantaram
gente competente em tecnolo- mensurar concretamente o nú- a mão. Todos hoje (ou quase
gia, em condição de igualdade mero de usuários de ODF no todos) os membros da comuni-
com qualquer outro país do Brasil, eu estimo (pelos conta- dade de software livre já conhe-
mundo e por isso conquista- tos e números que obtive com cem o ODF, entendem sua
mos o merecido respeito inter- os grandes usuários do pa- importância e fazem, dentro
nacional que temos hoje, drão), que só em governo (Pa- das suas possibilidades, um
trabalho maravilhoso de divul-
gação do padrão.
Me surpreendi ainda em
...estamos no caminho certo ver uma sala com muita gente
(no mínimo o triplo do que eu
para garantir o desenvolvimento esperava) em uma palestra /
oficina que fiz no FISL 10 so-
tecnológico de nosso país, nossa bre desenvolvimento de aplica-
ções com suporte a ODF. Fico
soberania em tecnologia... muito feliz com tudo isso e
acho que estamos indo na dire-
Jomar Silva ção correta, mas olhando no
parabrisa, temos ainda muito

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TECNOLOGIA · ODF NO BRASIL

trabalho pela frente. pelo Brasil a fora e seus mem- do pelo retrovisor e pelo para-
Descobri aqui no FISL bros já fazem um maravilhoso brisas, é que estamos no
que meu grande amigo Cláu- trabalho com o BrOffice.org. Es- caminho certo para garantir o
dio Filho está de volta ao Bra- tas pessoas são ainda usuári- desenvolvimento tecnológico
sil, e foi muito legal poder os de longa data do ODF e de nosso país, nossa sobera-
passar dois dias conversando portanto já conhecem na práti- nia em tecnologia e graças a
com ele, e nestas conversas ca (e na pele) os benefícios de Deus a época em que tínha-
surgiu uma ideia muito legal e utilizar o padrão. mos que engolir sem reclamar
gostaria de apresenta-la a vo- Por conta disso, será cria- o tempero amargo que nos era
cês. do um grupo de trabalho den- imposto já acabou.

Apesar de já existirem di- tro dos GUBrO para tratar do Hoje não tenho mais dúvi-
versas pessoas no Brasil fazen- padrão ODF. Queremos ter re- das que nossos filhos terão um
do a divulgação do ODF, plicadores no Brasil todo, pois Brasil muito melhor do que
precisamos ter mais gente ain- um Jomar sozinho não faz o ve- aquele que ganhamos ao nas-
da, para que possamos avan- rão, mas uma multidão de gai- cer.
çar ainda mais e levar o ODF a votas podem fazer o verão dos Desenvolvimento, sobera-
todos os cantos do nosso imen- nossos sonhos ! nia e liberdade, hoje e sem-
so país. Precisamos ainda que O Cláudio irá fazer o que pre!
este grupo conheça com uma for necessário para criar este
maior profundidade o padrão, grupo, e eu vou trabalhar com
Maiores informações:
para que possam ser verdadei- eles para que tenhamos um
ODF Alliance:
ros evangelizadores do pa- conjunto de conhecimentos ho-
http://www.odfalliance.org
drão, e para que possam mogêneo e espero de verdade
entender e saber explicar os be- que deste grupo saiam outras
Site do OpenOffice.org:
nefícios do ODF tendo sempre pessoas motivadas a trabalhar
http://www.openoffice.org
em vista as necessidades e rea- internacionalmente no desenvol-
lidades locais. Além de evange- vimento de padrões abertos. Te-
Site do BrOffice.org:
lizar, precisamos ainda mos hoje as portas abertas a
http://www.broffice.org
desenvolver uma comunidade brasileiros em diversos comi-
de desenvolvimento que seja tês internacionais, e precisa-
Blog do Jomar:
capacitada em ODF, para que mos garantir que os padrões
http://homembit.com
possamos integrar o padrão às em desenvolvimento atendam
aplicações (novas ou já existen- às nossas necessidades.
JOMAR SILVA é
tes) que se apoiam no legado Parafraseando o Presiden- engenheiro
de formatos binários (que por te Lula em seu discurso no eletrônico e Diretor
sua vez são apoiados em apli- Geral da ODF
FISL 10, já somos capazes de Alliance Latin
cações proprietárias e o resto fazer a nossa própria comida, America. É também
da história vocês já conhecem). coordenador do
com nosso próprio tempero, grupo de trabalho na
Cheguei com o Cláudio a mas chegou a hora de tempe- ABNT responsável
pela adoção do ODF
conclusão de que a melhor e rar um pouco os insumos que como norma
mais eficiente forma de alcan- utilizamos para cozinhar (e acre- brasileira e membro
do OASIS ODF TC,
çarmos estes objetivos é atra- dite, o mundo adora o tempero o comitê
vés dos grupos de usuários do brasileiro). internacional que
desenvolve o padrão
BrOffice.org (GUBrO), pois es- O balanço que faço, olhan- ODF (Open
tes grupos estão estruturados Document Format).

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DESENVOLVIMENTO - VIRADO PRA LUA - PARTE 4

VIRADO PRA LUA


Parte 4
Por Lázaro Reinã
Sophie - sxc.hu

Continuando Linguagem de configuração


Bom pessoal, aqui estou eu em mais uma A grosso modo, trata-se de uma maneira
edição. Alguns já devem estar cansado de me ve- de relacionar variáveis a seus respectivos valo-
rem por aqui mas, persistente que sou, me pus res, sem que haja controle de fluxo, funções pré-
a escrever outra vez. Nessa edição, o tema de definidas, caracterizando assim o código Lua co-
capa da revista nos é muito favorável, uma vez mo um arquivo que contém uma série de atribui-
que fala sobre games e sendo que o uso de Lua ções.
em jogos é inegavelmente forte, por que não fa- Perceba a flexibilidade que esse tipo de
larmos sobre games?! aplicação nos permite usurfruir, quando na ver-
Aproveitando a deixa do tema da revista, fa- dade é possível realizar alterações no jogo ape-
laremos aqui de como Lua é usada em jogos, nas alterando um arquivo de texto que contém
quais são as maneiras em que podemos encon- valores para as variáveis do jogo.
trar nosso código Lua. Divirtam-se e sintam-se à Vejamos um exemplo:
vontade.
-- Atributos de um personagem
Por falar em games...
Falando de Lua em jogos, podemos perce- NIVEL = 30
PERSONAGEM = “José”
ber a presença de três maneiras diferentes de en-
carar o código Lua. Podemos vê-lo como uma Vemos então que a partir dessa atribuição,
linguagem de configuração, linguagem de exten- nós podemos posteriormente, ao realizar o de-
são ou linguagem de controle. A seguir veremos senvolvimento da aplicação, utilizar esses valo-
como se comporta cada uma dessas formas: res na aplicação principal, que no caso seria o
jogo.

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DESENVOLVIMENTO - VIRADO PRA LUA - PARTE 4

Linguagem de extensão gência artificial, enquanto o código Lua se


Esse último exemplo representa ainda encarrega de todo o resto do desenvolvimento,
uma maneira muito simples de utilizar o código e dessa forma apresentando o programa em C
Lua. Podemos ainda perceber a utilização dos ar- como auxiliar.
tifícios de ordenação de dados, o que caracteri- Dessa forma, percebe-se que o fato de
za assim uma robustez maior pois, adquirimos que sua sintaxe bastante simples facilita a ques-
assim a possibilidade de adcionar característi- tão da comunicação com as partes envolvidas
cas que configuram de maneira mais completa no desenvolvimento de um jogo. Por exemplo,
os aspectos de um personagem ou objeto do jo- pensemos numa equipe que está desenvolven-
go. Como por exemplo, as características de um do um jogo, e que nessa equipe tenhamos, pro-
veículo: gramadores, roteiristas, desenhistas, testers.
Imaginemos a seguinte situação, os roteiristas
-- características de um veículo
resolvem que é preciso mudar um trecho no có-
veiculo = { digo que era de responsabilidade dos programa-
dores mas, imagine que os programadores já
carro = { estejam em outro estágio de desenvolvimento,
velocidade = 120; ou mesmo que por um outro motivo qualquer
aceleracao = 10; não possam resolver esse problema. Concorde-
estabilidade = 30; mos que seria muito mais fácil se os próprios ro-
}; teiristas pudessem codificar essa mudança, não
é mesmo?! Pois bem, como a sintaxe de Lua é
motocicleta = { bem simples, e com o controle que este nível de
velocidade = 130;
utilização da linguagem permite, até mesmo os
aceleracao = 14;
roteiristas têm a possibilidade de contribuir com
estabilidade = 15;
}; o código. Percebemos portanto, que a flexibilida-
de, a robustez e a facilidade de codificar fazem
} -- End de Lua uma excelente ferramenta para o desen-
volvimento de jogos.
Bom! Por hoje é só, prometo que nos vere-
Nesse exemplo podemos perceber que mos por aí e dessa vez espero abordar aspec-
não se trata apenas de uma atribuição simples. tos mais práticos com mais calma e assim de
Podemos ver que começamos a sofisticar as coi- maneira mais completa.
sas e, dessa forma vemos que o controle que po- Nos vemos nesse mesmo canal, nesse
demos execer sobre o game através de Lua mesmo horário!
aumenta.

Linguagem de controle
Nesse caso, temos uma noção inversa às
outras anteriores. Enquanto nos outros casos via- LÁZARO REINÃ é usuário Linux,
mos o código Lua como um complemento de estudante C/C++, Lua, CSS, PHP.
Integrante do EESL, ministra palestras
um programa principal, nesse caso, os papéis e mini-cursos em diversos eventos de
se invertem. A linguagem C, que outrora era o Software Livre.
programa principal, passa a se encarregar ape-
nas das engines, renderização de cenas, inteli-

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DESENVOLVIMENTO · JOOMLA

com
kr.
flic
n-
uca
To
my
Tim

Portais
Instantâneos
com Joomla!
Por Relsi Hur Maron

Sempre me apoiei na plataforma do Word- ação a fim de se alcançar um resultado satisfató-


press [1] para o desenvolvimento de sites e rio, e essa particularidade me deixou bastante
blogs. O Wordpress me permitia, e ainda permi- feliz.
te, gerenciar rapidamente o conteúdo de sites Um dos grandes problemas de quem cria
sem muito esforço, embora se possa criar e ad- sites de conteúdo é não ter em mente como se-
ministrar qualquer tipo de site com o Wordpress, rão as coisas, o que inicialmente começa com
desde simples blogs a lojas virtuais e até mes- um simples blog pessoal sem nenhum planeja-
mos sistemas de classificados, o Wordpress mento, pode acabar se tornando um baú de con-
não é um CMS, e a necessidade de um sistema teúdo sem nenhuma organização, o Joomla
mais flexível e com maiores possibilidades no ajuda a por ordem na bagunça, com distinta se-
controle de usuários e administração de conteú- paração entre a parte administrativa do site
do me levou a experimentar o Joomla [2].
O Joomla é um Sistema Gerenciador de
Conteúdo (CMS no original em Inglês) desenvol-
vido em PHP para banco de dados MySQL, as-
sim como o Wordpress, a partir de outro sistema
o Mambo. A Grande diferença entre o Word-
press e o Joomla é a visão que se tem do site,
enquanto que no Wordpress ao instalar o siste-
ma você já tem um blog pronto para sair publi-
cando conteúdo, no Joomla é necessário
estruturar o site antes de qualquer publicação, ta-
Figura 1: Parte Administrativa Backend
refa que deve ser planejada antes de qualquer

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DESENVOLVIMENTO · JOOMLA

A instalação é bem simples, embora não


seja em alguns segundos como a instalação do
Wordpress, pode ser realizada facilmente. No
momento da instalação você define se quer ins-
talar o sistema com uma base de exemplo, o
que é aconselhável para quem quer conhecer a
ferramenta, pois o sistema é instalado com uma
estrutura básica, o que permite utilizar a ferra-
menta sem ter que definir a estrutura do site.
Figura 2: A instalação é feita passo-a-passo
A curva de aprendizado do Joomla tam-
(backend) e a publicação de conteúdo (frontend) bém é um pouco maior em relação ao Word-
o sistema permite o gerenciamento de conteú- press, porém como recompensa você se torna
dos por seções e categorias além de um contro- mais organizado e adquire o hábito de planejar
le de usuários bem completo. as coisas antes de começar a fazer.
Outro grande diferencial do Joomla são os Por enquanto é isso, no próximo artigo ve-
módulos e componentes, diferentemente dos plu- remos como criar um portal com o Joomla come-
gins do Wordpress que apenas adicionam funcio- çando do zero, você verá que uma vez que seja
nalidades ao sistema, basicamente tudo no compreendido o funcionamento da ferramenta
Joomla é um módulo/componente e são eles você será capaz de colocar um portal no ar em
que tornam a ferramenta poderosa, flexível e di- questão de minutos. Duvida? Vemos-nos na pró-
nâmica. O Joomla também conta como uma sé- xima edição.
rie de plugins que trazem ao sistema muitas
funcionalidades adicionais
Atualmente em sua versão 1.5.11 o Joom- Maiores informações:
la está disponível em diversos idiomas, inclusive
para o Português Brasileiro. O download do siste- [1] Site oficial do Wordpress
ma pode ser feito direto do site do projeto [2] ou http://wordpress.org/
em alguma das comunidades brasileiras que já
disponibilizam o sistema em nosso idioma tupini- [2] Site oficial do Joomla
quim [3] e [4] . http://www.joomla.org/

[3] Site do Joomla Clube


http://www.joomlaclube.com.br/

[4] Site nacional sobre Joomla


http://www.joomla.com.br/

RELSI HUR MARON é empresário,


participa do desenvolvimento do projeto
B2Stoq (http://b2stok.sourceforge.net/) e
colabora com traduções e artigos para a
comunidade livre; curte Poesia, PHP e
interfaces gráficas, não necessariamente
nessa ordem.
Figuras 3 e 4: Componentes e extensões

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DESENVOLVIMENTO · PYTHON PARA DESENVOLVEDORES

Python
para
Desenvolvedores
Por Luiz Eduardo Borges

As linguagens dinâmicas eram vistas no Python é um software de código aberto (com li-
passado apenas como ferramentas para script, cença compatível com a General Public License
usadas para automatizar pequenas tarefas. (GPL), porém menos restritiva, permitindo que
Com o passar do tempo, elas cresceram, amadu- seja incorporado inclusive em produtos proprie-
receram e conquistaram seu espaço no merca- tários.
do, a ponto de chamar a atenção dos grandes
fornecedores de tecnologia. Entre as linguagens
dinâmicas, Python se destaca como uma das O livro
mais populares e poderosas. Existe uma comuni- Aprender uma nova linguagem de progra-
dade movimentada de usuários da linguagem mação significa aprender a pensar de outra for-
no mundo, o que se reflete em listas de discus- ma. E aprender uma linguagem dinâmica
são ativas e muitas ferramentas disponíveis em representa uma mudança de paradigma ainda
código aberto. mais forte para aquelas pessoas que passaram
anos desenvolvendo em linguagens estáticas.
Gosto de aprender por conta própria e
A linguagem quando aprendo uma nova tecnologia, tenho por
Python é uma linguagem orientada a obje- hábito criar uma série de exemplos para mim
tos, de tipagem dinâmica e forte, interpretada e mesmo. Com Python não foi diferente. A cole-
interativa, que é conhecida por possuir uma sinta- ção de exemplos acabou virando material para
xe clara e concisa, que favorece a legibilidade ensinar outras pessoas, algo que senti falta.
do código fonte, tornando a linguagem mais pro- Com o tempo foi ganhando volume e o livro foi
dutiva. Multi-paradigma, além de orientação a ob- uma consequência natural do processo.
jetos suporta programação modular e funcional.

