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Celeste Duque

2004-2005
Freud e a
Psicanálise

1856-1939
Porquê usar a Psicanálise e os Modelos
Psicodinâmicos?

• Vantagens
– continuidade histórica
– utilidade clínica
– alguma validação empírica
• Desvantagens
– muitos aspectos não-demonstráveis, não
refutáveis
– altamente inferencial, diminuta fidelidade inter-
juizes
– muitos dos seus elementos entraram em
descrédito
– difícil integrar com modelos neurobiológicos
Postulados básicos da
Psicanálise
• A vida psíquica é determinada.
• O inconsciente desempenha um papel
dominante na determinação do
comportamento humano.
• Os conceitos explicativos mais
importantes são motivacionais.
• A história do organismo é extremamente
importante na determinação do
comportamento actual.
Algumas das características
principais do pensamento de
Freud
• Determinismo
– Crença na continuidade do
reino animal
– Papel das influências
inconscientes
– Ênfase no desenvolvimento
– Ênfase na motivação
– Psicologia aplicada
Determinismo

• Freud parece ter sido um


determinista, se bem que isso não
tenha ficado claramente definido nos
seus escritos.
• Ele estava particularmente
interessado em saber como os
motivos inconscientes afectam os
processos racionais.
Crença na continuidade do
Reino animal

• Influenciado por Darwin, Freud insistiu


que os humanos não tinham razões para
se excluir do reino animal.
• Segundo ele,
– "não existem planos ou propósitos
superiores em andamento.
– As energias físicas causam efeitos – de
alguma forma."
Papel das influências
Inconscientes

Conscient
e
Pré-
consciente
Inconscient
e
Ênfase no
Desenvolvimento

• A teoria psicanalítica dá importância


ao desenvolvimento e ao
crescimento.
• As capacidades variam em função da
idade e acontecimentos nas etapas
iniciais da vida são consequências
para ajustamentos posteriores.
• Mais, há fases de desenvolvimento
identificáveis que devem ser
precorridas de forma a assegurar o
posterior bem-estar e saúde
psicológica.
Ênfase na motivação

• A psicanálise atribui grande


importância à motivação.
• Freud referiu repetidamente a
centralidade do prazer na vida
humana e especificou os
determinantes da sua expressão.
Psicologia Aplicada

• Uma grande parte da energia


intelectual de Freud era dedicada
aos problemas de intervenção eficaz
e do tratamento.
• O termo psicanálise refere-se
simultaneamente tanto a um sistema
de psicologia como a uma técnica de
tratamento.
Grande objectivo da vida e a
sua inevitável Frustração

• Desde o início que o indivíduo procura o


prazer e evita a dor.
• O prazer resulta na satisfação das suas
necessidades, mas o indivíduo depressa
descobre que o mundo não é muito
cooperativo.
• Há muitas fontes de sofrimento (o nosso
corpo, o mundo, outras pessoas), que o
indivíduo tenta evitar através de diversos
métodos (susbstituíndo uma experiência
gratificante por outra, a religião, o amor).
Motivação e Processos
inconscientes

• Orgel (1990) referiu que “a ideia central da


psicanálise inicia-se com o pressuposto
que em cada ser humano existe uma
mente inconsciente."
• As primeiras experiências de Freud com a
hipnose exerceram um grande efeito no
desenvolvimento desta parte da sua
teoria.
• Contudo, a sua visão da motivação era
mais complexa e multidimensional.
Instintos

• O instinto é um estímulo interno que


persiste até encontrar satisfação.
• O instinto possui uma fonte
somática, uma força, um objectivo (a
sua própria satisfação) e um objecto
(que ajudará o indivíduo a alcançar o
seu objectivo).
Instinto de vida

• Estes instintos perpetuam:


(a) A vida do indivíduo, motivando-o
a procurar comida e água;
(b) A vida da espécie, motivando-o a
manter relações sexuais.
• À energia motivacional destes
instintos de vida, Freud designou
por líbido.
líbido
Instinto de morte

