O documento discute a questão do corpo na psicanálise, desde Freud que observou o "corpo falante" das histéricas na Salpêtrière até Lacan. Aponta como Freud foi além da medicina ao investigar as associações sobre o corpo inacessíveis à consciência e como isso inspirou sua pesquisa. Também destaca como Soler e Lacan jogam com equívocos linguísticos para falar deste tema, e como a psicanálise deve estar à altura de seu tempo para responder às questões sobre o corpo na contemporaneidade.
O documento discute a questão do corpo na psicanálise, desde Freud que observou o "corpo falante" das histéricas na Salpêtrière até Lacan. Aponta como Freud foi além da medicina ao investigar as associações sobre o corpo inacessíveis à consciência e como isso inspirou sua pesquisa. Também destaca como Soler e Lacan jogam com equívocos linguísticos para falar deste tema, e como a psicanálise deve estar à altura de seu tempo para responder às questões sobre o corpo na contemporaneidade.
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O documento discute a questão do corpo na psicanálise, desde Freud que observou o "corpo falante" das histéricas na Salpêtrière até Lacan. Aponta como Freud foi além da medicina ao investigar as associações sobre o corpo inacessíveis à consciência e como isso inspirou sua pesquisa. Também destaca como Soler e Lacan jogam com equívocos linguísticos para falar deste tema, e como a psicanálise deve estar à altura de seu tempo para responder às questões sobre o corpo na contemporaneidade.
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do inconsciente. 1 De que corpo se trata quando stuamos este termo CORPO para ser abordado a partr do que nos ensna a pscanse? Creo que esta pergunta marcou a escoha do ttuo deste meu trabaho no qua aparece a paavra mstro A psicanlise e o mistrio do corpo falante. Stuar a questo do corpo como ponto centra de nosso programa de estudos, pesqusas e debates em 2009 e trabahar este conceto de forma rgorosa, a partr da teora pscanatca e de sua prtca, uma tarefa rdua, dfc. Por ter sdo coocada peos coegas do Campo Pscanatco de Savador na funo de coordenadora das atvdades a serem reazadas ao ongo deste ano de 2009, pude sentr, mas de perto anda, esta dfcudade. Logo de nco, em nossas reunes para escoha e construo do tema do nosso programa para 2009, este mstro reatvo questo do corpo, ta como a pscanse veo stu-o, se anuncava. Prmero, na ncsva exgnca de rgor terco que vnha recar em cada termo que apareca na construo do ttuo. Era como se o mstro se correaconasse com o Rea, 1 LACAN, Jacques. Mais, ainda. Seminrio Livro 20, Rio de Janeiro: Zahar Ediores, 1!"2, #. 1$". 1 esse Rea que Lacan descreve como o Impossve, Rea a ser defndo em reao ao Smbco e ao Imagnro, mas que no pode ser smbozado totamente na paavra e na escrta e, por conseqnca, no cessa de se escrever. Esta dfcudade encontrada no que dz respeto ao ttuo se fez notar, tambm, no momento da escoha de uma magem que, de forma nstgante e ao mesmo tempo prxma da concepo deste corpo do qua a pscanse se ocupa, vesse ustrar o programa |, ento com o tema escohdo O inconsciente e o corpo do ser falante. Sent-me tentada a comparthar com vocs um pouco deste camnho percorrdo na construo do nosso Programa 2009. Pareceu-me, mesmo, que sera nteressante trazer agumas destas magens surgdas, ora do mundo da arte, ora da topooga, e que nos parecam capazes de gerar surpresa, de nos nterrogar e nctar ao trabaho. Como no podera dexar de ser, a prmera magem evocada fo aquea que nos remete Saptrre, a onde Freud, com Charcot, ao dar