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DESENVOLVIMENTO · PYTHON PARA DESENVOLVEDORES

net até sistemas distribuídos. Busquei criar um


material abrangente, capaz de fornecer ao leitor
explicações e exemplos práticos da maior parte
do ferramental disponível na linguagem para o
desenvolvimento de soluções de problemas co-
muns e alguns bastante incomuns de computa-
ção. O livro está disponível no blog Ark4n
(http://ark4n.wordpress.com/) e nas primeiras du-
as semanas após o lançamento foram mais de
oito mil acessos. Esse resultado mostra que não
só existe muito interesse pela linguagem no Bra-
sil, como também uma (grande) necessidade de
material em português.
O livro foi escrito na forma de uma grande
sequência de pequenos documentos, unidas de
uma forma lógica através de um documento
mestre. No total são sete partes:
Introdução: apresentação da linguagem,
seus conceitos, estruturas mais básicas, fun-
ções e documentação.
Módulos: como usar a vasta coleção de
módulos disponíveis para a linguagem.
Programação funcional: explora o para-
digma funcional na linguagem.
Classes: apresenta o paradigma de orien-
Figura 1 Capa do livro

Depois de três anos de trabalho, está dispo-


nível para download o livro Python Para Desen-
volvedores. A iniciativa é inédita, pois trata-se
do primeiro livro livre em português sobre a lin-
guagem de programação. A publicação é distri-
buída sob uma licença Creative Commons, que
ajuda garantir o direito autoral, ao mesmo tempo
que permite copiar, distribuir, exibir e criar obras
derivadas, democratizando o acesso ao conheci-
mento.
Voltado para desenvolvedores que já tem
conhecimento de programação, as 253 páginas
do livro explicam de forma simples e objetiva, as
tecnologias envolvendo a linguagem utilizadas
em projetos envolvendo desde a criação de inter-
Figura 2: Modelo 3D gerado pela biblioteca VPython em um dos
faces gráficas, utilitários e aplicações para inter- exemplos do livro.

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DESENVOLVIMENTO · PYTHON PARA DESENVOLVEDORES

gens, foi usado para ajustes e edição.

O futuro
Python Para Desenvolvedores cobre a ver-
são 2.5.4 da linguagem. Como a versão mais no-
va do Python (3.x) introduz algumas
incompatibilidades com as versões anteriores,
ainda é muito recente e muitas ferramentas de
terceiros ainda não foram portadas, então na
prática a versão "de produção" continua sendo
as versões 2.x.
O plano é ter a segunda versão do livro
pronta em seis meses, cobrindo a versão 2.6.x,
Figura 3: Cena do Blender gerada inteiramente por código em Python.
com novos tópicos e com conteúdo atual revisa-
do e ampliado.
tação a objetos.
Enquanto isso, o retorno da comunidade
Gráficos, processamento matemático e tem sido bastante positivo. O material está sen-
persistência: percorre várias formas de armaze- do bem recebido e é muito gratificante ter criado
nar e apresentar informações, softwares e biblio- um material que ajuda a propagar a linguagem
tecas de terceiros. no Brasil e colabora com quem está se aventu-
Tópicos especiais: aborda interface gráfi- rando nesse caminho.
ca, sistemas distribuídos e otimização.
Integração com outras tecnologias: por Site oficial:
fim, o livro explora o uso do Python como lingua- Para mais informações sobre o livro, o
gem script em vários softwares, permitindo auto- autor e download, visite o endereço
matizar tarefas e adicionar novas http://ark4n.wordpress.com/python/.
funcionalidades, e também a integração com ou-
tras linguagens, como a Linguagem C.
Maiores informações:
É importante ressaltar que durante a cria- [1] Site oficial do Livro
ção do livro, foram utilizados vários softwares de http://ark4n.wordpress.com/python/
código aberto, que facilitaram a criação do mate-
rial: [2] Blog Ark4n
http://ark4n.wordpress.com
BrOffice.org: suíte de automação de escri-
tórios, para editar texto, desenhar diagramas e
[3] Site oficial Python
como assunto em um capítulo.
http://www.python.org
SciTE: editor de texto voltado para progra-
mação, foi usado para criar os exemplos e para
LUIZ EDUARDO BORGES é autor do livro
colorizar o código. Python Para Desenvolvedores, analista de
sistemas na Petrobras com pós graduação
Blender: software de modelagem 3D, ani- em Ciência da Computação pela
mação e game engine, foi usado na capa e co- Universidade do Estado do Rio de Janeiro
(UERJ).
mo assunto em um capítulo.
GIMP: software de processamento de ima-

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REDE · TCOS NO KUBUNTU 9.04

TCOS no
Kubuntu 9.04
Por Aécio Pires

Renan Birck - fickr.com

Nas edições anteriores, eu comentei sobre A figura 1 mostra o cenário de rede usado
as características, ferramentas gráficas e proto- nesse tutorial:
colos utilizados pelo TCOS[1] (Thin Client Opera-
ting System). Ele é um projeto de Software Livre
que permite o uso de clientes magros.
A partir de agora arregace as mangas e pre-
pare as máquinas virtuais, pois irei ensiná-lo(a)
a instalar o TCOS no Kubuntu 9.04[2]. Ao final
desse tutorial, você será capaz de comprovar na
prática tudo o que falei até agora.
Antes de começar quero explicar porque es-
tou usando o Kubuntu. É porque, provavelmen-
te, os usuários dos clientes magros não são Figura 1: Cenário de rede usado nesse tutorial
pessoas que tem muito conhecimento técnico so-
bre o GNU/Linux e quanto mais bela e customiza- Nesse cenário de rede, o TCOS será insta-
da for a interface gráfica, maiores serão as lado no server02, que compartilhará o sistema
chances de eles usarem o cliente magro sem re- operacional com o cliente magro tclient01. Es-
clamar. E o KDE 4.2 (K Desktop Environment) te, por sua vez, terá acesso a Internet por meio
que vem no Kubuntu 9.04 supre muito bem essa do server01, o gateway da rede. Por enquanto,
necessidade, apesar de consumir mais memória apenas o server02 e o tclient01 são importan-
RAM do servidor. tes. As configurações desses equipamentos são
mostradas na tabela 1.

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REDE · TCOS NO KUBUNTU 9.04

apt-get install tcos

Pode ser que o APT avise que os pacotes


TCOS não puderam ser autenticados, mas conti-
nue a instalação assim mesmo.

Tabela 1: Configurações dos equipamentos usados nesse tutorial


Depois disso, use o comando abaixo para
criar o diretório /tftpboot.

mkdir /tftpboot
1. Obtendo e Instalando os Pacotes
Acesse o console de comandos do Kubun- Em seguida, use os comandos abaixo para
tu em Menu K > Applications > System > Ter- acessar o diretório /tftpboot e criar um link sim-
minal. Digite o comando a seguir para obter os bólico para o diretório /var/lib/tcos/tftp (é nele
poderes do root (administrador do sistema). que ficará a imagem do sistema operacional do
clientes magros):
sudo su
cd /tftpboot
Obtenha a chave pública de Mario Izquier- ln -s /var/lib/tcos/tftp tcos
do, o desenvolvedor do TCOS. Aviso: Algumas pessoas ignoram o passo
acima (eu já fui uma delas) e a inicialização dos
wget http://www.tcosproject.org/mariodebian- clientes magros pode não funcionar corretamen-
pub.key te. Então, não cometa esse erro.
Use o comando a seguir para instalar a fer-
Adicione a chave ao APT, o gerenciador ramenta Tcos Configurator. Ela será utilizada
de pacotes do sistema. para configurar alguns serviços do servidor ser-
ver02.
apt-key add mariodebian-pub.key
apt-get install tcos-configurator
Use o editor de texto de sua preferência e
adicione no arquivo /etc/apt/sources.list o se-
guinte mirror do projeto TCOS:
2. Configurando o DHCP
deb http://www.tcosproject.org/ jaunty main Como mostra a figura 1, o servidor ser-
experimental ver02 possui uma interface de rede (eth0) confi-
gurada no arquivo /etc/network/interfaces da
Salve as alterações feitas no arquivo e digi-
seguinte maneira:
te o comando a seguir para atualizar a lista de
pacotes disponíveis.
auto eth0
apt-get update iface eth0 inet static
address 192.168.0.254
netmask 255.255.255.0
Agora digite o comando a seguir para insta- gateway 192.168.0.1 # o endereço IP do
lar o conjunto de ferramentas e dependências gateway da rede, nesse caso o server01
do TCOS:

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REDE · TCOS NO KUBUNTU 9.04

Para o TCOS funcionar é preciso configu- 3. Habilitando o login remoto


rar o serviço dhcp-server3, que usa o protocolo O próximo passo é configurar o gerencia-
DHCP (Dinamyc Host Configuration Protocol) pa- dor de login para compartilhar as sessões gráfi-
ra fornecer os endereços IPs e outros parâme- cas com os clientes magros. No caso do KDE, o
tros úteis aos clientes magros. gerenciador de login é o KDM (K Desktop Mana-
Com a ferramenta tcos-configurator isso po- ger) e ele também pode ser configurado com a
de ser feito de forma fácil. Acesse o Menu K > ferramenta TCOS Configurator.
Applications > System > TCOS Server Confi- Se tiver fechado o TCOS Configurator,
gurator. acesse-o novamente e clique na aba Gerencia-
A tela inicial dessa ferramenta é mostrada dor de Login.
a aba Servidor DHCP. Clique na seta que está Marque a opção Habilitar o Login remo-
ao lado do campo Interface de rede DHCP e es- to, clique no botão Aplicar as modificações e
colha a interface de rede a ser usada pelo servi- encerre a aplicação.
ço.
No campo IP do servidor informe o endere-
ço IP do servidor.
No campo IP inicial informe o primeiro en-
dereço IP que pode ser disponibilizado aos clien-
tes magros.
No campo IP Final informe o último endere-
ço IP que pode ser disponibilizado aos clientes
magros.
Para finalizar, você deve informar no cam-
po Prefixo do terminal o prefixo que irá formar
os nomes dos clientes magros da rede. Depois
disso, clique no botão Aplicar as modificações.
Figura 3: Habilitando o login remoto
Quer um exemplo? Então, veja na figura 2
as configurações feitas para o server02.
4. Configurando os servidores de fontes
XFS e XFSTT
Agora você terá que habilitar o serviço de
fontes para compartilhar as fontes tipográficas
instaladas no servidor. Elas serão usadas pelas
aplicações gráficas.
Instale o XFS (X Font Server) e XFSTT (X
Font Server for True Type fonts) com o coman-
do abaixo:

apt-get install xfs xfstt

Para configurar o XFS edite o arquivo


Figura 2: Configurando o DHCP /etc/X11/fs/config e comente a seguinte linha,

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REDE · TCOS NO KUBUNTU 9.04

como mostra o exemplo a seguir: endereços da sua rede:


Antes era assim:
USE_INETD=false
OPTIONS="--daemon --port 69 --tftpd-
no-listen = tcp
timeout 300 --retry-timeout 10 --logfile
/var/log/atftpd.log --mcast-port 1758 --mcast-
Depois deve ficar assim: addr 192.168.0.0-255 --mcast-ttl 1 --
maxthread 100 --verbose=5 /tftpboot"
#no-listen = tcp Essa é a configuração básica do Atftpd,
que irá usar a porta 69, especificada na opção --
Salve as alterações e reinicie o serviço: port, para enviar o sistema operacional do clien-
tes magros. Na opção --logfile deve ser especifi-
/etc/init.d/xfs restart cado o arquivo no qual serão registrados os logs
do serviço (esse arquivo já deve existir, se não
A configuração do XFSTT é semelhante. existir crie-o com o comando:
Edite o arquivo /etc/default/xfstt e configure a
seguinte linha, como mostra o exemplo a seguir: touch /var/log/atftpd.log

Antes era assim: Em seguida, mude o dono do arquivo com


o seguinte comando:
LISTEN_TCP="no"
chown syslog:adm /var/log/atftpd.log
Depois deve ficar assim:
Continuando a explicação sobre a configu-
LISTEN_TCP="yes" ração do Atftpd, na opção --mcast-addr deve
ser especificado o endereço da rede a qual os
No arquivo /etc/init.d/xfstt descomente as
cliente magros pertencem e, finalmente, o último
seguintes linhas:
parâmetro a ser informado é o diretório que con-
portno=7101 tém os arquivos de inicialização dos clientes ma-
newuser=nobody gros (o /tftpboot está lembrado(a)?)
portarg="--port $portno" Agora reinicie o Atftpd com o comando:
userarg="--user $newuser"
/etc/init.d/atftpd restart
Agora reinicie o serviço:
Em seguida, edite o arquivo /etc/inetd.conf
/etc/init.d/xfstt restart e substitua a linha que começa com a palavra
tftp pelo conteúdo a seguir:

5. Configurando o Atftpd tftp dgram udp4 wait nobody


/usr/sbin/tcpd /usr/sbin/in.tftpd --tftpd-
Outro serviço importante para o funciona- timeout 300 --retry-timeout 10 --logfile
mento do TCOS é o Atftpd, que usa o protocolo /var/log/atftpd.log --mcast-port 1758 --mcast-
TFTP (Trivial File Transfer Protocol). addr 192.168.0.0-255 --mcast-ttl 1 --
Para configurar o Atftpd edite o arquivo maxthread 100 --verbose=5 /tftpboot
/etc/default/atftpd e substitua o conteúdo exis- Depois disso reinicie o servidor, para que o
tente pelas linhas a seguir, lembrando que a ex- serviço inetd possa carregar as novas configura-
pressão em negrito deve ser substituída pelos ções.

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REDE · TCOS NO KUBUNTU 9.04

6. Configurando o Rsync fuse


O Rsync é um programa usado para sincro- ltspfs-server - ltsp remote filesystem based on
nizar os diretórios e arquivos entre dois ou mais fuse
computadores.
apt -get install ltspfs-client ltspfs-server
TCOS usa Rsync quando o administrador
do servidor envia, por exemplo, arquivos de multi- Adicione a palavra fuse no fim do arquivo
mídia aos usuários dos clientes magros. Para ins- /etc/modules para ativar o módulo fuse. De-
talá-lo digite o comando: pois, adicione ao grupo fuse todos os usuários
da rede:
apt -get install rsync
adduser nome_do_usuario fuse
Para habilitá-lo edite o arquivo /etc/de-
fault/rsync e substitua a linha:
Pronto! A configuração do servidor TCOS
RSYNC_ENABLE=false (o server02) chegou ao fim.

Por: No próximo artigo você aprenderá a confi-


gurar e gerar a imagem do sistema operacional
RSYNC_ENABLE=true do cliente magro tclient01.

Crie o arquivo /etc/rsyncd.conf e adicione Se tiver qualquer dúvida pode enviar um


a seguintes linhas: email para o endereço aecio@tcosproject.org.

read only = no
use chroot = no
[tcos_share]
Maiores informações:
path = /tmp/tcos_share [1] Wiki TCOS
comment = Compartilhamento Tcos http://wiki.tcosproject.org/TCOS/Introduction/pt-br

Depois reinicie o serviço com o comando: [2] Kubuntu 9.04


http://www.kubuntu.com
/etc/init.d/rsync restart
[3] Scott Balneaves
http://ltspthinclient.blogspot.com

7. Habilitando o suporte aos dispositi- [4] TCOS Brasil


vos remotos e adicionando os usuários http://br.tcosproject.org
O TCOS utiliza o LTSPFS (Linux Terminal
Server Project File System, desenvolvido por [5] Mario Izquierdo
Scott Balneaves do projeto LTSP) e a ferramen- http://soleup.eup.uva.es/mario/blog/1
ta tcos-devices-ng para montar/desmontar no ser-
vidor os dispositivos conectados nos clientes
magros, como: pendrives, AÉCIO PIRES (http://aeciopires.rg3.net) é
graduando em redes de computadores pelo
CD-ROM, disco firewire, etc. IFPB (www.ifpb.edu.br), tradutor do TCOS,
fundador da comunidade TCOS Brasil e
Para usar esse recurso instale os pacotes: estagiário da Secretaria da Receita do
Estado da Paraíba, onde faz pesquisas com
ltspfs-client - ltsp remote filesystem based on TCOS desde junho de 2008.

