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Processo Te nO 02.

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TRIBUNAL DE CONTAS Dd ESTADO


Prestação de Contas da Prefeita Municipal
de Piancó, Sra. Flávia Serra Galdino, relativa
ao exercício financeiro de 2006. Emissão de
parecer favorável à aprovação das contas.
Declaração de atendimento parcial da Lei de
Responsabilidade Fiscal.

o TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA PARAíBA, no uso das


atribuições que lhe conferem os art. 31, parágrafos 1° e 2° da Constituição Federal e
13, parágrafos 1°, 2°, 4°, 5° e 6° da Constituição do Estado, e art. 1°, inciso IV da Lei
Complementar n.? 18, de 13 de julho de 1993, apreciou os autos do Processo TC n.o
02.828/07, referente à PRESTAÇÃO DE CONTAS DA PREFEITA MUNICIPAL DE
PIANCÓ, relativa ao exercício financeiro de 2006, à luz do disposto no Parecer
Normativo 47/2001, e decidiu, em sessão plenária hoje realizada, por maioria, na
conformidade do relatório e do voto do relator, constantes dos autos, emitir
PARECER FA VaRÁ VEL à aprovação das contas da Sra. Flávia Serra Galdino,
com as ressalvas do § único do art. 124 do Regimento Interno do Tribunal,
encaminhando-o à apreciação da egrégia Câmara de Vereadores daquele município e
declarando, também, que a Chefe do Poder Executivo Municipal cumpriu parcialmente
as disposições essenciais da LRF, conforme o voto do relator.

Presente ao julgamento a Exma. Sra. Procuradora Geral junto ao TCE/PB.


Publique-se e cumpra-se.
TCE - Plenário Ministro João Agripino.

de f"'{\.Aj (~&vo de 2.008.

Canso Fábio Túlio Filgueiras Nogueira

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Processo Te nO 02.828/07

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c,Cons. Subst. Umberto Silveira Porto


Relator

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Ana Teresa Nóbrega
Procuradora Geral junto ao TCE/P
PROCESSO TC n° 02.828/07

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

Trata o presente processo da prestação de contas anual da Sra.


Flávia Serra Galdino, Prefeita do Município de Piancó, relativa ao exercício
financeiro de 2006.

Após analisar a documentação inserta nos autos, sob os


aspectos orçamentário, financeiro, patrimonial, fiscal e outros, a equipe técnica
deste Tribunal emitiu relatório de fls. 2091/2105 onde destacou que o
Orçamento para o exercício foi aprovado pela Lei nO 1.009/2005, fixando a
despesa e prevendo a receita no montante de R$ 20.054.369,00, tendo sido
abertos e utilizados créditos suplementares no total de R$ 4.548.286,83, com
autorização legislativa e com fontes de recursos adequadas. Informou, ainda, a
Auditoria que as despesas com manutenção e desenvolvimento do ensino
atingiram no exercício o percentual de 27,07% das receitas de impostos,
enquanto os gastos com saúde atingiram 15,54% dessas receitas e, as
despesas com pessoal corresponderam a 70,81 % da Receita Corrente
Líquida. Os recursos do FUNDEF totalizaram R$ 966.207,53, dos quais cerca
de 63,29% foram aplicados em remuneração e valorização do magistério e
36,71% em outras despesas compatíveis com a legislação pertinente.

o órgão de instrução elencou, também, algumas irregularidades


na gestão do mencionado responsável que, devidamente notificada,
apresentou defesa (fls. 2.114/3.027), analisados pela Auditoria (fls. 3.029/6)
que entendeu pela manutenção das falhas enumeradas a seguir:

• quanto às disposições essenciais da LRF


1. desequilíbrio entre receitas e despesas;
2. gastos com pessoal, correspondendo a 70,81 % da RCL,
ultrapassando o limite fixado para o Poder Executivo;
3. incompatibilidade entre a PCA e o RGF, sendo este
incorretamente elaborado, causando prejuízo a análise da
Auditoria;
4. dívida consolidada apresentando uma relação percentual de
172,20% com a RCL, infringindo a Lei Complementar nO 101,
combinado com a Resolução 40 do Senado Federal;
5. falta de uma política de redução da dívida consolidada, tendo
como agravante o fato de a mesma ter se elevado nesse
exercício, infringindo Lei Complementar 101, combinado com
a Resolução 40 do Senado Federal;
6. a lei orçamentária anual (LOA) e a LDO apresentam algumas
falhas que infringem a LRF;

• quanto aos demais aspectos examinados e relatados


7. execução de apenas 2,39% da previsão orçamentária das
despesas de capital, não havendo nenhum dispêndio com
obras públicas;
8. não contabilização de despesa orçamentária, maculando a
LRF no que se refere ao equilíbrio entre receitas e despesas e
limites de pessoal, no valor de R$ 1.155.917,10; ~