com as hstrcas, se deu conta da especfcdade deste corpo faante que, de forma surpreendente, desafava os enfoques advndos da fsooga e expunha a sua heterogenedade em reao cnca mdca, mostrando-se rebede s suas construes. Em um artgo escrto aps seu estgo na Saptrre,, 2 Freud se dsps a mostrar que o corpo, na hstera, em suas 2 %RE&', Si(mund. Quelques considrations pour une tude comparative des paralysies motrices organiques e hystriques (1888-93) 2 parasas e demas manfestaes somtcas, se comportava como se a anatoma no exstsse ou como se no tvesse nenhum conhecmento dea. Ao descrever a atpa das parasas hstrcas, ee va dzer que as caracterstcas vsves deste corpo no podam ser reaconadas a nenhuma das causas orgncas conhecdas ou, mesmo, vsumbradas. Na escuta de suas pacentes hstrcas, Freud va perceber que, entre outros sofrmentos, eas se quexavam de dores na cabea, no rosto, nas pernas, ou mesmo por todo o corpo. Ee focazar, ento, as suas nvestgaes nas assocaes sobre o corpo, naccessves conscnca. O reato do caso Ezabeth V. R., o mas expressvo do pensamento de Freud naquee momento. Nee, o autor da pscanse nos faa no somente a respeto da dor na hstera, mas tambm, sobre a prpra dor, em gera. Persegundo o engma desta dor, Freud conduzdo noo de "zonas hsterogncas doorosas". Ee as constata ao observar, por exempo, a expresso snguar reveada por Ezabeth: "ao ser tocada, o que ea expressava tenda mas para o prazer que para a dor; ea grtava como quem expermentasse ago de vouptuoso, ruborzava-se ntensamente, fechava os ohos e |ogava, evemente, o corpo para trs" 3
Sabemos que os sofrmentos (ho|e, podemos dzer o gozo) destas hstrcas , nspraram a Freud uma pesqusa ) Se(undo *au+o Jos, Carva+ho da Si+va, em seu ra-a+ho Uma histria da noo de dor em Freud. ) am dos mtes da medcna com resutados concetuas orgnas. Em seu Semnro Lvro 20 E!O"E Lacan |oga com o equvoco da ngua, que a sua o francs , para faar do corpo. Em seu curso #$en%corps du su&et, Coette Soer tambm va |ogar com o equvoco para tratar deste tema. 4 Pareceu-me nteressante, neste momento de abertura das atvdades do Campo Pscanatco em 2009, recorrer ao texto surgdo deste curso de Soer e o faremos em traduo vre, nossa, uma traduo su|eta a revses pos deveremos ter o #$en%corps du su&et como tema de um Carte . nteressante notar, por exempo, que Soer consdera que a pscanse, apesar de seu nome, PSICANALISE, anse da psych, uma prtca no centro da qua se encontra a questo do corpo. uma questo que a est, desde os comeos, notadamente no sntoma hstrco, sob a forma mas evdente da converso, e tambm na noo de traumatsmo sexua. Soer consdera espantoso que Freud no tenha encontrado uma paavra mehor que psicanlise para desgnar a sua tcnca. Ao buscar uma |ustfcatva para ta escoha, ea parte da suposo de que Freud tera proceddo desta manera por ter comeado a eaborar os mecansmos do nconscente a partr dos sntomas, dos sonhos, da pscopatooga da vda cotdana, dos chstes e que sto, evdentemente o tera atrado para a o ado psicanlise e no somatoanlise ou 'ioanlise. Mas, como observa Soer, o exo . S/LER, Co+re, L en-corps du sujet- Cours 200102002,. . das puses, que tanta mportnca ter para a pscanse, ogo va surgr nos(r)s ensaios so're a teoria da se*ualidade (que de 1905), depos em As puls+es e suas vicissitudes (nos anos 15) e atravs da puso de morte (em 1920). 