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GRÁFICOS · LINHAS GUIAS NO INKSCAPE

Transformando
Objetos em Linhas
Guias no INKSCAPE
Por Cezar Farias

Uma das funcionalidades que mais gosto Clique na aba Encaixe e ajuste os encai-
no Inkscape é transformar objetos em linhas gui- xes conforme a figura 1, após feche a janela.
as.
Trabalhar com linhas guias é essencial pa-
ra manter um bom alinhamento e sangras segu-
ras para materiais impressos. O Inkscape tem
uma forma bem interessante e segura de lidar
com isso.

Material Impresso – Flyer 10x21cm

Crie um novo documento


Agora vamos fazer um pequeno ajuste que
irá facilitar* o trabalho com as linhas guias
Figura 1
Clique em Arquivo > Propriedades do dese-
nho.

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GRÁFICOS · LINHAS GUIAS NO INKSCAPE

Figura 2 Figura 4

Crie um retângulo e ajuste seu tamanho pa-


Agora selecione os 3 objetos e alinhe-os
ra 10x21cm [Figura 2].
no sentido horizontal e vertical [Figura 5] para is-
Duplique o objeto pressionando Ctrl+D, so pressione Ctrl + Shift + A.
ajuste o objeto duplicado para 10,10 x 21,10cm
[Figura 3] essa será a sangra externa, algumas
gráficas pedem sangras de 5mm outras mais, en-
tre em contato com sua gráfica para verificar as
especificações.

Figura 5

Agora vamos transformar nossos objetos


em linhas guias: com os 3 objetos selecionados
clique em Objeto> Objeto para Guias ou Shift +
Figura 3 G. [Figura 6].
A figura 7 mostra um esquema das linhas
Duplique novamente o objeto (Ctlr + D) e
guias que acabamos de criar.
ajuste seu tamanho para 9 x 20cm [Figura 4]. Es-
sa será a sangra interna e irá garantir que o con- Pronto agora é soltar a sua imaginação e
teúdo não será cortado nem ficará próximo mandar ver no layout.
demais das margens. A sangra interna depende * o ajuste feito na figura 1 será útil para en-
de cada trabalho e de cada profissional, a medi- caixar o elementos do seu layout.
da sugerida é apenas para fins de demonstrar o
uso das linhas guias. Para ocultar/exibir as linhas guias pressio-
ne Shift + |.

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GRÁFICOS · LINHAS GUIAS NO INKSCAPE

Se você trabalha com muita frequência


com materiais gráficos pode salvar o documento
em branco somente com as linhas guias para
ser usado como template o que também facilita
e poupa tempo em trabalhos futuros.

Maiores informações:
Blog pessoal Cezar Farias
http://www.zigpi.com.br/wordpress

Site da comunidade Inkscape Brasil


http://wiki.softwarelivre.org/InkscapeBrasil/
Figura 6
Site oficial do Inkscape
http://www.inkscape.org/

CEZAR FARIAS é diretor de arte na agencia


digial Ondaweb em Porto Alegre e possui
mais de 10 anos de experiência na área de
criação. No seu Blog possui diversas peças
criadas com Inkscape.

Figura 7

20 a 23 de agosto de 2009
VITÓRIA/ES
Núcleo de Multimeios

Centro de Artes

UFES

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ADMINISTRAÇÃO · GERENCIANDO PACOTES COM O APTITUDE

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GERENCIAMENTO
DE PACOTES COM
APTITUDE
Por Evaldo Junior

O Aptitude [1] é uma interface em modo tex- Para entrar no Aptitude rode o comando:
to para o sistema de pacotes do Debian GNU/Li- # aptitude
nux, o Dpkg. Ele permite que o administrador
veja as listas de pacotes disponíveis e realize Então será exibida uma tela como essa:
operações como instalação, atualização e remo-
ção de pacotes. Ele tem diversas opções via li-
nha de comando, mas o que pretendo mostrar
aqui é a utilização de sua interface visual.
Este tutorial não visa ser algo como "a solu-
ção definitiva" ou "aprenda tudo sobre o Aptitu-
de aqui", mas sim ser um ponto de partida para
você que sente falta de uma ferramenta que faci-
lita a rotina de pesquisar pacotes e escolher o
que você precisa.
O Aptitude vem instalado por padrão no De-
bian e também no Ubuntu, mas se por um aca-
so do destino você não o tiver instalado basta
usar o apt-get para essa missão (daqui para fren- Figura 1: Tela inicial do Aptitude

te todos os comandos são feitos como root): Aqui ele tem uns menus na parte de cima,
# apt-get install aptitude listas de pacotes no meio e um espaço para des-
Após instalado você pode começar a usar crições dos pacotes na parte de baixo.
o Aptitude, mas o ideal é que se tenha a lista de Nos menus acima encontramos as opções
pacotes sempre atualizada, para isso utilize a op- do Aptitude, em Ações nós podemos:
ção update: - Instalar/remover pacotes marcados (calma cri-
# aptitude update anças já já vamos aprender a marcar os paco-

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ADMINISTRAÇÃO · GERENCIANDO PACOTES COM O APTITUDE

tes);
- Atualizar a lista de pacotes;
- Marcar os pacotes atualizáveis para que sejam
atualizados;
- Cancelar a instalação de novos pacotes;
- Limpar o cache de pacotes;
- Limpar arquivos obsoletos;
- JOGAR CAMPO MINADO!
- Tornar-se root, caso você ainda não o seja;
- e Sair.

Em desfazer podemos desfazer as marca-


ções de pacotes (tipo um Ctrl+z da vida).
Em pacotes temos as opções para marcar Figura 2: Instalando um pacote
os pacotes na lista para atualizar, instalar, remo-
Para fazer o cursor avançar até o próximo
ver, fazer purge (remover tudo, inclusive arqui-
pacote com "power" no nome, use o menu Pro-
vos de configuração), etc.
curar => Procurar Novamente ou a tecla "n", vo-
Acho que para este artigos precisaremos cê pode continuar apertando "n" até encontrar o
apenas destas opções mesmo, o resto você po- Powermanga ou iniciar uma nova pesquisa (/) e
de ler no manual do Aptitude. digitar o nome completo. Quando encontrar o pa-
cote você pode "entrar" nele e ver a descrição,
dependências, conflitos e versões disponíveis
Instalando um pacote para instalação. Essas versões são mostradas
Agora vamos aprender na prática! Vamos apenas quando você tem duas versões Debian
instalar algo e depois removê-lo, assim vocês ve- no seu sources.list, tipo Sarge e Etch, e há uma
rão como o Aptitude pode facilitar a vida. versão diferente do pacote para cada distro, ca-
Para esse exemplo vou instalar algo para so você use apenas uma versão Debian a lista
poder brincar depois, um jogo! Afinal, depois de de versões mostrará apenas uma versão. Se vo-
escrever isso o melhor é relaxar, e nada como cê está seguindo o exemplo você deve estar
um bom joguinho para isso. E o jogo escolhido vendo uma tela como essa:
foi o excelente Powermanga2, um joguinho de
nave bem divertido e viciante.
Estou usando o Debian Lenny apenas com
os repositórios oficiais e já atualizei minha lista
de pacotes com o “aptitude update”.
Com o Aptitude aberto nós temos que pes-
quisar pelo nome do pacote, para isso use o me-
nu Procurar → Encontrar ou simplesmente
aperte "/" que aparecerá uma caixa com um cam-
po onde você deverá digitar o nome do pacote
ou parte do nome. Aqui eu digitei apenas
"power" e dei enter, assim ele foi para o primeiro
pacote que tem power no nome, nesse caso o
powersaved:
Figura 3: Dependências do pacote

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ADMINISTRAÇÃO · GERENCIANDO PACOTES COM O APTITUDE

Como vocês podem ver aqui quase todas


as dependências do Powermanga estão satisfei-
tas, falta apenas a powermanga-data, que está
marcada de vermelho. Você pode instalar as de-
pendências primeiro ou mandar instalar o paco-
te principal, pois o Aptitude marca as
dependências para instalação também.
Tá bom InFog, mas como eu marco o paco-
te para instalação?
Para marcar o pacote para instalação, colo-
que o cursor sobre a versão que você quer insta-
lar, ou a única versão se for seu caso, e use o
menu Pacote -> Instalar ou use a tecla "+," ao fa-
zer isso o pacote será marcado de verde e as de- Figura 5: Finalizando a instalação do pacote
pendências serão resolvidas.
menu Pacote -> Remover ou use a tecla "-",
Vamos à instalação? Use o menu Ações -> após isso pressione "g", confira as modificações
Instalar/Remover Pacotes ou use a tecla "g", o que serão feitas e aperte "g" novamente que o
Aptitude mostrará as alterações que serão reali- Aptitude removerá o pacote. Para sair do Aptitu-
zadas, e apertando "g" mais uma vez ele irá bai- de use o menu Ações -> Sair ou pressione "q".
xar os pacotes e fazer a instalação, como pode
Boa sorte com o Aptitude, e para saber
ser visto nas figuras 4 e 5.
mais sobre ele veja o manual com:
$ man aptitude
Com ele a administração do seu sistema
Debian (e derivados) ficará bem mais simples e
divertida!

Maiores informações:
[1] Artigo na Wikipedia sobre o Aptitude
Figura 4: Instalando o pacote http://en.wikipedia.org/wiki/Aptitude_(program)

Prontinho, pacote instalado. Basta jogar!


EVALDO JUNIOR (InFog) é formado pela
Fatec em processamento de dados e
Removendo um pacote atualmente é desenvolvedor, administrador
Bem, vamos a remoção do pacote. Use a de sistemas e membro da comunidade de
software livre.
pesquisa para chegar ao pacote que você dese-
ja remover, e com o cursor sobre o pacote use o

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FÓRUM · POR QUE AS PESSOAS (AINDA) PREFEREM O WINDOWS

Por que as pessoas


(ainda) preferem o
Windows?
Por Cristiano Roberto Rohling

Zoran Petrovic - sxc.hu

Trata-se de um típico ca- mentado, é estável, seguro e


so de amor e ódio: todo user totalmente merecedor de confi-
mediano xinga o Windows pelo ança. Se não bastassem todas
menos uma vez por dia, mas estas qualidades, o Linux ain-
não larga dele de forma algu- da é gratuito, enquanto a Mi-
ma. Qual seria o segredo da Mi- crosoft escraviza meio mundo
crosoft para obter usuários tão com taxas de licenciamento ex-
fiéis? Num ato de pretensão torsivas.
um tanto desmedida, tentare- Por que as pessoas não
mos esclarecer um pouco os fa- adotam o Linux de uma vez? A
tos que levam isso a maioria esmagadora opta pela
acontecer. solução da Microsoft, um tre-
Entendo que, em um co reconhecidamente instável
“mundo ideal” — isso mesmo, e repleto de falhas de seguran-
uma Terra do Nunca versão ge- ça (navegue pela Internet com
ek — todo usuário escolheria o o Windows sem antivírus para
Linux como “SO do coração”. ver, é a versão digital de fazer
Seria até lógico: o pinguim é sexo sem proteção).
um sistema solidamente funda- Metáforas coloridas à par-

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FÓRUM · POR QUE AS PESSOAS (AINDA) PREFEREM O WINDOWS

te, vejamos agora três fatores


que têm mantido o Linux fora
dos desktops:
Condicionamento e ... A despeito da
Desinformação - Enquanto o
Linux é um UNIX com pedi- óbvia superioridade do Linux, o
gree, o Windows é um “filhote”
do MS-DOS. Quando Linus Tor- usuário padrão nem entende por
valds começou a desenvolver
seu kernel (idos de 1991), o
qual motivo seria vantajoso
DOS já imperava supremo há
vários anos. Enquanto o Linux
migrar para ele...
dava seus primeiros passos co-
Cristiano Roberto Rohling
mo “SO para hackers”, os lei-
gos já estavam totalmente
condicionados ao domínio mi-
crosoftiano. do Ubuntu e do saudoso Kuru-
onados, e o ser humano tem
min).
A despeito da óbvia superi- horror à mudança. Como é fá-
oridade do Linux, o usuário pa- Muitos fabricantes de cil e barato obter em qualquer
drão nem entende por qual hardware inclusive adotaram o camelô uma cópia “capeta” do
motivo seria vantajoso migrar Linux como uma solução ca- Windows, os “técnicos” fazem
para ele (“eu sempre usei, sem- paz de baratear os custos dos a festa cobrando até R$ 80,00
pre funcionou, e em time vence- equipamentos para o usuário fi- para extirpar nosso amado pin-
dor não se mexe”, pensam). nal. Mas... será que isso é guim dos micros Brasil afora.
Os leigos — sejam empresári- bom mesmo?
A Microsoft até “finge”
os, donas de casa ou mesmo Linux X Windows “Pira- que não gosta, mas a estraté-
estudantes — foram coagidos ta” - O projeto “Computador pa- gia é clara: “Usem Windows pi-
por anos e anos de desinforma- ra Todos” foi lançado em 2003 rata, mas não usem Linux de
ção a simplesmente ignorar a pelo governo Lula, como parte jeito nenhum”. E o pior: quem
existência do Linux. Os que já do programa de Inclusão Digi- usa o Windows “marca diabo”
ouviram falar dele o enxergam tal. Os computadores passa- também pirateia o Microsoft Of-
como algo restrito a um seleto ram a ser vendidos a preços fice, o Photoshop, o Corel
grupo de iniciados, gente estra- bastante populares e rechea- Draw...
nha que usa óculos “fundo de dos com software livre. Era al-
garrafa” e fala coisas que nin- Windows = Programas
go para linuxer algum botar
guém entende. aos montes (Será?) - O domí-
defeito, mas infelizmente a rea-
nio da Microsoft fez com que
Aos poucos, esta resistên- lidade é outra.
surgissem miríades de aplica-
cia vem sendo quebrada. Bem A maioria absoluta dos ções (comerciais ou não) que
devagar, é verdade, mas a co- PCs vendidos com Linux dependem do Windows para
munidade Linuxer já obteve vitó- acaba — mais cedo ou mais funcionar. Existem inúmeras
rias bastante significativas ao tarde — por ser formatada com pessoas que se agarram ferre-
longo dos anos. Inúmeras distri- cópias piratas do Windows. nhamente ao “Janelas” justa-
buições “fáceis” surgiram para Mas por quê? Como já disse- mente pelo fato de o Linux
desmistificar o Linux, com sur- mos, os usuários estão condici- (teoricamente) não conseguir
preendente sucesso (é caso

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FÓRUM · POR QUE AS PESSOAS (AINDA) PREFEREM O WINDOWS

rem rejeitar uma solução segu-


ra e gratuita para utilizar
produtos pirateados e sem ne-
... Existem inúmeras nhuma garantia de segurança.
No caso dos elefantes, a
pessoas que se agarram tal historinha diz que apenas
em situações extremas — um
ferrenhamente ao "Janelas" incêndio, por exemplo — o ele-
fante esquece que não é ca-
justamente pelo fato de o Linux paz de escapar da corda. O
(teoricamente) não conseguir que será que este pessoal es-
tá esperando então para mi-
rodar os programas utilizados grar?
descobrir.
Tenho medo de

no dia-a-dia...
Cristiano Roberto Rohling

rodar os programas utilizados


no dia-a-dia (atire a primeira pe- os elefantes domesticados cres-
dra quem nunca ouviu um “ga- cem com uma perna amarrada
mer” dizendo algo como “só a uma estaca. O jovem elefan-
te por muitas vezes tenta esca- Maiores informações:
não mudo para o Linux por cau-
sa dos jogos”). par, sem sucesso, e com o
Blog Geeknologia
tempo simplesmente desiste
Estes usuários fecham os http://geeknologia.wordpress.com
de tentar. Ele cresce, se torna
olhos para o fato de existirem um animal de dimensões e for-
milhares de aplicativos para Li- ça descomunais, mas continua
nux, divididos em diversas cate- amarrado à mesma corda, pois CRISTIANO
gorias, desde jogos a suites de acredita não ser capaz de esca- ROHLING é
jornalista, mas
escritório. E o melhor: os pro- par. abraçou a
gramas não têm custo algum Tecnologia como
para o usuário, e ainda inclu- Não sei se esta parábola paixão pessoal e
encerra alguma verdade quan- profissional.
em o código fonte, que pode Formado em
ser editado e recompilado à to aos elefantes, mas ela ilus- Comunicação Social
tra bem o que acontece com pela Universidade
vontade. Quer mais? Inúmeros Estadual de
softwares Win32 rodam sem os usuários. Eles começaram Londrina, também
maiores traumas com o uso do na informática com o Windows, cursou Tecnologia
em Processamento
WINE (o que invalida a descul- e para eles não existe vida inte- de Dados no Centro
pa padrão “o software que uso ligente fora da Microsoft. Eles Universitário
Filadélfia. É editor
no trabalho não tem versão pa- acham o Linux “difícil”, acredi- do blog
ra Linux”). tam que não existem muitos "Geeknologia", onde
programas para ele e estão periodicamente
Conclusão - Lembro de publica pequenas
tão condicionados que prefe- reportagens sobre o
ter ouvido quando criança que mundo digital.

