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MÓDULO I
EXAME DA ORDEM
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Praça Almeida Júnior, 72 – Liberdade – São Paulo – SP – CEP 01510-010
Tel.: (11) 3346.4600 – Fax: (11) 3277.8834 – www.damasio.com.br
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MÓDULO I
ORIENTAÇÕES GERAIS
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____________________________________________________________________________MÓDULO I
ORIENTAÇÕES GERAIS
Para que você aproveite melhor essa oportunidade, leia atentamente este manual.
Nele há todas as informações necessárias quanto ao conteúdo e ao envio do material que
compõe o Curso.
1. DOS MÓDULOS
Serão remetidos, pelo período de um ano, 24 módulos, todo dia 1.º e 15 de cada
mês, exceto em finais de semana e feriados, quando o módulo seguirá no dia útil
subseqüente.
• Direito Administrativo
• Direito Civil
• Direito Comercial
• Direito Constitucional
• Direito Penal
• Direito Tributário
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____________________________________________________________________________MÓDULO I
ORIENTAÇÕES GERAIS
• Exercícios Objetivos
• Prática Civil, Prática Penal, Prática Trabalho ou Prática Tributário (de acordo
com a opção feita na inscrição)
• Prova Subjetiva (que deverá ser devolvida, no prazo máximo de um mês, para
que seja corrigida por nossos Professores)
2. DOS PROFESSORES
• Carlos Husek
• Fernando Capez
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____________________________________________________________________________MÓDULO I
ORIENTAÇÕES GERAIS
3. DOS EXERCÍCIOS
O tempo para a devolução dos exercícios corrigidos pode variar de professor para
professor, de acordo com o critério de correção adotado.
4. DAS DÚVIDAS
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____________________________________________________________________________MÓDULO I
ORIENTAÇÕES GERAIS
5. DO PAGAMENTO
O pagamento deverá ser efetuado até o dia 10 de cada mês. Após essa data, o aluno
será considerado inadimplente e não receberá a remessa do próximo dia 15.
O curso poderá ser suspenso por 2 (dois) meses. Essa solicitação deverá ser feita até
o dia 10 do referido mês, para o envio do dia 15, e até o dia 25, para o envio do dia 1.º.
Solicitações feitas fora do período não serão consideradas.
Pagamentos com atraso só serão aceitos até o dia 24 (vinte e quatro). Depois da
referida data o aluno será considerado suspenso, recebendo o material somente na data do
próximo envio.
É muito importante que os prazos sejam cumpridos para que você tenha
melhor aproveitamento do Curso.
Atenciosamente,
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MÓDULO I
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____________________________________________________________________________MÓDULO I
MÉTODOS E TÉCNICAS DE ESTUDO
A partir de tudo que dissemos, podemos afirmar que o cérebro armazena apenas a
informação necessária, a informação que atende ao interesse do indivíduo, para o seu uso,
isso porque o cérebro busca tornar o mundo do indivíduo gerenciável.
• Terceiro: A memória precisa ser disciplinada a obedecer, não podendo ceder aos
caprichos da pessoa.
• Quinto: Todo estudante precisa ter uma meta imediata e uma meta mediata para
seus estudos. É impossível o desenvolvimento da memória sem um objetivo em
vista. Você deve galgar passos diários, semanais e mensais.
• Sétimo:
− Fenômeno da reminiscência
− Princípio do espacejamento
• Oitavo: Fazer mapas mentais. É por meio deles que a visão de conjunto será
desenvolvida.
Já vimos que para termos excelência na memória precisamos dispensar total atenção
ao que estamos estudando, por meio da técnica que passaremos a perseguir, utilizando o
método da constante repetição.
DICAS
• Substitua suas anotações lineares por mapas mentais.
• Resuma toda sua matéria em fichas de anotações e revise-as sempre, pelo menos uma
vez por semana.
Tratando mais uma vez desse último tópico, é importante recordarmos que para uma
boa memorização, você precisa: COMPREENSÃO – ASSOCIAÇÃO – REPETIÇÃO –
MOVIMENTO (imaginar cenas acontecendo na vida real).
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BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
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____________________________________________________________________________MÓDULO I
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
DIREITO ADMINISTRATIVO
Direito Administrativo, Celso Spitzcovsky (Paloma)
Direito Administrativo (Sinopse Jurídica), Márcio Fernando Elias Rosa (Saraiva)
Curso de Direito Administrativo, Celso Antônio Bandeira de Mello (Malheiros)
Direito Administrativo Brasileiro, Hely Lopes Meirelles (Malheiros)
Curso de Direito Administrativo, Lucia Valle Figueiredo (Malheiros)
Direito Administrativo, Maria Sylvia Zanella Di Pietro (Atlas)
DIREITO CIVIL
Direito Civil – Parte Geral (Sinopse Jurídica), Carlos Roberto Gonçalves (Saraiva)
Direito das Coisas (Sinopse Jurídica), Carlos Roberto Gonçalves (Saraiva)
Direito das Obrigações – Parte Especial (Sinopse Jurídica), Carlos Roberto Gonçalves
(Saraiva)
Direito das Obrigações – Parte Geral (Sinopse Jurídica), Carlos Roberto Gonçalves
(Saraiva)
Direito das Obrigações – Tomo II – Responsabilidade Civil (Sinopse Jurídica), Carlos
Roberto Gonçalves (Saraiva)
Direito das Sucessões (Sinopse Jurídica), Carlos Roberto Gonçalves (Saraiva)
Direito de Família (Sinopse Jurídica), Carlos Roberto Gonçalves (Saraiva)
Responsabilidade Civil, Carlos Roberto Gonçalves (Saraiva)
Casamento, Separação e Viuvez, Euclides Benedito de Oliveira, org. de Carla Leonel (CIP)
Direito Civil – Questões de Concurso, Euclides Benedito de Oliveira (Paloma)
Inventários e Partilhas, Euclides Benedito de Oliveira e Sebastião Amorim (LEUD)
Separação e Divórcio, Euclides Benedito de Oliveira e Sebastião Amorim (LEUD)
União Estável – Comentários às Leis n. 8.971/94 e 9.278/96, Euclides Benedito de
Oliveira (Paloma)
Dos Vícios da Posse, Marcus Vinícius Rios Gonçalves (Juarez de Oliveira)
Curso de Direito Civil Brasileiro, Arnold Wald (RT)
Novo Direito de Família, Arnoldo Wald (Saraiva)
Instituições de Direito Civil, Caio Mário da Silva Pereira (Forense)
Responsabilidade Civil, Caio Mário da Silva Pereira (Forense)
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____________________________________________________________________________MÓDULO I
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
DIREITO COMERCIAL
Direito Comercial – Questões do 166.º Concurso da Magistratura do Estado de São Paulo
– Prova Oral, Ricardo Bernardi (Paloma)
Teoria e Prática dos Títulos de Crédito, Amador Paes de Almeida (Saraiva)
Contratos no Código de Defesa do Consumidor, Cláudia Lima Marques (RT)
Curso de Direito Comercial, Fran Martins (Forense)
Títulos de Crédito, Fran Martins (Forense)
Leis de Patentes, Marcas e Direitos Conexos – Lei n. 9.279/96, José Carlos Tinoco Soares
(RT)
Direito Societário, José Edvaldo Tavares Borba (Renovar)
Direito Comercial Atual, Luiz Antônio Soares Hentz (Saraiva)
Curso de Direito Comercial, Rubens Requião (Saraiva)
Curso de Direito Falimentar, Rubens Requião (Saraiva)
Contratos Mercantis, Waldirio Bulgarelli (Atlas)
DIREITO CONSTITUCIONAL
Comissões Parlamentares de Inquérito, Cássio Juvenal Faria (Paloma)
Direito Constitucional, Fernando Capez (Paloma)
Curso de Direito Constitucional, Leda Pereira da Mota e Celso Spitzcovsky (Juarez de
Oliveira)
Apontamentos de Direito Constitucional, Ricardo Cunha Chimenti (Paloma)
Curso de Direito Constitucional, Celso Ribeiro Bastos (Saraiva)
Curso de Direito Constitucional Positivo, José Afonso da Silva (Malheiros)
Curso de Direito Constitucional, Luiz Alberto David Araújo e Vidal Serrano Nunes Jr.
(Saraiva)
Direito Constitucional, Uadi Lammêgo Bulos (Saraiva)
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____________________________________________________________________________MÓDULO I
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
DIREITO DO TRABALHO
Questões de Direito e Processo do Trabalho, Carlos Frederico Zimmermann Neto
(Paloma)
Curso de Direito do Trabalho, Amauri Mascaro Nascimento (Saraiva)
Instituições de Direito do Trabalho, Arnaldo Süssekind, Délio Maranhão, Segadas Vianna
e Lima Teixeira (LTr)
Curso de Direito Individual do Trabalho, José Augusto Rodrigues Pinto (LTr)
Curso de Direito do Trabalho, Orlando Gomes e Elson Gottschalk (Forense)
Lições Práticas de Direito do Trabalho, Sônia Aparecida Gindro (Saraiva)
Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho, Valentin Carrion (Saraiva)
DIREITO ELEITORAL
Introdução à Teoria das Inelegibilidades, Antonio Carlos Mendes (Malheiros)
Direito Eleitoral, Ari Ferreira de Queiroz (Jurídica IEPC)
Direito Eleitoral, Lauro Barreto (Edipro)
Direito Eleitoral, Luiz Antônio Fleury Filho (Saraiva)
Direitos Políticos: Condições de Elegibilidade e Inelegibilidade, Pedro Henrique Távora
Niess (Saraiva)
Código Eleitoral Comentado, Pinto Ferreira (Saraiva)
Manual das Eleições, Roberto Amaral e Sérgio Sérvulo da Cunha (Forense)
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____________________________________________________________________________MÓDULO I
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
DIREITO INTERNACIONAL
Curso de Direito Internacional Público, Carlos Roberto Husek (LTr)
Direito Internacional Privado, Beat Walter Rechsteiner (Saraiva)
Curso de Direito Internacional Público, Celso D. de Albuquerque Mello (Renovar)
Direito Internacional Privado, Edgar Carlos de Amorim (Forense)
Mercosul & União Européia – Estrutura Jurídico-Institucional, Elizabeth Accioly (Juruá
Editora)
Tratados Internacionais, org. Geogenor de Sousa Franco Filho (LTr)
Direito Internacional Público, Gerson de Britto Mello Bóson (Del Rei)
Mercosul – Direito da Integração, Haroldo Pabst (Forense)
Manual de Direito Internacional Público, Hildebrando Accioly (Saraiva)
Contratos Internacionais do Comércio, Irineu Strenger (LTr)
Direito Internacional Público, J. F. Rezek (Saraiva)
Contratos Internacionais: Negociação e Renegociação, Maria Luiza Machado Granziera
(Ícone Editora)
Comunidade Européia e seu Ordenamento Jurídico, Paulo Barbosa Casella (LTr)
DIREITO PENAL
Código Penal Anotado, Damásio de Jesus (Saraiva)
Crimes de Porte de Arma de Fogo e Assemelhados, Damásio de Jesus (Saraiva)
Crimes de Trânsito, Damásio de Jesus (Saraiva)
Direito Penal – Parte Especial, vols. II, III e IV, Damásio de Jesus (Saraiva)
Direito Penal – Parte Geral, vol. I, Damásio de Jesus (Saraiva)
Lei Antitóxicos Anotada, Damásio de Jesus (Saraiva)
Lei das Contravenções Penais Anotada, Damásio de Jesus (Saraiva)
Penas Alternativas, Damásio de Jesus (Saraiva)
Prescrição Penal, Damásio de Jesus (Saraiva)
Temas de Direito Penal e Processo Penal para Concursos, André Estefam (Paloma)
Curso de Direito Penal, Fernando Capez (Saraiva)
Direito Penal – Parte Especial, Fernando Capez (Paloma)
Direito Penal – Parte Geral, Fernando Capez (Paloma)
Contravenções Penais, Victor E. Rios Gonçalves (Paloma)
Crimes Contra a Administração Pública, Victor E. Rios Gonçalves (Paloma)
Penas Alternativas – Lei n. 9.714, de 25.11.1998, Victor E. Rios Gonçalves (Paloma)
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____________________________________________________________________________MÓDULO I
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Direito Previdenciário Brasileiro, José dos Reis Feijó Coimbra (Trabalhistas)
Curso de Direito da Seguridade Social, Marcus Orione Gonçalves Correia e Érica Paula
Barcha Correia (Saraiva)
Direito da Seguridade Social, Sérgio Pinto Martins (Atlas)
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____________________________________________________________________________MÓDULO I
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
DIREITO TRIBUTÁRIO
Direito Tributário (Sinopse Jurídica), Ricardo Cunha Chimenti (Saraiva)
Curso de Direito Constitucional Tributário, Roque Antonio Carrazza (Malheiros)
Direito Tributário Brasileiro, Aliomar Baleeiro (Forense)
Curso de Direito Tributário, Paulo de Barros Carvalho (Saraiva)
Direito Tributário, Vitório Cassone (Atlas)
DIREITOS HUMANOS
Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional. Flávia Piovesan (Max
Limonad)
Temas de Direitos Humanos. Flávia Piovesan. (Max Limonad)
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Crime Organizado – Lei n. 9.034, de 3.5.1995, Fernando Capez (Paloma)
Improbidade Administrativa – Lei n. 8.429, de 2.6.1992, Fernando Capez (Paloma)
Legislação Penal Especial, Fernando Capez (Paloma)
Tutela dos Interesses Difusos e Coletivos, Fernando Capez (Paloma)
Interesses Difusos e Coletivos, Gianpaolo Poggio Smanio (Atlas)
Legislação Penal Especial, Gianpaolo Poggio Smanio et al. (Atlas)
Tutela Penal dos Interesses Difusos, Gianpaolo Poggio Smanio (Atlas)
A Defesa dos Interesses Difusos em Juízo, Hugo Nigro Mazzilli (Saraiva)
Introdução ao Ministério Público, Hugo Nigro Mazzilli (Saraiva)
Manual do Promotor de Justiça, Hugo Nigro Mazzilli (Saraiva)
Regime Jurídico do Ministério Público, Hugo Nigro Mazzilli (Saraiva)
Lei das Armas de Fogo, Luiz Flávio Gomes e William Terra de Oliveira (RT)
Lei de Tortura – Lei n. 9.455, de 7.4.1997, Victor E. Rios Gonçalves (Paloma)
Comentários à Lei de Imprensa, Darcy Arruda Miranda (RT)
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____________________________________________________________________________MÓDULO I
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
MEDICINA FORENSE
Manual de Medicina Legal, Delton Croce (Saraiva)
Medicina Legal, Genival Veloso de França (Guanabara Koogan)
Curso Básico de Medicina Legal, Odon Ramos Maranhão (Malheiros)
PORTUGUÊS FORENSE
Português Forense, João Bolognesi (Paloma)
Língua Portuguesa, João Bolognesi (Entrementes)
Novíssima Gramática da Língua Portuguesa, Domingos Paschoal Cegalla e outros (Cia.
