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INSTRUMENTAÇÃO EM
CIÊNCIAS TÉRMICAS
Saulo Güths
Vicente de Paulo
1998
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Instrumentação em Ciências Térmicas
Sumário
1 - TEMPERATURA ................................................................................................................................. 5
1.1 - TERMÔMETROS DE LÍQUIDO EM VIDRO .............................................................................................. 5
1.2 - TERMÔMETROS DE PRESSÃO ............................................................................................................. 6
1.3 - TERMOPARES................................................................................................................................... 7
1.3.1 - Definição teórica ...................................................................................................................... 7
1.3.2 - Lei dos metais intermediários..................................................................................................... 8
1.3.3 - Junção de referência ................................................................................................................. 9
1.3.4 - Associação dos termopares ...................................................................................................... 10
1.3.5 - Dependência da temperatura................................................................................................... 11
1.3.6 - Característica dos termopares ................................................................................................. 13
1.3.7 - Limites de erro ........................................................................................................................ 14
1.3.8 - Fios de extensão...................................................................................................................... 14
1.3.9 - Método de fabricação.............................................................................................................. 14
1.3.10 - Termopares a eletrodo depositado (Esse item pode ser excluído sem perda de continuidade) ..... 15
1.4 - TERMORESISTÊNCIAS ..................................................................................................................... 19
1.4.1 - Introdução.............................................................................................................................. 19
1.4.2 - Termoresistências metálicas .................................................................................................... 19
1.4.3 - Termistores............................................................................................................................. 20
1.4.4 - Métodos de medição ................................................................................................................ 21
1.4.5 - Auto-aquecimento ................................................................................................................... 23
1.5 - PIRÔMETROS.................................................................................................................................. 24
1.5.1 - Introdução.............................................................................................................................. 24
1.5.2 - Pirômetros óticos .................................................................................................................... 24
1.5.3 - Pirômetros de radiação........................................................................................................... 25
2 - UMIDADE.......................................................................................................................................... 27
2.1 - INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 27
2.2 - INSTRUMENTOS DE M EDIÇÃO ......................................................................................................... 28
2.2.1 - Psicrômetro de bulbo úmido e seco .......................................................................................... 28
2.2.2 - Higrômetro Capacitivo ............................................................................................................ 28
2.2.3 - Higrômetro de espelho ............................................................................................................ 29
2.3 - MÉTODOS DE CALIBRAÇÃO ............................................................................................................ 29
2.3.1 - Soluções Salinas ..................................................................................................................... 29
2.3.2 - O Sistema Saturador-Reaquecedor........................................................................................... 30
3 - FLUXO DE CALOR........................................................................................................................... 31
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Instrumentação em Ciências Térmicas
4 - BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................ 36
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Instrumentação em Ciências Térmicas
IN TRODUÇÃO
Após um período de latência durante os anos 70, onde a explosão dos métodos numéricos prometia a
solução da maioria dos problemas de engenharia, as técnicas experimentais ressurgem assegurando sua posição
não só na própria validação desses métodos, mas como ferramentas indispensáveis na pesquisa de base ou
aplicada. No meio industrial a automatização de processos passou a requerer um maior conhecimento das
variáveis envolvidas, exigindo uma instrumentação mais ampla e confiável.
No domínio de Ciências Térmicas a medição da temperatura tem papel fundamental. Visando uma
melhor formação do engenheiro, e do pesquisador, esse material foi preparado sem a ambição de esgotar o
assunto relativo à instrumentação, mas apresentar os princípios básicos dos instrumentos mais empregados no
campo da engenharia. Alguns dos itens foram adaptados e condensados a partir da obra de Kamal, 1986,
"Técnicas de Medidas e Instrumentação em Engenharia".