5 Pareceu-me nteressante, tambm, trazer o momento em que Soer nos eva a pensar nas poses de Freud e Lacan em reao pscanse. No que dz respeto a Freud, ea observa que os resutados que ee obteve com sua tcnca, ogo no nco, o evaram a sentr que hava encontrado ago novo, fazendo com que expermentasse, em reao pscanse, ago da ordem de um entusasmo e at mesmo, de uma certa eufora. No entanto, muto cedo, Freud va se deparar com a repeto que o evar a teorzar sobre a puso de morte e o ma-estar na cvzao. Em seu texto sobre o fna de anse | se va encontrar um Freud bem menos otmsta a respeto da tcnca da pscanse. Lacan expermentar ago semehante ao que aconteceu com Freud. Tambm ee acredtou ter encontrado ago novo ao repensar a pscanse freudana o que o evou a supor que as suas reformuaes daram tcnca anatca um novo acance. Mas, ta como Freud, Lacan va enfrentar um certo pessmsmo ao ongo do seu ensno. Ser, no entanto, graas promoo que ee va conceder categora do Rea, que Lacan reencontrar a confana na pscanse. 1 2d. i-id 1 precso notar que, com Lacan, a repeto se torna um fato de estrutura, a castrao um efeto de nguagem e o ma-estar um efeto de dscurso. Soer va embrar que os pscanastas de ho|e se deparam com uma pergunta que aparece quase em toda parte: a pscanse va resstr ao dscurso atua, aos sntomas que surgem e que encontram, de um ado, as neurocncas e a farmacooga e, de outro ado, as pscoterapas? Face a esta pergunta, Soer traz a sua poso. Para ea, necessro se faz embrar de Lacan quando, drgndo-se aos pscanastas, afrmava que a pscanse devera estar atura de seu tempo. Ao ongo do seu ensno, de forma espantosa, Lacan nos mostra que esteve atura do dscurso de sua poca, chegando mesmo a estar adante, a fazer predes mpressonantes, por exempo, em reao rego, segregao, etc. Sabemos o quanto o corpo, na contemporanedade, vem ocupando um ugar cruca em vros dscursos e campos do saber, gerando pomcas e evantando questes a serem abordados sob mtpos aspectos. Sabemos, tambm, que, no que dz respeto pscanse, estas questes sobre o corpo devero ser trabahadas a partr da teora e da prtca pscanatcas e, portanto, conforme a tca da pscanse. Uma prmera questo, mportante, que surge saber quas 3 so as nterrogaes que nos foram dexadas por Freud e Lacan a respeto do corpo. Apoada no ensno de Freud e Lacan, Coette Soer nos dz em #$en%corps du su&et que o corpo uma questo que se ntroduz na pscanse peo sntoma. Logo de nco, Freud se deparou com um sntoma que perturbava as funes do corpo (quer se tratasse do soma ou dos pensamentos). Atrs do sntoma, Freud buscou decfrar as puses recacadas. Ao enfatzar a mportnca da questo do sntoma nos comeos da pscanse, Soer va evocar Lacan para embrar que, em 1975, pratcamente no trmno do seu ensno, a mportnca da questo do sntoma ser por ee recoocada quando o defne como un venement de corps.. Soer ressata a mportnca deste termo vnement porque se pode encontrar a uma conotao de contngnca, de reencontro que no forosamente traumtco. 6
A partr das eaboraes de Freud sobre o corpo, uma questo deve ser formuada: como se agregam e se artcuam entre s os mecansmos do nconscente, que so trazdos uz peo vs da decfrao, e as puses que so de uma outra ordem? Pode-se observar que Lacan tambm evantou esta pergunta de vras maneras. Por exempo, ndagando: "Como o organsmo vem se coocar na datca do su|eto?" 3 Esa de4ini56o do sinoma #or Lacan #odemos enconrar em Jo7ce Le symptme, version 22 $ Com Lacan, poderemos notar que nos mecansmos do nconscente ee va reconhecer os mecansmos da nguagem. Va traduzr "mecansmos do nconscente", de Freud, por mecansmos nguageros e mostrar que em A interpreta,-o dos sonhos, em .sicopatologia da vida cotidiana, e em Os chistes..., tudo o que Freud desdobra so operaes de nguagem. Em reao s puses, Lacan ntroduzu a tese de que as puses so efeto da nguagem, sto , eas no so da ordem do nstnto ta como se postua sobre o nstnto no mundo anma. O corpo pusona no um corpo anma. Ee um organsmo desnaturado. A hptese de Lacan de que o fato de ser faante no dexa o anma humano ncume. Poder-se-a dzer que o faante um mutante na escaa anma. 7