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EDUCAÇÃO · COMPUTADOR E CRIANÇAS EM CASA

Computador e Crianças
em casa: guia de
sobrevivência para pais nas
férias
Por Sinara Duarte

Steve Woods - sxc.hu

Julho chegou e com ele de nove em cada dez adoles- pras irregulares (utilizando car-
as férias escolares! Para as cri- centes. tão de crédito de outras
anças, o tradicional mês de féri- Neste período, as lan hou- pessoas) e em casos extre-
as traz consigo um aroma de ses e casas similares superlo- mos, convulsões e até óbito!
mar, praia, diversão, sorvete, bi- tam com crianças e Não é exagero, em 2005, um
cicleta e horas sem fim na inter- adolescentes. Nestes ambien- coreano morreu após ficar
net. tes, sem orientação, a maioria mais de 50 horas na frente do
Já para a maioria dos das crianças são expostas a di- computador. Mais recentemen-
pais, julho é sinônimo de preo- versos riscos, desde o volume te, um adolescente sueco teve
cupação em dobro, visto que elevado do som (com o tempo um colapso após ficar mais de
significam crianças em casa pode provocar surdez definiti- 24 horas em um game de RPG
em tempo integral. É notório va), navegação insegura (salas bastante violento.[1] Noticias
que nem sempre é possível con- de bate-papo, comunidades de como essa são divulgadas qua-
ciliar as férias escolares com relacionamento é possível en- se que diariamente na mídia e
as férias trabalhistas. Na atuali- contrar pessoas mal intenciona- assustam pais e especialistas
dade, em que pais e mães tra- das), acesso a games em comportamento.
balham fora, é bastante proibidos como por exemplo A criança e/ou adolescen-
comum crianças ficarem sob Sims Erotics (com cenas de se- te não deve permanecer mais
responsabilidade de uma babá xo explícito), exposição a mate- de duas horas diárias na frente
ou de algum familiar. Apesar rial impróprio como do computador ou videogame.
da boa vontade de avós, tios e pornografia, coação e violência Acima disso, é possível desen-
congêneres o computador conti- psicológica pela internet (os volver problemas clínicos co-
nua sendo a diversão preferida chamados Bullying), fazer com- mo dores de cabeça, miopia,

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EDUCAÇÃO · COMPUTADOR E CRIANÇAS EM CASA

lesões por esforço repetitivo, der a roca, pois a princesa aca- tecnologia, parece que ocorre
problemas de coluna, distúrbi- bou se ferindo (por pura o inverso, são os filhos que tor-
os de comportamento (isola- curiosidade, diga-se de passa- nam “os chefes” e comandam
mento social, depressão), gem!) e amaldiçoando todo o o uso e a freqüência do compu-
distúrbios de sono (dificuldade reino a dormir por séculos. Na tador, do celular, do videoga-
para dormir), dificuldades de vida real não é diferente. Tal- me, quando não deveria ser
aprendizagem (queda no rendi- vez se o pai da Bela Adormeci- assim.
mento escolar) e obesidade. da tivesse contado a verdade, A ciência já descobriu
Um estudo americano [2] apon- explicado a situação, pouparia que os jogos de computador
ta um crescimento de 732% todo o desconforto, mas aí não causam uma reação neuroquí-
nos relatos de dores agudas teria príncipe encantado, "feli- mica no cérebro, no sistema
de 1994 até 2006 provenientes zes para sempre" ... de recompensa, gerando uma
do uso excessivo do computa- Enfim, a questão principal sensação de prazer, daí a ten-
dor por crianças e jovens. O es- em qualquer relacionamento é dência de perder a noção do
tudo será publicado no o diálogo. Os pais precisam pa- tempo na frente do computa-
renomado periódico "American rar dentro do corre-corre do coti- dor. Contudo, quando a vonta-
Journal of Preventive Medici- diano para conversar com de de ficar grudado na telinha,
ne" e ressalta que as crianças seus filhos. Conhecer suas pre- influencia a realização das ativi-
menores de cinco anos, são as ferências, seus amigos, seus si- dades rotineiras, como estu-
que apresentam maior vulnera- tes favoritos. O objetivo não é dar, praticar esportes, sair com
bilidade de risco. invadir a privacidade, gravan- os amigos, pode tornar-se um
Isso significa que deve- do conversas, lendo emails, vício. A Psicologia vem estu-
mos agir como pai da Bela mas sim, escutar o que o jo- dando, aos poucos, os efeitos
Adormecida e esconder todos vem tem a dizer. E mais do de uma nova síndrome, o cha-
os computadores e laptops da que conversar, mas principal- mado netvício, ou seja, a com-
cidade para proteger nossos fi- mente impor regras e limites. pulsão em permanecer horas
lhos? Definitivamente não. Da Afinal, a principal autoridade jogando na frente do computa-
mesma forma que no conto de em casa ainda são os pais. dor.
fadas, de nada adiantou escon- Contudo, quando se refere a Uma característica mar-
cante na adolescência, segun-
do Tiba [3] é o fortalecimento
da resiliência, ou seja, a capa-
... a questão principal cidade de minimizar ou supe-
rar os efeitos nocivos das
em qualquer relacionamento é o situações difíceis. Noutras pala-
vras, o adolescente sempre
diálogo. Os pais precisam parar pensa que "isso nunca vai
acontecer comigo". Compete
dentro do corre-corre do aos pais, mostrar os riscos, im-
por limites. Quem ama de ver-
cotidiano para conversar com dade, sabe dizer não. E talvez
seus filhos. essa seja a maior dificuldade
dos pais contemporâneos.
Sinara Duarte Querem ao mesmo tempo, ser
amigos dos filhos, mas tem re-

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ceio de magoá-los. Não perce- último caso: a culpa é da cane- ficaram comprometidas com a
bem que o NÃO dito na hora ta ? Ou de quem usou a cane- lesão cerebral.
certa, significa muito mais do ta? Na educação, inúmeros
que cuidado, significa dizer "eu Não podemos cometer os são os exemplos benéficos do
te amo e vou te proteger". mesmos erros do passado e uso do computador, em especi-
Com relação a crianças e continuar queimando “Gali- al quando se trata da inclusão
adolescentes, a situação é leus”, afirmando que os jogos de pessoas com alguma limita-
mais delicada, pois estão em fa- do computador são perigosos. ção, seja física ou intelectual.
se de formação da personalida- Quando bem dosados e aplica- Experiências como o projeto
de. A exposição prolongada a dos podem contribuir para o au- Calculendo [5] no qual, crian-
jogos violentos, numa fase da mento da qualidade de vida e ças com defasagens de apren-
vida, no qual o cérebro está inclusive ajudar no tratamento dizagem conseguiram vencer
em formação, pode ocasio- de lesões cerebrais. Há alguns o drama do fracasso escolar
nar, além da banalização da vio- anos, o Hospital Universitário por meio da interação (softwa-
lência, a perda do vínculo e do da UFRJ [4] estuda os benefíci- re educativo-criança-profes-
equilíbrio entre a vida real e o os do tratamento complemen- sor), mostram que o
mundo virtual. Quem não lem- tar por meio de jogos de computador não é o vilão, mas
bra, de um jovem, que alguns computador em indivíduos uma importante ferramenta a
anos atrás, repetindo uma ce- que tiveram algum dano cere- serviço da educação. Ressalta-
na de Matrix, atirou contra uma bral. Baseados em jogos co- se que nesta experiência, utili-
multidão dentro de um shop- mo Second Life, pacientes zou-se exclusivamente softwa-
ping paulista? Ou dos massa- com graves seqüelas de le- res livres.
cres de estudantes por sões cerebrais provocadas por O mundo do software li-
estudantes em escolas america- AVC (acidente vascular cere- vre apresenta inúmeras alterna-
nas? Muitos especialistas aler- bral) ou traumas têm reaprendi- tivas de jogos de
tam que a ausência do contato do a realizar tarefas do entretenimento que nada dei-
familiar que desencadeiam rea- cotidiano e até retornar ao mer- xam a desejar se comparado
ções como esta. cado de trabalho, por meio de aos proprietários. Neste artigo,
O que deve ficar claro, tan- um tratamento que envolve jo- vou apresentar apenas cinco
to para pais quanto para filhos, gos de computador. A aparen- que podem ser usados por cri-
é que o computador é apenas te brincadeira é utilizada para anças e adolescentes, sem
uma ferramenta, uma porta estimular as funções de concen- maiores. No site, Linux Game
aberta para o mundo. Seu uso, tração, atenção, memória e co- Tome [6] é possível encontrar
para o bem ou para o mal, de- ordenação motora, que dezenas de games livres, a
pende das intenções de quem
o utiliza. Fazendo uma alego-
ria, com uma caneta, que tam-
bém é uma ferramenta
tecnológica: a caneta é um ins-
...o computador é apenas
trumento no qual posso usar pa- uma ferramenta, uma porta aberta
ra escrever lindos poemas,
escrever tutoriais e ajudar ou- para o mundo.
tras pessoas, mas pode se tor-
Sinara Duarte
nar uma arma letal, se usada
de forma a ferir alguém. Neste

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maioria não são educativos, tivo da Emeif Nossa Senhora do? Pois é, apesar da falta de
pois o objetivo maior é entrete- do Perpétuo Socorro (Fortale- criatividade do enredo é supe-
nimento mesmo, mas garimpan- za-CE) surgiu da constatação rado pela interface colorida, bo-
do é possível encontrar pedras de que as crianças menores nita e bem chamativa, ideal
preciosas como esta. eram “excluídas” dos jogos in- para as crianças pequenas.
Um software de entreteni- terclasses, por falta de competi- Apesar de não ser considera-
mento bastante interessante, é dores. Na visão dos pais e dos do por muitos um jogo educati-
o Frozen Bubble. Este game é próprios alunos seria muita ir- vo, é possível trabalhar
um dos favoritos da comunida- responsabilidade colocar o ti- algumas habilidades cognitivas
de Linux internacional, sendo me do 3º ano (8/9 anos) como a concentração, a coor-
eleito por 5 vezes ( jogando basquete com o time denação motora fina, a agilida-
2003/2004/2005/2008/2009), do 7º ano (12/13 anos) ou mes- de, a percepção visual e a
um dos melhores jogos para Li- mo outra modalidade, devido destreza do educando. Reco-
nux por meio de votação na in- ao porte físico desigual das cri- mendado a partir dos 7 anos
ternet [7]. O objetivo é anças. A causa da exclusão, de idade, pois exige habilidade
conseguir atirar bolhas colori- embora nobre, trazia muita frus- no teclado. O Super Tux é su-
das em outras bolhas da mes- tração, já que somente os maio- portado pelos sistemas Linux,
ma cor, formando grupos, res ganhavam medalhas. Windows, Mac OS . A instala-
usando um canhão acionado Todavia, é importante que o ção no Debian e no Ubuntu é
pelas setas de direção do tecla- educador sempre tenha um bem simples pelo apt-get ou
do, até conseguir derrubar to- olhar crítico a realidade a sua Synaptic. O link para o dowlnlo-
das. A medida que ganha-se volta, questionando e modifican- ad direto é <http://super-
inicia-se um novo nível mais difí- do. Assim, desde 2007, que o tux.lethargik.org/wiki/Download/
cil. Ao todo são 100 níveis dife- Frozen-Bubble é o preferido Stable>
rentes. Particularmente testei de um torneio de jogos virtu- Para os fãs de Rock, nem
até o nível 25 (Ufa!). Pode-se jo- ais, no qual somente as séries preciso mencionar o Frets on
gar em dupla ou individualmen- iniciais participam (1º ao 5º fire [8], simulador de Guitarra
te. Ressalta-se que neste jogo ano), com direito a premiação da mesma qualidade do Guitar
são trabalhadas diversas habili- e medalha, utilizando o LIE – Hero. Não vou entrar em deta-
dades cognitivas como a aten- Laboratório de Informática Edu- lhes, pois a reportagem da ca-
ção, concentração, percepção cativa como suporte. pa traz um especial sobre
visual, análise, síntese visual, Outro software que prome- games e uma entrevista com o
raciocínio lógico, coordenação te diversão para a família toda desenvolvedor deste software.
motora fina e esquema de co- é o Super Tux. Baseado num A instalação também é bem
res. É recomendado para crian- clássico dos games, Tux, pin- simples, via apt-get ou Synap-
ças a partir dos 4 anos de guim símbolo do Linux tenta, tic. Somente uma dica, se utili-
idade. Está disponível para li- salvar sua namorada Penny de zar algum efeito 3D em sua
nux, windows, Mac e celular. seu arqui-inimigo Nolok. Para is- máquina linux, é preciso desa-
Sua instalação é simples via so precisa escapar dos obstácu- bilitar antes de jogar, para evi-
apt-get ou synaptic. los utilizando saltos e outras tar problemas com seu
É importante ressaltar habilidades como soltar bolas monitor.
que ser um bom jogador no Fro- de fogo, escudo de invencibili- Também é possível bai-
zen-Bubble vale medalha de ou- dade dentre outras. Achou al- xar o pacote Kdegames [9],
ro! A idéia das Torneio de go familiar com o encanador um pacote de jogos desenvolvi-
Jogos Livres, um evento educa- bigodudo mais famoso do mun- do para o KDE. São jogos sim-

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ples, que vão desde cartas, [2] Artigo no site da Folha


deb-src http://ppa.launchpad.
campo minado, tetris e outros. http://www1.folha.uol.com.br/folha/inf
net/spring/ubuntu hardy main
Dentre estes, destaca-se o Kso- ormatica/ult124u578672.shtml
koban, por desenvolver o racio-
Depois de atualizar com
cínio lógico. Seu objetivo [3] Referência ao livro
o apt-get update pode instalar
principal é fazer com o boneco TIBA, I. Quem ama, educa. São
com o comando: apt-get install
consiga levar as esmeraldas pa- Paulo: Gente, 2002.
spring spring-maps-default. Pre-
ra dentro dos orifícios verdes,
pare sua estratégia e seu exer-
uma por uma. Na verdade é [4] Artigo na Ciência Hoje
cito. Mãos a obra, ou melhor
uma adaptação de um jogo ja- http://cienciahoje.uol.com.br/119664
ao teclado! [10]
ponês chamado “sokoban”. È
bastante envolvente e intrigan- Bom, por hoje é só. De fa- [5] Artigo sobre Calculendo
te. Nos mesmos moldes do xa- to jogar no computador é muito http://softwarelivrenaeducacao.wordpr
drez também desenvolve o legal, mas não custa nada re- ess.com/2008/11/22/artigo-clculendo-
raciocínio lógico, estratégico e lembrar que a infância é o tem- software-livre-a-servico-da-educacao/
matemático além da concentra- po mais curto de nossas vidas
ção. O aprendizado ocorre a e portanto deve ser bem apro- [6] Site Linux Game Tome
partir dos erros. Isso permite veitada. Uma infância saudá- http://www.happypenguin.org
que a criança tenha um pensa- vel se refletirá em um adulto
mento hipotético, ou seja, ela saudável. Ademais, toda crian- [7] Artigo no Linux Journal
vai analisar o fato partindo de ça tem direito a ser criança! A http://www.linuxjournal.com/article/
suposições e criando hipótese. se sujar, a correr, a conhecer 10451
A capacidade de memorização novos lugares, novos sabores,
não foi esquecida por ela, bem novas pessoas, se divertir no [8] Site Frets on Fire
como a de codificar e decodifi- computador com seus pais. http://louhi.kempele.fi/~skyostil/uv/
car e o pensamento criativo. Que tal uma aposta para ver fretsonfire
Recomendando para crianças consegue ir mais longe naque-
acima de 10 anos e adultos, le jogo? As crianças gostam [9] Site Kdegames
por ter um certo grau de dificul- quando os pais participam de http://games.kde.org
dade. A instalação também é suas brincadeiras. Reserve um
bem simples via apt-get e Sy- tempo só para eles. A vida pas- [10] Site Spring
naptic. sa rápido demais e quando me- http://springrts.com
nos esperamos, estamos
Quem prefere jogos de ba-
órfãos de nossos próprios fi- SINARA DUARTE
talha, no estilo WarCraft, mas é professora da
lhos, morrendo de saudades
sem muita violência gratuita, rede municipal de
do tempo que colocavam fogo Fortaleza,
não deixe de conferir o pedagoga,
no quarteirão.
Spring. Os efeitos visuais e so- especialista em
noros são de primeira qualida- Informática
Educativa e
de além do que é possível Mídias em
jogar online com outros jogado- Educação, com
res. Para instalá-lo via apt-get Maiores informações: ênfase no Software
livre. Colaboradora
é preciso instalar as algumas li- [1] Artigo no site da BBC
do Projeto
Software Livre
nhas ao seu sources.list: http://www.bbc.co.uk/portuguese/repo Educacional e
mantenedora do
deb http://ppa.launchpad.net/ rterbbc/story/2008/11/081118_videog Blog Software Livre
spring/ubuntu hardy main ame_dg.shtml na Educação.