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Instrumentação em Ciências Térmicas
1 - TEMPER ATURA
Termômetros de imersão parcial - Os termômetros de imersão parcial são calibrados para leitura correta
quando imersos numa quantidade definida com a porção exposta numa
temperatura definida. Se a parte exposta estiver a uma temperatura diferente
da temperatura de calibração, uma correção deve ser aplicada. Eles são menos
precisos que o tipo de imersão completa, contudo mais fáceis de operar.
imersão parcial
imersão total
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Instrumentação em Ciências Térmicas
O principio de funcionamento desse tipo de instrumento também está baseado na expansão de um fluido
em função da temperatura, mas nesse caso em um ambiente confinado, tendo como resultado um aumento da
pressão. O sistema é geralmente composto de um bulbo, um tubo capilar para transmitir as pressões, um sensor
de pressão (tubo de Bourdon, fole, etc.) junto com um sistema de indicação adequado. Muitos podem apresentar
complexos sistemas de compensação de temperatura.
Eles podem ser classificados em 4 classes, segundo o fluido que preenche o sistema:
Classe I - Sistemas de líquidos (excluindo mercúrio) - O sistema é totalmente preenchido com líquido. O
tolueno é normalmente utilizado, dado seu alto coeficiente de expansão, operando entre -40 oC e 400 oC . Éter e
álcool também são usados.
Classe II - Sistema de vapor - O sistema é parcialmente preenchido com líquido, onde a pressão de vapor,
segundo a lei de Dalton, é somente dependente da temperatura. A interface líquido/vapor deve obrigatoriamente
localizar-se no bulbo, que é o ponto onde deseja-se medir a temperatura. O tubo capilar e o tubo de Bourdon
devem estar completamente preenchidos de líquido, caso operem a uma temperatura mais baixa que o bulbo a
fim de evitar a condensação. Caso operem a uma temperatura mais alta, devem estar preenchidos somente com
vapor, a fim de garantir a interface líquid o/vapor no bulbo. Um artifício utilizado para eliminar possíveis erros
de operação consiste em introduzir um diafragma separador no bulbo. O tubo capilar e o de Bourdon são então
preenchidos com um líquido não volátil.
O sistema de vapor é o mais usado de todos os sistemas de pressão dado seu baixo custo e sua
confiabilidade. A faixa de operação vai de -30 a 120 oC para sistemas a dióxido de enxofre, e de 65 a 200oC
para sistemas preenchido com álcool.
Classe III - Sistemas a gás - Nesse sistema a operação é controlada pela lei de Boyle e Charles para gases
ideais, ou seja, a pressão absoluta do gás é proporcional à temperatura absoluta quando o volume é mantido
constante. Erros por causa da mudança da temperatura ambiental são graves e devem ser corrigidos. A faixa de
utilização vai de -240 a 550 oC para um gás inerte sob pressão moderada.
Classe IV - Sistemas de mercúrio - É idêntico à classe I, sendo que o sistema é preenchido com mercúrio. É
um sistema que apresenta resultados bastante satisfatórios, sendo comum a sua utilização. A faixa de operação
vai de -38 a 550 oC.
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Instrumentação em Ciências Térmicas
1.3 - Termo pa re s
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Instrumentação em Ciências Térmicas
V = α AB (T1 − T2 ) ( 1)
Figura 7 - O termopar
" A soma algébrica das forças termoeletromotivas em um circuito composto de qualquer quantidade de
diferentes materiais é zero, se todo o circuito estiver a uma temperatura uniforme"
Assim, um terceiro material homogêneo
sempre pode ser adicionado em um circuito, não
afetando a f.e.m do mesmo, desde que suas
extremidades estejam a uma mesma temperatura. Ou
seja, o termopar formado pelos materiais A e B não
será afetado pelo material C, se T3 = T4 e T5 = T6 .
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Instrumentação em Ciências Térmicas
O termopar não mede diretamente a temperatura, mas sim uma diferença de temperatura entre dois
corpos. Necessita-se então conhecer uma das temperaturas, chamada junção de referência (ou junta fria).
Uma das juntas de referência
mais utilizadas é o banho de gelo
fundente (0oC). Deve-se usar
preferencialmente água destilada, sendo
o banho fundente obtido através de gelo
com granulometria fina. Para trabalhos
mais precisos, a junção de referência
deve ser mantida num aparelho de ponto
triplo da água cuja temperatura é 0.01 ±
0.0005 oC. Recomenda-se imergir a junta
em banho de óleo ou mer cúrio. Uma
solução mais simples consiste em revestir
os fios com uma camada de verniz
sintético (esmalte de unhas).