Nacional)
Moderna Gramática Portuguesa, Evanildo Bechara (Lucerna)
Dicionário de Verbos e Regimes, Francisco Fernandes (Globo)
A Linguagem do Juiz, Geraldo Amaral Arruda (Saraiva)
Nossa Gramática, Luiz Antonio Sacconi (Atual)
Conjugação dos Verbos em Português, Maria Aparecida Ryan (Ática)
OUTRAS INDICAÇÕES
Direito Penal e Processo Penal – 18 Anos de Provas Preambulares do Ministério Público
do Estado de São Paulo, Fernando Capez (Paloma)
Receita de Aprovação – Concurso de Delegado de Polícia – SP, Fernando Capez (Paloma)
Receita de Aprovação – Concurso do Ministério Público – SP, Fernando Capez (Paloma)
Receitas de Aprovação – Concursos da Magistratura Estadual – SP e da Magistratura do
Trabalho, Fernando Capez (Paloma)
6.300 Questões de Exames Orais – Ministério Público e Magistratura, org. Roger Augusto
Morcelli (Paloma)
Um Método de Estudo, Eduardo Tobias de Aguiar Moeller (Paloma)
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____________________________________________________________________________MÓDULO I
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
REGISTROS PÚBLICOS
Comentários à Lei dos Registros Públicos, Wilson de Souza Batalha, (Forense).
Lei dos Notários e dos Registros Públicos, Walter Ceneviva, (Saraiva).
Leis dos Registros Públicos Comentada, Walter Ceneviva, (Saraiva).
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MÓDULO I
DIREITO ADMINISTRATIVO
Princípios da Administração
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____________________________________________________________________________ MÓDULO I
DIREITO ADMINISTRATIVO
DIREITO ADMINISTRATIVO
Princípios da Administração
1. CONSIDERAÇÕES GERAIS
Com efeito, temos uma função sempre que alguém exerce atividade em nome de
terceiros. A função administrativa é toda atividade desenvolvida pela Administração
(Estado) representando os interesses de terceiros, ou seja, os interesses da coletividade.
Os princípios que a Administração deverá seguir estão dispostos no art. 37, caput,
da CF/88. O disposto no referido artigo constitucional é rol meramente exemplificativo;
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____________________________________________________________________________ MÓDULO I
DIREITO ADMINISTRATIVO
logo, existem outros princípios que poderão ser invocados pela Administração, como o
princípio da supremacia do interesse público sobre o particular, o princípio da isonomia,
entre outros.
2. PRINCÍPIOS
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____________________________________________________________________________ MÓDULO I
DIREITO ADMINISTRATIVO
atuar discriminando pessoas de forma gratuita, a não ser que esteja presente o
interesse público. Com efeito, a Administração deve permanecer numa posição
de neutralidade em relação às pessoas privadas. Conforme o art. 5.º, caput, da
Constituição Federal a atividade administrativa deve ser destinada a todos os
administrados, sem discriminação nem favoritismo, constituindo um
desdobramento do princípio da igualdade.
Em razão dessas afirmações é que José Afonso da Silva faz ainda alusão à estreita
ligação da impessoalidade com a imputação, por agirem os servidores consoante a vontade
e em nome da Administração; logo, seus atos são imputados ao Poder Público.
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____________________________________________________________________________ MÓDULO I
DIREITO ADMINISTRATIVO
• Ação Popular: prevista na Constituição Federal/88, em seu art. 5.º, inc. LXXIII,
a ação popular é utilizada para desconstituir atos lesivos à moralidade
administrativa, devendo ser subscrita por um cidadão, mediante prova da
cidadania, com título de eleitor e comprovante de votação de apresentação
obrigatórios;
• Ação Civil Pública: ação prevista na Lei n.7.347/85, cujo objetivo é a proteção
de interesses transindividuais. Em sendo o ato imoral, violador de direitos
metaindividuais, a ação civil pública é o instrumento correto para controle da
moralidade, podendo dela surgir as sanções descritas no tópico a seguir.
Saliente-se que tais sanções são aplicáveis de acordo com as regras previstas no art.
12 da Lei n. 8.429/92 (cuja leitura recomenda-se), que prevê ainda sanções específicas para
cada dispositivo violado, a exemplo da multa civil de até 100 vezes o valor da remuneração
percebida pelo agente, proibição de contratar com o Poder Público ou mesmo receber
incentivos fiscais, isso tudo sem prejuízo da sanção penal cabível ao caso.
É considerado, entre os demais princípios, um dos mais importantes, uma vez que
sem a motivação não há o devido processo legal, pois a fundamentação surge como meio
interpretativo da decisão que levou à prática do ato impugnado, sendo verdadeiro meio de
viabilização do controle da legalidade dos atos da Administração.
Motivar significa:
Todos os atos administrativos devem ser motivados para que o Judiciário possa
controlar o mérito do ato administrativo quanto à sua legalidade. Para efetuar esse controle,
devem ser observados os motivos dos atos administrativos.
Hely Lopes Meirelles entende que o ato discricionário, editado sob os limites da Lei,
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____________________________________________________________________________ MÓDULO I
DIREITO ADMINISTRATIVO
Por tal princípio, sempre que houver conflito entre um interesse individual e um
interesse público coletivo, deve prevalecer o interesse público. São as prerrogativas
conferidas à Administração Pública, porque esta atua por conta de tal interesse. Como
exemplos podemos citar a existência legal de cláusulas exorbitantes em favor da
Administração, nos contratos administrativos; as restrições ao direito de greve dos agentes
públicos; a encampação de serviços concedidos pela Administração etc.
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____________________________________________________________________________ MÓDULO I
DIREITO ADMINISTRATIVO
À Administração, por conseguinte, cabe tanto a anulação dos atos ilegais como a
revogação de atos válidos e eficazes, quando considerados inconvenientes ou inoportunos
aos fins buscados pela Administração.Essa forma de controle endógeno da Administração
denomina-se princípio da autotutela. Ao Poder Judiciário cabe somente a anulação de atos
reputados ilegais. O embasamento de tais condutas é pautado nas Súmulas 346 e 473 do
Supremo Tribunal Federal.
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____________________________________________________________________________ MÓDULO I
DIREITO ADMINISTRATIVO
Quadro :
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MÓDULO I
DIREITO CIVIL
Lei de Introdução ao Código Civil
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Praça Almeida Júnior, 72 – Liberdade – São Paulo – SP – CEP 01510-010
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____________________________________________________________________________ MÓDULO I
DIREITO CIVIL
DIREITO CIVIL
1. DECRETO-LEI N. 4.657/42
• Jus, juris (vínculo): a palavra em questão traz a idéia de relação jurídica, isto é, a
relação lógica do sistema, estabelecida por uma premissa maior (norma), uma
premissa menor (fato) e a conclusão, que é a subsunção do fato à norma.
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____________________________________________________________________________ MÓDULO I
DIREITO CIVIL
• Distributiva: seu objeto é o bem privado, cuja divisão se dá por meio de uma
igualdade proporcional. Estabelece-se por uma repartição feita pelo grupo social
ao particular, conforme a necessidade, o mérito e a importância de cada
indivíduo. As pessoas não são vistas de forma assemelhada, como na justiça
comutativa. Na distributiva ocorre um tratamento diferenciado. Tem-se, como
exemplo, o imposto sobre grandes fortunas, que incidirá sobre um grupo restrito
de pessoas, quando de sua criação.
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____________________________________________________________________________ MÓDULO I
DIREITO CIVIL
• Causa material: embora o Direito em si seja uno, para fins didáticos sofre
divisões que se prestam a uma melhor compreensão tópica. Uma das principais
divisões é a dicotomia Direito Público e Direito Privado. O Direito Público tutela
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____________________________________________________________________________ MÓDULO I
DIREITO CIVIL
• “Non liquet”: sistema pelo qual o magistrado decide pela não-solução da relação
jurídica, por não haver respaldo legal. Esse sistema é criticado por não atender
aos fins primordiais da jurisdição (realização da justiça, pacificação social e
resolução da lide).
• Integrativo: sistema pelo qual, ante a ausência de lei aplicável à relação jurídica
sob decisão, o intérprete não pode se furtar à sentença, devendo fazer uso da
analogia, dos costumes e dos princípios gerais de Direito. É o sistema adotado
por nossa Lei de Introdução ao Código Civil.
1.5.1. Lei
Lei é o preceito jurídico escrito, emanado do legislador e dotado de caráter geral e
obrigatório. É, portanto, toda norma geral de conduta, que disciplina as relações de fato
incidentes no Direito, cuja observância é imposta pelo poder estatal.
A classificação das leis, para o nosso estudo, tem por objetivo resolver o problema
da antinomia, ou seja, o problema do conflito e da contradição das normas, hipótese em
que mais de uma norma incide sobre o caso concreto. Antinomia deve, normalmente, ser
resolvida por meio dos critérios mencionados a seguir, já que o hermeneuta (intérprete) só
deve se valer de uma única norma para a solução de um determinado caso concreto,
devendo eliminar as demais.
As leis não estão todas no mesmo plano, ou seja, existe uma hierarquia entre elas.
Como forma ilustrativa, podemos adotar o sistema piramidal preconizado por Kelsen,
simbolizando a estrutura hierárquica das normas.
Constituição Federal
• Normas gerais: são as normas que discorrem sobre todo um ramo do Direito.
Temos, como exemplo, o Código Civil que é a norma geral do ramo civil.
A lei especial revoga a lei geral, ante o fato da primeira ter sido elaborada com
maior rigor pelo jurista, versando sobre uma determinada matéria com maior acuidade.
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____________________________________________________________________________ MÓDULO I
DIREITO CIVIL
• Leis permanentes: não têm prazo certo para vigorar, ou seja, têm prazo de
vigência indeterminado, vigendo até que outra a modifique ou revogue (artigo
2.º da Lei de Introdução ao Código Civil).
– tácitas: apesar de tais normas não terem prazo de vigência, são leis que
vigoram apenas para uma situação especial. Com a cessação do fato, ou da
situação, cessa também a norma (leis excepcionais).
A norma poderá ser eficaz e não ser efetiva, como no caso do casamento pelo
regime dotal. É uma norma eficaz, considerando sua não-revogação; no entanto, não é
efetiva, pois caiu em desuso.
1.5.2. Analogia
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____________________________________________________________________________ MÓDULO I
DIREITO CIVIL
1.5.3. Costumes
O direito consuetudinário ou costumeiro pode ser conceituado como a norma aceita
como obrigatória pela consciência do povo, sem que o Poder Público a tenha estabelecido.
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DIREITO CIVIL
1.5.4. Jurisprudência
A jurisprudência é uma função atípica da jurisdição. São decisões reiteradas,
constantes e pacíficas do Poder Judiciário sobre determinada matéria num determinado
sentido. Não há necessidade de a jurisprudência ser sumulada para ser fonte. Aqui, cabe
ressaltar que a jurisprudência não pode ser confundida com a orientação jurisprudencial,
que é qualquer decisão do Poder Judiciário que esclareça a norma legal. A orientação
jurisprudencial é apenas um método de interpretação da lei e não precisa de uniformidade,
sendo rara a adoção da jurisprudência como fonte.
• corrente eclética (realista): a jurisprudência pode ser usada desde que tenha
conteúdo científico.
SÚMULA VINCULANTE
1.5.5. Doutrina
Chamada Direito Científico, é o conjunto de indagações, pesquisas e pareceres dos
cientistas do Direito. Há incidência da doutrina em matérias não-codificadas, como no
Direito Administrativo e em matérias de Direito estrangeiro, não previstas na legislação
pátria.
Há duas orientações:
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____________________________________________________________________________ MÓDULO I
DIREITO CIVIL
• informal: não precisa ser escrita por doutor, bastando que seu autor consiga
imprimir ao trabalho coerente conteúdo científico.
2.1. Princípios
Os princípios que regem a eficácia da lei no tempo são os seguintes:
2.2.1. Conceito
Denomina-se vacatio legis o período de tempo que se estabelece entre a publicação
e a entrada em vigor da lei. A lei não produzirá efeitos durante a vacatio legis (artigo 1.º da
Lei de Introdução ao Código Civil), incidindo a lei anterior no sistema. Existem dois
motivos para sua existência:
• Sistema omisso: segundo esse sistema, não existe vacatio legis e toda lei entra em
vigor na data de sua publicação.
• Lei com “vacatio legis” expressa: é a lei de grande repercussão, que, de acordo
com o artigo 8.º da Lei Complementar n. 95/98, tem a expressa disposição do
período de vacatio legis. Temos, como exemplo, a expressão contida em lei
deteminando "entra em vigor um ano depois de publicada".
• Lei com “vacatio legis” tácita: é aquela que continua em consonância com o artigo
1.º da Lei de Introdução ao Código Civil, ou seja, no silêncio da lei entra em vigor
45 dias depois de oficialmente publicada.
• Lei sem “vacatio legis”: é aquela que, por ser de pequena repercussão, entra em
vigor na data de publicação, devendo esta estar expressa ao final do texto legal.
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DIREITO CIVIL
2.2.4. Contagem
A Lei Complementar n. 107/01 estabelece em seu artigo 8.º, § 1.º, o seguinte: "A
contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância far-
se-á com a inclusão da data de publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no
dia subseqüente a sua consumação integral".
