1. O documento descreve a literatura brasileira desde suas origens até o período romântico, incluindo os primeiros textos de informação, o período barroco e as figuras de Gregório de Matos e Padre Antônio Vieira, e o período arcádico e iluminista no século 18.
2. O período arcádico se caracterizou pela busca do verossímil através da imitação da natureza e formas clássicas, enquanto o iluminismo trouxe uma crítica da nobreza
1. O documento descreve a literatura brasileira desde suas origens até o período romântico, incluindo os primeiros textos de informação, o período barroco e as figuras de Gregório de Matos e Padre Antônio Vieira, e o período arcádico e iluminista no século 18.
2. O período arcádico se caracterizou pela busca do verossímil através da imitação da natureza e formas clássicas, enquanto o iluminismo trouxe uma crítica da nobreza
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1. O documento descreve a literatura brasileira desde suas origens até o período romântico, incluindo os primeiros textos de informação, o período barroco e as figuras de Gregório de Matos e Padre Antônio Vieira, e o período arcádico e iluminista no século 18.
2. O período arcádico se caracterizou pela busca do verossímil através da imitação da natureza e formas clássicas, enquanto o iluminismo trouxe uma crítica da nobreza
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DEPARTAMENTO DE PORTUGUS CARRERA: PROFESORADO EN PORTUGUS CTEDRA: LITERATURA BRASILEA
PROFESOR: ROGRIO CORMANICH
ALUMNO: DIEGO MAJEWSKI
Esquema da literatura brasileira
(Das origens ao romantismo)
TURNO: TARDE FECHA DE ENTREGA: 10 DE MAYO DE 2013 1
O problema das origens da nossa literatura pode formular-se a partir da afirmao de
um complexo colonial de vida e de pensamento. A colnia o objeto de uma cultura. A colnia s deixa de o ser quando passa a sujeito da sua histria. Mas essa passagem fez-se no Brasil por um lento processo de aculturao do portugus e do negro terra e s raas nativas; e fez-se com naturais crises e desequilbrios. Nos primeiros sculos, os ciclos de ocupao e de explorao formaram ilhas sociais (Bahia, Pernambuco, Minas, Rio de Janeiro) que deram Colnia a fisionomia de um arquiplago cultural. Houve de um lado a disperso do pas em subsistemas regionais, at hoje relevantes para a histria e de outro, a sequncia de influxos da Europa, responsvel pelo paralelo que se estabeleceu entre os momentos do alm-Atlntico e as esparsas manifestaes literrias e artsticas do Brasil Colnia: Barroco, Arcdia, Ilustrao, PrRomantismo. Resta, porm, o dado preliminar de um processo colonial, que se desenvolveu nos trs primeiros sculos da vida brasileira e condicionou, como nenhum outro, a totalidade de nossas reaes de ordem intelectual. Os textos de informao Os primeiros escritos da nossa vida documentam precisamente a instaurao do processo: so informaes que viajantes e missionrios europeus colheram sobre a natureza e o homem brasileiro. Enquanto informao, no pertencem categoria do literrio, mas pura pura crnica histrica. No entanto, esses documentos se valem no s como testemunhos do tempo, seno como sugestes temticas a formais. Em mais de um momento a inteligncia brasileira, reagindo contra certos processos agudos de europeizao, procurou nas razes da terra e do nativo imagens para se afirmar em face do estrangeiro. Da o interesse obliquamente esttico da literatura de informao. Dos textos de origem portuguesa, merecem destaque: a Carta de Pero Vaz de Caminha a El-Rei D. Manuel, referindo o descobrimento de uma nova terra e as primeiras impresses da natureza e do aborgene. O que para nossa histria significou uma autntica certido de nascimento, a carta insere-se em um gnero copiosamente respresentado durante o sculo XV em Portugal e Espanha: a literatura de viagens; o Tratado da Terra do Brasil e a Histria da Provncia de Santa Cruz, a que vulgarmente chamamos Brasil, de Pero Magalhes Gndavo (1576); o Tratado Descritivo do Brasil, de Gabriel Soares de Souza (1587) 2