A lei dos metais intermediários
permite a ligação de um termopar a junta
de referência aberta, conforme mostrado
Figura 9 - Termopar a junta de referência aberta na Figura 9 , sem que a f.e.m. fornecida
seja alterada. Essa é uma situação
bastante utilizada, pois preserva o
termopar, eliminando a necessidade de interromper o circuito.
Outra forma de ligação bastante utilizada, especialmente quando têm-se uma série de termopares,
consiste em manter a junção de referência a uma temperatura próxima do ambiente, medindo-a através de um
termômetro de bulbo, ou
através de uma
termoresistência. A junta
pode ser um banho líquido,
ou ainda um bloco
metálico com grande
inércia térmica, sendo os
termopares alojados em
orifícios preenchidos com
material condutor
(mercúrio, óleo mineral ou
"pasta térmica").
Existe ainda as
juntas de referência
eletrônicas que começam a
se tornar confiáveis. Trata- Figura 10 - Juntas de referência a temperatura ambiente
se de um circuito integrado
(por exemplo, AD 597) onde a leitura da temperatura de referência é realizada no próprio corpo do circuito.
Como saída, tem -se um sinal elétrico diretamente proporcional a temperatura.
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Instrumentação em Ciências Térmicas
Esse tipo de associação, chamado de "termopilha", indica a soma das diferenças de temperatura.
Permite detectar pequenas diferenças de temperatura, pois o sinal é dependente do número de termopares em
série.
Caso todas as junções estejam à
temperatura T1 e T2 conforme indicado na
Figura 6, a tensão Seebeck (V) será igual a:
V = n α AB (T1 − T2 ) ( 2)
onde n é o número de termopares.
( T1 + T2 + T3 + ...+ Tn
V = α AB − Tref
n
( 3)
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Instrumentação em Ciências Térmicas
Os termopares são, na realidade, transdutores de temperatura não lineares: o poder termoelétrico varia
com a temperatura das junções. O termopar formado pelos metais Cobre / Constantan, possui um poder
termoelétrico α = 40 µV/oC a temperaturas próximas do ambiente, e α = 53 µV/oC a uma temperatura de 200
o
C. A Tabela 1 fornece os valores do poder termoelétrico (α) para diversos tipos de termopares em função da
temperatura.
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Instrumentação em Ciências Térmicas
Tabela 2 - Expansão em séries para termopar tipo T (Cobre/Constantan), para junta de referência a 0oC
(T em oC, V em µV)
Intervalo de f.e.m (µV) Temperatura ( oC)
Temperatura
V = 39.011 x T T = -0,00843
o o 2
-10 C a 100 C + 0.0374 x T +0,0259 x V
-7,11663 10 -7 x V²
+2,85872 10 -11 x V³
V = 38.74077 x T T = -0,01334
-2 2
+ 3.31902 10 x T +0,02593 x V
-4 3
+ 2.07142 10 x T -7,37848 10 -7 x V²
-10 oC a 400 oC - 2.19458 10-6 x T 4 +3,3762 10-11 x V³
+ 1.10319 10-8 x T 5 +6,86583 10-16 x V4
- 3.09275 10 -11 x T 6 -2,68455 10 -19 x V5
+1,96528 10-23 x V6
-6,45578 10 -28 x V7
+8,20458 10-33 x V8
Tabela 3 - Expansão em séries para termopar tipo K (Cromel/Alumel) para junta de referência a 0 oC
(T em oC, V em µV)
Intervalo de f.e.m (µV) Temperatura ( oC)
Temperatura
-10 oC a 200 oC V = 40.938 x T T = 0.0244 x V
2
- 0.0008 x T + 1.123 10 -8 x V2
V = 38.9183 x T
+ 1.66451 10-2 x T 2 Não há nenhuma equação
- 7.87023 10-5 x T 3 inversa disponível para um
grau de acuracidade
-10 oC a 1100 oC + 2.28357 10-7 x T 4 razoável.