• A líbido é algo bem vivo; o princípio do prazer


permite que os indivíduos se movimentem
perpetuamente.
• No entanto, o objectivo de todo este
movimento é ficar parado, ficar satisfeito,
estar em paz, não ter mais necessidades.
• O objectivo da vida é a morte! Freud começou
a acreditar que subjacente aos instintos de
vida estava um instinto de morte. Ele começou
a acreditar que todos os indivíduos possuiam
um desejo inconsciente de morrer.
Personalidade

• Definição:
– Padrões ou elementos relativamente
constantes, duradouros e permanentes
de percepcionar, pensar, sentir e
comportar-se que atribuem ou parecem
atribuir aos sujeitos identidades
separadas.
• Personalidade é um “constructo sumário”
que inclui pensamentos, interesses,
atitudes, capacidades e outros
fenómenos semelhantes.
Estrutura da Mente
Conscie
nte
Pré-consciente

Inconsciente
Teorias Topográficas:
1ª Tópica do Aparelho Psíquico

Divisão do psíquico em:


– consciente;
– inconsciente.
A psicanálise recusa-se a considerar o
consciente como constituindo a
verdadeira essência da vida psíquica.
O consciente é apenas uma qualidade
simples da vida psíquica, podendo
coexistir com outras qualidades, ou não
surgir de todo.
1ª Tópica do Aparelho
Psíquico [cont.]

• “Estar consciente” é antes de mais uma


conceptualização puramente descritiva e
relaciona-se com a percepção mais imediata e
segura: um elemento psíquico nunca é
consciente de forma permanente.
– Um pensamento consciente num dado momento,
deixa de o ser no momento seguinte, mas pode
retornar ao consciente sob certas condições.
– No intervalo ignoramos o que ela é.
• Podemos dizer que está latente (capaz de se
tornar consciente a qualquer momento).
1ª Tópica do Aparelho Psíquico
[cont.]
• Dizer que uma representação ficou, no
intervalo, inconsciente é uma definição
correcta: este estado inconsciente
coincide com o estado latente e a
capacidade de retornar ao consciente.
• A noção de inconsciente obteve-se a
partir de experiências vividas em que
intervém o dinamismo psíquico.
• A teoria psicanalítica parte do
pressuposto que há algumas
representações que são incapazes de se
tornarem conscientes, pois há uma força
1ª Tópica do Aparelho Psíquico
[cont.]
• Sem essa força, elas poderiam tornar-
se conscientes, pelo que elas não são
substancial- mente diferentes de
outros elementos psíquicos.
• O que torna esta teoria irrefutável é
que ela encontrou na técnica
psicanalítica, um meio que:
– permite vencer a força da oposição
e
– trazer ao consciente
• estas representações inconscientes.
inconscientes
1ª Tópica do Aparelho Psíquico
[cont.]

Ao estado em que estas representações se


encontram, antes de voltarem ao consciente,
damos o nome de recalcamento.
recalcamento
A força que produz e mantém o recalcamento
sente-se (durante o trabalho terapêutico) sob
a forma de resistência.
resistência
– O que é recalcado é o protótipo do
inconsciente.
1ª Tópica do Aparelho
Psíquico [cont.]
Duas variedades de inconsciente:
inconsciente
– os factos psíquicos latentes,
latentes susceptíveis de
se tornarem conscientes;
– os factos psíquicos recalcados que, como
tal, e entregues a si mesmo, são incapazes
de acederem ao consciente.
Os factos psíquicos latentes, inconscientes
ao nível descritivo mas não ao nível dinâmico,
são factos pré-conscientes.
pré-conscientes
1ª Tópica do Aparelho Psíquico
[cont.]
• Reserva-se o conceito inconsciente para os
factos psíquicos recalcados, isto é,
dinamicamente inconscientes.
• Estes três termos
• consciente,
• pré-consciente e
• inconsciente
• são fáceis de manipular e dão-nos uma grande
liberdade de movimentos, sob condição de não
esquecermos que, se do ponto de vista
descritivo há duas variedades de inconsciente,
só há uma do ponto de vista dinâmico.
Da 1ª para a 2ª Tópica