2.3. Errata
Os erros encontrados na lei podem ser de duas espécies:
_ após a entrada em vigor: a norma poderá ser corrigida mediante uma nova
norma de igual conteúdo.
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DIREITO CIVIL
Para a verificação de revogação das normas, três critérios devem ser utilizados:
2.6.1. Introdução
O direito intertemporal visa solucionar os conflitos entre as novas e as velhas
normas, entre aquela que acaba de entrar em vigor e a que acaba de ser revogada. Isso
porque alguns fatos iniciam-se sob a égide de uma lei e só se extinguem quando outra nova
está em vigor. Para solucionar tais conflitos existem dois critérios:
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DIREITO CIVIL
• princípio da irretroatividade: a lei não deve retroagir para atingir fatos e efeitos já
consumados sob a lei antiga.
Dentro do conceito de Direito adquirido, existem dois que são espécies do gênero,
quais sejam:
É o ato que tem aptidão para produzir efeitos. Alguns doutrinadores entendem que o
ato jurídico não difere do negócio jurídico; no entanto, outros entendem que a diferença
reside nos efeitos de um e de outro, tendo em vista que no ato jurídico os efeitos ocorrem
independentemente da vontade das partes (exemplo: pátrio poder), enquanto no negócio
jurídico os efeitos são perseguidos pelas partes (exemplo: contratos em geral).
b) Coisa julgada
3. HERMENÊUTICA JURÍDICA
3.1. Conceito
Hermenêutica jurídica é a ciência, a arte da interpretação da linguagem jurídica.
Serve para trazer os princípios e as regras que são as ferramentas do intérprete. A
aplicação, a prática das regras hermenêuticas, é chamada exegese.
• lógica: busca contextualizar a norma, visando o seu alcance, e tem por base as
normas anteriores e posteriores e o sistema em que está incluída;
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DIREITO CIVIL
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DIREITO CIVIL
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MÓDULO I
DIREITO COMERCIAL
Introdução
Comerciante e Empresário
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DIREITO COMERCIAL
DIREITO COMERCIAL
Comerciante e Empresário
1. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
O Direito Comercial, que junto ao Direito Civil forma o que se denomina Direito
Privado, assim dividido sistemático e unicamente para fins didáticos (uma vez que o
Direito, verdadeiramente uno, se inter-relaciona em todos os seus ramos), surge como
sistema de resolução e organização de atos relativos ao comércio muito depois da adoção
do conceito de comércio, que é praticado pela sociedade desde os seus mais remotos
tempos.
Assim, o Direito Comercial surge como sistema na Idade Média, por meio do
desenvolvimento das “corporações de ofício”, formadas pela burguesia que vivia do
comércio junto aos feudos, e que estipulava regras jurídicas mais dinâmicas e próprias de
suas atividades, diferente das regras do Direito Romano e Canônico.
Cumpre ainda observar que o Direito Comercial, em sua evolução, passa por três
fase, a seguir sucintamente descritas:
Fábio Ulhôa Coelho, por sua vez, em sua obra “Curso de Direito Comercial”,
apresenta conceito ligeiramente diverso, todavia, mais em forma que em conteúdo.
Vejamos: “Direito Comercial é a designação tradicional do ramo jurídico que tem por
objeto os meios socialmente estruturados de superação dos conflitos de interesse entre os
exercentes de atividades econômicas de produção ou circulação de bens ou serviços de
que necessitamos todos para viver.”
2. TEORIAS
Existem teorias que se propõem a definir todos aqueles que se amoldam ao conceito
de comerciante. Essas teorias encontram-se abaixo definidas.
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DIREITO COMERCIAL
A compra dos produtos dos comerciantes para consumo como destinatário final,
pelos clientes, tem de gerar lucro, senão será vista como compra de natureza civil.
Atividades bancária, de transporte de mercadoria, de seguro, entre outras, também são
consideradas atos comerciais, segundo a teoria em estudo. A compra e venda de bens
imóveis está excluída do Direito Comercial por expressa disposição do Código Comercial,
em seu artigo 191.
Essa teoria, adotada pelo novo Código Civil, ainda em vacatio legis, acaba com a
dicotomia comerciante/não-comerciante determinada pela teoria dos atos do comércio.
2.2.1. Empresa
Modernamente conceitua-se empresa como uma atividade econômica organizada,
para a produção ou circulação de bens ou serviços, exercida profissionalmente pelo
empresário, por meio de um estabelecimento empresarial.
O referido conceito tem origem nas lições do autor italiano Alberto Asquini,
formulador de quatro critérios para a conceituação de empresa. Assim, ante o critério
multi-facetário desenvolvido por Asquini, temos:
a) Perfil objetivo
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DIREITO COMERCIAL
b) Perfil subjetivo
Adotado o critério subjetivo para conceituarmos empresa, temos que esta é o próprio
sujeito de direitos, o empresário, que organiza o estabelecimento para o desenvolvimento
de uma atividade econômica.
c) Perfil Corporativo
d) Perfil funcional
Com efeito, de acordo com o novo Código Civil, empresário é todo aquele que
exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de
bens ou serviços (artigo 966). O novo Código Civil exclui ainda o profissional liberal, o
artista e outros que exerçam atividade predominantemente intelectual, do conceito de
empresário, ainda que tenham o concurso de auxiliares ou colaboradores. Porém,
excepcionalmente os admite como empresários caso seja adotada uma estrutura
empresarial, organizando força de trabalho alheia que constitua elemento da empresa.
Assim, a título de exemplo, um médico que contrata outros médicos, enfermeiras,
secretária, formando assim uma clínica com estrutura empresarial, e não um singelo
consultório, será caracterizado como empresário.
Aqui, cabe ressaltar que todas as lições a respeito da teoria da empresa só serão
integralmente aplicadas em nosso ordenamento a partir da vigência do novo Código Civil,
que aproxima em muito, senão unifica, o que se denomina Direito Privado. Enquanto a Lei
n. 10.406/02 estiver em período de vacatio legis, aplicam-se as disposições da teoria dos
atos de comércio, com as interpretações ampliativas que lhe dão a doutrina e a
jurisprudência.
se organizam sob a forma de sociedade anônima. Inclui-se ainda todos aqueles que a
jurisprudência assim considerar, mediante interpretação ampliativa da teoria dos atos de
comércio, que além de outorgar efetividade ao princípio da preservação da empresa, de
larga utilização em sede de direito falimentar, surge também como forma de fomento à
aplicação da teoria da empresa, já explicitada.
Para que o comerciante exerça regularmente seu comércio, deve arquivar seus atos
constitutivos, após a devida elaboração, com observância dos critérios legais, no órgão
oficial de registro das empresas mercantis, denominado Junta Comercial, subordinado em
parte ao Estado em que se situa, e em parte ao Departamento Nacional do Registro do
Comércio, autarquia federal de regime especial, ligada ao Sistema Nacional de Registro de
Empresa (SINREM), responsável pela regulamentação das atividades de registro no
país,conforme oportunamente se verá.
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DIREITO COMERCIAL
• o falido, enquanto não reabilitado, nos termos da Lei de Falências; (artigo 2º,
inciso IV do Código Comercial);
• o agente público (de forma direta) – nada impede, porém, que ele participe de
sociedade, como sócio cotista, acionista ou comanditário, desde que não ocupe
cargo de administração, de controle, e desde que não seja majoritário;
Aqui, cabe distinguir que proibição não se confunde com falta de capacidade para
exercer a atividade comercial. As pessoas proibidas de comerciar possuem capacidade
plena para a prática dos atos de comércio. No entanto, a ordem jurídica vigente decidiu por
vedar-lhes o seu exercício.
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DIREITO COMERCIAL
O artigo 35, inciso VI, da Lei n. 8.934/94 dispõe que não serão arquivadas
alterações contratuais ou estatutárias por deliberação majoritária do capital social, quando
houver cláusula restritiva. Para se excluir um sócio minoritário nesta hipótese, deve-se
tentar a via judicial, já que a Junta Comercial está proibida de arquivar alterações
contratuais quando houver cláusula restritiva.
• Artigo 9.º inciso III, alínea “a”, da Lei de Falências: o comerciante credor que
não comprova sua regularidade não tem legitimidade ativa para requerer a
falência de outro comerciante, embora possa habilitar o seu crédito. Pode,
contudo, ter sua falência decretada a pedido dos seus credores, assim como pedir
autofalência.
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DIREITO COMERCIAL
• Artigo 379 do Código de Processo Civil: “os livros comerciais, que preencham
os requisitos exigidos por lei, provam também a favor do seu autor no litígio
entre comerciantes”. O comerciante que não escritura regularmente seus livros,
além de os livros irregulares fazerem prova contra ele, não pode se valer da
eficácia probatória em seu favor. Também não pode propor ação de verificação
de contas, para com base em seus livros, requerer a falência de outro
comerciante. Com efeito, esta previsão é importante pois o pedido de falência
com base na impontualidade (artigo 1º, Lei de Falências) exige o protesto do
título. Mas nem sempre o crédito está legitimado por títulos, podendo, neste
caso, haver a verificação de contas para apuração do crédito.
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DIREITO COMERCIAL
• sanção penal, em face do artigo 186, inciso VII, da Lei de Falências (decorrência
do artigo 186, inciso VI, da Lei de Falências); constitui crime falimentar não
apresentar o balanço à rubrica judicial em 60 dias da data do encerramento.
Cumpre observar, no entanto, que, para a jurisprudência majoritária, a falta de
balanço caracteriza crime apenas se a escrituração estiver irregular, não
constituindo crime autônomo a infração exclusivamente prevista no inciso VII
do referido artigo.
• não será possível participar de licitação promovida pelo Poder Público (artigo
31, inciso I, da Lei n. 8.666/93);
• não pode impetrar concordata preventiva (artigo 159, § 1º, inciso IV, da Lei de
Falências).
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MÓDULO I
DIREITO CONSTITUCIONAL
Teoria Geral da Constituição
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DIREITO CONSTITUCIONAL
DIREITO CONSTITUCIONAL
1. INTRODUÇÃO
O Direito é um todo. Sua divisão ocorre somente para fins didáticos. O Direito
Constitucional, de acordo com tal subdivisão, pertence ao ramo do Direito Público, uma
vez que regula e interpreta normas fundamentais do Estado.
1.1. Constituição
Constituição é a organização jurídica fundamental do Estado.
CF
Demais normas
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DIREITO CONSTITUCIONAL
Basta que a regra jurídica esteja na Constituição Federal para ela ser revestida de
supralegalidade.
Modo de Aquisição
Modo de Exercício
Elementos Limitativos
Elementos Orgânicos (enunciação dos direitos
ou Organizacionais fundamentais das pessoas.
(são as regras que PODER Sistema de Garantia das
organizam o Poder) Liberdades)
Elementos Socioideológicos
(princípios da ordem
econômica e social)
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DIREITO CONSTITUCIONAL
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DIREITO CONSTITUCIONAL
• Ortodoxa ou simples : possui linha política bem definida, traduzindo apenas uma
ideologia.
1
BULHOS, Uadi Lammêgo. Constituição Federal Anotada. 3.ª ed. São Paulo: Saraiva, 2001.p. 10.
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DIREITO CONSTITUCIONAL
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DIREITO CONSTITUCIONAL
Observações:
• 1967: positivada por outorga. (há quem sustente ter sido positivada por
convenção, pois o texto elaborado pelo Governo Militar foi submetido ao
referendo do Congresso Nacional antes de entrar em vigor).
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DIREITO CONSTITUCIONAL
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MÓDULO I
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DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO
Histórico
Princípios
O novo sistema industrial transforma as relações sociais e cria duas novas classes
sociais, fundamentais para a operação do sistema. Os empresários (capitalistas), que são os
proprietários dos capitais, prédios, máquinas, matérias-primas e bens produzidos pelo
trabalho, e os operários, proletários ou trabalhadores assalariados que possuem apenas
sua força de trabalho e a vendem aos empresários para produzir mercadorias em troca de
salários.
Durante o Estado Novo (a ditadura varguista), as greves foram proibidas e foi criado
o salário mínimo. Os sindicatos ficaram subordinados ao governo, devido à exigência de
filiação ao Ministério do Trabalho, à obrigatoriedade de sindicatos únicos por categoria e
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DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO
ao imposto sindical.
O Estado percebeu, então, que era ausente nas relações de trabalho, começando,
dessa forma, a intervir na relação contratual. Deu-se início ao Estado Intervencionista, que
estabelece normas imperativas que se sobrepõem às vontades das partes. Essas normas têm
como característica a imperatividade.
Ou seja, as partes podem contratar, desde que, não violem a legislação trabalhista.
Neste artigo fica estabelecido que é nula qualquer alteração do contrato prejudicial
ao trabalhador, mesmo que ele concorde com a cláusula. Assim se faz presente, mais uma
vez, a imperatividade da norma trabalhista.
Este conjunto de atuações, por parte do Estado, inevitavelmente acabou por produzir
reflexos. Com a economia globalizada a Europa começou a sustentar que o capital se
movimenta independentemente das fronteiras dos Estados, fazendo surgir uma economia
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____________________________________________________________________________ MÓDULO I
DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO
Com a globalização, começa a ser destruída a idéia de Estado Nacional, uma vez
que a característica da norma internacional é o surgimento de uma Jurisdição Internacional
(Tribunais Internacionais).
A Consolidação das Leis Trabalhistas dispõe em seu artigo 8º que “as autoridades
administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais,
decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por equidade e outros
princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de
acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum
interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público”.
O Direito do Trabalho, como setor autônomo que é, dispõe, ao lado dos princípios
gerais de direito comuns a outros ramos, de princípios especiais, que constituem as
diretrizes e postulados formadores das normas trabalhistas e, concomitantemente, delas
decorrentes.
Essa desigualdade não pode ser exagerada. Procuramos por meio do tratamento
desigual, igualar as forças entre empregado e empregador, buscando sempre o equilíbrio na
relação jurídica.