as Cartas dos missionrios jesutas escritas nos dois primeiros sculos de
catequese. Dentre eles merecem destaque as crnicas dos Padres Manuel da Nbrega, Ferno Cardim e Jos de Anchieta. O Barroco no Brasil No Brasil houve ecos do Barroco europeu durante os sculos XVII e XVIII: Gregrio de Matos, Botelho de Oliveira, Frei Itaparica e as primeiras academias repetiram motivos e formas do barroquismo ibrico e italiano. Na segunda metade do sculo XVIII, o ciclo do ouro j daria um sustrato material arquitetura, escultura e vida cultural, vida musical, de sorte que parece lcito falar de um Barroco brasileiro e, at mesmo, mineiro. possvel distinguir ecos da poesia barroca na vida colonial
(Gregrio, Botelho, as
academias) e um estilo colonial-barroco nas artes plsticas e na msica, que s se
tornou uma realidade cultural quando a explorao das minas permitiu o surgimento de novos ncleos como Vila Rica, Mariana, Sabar e Diamantina e deu nova vida a velhas cidades quinhentistas como Salvador, Recife, Olinda e Rio de Janeiro. Dentre os poetas, o mais importante o baiano Gregrio de Matos (1636-1696), homem de boa formao humanstica. Na sua produo literria se acentuam os contrastes: a stira mais irrelevante alterna com a contrio do poeta devoto. Mas essas contradies no devem intrigar quem conhece a ambiguidade da vida moral que servia de fundo educao ibrico-jesutica. O desejo de gozo e de riqueza so mascarados formalmente por uma retrica nobre e moralizante. Conhecem-se as diatribes de Gregrio de Matos contra algumas autoridades da colnia, mas tambm de despreo pelos mestios e de cobia pelas mulatas. Gregrio moteja aqueles senhores de engenho que, j mestiados de portugus e tupi, presumiam igualar-se com a velha nobreza branca que formaria o antigo estado da Bahia. E com olhos de saudade e culpa que o poeta v o novo mercador lusitano e os associados deste na Colnia, vidos de lucro e interessados em trocar por ninharias o ouro doce das moendas. Em toda sua poesia o achincalhe e a denncia encorpam-se e movem-se fora de jogos sonoros, de rimas burlescas, de uma sintaxe apertada, de um lxico incisivo. Quanto prosa barroca, est representada em primeiro plano pela oratria sagrada dos jesutas. O nome central o do Padre Antnio Vieira (1608-1697). Nu fulcro 3
da personalidade do Padre Vieira estava o desejo da ao. A religiosidade, a
slida cultura humanstica e a percia verbal serviam, nesse militante incansvel, a projetos grandiosos, quase sempre quimricos, mas todos nascidos da utopiacontra-reformista de uma Igreja Triunfante na Terra, sonho medieval que um imprio portugus e missionrio tornaria afinal realidade. No seu esprito verdadeiramente barroco fermentavam asiluses do estabelecimento de um imprio luso e catlico, respeitado por todo o mundo e servido pelo zelo do rei, da nobreza e do clero. A realidade era bem outra e do descompasso entre ela e os planos do jesuta lhe adveio mais de um revs. de leitura obrigatria o Sermo da Sexagsima, proferido na Capela Real de Lisboa em 1655, no qual o orador expe a sua arte de pregar. Ao leitor brasileiro interessam particularmente o Sermo da Primeira Dominga da Quaresma, pregado no Maranho em 1653. Nele o orador tenta persuadir os colonos a libertarem os indgenas que lhe fazem evocar os hebreus cativos no antigo Egito. Nem se diga que Vieira foi insensvel ao escravo negro preterindo-o no ardor da defesa ao indgena. No Sermo XIV do Rosrio, pregado em 1633 Irmandade dos Pretos de um engenho baiano, ele equipara os sofrimentos de Cristo aos dos escravos, ideia tanto mais forte quando se lembra que os ouvintes eram os prprios negros. Finalmente, deve-se comentar as academias que foram surgindo na poca. At os princpios do sculo XVIII, as manifestaes culturais da Colnia no apresentavam qualquer nexo entre si, pois a vida dos poucos centros urbanos no propiciara condies para socializar o fenmeno literrio. Foi necessrio esperar pela cristalizao de algumas comunidades que