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Ginga brasileira
na TV Interativa
Por Marcelo Moreno

O Sistema Brasileiro de TV Digital Principais avanços da TV Digital no Bra-


(SBTVD) encontra-se em implantação no territó- sil:
rio nacional. Conforme dados de junho/2009 [1], 1. Recepção Digital: imagem livre de inter-
20 cidades brasileiras contam com pelo menos ferências, chuviscos e fantasmas;
uma emissora transmitindo o sinal digital. As tec-
nologias padronizadas pelo SBTVD, uma delas 2. Recepção portátil: é possível a recepção
genuinamente nacional, o tornaram o mais avan- em celulares compatíveis, cuja transmissão con-
çado sistema de TV digital terrestre em opera- tinua sendo aberta, gerada pela emissora;
ção no mundo. 3. Alta definição de vídeo (Full HD): A ima-
Não há como precisar o número de teles- gem passa a ser composta por 1080 linhas de
pectadores que atualmente desfrutam das melho- resolução em lugar das 480 linhas da definição
rias alcançadas pelo novo sistema. Para standard (SD). O formato da tela é mais retangu-
receber o sinal digital em sua residência, é ne- lar (16:9), dando maior sensação de imersão ao
cessário adquirir um receptor de TV Digital (tam- telespectador;
bém chamado de set-top box, ou ainda, 4. Áudio envolvente (surround): O áudio po-
conversor de TV Digital) e ligá-lo à sua TV atual, de ser transmitido em múltiplos canais, indo do
a mesma que anteriormente recebia o sinal de estéreo (2.0 canais) ao surround (5.1 canais).
TV analógica. Outra opção é adquirir uma nova
5. Interatividade: mais do que assistir aos
TV com o receptor digital já embutido.
programas de TV, com a interatividade o teles-
O que não fica claro para o consumidor é o pectador pode navegar por informações adicio-
conjunto de melhorias e novas funcionalidades nais sobre o conteúdo, obter informações
realmente disponíveis no cenário atual estabele- atualizadas sobre trânsito e tempo, participar de
cido pelos fabricantes, pelas emissoras e pelo enquetes, fazer compras, acessar serviços de
Fórum SBTVD [2], que é o responsável por defi- governo, e muito mais...
nir as normas do sistema [3].

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SOFTWARE PÚBLICO · GINGA

Para um sistema definido há pouco mais e fabricantes de receptores vão fazer desse es-
de um ano, pode-se dizer que a implantação paço interativo um diferencial em seus produtos,
vem sendo bem sucedida, principalmente se para atrair mais audiência por um lado e mais
compararmos com o mesmo processo, ocorrido vendas pelo outro.
há alguns anos, em outros países. O número de Frente a essa variedade de aplicações, o
cidades atendidas vem aumentando e os preços mito de que interatividade somente é possível
dos receptores vêm caindo gradativamente. Po- se o receptor estiver conectado a um canal de
rém, é fato que ainda não vale a pena investir di- retorno ou à Internet deve ser esclarecido e des-
nheiro em um equipamento de recepção que feito. O mais correto seria definirmos níveis de
não possui todas as funcionalidades previstas e interatividade:
num momento em que na programação das emis-
soras ainda prevalece a definição standard. Níveis de Interatividade:
1.Interatividade local: O telespectador na-
vega por informações que a emissora e o fabri-
INTERATIVIDADE cante empacotaram no conteúdo transmitido e
A principal funcionalidade ainda ausente no receptor vendido, respectivamente. Muito po-
nos receptores é a interatividade. Antes de discu- de-se fazer em tal cenário, surpreendentemen-
tirmos o porquê dessa ausência, vejamos o que te. Na enumeração feita no parágrafo anterior,
vem a ser exatamente interatividade. apenas as aplicações dos tipos iii) e iv) não po-
TV interativa é o serviço multimídia em deriam ser providas.
que, além de poder assistir conteúdo audiovisu- 2.Interatividade com canal de retorno:
al transmitido pelas emissoras, o telespectador Além da interatividade local, fica facilitada a co-
possui a liberdade de enriquecer de alguma for- municação direta (por linha discada ou SMS,
ma sua experiência, navegando por informa- por exemplo) com a emissora, com o fabricante
ções e serviços complementares ou diretamente com algum anunciante. Dessa
disponibilizados tanto pelas emissoras como pe- forma, tornam-se possíveis as aplicações do ti-
lo próprio fabricante de seu receptor. po iv) e algumas do tipo iii).
Podemos, então, enumerar uma vasta ga- 3.Interatividade plena: o receptor passa a
ma de aplicações e serviços interativos a serem integrar a Internet, permitindo que as aplicações
criados: i) da navegação por receitas de um pro- interativas incluam conteúdo remoto e transmi-
grama de culinária às sinopses multimídia dos ca- tam informações. Nesse cenário, podem apare-
pítulos anteriores da novela ou do escaute da cer mais aplicações de interesse do fabricante,
partida de futebol; ii) das informações sobre o como o navegador Web, o cliente de e-mail etc.
trânsito durante o noticiário matutino ao fecha- O receptor de TV passa a ser um terminal de In-
mento das ações da bolsa no período noturno; ternet, podendo, inclusive, ser usado para publi-
iii) da leitura do correio eletrônico à compra de car conteúdo do telespectador, como fotos e
produtos apresentados pelos patrocinadores; iv) vídeos.
da resposta em enquetes que colaboram na apre-
sentação de programas ao vivo à votação no rea- Para prover interatividade, os receptores
lity show; e v) da visualização de toda a grade precisam suportar a execução de aplicações,
de programação dos canais ao agendamento de tanto residentes, que seriam aquelas que o pró-
gravações para a escolha do melhor momento prio fabricante disponibiliza já instaladas no pro-
para assistí-las. Tudo isso é interatividade, pois duto, quanto aquelas transmitidas pelas
trata-se da ação do telespectador e a respectiva emissoras. No primeiro caso, o fabricante domi-
reação de alguma parte do sistema. Emissoras na o hardware e o processo de instalação, po-

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SOFTWARE PÚBLICO · GINGA

dendo então escrever aplicações voltadas especi- terface a outros dois subsistemas, Ginga-NCL e
ficamente para sua plataforma. No segundo ca- Ginga-J, responsáveis por dar suporte às APIs
so, os desenvolvedores devem construir definidas e controlar todo o ciclo de vida das
aplicações capazes de serem executadas em aplicações interativas.
qualquer receptor de TV Digital, independente-
mente de plataforma e fabricante. Para isso, In-
terfaces de Programação de Aplicações (APIs)
e regras de implementação devem ser definidas
e padronizadas. Veja que nada impede que as
aplicações residentes também sejam escritas
usando estas mesmas APIs.
Se as especificações forem seguidas tanto Figura 1: Arquitetura do Ginga
por quem desenvolve as aplicações interativas,
quanto por quem desenvolve o núcleo que dá o
suporte às APIs, fica garantida a compatibilida- GINGA-NCL
de entre aplicações e receptores. Esse núcleo Ginga-NCL [5] é uma máquina de apresen-
deve, portanto, estar instalado nos receptores, tação que controla a exibição de aplicações es-
agindo como um software que faz a intermedia- critas em linguagem NCL (Nested Context
ção – e daí o nome middleware – entre aplica- Language). NCL é uma linguagem declarativa
ções e sistema operacional. O middleware criada pela PUC-Rio, voltada para a especifica-
Ginga [4] é o padrão adotado no Brasil para pro- ção de relacionamentos entre objetos de mídia
mover a plataforma de execução de aplicações que compõem documentos hipermídia. Tais rela-
interativas. cionamentos são expressos por meio de elos
que são disparados em reação a eventos de
sincronismo (e.g.: temporais, espaciais, ações
GINGA do usuário, etc.). NCL possui ainda facilidades
O nome Ginga foi escolhido em reconheci- para a especificação de aplicações que explo-
mento à cultura, arte e contínua luta por liberda- ram a existência de múltiplos dispositivos de exi-
de e igualdade do povo brasileiro. Sua bição próximos à TV, como celulares e PDAs,
arquitetura foi concebida em conjunto pela PUC- permitindo ações de interatividade individualiza-
Rio e pela UFPB, durante a iniciativa do Gover- das entre os membros de uma família que assis-
no Federal de financiar projetos na área de TV te o mesmo programa. Aplicações NCL podem
Digital que subsidiassem o processo de decisão também ter seu comportamento alterado em
do então instituído SBTVD. tempo de apresentação, por meio de comandos
de edição que podem ser disparados pela emis-
Concebida de forma a otimizar as funcionali-
sora ou por uma parte da própria aplicação.
dades providas e evitando sobreposições entre
os subsistemas que a compõem, a arquitetura Outra característica interessante de NCL é
do Ginga possui três subcamadas principais. A sua capacidade de atuar como linguagem de co-
camada Ginga Common Core (núcleo comum) la que reúne diferentes tipos de objetos de mí-
é o subsistema que disponibiliza o acesso às in- dia em uma única aplicação. Alguns exemplos
formações e dispositivos de TV, como sintoniza- de objetos de mídia suportados pelo Ginga-NCL
dor, demultiplexador, decodificadores, canal de são imagens (JPG, PNG,...), áudios (MP3,
retorno, placa gráfica, entrada/saída, etc. O no- WAV,...), vídeos (MPG,MP4,...) e texto.
me núcleo comum se deve ao fato de que tais Certos tipos especiais de objetos de mídia
serviços básicos são oferecidos sob a mesma in- podem agregar ainda mais poder às aplicações

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SOFTWARE PÚBLICO · GINGA

NCL. Objetos HTML podem ser embutidos em consulta pública em novembro de 2007, Ginga-J
aplicações NCL para agregar conteúdo origina- teve sua publicação como norma postergada de-
do da Web, ou ainda, conteúdo projetado para vido ao questionamento sobre royalties a serem
outros sistemas de TV Digital, uma vez que pagos aos proprietários do middleware europeu.
HTML é base das máquinas de apresentação Por iniciativa do Fórum SBTVD e da Sun Mi-
de todos os outros sistemas. crosystems, foi iniciada a especificação de uma
Outros objetos de mídia especiais são por- API, dita livre de royalties, que substituísse funci-
ções de código escritas em linguagem imperati- onalmente a API GEM do Ginga-J (API verde).
va, que também podem ser incluídas em Essa especificação é de propriedade da Sun Mi-
aplicações NCL. Lua [6] é uma das linguagens crosystems, foi terminada em dezembro de
imperativas suportadas por Ginga-NCL. Foi cria- 2008 e chamada de JavaDTV [8].
da pela PUC-Rio com o objetivo de oferecer O novo Ginga-J é, portanto, a substituição
uma linguagem a ser embutida em aplicações das APIs GEM pelas APIs JavaDTV, mantendo
que necessitam ser estendidas dinamicamente. as extensões criadas pela UFPB. Encontra-se
Apesar de poderosa e apresentar estruturas de em nova consulta pública, que deve ser encerra-
dados avançadas, sua sintaxe é simples e sua in- da em meados de julho/2009. As especificações
terpretação é incrivelmente leve. Por essas ca- são abertas e gratuitas, porém até o momento
racterísticas, Lua é a linguagem de script líder não há uma implementação de referência ou fer-
na área de jogos. A outra linguagem imperativa ramentas de desenvolvimento em software livre
suportada por Ginga-NCL é Java, permitindo para o Ginga-J. Recentemente, a iniciativa
que Xlets Java em conformidade com Ginga-J OpenGinga [9] vem apresentando os primeiros
possam ser incluídos em aplicações NCL. resultados para os programadores Java.

GINGA-J A AUSÊNCIA DA INTERATIVIDADE


Ginga-J é uma máquina de execução que O atraso da interatividade se deve exata-
controla o ciclo de vida de aplicações Java dispo- mente à redefinição do Ginga-J. Conforme espe-
nibilizando uma API para acesso a funcionalida- cificado em norma ABNT, o Ginga presente em
des específicas de TV. Ginga-J foi set-top boxes e TVs digitais deve obrigatoria-
primeiramente especificado pela UFPB como mente ser composto tanto pelo Ginga-NCL quan-
uma extensão ao padrão GEM (Globally Executa- to pelo Ginga-J. Por isso, os fabricantes não
ble MHP) [7], derivado do middleware europeu. colocam produtos com interatividade no merca-
As extensões da UFPB incluem elementos de in- do, pois não estariam em conformidade. Para os
terface gráfica avançados, o controle de múlti- dispositivos portáteis (celulares), no entanto,
plos dispositivos de exibição, o gerenciamento apenas o Ginga-NCL é obrigatório.
de usuários e da persistência de aplicações. Neste compasso de espera, houve tempo
Tais extensões foram segmentadas segundo a o suficiente para que fabricantes e emissoras
compatibilidade com implementações do mid- adequassem seus modelos de negócios para o
dleware europeu, formando as APIs verde (com- novo espaço de entretenimento e informação
patível), amarela (exportável) e vermelha aberto pela interatividade. Não há mais motivos
(incompatível). Entre as funções da API verme- para espera.
lha, estão a ponte com a máquina Ginga-NCL,
que permite que aplicações NCL sejam dispara-
das e modificadas a partir de aplicações Java. DESENVOLVEDORES
Assim como o atraso do Brasil para definir
Porém, mesmo após ter sido aprovado em seu sistema de TV digital levou ao benefício de

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SOFTWARE PÚBLICO · GINGA

escolha das mais recentes tecnologias, o atraso Para maiores informações, entre em conta-
da definição da interatividade também tem seu la- to com o Laboratório TeleMidia – PUC-Rio
do positivo. Uma massa crítica de desenvolvedo- através do email: info@telemidia.puc-rio.br
res de aplicações interativas e produtores de
conteúdo vem se formando, obtendo conheci- Maiores informações e referências:
mento antes mesmo de terem a possibilidade de [1] Site DTV
se integrar ao sistema. Um fator decisivo na ca- http://www.dtv.org.br
racterização de tal cenário inédito no país é a ide-
ologia de livre compartilhamento de [2] Site Forum SBTVD
conhecimento que sempre permeou o desenvolvi- http://www.forumsbtvd.org.br
mento do Ginga.
[3] Matéria do Site Forum SBTVD
Ginga-NCL, a parte concreta do middlewa-
http://www.forumsbtvd.org.br/materias.asp?id=112
re e única inovação integralmente brasileira do
sistema, possui sua implementação de referên-
[4] Site Oficial Ginga
cia e ferramentas de desenvolvimento em softwa-
http://www.ginga.org.br
re livre. A linguagem NCL possui tutoriais e
artigos livremente disponíveis na Web. A Comuni-
[5] Site Ginga NCL
dade Ginga do Portal do Software Público Brasi-
http://www.gingancl.org.br
leiro [10] hospeda todas as ferramentas NCL,
documentos e mantém um fórum de atividade
[6] Site Oficial Lua
constante, onde os mais de 6500 membros discu-
http://www.lua.org
tem os mais diversos assuntos em torno da TV
digital, do técnico ao mercadológico, do progra-
[7] Matéria do site SBC
mador ao telespectador. O mercado já vem abrin-
http://www.sbc.org.br/bibliotecadigital/download.
do vagas na produção de conteúdo interativo e
php?paper=625
estão saindo na frente os profissionais que já se
habituaram com os conceitos e linguagens do
[8] Site Java TV
Ginga.
http://java.sun.com/javame/technology/javatv

MADE IN BRAZIL [9] Site OpenGinga


Não bastasse o mercado nacional, os de- http://www.openginga.org
senvolvedores podem ficar de olho lá fora tam-
bém. Primeiro, porque o SBTVD recentemente [10] Site Software Público
foi escolhido pelo governo peruano como seu sis- http://www.softwarepublico.gov.br
tema de TV Digital, e diversos outros países sul-
americanos também vêm estudando tal adoção. [11] Site ITU
Segundo, porque em abril de 2009, a União Inter- http://www.itu.int/rec/T-REC-H.761/en
nacional de Telecomunicações (UIT) aprovou MARCELO MORENO é doutor em
uma recomendação inteiramente brasileira, a Informática pela Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e
H.761 [11], que traz a especificação completa professor adjunto do quadro complementar
de NCL como solução para o desenvolvimento do Depto. de Informática da PUC-Rio. É
coordenador técnico do Laboratório
de aplicações em serviços IPTV. São novos mer- TeleMídia, grupo de pesquisa responsável
cados se abrindo e em diferentes segmentos. To- pela especificação Ginga-NCL, o
dos estamos convidados... middleware declarativo do Sistema Brasileiro
de TV Digital e recomendação internacional
da UIT-T.