• As distinções da 1ª tópica são insuficientes


e insatisfatórias.
• A teoria psicanalítica admite que a vida
psíquica é função de um aparelho, ao qual
atribuímos uma extensão espacial e
partimos do pressuposto que é formado
por diversas partes, como um telescópio.
Estrutura da Personalidade

Id
Ego

Superego
2ª Tópica do Aparelho Psíquico
[cont.]
Id
• A instância psíquica mais arcaica constituinte deste
aparelho designa-se Id.
Id
– O seu conteúdo abrange tudo o que o ser traz consigo
ao nascer, tudo o que é constitucionalmente
determinado, isto é e antes de mais, as pulsões
emanadas da organização somática e que encontram
no Id um primeiro modo de expressão psíquica (sob
formas que nos são desconhecidas).
– Todo o material que se encontra no Id está sob a forma
inconsciente.
inconsciente
2ª Tópica do Aparelho Psíquico
[cont.]
Id
No Id encontram-se quer as pulsões de auto-
conservação, quer as pulsões de destruição.
Id ! Ego
Sob influência do mundo exterior que nos rodeia,
uma fracção do Id sofre uma evolução particular.
A partir da camada cortical original, fornecida com
orgãos aptos a percepcionar os estímulos e a
proteger-se contra eles, estabelece-se uma
organização especial que vai servir de intermediário
entre o Id e o exterior: o Ego.
Ego
2ª Tópica do Aparelho Psíquico
[cont.]

Ego
• No seguimento das relações já estabelecidas entre a
percepção sensorial e as acções musculares, o Ego
passa a dispor do controlo dos movimentos
voluntários.
• O Ego assegura a auto-conservação e, no que diz
respeito ao exterior, assegura a sua tarefa
aprendendo a conhecer os estímulos, acumulando (na
memória) as experiências que eles lhe fornecem.
• O Ego evita os estímulos demasiado fortes (pela
fuga), acomodando-se aos estímulos moderados (pela
adaptação) e, por fim, chegando a modificar de forma
apropriada, e para seu próprio proveito, o mundo
exterior (através da actividade).
2ª Tópica do Aparelho Psíquico
[cont.]
Ego
• No interior, dirige uma acção contra o Id,
adquirindo o controlo das exigências
pulsionais, decidindo se elas podem ser
– satisfeitas no imediato; se podem
– ser adiadas; ou
– se é necessário sufocá-las
completamente.
• Na sua actividade, o Ego guia-se pela tomada em
consideração das tensões provocadas pelos
estímulos de dentro e de fora.
2ª Tópica do Aparelho Psíquico
[cont.]
• Um acréscimo de tensão provoca geralmente o
desprazer e a sua diminuição gera o prazer.
prazer
• O prazer e o desprazer não dependem do grau absoluto
das tensões, mas mais do ritmo das variações destas
últimas.
• O Ego tende para o prazer e evitar o desprazer.
–A todo o aumento esperado do desprazer
corresponde um sinal de angústia e o que dispara
este sinal denomina-se perigo.
perigo
• De tempos a tempos, o Ego, quebrando os
laços que o unem ao mundo exterior, retira-
se para o sono, onde modifica notavelmente
a sua organização.
2ª Tópica do Aparelho Psíquico
[cont.]
Ego ! Superego
• Durante o longo período de infância que o indivíduo
atravessa e durante o qual depende dos seus pais, o
indivíduo em curso de evolução vê formar-se no seu
Ego, como que por uma espécie de precipitação,
uma instância particular, através da qual se
prolonga a influência parental: o Superego.
Superego
• Na medida em que se destaca do Ego, ou se opõe a
ele, o Superego constitui um terceiro poder que o
Ego é obrigado a ter em conta.
2ª Tópica do Aparelho Psíquico
[cont.]
• É considerado como correcto todo o
comportamento do ego que satisfaz em
simultâneo as exigências de:
– Id
– Superego
– Ego
• Sempre, e seja qual for o controlo social, as
particularidades das relações entre o Ego e o
Superego tornam-se melhor comprensíveis se
as relacionarmos com a relação da criança
2ª Tópica do Aparelho Psíquico
[cont.]

