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BARRAMENTO DE INSTRUMENTAÇÃO IEEE 488 (GPIB)

Gustavo Godoy de Lima

Barramento de Instrumentação IEEE 488 (GPIB)


Departamento de Engenharia Elétrica - Universidade Federal do Espírito Santo
Vitória - ES – BRASIL
gusbrure@yahoo.com.br

Resumo – Este artigo apresenta uma equipamentos de medida ao computador. Cada


visão geral sobre o barramento de equipamento teria a sua própria interface
instrumentação GPIB tentando mostrar seu eletrônica e um conjunto padrão de respostas a
funcionamento tanto no nível de software como comandos vindos do computador. O sistema
de hardware. seria facilmente expansível, ligando múltiplos
equipamentos através de conectores especiais
I – INTRODUÇÃO (cabos piggyback). O número máximo de
equipamentos ligados desta maneira estava
O padrão IEEE 488.1, também
limitado a 14 e o comprimento do cabo a 20
conhecido por GPIB (General Purpose Interface
metros.
Bus), descreve um padrão de interface de
O barramento HP-IB foi proposto às
comunicação entre equipamentos e
organizações internacionais de padrões em
controladores de diferentes fabricantes. O
1974, sendo adotado pelo comitê IEC na Europa
mesmo contém informação acerca de
em 1975. Devido a objeções levantadas nos
especificações elétricas, mecânicas e de
EUA por outra grande companhia sobre o nome
funcionamento da interface.
do barramento, foi criado o novo nome: General
Purpose Instrument Bus (GPIB). O barramento
1.1 – HISTÓRICO
GPIB foi formalmente adotado como IEEE 488,
em 1978.
O barramento GPIB foi inventado pela
Hewlett-Packard Corporation em 1974, com o
1.2 – NORMAS
objetivo de simplificar as comunicações entre
equipamentos de medida e computadores. Nessa
O barramento GPIB é descrito por três
altura, os computadores não possuíam portas
normas:
padrões de ligação. Por outro lado, apenas um
• IEEE 488.1 que define os aspectos
número muito restrito de equipamentos de
mecânicos e elétricos
medida apresentava conectores com linhas de
• IEEE 488.2 que trata de relatório de
saída BCD paralelas, para ligação a impressoras
status, comandos padrões e formato de dados.
ou plotters.
• SCPI que define um grupo de comandos
O controle remoto dos equipamentos
estava limitado a um pequeno número de linhas de fácil compreensão para todos os
de entrada num conector, existente na equipamentos.
retaguarda dos mesmos, permitindo a seleção de
um número reduzido de funções ou gamas de II – IEEE 488.1: INTERFACE DIGITAL PADRÃO
medida. Como tal, uma interface especial com o PARA EQUIPAMENTOS PROGRAMÁVEIS
computador teria que ser desenvolvido para
cada equipamento, presente na montagem
experimental. Tal implicava geralmente meses 2.1 – ASPECTOS FUNCIONAIS
de trabalho, mesmo para os sistemas menos
complexos. Existem três tipos de dispositivos que
Um novo barramento, HP-IB (Hewlett- podem ser ligados ao barramento IEEE 488
Packard Instrument Bus) passaria a utilizar um GPIB: os talkers, os listeners e os controladores.
cabo padrão de modo a interligar vários Um talker envia mensagens de dados para o
barramento. Por seu lado, um listener recebe
mensagens de dados do barramento. O 2.2.3 – LINHAS DE GESTÃO DA INTERFACE GPIB
controlador, geralmente o computador, controla
as ligações de comunicação e envia comandos As cinco linhas de gestão do hardware
GPIB para os diferentes dispositivos. fazem a gestão do fluxo de informação através
Alguns dispositivos podem desempenhar do barramento. A descrição destas linhas
mais do que uma função. Por exemplo, um utilizadas no controle de operações do
analisador de espectro pode desempenhar as barramento, é a seguinte:
funções de listener e talker. • ATN (Attention) – Enquanto o
controlador envia mensagens de interface ou
2.2 – LINHAS endereços de dispositivos, o ATN deve estar
no estado verdadeiro. ATN é colocado no
Em termos físicos, o GPIB é composto estado falso quando o barramento está
por 16 linhas (lógica TTL negativa). Estas transmitindo dados;
linhas correspondem às linhas de dados, linhas • EOI (End Or Identify) – Marca o
de handshake e linhas de gestão da interface, último caractere da mensagem ou, em
como visto na figura 1. conjunto com o sinal ATN, de modo a
realizar uma operação de parallel poll.
2.2.1 – LINHAS DE DADOS • IFC (Interface Clear) – O controlador
de sistema ativa a linha IFC para
Oito linhas do barramento GPIB são “desendereçar” todos dispositivos iniciando,
linhas de dados bidirecionais, DIO 1-8. As assim, o barramento;
linhas de dados são responsáveis pela •REN (Remote Enable) – Usado
transferência de dados e mensagens de conjuntamente com mensagens da interface
comandos GPIB. ou endereços de dispositivos, para comutar
os instrumentos em modo de controle remoto
2.2.2 – LINHAS DE HANDSHAKE ou local;
•SRQ (Service Request) – Qualquer
Três linhas de handshake controlam em dispositivo pode ativar essa linha de modo a
modo assíncrono, a transferência de bytes de requisitar, em modo assíncrono, a atenção do
mensagens entre dispositivos. O processo de controlador.
handshake garante que os diferentes
dispositivos enviem e recebem mensagens, nas
linhas de dados, sem erros de transmissão.
As linhas de handshake são assim
responsáveis pela transferência de dados do
aparelho de escrita (talker) para todos os
dispositivos endereçados no estado de leitura
(listeners). O talker controla a linha DAV,
enquanto que os listeners controlam as linhas
NDAC e NRFD:
• NRFD (Not Ready For Data) - O
dispositivo em modo listener está (ou não)
preparado para receber um byte de mensagem.
Também usado pelo talker para sinalizar modo
de transferência GPIB HS-488;
• NDAC (Not Data Accepted) - O
dispositivo em modo listener aceitou (ou não)
um byte de mensagem; Figura 1
• DAV (Data Valid) - O dispositivo em
modo talker indica que os sinais nas linhas
de dados são válidos. 2.3 – ASPECTOS MECÂNICOS E ELÉTRICOS
III – IEEE 488.2: PROTOCOLOS E COMANDOS
Dispositivos com conexão GPIB são
PARA USAR O IEEE 488.1
usualmente conectados com um cabo condutor
blindado de 24 pinos com conexão receptáculo O conceito GPIB expresso no padrão
e tomada (ambas) no fim. Você pode ligar IEEE 488, tornou muita fácil a tarefa de
dispositivos em um ou outro uma configuração conectar fisicamente diferentes dispositivos. No
linear, uma configuração de estrela, ou uma entanto, não permite aos programadores
combinação de ambos como mostrado na figura comunicar, de forma fácil, com os vários
abaixo. equipamentos. Alguns fabricantes de
instrumentação de medida identificam o fim da
resposta dos seus dispositivos recorrendo a um
Carriage Return (CR), outros com uma
seqüência Carriage Return - Linefeed CR-LF ou
apenas um LF.
Regra geral, os nomes de comandos,
sistema de numeração e codificação dependiam
de cada fabricante. Numa tentativa de
uniformização, a Tektronix propôs um conjunto
de padrões em 1985. Este conjunto de propostas
constitui a base para o padrão IEEE 488.2,
adotado em 1987. Em simultâneo, o padrão
original foi redesenhado passando a ser
Figura 2 conhecido como 488.1.
O novo padrão IEEE-488.2 estabelece
O conector padrão é o Amphenol ou Cinch formatos padrões para as mensagens de
Série 57 MICRORIBBON ou tipo AMP dispositivos, um conjunto de comandos comuns,
CHAMP. Para aplicações especiais de um padrão para a estrutura de relatório de status
interconexão, um cabo de adaptador com cabo bem como para protocolos do controlador.
não padronizado e/ou conectores são utilizado. Desta forma foi unificado o controle de
O GPIB usa lógica negativa com níveis padrões equipamentos de medida, fabricados pela
TTL. maioria dos construtores.
O formato padrão para as mensagens
enviadas termina com um LF e/ou declarando
EOI (end or identify) no último caractere da
string. Múltiplos comandos, na mesma
mensagem, são separados através de ponto e
vírgula. Como formato base para as respostas
numéricas, foi utilizado dados de ponto fixado.