Esta da de que o faante um mutante na escaa anma favorece pensar que o homem sera a |a da crao. Freud, no entanto, se deu conta, medatamente, de que a pscanse devera rebater esta poso e ee o faz quando se refere s trs ferdas narcscas sofrdas peo homem: a prmera, com Coprnco, a segunda, com Darwn e a tercera, com ee, prpro, Freud, com a sua teora do nconscente que vem anuncar que "o ego no o senhor da sua prpra casa 8 . Penso que Lacan ratfca esta poso de Freud quando ntroduz na pscanse as noes de su|eto e parl)tre. $ S/LER, Co+ee, Len-corps du sujet , p. 5 " %RE&', Si(mund, &ma di4icu+dade no caminho da #sican+ise, 2n 8 Edio standard rasi!eira das oras psico!"icas comp!etas, Rio de Janeiro: 2ma(o, 1!!0, v #. " A refernca de Freud s ferdas narcscas nos eva questo do narcssmo, tema sobre o qua Freud fez eaboraes precosas e no qua, embora no aparea de modo expcto, o corpo est em |ogo. Sabemos que Freud tomou de emprstmo o termo narcssmo ao mto grego de Narcso, personagem ceebrzado por Ovdo na tercera parte de suas /etamoforses.. O ugar centra da magem no narcssmo | sobressa nesta verso de Ovdo o que se pode constatar quando se v surgr no texto as expresses "uso sem corpo", "magem fugaz" e "refexo" 9 para nos contar a hstra do |ovem e beo Narcso. Enamorado de sua prpra magem espehada na superfce de um ago, fascnado por seu refexo, Narcso sups estar vendo a um outro ser. Parasado, ee no mas consegur desvar os ohos daquee rosto que, no entanto, era o seu e desta uso vem a perecer. No Semnro O sinthoma, podemos encontrar um momento em que Lacan va se referr ao ohar de uma forma ta que me evou a pensar neste mto de Narcso. Defnndo as puses, Lacan afrma que eas so "o eco, no corpo, peo fato que h um dzer. Esse dzer, para que ressoe, para que consoe, precso que o corpo se|a sensve e ee o ". O corpo tem aguns orfcos, dos quas o mas mportante, segundo Lacan, o ouvdo. por esse vs que no corpo, responde o que ee chamou de voz. Para Lacan, "o embaraoso que no ! 9au4mann, *ierre, 'icionrio Encic+o#,dico de *sican+ise, #. )11 ! no h, certamente, apenas ouvdo pos o ohar he faz uma emnente concorrnca". 10 Segundo Soer, por causa de sua forma, o ndvduo se apresenta como corpo e esse corpo tem um enorme potnca de catvao. Ea nos embra que Lacan consderava que a forma bera ago que ncha, nfa.... , as, o que ee nos faz embrar quando evoca a fbua da r que, ao querer ser to grande quanto o bo nfa, nfa, at estourar... No nco do ensno de Lacan podemos encontrar o corpo como o corpo da magem. No momento, em que escreve o Estdio do espelho como formador do eu (1949), Lacan va se apoar, de um ado, sobre fatos que vm do mundo anma, da etooga, e de outro, sobre fatos fces de serem observados e que se referem ao que ee chamou o |bo da crana, em uma certa dade, dante do espeho. Segundo Lacan o mundo anma nos demonstra que uma 0estalt, uma forma, pode ter efetos reas sobre o corpo. No estdo do espeho, segundo Lacan, d-se uma efetvdade da magem do corpo. Neste momento terco, Lacan va conceder magem, uma funo medadora, um vaor operatro. Mas tarde ee dr que no a magem mas a nguagem que tem este vaor operatro. No seu texto O'serva,-o so're o relat1rio de 2aniel #agache, (1960) ee quer mostrar que a prpra magem e o nvestmento da magem so um efeto do smbco. Neste texto ee mostra trs vasos que representam 10 LACAN, Jacques, / seminrio, Livro 2), # sinthoma, Rio de Janeiro: Jor(e Zahar Ed., 200$, #.1"01! 