Superego
• Não é só a personalidade dos pais que age
sobre a criança, mas, transmitida através
deles, a influência das tradições familiares,
raciais e nacionais, assim como as exigências
do meio social imediato, que eles
representam.
• Ao longo da sua evolução, o Superego do
sujeito modela-se também pelos sucessores
ou substitutos dos pais (certos educadores
ou personalidades que representam no seio
da sociedade ideais respeitados, p.e.)
2ª Tópica do Aparelho Psíquico
[cont.]
Id e Superego
Apesar da sua diferença funcional, o Id e o
Superego têm um ponto em comum: ambos
representam o papel do passado.
– O Id o papel da hereditariedade.
– O Superego, o papel que pediu emprestado a
outros.
– O Ego é sobretudo determinado pelo que o
indivíduo viveu, isto é, o acidental, o actual.
Modelos estrutural e
topográfico da Mente

Consciente

Pré-consciente

Inconsciente
O Mundo
(repleto de objectos)

Percepção e
consciência

Id
(repleto de
desejos e
instintos)

Necessidades físicas
Teoria da sexualidade e o
desenvolvimento da
personalidade
Freud introduz diversos conceitos:
• Zonas erógenas: a boca, o ânus, os órgãos sexuais, etc. Servem
para “descarregar” a tensão e obter prazer;
• Fases: a satisfação dos instintos sexuais passa por fases que
são patamares de desenvolvimento psicológico;
• Fixação: uma pessoa pode ficar fixada em determinada fase e
não conseguir passar às fases seguintes;
• Regressão: determinadas circunstâncias podem fazer o
indivíduo regredir a fases anteriores em termos de obtenção de
prazer.
Fases do desenvolvimento
psicosexual
Freud considerava que a sexualidade das crianças seguia um determinado
trajecto passando por fases, todas elas marcadas por perversão
(actividade sexual não orientada para a procriação)
1.- Fase oral
2.- Fase anal
3.- Fase fálica
4.- Fase de latência
5.- Fase genital
Fase oral