- 3.57002 10 -10 x T 5
+ 2.89329 10-13 x T6
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Instrumentação em Ciências Térmicas
Entretanto a forma mais comum para determinar a temperatura a partir da f.e.m fornecida por um
termopar com junta de referência a 0oC é através das Tabelas de Equivalência, apresentadas no Apêndice 1.A
primeira coluna indica a temperatura, em década, e a primeira linha de cada seção a temperatura em unidade. A
f.e.m fornecida pelo termopar é indicada em milivolts. Uma interpolação linear pode ser empregada para obter
uma maior resolução da temperatura obtida.
Caso esteja sendo empregado junta de referência a temperatura diferente de 0oC, deve-se primeiramente
adicionar à f.e.m fornecida pelo termopar a tensão referente à temperatura da junção de referência.
O emprego de tabelas (ou relações) na conversão da f.e.m em temperatura implica que os materiais
utilizados na fabricação do termopar apresentam as mesmas características termofísicas daqueles utilizados na
compilação das mesmas. Mesmo com termopares com pureza elevada a incerteza é da ordem de 0.5 % ou
0.8 oC. Para reduzir essa incerteza, a solução é a calibração de cada termopar (ou do lote).
A escolha de um termopar para um determinada aplicação, deve ser feita considerando todas as
possíveis variáveis, normas exigidas pelo processo e possibilidade de obtenção do mesmo. A Tabela 4 relaciona
os tipos de termopares e a faixa de temperatura usual, com vantagens e restrições.
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Instrumentação em Ciências Térmicas
A Tabela 5 apresenta limites típicos de erro para termopares convencionais com junta de
referência a 0 oC , de acordo com a norma ASTM-E 230/77. Cabe ressaltar que os erros podem ser
reduzidos quando realizado uma calibração prévia.
Trata-se de fios com grau de pureza inferior àqueles definidos por norma para fabricação de
termopares. São introduzidos entre o ponto de medição e a junção de referência, com o objetivo de reduzir
o custo da instalação. A presença desses fios pode introduzir incertezas de até 2 oC dependendo da
temperatura na extremidade do fio de extensão. Essas incertezas podem ser bastante reduzidas calibrando
o sistema com estes fios, e mantendo a mesma temperatura de calibração durante o uso.
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Instrumentação em Ciências Térmicas
1.3.10 - Termopares a eletrodo depositado (Esse item pode ser excluído sem perda de continuidade)
Nas partes não recobertas do circuito bimetálico em presença de um gradiente térmico, a lei de
Ohm local se generaliza sob a forma:
j = σ E - σ α ∇T ( 4)
onde j = vetor densidade de corrente (A/m), σ = condutividade elétrica (Siemens/m), α = poder
termoelétrico (V/K), E = vetor gradiente de potencial elétrico (V/m) e ∇T = vetor gradiente de temperatura
(K/m). Para anular a densidade de corrente local, o gradiente de potencial elétrico deve ser proporcional ao
gradiente de temperatura. A corrente elétrica será anulada se:
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Instrumentação em Ciências Térmicas
E
α = ( 5)
∇T
o que corresponde à definição habitual do poder termoelétrico.
O mesmo método pode ser utilizado para determinar o poder termoelétrico nas regiões recobertas
pelo depósito metálico. Considerando a temperatura constante segundo a direção transversal do circuito, a
corrente elétrica circulando segundo a direção axial deve ser nula.
As expressões das correntes I1 e I2
atravessando as superfícies transversais são
obtidas através das relações de definição:
I1 = ∫ ∫ S1 j1 dS1 e I2 = ∫ ∫ S2 j2 dS2
( 6)
onde S1 , S 2 = área da seções transversais
Figura 15 - Definição das superfícies de integração das 1 e 2. Quando as espessuras do depósito e
densidades de corrente do substrato são constantes e as linhas de
corrente plenamente desenvolvidas, as
equações precedentes se reduzem à:
I1 = S1 j1 e I2 = S2 j2 ( 7)
Por definição, a corrente atravessando a seção transversal da camada bimetálica segundo a direção
O-x deve ser nula, ou seja:
Essa expressão pode ser identificada como a lei de Ohm generalizada aplicada aos condutores
apresentando uma condutividade elétrica equivalente (σ eq).