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PROCESSO TC n° 02.828/07

9. despesas extra-orçamentárias não comprovadas no valor de


R$ 88.188,80, referentes a consignações, depósitos e outras
operações;
10. aquisição fictícia de equipamentos para a secretaria de saúde,
no valor de R$ 21.800,00, causando prejuízo ao erário;

11. despesas insuficientemente comprovada com o pagamento de


serviços de vigilância noturna, no valor de R$ 16.800,00,
tendo como agravante a falta de habilitação da empresa e dos
servidores desta;
12. despesa anulada no valor de R$ 1.538,48, sendo que a
mesma já tinha sido paga, faltando comprovar a devolução do
recurso, causando prejuízo ao erário;
13. balanço orçamentário, financeiro e patrimonial incorretamente
elaborado, não representando a real situação da execução
orçamentária, financeira do exercício e patrimonial do
município;
14. dívida flutuante incorretamente elaborada, não representando
a real situação de endividamento de curto prazo do município;
15. crescimento elevado de 117,03% entre os exercícios de 2005-
2006 da dívida flutuante, implicando no comprometimento de
equilíbrios fiscais futuros;
16. erro intencional na contabilização das despesas com pessoal
e encargos sociais, no intuito de prejudicar a fiscalização e
eximir-se dos índices previstos no art. 20 da Lei
Complementar 101/2000;
17.prestação de informações inverídicas ao INSS por meio da
GFIP, no intuito de diminuir a contribuição previdenciária do
município (parte empresa), que no exercício foi de apenas
3,31% da despesa com pessoal civil, fato que enseja o
aparecimento de um passivo contingente, inviabilizando
exercícios futuros, além de comprometer a aposentadoria dos
servidores municipais, no futuro;
18. priorização na contratação de prestadores de serviços e
comissionados, infringindo o art. 37, 11 da Constituição
Federal, no que diz respeito a burla ao Concurso Público;
19. crescimento injustificado dos gastos com publicidade com a
Rádio Piancó no valor equivalente a 150% e despesas não
comprovadas com a mesma no valor de R$ 35.000,00,
causando ao prejuízo ao erário;
20. divergências de informações contábeis prestadas no sistema
SAGRES e na documentação de despesa do município,
causando prejuízo a fiscalização desse Tribunal;
21. ausência do controle de bens do ativo permanente,
prejudicando a fiscalização desses bens pela Auditoria;
22. omissão da gestora na execução orçamentária, sobretudo na
abertura de créditos adicionais suplementares dos elementos
de despesa da Câmara Municipal, causando prejuízo ao
Poder Legislativo no desempenho de suas funções;

Com relação aos gastos com obras públicas a Auditoria informou


que durante o exercício de 2006 não houve dispêndio com obras públicas
naquela Prefeitura.

E quanto às remunerações dos agentes políticos (Prefeito e Vice-


Prefeito) se situaram dentro dos parâmetros constitucionais e legais.

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PROCESSO TC nO 02.828/07

oprocesso foi submetido à apreciação do Ministério Público


Especial que através do parecer nO800/08, em síntese, opinou pela (o):

1. em issão de parecer contrário à aprovação das contas


anuais da Chefe do Poder Executivo Municipal de Piancó, Sra.
Flávia Serra Galdino, exercício financeiro de 2006, em razão
dos itens 1,9,10,11,12,17, 18 e 19;

2. emissão de parecer declarando o atendimento parcial dos


requisitos de gestão fiscal responsável, previstos na LC n°
101/2000, relativamente ao exercício de 2006, em face das
falhas constatadas pela Auditoria (itens 1, 3, e 5);

3. julgamento irregulares a guarda, administração e uso de


recursos sem comprovação e de forma danosa ao erário, com
imputação de débito contra a Prefeita, em relação aos itens 8,
9,10,11 e 18;

4. aplicação de multa pessoal contra a gestora, por ilegalidade


e danos ao erário, com fulcro na Constituição Federal, art. 71,
VIII, e LCE nO18/93, arts. 55 e 56;

5. assinação de prazo para o restabelecimento da legalidade na


gestão de pessoal;

6. determinação à d. Auditoria verificar nas contas de 2007 a


evolução das despesas com pessoal e montante da dívida;

7. representação ao órgão previdenciário do fato relacionado às


contribuições previdenciárias;

8. recomendação de diligências para prevenir e/ou corrigir as


irregularidades apuradas nas contas em exame.