3.1 – PROTOCOLOS

Protocolos são rotinas de alto nível que


combinam um número de seqüências de
controle para desempenhar operações de
sistema de teste comuns. IEEE 488.2 define
dois protocolos obrigatórios e seis protocolos
opcionais. Esses protocolos reduzem o tempo de
desenvolvimento porque eles combinam vários
Figura 3 comandos para executar as a maioria das
operações comuns requeridas por qualquer
sistema de teste. Talvez os dois protocolos mais
importantes são FINDLSTN e FINDRQS. O
protocolo do FINDLSTN aproveita a depois o Controlador endereça todos os
capacidade do Controlador de monitorar linhas Listeners. Se o Listener suportar HS488, então o
de barramento para localizar escutando transfere-se usando o HS488 handshake (Figura
dispositivos no barramento. O Controlador 5). Uma Vez esteja o HS488 habilitado, o Talker
implementa o protocolo do FINDLSTN coloca um byte nas linhas de dados espera por
emitindo um endereço de escuta particular e um tempo, afirma DAV, espera mais um tempo,
então monitorando a linha do NDAC handshake nega DAV, e dirige o próximo byte de dados nas
para determinar se um dispositivo existe linhas de dados. O Listener guarda NDAC
naquele endereço. O resultado do protocolo do negado e deve aceitar o byte dentro do tempo
FINDLSTN é uma lista de endereços para todos especificado.
os dispositivos localizados. O protocolo do
FINDRQS é um mecanismo eficiente para
localizar dispositivos que estão solicitando
serviço.

