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A avaliação da
qualidade nos
hospitais
brasileiros LAURA MARIA CÉSAR SCHIESARI1
MARCOS KISIL2
RESUMO ABSTRACT
Este artigo é parte integrante do trabalho apre- Quality assessment in Brazilian hospitals
sentado na dissertação de mestrado “Cenário da This paper intends to present a historical evolu-
Acreditação Hospitalar no Brasil: evolução histórica tion of hospital evaluation in Brazil, which goes back
e referências externas”. A preocupação em avaliar to the 40’s. Different tools were developed since
instituições hospitalares no Brasil data da década that time in order to make an external assessment
de 40. Desde então instrumentos para a avaliação of hospitals in order to achieve a national hospital
externa dos serviços de saúde passaram a ser de- standard. However, this evaluation process has not
senvolvidos a fim de garantir padrão hospitalar na- been continuous nor homogeneous throughout
cional. Ao longo destes anos o processo de avalia- those years. During the last decade the accredita-
ção hospitalar foi descontinuado. A década de 90 é tion process was started – a national hospital ac-
marcada pela introdução do termo acreditação hos- creditation manual based on the PAHO accreditation
pitalar, com o desenvolvimento de instrumento ins- proposal was developed. Different stakeholders
pirado em padrões preconizados pela Organização were involved in such a discussion. In 1998, the
Pan-Americana da Saúde. Diferentes grupos são en- National Accreditation Organization was settled. The
volvidos nesta discussão, culminando com a for- role of the different stakeholders and their contri-
mação da Organização Nacional de Acreditação em bution to the accreditation process are pointed out.
1998. Os vários envolvidos com acreditação hospi-
talar e sua contribuição são apontados. Key wor ds – Quality in healthcare. Hospital accreditation.
words
Evaluation in health care. Health care management.
Palavras-chave – Qualidade em saúde. Acreditação hospi- Hospital management.
talar. Avaliação em saúde. Administração em saúde.
Gestão hospitalar.
1. Médica; Mestre em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da USP – Administração de Serviços de Saúde/Administração Hospita-
lar; Doutoranda do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
2. Professor Titular do Departamento de Práticas de Saúde Pública da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo.
Endereço para correspondência: Rua Felipe Gusmão, 172 – 05441-100 – São Paulo, SP. E-mail: lauschi@uol.com.br
97 – 19 hospitais em
processo de acreditação, 50
hospitais participantes
desta natureza. Em outros países a dente da dificuldade de seguimento 7. Ministério da Educação e Saúde. Divisão
de Organização Hospitalar. Construção e
confidencialidade foi quebrada em dos padrões, eles começam a orien- Modernização da Rede Nacional de Hos-
nome do interesse do público. tar a prática de diversos hospitais, pitais. Rio de Janeiro (DF); 1949, v. 6.
Apesar dos pilotos realizados com sendo utilizados de forma crescente Ministério da Saúde.
os manuais iniciais e de experiências como instrumento de avaliação e de 8. Ministério da Educação e Saúde. Divisão
de Organização Hospitalar. Aperfeiçoa-
anteriores dos diferentes grupos, a gestão. Sinais iniciais de mudanças ou
mento Tecnico na Administração Hospi-
prática da avaliação via acreditação de assimilação de práticas há muito talar. Rio de Janeiro (DF); 1945, v. 4.
ainda é incipiente. Acreditadoras, ava- preconizadas se fazem mostrar: co- 9. Ministério da Saúde. Manual Brasileiro de
liadores, a própria ONA e sobretudo os nhecimento dos padrões, estímulo à Acreditação Hospitalar. Brasília (DF);
hospitais estão pouco a pouco adqui- formação de comissões relacionadas 1998.
rindo experiência. Alguns deslizes à avaliação e/ou melhoria da prática as- 10. Ministério da Saúde. Norma Operacional
Básica do Sistema Único de Saúde. Bra-
podem ocorrer – acreditadoras que sistencial, formação de multiplicado- sília (DF); 1996.
utilizam outros modelos de avaliação res do processo de acreditação, utili- 11. Ministério da Saúde. Norma Operacional
externa podem eventualmente mistu- zação do manual de acreditação para Básica do Sistema Único de Saúde. Bra-
rar padrões e práticas num primeiro o planejamento institucional, entre ou- sília (DF); 1993.
momento. Profissionais do mundo da tros. 12. Ministério da Saúde. RECLAR. Brasília
(DF); 1983.
certificação ISO ou ligados a prêmios
13. Minitério da Saúde. Norma Operacional
de excelência podem ter dificuldade REFERÊNCIAS da Assistência à Saúde/SUS (NOAS-
na separação clara de suas funções. SUS). Brasília (DF); 01/2001.
1. Academia Nacional de Medicina. Simpó-
O Programa Brasileiro de Acredita- sio. Acreditação de hospitais e melhoria 14. NORONHA JC, PEREIRA TRS. Health
ção conseguiu reunir muitas das dife- de qualidade em saúde. Anais da Acade- Care Reform and Quality Initiatives in
rentes tendências nacionais em ter- mia Nacional de Medicina; 1994; 154 (4): Brazil. Journal on Quality Improvement
185-213. 1998; 24 (5), 251-263.
mos de modelos e metodologias de
2. Associação Paulista de Hospitais. Classi- 15. NOVAES, H.M. & PAGANINI, J.M. – Pa-
acreditação existentes e propiciou a ficação de hospitais. Revista Paulista de drões e Indicadores de Qualidade para
discussão mais aprofundada a respei- Hospitais. 1966; XIV(7): 6-32. Hospitais (Brasil) – Organização Pan-
to dos possíveis caminhos da acredi- 3. C.Q.H. Controle de Qualidade do Aten- Americana da Saúde, OPAS/HSS/94.
tação no País. A experiência acumula- dimento Médico Hospitalar no Estado de 16. QUINTO NETO A, GASTAL FL. Acredita-
São Paulo. Manual de Orientação aos ção Hospitalar: Proteção dos Usuários,
da pelos vários grupos contribuiu para Hospitais Participantes. 2ª ed. São Pau- dos Profissionais e das Instituições de
que o manual proposto para a realida- lo: Editora Atheneu, 1998. Saúde. Porto Alegre: Dacasa Editora;
de nacional seguisse parâmetros pro- 4. Ministério da Educação e Saúde. Divisão 1997.
gressivamente mais compatíveis com de Organização Hospitalar. História e Evo- 17. SCHIESARI LMC. Cenário da Acreditação
lução dos Hospitais. Rio de Janeiro (DF); Hospitalar no Brasil: evolução histórica e
o estado atual da saúde nos hospitais 1944, v. 1. referências externas. São Paulo, 1999 [
brasileiros. Apesar de os grupos re- 5. Ministério da Educação e Saúde. Divisão Tese de Mestrado – Faculdade de Saúde
presentarem em menor ou maior grau de Organização Hospitalar. Iniciação à Pública da Universidade de São Paulo.