É o relatório.
Te - Plenário Min. João Agripino, J8 de 1f4+Vif'1AJ de 2.008

/Cons Subst. Umberto Silveira Porto


C ----~- - Relator
PROCESSO TC n° 02.828107

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

Após a leitura do Relatório efetuada na sessão plenária de


22/10/2008, em sede de sustentação oral de defesa, foi suscitada preliminar pelo
defensor da responsável, acolhida à unanimidade pelo Plenário, no sentido de
receber novos documentos para análise pela Auditoria. Concluída tal análise, o
órgão de instrução considerou elidida a irregularidade referente ao cancelamento
de Nota de Empenho, reduziu o montante de despesas extra-orçamentárias não
comprovadas para R$ 37.799,34 e manteve seu entendimento com relação às
despesas com serviços de vigilância, aquisição não comprovada de equipamento
médico-hospitalar (HOL TER) e despesas com publicidade pagas à Rádio Piancó.

Novos documentos trazidos pela defesa e acolhidos pelo Relator que


os anexou aos presentes autos (fls. 3.566/3.629), comprovam, no entendimento
deste Relator, o restante das despesas extra-orçamentárias relativas a
consignações de empréstimos contraídos por servidores municipais junto ao
Banco do Brasil, sanando essa irregularidade, e, documentos relativos à empresa
que prestou serviços de vigilância também, no entendimento do Relator,
comprovam que, de fato, tais serviços foram prestados, ainda que sem a devida
habilitação legal junto ao órgão compe}ente (PF):.- ' . (J 'j'Q

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<:::ConsSubst. Umberto Silveira p'orfó
Relator
PROCESSO TC n° 02.828/07

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

Diante do que foi exposto, antes de proferir o voto devo fazer as


seguintes considerações sobre as irregularidades de maior gravidade,
mantidas pela Auditoria ao final da instrução:
• com relação às despesas extra-orçamentárias não
comprovadas os novos documentos apresentados ao Relator
comprovam a regularidade dos pagamentos efetuados, que
ainda não haviam sido analisadas pela Auditoria, sanando,
assim, essa irregularidade;
• quanto ao equipamento (HOL TER) adquirido para a unidade
de saúde do município, no meu entendimento, data vênia à
opinião da Auditoria, foi devidamente justificado pela defesa,
não restando dúvida quanto à sua existência;
• os serviços de vigilância embora contratados junto a entidade
sem habilitação legal para realizá-los, foram
comprovadamente efetivados, no entendimento do Relator,
não existindo, pois, ressarcimento a ser determinado pelo
Tribunal;
• a veiculação de notícias e informes por meio radiofônico é a
forma mais usual e de maior alcance junto à sociedade,
principalmente em cidades do interior do Estado, como é o
caso, e os pagamentos estão respaldados por documentação
hábil, não existindo, portanto, irregularidade;
• as demais irregularidades são de natureza eminentemente
formal, comportando tão somente recomendações.
Deste modo, VOTO no sentido de que este colendo Tribunal
assim decida:

1. emita parecer favorável à aprovação das contas anuais da


Sra. Flávia Serra Galdino, Prefeita do Município de Piancó,
relativas ao exercício financeiro de 2006, com as ressalvas do
parágrafo único do art. 124 da LOTeE, encaminhando-o ao
julgamento da egrégia Câmara de Vereadores daquele
município, declarando que em relação à gestão fiscal da
Chefe do Poder Executivo houve o cumprimento parcial das
exigências essenciais da LRF;
2. aplique multa pessoal à Sra. Flávia Serra Galdino, no valor
de R$ 2.805,10, por infrações a normas legais, com fulcro no
inciso 11 do art. 56 da LOTCE, concedendo-lhe o prazo de 60
(sessenta) dias para efetuar o recolhimento desta importância
ao erário estadual, em favor do Fundo de Fiscalização
Orçamentária e Financeira Municipal;
3. recomende à gestora municipal que adote as providências
necessárias para regularizar a situação das contribuições
previdenciárias junto ao INSS, sob pena de repercussão nas
futuras contas;
4. represente à Receita Federal sobre os fatos relacionados às
cont~ib.uiç?es previden.c iári..as
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providencias a seu cargo;,;:,! ~.
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PROCESSO TC n° 02.828/07

5. determine à Auditoria que verifique nas contas de 2007 a


evolução das despesas com pessoal e do montante da dívida
flutuante, nos termos do que dispõe a LRF;
6. recomende à gestora municipal que cesse a contratação da
entidade prestadora de serviços de vigilância, até que ela
regularize sua situação para exercer esta atividade junto aos
órgãos competentes para fazê-lo.

É o Voto.

Te - Plenário Min. João Agripino, em


')S
t< de fV\'ÜVC-W] ~4) de 2.008.

')
Cons~Subst. UMBERTO SILVEIRkPORTO
RELATOR

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