a economia do ouro reanimara para ver religiosos, militares, desembargadores e altos funcionrios reunidos em grmios eruditos e literrios a exemplo dos que proliferavam em Portugal e em toda a Europa. Das academias brasileiras pode-se dizer que foram o ltimo centro irradiador do barroco literrio e o primeiro sinal de uma cultura humanstica viva, extraconventual, em nossa sociedade. As academias mais fecundas foram as baianas. Arcdia e Ilustrao Importa distinguir dois momentos ideais na literatura dos Setecentos para no se incorrer no equvoco de apontar contraste onde houve apenas justaposio: a) o momento potico que nasce de um encontro, embora ainda amaneirado, com a 4
natureza e os afetos comuns dos homens, refletidos atravs da tradio clssica e
de formas bem definidas , julgadas dignas de imitao (Arcdia); b) o momento ideolgico, que se impe no meio do sculo, e traduz a crtica da burguesia culta aos abusos da nobreza e do clero (Ilustrao). medida que se prossegue no tempo, vai-se passando de um Arcadismo propriamente dito (os sonetos de Cludio Manuel da Costa, por exemplo) ao engajamento pombalino da pica de Baslio da Gama, para chegarmos emfim stira poltica, velada no Gonzaga das Cartas Chilenas, mas aberta no Desertor de Silva Alvarenga. E a literatura doi sculo XIX anterior ao Romantismo ainda juntar resduos arcdicos e filosofemas tomados a Voltaire e a Rousseau: fale por todos o verso prosaico de Jos Bonifcio de Andrada e Silva. Denominador comum das tendncias arcdicas a procura do verossmil. O conceito, herdado da potica renascentista, tem por fundamentos a noo de arte como cpia da natureza e a ideia de que tal mimese se pode fazer por graus. J os primeiros tericos da Arcdia propunham mediaes entre o natural e o ideal. O pioneiro no esforo de reformar a mente barroco-jesutica em Portugal foi Lus Antnio Verney, cujo Verdadeiro Mtodo de Estudar expunha todo um sistema pedaggico construdo sobre modelos racionalistas franceses. Se verossimilhana e simplicidade foram as notas formais especialmente prezadas pelos rcades, o tema foi a poesia pastoral. E h um ponto nodal para compreender o artifcio da vida rstica na poesia arcdica: o mito do homem natural cuja forma extrema a figura do bom selvagem. A luta do burgus culto contra a aristrocracia do sangue fez-se em termos de Razo e de Natureza. O Iluminismo que enformou essa luta exibe duas faces: ora a secura geomtrica de Voltaire, vitoriosa nos sales libertinos, ora a afetividade pr-romntica de Rousseau, porta-voz de tendncias passionais, mais populares. Mas tanto no contexto rcade-ilustrado como no romntico-nostlgico, h um apelo natureza como valor supremo. Talvez o rcade mais ilustrado tenha sido Toms Antnio Gonzaga (1744 - 1810), autor de Marlia de Dirceu e que, envolvido na Inconfidncia Mineira, foi degredado para a Africa, onde morreu. A poesia de Toms Antnio Gonzaga apresenta as tpicas caractersticas rcades e neoclssicas: o pastoril, o buclico, a natureza amena, o equilbrio etc. Paralelamente, possui caractersticas prromnticas (principalmente na segunda parte de Marlia de Dirceu, escrita 5
na priso): confisses de sentimento pessoal, nfase emotiva estranha aos padres
do neoclassicismo, descrio de paisagens brasileiras, etc. O Romantismo O Romantismo expressa os sentimentos dos descontentes com as novas estruturas: a nobreza, que j caiu, e a pequena burguesia que ainda no subiu: de onde, as atitudes saudosistas ou reivindicatrias que pontuam todo o movimento. O quadro, vivo e pleno de conseqncias espirituais na Inglaterra e na Frana, ento limites do sistema, exibe defasagens maiores ou menores medida que se passa do centro periferia. O Brasil, egresso do puro colonialismo, mantm as colunas do poder agrrio: o latifndio, o escravismo, a economia de exportao. E segue a rota da monarquia conservadora aps um breve surto de erupes republicanas, amiudadas durante a Regncia. Carente do binmio urbano indstria-operrio durante quase todo o sculo XIX, a