O artigo 483 da Consolidação das Leis Trabalhistas revela o sentido do princípio ora
em estudo. Há uma amplitude da proteção ao trabalhador sob os aspectos físicos, sociais e
econômicos. Por exemplo: “Poderá o empregado rescindir o seu contrato de trabalho e
pleitear a devida indenização se a empresa, após reiterada vezes punida, permaneceu
exigindo serviços superiores às suas forças e, ainda, ocasionalmente, jornada além das oito
horas normais.”1
Esse princípio, também denominado in dubio pro operario ou in dubio pro pauper,
deriva do principio da tutela, e como assinala Luiz de Pinho Pedreira da Silva, “tem como
pressuposto uma única norma, suscetível de interpretações diversas, suscitando dúvida, que
deve ser dirimida em benefício do empregado” 1.
“Art. 7º - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem
à melhoria de sua condição.”
das partes não poderá ser alterada em prejuízo do trabalhador, mesmo se este concordar.
Exemplo: uma pessoa foi contratada como autônoma, mas fica provado que ela era
subordinada, então, trata-se de empregado e não de autônomo.
Fonte primária é a vontade. Vontade esta que é delimitada pelas fontes imperativas,
a saber:
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DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO
a) Convenção coletiva
artigo 614, § 3º, da Consolidação das Leis do Trabalho, podendo ter prazo máximo de dois
anos, o qual deve ser respeitado, pois caracteriza requisito de sua validade. A data do
término de sua vigência, obrigatoriamente, deve constar do seu texto – artigo 613 da
Consolidação das Leis do Trabalho.
b) Acordo coletivo
Nosso sistema prevê também o chamado acordo coletivo que é o ajuste celebrado
entre uma categoria profissional e uma empresa ou empresas, isoladamente; não envolve
toda categoria. São ajustes feitos entre o sindicato dos trabalhadores e uma ou mais
empresas. Observe que o lado patronal não atua com representação de seu sindicato.
Devem, para sua elaboração, ser respeitadas as leis, e ainda, quando houver, devem
respeitar também a convenção coletiva e o acordo coletivo. É o empregador produzindo
norma trabalhista.
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DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO
Fonte de produção mista típica por sua natureza é o poder normativo que a Justiça
do Trabalho possui. O artigo 114, § 2º, da Constituição Federal define o poder normativo
como sendo aquele que é conferido aos Tribunais Trabalhistas para a solução dos conflitos
coletivos do trabalho, por meio da criação de novas e mais benéficas normas e condições
de trabalho, respeitadas as disposições convencionais e legais mínimas de proteção ao
mesmo. Esse poder se materializa nas sentenças normativas.
Caso não se chegue a um acordo pela convenção coletiva ou acordo coletivo, devido
a um conflito econômico ou jurídico, qualquer categoria poderá instaurar o chamado
dissídio coletivo. A Justiça do Trabalho proferirá uma sentença normativa que soluciona o
conflito, criando, dessa forma, um direito.
3) demora nas decisões: por existir esta via judicial de composição de conflitos
coletivos, as partes se vêm estimuladas a usá-la e, com isto, os Tribunais se
encontram abarrotados com dissídios coletivos, que acabam por ser julgados
após a data-base da categoria. Havendo revisão, a demora se prolonga, o que se
incompatibiliza com o dinamismo das relações trabalhistas;
Hans Kelsen ao desenvolver sua teoria apresenta uma construção bastante plausível para
dirimir este problema. Para ele as normas jurídicas são dispostas por uma pirâmide que tem
como vértice uma norma superior, (fundamental) da qual resulta a validade e o fundamento
das normas inferiores de modo escalonado e sucessivo entre as mesmas.
a) fontes estatais e fontes internacionais, desde que estas sejam ratificadas pelo
Estado em que vier a se aplicar, sempre observando a hierarquia que há entre elas mesmas
(verticalização), ou seja, Constituição Federal, lei complementar, lei ordinária etc;
empresa) e;
d) fontes auxiliares.
Ressalte-se que tal hierarquia não é em absoluto inflexível. Devemos sempre nos
lembrar, concomitantemente, da aplicação do princípio protecionista, do princípio da
norma mais favorável e, ainda, do princípio da condição mais benéfica.
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MÓDULO I
DIREITO PENAL
Da Aplicação da Lei Penal
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DIREITO PENAL
DIREITO PENAL
1. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
1.1. Introdução
“Art. 1º Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia
cominação legal.”
Esse princípio foi reconhecido pela primeira vez em 1215, na Magna Carta, por
imposição dos barões ingleses ao Rei João Sem-Terra. Seu artigo 39 previa que nenhum
homem livre poderia ser submetido à pena não cominada em lei local.
Previsto também na Constituição Federal em seu artigo 5.º, XXXIX, tem por
finalidade servir como garantia política ao cidadão contra o arbítrio estatal (freio à
pretensão punitiva estatal).
a) Formal
b) Material
O tipo penal exerce também uma função seletiva, pois é por meio dele que o
legislador seleciona, entre todas as condutas humanas, as mais perniciosas à sociedade. Em
um tipo penal não podem constar condutas positivas que não representam qualquer ameaça
à sociedade. Suponhamos, por exemplo, fosse criado o seguinte tipo penal: sorrir
abertamente, em momentos de felicidade – pena de seis meses a um ano de detenção.
Formalmente, estariam preenchidas todas as garantias do princípio da reserva legal. Esse
tipo, entretanto, é inconstitucional, pois materialmente, a conduta incriminada não
apresenta qualquer ameaça à sociedade. Nesses casos, o Poder Judiciário deve exercer
controle de conteúdo do tipo penal, expurgando do ordenamento jurídico leis que
descrevam como crimes fatos que não sejam materialmente nocivos à sociedade. O
exercício deste controle pressupõe a aplicação de três princípios:
• Adequação social: de acordo com este princípio, não podem ser considerados
criminosos fatos socialmente adequados, condutas aprovadas pela coletividade
(exemplo: jogador de futebol que machuca o adversário). Existem alguns
obstáculos à aplicação deste princípio:
- costume não revoga lei: ainda que leve a norma penal ao desuso, não pode
revogá-la (artigo 2.º, caput, da Lei de Introdução ao Código Civil);
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DIREITO PENAL
• Alteridade: não podem ser punidas condutas que não lesionem outras pessoas,
ou seja, que não transcendam a figura do infrator. Exemplos: tentativa de
suicídio, uso pretérito de droga (a Lei n. 6.368/76, no artigo 16, visa reprimir a
detenção da droga, pelo risco social que ela representa).
2. IRRETROATIVIDADE
A Constituição Federal, em seu artigo 5.º, inciso XL, dispõe que a lei penal só
retroagirá para beneficiar o acusado.
Assim, em regra, a lei penal não pode retroagir. A lei penal retroagirá,
excepcionalmente, quando beneficiar o agente.
Norma processual não se confunde com norma penal: esta afeta de algum modo o
direito de punir do Estado.
1.ª solução: A parte processual incide imediatamente, mas a parte penal não. O
Supremo Tribunal Federal rechaçou esse entendimento: ou a norma é aplicada inteira ou
não retroage por ser prejudicial;
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DIREITO PENAL
2.ª solução: A parte penal sempre tem preponderância sobre a parte processual.
Assim, no caso de norma híbrida, deve prevalecer a norma penal.
2.4. Extra-atividade
O fenômeno jurídico pelo qual a lei regula todas as situações ocorridas durante sua
vigência denomina-se atividade.
Quando a lei regula situações fora de seu período de vigência, ocorre a chamada
extra-atividade.
As leis em estudo são auto-revogáveis e constituem exceções à regra de que uma lei
só pode ser revogada por outra lei. Dividem-se em duas espécies:
Essas duas espécies são ultra-ativas, ainda que prejudiquem o agente, ou seja,
aplicam-se aos fatos cometidos durante o seu período de vigência, mesmo após sua auto-
revogação (exemplo: num surto de febre amarela é criado um crime de omissão de
notificação de febre amarela; caso alguém cometa o crime e logo em seguida o surto seja
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DIREITO PENAL
controlado, cessando a vigência da lei, o agente responderá pelo crime). Se não fosse
assim, a lei perderia sua força coercitiva, uma vez que o agente, sabendo qual seria o
término da vigência da lei, poderia, por exemplo, retardar o processo para que não fosse
apenado pelo crime. Pode ocorrer, excepcionalmente, a retroatividade da lei posterior mais
benéfica, desde que esta faça expressa menção à lei excepcional ou temporária revogada.
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DIREITO PENAL
3. TEMPO DO CRIME
2. pluralidade de normas;
O conflito existente não é real, mas sim aparente, tendo em vista que apenas uma
das normas será aplicável. Esses conflitos aparentes só poderão ser solucionados por meio
da observação dos seguintes princípios: especialidade, subsidiariedade, consunção e
alternatividade.
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DIREITO PENAL
A norma especial não é necessariamente mais grave ou mais ampla que a geral, ela é
apenas especial.
Uma característica que distingue o princípio da especialidade dos demais é que para
saber qual norma é geral e qual norma é especial não é preciso analisar o fato concreto
praticado, sendo suficiente que se comparem abstratamente as descrições contidas no tipo
penal.
A norma do artigo 123 do Código Penal, por exemplo, que trata do infanticídio,
prevalece sobre a norma do artigo 121, que cuida do homicídio, pois além dos elementos
genéricos deste último, possui elementos especializantes: “próprio filho”, “durante o parto
ou logo após” e “sob a influência do estado puerperal”.
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DIREITO PENAL
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DIREITO PENAL
Critica-se esse princípio, pois não há propriamente conflito entre normas, mas
conflito interno na própria norma. Além de que, o princípio da consunção resolve com
vantagem o mesmo conflito. Assim, se o agente importa heroína, transporta maconha e
vende ópio, comete três crimes diferentes em concurso material. Não há que se falar em
alternatividade, pois não existe nexo causal entre as condutas. Ora, se o agente compra,
transporta e vende maconha, há um único crime, não por aplicação da alternatividade, mas
por aplicação da consunção.
5. LUGAR DO CRIME
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DIREITO PENAL
6. CONTAGEM DO PRAZO
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
1. JURISDIÇÃO
− desistência: uma das partes não se submete, mas abre mão da pretensão em
si, em prol da outra;
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Cumpre ressaltar ser a arbitragem uma opção feita pelos interessados para a solução
dos litígios expressamente prevista em lei. A arbitragem é um meio alternativo de solução
de conflitos e, por conseguinte, de pacificação social, não afastando o controle jurisdicional
(artigo 5.º, inciso XXXV, da Constituição Federal).
1.2. Conceito
Jurisdição é uma das funções do Estado, mediante a qual este se substitui aos
titulares dos interesses em conflito para, imparcialmente, buscar, por meio da pacificação
do conflito que os envolve, o maior bem jurídico do Direito que é o justo. É o poder-dever
de aplicação do direito objetivo conferido ao magistrado, enquanto agente investido em tal
função. Tem, portanto, tríplice enfoque, vista como poder, dever e atividade.
Com efeito, o Estado, por meio do processo, seu instrumento, busca a atuação da
vontade do direito objetivo.
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
É somente por meio do devido processo legal que vislumbramos o poder, a função e
a atividade jurisdicional.
• Juiz natural: todos têm direito de serem julgados por juiz independente e
imparcial, previsto como órgão legalmente criado e instalado anteriormente ao
surgimento da lide. A própria Constituição, como forma de garantir duplamente
o juiz natural, proíbe os tribunais de exceção, isto é, aqueles tribunais instituídos
para o julgamento de determinadas pessoas ou de crimes de determinada
natureza sem previsão constitucional, a exemplo do Tribunal de Nuremberg,
criado após a Segunda Guerra para julgamento dos delitos praticados pelos
nazistas (artigo 5.º, inciso XXXVII, da Constituição Federal).
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Judiciário, não podendo este deixar de atender a quem venha deduzir uma
pretensão fundada no Direito e pedir uma solução a ela. Nem mesmo em caso de
lacuna ou obscuridade da lei, pode o juiz escusar-se de proferir decisão (artigo
126 do Código de Processo Civil). É o próprio acesso à Justiça; por conseguinte,
está afastado do nosso sistema jurídico o non liquet, isto é, o juiz deixar de
decidir o mérito sob qualquer pretexto, adotando-se, por conseguinte, o sistema
integrativo para as hipóteses de anomia (ausência de normas) .
• Ampla defesa (artigo 5.º, inciso LV, da Constituição Federal): é o princípio que
assegura a todos que estão implicados no processo que, conforme o
contraditório, possam produzir provas de maneira ampla, por todos os meios
lícitos conhecidos. A ampla defesa tem como elementos a defesa técnica, por
meio de advogado, e a defesa atécnica, consistente no direito de audiência e de
presença.
• Inércia: os órgãos jurisdicionais são por sua própria natureza inertes, havendo
dois brocardos importantes sobre a matéria:
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____________________________________________________________________________ MÓDULO I
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Se a atividade jurisdicional visa à paz social, caso não houvesse inércia, poderia o
próprio Estado criar mais conflitos. Ademais, o próprio órgão judicante que desse início à
lide dificilmente iria querer a extinção do processo ou a improcedência da ação, para não
dar margem de que deu início a algo infundado ou de forma precipitada.
– a execução trabalhista pode ter início por ato do juiz (artigo 878 da
Consolidação das Leis Trabalhistas);
Jurisdição - Estadual
- Penal
- Federal
- Militar
- Especial - Trabalhista
- Eleitoral
A regra geral é que cada Estado tenha os limites de sua jurisdição, nos limites de seu
território. Estão, a priori, ligadas ao território brasileiro as seguintes ações: 1) quando o réu
tiver domicílio no Brasil; 2) quando a obrigação tiver de ser cumprida no Brasil; 3) quando
o fato gerador ocorreu no Brasil; 4) quando o objeto da pretensão for um imóvel situado no
Brasil, assim como os bens de inventário.
– os Estados estrangeiros;
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
– os agentes diplomáticos.
Além de não ser jurisdição, também não é voluntária, pois caso os interessados não
recorram ao Poder Judiciário, não terão outra via para obter a eficácia da medida.