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MULTIMÍDIA · KERNEL REAL-TIME E ÁUDIO NO LINUX

Kernel Real-time e
Áudio no Linux
Por Leandro Leal Parente

James Wilsher - sxc.hu

Antes de começarmos a trabalhar com áu- cepção de um estímulo, normalmente vindo de


dio no Linux devemos entender um pouco da im- uma interrupção de hardware, até quando a apli-
portância do Kernel real-time dentro de uma cação produz um resultado baseado no estímu-
distribuição multimídia. Como já foi explicado, lo .” Caso a latência seja muito alta a aplicação
uma distribuição multimídia é composta: por um irá demorar muito tempo para produzir um resul-
kernel real-time, pelo Jack Audio Connection Kit tado e em aplicações de tempo real isto é inacei-
e por vários softwares livres de áudio e plugins tável, como é o caso de softwares que
LADSPA. trabalham com áudio.
O Kernel é o único que pode ser chamado Nestas condições o Linux não era uma pla-
de Linux, todo o restante são apenas softwares taforma adequado para aplicações de tempo re-
que compõem uma distribuição Linux especifica. al. Entretanto ele tinha uma vantagem sobre os
Portanto ele é responsável por implementar to- outros sistemas operacionais, era Open-Source.
das as funções de um sistema operacional con- Quando um software Open-Source não tem um
vencional, intermediando o hardware e o recurso desejado por um grupo de pessoas, es-
software. Para softwares que não precisam ne- te grupo tem plenas condições de implementar
cessariamente dar resposta em um intervalo es- tal recurso e disponibilizar a comunidade. Neste
pecífico o Kernel nativo é suficiente. Grande caso foi isto que aconteceu.
parte dos softwares para uso geral no Linux se Thomas Gleixner e Ingo Molnar, desenvol-
encaixam nesta categoria com exceção de vedor da Red Hat americana, desenvolveram
softwares para processamento de áudio. um patch denominado PREEMPT_RT capaz de
Estes softwares são classificados como apli- modificar o código do Kernel nativo afim de tor-
cações de tempo real e precisam de um sistema na-lo um sistema de tempo real. Atualmente es-
operacional de tempo real para funcionarem de te patch se encontra na versão 2.6.29.4-rt18 e
forma adequada e com uma baixa latência. Se- pode ser adquirido no link http://www.ker-
gundo [1] “latência é o intervalo de tempo da re- nel.org/pub/linux/kernel/projects/rt/). Iremos en-

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MULTIMÍDIA · KERNEL REAL-TIME E ÁUDIO NO LINUX

tender superficialmente como este patch realiza em sua grande parte.


tal mágica e depois aprender como compila-lo Atualmente a Open Source Automation De-
junto ao Kernel nativo do Linux. Isto é um pré-re- velopment Lab é responsável por manter o pat-
quisito para trabalharmos com áudio no Linux. ch PREEMPT_RT. Segundo [4] o Kernel
Vamos ao que interessa ! real-time é suportado nas arquiteturas: x86,
x86/x64, Powerpc, Arm, Mpis, 68knommu.

O Kernel e o patch PREEMPT_RT:


Esta parte do artigo terá como foco caras Utilizando o Kernel real-time:
“nerds” e estudantes do curso Ciência da Compu- Para começarmos a utilizar o Kernel real-ti-
tação, pois irá abordar alguns aspectos do funcio- me podemos simplesmente instala-lo pelo geren-
namento interno do Kernel do Linux. Portanto ciador de pacote ou realizarmos todo o
sinta-se a vontade para pular este trecho e ir dire- processo de compilação.
to a parte prática do artigo. O segundo procedimento é mais adequado
Existem duas características do Kernel pois garante um Kernel especifico para sua ar-
que o tornam impróprio para aplicações de tem- quitetura. Ele pode ser realizado mesmo em dis-
po real: tribuições multimídia que já vêm por padrão com
• Ele não é preemptivo; um Kernel real-time. Caso você não tenha tem-
• Ele desabilita interrupções. po ou paciência para compilar o Kernel a primei-
ra opção também é viável e tem um bom
Quando o Linux passa para modo-kernel, desempenho.
ou seja, processa uma chamada interna do siste-
ma operacional, ele desabilita todas interrup- Compilando o Kernel com o patch PRE-
ções e passa a não sofrer preempção. Isto não EMPT_RT:
é ruim, pois garante um monopólio da CPU por Primeiro passo é fazer o download do Ker-
parte do Kernel, evita várias trocas de contexto nel e do patch PREEMPT_RT. Lembre-se que
e garante uma implementação mais simples. ambos devem ser da mesma versão. Neste arti-
Entretanto para aplicações de tempo real is- go esteremos compilando a última versão do
to é um desastre. Pois toda vez que uma chama- patch, a 2.6.29.4-rt18. O procedimento que se-
da interna do sistema ocorrer, o Linux passa a rá apresentado poderá ser realizado em qual-
não responder as interrupções requisitadas e a quer distribuição Linux. Abra o terminal e vamos
não atender mais tarefas de prioridade mais al- começar !
ta. E pior, isto irá ocorrer por um tempo indetermi- Logue como root e entre na pasta /usr/src:
nado, pois ninguém sabe quando a chamada do
sistema irá retornar uma resposta e habilitar no- # su
vamente as interrupções e a preempção. # cd /usr/src
Basicamente o que o patch PREEMPT_RT Faça o download do kernel 2.6.29.4 e do
faz é contornar estes dois “problemas”, manten- patch-2.6.29.4-rt18:
do total compatibilidade com o Kernel nativo inse-
rindo e alterando o mínimo de linhas possíveis # wget http://www.kernel.org/pub/linux/ker-
de código. nel/v2.6/linux-2.6.29.4.tar.bz2
# wget http://www.kernel.org/pub/linux/ker-
Em [3] existe uma explicação detalhada de
nel/projects/rt/older/patch-2.6.29.4-rt18.bz2
como este processo é feito. As informações são
de Agosto de 2005 mas ainda hoje são válidas

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MULTIMÍDIA · KERNEL REAL-TIME E ÁUDIO NO LINUX

Descompacte cada arquivo baixado: Retorne ao menu principal e entre em


Power management and ACPI options e logo
# tar -xvf linux-2.6.29.4.tar.bz2 em seguida em ACPI (Advanced Configuration
# bzip2 -d patch-2.6.29.4-rt18.bz2 and Power Interface) Support. Desmarque a op-
Renomeie a pasta e aplique o patch ao ker- ção fan e processor. Retorne ao menu Power
nel 2.6.29.4: management and ACPI options e entre agora
em CPU Frequency scaling. Desmarque a op-
# mv linux-2.6.29.4 linux-2.6.29.4-rt18 ção CPU Frequency scaling, todas opções irão
# cd linux-2.6.29.4-rt18 sumir. Estas alterações irão garantir que o con-
# patch -p1 < ../patch-2.6.29.4-rt18 trolador de energia não altere a forma como seu
processador funciona, mantendo-o sempre com
Agora configure o Kernel que será compila- o clock mais alto.
do através de um menu:
Volte ao menu principal entre em Device
# make menuconfig Drivers e procure pela opção Sound Card Sup-
port. Marque com um * a opção Advanced Linux
Sound Architecture e entre nesta opção. Entre
*Obs: Caso o menu de configuração não em Generic sound devices, PCI sound devices,
apareça, instale o pacote ncurses ou libncurses. USB sound devices e PCMCIA sound devices e
Se mesmo assim continuar dando erro, verifique marque com um M todos os dispositivos de
se o compilador c++, o g++, está instalado. som. Dessa forma o Kernel terá suporte para to-
Para navegar no menu utilize as setas do das placas de som disponível no Kernel. Neste
teclado, a tecla enter para confirmar e a tecla es- caso, não será necessário configurar nada para
paço para alterar uma determinada opção. Para que sua placa de som funcione corretamente,
algumas opções existiram duas possibilidades: caso ela seja suportada pelo projeto ALSA.
M e *. O M indica que você irá compilar aquele Feito tudo isto, finalize e salve as configura-
recurso como um módulo, portanto ele poderá ções.
ser habilitado e desabilitado a qualquer momen-
to. O * indica que o recurso não será compilado Agora compile o Kernel e seus módulos:
como um módulo.
# make all
Para o Kernel real-time ter um bom desem-
penho e suporte a vários hardwares é necessá- Crie a imagem compactada do Kernel:
rio alterar algumas opções dentro do menu de
# make bzImage
configuração do Kernel. Em [6] descrevi com
mais detalhes outras opções de configuração. Lo- Instale os módulos do Kernel na pasta
go abaixo iremos alterar apenas o básico para /lib/modules e gere a o initrd:
que nosso Kernel tenha um bom desempenho.
# make modules_install
Entre em Processor type and features. Dei- # mkinitramfs 2.6.29.4-rt18 -o /boot/initrd.img-
xe a opção Tickless System (Dynamic Ticks) des- 2.6.29.4-rt18
marcada. Selecione seu processador na opção
Processor family. Selecione Complete Preempti- * Obs: O utilitário que gera o initrd pode ter
on(real-time) na opção Preemption Mode. Altere um nome diferente dependendo da distribuição
a opção Timer frequency para 1000 Hz. Isto irá utilizada, entretanto terá uma sintaxe semelhan-
garantir que um desempenho melhor para seu te à apresentada aqui.
Kernel real-time.

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MULTIMÍDIA · KERNEL REAL-TIME E ÁUDIO NO LINUX

Copie o restante dos componentes para a Obrigado pela atenção, até a próxima!
pasta /boot:

# cp .config /boot/config-2.6.29.4-rt18
# cp arch/x86/boot/bzImage /boot/bzImage- Maiores informações:
2.6.29.4-rt18 [1] Referência ao Livro
# cp System.map /boot/System.map-2.6.29.4- Real Time e Linux, Bernardo Nunes Mazzini , Carlos
rt18 Eduardo Machado da Costa , Carlos Eduardo Nunes
Façanha , Noboru Yano
Abra o arquivo /boot/grub/menu.lst com um
editor de texto qualquer (gedit, nano ou vim) fun- [2] Artigo na Wikipedia
cionando com o usuário root e insira no final do http://pt.wikipedia.org/wiki/Kernel
arquivo o trecho logo abaixo:
[3] Artigo no LWN.net
title Nome da sua distribuição, kernel 2.6.29.4- http://lwn.net/Articles/146861/
rt18-compilado
root (hdx,x) [4] Material sobre Realtime
kernel /bzImage- 2.6.29.4-rt18 root=/dev/sdxx http://www.osadl.org/Realtime-Linux.projects-realtime-
ro quiet
linux.0.html
initrd /initrd.img-2.6.29.4-rt18
* Obs: A partição onde o Grub está instala- [5] Howto_RT_Kernel
do é indicada em root (hdx,x). A opção ro- http://proaudio.tuxfamily.org/wiki/index.php?title=Howto_R
ot=/dev/sdxx indica a partição em que sua T_Kernel#Patching_manually
distribuição Linux está instalada. Altere ambos
corretamente, caso você não saiba como preen- [6] Artigo o que é Kernel RT
che-los, copie das configurações do Kernel já http://flavioschiavoni.blogspot.com/2008/08/o-que-kernel-
existente, estarão logo acima. rt.html

Agora basta reiniciar seu sistema, não se


[7] Howto Kernel-Build
esqueça de salvar o arquivo /boot/grub/menu.lst
http://www.digitalhermit.com/linux/Kernel-Build-
que foi editado, e torcer para que seu novo Ker-
HOWTO.html#INTRO
nel inicialize.
Espero ter ajudado. Na próxima edição ire- LEANDRO LEAL PARENTE é graduando
mos configurar o Jack Audio e o restante do sis- de Ciências da Computação pela
Universidade Federal de Goiás (UFG),
tema para que ele possa funcionar sem adepto da filosofia Open Source e usuário
problemas com o Kernel real-time. Qualquer dúvi- Linux. Atualmente é estagiário no
Laboratório de Processamento de Imagens
da ou problema com o processo de compilação e Geoprocessamento (LAPIG) na UFG.
envie um email para leal.parente@gmail.com.

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MARKETING · SEM: SEARCH ENGINE MARKETING

SEM: Search Engine


Marketing
Por Gustavo Freitas
Szorstki - sxc.hu

As estratégias de Search Engine Market- Contando com ajuda de licenças copyleft


ing (SEM) vêm sendo utilizado por muitas organi- para garantirem a liberdade de disseminação de
zações, e umas das coisas que algumas pesso- conteúdo na WEB, e ainda com das ferramentas
as esquecem é a essência de como conseguir de CMS livres, como o WordPress, o trabalho
aumentar sua relevância nas ferramentas de bus- de divulgação de conteúdo torna-se mais fácil e
ca, que é difundir e divulgar conteúdo relevante. ágil a cada dia.
Com o aumento expressivo da busca de in- Como conseqüência, aqueles que conse-
formações na internet, os desenvolvedores ou guiram melhor utilizarem estas ferramentas e
empresas de software de pequeno porte tem conjunto de licenças livres, voltam a gerar con-
uma grande oportunidade divulgar seus traba- teúdo com mais relevância para as ferramentas
lhos de forma livre, usando de licenças copyleft, de busca e aparecerem cada vez mas próximos
em suas músicas, módulos plugins softwares e das primeiras páginas dos buscadores, ganhan-
outras formas de conteúdo. Com isso ganhando do visibilidade para seu público e aumentando
cada vez mais referência e relevância em seu seus page ranks, fechando então o ciclo: mais
conteúdo, aumentando seu ranking nas ferramen- relevância, mais page view, mais acesso.
tas de busca. Pense nisso e abraço.
Junto com o reflexo deste aumento perece- Foto: Luiza Ferraz

ram muitos blogs e sites “falando” da percepção GUSTAVO FREITAS é é formado em


Publicidade e Propaganda pela UNI-BH e
dos consumidores e de prestadores de serviços, pós-graduado em Administração de
inclusive até mesmo “ranqueando-os” com quesi- Marketing pela FGV. Trabalhou como
tos de qualidade e credibilidade. Assim, o conteú- designer, criação publicitária, professor da
PUC-MG e atualmente marketing. Suas
do começa a ser fator primordial para dar principais paixões do trabalho em marketing
destaque aos demais “concorrentes” ou projetos são: estratégico, produto e serviço e
descobriu mais uma: Search Engine
similares. Marketing – SEM.