sociedade brasileira contou, para a formao da sua inteligncia, com os filhos de famlias abastadas do campo, que iam receber instruo jurdica (raramente, mdica) em So Paulo, Recife e Rio ( Macedo, Alencar, lvares de Azevedo, Bernardo de Guimares), ou com filhos de comerciantes luso-brasileiros e de profissionais liberais, que definiam, grosso modo, a alta classe mdia do pas (Gonalves Dias, Casemiro de Abreu, Castro Alves). Raros os casos de extrao humilde na fase romntica, como Teixeirae Sousa e Manuel Antnio de Almeida, o primeiro narrador de folhetim, o segundo, picaresco; ou do trovador semipopular Laurindo Rabelo. Nesse esquema, ressalte-se o carter seletivo da educao no Brasil--lmprio e, o que mais importa, a absoro pelos melhores talentos de padres culturais europeus refletidos na Corte e nas capitais provincianas. Assim, apesar das diferenas de situao material, pode-se dizer que se formaram em nossos homens de letras configuraes mentais paralelas s respostas que a inteligncia europia dava a seus conflitos ideolgicos. Os exemplos mais persuasivos vm dos melhores escritores. O romance colonial de Alencar e a poesia indianista de Gonalves Dias nascem da aspirao de fundar em um passado mtico a nobreza recente do pas, assim como as fices de W. Scott e de Chateaubriand rastreavam na Idade Mdia feudal e cavaleiresca os brases contrastados por uma burguesia em ascenso. Como os seus dolos europeus, os nossos romnticos exibem fundos traos de defesa e evaso, que os leva a posturas regressivas: no plano da relao com o mundo (retorno me--natureza, refgio no passado, reinveno do bom selvagem, 6
exotismo) e no das relaes com o prprio eu (abandono solido, ao sonho, ao
devaneio, s demasias da imaginao e dos sentidos). Enfim, o paralelo alcana a ltima fase do movimento, j na segunda metade do sculo XIX, quando vo cessando as nostalgias aristocrticas, j sem funo na dinmica social, e se adensam em torno do mito do progresso os ideais das classes mdias avanadas. Ser o Romantismo pblico e oratrio de Hugo, de Carducci, de Michelet e do nosso Antnio Castro Alves. Um dos maiores expoentes da poesia romntica Antnio Gonalves Dias (1823 1864). Foi o primeiro poeta autntico a emergir em nosso Romantismo. preciso ver na fora de Gonalves Dias indianista o ponto exato em que o mito do bom selvagem, constante desde os rcades, acabou por fazer-se verdade artstica. O que ser moda mais tarde, nele matria de poesia. Suas obras mais notveis so Cano do Exlio, Os timbiras e I-Juca-Pirama. Se na dcada de 40 amadureceu a tradio literria nacionalista, nos anos que se lhe seguiram, ditos da segunda gerao romntica, a poesia brasileira percorrer os meandros do extremo subjetivismo, Byron e Musset. Se romantismo quer dizer, antes de mais nada, um progressivo dissolver-se de hierarquias (Ptria, Igreja, Tradio) em estados de alma individuais, ento lvares de Azevedo, Junqueira Freire e Fagundes Varela sero mais romnticos do que MagaIhes e do que o prprio Gonalves Dias; estes ainda postulavam, fora de si, uma natureza e um passado para compor seus mitos poticos; queles caberia fechar as ltimas janelas a tudo o que no se perdesse no Narciso sagrado do prprio eu. A poesia de lvares de Azevedo e a de Junqueira Freire oferecem rica documentao para a psicanlise; e nessa perspectiva que a tm lido alguns crticos modernos, ocupados em dar certa coerncia ao vasto anedotrio biogrfico que em geral empana, em vez de esclarecer a nossa viso dos romnticos tipicos. Para tanto, a leitura de Manuel Antnio lvares de Azevedo (1831 - 1852) merece prioridade, pois foi o escritor mais bem dotado de sua gerao. Em vrios nveis se apreendem as suas tendncias para a evaso e para o sonho. Tambm nessa literatura que herdou de Blake e de Byron a fuso de libido e instinto de morte, lvares de Azevedo caminhava na esteira de um Romantismo em progresso enquanto trazia luz da contemplao potica os dominios obscuros do inconsciente. Sua principal obra titulada Lira dos vinte anos.