A primeira fase do desenvolvimento


psicossexual é a fase oral.
Nesta fase, as interacções da criança
com o mundo processam-se
primariamente por via da cavidade oral e
há aprendizagem primitiva sobre as
respostas do mundo às actividades orais,
como o chorar e o chuchar.
Fase oral (0-12/18 meses)
• A zona erógena do bebé, nos primeiros meses, é
constituída pelos lábios e pela cavidade bucal.
• A alimentação é uma grande fonte de satisfação.
Quando o bebé tem fome, está inquieto e chora;
quando é alimentado, fica saciado e feliz. O mamar
dá um grande prazer ao bebé. O chupar o seio é,
para os freudianos, representado como a primeira
actividade sexual. Como o seio não está sempre
presente, é por vezes substituído pelo próprio
dedo: atitude auto-erótica.
Fase oral (0-12/18 meses)
• É nesta fase que se determina, em grande
parte, todas as escolhas posteriores de
objectos sexuais.
• Existem várias modalidades na obtenção
de satisfação oral. Algumas crianças
tendem a sugar, outras a reter, outras
gostam de tocar, outras de morder, outras
ainda tendem a cuspir ou a fechar a boca.
Todas estas são formas de prazer oral,
estabilizando algumas crianças numas
formas e outras noutras.
Fase oral (0-12/18 meses)
• A criança nasce num estado indiferenciado, sem ter
consciência de que o seu corpo se diferencia do da mãe. A
qualidade das relações entre a mãe e o bebé vai reflectir-se
na vida futura.
• O estádio oral é constituído por um período em que a criança
é muito passiva e dependente e por um outro período, na
época do desmame, em que a criança é mais activa e pode
mesmo morder o seio ou o biberão. Pode-se, então,
estabelecer duas subfases na fase oral:
1.ª Fase (primeiros 6 meses) – o prazer é sugar.
2.ª Fase (a partir dos 6 meses) –o prazer é morder.
Fase oral (0-12/18 meses)
• O desmame corresponde a uma frustração que vai
situar a criança em relação à realidade do mundo.
• Na forma como se lida com o prazer oral podem
surgir algumas psicopatologias (estas surgem
quer do excesso quer da carência).
• Há mães que adoram dar de mamar mas que,
quando as crianças começam a morder, se tornam
insensíveis às suas necessidades. Quando a mãe
não satisfaz a criança oralmente, ela ficará sempre
com essa necessidade. A isso se chama
traumatismo; algo que não se recebeu e que fica
por realizar, que não foi vivido na altura certa e
que a criança fica com necessidade de viver.
Fixação
Freud usa este termo para descrever o que ocorre
quando uma pessoa não progride normalmente de
uma fase para outra, mas permanece muito envolvido
numa fase particular.
Uma pessoa fixada numa determinada fase terá
tendência a satisfazer as suas necessidades de forma
mais simples ou infantil, ao invés das formas mais
adultas que resultariam de um desenvolvimento
normal.
Fixação e
regressão
O furto equivale a um sintoma psíquico, tem um significado, uma
finalidade (resolver uma situação de angústia e obter gratificações
regressivas) e uma motivação psicológica.
Na totalidade dos casos estudados, é observada uma intensa fixação
na fase oral do desenvolvimento libidinal.
Na adolescência, esta fixação manifesta-se através de uma
ambivalência afectiva importante.
A relação estabelecida com os objectos é de submissão e
dependência, assim como de revolta e agressão não manifestos.
Fixação e
regressão
A dependência no plano oral a um objecto
amoroso que é perdido, a mãe ou as pessoas que
a representam, configura a situação característica
que antecede o acto de furtar em todos os casos.
Tais perdas ocorrem em função de uma
excessiva procura de satisfação oral, que,
impossível de ser saciada, termina gerando a
frustração que o furto visa eliminar.
Fixação e
regressão
A recuperação sádica do objecto de satisfação oral perdido,
ou seja, o leite e o seio maternos, estão simbolizados nos
objectos furtados.
O furto tem o sentido de agressão, uma vingança, contra o
objecto frustrador, que representa a mãe, e também é uma
medida defensiva contra a depressão originada pelo
sentimento de perda deste objecto.
Fixação e
regressão
Com o roubo ou acto de violênciao indivíduo obtém,
frequentemente, o propósito emocional de restabelecer o prestígio
interior, sentimento de bravura e autoconfiança.
Estes actos são demonstrações de dureza e agressividade que
encobrem a insegurança e debilidade interiores, inconscientes.
Tais factores emocionais, acrescidos dos propósitos racionais de
obter poder, conduzem normalmente ao desenvolvimento de uma
conduta criminosa, nos casos em que só um destes factores não
seria suficiente para provocá-la.
Esta talvez seja a explicação para o facto de que a maioria dos
crimes não ocorrem apenas nas classes economicamente menos
favorecidas, mas, também, no grupo dos indivíduos
emocionalmente insatisfeitos.
O significado da amamentação
• A amamentação não é apenas uma forma de
transmissão de nutrientes da mãe para o filho, mas
também uma forma de contacto que permite à mãe ficar
a conhecer um pouco melhor os comportamentos e
reacções do filho.
• Os bebés nascem com alguns reflexos, mas é normal
que tenham dificuldades em mamar, por estarem
cansados, sem fome ou sob o efeito de medicamentos.
• Neste período de adaptação é muito importante a
paciência e carinho por parte da mãe e a prática por
parte do filho, já que facilmente desenvolvem as
técnicas mais adequadas.
• A primeira mamada, deve ser encorajada o mais cedo
possível, ou seja, logo a seguir ao parto. Embora a mãe
não tenha ainda leite nos primeiros dias, já segrega um
líquido denominado colostro, que possui proteínas e
anticorpos maternos, muito importantes para a saúde
do bébé.
Fase anal
Segundo Freud, nos segundo e terceiro anos
de vida, a criança desenvolve uma
consciência profunda dos prazeres associados
com a retenção e a expulsão das fezes (fase
anal).
A expressão deste prazer pode entrar em
conflito com as normas sociais e, desta forma,
criar dificuldades especiais que devem ser
negociadas com cuidado para a criança se
desenvolver normalmente.
Fase Anal - Este estágio do desenvolvimento psicossexual é activado
pela maturação do controle neuromuscular sobre os esfíncteres,
especialmente o esfíncter anal, permitindo, desse modo, maior controle
voluntário sobre a retenção ou a expulsão das fezes.
Fase anal
• Esfíncteres são “válvulas” que temos no nosso
organismo, neste caso, existem dois tipos de esfíncteres
anais, um interno e outro externo, situados no final do
recto. Os esfíncteres externos constituem o ânus.
• Nesta fase a criança desenvolve uma certa autonomia e
começa a afirmar-se com a palavra “Não”.
• O ensino do asseio vai implicar uma renúncia, um “favor”
que faz aos pais.
• A criança considera as fezes como parte integrante de si,
portanto, sempre que defeca ela entende que é um
presente, muito valioso, que oferece aos pais, pois este
sai de dentro do seu próprio corpo.
Fase anal