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EVENTOS · RELATO SOBRE A CMS BRASIL 2009

CMS e Conhecimento,
CMS Brasil 2009
Por Ari Mendes

A CMS Brasil reuniu em São Paulo Capital claro, que por sinal foi na medida.
um grande número de participantes no último Fiquei pelo auditório, local onde acontece-
dia 20 de junho, com excelente qualidade técni- ram as palestras com a condução do Paulino Mi-
ca o evento foi um grande sucesso. Estive por lá chelazzo (http://www.fabricalivre.com.br), uma
e vão aqui as minhas impressões sobre este figura e tanto, e logo de início ouvi o Guilherme
evento que trouxe a São Paulo grandes nomes Chapiewski (http://gc.blog.br/) falando sobre me-
do CMS mundial. todologias de desenvolvimento ágil (XP,
O primeiro passo é sempre a retirada da SCRUM, entre outras) e suas vantagens em re-
credencial, filinha básica, RG, credencial devida-
mente colocada, é hora de circular e rever as co-
munidades juntas e como não é de faltar, pegar
uns brindes e ver as novidades do patrocinado-
res e apoiadores, nessa linha as caricaturas dos
participantes desenhadas por um artista ao vivo
fizeram o maior sucesso, só não consegui a mi-
nha, quem sabe numa próxima oportunidade?
Como todo grande evento com diversas ati-
vidades de qualidade acontecendo ao mesmo
tempo, a principal dificuldade a qualquer partici-
pante fica por conta da escolha de qual delas par-
ticipar, roteiro definido, é hora de aproveitar as Figura 1: Guilherme Chapiewsk da Globo.com e Rene Muniz da Fábrica
atividades escolhidas, não antes da abertura, é Livre

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EVENTOS · RELATO SOBRE A CMS BRASIL 2009

perguntas, e da Kátia Kitahara (WordPress


Brasil) que relatou a quantas anda a comunida-
de aqui no Brasil a pedido do Matt bem como as
dificuldades encontradas.
A fome já batia e era chegada a hora do al-
moço, algo rápido na lanchonete da esquina, on-
de o network rolava solto e mais parecia que
todo o evento havia se transferido devido ao
grande numero de participantes do evento no lo-
cal.
A parte da tarde começou com Drupal e a
Figura 2: Matt Mulleweg e Leandro Pinho, palestrantes do CMS Brasil
Addison Berry (rocktreesky.com) falando sobre
a nova versão deste CMS com previsão de che-
gada entre o final deste ano e inicio de 2010,
lação a metodologias clássicas, pelo fator da fle-
ressaltou a importância que tem a comunidade
xibilidade e readaptação frente as mudanças no
Drupal na criação de novos plugns e funcionali-
curso da execução de projetos, citou como caso
dades e lembrou ainda aos que desejam contri-
de aplicação prática o projeto de desenvolvimen-
buir no desenvolvimento do Drupal
to da home da Globo Vídeo e fez um alerta so-
7(code.google.com/p/d7ux/) que o façam até o
bre a analogia feita entre o desenvolvimento de
mês de agosto, pois o código será congelado
software e a construção civil, ressaltando as devi-
após esta data e não serão inseridos novos códi-
das diferenciações nos processos de produção
gos, apenas serão feitas correções. Após sua fa-
de ambos.
la foi formada uma nova mesa redonda com a
Após sua fala foi aberto espaço para per- participação também do Paulino Michelazzo e
guntas dos participantes onde ele pode esclare- do Leonardo Silva (Drupal Brasil), onde Addison
cer com maior enfase o porquê adotar uma voltou a frisar a importância da comunidade e fa-
metodologia de desenvolvimento ágil e não um lou um pouco sobre sua paixão e o trabalho que
modelo de desenvolvimento em cascata ou clás- ela faz ajudando a difundir o Drupal e sua tecno-
sico, finalizando assim a primeira palestra do dia. logia.
A segunda palestra foi sobre o WordPress Mais um bem vindo intervalo para o café e
e ficou por conta de nada menos que seu cria-
dor, Matt Mullenweg que iniciou sua fala dizen-
do “O WordPress não é um CMS...”, falou
bastante a respeito das novidades a caminho na
próxima versão, incluindo aí a agregação do
WordPress MU e a adaptabilidade da ferramen-
ta às necessidades do usuário, mostrou também
alguns sites que fazem uso do WordPress como
software de gerenciamento de conteúdo sitando
o site do Ministério da Cultura como exemplo,
ilustrando assim as qualidades e facilidades pro-
porcionadas no gerenciamento e layout de con-
teúdo. Com bom humor respondeu as perguntas
do publico em uma mesa redonda com a partici- Figura 3: Addison Berry (add1sun) do Drupal
pação do Paulino Michelazzo, também fazendo

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EVENTOS · RELATO SOBRE A CMS BRASIL 2009

também para o cigarro, após se subir dois lan-


ces de escada até a calçada (ufa! dá até para
perder a vontade de fumar), a parada foi bastan-
te produtiva, pois o clima de descontração rolou
solto e podemos dar boas gargalhadas até o ini-
cio da próxima atividade.
Edney Souza da Polvora ! Comunicação,
com bom humor, falou sobre o uso do CMS e ou-
tras ferramentas de comunicação nas empre-
sas, blogs e redes sociais e quais as melhores
formas para se lincar as mais diversas redes de
forma consistente e proveitosa ao conteúdo de
Figura 4: Anthony Ferrara (ircmaxell), o Tux e Ryan Ozimek (cozimek)
seus sites, trazendo os clientes para estes mei-
os com público focado e não de forma avulsa. ver a qualidade e criatividade nos projetos onde
Para ele não há muito efeito pratico sem que aja estão sendo usadas estas ferramentas de geren-
uma certa maturidade e cultura por parte das em- ciamento de conteúdo, aos que ainda não expe-
presas nesses nixos de comunicação. Contou rimentaram, não perca tempo, faça uso e não só
um pouco seu histórico desde seu início nos pri- de uma delas pois cada uma se adapta mais fa-
mórdios do Geocities, passando pelo B2 até as cilmente a determinadas tarefas.
ferramentas CMSs que faz uso atualmente.
No quesito mais técnico ambos os CMSs
Chegando à reta final do evento, Leonardo estão trabalhando fortemente no suporte a ou-
Silva (Drupal Brasil) pegou um pouco mais pesa- tros bancos de dados e a barreira mais presente
do na parte técnica demonstrando a modulariza- nessas tentativas é o fator de não haver uma
ção do Drupal para atender as necessidades no abstração mais padrão que possa atender de
cumprimento de determinadas tarefas, focando forma completa e com bom desempenho a um
em redes sociais e fóruns. bom número de SGBDs, bem como a melhoria
Como tudo que é bom uma hora acaba, a nos mecanismos de busca que ainda deixa um
palestras de encerramento ficou por conta do pouco a desejar.
pessoal de peso do Joomla!, Anthony Ferrara e Que venha a CMS Brasil 2010!
Ryan Ozimek que trouxeram um espectador ilus-
tre, um Tux inflável de uns 60cm que permane-
ceu imóvel numa das poltronas que formava a
mesa redonda. Colocaram em pauta as futuras
Maiores informações:
[1] Site oficial do evento
mudanças e novos recursos da versão 1.6 as-
http://www.cmsbrasil.com.br
sim como o projeto de suporte a mais gerencia-
dores de bancos de dados, tarefa um tanto
complicada por sinal.
O Evento como um todo atendeu de forma
plena ao seu propósito, trouxe pessoas de gran- ARI MENDES está atualmente finalizando o
de qualidade para falar sobre esses três CMSs curso de sistemas de informação na UNIBAN-
SP. Trabalhou por dois anos no Projeto de
que têm um potencial fantástico e uma adaptabili- Inclusão Digital Casa Brasil. Ari foi um dos
dade sem igual, como tudo em Software Livre, ganhadores da promoção da Revista Espírito
Livre que sorteou inscrições para o CMS
tem para todos os paladares, WordPress, Dru- Brasil 2009.
pal e Joomla!, o interessante nisso tudo é poder

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EVENTO · RELATO SOBRE O III ENSOL

Relato sobre o evento

Por José Josmadelmo Davi da Silva e Sanmara Bacurau Guimarães

Somos estudantes de Sistemas de Informa-


ção e tivemos a oportunidade de participar do III
ENSOL, que aconteceu nos dias 19, 20 e 21 de
Junho em João Pessoa - PB. O evento foi um
grande sucesso e um espetáculo, tanto para os

Figura 1: Participantes da caravana posam para foto

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EVENTO · RELATO SOBRE O III ENSOL

estudantes como para os profissionais da área


de Tecnologia da Informação. Foi de fundamen-
tal importância no esclarecimento do uso e distri-
buição do Software Livre, que hoje é a mais
pura realidade e cada vez mais está presente
em nosso dia-a-dia. Em pouco espaço de tempo
aprendemos bastante, tiramos dúvidas e desco-
brimos a sua grande importância para nós e pa-
ra o mundo.
As palestras foram bastante interessantes
e atingiram uma vasta área de TI.
Todos os dias do evento foram repletos de
muita informação sobre novas tecnologias que
Figura 3: Larissa Bantim, estudante de Sistemas de Informação - FJN,
usam o SL.
segura o livro arrematado no leilão
No último dia do congresso houve a apre-
sentação da palestra: “Software Livre na Ética e Fica os nossos sinceros agradecimentos a
na Prática” que foi proferida em espanhol pelo ir- toda equipe da Revista Espírito Livre que nos
reverente Richard M. Stallman, criador do concei- disponibilizou esse espaço para que nossas
to Software Livre, da Free Software Foundation, emoções fossem compartilhadas!.
do Projeto GNU e da famosa licença GPL. Com
ele nos divertimos e aprendemos bastante. Foi
um enorme prazer conhecê-lo.
Cheio de muito bom humor ele cativou to-
dos os participantes e ao final de sua apresenta- Maiores informações:
ção propôs o leilão do livro “Free Software Free Site oficial do ENSOL
Society” de sua autoria. O mesmo livro foi arre- http://www.ensol.org.br/
matado por nossa caravana (FAP – Juazeiro do
Norte – CE). Site SI FAP
Ficamos muito felizes em poder trazer pa- http://www.sifap.com.br/
ra casa um pouco de seus ensinamentos. E já te-
mos presença garantida no IV ENSOL.
JOSÉ JOSMADELMO DAVI DA SILVA é
estudante do curso de Sistemas de
Informação da FAP – Juazeiro do Norte/CE.
É webdesigner e responsável pelo site
www.sifap.com.br, que foi criado com o
objetivo de manter uma maior interação
entre professor/aluno de seu curso.

SANMARA BACURAU GUIMARÃES é


estudante do curso de Sistemas de
Informação da FAP – Juazeiro do Norte/CE.
Vice-diretora do site www.portalexu.com.br.
Reside em Exu/PE e enfrenta todos os dias
vários km para chegar à faculdade em
Figura 2: Participantes da caravana juntamente com Stallman Juazeiro.

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EVENTO · RELATO SOBRE O FISL 10

Relato sobre o evento

Por Alessandro Silva

Quem não foi ao 10º Fórum Internacional


de Software Livre, perdeu a oportunidade de
participar de um dos maiores eventos de tecno-
logia livre do planeta. Realizado mais uma vez
na PUC-RS, na cidade de Porto Alegre-RS, en-
tre os dias 24 e 27 de junho, o evento contou
com mais de 450 palestras, eventos comunitári-
os, além das exposições, arena de programa-
ção e a olimpíada de robótica. Entre os
participantes, estavam diversos nomes importan-
tes no cenário nacional e internacional do
Software Livre, além de estudantes, professo-
res, gestores, técnicos e curiosos sobre o tema:
Liberdade - Contra o controle e a vigilância na
Internet. O evento foi transmitido ao vivo na
Web através da TV Software Livre e pela Radio
Livre.

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EVENTO · RELATO SOBRE O FISL 10

Visita do presidente da república


Esse ano o evento contou com a presença
ilustre da Ministra-Chefe da Casa Civil, Dilma
Rouseff, do Presidente da República, Luiz Iná-
cio LULA da Silva e demais autoridades. A minis-
tra Dilma, ressaltou em seu discurso os
investimentos do governo federal em tecnologi-
as livres. Segundo ela, mais de R$ 370 milhões
foram economizados com a implantação de
softwares que não exigem o pagamento de licen-
ças. Ressaltou, ainda, que este dinheiro gera in-
vestimentos em importantes ações sociais.
Num discurso fervoroso e cheio de metáfo-
ras, o presidente Lula fez questão de esclarecer Figura 2: Evento contou com a presença de aproximadamente 8200
pessoas
que em seu governo “é proibido proibir”. Lula en-
fatizou a importância da liberdade num país de- veu implantar software Livre, tinha duas opções:
mocrático como o Brasil e defendeu a “ir para cozinha preparar seu próprio prato ou co-
importância da utilização do Software Livre em to- mer aquilo que a Microsoft gostaria que comês-
das as instâncias de governo. De maneira bem semos”. Então o governo decidiu que
descontraída, ressaltou que “Inclusão digital é a prevaleceria a idéia da liberdade. Disse tam-
palavra mais sexy do governo”, referenciado bém, que o Software Livre proporciona a oportu-
que um dos maiores programas de governo usuá- nidade de inovar, de valorizar a liberdade
rios de Software Livre são os de inclusão digital. individual, de aflorar a criatividade e a inteligên-
O presidente disse ainda, que o objetivo do go- cia das pessoas .
verno é chegar a um computador em cada resi-
“É a primeira vez que os netos são mais sa-
dência, através de parcerias que estão sendo
bidos que os avós”, disse o presidente, falando
articuladas com com o BNDES e empresas do ra-
sobre a velocidade e a disponibilidade de infor-
mo, através do programa computador para to-
mação proporcionada pela Internet. Ele comen-
dos.
tou enfaticamente sobre o projeto de lei do
Segundo LULA, quando o governo resol- senador Eduardo Azeredo, que propõe vigilân-
cia na Internet: “No meu governo é proibido proi-
bir”! Lula defendeu que é necessário uma
mudança no código civil ao invés de adentrar na
casa das pessoas para saber o que elas estão
fazendo. “Esta lei não quer proibir, mas, sim fa-
zer censura … é necessário responsabilizar pes-
soas ou condená-las”, disse o presidente.
Finalizando seu discurso, LULA disse que
o Brasil não está mais disposto a pagar pela in-
teligência dos outros e chamou a atenção da co-
munidade sobre a importância de detectar o que
já foi feito e o que precisa ser aperfeiçoado nos
próximos anos. Finalmente o país esta tendo o
Figura 1: Presidente Lula esteve presente no evento gosto pela liberdade de informação, concluiu o