Por comparação das equações 7 e 8 obtêm-se que a condutividade linear pode ser expressa por:
ou seja
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Instrumentação em Ciências Térmicas
σ 1 S1 + σ 2 S 2
σ eq = ( 11)
S1 + S2
α1 σ 1 S1 + α 2 σ 2 S2
α eq = ( 12)
σ 1 S1 + σ 2 S2
O poder termoelétrico equivalente (α eq) depende então não somente dos poderes termoelétricos
dos materiais envolvidos, mas igualmente das condutividades elétricas e das áreas da seções transversais.
Um termopar realizado por metalização parcial de um fio ou filme metálico gera uma diferença de
potencial, por efeito Seebeck, proporcional à diferença de temperatura entre as extremidades dos eletrodos
depositados (junções termoelétricas).
A diferença de potencial entre os
pontos A e B do circuito (Figura 16) é
obtida por integração do gradiente de
potencial elétrico entre estes dois pontos.
Sendo
∂V ∂T
E = α ∆T ou = α
∂x ∂x
(13)
a integração de A a B conduz à:
Seguindo a mesma metodologia, a diferença de potencial medida por efeito Seebeck (V) é obtida pela
integração do gradiente de potencial sobre o caminho A-D.
B C D
V = ∫ α 1 dT + ∫ α eq dT + ∫ α 1 dT ( 15)
A B C
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Instrumentação em Ciências Térmicas
e considerando que as temperaturas nas extremidades do circuito são iguais (T A=T D), então:
V = (α 1 - α eq ) ( TB - TC) ( 16)
90
poder termoelétrico equivalente (µV / K)
bismuto / antimônio
80
70
60
50 ferro / constantan
cobre / constantan
40
20
10
0
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
S2 / S1
Figura 17 - Diferença do poder termoelétrico em função da relação de áreas (S 2/S 1) (índice 2 = depósito;
índice 1 = substrato)
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Instrumentação em Ciências Térmicas
1.4.1 - Introdução
No mesmo ano que Thomas Seebeck descobriu a termoeletricidade,1821, Sir Humphrey Davy
anunciou que a resistividade dos metais apresentavam uma marcante dependência com a temperatura.
Quinze anos mais tarde Sir William Siemens apresentou a platina como elemento sensor em um
termômetro de resistência. Sua escolha mostrou-se acertada, visto que atualmente um termômetro de
resistência de platina é utilizado como padrão
de interpolação entre -180 oC e 630 oC.
Termoresistência, ou termômetros de
resistência, são nomes genéricos para sensores
que variam sua resistência elétrica com a
temperatura. Os materiais de uso prático
recaem em duas classes principais: condutores
e semicondutores. Os materiais condutores
apareceram primeiro, e historicamente são
chamados de termômetros de resistência ou
termoresistências. Os tipos a semicondutores
apareceram mais recentemente e receberam o
nome de termistores. A diferença básica é a
forma de variação da resistência elétrica com a
temperatura. Nos metais a resistência aumenta
Figura 18 - Resistência elétrica em função da quase que linearmente com a temperatura
temperatura enquanto que nos semicondutores ela varia de
maneira não-linear de forma positiva ou
negativa.
Termoresistências metálicas são construídas a partir de fios ou filmes de platina, cobre, níquel e
tungstênio para aplicações a alta temperatura. A variação da resistência elétrica de materiais metálicos
pode ser representada por uma equação da forma:
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Instrumentação em Ciências Térmicas
considerada linear, com a1= 0.00385 Ω /Ω / K. A Tabela 6 do Apêndice A fornece os valores da resistência
elétrica em função da temperatura para uma sonda PT100.