• Quando se recusa a defecar, é o modo que tem para


desafiar a autoridade parental e reafirmar que as
fezes são dela. A este processo Freud designou
Neurose Anal, isto é, a criança insiste em reter o
que lhe pertence, mostrando ao mesmo tempo um
certo prazer com isso. A este prazer Freud deu o
nome de Sadismo Anal.
• Uma outra característica é a Ambivalência que
reside no facto de a criança tratar as fezes de
maneira contraditória, isto é, por um lado, retém o
objecto que ama e, por outro, expele a matéria para
fora do corpo.
Fase anal
Freud pensava que os conflitos excessivos, durante este
estádio Anal, podiam dar lugar a uma personalidade adulta
que iria apresentar os três atributos do carácter anal:
• Ordem compulsiva – a criança torna-se limpa de tal forma
que o seu pensamento é: “Não me posso sujar”;
• Obstinação – a sua teimosia em forma de afirmação é:
“Não me podes obrigar, se eu não quiser”;
• Mesquinhez – recusa em partilhar o que entende ser seu
por direito.
Fase anal
Segundo Freud, a educação do asseio demasiado restrita ou
demasiado tolerante pode determinar a personalidade
adulta.
A formação de traços e valores da criança depende do
método específico de treino usado, regra geral, pela mãe.
Desta forma:
• Se a mãe for muito rígida e repressiva pode levar a criança a
ter prisão de ventre e esta tenderá a desenvolver um
carácter repressivo (avareza e obstinação).
• Se a mãe apelar à criança, elogiando-a para que se sinta
recompensada, esta tenderá a desenvolver um carácter
expulsivo (tolerância, submissão, generosidade).
Traços patológicos são traços de carácter mal adaptados,
aparentemente inconscientes, são derivados do erotismo anal
e das defesas contra o mesmo.
Os traços do carácter anal derivados de uma fixação nas
funções anais são:
! Regularidade
! Pertinácia (obstinação)
! Teimosia
! Voluntariedade
! Frugalidade (moderação)
! Parcimónia (Explicação simples das coisas sem usar factos complicados)
Quando as defesas contra os traços anais são menos
eficazes, o carácter anal revela traços de elevada
ambivalência, desordem, desafio, cólera e tendências
sadomasoquistas. As características e defesas anais são
vistas mais facilmente nas neuroses obsessivo-compulsivas.
Psicopatologias

Paranóia - neurose de defesa, o


paciente projecta os seus sentimentos
homicidas e/ou destrutivos sobre o
mundo. A sua forma de agir é ficar
numa atitude defensiva, isto é, como
pensa que está constantemente a ser
perseguido por alguém que o quer
matar vai desconfiar de tudo e de
todos chegando por exemplo a
procurar em todos os lugares para ver
se não está alguma bomba escondida
que teria como fim matá-lo.
Ciúme Patológico

O indivíduo sente ciúmes de tudo e de todos.