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EVENTO · RELATO SOBRE O FISL 10

presidente da república.
Como palestrante, apresentei o tema: Co-
mo mudar a vida das pessoas com Software Li-
vre - 50 mil alunos formados com Linux e
BrOffice.org. Na palestra demonstrei a experiên-
cia adquirida na Fundec, uma fundação da Prefei-
tura de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro,
responsável pela formação de pessoas utilizan-
do somente Software Livre. A palestra ilustrou
desde a implantação, distribuição utilizada, princi-
pais desafios até os fatores críticos de sucesso
para manutenção do projeto.
Entre as exposições, merece um destaque
especial, o estande da Caixa Econômica Fede- Figura 3: Stallman participa de mesa redonda

ral. Não somente pelas meninas bonitas que lá presas grandes conseguem esmagar pequenos
estavam, mas pela olimpíada de “Mindball”, uma desenvolvedores por ocasião de restrições im-
competição baseada em atividades cerebrais, on- postas pelas patentes.
de o objetivo era mover uma esfera até o campo
de atuação do adversário por estímulos envia- Na palestra sobre Ataques de Cold Boot e
dos do cérebro e captados através de eletrodos. a segurança de criptografia do disco rígido, veio
a grande surpresa. A vida toda aprendemos que
Dentre as palestras que chamaram a mi- a memória RAM é volátil, mas o palestrante
nha atenção, “Os perigos das patentes de softwa- Seth Schoen, mostrou através de pesquisas re-
re”, ministrada por Richard Stallman. O ícone e centes, que esse tipo de memória, pode manter
idealizador do conceito de Software Livre, defen- os dados armazenados por um certo tempo e de
deu como já é de praxe, a questão da liberdade acordo com a temperatura que é mantida. Quan-
que segundo ele, se sobrepõe a qualquer premis- to maior o resfriamento, maior será o tempo de
sa. Stallman ressaltou ainda, a armadilha impos- armazenamento dos dados e menor a possibili-
ta pelas patentes de software aos dade de perdas. Segundo ele, testes comprova-
desenvolvedores de Software Livre e como em- ram que com a utilização de nitrogênio liquido
para o resfriamento, os dados permane-
ceram por uma semana armazenados. O
ataque consiste, basicamente, em causar
um problema no PC que possua dados
Richard Stallman importantes na RAM, religar a memória e
copiar o conteúdo para outro meio atra-
defendeu, como já e de praxe, vés de conexão física na máquina ou
através da rede e sem deixar qualquer
a questão da liberdade que vestígio no disco.

segundo ele, se sobrepõe a Na minha opinião, melhor palestra


foi ministrada por Jon Maddog Hall, Dire-
qualquer premissa. tor Executivo da Linux International. Figu-
ra ilustre na comunidade de software
livre que se destaca pela sua simpatia
Alessandro Silva cordialidade, carisma e por ser um ora-

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EVENTO · RELATO SOBRE O FISL 10

dor fantástico. Maddog, como gosta de ser cha-


mado, iniciou seu discurso solicitando a platéia
que o ajudasse a convencer Linus Torvalds a vir
ao Fisl, cantando a canção que seria gravada e
entregue ao criador do grande kernel: “Linus
nós amamos você...Linus nós precisamos de vo-
cê”. O grande defensor dos Thinclients apresen-
tou o projeto openmoko, um celular
desenvolvido com tecnologias livres que será de-
senhado, produzido no Brasil e exportado para
o mundo inteiro. Mas, a apresentação teve foco,
principalmente, no projeto Cauã, que que pro-
põe um modelo de computação sustentável que
vai gerar emprego em renda na área de tecnolo-
Figura 5: A Revista Espírito Livre acompanhou de perto todo o evento
gia da informação. Maddog defendeu a idéia eco-
lógica de reutilizar computadores e levar nhecimento necessário para oferecer os
Internet banda larga e wireless a casa das pesso- serviços com qualidade nessa área. Ressaltou
as, reciclando computadores e economizando ainda, que o dinheiro não virá da inciativa públi-
energia. Ele enfatizou ainda, que o projeto cria- ca, mas de investimentos e parcerias com insti-
rá, em parceria com a Linux International e a tuições privadas como bancos e própria Caua
Caua Tecnológica, um sistema autônomo que Tecnológica.
treinará mais de 2 milhões de técnicos brasilei-
Encerrando o evento, a organização fez
ros que prestarão suporte nessa área e forma-
um balanço bastante positivo e garantiu que em
rão uma rede de prestadores de serviços que
parceria com a prefeitura de Porto Alegre, o
manterão esse sistema.
FISL continuará na cidade. A 10ª edição do Fó-
O diretor da Linux International, ressaltou rum Internacional Software Livre, que encerrou
que os técnicos serão formados em empreende- no sábado à noite depois de quatro dias, movi-
dorismo, administração de Sistemas e Software mentou mais de de 8.200 participantes. Mad-
Livre e precisarão obter a certificação necessá- dog, mais uma vez, solicitou no encerramento,
ria para comprovar a seus futuros clientes, o co- que cantássemos a canção: Linux nós amamos
você...Linus nós precisamos de você! Nós fize-
mos a nossa parte. Será que ele vem? Veremos
quem sabe no FISL 11.

Maiores informações:
Site oficial do FISL
http://www.fisl.org.br/

ALESSANDRO SILVA é Bacharel em


Informática com Ênfase em Análise de
Sistemas e conheceu o Software Livre no
Exército Brasileiro. Atualmente é
Coordenador de Informática da Fundec,
Administrador de Redes Linux certificado
pelo LPI (Linux Professional Institute) e
mantenedor do projeto K-Eduque.
Figura 4: Maddog em sua palestra

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EVENTO · FISL 10

Décimo Fórum Internacional de


Software Livre
Um encontro pela liberdade e diversidade cultural
alegremente invade Porto Alegre
Por Vladimir di Fiori

Seguindo um longo caminho iniciado no


ano 2000, o FISL vem apostando na defesa da
liberdade. O tema deste ano foi a “Defesa da Li-
berdade, contra a vigilância na rede”. O FISL foi

Figura 1: Evento proporcionou 4 dias de muito debate e informação

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EVENTO · FISL 10

as para a criação do conhecimento compartilha-


do e potencializa o já existente. Este projeto é
desenvolvido pelo Instituto Paulo Freire em par-
ceria como Ministério da Cultura no Brasil. A pre-
sença dos pontos de cultura do FISL, segundo
suas próprias palavras, é um espaço aberto à
discussão sobre desafios e limites dos aspectos
culturais como o uso do Software Livre e disse-
minação do conhecimento. E seguindo essa
aposta, o coletivo MPB - Música para Baixar
(http://musicaparabaixar.org.br), organizou um
Figura 2: Evento contou com apresentações culturais
debate com o tema “Democratização da comu-
nicação e distribuição de conteúdos culturais al-
ternativos”.
ponto de encontro de mais de 8500 pessoas,
Em defesa a liberdade Peter Sunde, co-fun-
dentre elas participantes, expositores, patrocina-
dador do site The Pirate Bay, foi convidado ao
dores, voluntários e membros da organização.
FISL como uma forma de demonstrar que o Fó-
Contou com 300 atividades que engloba-
rum apóia a liberdade e contra ataques a Liber-
ram os mais amplos temas, o que permitiu esco-
dade na Rede. Peter, julgado pela suposta
lher atividades e palestras altamente técnicas,
violação massiva de copyright ao haver cofunda-
bem como assistir apresentações de arte e expo-
do o site que permite pessoas buscarem e dispo-
sição de implantação de Software Livre no gover-
nibilizarem arquivos para download mediante o
no, apresentada pelos próprios governantes.
uso das redes P2P. O Presidente Luiz Inácio Lu-
O Fórum nasceu em Porto Alegre, e duran- la da Silva tira uma foto com Peter Sunde e dei-
te esses 10 anos a comunidade de Software Li- xa claro a sua postura a favor da liberdade e
vre aprendendo e empreendendo a migração contra o intento de censura na rede.
para a liberdade e inclusão digital no país. Uma
Seguindo a linha do Fórum Social Mundial,
das funções do Fórum é permitir que a comunida-
o FISL encerra seu ponto de encontro pesencial
de tenho um ponto de encontro, um lugar para
deixando uma imensa quantidade de portas pa-
compartilhar experiências, trocar idéias e juntos
ra seguirmos trabalhandoe voltarmos a nos en-
continuar criando. Seguindo esse objetivo, o lu-
contrar em 2010.
gar vem sendo ponto de encontro de grupos de
usuários de distribuições GNU/Linux, Lingua-
gens de Programação, cooperativas de desenvol-
vimento, pontos de cultura e revistas indepentes.
Em conversa com a “Revista Espírito
Livre”, Luana Vilutis, uma das coordadoras do
ponto de cultura http://diplonarede.org.br, indica-
va a necessidade de um ponto de encontro on-
de diversas redes culturais nacionais e
internacionais. Para facilitar o intercâmbio de in-
formação e incentivar o debate entre os grupos
também é importante ter um website onde todos
os integrantes da rede podem publicar vídeos,
áudio e imagens. Essas ações geram novas vi- Figura 3: Evento foi transmitido pela TV Software Livre e Rádio Software
Livre

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EVENTO · FISL 10

A presença de Lula no FISL


O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva esteve presente no Fórum Inter-
nacional de Software Livre demonstran-
do a sua postura a favor do Software
Para o presidente, o
Livre como uma ferramenta fundamen- Software Livre proporciona aos
tal para a inclusão digital na sociedade.
Carismático, o presidente Lula diverte brasileiros uma oportunidade
o público com suas habituais metáfo-
ras “Agora que o prato está pronto, é de inovação, respeitando a
fácil comer. Mas, elaborar este prato
não foi brincadeira", disse, referindo-se criatividade e a particularidade
a idealização da cultura do Software Li-
vre. "Foi quando decidimos se iríamos
do povo.
para a cozinha preparar o nosso prato, Vladmiri di Fiori
com nossos próprios temperos, ou iría-
mos comer o prato que a Microsoft que-
ria que a gente comesse”, disse, recebendo parlamentares. Foi recebido pelo coordenador
aplausos emocionados. Para o presidente, o geral do FISL, Marcelo Branco.
Software Livre proporciona aos brasileiros uma A ministra Dilma Rousseff ressaltou em
oportunidade de inovação, respeitando a criativi- seu discurso as migrações para Tecnologias Li-
dade e a particularidade do povo. "Estamos des- vres no Governo Federal.Segundo ella, com a
cobrindo que ninguém é melhor do que nós. implantação de Software Livre, foi economizado
Apenas precisamos de oportunidades". Em cla- mais de 370 milhões em licenças, dinheiro que
ra oposição ao projeto de lei do Senador Azere- é revertido para ações sociais. A ministra disse
do, que propõe a vigilância na rede, Lula disse que "As semelhanças que nos unem são muito
“Em meu governo está proibido pribir”. maiores do que as diferenças. Estamos voltan-
O presidente chegou acompanhado pela Mi- do a afirmar que um outro mundo é possível. E
nistra Chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, do ele está sendo construído, aqui, por vocês".
prefeiro de Porto Alegre, José Fogaça, do reitor
da PUCRS, Joaquim Clotet, ministros e vários

Maiores informações:
Site oficial do FISL
http://www.fisl.org.br/

VLADIMIR DI FIORI é membro-fundador da


SOLAR (Associación civil Software libre
Argentina), membro da Associação Hypatia,
membr da equipe de desenvolvimento da
ALBA, fundador de sítio de notícias
www.kolgados.com.ar, membro da
cooperativa de trabalho La Vaca
(lavaca.org), militante pela cultura e cultura
e Software Livre. Trabalha como consultor
Figura 4: Presidente Lula marcou presença no evento de sistemas e websites e atualmente é
chefe de sistemas do diário “El Argentino”.

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EVENTO · RELATO SOBRE O M3DDLA

Relato sobre o evento

Por Andressa Martins

Aconteceu no dia 20 de junho em Goiânia Brinkley, engenheiro sênior da SUN - líder da


e pela primeira vez no Brasil, a maior conferên- comunidade móveis e sistemas embarcados,
cia Java Mobile, Media & Embedded Developer JSR 97 javahelp 2.0 dentre outros.
Days - M3DD em número de pessoas no mun- Como inscrições para o evento recebemos
do. Este evento já ocorre há dois anos nos Esta- a quantidade de 2 quilos de alimentos, que fo-
dos Unidos, e terá a sua próxima edição em ram doados para o Lar Jesus em Goiânia.
janeiro de 2010 em Moscou e novamente em
Goiânia ainda em 2010. Em breve vamos diponibilizar as fotos e os
Houveram diversas apresentações sobre vídeos do evento, fique ligado no site:
aplicações movéis e embarcadas, entretenimen- (http://www.m3ddla.com.br).
to e mídias relacionadas como a criação de set-
top boxes e players de BluRay, sensoriamento, Maiores informações:
controle, robótica, construção de micro-sistemas [0] Site Gojava
com Java, Java ME, e aspectos opensource do http://www.gojava.org
Java.
Organizado pelos grupos de usuários Robó- [1] Site Robótica Livre
tica Livre de Goiás [1] e Gojava [0], o evento con- http://roboticalivre.aslgo.org.br
tou com a presença de Radko Najman (tcheco)
responsável pelo NetBeans IDE, 1999 a 2007, e
bases de dados para módulos Java EE, ANDRESSA MARTINS é entusiasta de
software livre, idealizadora dos projetos
Terrence Barr (alemão) - responsável por vári- Robótica Livre, Membro da Associação de
os aspectos técnicos na plataforma Java, mem- Software Livre de Goiás e curiosa.
bro da JCP Java community process, dentre
outras, dono de várias patentes européias e ame-
ricanas para dispositivos móveis; Roger

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HUMOR · QUADRINHOS

QUADRINHOS
Por Wesley Samp, Wallisson Narciso, Yamamoto Kenji e José James Figueira Teixeira

OS LEVADOS DA BRECA

http://www.OSLEVADOSDABRECA.com

HELPDESK

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HUMOR · QUADRINHOS

Windows e Mac vs. Linux: "NOVA GERAÇÃO"

http://yamakenji.ueuo.com/yk/

FUNCIONÁRIO PÚBLICO

http://josejamesteixeira.blogspot.com

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AGENDA · O QUE TÁ ROLANDO NO MUNDO DE TI

AGENDA
JULHO Evento: SqueakFest Brasil Evento: RoadShow CNT Bra-
2009 sil
Evento: FDD 2009 Data: 23 a 25/07/2009 Data: 13/08/2009
Data: 04/07/2009 Local: Porto Alegre/RS Local: Brasília/DF
Local: Piracicaba/SP
Evento: 14º EDTED Evento: II SISOL - Simpósio
Evento: Linux Install Fest 3 - Data: 25/07/2009 de Software Livre
RJ Local: Porto Alegre/RS Data: 17 a 19/08/2009
Data: 05/07/2009 Local: Jequié/BA
Local: Rio de Janeiro/RJ Evento: WCCE 2009
Data: 27 a 31/07/2009 Evento: II GNUGRAF
Evento: Workshop Telefonia Local: Bento Gonçalves/RS Data: 22 e 23/08/2009
IP com Software Livre Local: Rio de Janeiro/RJ
Data: 04/07/2009 Evento: FILE 2009
Local: São Paulo/SP Data: 27/07 a 31/08/2009 Evento: 2º Blogcamp ES
Local: São Paulo/SP Data: 22 e 23/08/2009
Evento: I Encontro Livre Local: Vitória/ES
Data: 06 a 08/07/2009
Local: Recife/PE AGOSTO Evento: 2º Seminário de
Serviços Gerenciados de TI
Evento: XXIX Congresso da Evento: Netcom 2009 - Feira e Telecom
Sociedade Brasileira de Com- e Congresso Data: 25/08/2009
putação Data: 04 a 06/08/2009 Local: São Paulo/SP
Data: 20 a 24/07/2009 Local: São Paulo/SP
Local: Bento Gonçalves/RS Evento: Digital Age 2.0
Evento: RoadShow CNT Bra- Data: 26 a 27/08/2009
Evento: IV SegInfo - sil Local: São Paulo/SP
WorkShop de Segurança da Data: 06/08/2009
Informação Local: Porto Alegre/RS Evento: 14º EDTED
Data: 21/07/2009 Data: 29/08/2009
Local: Rio de Janeiro/RJ Evento: Agilidade na Universi- Local: Brasília/DF
dade
Evento: WSO 2009 Data: 09 a 11/08/2009
Local: Manaus/AM Quer ver seu evento aqui?
Data: 22/07/2009
Então entre em contato com
Local: Bento Gonçalves/RS
revista@espiritolivre.org

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FOTOS · CLICK FISL10

CLICK FISL10
Por Alexandre Oliva

Revista Espírito Livre | Julho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |105

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