1.4.3 - Termistores
R = R 0 e β (1/T − 1/ T0 ) ( 18)
A temperatura de referência To é geralmente tomada como 298 K (25 oC) e a constante β = - 4.0
para um NTC. Isso implica num coeficiente de temperatura de -0.0450 comparado com + 0.0038 para a
platina. Uma técnica para reduzir a não linearidade de um termistor consiste em deriva-lo com um resistor
comum, conforme mostrado na Figura 19.
A estabilidade dos primeiros termistores era bastante inferior à das termoresistências metálicas,
mas atualmente eles vem apresentando uma estabilidade aceitável para muitas aplicações industriais e
científicas.
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Instrumentação em Ciências Térmicas
Trata-se da técnica aparentemente mais simples, mas que na verdade exige uma fonte de
corrente constante. Ela pode ser dividida em duas configurações básicas:
É a técnica mais utilizada pois necessita apenas de uma fonte de tensão, que é mais simples que
uma fonte de corrente.
i) - Ligação a dois fios - A tensão de saída (V) da ponte depende da relação entre os resistores e da tensão
de alimentação (U), conforme explicitado em termos de V ou de Rsensor .
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Instrumentação em Ciências Térmicas
R3 V R1
R3 − + 1
V= U
1
−
1 ; Rsensor =
U R2 ( 19)
R1 R3 R1 R
1+ R 1+ + V 1 + 1
2 Rsensor R2 R2
A ligação a dois fios apresenta ainda outro inconveniente: a variação da resistência elétrica dos
cabos de ligação do sensor influencia o sinal da medição. (fenômeno idêntico ao apresentado no item
anterior). A forma de minimizar esse problema é apresentada a seguir.
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Instrumentação em Ciências Térmicas
1.4.5 - Auto-aquecimento
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Instrumentação em Ciências Térmicas
1.5 - Pirômetro s
1.5.1 - Introdução
Pirômetros são sensores de temperatura que utilizam como informação a radiação eletromagnética
emitida pelo corpo a medir. Todo corpo,
com temperatura superior a 0oK, emite
radiação eletromagnética1 com uma
intensidade que depende de sua
temperatura. A intensidade também varia
com o comprimento de onda, conforme
visto na figura a seguir, sendo que a
principal parcela está entre os
comprimentos de onda de 0,1 a 100 µm.
Nessa faixa a radiação eletromagnética é
chamada radiação térmica. Dentro desse
espectro encontra-se a luz visível (de 0,3 a
0,72 µm) e o infravermelho (0,72 a 100
µm).
Os pirômetros são sensores que não
necessitam de contato físico, diferente dos
sensores apresentados anteriormente,
podendo ser divididos em duas classes
distintas:
i - os pirômetros óticos, que atuam dentro
do espectro visível, e
ii - os pirômetros de radiação, que atuam Figura 25 - Emitância espectral de um corpo negro a
numa faixa de comprimento de diferentes temperaturas
onda mais amplo (do visível ao
infravermelho curto)
Os pirômetros óticos atuam dentro do espectro visível, sendo essencialmente um método comparativo. A
energia radiante é medida por comparação fotométrica da claridade do corpo a medir em relação à
claridade de uma fonte padrão, como um filamento de tungstênio de uma lâmpada elétrica projetada para
esse fim. A comparação de claridade é feita pelo observador e é dependente da sensibilidade do olho
humano em distinguir a diferença de claridade entre duas superfícies de mesma cor. Um filtro
1
Uma teoria vigente admite que a radiação seja a propagação de um conjunto de partículas denominadas
fótons. Em qualquer caso, se atribuem à radiação as propriedades típicas de uma onda.
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Instrumentação em Ciências Térmicas
Os pirômetros de
radiação são instrumentos
que medem a taxa de
emissão de energia por
unidade de área numa faixa
de comprimento de onda
relativamente grande,
utilizando um sistema que
coleta a energia visível e
infravermelho de um alvo e
a focaliza em um detetor, Figura 27 - Pirômetro de radiação
sendo convertida em um
sinal elétrico. Somente a
energia emitida entre 0.3 e
20 µm tem magnitude para ser útil, isto é, o visível e o infravermelho próximo.