As normas jurídicas de Direito processual, por sua vez, disciplinam aquilo que
acontece em juízo, visando à solução da lide. É o instrumento do Direito material junto ao
Poder Judiciário ou, recentemente, junto à arbitragem.
Por meio do processo é que se consegue dar eficácia e efetividade à norma jurídica
de Direito material desrespeitada por um dos sujeitos da lide. O Direito material visa às
relações jurídicas, com conteúdo eminentemente espontâneo. Diante do descumprimento
da norma ou do inadimplemento de determinada obrigação, o Direito material nada pode
fazer, restando ao interessado buscar a tutela jurisdicional para seu interesse violado, o que
é feito por meio da provocação da atividade jurisdicional. Com a ocorrência de um dano,
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
portanto, a aplicação do artigo 159 do Código Civil, a título de exemplo, só poderá ocorrer
por intermédio da ação reparatória para compelir “B” a cumprir obrigação perante “A”.
A norma de processo, assim, integra-se no direito público, não sendo uma relação de
coordenação, mas sim uma relação de poder e sujeição, predominando o interesse público
na resolução dos conflitos e controvérsias.
- Obrigação
- Ônus
• Obrigação: atitude que se deve tomar, sob pena de causar prejuízo à outra parte
da relação jurídica, e que deixa de ser exigível, desde que cumprida. Caso deixe
de ser cumprida, a omissão dará margem ao nascimento de pretensão por parte
daquele a quem se deixou de cumprir a obrigação, condenando-se o devedor
omisso à prestação, ou ao equivalente em dinheiro. Como exemplo, “A” firma o
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
• Dever: são normas que não se esgotam com seu cumprimento. Ao contrário,
exigem que os obrigados ao seu cumprimento continuem a vigilância, cujo
relaxamento, representado pelo descumprimento do dever, determinará o
lançamento de penalidade consistente em multa. A multa constitui verdadeira
punição ao faltoso no cumprimento do dever.
A grande maioria das regras processuais é ônus para as partes, cujo descumprimento
desfavorece aquele que deveria cumpri-las. Exemplo: ônus do réu em responder aos termos
da petição inicial ajuizada pelo autor. A conseqüência da inércia é, na maioria das vezes, a
revelia.
- Constituição Federal
- Leis - Constituições Estaduais
- Lei Complementar
- Lei Ordinária
As fontes abstratas são
- Usos e costumes
- Negócios jurídicos
- Jurisprudências
- Constitucionais
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
são criadas). Repare que a Constituição é, ao mesmo tempo, fonte abstrata e fonte concreta,
pois, é fonte tanto do Direito quanto especificamente do processo civil, ramo deste.
3. PRINCÍPIOS
A prova emprestada, isto é, aquela que foi trasladada de outro processo para aquele
que produzirá efeitos, só tem significado se as partes forem as mesmas desse novo
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Há quatro subprincípios que têm em comum a mesma finalidade, qual seja, fazer
com que o juiz fique o mais próximo possível da instrução, da coleta de provas. São eles:
• Imediação: exige do juiz um contato direto com as partes e com as provas, para
que receba, sem intermediários, todos os meios necessários para o julgamento. É
o juiz do processo quem irá coletar as provas. No entanto, em casos de carta
precatória ou carta rogatória não será possível que o juiz do processo acompanhe
as provas. Essa produção de provas por carta é uma exceção ao princípio da
imediação. Todo e qualquer tipo de prova poderá ser realizado por carta.
– quando é aposentado;
– quando é promovido;
– quando é afastado;
• direito à liberdade provisória com ou sem fiança (artigo 5.º, inciso LXVI);
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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Princípios Gerais
1.3. Contraditório
Esse princípio decorre do brocardo romano audiatur et altera pars e é identificado
na doutrina pelo binômio “ciência e participação”.
O juiz coloca-se eqüidistante das partes, só podendo dizer que o direito preexistente
foi devidamente aplicado ao caso concreto se, ouvida uma parte, for dado à outra o direito
de manifestar-se em seguida.
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
Resposta: Não, pois o juiz deverá abrir vista à outra parte para se manifestar sobre a
medida antes de dar o provimento final. Nesse caso o contraditório é apenas diferido.
No processo penal, o juiz nomeia defensor ao réu, caso ele não tenha, mesmo sendo
revel (artigos 261 e 263 do Código de Processo Penal) e caso seja feita uma defesa abaixo
do padrão mínimo tolerável, o réu poderá ser considerado indefeso e o processo anulado.
Se o acusado, citado por edital, não comparece, nem constitui advogado, suspende-se o
processo e o prazo prescricional (artigo 366 do Código de Processo Penal).
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
O Ministério Público não pode desistir da ação penal, mas pode pedir a absolvição
do réu. Pergunta: tal possibilidade não fere o princípio da indisponibilidade da ação penal
pública? Resposta: não, pois esse pedido não passa de mero parecer que não vincula o juiz,
o qual pode proferir sentença condenatória.
Conforme esse princípio, o juiz pode se contentar com as provas produzidas pelas
partes devendo rejeitar a demanda ou a defesa por falta de elementos de convicção.
É princípio próprio do processo civil, que vem sendo cada vez mais mitigado, diante
de uma tendência publicista no processo, permitindo ao juiz adotar uma posição mais ativa,
impulsionando o andamento da causa, determinando provas, conhecendo circunstâncias de
ofício e reprimindo condutas abusivas e irregulares (artigos 130 e 342 do Código de
Processo Civil).
O juiz tem o dever de ir além da iniciativa das partes na colheita das provas,
esgotando todas as possibilidades para alcançar a verdade real dos fatos para fundamentar a
sentença. Somente, excepcionalmente, o juiz deve curvar-se diante da verdade formal,
como no caso da absolvição por insuficiência de provas (artigo 386, inciso VI, do Código
de Processo Penal).
Esse princípio comporta algumas exceções: artigos 406, 475, 206, 207 e 155, todos
do Código de Processo Penal; a Constituição Federal, no artigo 5.º, inciso LVI, veda a
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
1.8. Publicidade
É uma garantia de independência, imparcialidade, autoridade e responsabilidade do
juiz. Também é uma garantia do indivíduo de fiscalizar a atuação jurisdicional.
A publicidade poderá ser restrita nos casos em que o decoro ou o interesse social
aconselharem que eles não sejam divulgados (artigo 155, I e II, do Código de Processo
Civil e artigos 483 e 792, § 1º, do Código de Processo Penal).
Há casos em que não há duplo grau de jurisdição, como, por exemplo, as hipóteses
de competência originária do Supremo Tribunal Federal (artigo 102, inciso I, da
Constituição Federal).
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
1.12. Oficialidade
Significa que os órgãos incumbidos da persecutio criminis não podem ser privados.
A função penal é eminentemente pública, logo, a pretensão punitiva do Estado deve ser
deduzida por agentes públicos. A ação penal pública é privativa do Ministério Público
(artigo 129, inciso I, da Constituição Federal). A função de polícia judiciária incumbe à
polícia civil (artigo 144, § 4.º, da Constituição Federal c/c artigo 4.º do Código de Processo
Penal).
Admite-se, como exceção, a ação penal privada, a ação penal privada subsidiária da
pública – quando da inércia do órgão do Ministério Público – e a ação penal popular – na
hipótese de crime de responsabilidade praticado pelo Procurador-Geral da República e por
Ministros do Supremo Tribunal Federal (artigos 41, 58, 65 e 66 da Lei n. 1.079/50).
1.13. Oficiosidade
As autoridades públicas incumbidas da persecução penal devem agir de ofício, sem
necessidade do assentimento de outrem.
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
No princípio da persuasão racional, o juiz decide com base nos elementos existentes
nos autos, mas sua apreciação não depende de critérios legais preestabelecidos. A avaliação
ocorre segundo parâmetros críticos e racionais.
Exceção: os jurados, no Júri, não precisam fundamentar suas decisões, pois para eles
vigora o princípio da íntima convicção.
Hoje, esse princípio é visto em seu aspecto político: garantia da sociedade que pode
aferir a imparcialidade do juiz e a legalidade e justiça das suas decisões.
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
- Alguns recursos são exclusivos da defesa (protesto por novo júri e embargos
infringentes).
Esse princípio comporta algumas exceções: artigos 406, 475, 206, 207 e 155, todos
do Código de Processo Penal; a Constituição Federal, no artigo 5.º, inciso LVI, veda a
utilização de provas obtidas por meios ilícitos.
2.4. Legalidade
Impõe a observância da lei pelas autoridades encarregadas da persecução penal, que
não possuem poderes discricionários para apreciar a conveniência e oportunidade da
instauração do processo ou do inquérito.
2.5. Oficialidade
A função penal é eminentemente pública, logo, a pretensão punitiva do Estado deve
ser deduzida por agentes públicos. Admite-se, como exceção, a ação penal privada, a
ação penal privada subsidiária da pública – quando da inércia do órgão do Ministério
Público – e a ação penal popular – na hipótese de crime de responsabilidade praticado pelo
Procurador-Geral da República e por Ministros do Supremo Tribunal Federal (artigos 41,
58, 65 e 66 da Lei n. 1.079/50).
2.6. Oficiosidade
As autoridades públicas incumbidas da persecução penal devem agir de ofício, sem
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
2.7. Autoritariedade
Os órgãos investigantes e processantes devem ser autoridades públicas. Exceção:
ação penal privada.
2.8. Indisponibilidade
A autoridade policial não pode determinar o arquivamento do inquérito policial
(artigo 17 do Código de Processo Penal). O órgão do Ministério Público não pode desistir
(dispor) da ação penal pública, nem do recurso interposto (artigos 42 e 576 do Código de
Processo Penal).
2.9. Publicidade
A publicidade somente poderá ser restrita nos casos em que o decoro ou o interesse
social aconselharem que eles não sejam divulgados (artigo 155, I e II, do Código de
Processo Civil e artigos 483 e 792, § 1º, do Código de Processo Penal).
2.10. Contraditório
As partes têm o direito de serem cientificadas sobre qualquer fato processual
ocorrido e a oportunidade de se manifestarem sobre ele, antes de qualquer decisão
jurisdicional.
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____________________________________________________________________________ MÓDULO I
DIREITO PROCESSUAL PENAL
O que vincula o juiz criminal são os fatos submetidos à sua apreciação. Exemplo: se
na denúncia o promotor descreve um crime de estupro, mas ao classificá-lo, o faz como
sendo de sedução, pode o juiz condenar por estupro, pois o réu se defende dos fatos a ele
imputados. Nesse caso o juiz não julgou além do que foi pedido, apenas deu aos fatos
classificação diversa (artigo 383 do Código de Processo Penal).
Deve ser obedecido não apenas em processos judiciais civis e criminais, mas
também em procedimentos administrativos, inclusive militares.
derivação.
Entendemos que não é razoável sempre desprezar toda e qualquer prova ilícita,
devendo o juiz admiti-las para evitar uma condenação injusta ou a impunidade de
perigosos marginais. O direito à liberdade e à vida, por exemplo, não podem sofrer
restrição pela prevalência do direito à intimidade. Entra aqui o princípio da
proporcionalidade, segundo o qual não há propriamente um conflito entre as garantias
fundamentais, devendo o princípio de menor relevância se submeter ao princípio de maior
relevância. Por exemplo: uma pessoa acusada injustamente, que tenha na interceptação
telefônica ilegal o único meio de demonstrar a sua inocência. A tendência da doutrina é a
de acolher essa teoria, para favorecer o acusado (prova ilícita pro reo).
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MÓDULO I
DIREITO TRIBUTÁRIO
Introdução
Tributo
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DIREITO TRIBUTÁRIO
DIREITO TRIBUTÁRIO
Introdução
Tributo
1. INTRODUÇÃO
• legalidade;
• anterioridade;
• igualdade;
• capacidade contributiva;
• vedação de confisco.
Ainda, das normas que devem ser respeitadas na relação entre fisco e contribuinte, é
que cuida o Direito Tributário, delimitando o poder de tributar e evitando seu exercício
abusivo.
em seus artigos 153 a 156, atribui a competência tributária às pessoas políticas abaixo
arroladas:
• União;
• Estados-membros;
• Municípios; e
• Distrito Federal.
2. TRIBUTO
2.1. Conceito
A Constituição Federal não traz em seu texto a definição de tributo, mas cuida de
uma série de figuras que com ele se assemelham, em decorrência de seu caráter coativo,
impositivo. Dentre elas
• a desapropriação;
• o perdimento de bens;
2
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DIREITO TRIBUTÁRIO
Rubens Gomes de Souza foi convidado para elaborar o Anteprojeto que acabou
sendo transformado no nosso Código Tributário. No artigo 3.º do referido diploma está
contida a definição de tributo.
Há doutrinadores que criticam o Código Tributário Nacional por tal definição, já que
não é dado à lei definir, conceituar, doutrinar. Para aqueles, quem deve fazer doutrina são
os estudiosos e não o legislador. No entanto, Hugo de Brito Machado afirma a necessidade
da lei estabelecer conceitos em razão de controvérsias, assim como legalmente
determinado é o conceito de tributo. Afirma ainda que “realmente não é bom que a lei
defina, mas a definição do art. 3.º do Código Tributário Nacional é de boa qualidade”.
Ainda, de acordo com o entendimento do jurista, havendo um conceito legal de tributo,
torna-se incabível qualquer outro conceito proposto pela doutrina, a qual deverá apenas
examinar seus elementos.
É de se ressaltar que, não obstante ter como função principal a geração de recursos
financeiros para o Estado, o tributo funciona também para interferir no domínio
econômico, a fim de gerar estabilidade. Assim, é dito que o tributo tem função híbrida. A
primeira é denominada função fiscal, enquanto a segunda tem a denominação de função
extrafiscal.
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DIREITO TRIBUTÁRIO
vontades. Assim, ocorrendo o fato que a lei prevê como gerador da obrigação (fato gerador
in concreto ou fato imponível), obrigatório será o pagamento do tributo pelo contribuinte.
Tal inclusão serviu para explicitar o conceito de tributo, lembrando que, em casos
especiais, a lei já autorizava a extinção do crédito tributário por este instituto.