10 o corpo: um dees o organsmo (vivant), um outro a forma deste organsmo vvo e um tercero o refexo desta forma no espeho do Outro. Ee dr, ento, que o su|eto no se v na sua forma nem se ama na sua forma seno pea medao da nguagem. Lembremo-nos que a crana, dante do espeho, se vota para aquee que a suporta nos braos como se qusesse ratfcar que a magem que ea v a sua e como se nterrogasse o Outro a respeto de seu vaor. Em o Estdio do espelho, Lacan dssera que sera graas magem, e mesmo IMAGO, que podera se estabeecer uma reao entre o organsmo e sua readade. precso observar, no entanto, que ao afrmar a mportnca desta magem, Lacan se refera sua mportnca bdna. Soer enfatza que, quando se dz: eu tenho "um corpo" o UM do corpo que torna possve que se dga eu tenho um corpo o UM da magem e esta magem va se manter durante um certo tempo dntca a s mesma. Ea observa que Lacan, at o fm de seu ensno, manteve a hptese de que o homem enfatuado de sua magem e adora o seu corpo. H nesta magem ago de ndeve. A potnca rresstve do narcssmo um fato cnco. A cnca pscanatca atesta sto. Mas precso que este|amos atentos ao que nos dz Lacan quando afrma que a nguagem que nos faz dscernr o 11 corpo. Ee embra que se acredta que o corpo no passa pea medao da nguagem. Segundo o senso comum, o corpo um fato. No entanto, Lacan adverte que s h fato quando dto. Segundo Soer, poder-se-a mesmo dzer, no mte, que um anma no tem corpo, que um anma um organsmo desde que, para se ter um corpo, precso, efetvamente, que o fato se|a coocado, se|a dto, se|a artcuado. Desde que ee artcuado, desde que ee dto, desde que se profere "meu corpo", " teu corpo", "um corpo" ento, o corpo admtdo no smbco como sgnfcante. nteressante notar que se pode observar um pouco o trabaho de atrbuo nguagera do corpo em reao s cranas bem pequenas. o que se faz, quando, dante do espeho, se dz crana: oha a os teus pesnhos, tuas mos, tua boca, teus ohnhos... Atrbu-se um corpo. O corpo admtdo no smbco se torna um sgnfcante. Uma vez tornado sgnfcante, o corpo adqure o trao do sgnfcante. O smbco toma corpo. Segundo Soer, sto comea com a coocao no punho do recm-nascdo de uma pequenna paca ou de um esparadrapo que dentfca este corpo como um corpo e com um nome. O um da marca no vem do corpo, vem do sgnfcante, da nguagem. No ser faante o organsmo anma se torna um corpo sntomtco e pusona. Esta uma hptese acanana: o corpo um efeto da nguagem. Isto 12 quer dzer que a nguagem toca o organsmo, o desnatura e o modfca. Lacan utza um neoogsmo, o verbo corpsifier. A corpsfcao dz respeto ncdnca da ncorporao da nguagem sobre a bdo e o gozo. Para a pscanse, no a natureza que nos d um corpo. O corpo se fabrca com o dscurso. Creo que a arte nos mostra sto. nteressante notar como, ao ongo dos tempos, at nossos das, o artsta tem trabahado o tema do corpo. um tema que tem fascnado os pntores e escutores. Ee surge, tambm, atravs do cnema trazdo por cneastas taentosos que nos mostram o que a pscanse constata e teorza a respeto deste corpo faante. Poderamos trazer aqu nmeros exempos como em O livro de ca'eceira, O e*orcista, Alien, o oitavo passageiro, .sicose, e mutos e mutos outros... A pscanse nos ensna que, como su|eto do sgnfcante, se ds|unto do corpo, de ta manera que dee se faa antes mesmo que se tenha um corpo ou que se o habte, antes de seu nascmento ou depos da sua morte. por sso que a nguagem assegura esta margem no am da vda, que a antecpao do su|eto ou a sua perenzao na memra, que podemos evocar o corpo como dstnto, separado do ser do su|eto. 11