A energia irradiada por um corpo depende, de fato, da emissividade (ε) de sua superfície. Ela é
máxima para um corpo negro (ε = 1), e próxima de zero para uma superfície polida. Os pirômetros de
radiação são calibrados em relação a um corpo negro, e um fator de correção deve ser empregado quando
a medição é realizada em um corpo com emissividade diferente. Para isso deve-se conhecer a
emissividade da superfície que está sendo medida, o que é um fator de incerteza, visto que a emissividade
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Instrumentação em Ciências Térmicas
varia com o estado da superfície, temperatura, etc. Outro fator de incerteza na medição de corpos com
emissividade inferior a 1 diz respeito à influência dos corpos vizinhos: a radiação emitida por um corpo
vizinho pode vir a ser refletida na superfície de medição e atingir o sensor, falseando a medição.
Outro aspecto diz respeito ao material das lentes utilizado. Materiais como o vidro não transmitem
a radiação em comprimentos de onda superiores a 2.8 µm, o quartzo transmite somente até 4 µm, cálcio
fluorido até 10 µm, e iodeto brometo de tálio até 30 µm (Kaplan, 1989). Na medição de temperaturas mais
baixas deve-se ter em mente essas características na hora de escolher o pirômetro adequado.
Os pirômetros de radiação diferenciam-se pelo tipo de detector, sendo:
Não dependem do comprimento de onda, pois respondem à energia de todo o espectro. São
elementos enegrecidos projetados para absorver o máximo de radiação incidente em todos os
comprimentos de onda. A radiação absorvida provoca aumento de temperatura do detetor até que se atinja
o equilíbrio com perdas de calor para o meio vizinho. Os detectores térmicos medem essa temperatura,
usando termômetros de resistência ou o princípio de termopares (termopilhas). Possuem um tempo de
resposta relativamente grande (1 a 2 segundos).
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Instrumentação em Ciências Térmicas
2 - UMIDADE
Nessa seção serão apresentados alguns instrumentos de medição da umidade do ar, ou seja, de
determinação da quantidade de vapor d’água presente no ar atmosférico. O ar atmosférico é capaz de reter
uma certa quantidade de água na forma de vapor, sendo que essa quantidade é fortemente dependente da
temperatura: quanto maior a temperatura, maior a capacidade de retenção. Se a mistura é continuamente
resfriada, chega-se a um estado chamado "temperatura de saturação", ou "ponto de orvalho", onde
qualquer redução da temperatura provoca uma condensação do vapor d'água. A umidade absoluta (ω), ou
"umidade específica", é definido como a vazão entre as massas de vapor d'água (mv) e de ar seco (ma ).
mv
ω=
ma
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Instrumentação em Ciências Térmicas
É o instrumento mais utilizado para medição da umidade, dado sua simplicidade e pelo fato de
que, a priori, dispensa calibração. Nesse equipamento a mistura escoa ao redor de dois termômetros: um
com o bulbo seco e outro com o bulbo úmido em água destilada. O termômetro de bulbo seco mede
simplesmente a temperatura do ar. Já no de bulbo úmido ocorre o fenômeno de evaporação superficial,
reduzindo a temperatura da mecha até a temperatura de saturação. Afim de garantir que a temperatura
atingida seja realmente a de saturação muitos parâmetros estão envolvidos: velocidade do ar
(recomendado entre 3 e 5 m/s, Norma ASHRAE Standart 41.6), dimensões e textura da mecha, trocas
radiantes, etc. A ventilação pode ser feita manualmente girando os termômetros (tipo reco-reco), ou por
forçada por ventilador conforme mostrado na
Figura 29.
O sensor de umidade uma cápsula porosa (normalmente metálica) que varia a capacitância com a
umidade relativa do ambiente. O sensor é excitado em frequência e a diferença de fase produzida pela
capacitância do sensor é relacionada com a umidade (apresentando dependência com a temperatura
ambiente). Trata-se de um método secundário, necessitando calibração prévia. A incerteza de medição é
superior a 1 %.