4
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DIREITO TRIBUTÁRIO
O tributo não é penalidade decorrente da prática de ato ilícito, uma vez que o fato
descrito pela lei, que gera o direito de cobrar o tributo (hipótese de incidência) será sempre
algo lícito. Assim, a título de exemplo, mesmo que a origem da renda auferida seja ilícita,
tal renda poderá ser tributada por meio de tributo específico (Imposto sobre a Renda em
Proventos de Qualquer Natureza).
Reafirmando, deve-se ter em conta que a lei não pode dispor, na hipótese de
incidência tributária, a descrição de um fato em si mesmo ilícito, sob pena de o tributo
converter-se em sanção, o que é vedado no caput do artigo 3.º do Código Tributário
Nacional. Portanto, a verificação a ser feita é apenas quanto à hipótese de incidência
tributária, não importando, entretanto, as origens remotas do valor tributado. O desapego às
origens remotas do valor tributado é a denominada “teoria do non olet”. A expressão latina
non olet significa “não cheira”, “não tem cheiro”. Afirmam os doutrinadores que a teoria
mencionada surgiu em Roma, onde o Imperador Vespasiano, em face da escassez na
arrecadação de tributos, instituiu imposto sobre o uso das latrinas (banheiros públicos). Tal
atitude provocou grande descontentamento e revolta nos contribuintes. Dentre os críticos
do imperador estava seu filho, Tito, que, perante a Corte, afirmou que não era conveniente
o império romano se manter por força da arrecadação de valores originários de local tão
sujo e repugnante. Nesta ocasião, Vespasiano pediu que seu filho buscasse um pouco do
dinheiro arrecadado, e, já com o dinheiro nas mãos, determinou que seu filho se
aproximasse e cheirasse. Feito isso, proferiu célebre frase: “Está vendo filho, não tem
cheiro!”, querendo dizer que pouco importava a origem remota do valor arrecadado, se
lícitas, ilícitas, morais ou imorais: basta que as origens próximas do tributo não sejam
ilícitas.
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DIREITO TRIBUTÁRIO
A parte final do artigo 3.º do Código Tributário Nacional determina que a cobrança
do tributo deverá seguir a determinação legal, não cabendo à autoridade administrativa
preterir qualquer critério, quando houver expressa determinação legal.
Com efeito, não pode a autoridade optar pela cobrança ou não, quando a lei
determinar que a cobrança deva ser feita. Assim, ensina Hugo de Brito Machado que ou o
tributo é devido, e, nos termos que a lei determinar, deverá ser cobrado, ou não é devido e,
nos termos da lei, não poderá ser cobrado.
Não obstante isso, o Supremo Tribunal Federal entende que, na realidade, cinco são
as espécies tributárias: impostos, taxas, contribuições de melhoria, contribuições sociais e
empréstimos compulsórios.
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DIREITO TRIBUTÁRIO
Com efeito, o tributo pode ser vinculado, quando seu fato gerador in concreto tiver
relação direta com atividade desenvolvida pelo Estado. São tributos vinculados as taxas,
contribuições de melhoria e contribuições sociais. A título de exemplo, tem-se o caso da
taxa de água, que é cobrada em decorrência do seu fornecimento.
Já o tributo não vinculado dispensa a existência de uma atuação estatal para motivar
sua cobrança. Encontra fundamento no poder de império da pessoa política tributante e
presta-se, via de regra, à formação de fundos para desenvolvimento de seus fins (função
fiscal do tributo). O imposto é tributo não vinculado, e exemplo típico é o imposto sobre a
propriedade de veículo automotor (IPVA), cobrado do contribuinte que possua veículo, não
sendo necessária qualquer contraprestação do Estado.
De acordo com sua finalidade, pode o tributo ser classificado como fiscal, o qual
objetiva a arrecadação de recursos financeiros para o ente tributante; extrafiscal, busca
interferir no domínio econômico, equilibrando relações; e parafiscal, que objetiva custear
entidades que atuam em áreas específicas, não alcançadas pela atividade estatal, como
longa manus do Estado.
Por fim, ainda em relação aos tributos, deve-se salientar que a Constituição Federal
arrolou os “direitos fundamentais do contribuinte”, denominado por alguns autores de
“estatuto do contribuinte”, os quais devem ser respeitados quando da tributação pela
União, Estados, Municípios e Distrito Federal. Estas garantias podem ser encontradas, de
maneira concentrada, no artigo 150 da Carta Magna.
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DIREITO TRIBUTÁRIO
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MÓDULO I
ÉTICA PROFISSIONAL
A Advocacia como Função Essencial
à Administração da Justiça
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ÉTICA PROFISSIONAL
ÉTICA PROFISSIONAL
A CF, no Título IV, trata da Organização dos Poderes. Nos três primeiros capítulos,
encontramos dispositivos relativos ao Poder Legislativo (Capítulo I), Poder Executivo
(Capítulo II) e Poder Judiciário (Capítulo III), dispondo sobre suas estruturas, organização
e funcionamento, e o último está destinado às funções essenciais à Administração da
Justiça, aí compreendidos o MP, a Advocacia Pública, a Advocacia e a Defensoria Pública
(arts. 127 a 135).
1
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 7.ª ed. Ed. RT, 1991. p.503
1
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ÉTICA PROFISSIONAL
Não é possível, portanto, no mundo em que vivemos, tão cheio de conflitos, tão
recheado de injustiças e violações, atingirmos o integral respeito ao ser humano,
instaurando-se a plena dignidade com todos os seus predicados, enfim, construirmos uma
sociedade justa, igual, sem o advogado. Este profissional, com o seu conhecimento técnico,
equilibra relações, estabelece a necessária igualdade no embate com outras partes, muitas
vezes mais fortes e mais preparadas, além do que ele é o pórtico pelo qual as pretensões
podem ser deduzidas no judiciário, invocando-se a necessária resposta jurisdicional aos
conflitos existentes.
Como já sabemos, no plano formal, a igualdade de todos perante a lei, sem distinção
de qualquer natureza, está assegurada no art. 5.º, caput, da Carta Constitucional.
Este princípio, é de destacar, tem várias faces, e uma delas é a igualdade perante a
justiça. De maneira formal, elucida José Afonso da Silva, a igualdade perante a justiça está
assegurada pela CF, ao garantir a todos, indistintamente, o acesso à justiça (consoante o art.
5.º, inc. XXXV, “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a
direito”). Essa igualdade, formal, de acesso à justiça, todavia, é insuficiente, uma vez que
apenas o acesso igualitário e real atende ao interesse de todos, além do que a igualdade
somente se traduz quando há, realmente, a garantia do tratamento paritário no processo.
massas, Mauro Cappelletti refere que esses novos direitos passaram a ser exigidos,
necessitando uma atuação positiva do Estado no sentido de garantir o acesso efetivo à
justiça para assegurá-los. Daí porque “o direito ao acesso efetivo tem sido
progressivamente reconhecido como sendo de importância capital entre os novos direitos
individuais e sociais, uma vez que a titularidade de direitos é destituída de sentido, na
ausência de mecanismos para sua efetiva reivindicação”4.
Nesse sentido, proclama Mauro Cappelletti, “o acesso à justiça pode, portanto, ser
encarado como o requisito fundamental – o mais básico dos direitos humanos – de um
sistema jurídico moderno e igualitário que pretenda garantir, e não apenas proclamar os
direitos de todos”5.
O acesso à jurisdição, completa Luiz Flávio Gomes, “pode e deve ser enfocado tanto
do ponto de vista técnico como econômico: consoante o primeiro, sublinhe-se a
necessidade de o acusado contar sempre com uma assistência técnica efetiva (tema que
será ampliado quando do estudo da garantia da ampla defesa); em relação ao segundo,
impende enfatizar a garantia da assistência jurídica estatal prevista no art. 5.º, inc. LXXIV,
nestes termos: o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que
comprovarem insuficiência de recursos”6.
4
CAPPELLETTI, Mauro. op. cit. p.11
5
Ib. op. cit. p.12-13
6
GOMES, Luiz Flávio. As garantias mínimas do devido processo criminal nos sistemas jurídicos brasileiro
e interamericano: Estudo introdutório in “O Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos e o
Direito Brasileiro”. Luiz Flávio Gomes e Flávia Piovesan (Coord.) São Paulo: Ed. RT, 2000. p.193
3
____________________________________________________________________________ MÓDULO I
ÉTICA PROFISSIONAL
equilibra as relações, além do que cabe a ele, no desenrolar do processo, observar e exigir o
tratamento paritário entre as partes, protegendo aquela que representa.
A CF assegura, no art. 5.º, inc. LIV, que “ninguém será privado da liberdade ou de
seus bens sem o devido processo legal”, deixando também estabelecido, no inciso LV, que
“aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a eles inerentes”.
Evidente que a figura do advogado é indispensável na consecução, na observância e
atendimento desses princípios.
garantia de relevância capital para a proteção dos direitos fundamentais, para a tutela das
partes no processo, bem como para a própria legitimação do exercício da jurisdição no
Estado Democrático de Direito”9.
O contraditório, portanto, exige a ciência bilateral dos atos que possam ser
contrariados, bem como a oportunidade de tal contrariedade, gerando uma indispensável
dialética no processo, ou seja, é necessário que o Juiz proporcione às partes a oportunidade
de se manifestarem sobre a alegação das outras partes, estabelecendo e resguardando a
paridade dos litigantes no embate processual.
as partes, e tal garantia assegura a todos os que estão implicados no processo que possam
produzir provas de maneira ampla, por intermédio de todos os meios lícitos conhecidos.
Luiz Flávio Gomes acentua que “dentre os meios inerentes à ampla defesa a que se
refere o inciso LV do art. 5.º da CF, não resta dúvida de que se incluem os meios
técnicos...”. Em razão disso, complementa, “é da essência da defesa técnica a capacidade
postulatória, inerente aos advogados, o que pressupõe conhecimento técnico (habilitação).
Daí se pode afirmar que é por meio dela que se assegura a eficácia da igualdade entre as
partes dentro do processo, colocando o acusado (geralmente não habilitado) durante toda
persecutio criminis em pé de igualdade com o órgão acusatório, o que resulta em
legitimação não só do devido processo conduzido sob a égide da par conditio, senão da
própria jurisdição”12.
Tendo em conta, portanto, que o Juiz deve se manter eqüidistante das partes, entre
elas e acima delas, garantindo de forma imparcial a solução do conflito de interesses
existente, e tendo em mira que para assim proceder há a necessidade de apenas atuar
quando provocado, para não quebrar a imparcialidade exigível, José Afonso da Silva
vislumbra aí “(...) a justificativa das funções essenciais à justiça, compostas por todas
aquelas atividades profissionais públicas ou privadas, sem as quais o Poder Judiciário não
pode funcionar ou funcionará muito mal”15.
Diante disso, inevitável concluir o quão importante se afigura o advogado para que
o Estado realize uma de suas funções primordiais: realizar a justiça. É por intermédio da
sua atuação que o judiciário é instado a se movimentar e decidir conflitos de interesses, na
tarefa de realizar a justiça.
Acrescentam, ainda, que: “(...) hoje, prevalecendo as idéias do Estado social, em que
ao Estado se reconhece a função fundamental de promover a plena realização dos valores
humanos, isso deve servir, de um lado, para pôr em destaque a função jurisdicional
pacificadora como fator de eliminação dos conflitos que afligem as pessoas e lhes trazem
angústia; de outro, para advertir os encarregados do sistema, quando à necessidade de fazer
do processo um meio efetivo para a realização da justiça”. Concluem considerando que
“(...) o objetivo-síntese do Estado contemporâneo é o bem-comum e, quando se passa ao
estudo da jurisdição, é lícito dizer que a proteção particularizada do bem comum nessa área
é a pacificação com justiça”16.
14
ARAÚJO CINTRA, Antônio Carlos, GRINOVER, Ada Pellegrini, DINAMARCO, Cândido Rangel. op. cit.
p.51-52
15
SILVA, José Afonsa da. op. cit. p.500
16
ARAÚJO CINTRA, Antônio Carlos, GRINOVER, Ada Pellegrini, DINAMARCO, Cândido Rangel. op. cit.
p.24-25
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ÉTICA PROFISSIONAL
Inclusive, cabe lembrar aqui o disposto no art. 5.º, inc. XXXV, da CF, quando
proclama que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a
direito”.
Ora, na medida em que a CF dispõe que toda ameaça ou lesão a direito pode ser
deduzida em juízo, portanto, direito subjetivo de ser exigido o pronunciamento
jurisdicional, que assim garante o princípio da legalidade, e na medida em que a prestação
jurisdicional tem de ser provocada, uma vez que o Juiz não pode agir de ofício, sem ser
provocado, vê-se claramente o papel primordial do advogado no exercício dessa garantia
constitucional.
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LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Drogas
1. INTRODUÇÃO
O uso de drogas sempre fez parte do cotidiano das sociedades. Richard Bucher,
psicanalista, doutor em Psicologia pela Universidade Católica de Lovaina, Bélgica,
enfatiza que “em todas as sociedades sempre existiram drogas, utilizadas com fins
religiosos ou culturais, curativos, relaxantes ou simplesmente prazerosos. Graças às suas
propriedades farmacológicas, certas substâncias naturais propiciam modificações das
1
____________________________________________________________________________ MÓDULO I
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
sensações, do humor e das percepções. Na verdade, o homem desde sempre tenta modificar
suas percepções e sensações, bem como a relação consigo mesmo e com seus meios
naturais e sociais. Recorrer a drogas psicoativas representa uma das inúmeras maneiras de
atingir este objetivo, presente na história de todos os povos, no mundo inteiro.
Antigamente, tais usos eram determinados pelos costumes e hábitos sociais, e ajudaram a
integrar pessoas na comunidade, através de cerimônias coletivas, rituais e festas. Nessas
circunstâncias, consumir drogas não representava perigo para a comunidade, pois estava
sob seu controle. Hoje em dia, ao contrário, assiste-se a um desregulamento destes
costumes, em conseqüência das grandes mudanças sociais e econômicas” (Drogas: o que é
preciso saber para prevenir, 4.ª ed., São Paulo, Imprensa Oficial, 1994, p. 10).