11 S/LER, Co+ee, Len-corps du sujet #. 1"! 1) No metabosmo goba do organsmo, a nguagem que soa os rgos e hes d uma funo. Na nfnca, podemos constatar este efeto de ordenamento peo dscurso quando perguntamos a uma crana pequenna: onde d?Ea no sabe o que he d nem onde d... A esta refernca crana que se depara, muto cedo, com a angsta, com a dor, com o ma-entenddo, com o ma- estar, estrutura, devdo fata, eu gostara de evocar uma outra que trazda por Freud em seu texto 3ntrodu,-o ao narcisismo4 a do beb que dorme satsfeto, "fez", por ter se sacado (supe-se) no seo materno. Sabemos que mutos, ho|e em da, anda sonham com este estado suposto de um gozo que sera peno. Em contraposo a esta da, gostara de termnar trazendo ago que nos remete anda ao mstro evocado no nco deste trabaho, ao Rea. um fragmento, anda, do # $en%corps du su&et, de Soer. Cto: "Lacan acentuou sucessvamente, duas vertentes da puso, sua vertente sgnfcante e sua vertente de gozo. Isto no se d sem o corte sgnfcante correato demanda do Outro como se v caramente no que dz respeto s puses oras e anas. Mas a puso , tambm, condutora de um gozo que pode ser no apenas parca, | que ocazado nas bordas anatmcas (fonte das puses, dz Freud), mas fora-corpo, na medda em que um ob|eto o condensa, que , precsamente, 1. destacado do corpo, "nsensve pedao que se derva dsto como voz e ohar, carne devorve ou seu excremento." Lacan o nomea ob|eto mas-de-gozar, sobre o modeo da mas-vaa de Marx, este "mas", ndcando a a compensao em reao do menos precedentemente evocado. Peo efeto sgnfcante, aguma cosa perdda, que no va ser resttuda, mas compensada, em parte. Por este fato, as, este ob|eto tem um estatuto partcuar: ee , ao mesmo tempo, perddo e no reaproprve; embora tomado na sre dos dfcts ee , tambm, repostvado e comporta um coefcente de gozo. assm que o corpo afetado peo nconscente, enquanto que o su|eto fez, sto , entregue a s mesmo, livr 5 l$heur, fortuna, tuch, da porque no cessa de se repetr, de repetr sua separao do Outro, notadamente, do Outro sexo, em encontros nos quas seu parcero no outro seno o mas-de-gozar. Poderamos escrever esta estrutura nos crcuos de Euer, coocando o su|eto e o Outro cada um no seu crcuo enquanto que o ob|eto se nscrever apenas nesta nterseo. (elevis-o exempfca esta estrutura com o casa Dante e Beatrz. De Beatrz, Dante s se apropra do seu batmento de cos e no precso mas para encarnar o ob|eto, mas o Outro, por este fato mesmo, permanece barrado ao su|eto e toma exstnca, como escreve Lacan. Este ob|eto que d o preo da magem tambm o mas substanca do corpo, no porque tenha materadade, ou porque se|a extenso do corpo pos ee no tem nenhuma. 11 Ee , certamente, magnarzve, a expernca o demonstra, mas , no entanto, sem magem.(...) Lacan se empenhou em o ogczar, o que quer dzer, tambm, desreaz-o, no sentdo da readade. Sem magem, ee , tambm, sem sgnfcante que o represente, desgnve por uma smpes etra, ndce do mpossve a smbozar e, no entanto, substanca peo gozo que se agrega a, rea, portanto, e|etado do Outro". Fnazando esta faa de abertura de nossos trabahos, remeto-me epgrafe deste trabaho: O real o mistrio do corpo falante, o mistrio do inconsciente. Remeto-me, tambm, |aro Gerbase e sua poso quando da escoha do tema do Programa do Campo Pscanatco em 2009. A sua opo recaa em O inconsciente real e o corpo falante por nos evar, afrma Gerbase, hptese de Lacan: o corpo afetado peo nconscente o prpro su|eto de um sgnfcante.