Ainda na linha de compreenso do pblico mdio que se deve apreciar a
popularidade de Casimiro de Abreu (1839-1860), que operou uma descida de tom em relao poesia de Gonalves Dias e lvares de Azevedo. Na verdade pouco diferiria destes se o critrio de comparao se esgotasse na escolha dos temas, valorizados em si mesmos: a saudade da infncia, o amor natureza, os fogachos de adolescente, a religio sentimental, o patriotismo difuso. Mas o que singulariza o poeta o modo de compor, que remonta, em ltima anlise, ao seu modo de conhecer a realidade na linguagem e pela linguagem. Casimiro reduzia a natureza e o prximo a um ngulo visual menor: o do seu temperamento sensual e menineiro. Suas obras mais destacada so Meus oito anos e Primaveras. Quanto prosa, o romance romntico brasileiro dirigia-se a um pblico mais restrito do que o atual: eram moos e moas provindos das classes altas e, excepcionalmente, mdias; eram os profissionais liberais da corte ou dispersos pelas provncias: era, enfim, um tipo de leitor procura de entretenimento, que no percebia muito bem a diferena de grau entre um Macedo e um Alencar urbano. Para esses devoradores de folhetins franceses, divulgados em massa a partir de 1830/40, uma trama rica de acidentes bastava como pedra de toque do bom romance. A medida que os nossos narradores iam aclimando paisagem e ao meio nacional os esquemas de surprsa e de fim feliz dos modelos europeus, o mesmo pblico acrescia ao prazer da urdidura o do reconhecimento ou da auto-idealizao. Vistos sob sse ngulo, so exemplares os romances de Macedo e de Alencar, que respondem, cada um a seu modo, s exigncias mais fortes de tais leitores: reencontrar a prpria e convencional realidade e projetar-se como heri ou herona em peripcias com que no se depara a mdia dos mortais. A fuso de um pedestre e mido cotidiano com o extico, o misterioso, o herico, defne bem o arco das tenses de uma sociedade estvel, cujo ritmo vegetativo no lhe consentia projeto histrico ou modos de fuga alm do ofertado por alguns tipos de fico: a passadista e colonial (O Guarani, As Minas de Prata, de Alencar; As Mulheres de Mantilha, O Rio do Quarto, de Macedo); a indianista (Iracema, Ubirajara, de Alencar); a sertaneja (O Sertanejo, O Gacho, de Alencar; Inocncia, de Taunay). Ou, trazendo, o leitor de volta para o dia-a-dia das convenes, como em largos trechos de Macedo e do Alencar fluminenses, centrados nos costumes da burguesia, e no saboroso documento do Rio joanino que so as Memrias de um Sargento de Milicias, de Manuel Antnio.
Especial destaque merece Jos Martiniano de Alencar (1829-1877) que ocupou
dentro do Romantismo o lugar de centro, pela natureza e extenso da obra que produziu, a qual pode ser dividida em trs perodos: a primitiva, que se pode chamar aborgine, so as lendas e mitos da terra selvagem e conquistada; so as tradies que embalaram a infncia do povo, e le escutava como o filho a quem a me acalenta no bero mm as canes da ptria, que abandonou. Iracema pertence a essa literatura primitiva, cheia de santidade e enlevo, para aqueles que venceram na terra da ptria a me fecunda - alma mater, e no enxergam nela apenas o cho onde pisam. O segundo perodo histrico: representa o consrcio do povo invasor com a terra americana, que dele recebia a cultura, e lhe retribua nos eflvios de sua natureza virgem e nas reverberaes de um solo esplndido. a gestao lenta do povo americano, que devia sair da estirpe lusa, pata continuar no novo mundo as gloriosas tradies de seu progenitor. Esse perodo colonial terminou com a Independncia. A ele pertencem O Guarani e As Minas de Prata. H a muita e boa messe a colher para o nosso romance histrico; mas no extico e raqutico como se props a ensin-lo, a ns becios, um escritor portugus. A terceira fase, a infncia de nossa literatura, comeada com a independncia poltica, ainda no terminou; espera escritores que lhe deem os ltimos traos e formem o verdadeiro gsto nacional, fazendo calar as pretenses, hoje to acesas, de nos recolonizarem pela alma e pelo corao, j que no o podem pelo brao. Neste perodo, a poesia brasileira, embora balbuciante ainda, ressoa no j smente nos rumores da brsa e nos ecos da floresta, seno tambm nas simples cantigas do povo e nos intimos seres da famlia. Bibliografia BOSI, Alfredo (1936) Histria concisa da literatura brasileira. So Paulo. Editora Cultrix, 2006.