Tal quadro, aliado aos níveis assustadores de violência urbana, certamente merece a
atenção e o trabalho de toda a sociedade. A tarefa reservada aos educadores, informando e
conscientizando a juventude, é fundamental. Ao Direito Penal, por sua vez, também está
reservada importante tarefa. Como meio de controle social que é, cabe à legislação penal
prover o Estado dos meios necessários à prevenção e à repressão do tráfico e do uso ilícitos
de drogas. Mais do que em outras épocas, exige-se do Direito Penal a concretização de seu
papel repressivo ao tráfico de drogas. Em relação ao usuário há, por um lado, pelo menos,
o consenso de que deva ser objeto de um intenso trabalho de prevenção, mais do que de
repressão. Ao dependente, por outro lado, coloca-se à disposição a rede pública para que
lhe seja oferecido o cuidado terapêutico do qual necessita. Os desafios a superar são
imensos e serão, certamente, vencidos com o trabalho sério e constante da sociedade e das
autoridades.
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LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
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LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
5.1. Prevenção
Dever de colaboração
Não há na nova Lei, diversamente do que ocorria com a anterior (art. 4.º, par. ún., da
Lei n. 6.368/76), a alusão a sanções penais ou administrativas em relação aos dirigentes
supracitados que não adotem medidas de prevenção. À época da legislação revogada, a
doutrina manifestava sua perplexidade diante da previsão dessas sanções. No campo penal,
notava-se a completa impropriedade do dispositivo, decorrente da ausência de descrição da
conduta típica. De qualquer forma, os referidos dirigentes dos estabelecimentos apontados
no art. 10 poderão, no entanto, responder penalmente, desde que se comprove que
concorreram para a prática dos crimes definidos da Lei n. 6.368/76.
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LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
A Lei n. 10.409/2002 nos proporcionou uma novidade! O § 2.º do art. 2.º concedeu
ao Poder Público a tarefa de criação de estímulos fiscais ou quaisquer outros, destinados às
pessoas físicas ou jurídicas que colaborarem na prevenção da produção, do tráfico e do uso
de drogas que causem dependência física ou psíquica. Observa-se que a Lei n. 10.409/2002
impôs um dever ao Poder Público, qual seja, o de criar estímulos fiscais e outros, o que
dependerá de norma regulamentadora.
5.1.2. Convênios
Entre os instrumentos de prevenção podemos citar, ainda, nos termos do art. 4.º da
Lei n. 10.409/2002, a possibilidade de a União celebrar convênio com os Estados, com o
Distrito Federal, com os Municípios e com entidades públicas ou privadas, além de
organismos estrangeiros, visando à prevenção, ao tratamento, à fiscalização, ao controle, à
repressão ao tráfico e ao uso indevidos de drogas que causem dependência. O novo
dispositivo, mais abrangente do que o art. 7.º da Lei n. 6.368/76, amplia as opções de
convênio significativamente, permitindo, até mesmo, a colaboração de organismos
estrangeiros.
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LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Frisa-se que as plantações ilegais devem ser destruídas pelas autoridades policiais,
mediante prévia autorização judicial, ouvido o Ministério Público e a Secretaria Nacional
Antidrogas (art. 8.º, § 2.º). A Lei n. 8.257/91 previu e regulamentou a expropriação de
glebas utilizadas em culturas ilegais de plantas psicotrópicas, sem qualquer indenização ao
proprietário e sem o prejuízo das sanções penais decorrentes desse comportamento. Essas
glebas serão destinadas ao assentamento de colonos para o cultivo de produtos alimentícios
ou medicamentosos (art. 1.º da Lei n. 8.257/91).
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____________________________________________________________________________ MÓDULO I
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
5.2. Tratamento
Os artigos 11 a 13 da Lei n. 10.409/2002 (Capítulo II da Lei Antitóxicos) ocupam-se
do dependente e do usuário de drogas. Quanto ao dependente, tenha ou não praticado
infração penal, impõe-se ao Estado a obrigação de prestar-lhe atendimento médico.
O tratamento continua sendo regido também pelo disposto nos arts. 9.º e 10 da Lei
n. 6.368/76, isto é, as redes de serviços de saúde dos Estados e do Distrito Federal
contarão, sempre que necessário e possível, com estabelecimentos próprios para o
tratamento de dependentes de substâncias entorpecentes ou que causem dependência física
ou psíquica. Enquanto tais estabelecimentos não forem criados, serão adaptados os já
existentes. Quanto ao tratamento em regime de internação, ele só será obrigatório:
Tratamento
Cuidando-se de dependente que não praticou infração penal, como interná-lo, caso
seja essa medida extrema a saída para a sua possível libertação do jugo das drogas? A
solução apontada por Vicente Greco Filho estaria na aplicação ao art. 29 do Decreto-Lei n.
891/38. Esse dispositivo dá ao Ministério Público a possibilidade de requerer ao juiz a
internação do toxicômano, tal como o faz nos casos de loucura furiosa, devendo provar a
necessidade do regime de internação. A conclusão da perícia médica, que indicará a melhor
forma de tratamento, sem caráter vinculativo, orientará a decisão judicial.
“Ao dependente que, em razão da prática de qualquer infração penal, for imposta
pena privativa de liberdade ou medida de segurança detentiva, será dispensado tratamento
em ambulatório interno do sistema penitenciário onde estiver cumprindo a sanção
respectiva”.
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____________________________________________________________________________ MÓDULO I
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
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MÓDULO I
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Praça Almeida Júnior, 72 – Liberdade – São Paulo – SP – CEP 01510-010
Tel.: (11) 3346.4600 – Fax: (11) 3277.8834 – www.damasio.com.br
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TUTELA DOS INTERESSES DIFUSOS E COLETIVOS
Interesses Metaindividuais
Inquérito Civil
A norma que caracteriza interesse difuso é uma norma que, embora esteja no Código
de Defesa do Consumidor, possui caráter geral.
Não é possível proceder a identificação de todos quantos possam ter sido expostos à
divulgação enganosa da oferta de um produto ou serviço – veiculada, por exemplo, pela
televisão. Todos que tenham sido expostos têm o mesmo direito e entre eles não há
nenhuma relação jurídica, seja com a parte contrária ou entre si. Também é o que se passa
com a proteção ao meio ambiente. Todos os moradores de um núcleo urbano são afetados
por um dado dano ambiental, bem como os que eventualmente estejam no local (visitantes,
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____________________________________________________________________________ MÓDULO I
TUTELA DOS INTERESSES DIFUSOS E COLETIVOS
turistas). A união dos lesados na categoria de titulares do direito ao meio ambiente sadio é
dada em razão da simples circunstância de estarem no local, nele residirem etc.
Evidentemente, todos também têm o mesmo direito, igual para todos.
Por isso tudo é que se afirma: os direitos difusos pertencem a todos, sem pertencer a
ninguém em particular.
Entre seus titulares ou, ainda, entre estes com a parte contrária, há uma relação
jurídica, uma situação de direito.
Temos o interesse de todos dentro da coletividade, por isso seu objeto é indivisível.
Como ocorre, por exemplo, em uma ação civil pública visando a nulificação de uma
cláusula abusiva de um contrato de adesão; julgada procedente, a sentença não conferirá
um bem divisível para os componentes do grupo lesado. O interesse em que se reconheça a
ilegalidade da cláusula se relaciona a todos os componentes do grupo de forma não
quantificável e, assim, indivisível. Esclarecendo: a ilegalidade da cláusula não será maior
para quem tenha feito mais de um contrato com relação àquele que fez apenas um: a
ilegalidade será igual para todos eles.
Os titulares estão unidos por uma situação jurídica, formando um grupo, classe ou
categoria de pessoas, que deve ser resolvida de modo uniforme.
São interesses que têm a mesma origem, a mesma causa; decorrem da mesma
situação, ainda que sejam individuais. Por serem homogêneos, a lei admite proteção
coletiva, uma única ação e uma única sentença para resolver um problema individual que
2
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TUTELA DOS INTERESSES DIFUSOS E COLETIVOS
Importante:
1.º exemplo: A poluição em cursos de água. Que tipo de interesse foi atingido?
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TUTELA DOS INTERESSES DIFUSOS E COLETIVOS
O estudo objetivo da matéria também pode ser obtido, dentre outros, pela apostila
TUTELA DOS INTERESSES DIFUSOS E COLETIVOS, de autoria do Prof.
FERNANDO CAPEZ, editada pela Edições Paloma.
2. INQUÉRITO CIVIL
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TUTELA DOS INTERESSES DIFUSOS E COLETIVOS
O objeto da investigação é civil. Nele são investigados fatos, não podendo ocorrer a
investigação de crimes. O inquérito civil não substitui o inquérito policial.
• fins penais – em alguns casos o inquérito civil pode colher elementos que sirvam
para investigação penal.
Existem dois entendimentos: um, que prevalece em uma posição mais protecionista,
dispondo que não é crime por causa da falta de tipicidade (o artigo supracitado não
menciona o inquérito civil, caso em que, reconhecer o crime de falso testemunho aqui,
seria ferir o Princípio da Tipicidade); outro dispondo que a mentira caracterizaria o crime
de falso testemunho, pois o inquérito civil é processo administrativo, e, assim, fica
englobado no tipo. Esta é a posição majoritariamente adotada no Ministério Público.
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____________________________________________________________________________ MÓDULO I
TUTELA DOS INTERESSES DIFUSOS E COLETIVOS
Ao contrário do que ocorreu com o artigo 339 do Código Penal, que obteve
alteração da redação do caput, dada pela Lei n. 10.028, de 19 de outubro de 2000, que
inseriu o inquérito civil em seu dispositivo, não fazendo gerar discussão sobre o assunto.
1ª - instauração;
2ª - instrução;
3ª - conclusão ou encerramento.
2.2.1. Instauração
É instaurado, mediante portaria ou despacho ministerial a acolher requerimento ou
representação. O promotor pode baixá-la de ofício ou mediante provocação de alguém, que
represente ao Ministério Público pedindo instauração de inquérito civil.
Caso não haja portaria para instauração do inquérito civil, não haverá conseqüência
grave, pois o inquérito civil é administrativo, não comporta o princípio do rigor das formas
ou o princípio da legalidade restrita. Trata-se de mera irregularidade e não de nulidade
capaz de inviabilizar o procedimento.
2.2.2. Instrução
Refere-se à coleta de provas, oitiva de testemunhas, juntada de documentos,
realização de vistorias, exames, perícias, enfim, a qualquer elemento indiciário.
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TUTELA DOS INTERESSES DIFUSOS E COLETIVOS
Observação:
O sigilo fiscal não tem a mesma garantia do sigilo bancário, assim, o Ministério
Público poderá quebrar o sigilo fiscal, por meio de requisição, em qualquer situação.
Em que pese argumentos contrários, o veto foi totalmente descabido de razão, pois
como vimos, o artigo 113 do próprio Código de Defesa do Consumidor inseriu o § 6º no
artigo 5º da Lei de Ação Civil Pública, prevendo o compromisso de ajustamento, antes
vetado pelo artigo 81 do Código de Defesa do Consumidor. Este parágrafo 6º tem
aplicação subsidiária até mesmo em matéria de defesa do consumidor, com mais razão
aplicá-lo aqui. Fortalecendo os argumentos: o artigo 113 do Código de Defesa do
Consumidor não foi vetado.
2º) arquivamento implícito (ou tácito) – é um erro técnico. Ocorre quando, por
exemplo, se investiga três indiciados e há propositura da ação somente com relação a dois
destes, deixando o promotor de se manifestar com relação ao terceiro.
O Conselho não pode ordenar que o mesmo promotor de justiça que tenha arquivado
o expediente venha a ajuizar ou funcionar na ação, porque violaria o princípio da
independência funcional, desafiando a liberdade de convicção do membro da Instituição.
Na hipótese de conversão em diligência, o mesmo promotor de justiça poderá realizá-la,
salvo se já tiver expressamente recusado a diligência quando da instrução ou do
arquivamento.
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____________________________________________________________________________ MÓDULO I
TUTELA DOS INTERESSES DIFUSOS E COLETIVOS
Essa modalidade de ação tem por objeto a defesa dos interesses difusos, os
interesses coletivos e os interesses individuais homogêneos. São ações de responsabilidade
por danos morais e patrimoniais. (ver artigo 1º, Lei Ação Civil Pública).
Os legitimados3, para ingressar em juízo com uma ação civil pública, são:
1) Ministério Público;
4) Associações civis;
3
A legitimação aqui é concorrente, autônoma e disjuntiva. Cada um dos co-legitimados pode propor a
ação quer litisconsorciando-se com outros, quer fazendo-o isoladamente.
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TUTELA DOS INTERESSES DIFUSOS E COLETIVOS
direitos protegidos por este Código (artigo 82, inciso III, do Código de Defesa
do Consumidor).
Quanto à legitimação das associações civis, para ingresso em juízo com uma ação
civil pública, há exigência legal de preenchimento de dois requisitos:
2º) que a defesa do interesse que será discutido em juízo seja compatível com o
interesse institucional da associação ou do sindicato.
1ª) O Ministério Público não tem legitimidade para proteger interesses individuais
homogêneos. Ao silenciar, a norma constitucional desprezou tal legitimidade, refererindo-
se apenas à defesa de interesses difusos e coletivos.
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____________________________________________________________________________ MÓDULO I
TUTELA DOS INTERESSES DIFUSOS E COLETIVOS
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____________________________________________________________________________ MÓDULO I
TUTELA DOS INTERESSES DIFUSOS E COLETIVOS
Qualquer pessoa, física ou jurídica, pode figurar no pólo passivo de uma ação civil
pública, desde que tenha provocado lesão ou causado ameaça de lesão aos interesses
protegidos pela mesma.
Uma outra visão minoritária é de que a Lei da Ação Civil Pública não criou esse
sistema diferente para o Ministério Público e que devemos adotar o sistema do Código de
Processo Civil; entendendo que a Lei da Ação Civil Pública apenas cria uma exceção
referente às Associações; para elas, somente, deve-se vincular a verba honorária à má-fé da
parte.