3.2 – HANDSHAKING

O Handshaking é o processo pelo qual


os dados são transferidos assincronamente de
forma controlada. Através desse processo, as
perdas de dados são mínimas.

3.2.1 – IEEE 488 Handshake Figura 5


Nesse processo o Talker afirma o a linha IV – SCPI: COMANDO PADRÃO PARA
DAV e espera o Listener afirmar a linha NFRD.
Após esse processo inicial, os dados são EQUIPAMENTOS PROGRAMÁVEIS
transmitidos. O processo termina após o
Listener receber um EOI e negar o NDAC. Em Abril 1990, um grupo de fabricantes
Todo o processo pode ser visualizado na figura de instrumento anunciou a especificação do
4. SCPI, que define um grupo de comandos para
instrumentos programáveis.
Antes do SCPI, cada fabricante de
instrumento desenvolvia seu próprio grupo de
comandos para seus equipamentos
programáveis. Nessa falta de padronização,
desenvolvedores de sistema de teste tinham que
aprender um número de comandos enorme para
equipamentos específicos.
Por definir uma programação padrão,
SCPI decresce tempo de desenvolvimento e
aumenta a capacidade para trocar instrumentos.
Figura 4 SCPI é um completo, além de
extensível, padrão que unifica comandos de
3.2.2 – HS488 Handshake programação para equipamentos. A primeira
versão do padrão foi liberada em meados de
O HS488 aumenta a quantidade de 1990. Hoje, o Consórcio do SCPI continua a
dados que podem ser transferidos no sistema somar comandos e funcionalidade ao padrão do
por remover demoras de propagação associadas SCPI. SCPI tem seu próprio conjunto de
com as três linhas de handshake. Para habilitar o comandos, além dos comandos obrigatórios do
HS488 handshake, o Talker ativa o NRFD, IEEE 488.2. Embora IEEE 488.2 seja utilizado
como base, SCPI define comandos de
programação que podem ser usados com [6] GPIB Discussions
qualquer tipo de hardware ou de link de http://www.inesinc.com/gpibinfo.htm.
[7] Hewlett-Packard, Tutorial Description of the Hewlett-
comunicação. Packard Interface Bus Hewlett-Packard, Nov. 1987.
SCPI especifica regras padronizadas [8] NI-488.2MTM User Manual for Windows 95 and
para abreviar palavras-chave de comando e usa Windows NT, National Instruments, Inc., Austin, TX,
o protocolo de controle de trocas para formatar 1996.
comandos e parâmetros. [9] IEEE Std 488.2-1992, IEEE Standard Codes, Formats,
Protocols, and Common Commands for Use with IEEE
SCPI oferece vantagens numerosas ao Std 4881.-1987, IEEE Standard Digital Interface for
engenheiro de teste. Uma destas é a que o SCPI Programmable Instrumentation, Institute of Electrical and
fornece um conjunto compreensivo de funções Electronics Engineers, New York, NY, 1992.
de programação cobrindo todas as principais [10] Instrument Communication Handbook, IOTech, Inc.,
funções de um instrumento. Este conjunto Cleveland, OH, 1991.
[11] Instrumentation for Enginnnering Measuments, 2
padronizado de comandos assegura um mais Edição, Jmaes W. Dallly, William F. Riley e Kenneth G.
alto grau de comunicação entre equipamentos e Mc.Connell, Jonh Wiley & Sons, Inc. New York, 1993.
minimiza o esforço envolvido em projetar [12] Process Control Instrumentation Technology, 4
novos sistemas de teste. Edição, Curtis Jonhson, Prentice Hall Career &
Technology, New Jersey, 1993.

Figura 6 - Modelo de Equipamento SCPI

V – CONCLUSÃO
O padrão IEEE 488, também conhecido
como GPIB, vem mostrando-se a melhor
alternativa quando se trata de transferência de
dados entre equipamentos programáveis de
medição, pois reduz a quantidade de protocolos,
formatos de dados e comandos usados na área
de instrumentação.
O uso de apenas três padrões (IEEE
488.1, IEEE 488.2 e SCPI) torna o GPIB um
padrão bem estruturado e fácil de criar
aplicativos.

VI – REFERÊNCIAS
[1] ANSI/IEEE 488.1-1987, IEEE Standard Digital
Interface for Programmable Instrumentation.
[2] ANSI/IEEE 488.2-1992, IEEE Codes, Formats,
Protocols, and Common Commands, and Standard
Commands for Programmable Instruments.
[3] The latest SCPI Standards are published by the SCPI
Consortium.
[4] High speed GPIB
http://ourworld.compuserve.com/homepages/acea/hs_gpi
b.htm
[5] GPIB CHIPS http://www.gpib2000.com/

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