É o tipo de sensor mais utilizado a nível industrial. Contudo ele apresenta limitações na medição
de umidades relativas elevadas (> 95%). Um fenômeno chamado absorção secundária provoca uma
histerese de leitura, requerendo a exposição do sensor a ambientes com umidade inferior a 50 % por um
período de 24 horas.
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Instrumentação em Ciências Térmicas
Com o auxílio de um módulo Peltier uma superfície espelhada é resfriada até o início da
condensação: é a temperatura de saturação (ou ponto de orvalho). O início da condensação é relacionado
com uma mudança da refletividade da superfície, detectada por sensores infravermelhos conforme
esquematizado na
Figura 30.
fotoemissor
fotodetector
superfície espelhada
dissipador de calor
Trata-se de um método que, a priori, não necessita de calibração. Contudo o sistema deve ser
capaz de detectar com precisão o momento exato de início da condensação. A incerteza prevista é da
ordem de 0.5 %.
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Esse dispositivo permite a obtenção de qualquer umidade relativa dentro de uma ampla faixa de
temperaturas. Ela é baseada em leis termodinâmicas de saturação do ar, necessitando apenas de dois
banhos com temperatura controlada. O ar é inicialmente saturado a uma dada temperatura (T 1) sendo em
seguida aquecido a T2 num processo onde ele mantém o mesmo teor absoluto de umidade. A precisão do
sistema é diretamente dependente da estabilidade da temperatura dos banhos .
bomba de ar ar saturado a T1
T
T
recipiente de trabalho
elemento
cerâmico
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3 - FLUXO DE CALOR
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A construção da rede
termoelétrica pode ser simplificada
através da utilização do depósito
eletrolítico de uma camada de
cobre sobre um fio de constantan
(princípio descrito na seção
1.3.10), de modo a eliminar a
fabricação de um grande numero
de junções termoelétricas soldadas.
Mas o transdutor continua com
uma grande espessura (em torno de
2 mm), fonte de erro de medição.
Nessa configuração os
termopares são construídos por
técnica de fotogravura e deposição
em vácuo sobre uma parede
auxiliar de pouca espessura (100
µm). Contudo o alto custo e a
dificuldade de construção de
sensores com grandes superfícies
de medição limitam sua utilização.
Figura 35 – Transdutor a furo metalizado
Seu princípio de funcionamento consiste a desviar as linhas de fluxo de calor de modo a gerar
uma diferença de temperatura num plano tangencial ao plano de medição (Güths, 1994). O desvio das
linhas de fluxo é causado pelo contato pontual entre a superfície isotérmica superior e a parede auxiliar,
segundo o esquema mostrado na Figura 36.
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cA VA ′ = cB VB′ ( 25)
que reagrupadas conduzem a:
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P P
cA = e cB = ( 26)
′ ′
VA VB
VA + VB VB + VA
′ ′
VB VA
onde,
cA, cB = constante de calibração dos transdutores A e B (W/V)
VA’,VB’= f.e.m. produzida pelos transdutores na primeira configuração (V)
VA ,VB = f.e.m. produzida pelos transdutores na segunda configuração (V)
P = potência elétrica dissipada pela resistência na primeira configuração (W)
A área do transdutor deve ser conhecida (A) para obter o fluxo de calor por unidade de
superfície ( q&& ).
cV
q&& = ( 27)
A
O fluxo de calor
perdido pelo isolante é
medido por um transdutor
previamente calibrado, sendo
subtraído do valor dissipado
pela resistência aquecedora.
Esse método é
particularmente interessante
para calibração "in situ".
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4 - BIBLIOGRAFIA
• Incropera, F.P. e Witt D.P. Fundamentos de Transferência de Calor e de Massa. Ed. Guanabara, RJ,
1992.
• Doebelin, E. O. Measurement Systems. Application and Design. Ed. McGraw Hill, SP, 1990.
• Kakçac, S. Handbook of Single Phase Convection. Ed. John Willey & Sons, NY, 1987.
• dos Santos Júnior, M. e Irigoyen, E.R. Metrologia Dimensional. Ed. Universitária UFRG, RG, 1985.
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ANEXOS
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