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____________________________________________________________________________ MÓDULO I
TUTELA DOS INTERESSES DIFUSOS E COLETIVOS
Caso um dos legitimados ingresse com a ação civil pública, os outros titulares não
poderão ingressar com outra ação versando sobre o mesmo objeto e o mesmo pedido, em
decorrência do fenômeno da substituição processual.
Se a ação civil pública tiver os mesmos titulares, mas se os objetos e pedidos forem
diversos, haverá a possibilidade de ingresso em juízo com outra ação.
Ainda que exista uma ação popular, há a possibilidade de ingresso com ação civil
pública versando sobre o mesmo objeto e pedido. Essa possibilidade decorre do fato de
possuírem titulares distintos, ou seja, na ação popular o titular é qualquer cidadão e na ação
civil pública existe um rol de legitimados.
O litisconsórcio passivo também é possível, uma vez que a ação deverá ser deduzida
contra todos que tenham praticado a lesão ou que tenham, de qualquer modo, para ela,
concorrido.
A desistência, em tese, pode ocorrer, bastando que aquele que tenha promovido a
ação venha dela desistir ou abandoná-la.
O artigo 5º, § 3º, da Lei n. 7.3347/85 dispõe que, se houver desistência infundada ou
abandono da ação proposta por associação, o Ministério Público assumirá a titularidade
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____________________________________________________________________________ MÓDULO I
TUTELA DOS INTERESSES DIFUSOS E COLETIVOS
A desistência pode ser fundada ou infundada, ou seja, cabível em face das provas
(improcedência manifesta, por exemplo) ou contrária às provas existentes. A desistência
infundada e o abandono é que obrigam o Ministério Público a assumir a continuidade da
ação (o pólo ativo). Assim, deverá o promotor de justiça verificar se a desistência desejada
pela parte é ou não infundada, decidindo no segundo caso por assumir o pólo ativo. O
promotor somente estará obrigado se a desistência for incabível, ou seja, infundada.
Respeita-se, aqui, o princípio da Independência Funcional do membro do Ministério
Público.
A regra legal, no entanto, não deve ser interpretada restritivamente. Ela também é
aplicável aos demais legitimados, ainda que, expressamente, somente tenha se referido a
ações promovidas por associações. Assim, todos podem desistir da ação e em todas as
hipóteses poderá ou deverá o Ministério Público assumir a continuidade. O promotor
deverá assumir a ação nas hipóteses de abandono e de desistência infundada.
A primeira posição é a mais aceita e também a correta. Não faz sentido exigir-se que
o membro do Ministério Público dê continuidade a uma ação que já sabe ser
manifestamente improcedente. Não se pode obrigá-lo a demandar sem sucesso,
contrariando as provas e sua convicção. O promotor poderá desistir da ação sempre que a
desistência for fundada. O que não é admitida é a desistência infundada ou o abandono da
ação, hipóteses em que o membro do “Parquet” atuaria com absoluta falta de zelo. Assim,
apenas se FUNDADA a desistência será admitida. Como exemplos temos: erro na
propositura da ação (ação promovida contra aquele que não deve ser o réu); inclusão de
novo pedido (mais amplo e diverso do já deduzido), dentre outras.
3.7. Competência
A competência para propositura de ação civil pública é denominada de
“competência funcional absoluta”. Não admite foro de eleição. Será competente para
apreciação da ação proposta o foro do local da ocorrência do dano.
Caso o dano ocorra em duas ou mais comarcas, a ação civil pública poderá ser
proposta em qualquer uma delas, podendo ser usado o critério da “prevenção”. Caso o
dano atinja uma região inteira de um Estado, a ação deverá ser proposta na Capital deste
Estado (artigo 93, inciso II, do Código de Defesa do Consumidor).
“ STJ - SÚMULA Nº 183 - Compete ao Juiz Estadual, nas Comarcas que não sejam
sede de vara da Justiça Federal, processar e julgar ação civil pública, ainda que a
União figure no processo.”
A Lei n. 7.347/85 não diz que cabe à Justiça Estadual processar e julgar ações civis
públicas, de interesse da União, nas comarcas que não sejam sede de varas federais – como
pretendia a Súmula n.183 do Superior Tribunal de Justiça; assegura apenas que a
competência funcional será a do foro do local do dano. Isso significa que: se tratar de
questão afeta à Justiça Estadual, conhecerá e julgará a causa o juiz estadual que tenha
competência funcional sobre o local do dano; ou então, será o juiz federal que tiver
competência funcional em relação ao local do dano.
Aqui também incide outro problema. É que a Lei n. 9.494/97 alterou o artigo 16 da
Lei n. 7.347/85, impondo uma absurda limitação para os efeitos da coisa julgada (como
adiante veremos). Diz o dispositivo que a sentença somente fará coisa julgada nos limites
da competência territorial do órgão prolator (como se fosse produzir efeitos somente na
circunscrição, na comarca etc). Assim, desejou o legislador que a sentença proferida em
uma comarca não produzisse efeitos em outra. Apesar de absurda, a solução é inócua e não
alterou absolutamente nada. É que a regra de competência a ser aplicada subsidiariamente
é aquela do Código de Defesa do Consumidor, artigo 92, que considera o dano e a sua
abrangência para determinar a competência, ou seja,deve-se verificar se o dano foi de
âmbito nacional, regional ou local.
O instituto da tutela antecipada também é admitido nesse tipo de ação, uma vez
preenchidos os requisitos legais.
Provimentos jurisdicionais são os pedidos que podem ser feitos na ação civil
pública. A lei da ação civil pública menciona a possibilidade de provimento condenatório.
Temos aqui, as multas, como sanções pecuniárias fixadas na sentença condenatória
(astreintes)4, independente de requerimento do autor. Neste tipo de ação, a multa é
denominada multa diária, são devidas em razão do atraso no descumprimento do preceito
contido na sentença. Serão exigíveis em caso de execução, devendo o juiz especificar a
4
Astreintes é palavra francesa que significa penalidade especial infligida ao devedor de uma obrigação
com o propósito de estimulá-lo a sua execução espontânea, e cujo montante se eleva proporcional ou
progressivamente em razão do atraso no cumprimento da obrigação, esclarece o Prof. Hugo Nigro Mazzilli.
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TUTELA DOS INTERESSES DIFUSOS E COLETIVOS
data a partir de quando devam incidir. Além dessa, há possibilidade de imposição, também,
de multa liminar (em decisão liminar- initio litis).
Nada impede que haja na ação civil pública um provimento declaratório. Não há
incompatibilidade teórica; pode não haver utilidade, mas é perfeitamente possível. Também
há possibilidade de provimentos cautelares, de execução e incidentais.
Vimos que a Lei n.º 9.494 de 10 de dezembro de 1997, alterou a Lei n.º 7.347, de
24 de julho de 1985 (Lei da Ação Civil Pública), na redação do seu artigo 16, no tocante a
saber: “A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência
territorial do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência
de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico
fundamento, valendo-se da nova prova” (grifo nosso). A lei limitou a coisa julgada à
competência territorial, desestruturando a lei da ação civil pública. Como essa construção
contraria o sistema, a doutrina é amplamente majoritária, e entende pela inaplicabilidade
dessa limitação, sendo o dispositivo ineficaz. Há autores, como Nelson Nery Junior, que o
interpretam inconstitucional.
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TUTELA DOS INTERESSES DIFUSOS E COLETIVOS
A coisa julgada erga omnes (contra todos) quis a imutabilidade da decisão em todo
grupo social, conglobando toda coletividade, diferentemente da ação com coisa julgada
ultra partes (além das partes), que quis alcançar mais do que as partes envolvidas na ação,
mas menos que toda coletividade, pois limitou a imutabilidade ao grupo, categoria ou
classe de pessoas atingidas.
Novamente, a obra doutrinária do Prof. Hugo Nigro Mazzili (A tutela dos interesses
difusos em juízo) adequadamente complementa o estudo.
5
Quadros sinópticos constantes do livro “A Defesa dos Interesses Difusos em Juízo” – Hugo Nigro
Mazzilli, 13ª edição, 2001 – editora saraiva, p.399.
19
____________________________________________________________________________ MÓDULO I
TUTELA DOS INTERESSES DIFUSOS E COLETIVOS
3.10. Execução
O tipo de execução na ação civil pública será aquela determinada pelo Código de
Processo Civil, pois a Lei da Ação Civil Pública não tem disposição no tocante. Qualquer
dos legitimados ativos para a ação civil pública pode proceder à execução, não sendo
necessário a correspondência com o efetivo autor da ação, uma vez que a legitimação nessa
fase volta a ser concorrente. Trata-se de uma nova ação.
Quando a execução for referente à ação que tutelava interesse difuso ou coletivo, a
indenização obtida será destinada a um Fundo de Recuperação de Interesses
20
____________________________________________________________________________ MÓDULO I
TUTELA DOS INTERESSES DIFUSOS E COLETIVOS
Metaindividuais Lesados (artigo 13 da Lei da Ação Civil Pública). Para o fundo também é
revertido o produto das multas (liminar ou das astreintes).
21
___________________________________________________________________
MÓDULO I
EXERCÍCIOS
EXAME DA ORDEM
__________________________________________________________________
Praça Almeida Júnior, 72 – Liberdade – São Paulo – SP – CEP 01510-010
Tel.: (11) 3346.4600 – Fax: (11) 3277.8834 – www.damasio.com.br
____________________________________________________________________________ MÓDULO I
EXERCÍCIOS
Exame da Ordem
Aluno(a):
DIREITO ADMINISTRATIVO
1
____________________________________________________________________________ MÓDULO I
2
____________________________________________________________________________ MÓDULO I
EXERCÍCIOS
Exame da Ordem
Aluno(a):
DIREITO CIVIL
2. Dispõe o art. 4.º da Lei de Introdução ao Código Civil, que “quando a lei for
omissa, o Juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os
princípios gerais de direito”. Este preceito se refere aos critérios relativos à:
a) eqüidade;
b) integração da norma jurídica ou praeter legem;
c) interpretação lógica;
d) interpretação extensiva;
e) interpretação sistemática;
3. Dispõem:
“Art. 9.º , § 2.º, da LICC – A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída
no lugar em que residir o proponente”.
“Art. 435 do Novo CC – Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi
proposto”.
À face destes textos legais, é correto afirmar:
a) art. 435 do CC revogou o art. 9.º, § 2.º, da LICC;
b) art. 9.º, § 2.º, da LICC foi revogado por tratado internacional de que o Brasil é
signatário, sendo repristinado o art. 435 do CC;
c) art. 9.º, § 2.º, da LICC revogou o art. 435 do CC;
d) os textos acima do art. 9.º, § 2.º, da LICC e do art. 435 do CC estão em vigor;
1
____________________________________________________________________________ MÓDULO I
Alternativas:
a) somente as alternativas I e III estão corretas;
b) somente as alternativas I, II, III e IV estão corretas;
c) somente as alternativas II e IV estão corretas;
d) somente as alternativas I, III e IV estão corretas;
e) somente as alternativas I e V estão corretas.
2
____________________________________________________________________________ MÓDULO I
EXERCÍCIOS
Exame da Ordem
Aluno(a):
DIREITO COMERCIAL
1
____________________________________________________________________________ MÓDULO I
2
____________________________________________________________________________ MÓDULO I
EXERCÍCIOS
Exame da Ordem
Aluno(a):
DIREITO CONSTITUCIONAL
1
____________________________________________________________________________ MÓDULO I
2
____________________________________________________________________________ MÓDULO I
EXERCÍCIOS
Exame da Ordem
Aluno(a):
1
____________________________________________________________________________ MÓDULO I
2
____________________________________________________________________________ MÓDULO I
EXERCÍCIOS
Exame da Ordem
Aluno(a):
DIREITO PENAL
1. Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação
legal. O artigo 1.º do Código Penal abriga os seguintes princípios:
a) legalidade e irretroatividade da lei penal;
b) oficialidade e abolitio criminis;
c) reserva legal e anterioridade da lei penal;
d) novatio legis in mellius e tipicidade.
4. O crime complexo:
a) é aquele que exige maior habilidade do sujeito ativo;
b) possibilita que o prazo do inquérito policial na hipótese de indiciado preso seja
duplicado;
1
____________________________________________________________________________ MÓDULO I
2
____________________________________________________________________________ MÓDULO I
EXERCÍCIOS
Exame da Ordem
Aluno(a):
1
____________________________________________________________________________ MÓDULO I
2
____________________________________________________________________________ MÓDULO I
EXERCÍCIOS
Exame da Ordem
Aluno(a):
4. Segundo dispõe o art. 17, do Código de Processo Penal, a autoridade policial não
poderá mandar arquivar autos do inquérito. A referida norma processual decorre:
a) do princípio do contraditório;
b) do princípio da legalidade;
c) do princípio da indisponibilidade do processo;
d) do princípio da publicidade;
e) do princípio da identidade física do juiz.
5. Em um processo que apura crime de estupro, o Juiz de primeiro grau decide ouvir
duas testemunhas não arroladas por nenhuma das partes. Neste caso, o
Magistrado está agindo conforme o princípio:
a) do contraditório;
b) da verdade formal ou material;
c) da verdade real ou material;
d) da inquisitoriedade.
2
____________________________________________________________________________ MÓDULO I
EXERCÍCIOS
Exame da Ordem
Aluno(a):
DIREITO TRIBUTÁRIO
1
____________________________________________________________________________ MÓDULO I
2
____________________________________________________________________________ MÓDULO I
EXERCÍCIOS
Exame da Ordem
Aluno(a):
ÉTICA PROFISSIONAL
1
____________________________________________________________________________ MÓDULO I
3
____________________________________________________________________________ MÓDULO I
EXERCÍCIOS
Exame da Ordem
Aluno(a):
1
____________________________________________________________________________ MÓDULO I
2
____________________________________________________________________________ MÓDULO I
EXERCÍCIOS
Curso Anual
Aluno(a):
5. Na ação civil pública qual o prazo de que o Ministério Público dispõe, a contar do
trânsito em julgado da sentença, para promover sua execução, caso a associação
autora não o faça?
a) 5 dias.
b) 10 dias.
c) 20 dias.
d) 30 dias.
e) 60 dias.