Por exemplo: uma pessoa que insiste em acusar o seu cônjuge
de infidelidade, contrata detectives, coloca gravadores por
toda a casa e interpreta qualquer cumprimento, gesto ou até a
forma de vestir como provas indiscutíveis de adultério, pode
chegar ao ponto de agredir fisicamente ou ameaçar de morte o
cônjuge, caso o outro não confesse “a verdade”.
Obsessivo-Compulsivo
O indivíduo com esta patologia, passa a praticar actos que,
por serem repetitivos, se tornam em rituais.
Por exemplo, doentes que tenham medo de se
contaminarem com germes podem estar constantemente
a lavar as mãos até fazerem ferida. Os sintomas
compulsivos mais comuns são:
!Lavar-se para se descontaminar;
!Repetir determinados gestos;
!Verificar se as coisas estão como deveriam: porta
trancada, gás desligado, etc;
!Tocar objectos;
!Contar objectos;
!Ordenar ou arrumar os objectos;
!Rezar.
Racionalização

Criar uma falsa teoria


para ocultar a angústia do
que verdadeiramente se
sente.
Frase-chave - “só faço
isto para teu próprio bem”

Cena do Filme “Beleza Americana”


Fase fálica

A fase fálica, o período que medeia os


3 e 5 anos, caracteriza-se pela criança
desenvolver um interesse pelos seus
orgãos genitais e pelos dos seus pais.
Freud acreditava que, nesta altura, a
criança começa a identificar-se com o
progenitor do sexo oposto.
INTRODUÇÃO

Para Freud , o desenvolvimento humano e a constituição do aparelho psíquico são


explicados pela evolução da psicossexualidade. A função sexual existe desde o principio de
vida, logo após o nascimento e não só a partir da puberdade. A sexualidade vai evoluindo
através de estádios, com predomínio de uma zona erógena(epiderme ou mucosa) que quando
estimulada dá prazer.
Um conceito muito importante da teoria psicanalítica é a existência da sexualidade infantil
que envolve todo o corpo, é pré-genital, pré-genitais são as organizações da vida sexual em
que zonas genitais ainda não chegaram á sua forma normal,(duas organizações pré-genitais é
a fase oral e outra a fase sádico-anal), e não centrada no aparelho genital é nos primeiros anos
de vida auto-erótica.
O período da sexualidade é longo e complexo até chegar a sexualidade adulta, onde as
funções de reprodução e de obtenção de prazer podem estar associadas, tanto no homem,
como na mulher.
No processo de desenvolvimento psicossexual, o indivíduo encontra o prazer no próprio
corpo, pois nos primeiros meses de vida, a função sexual está intimamente ligada á
sobrevivência. o corpo é erotizado e há um desenvolvimento progressivo também ligado a
modificações das formas de gratificação e de relação com o objecto.
Freud considera cinco estádios de desenvolvimento: estádio oral, estádio anal, estádio
fálico, estádio de latência e o estádio genital.
FASE FÁLICA:

Freud considerava esta fase da teoria do desenvolvimento psicossexual, como sendo a mais
importante.
O triângulo familiar do amor e do ciúme e do medo que se encontra na origem da moralidade
interiorizada e a partir do qual se desenvolve a identificação da criança com o progenitor do
sexo oposto, é designado pelo complexo de Édipo/Electra (por vezes os grandes cientistas
psicólogos recorrem aos antigos mitos para explicar muitos distúrbios humanos a nível
psicológico e até mental) Sigmund Freud viu nesta lenda o modelo dum conflito fundamental
do homem: a representação do desejo sexual inconsciente e universal de cada filho pela mãe e
da consequente rivalidade em relação ao pai. Segundo a teoria freudiana esta lenda caracteriza
uma fase do desenvolvimento psicológico infantil, mas que pode conduzir a perturbações que,
caso não sejam tratadas, se traduzem mais tarde na idade adulta em perturbações neuróticas. O
que Édipo na lenda não podia saber representa na realidade psicológica o que é recalcado no
inconsciente.
Conta a lenda grega que ao filho do rei Laio do reinado de Tebas, Édipo, um oráculo
vaticinou, que um dia ele mataria o pai, o rei de Tebas, e casaria com sua mãe. Em
consequência o rei mandou matar o filho, mas em segredo um criado abandonou-o vivo numa
encosta de pés atados. Um pastor recolheu-o e deu-lhe um nome que significa "pés inchados".
Mais tarde um rei e sua esposa, do reinado de Corinto, adaptaram a criança e educaram-na
como se fosse seu filho numa cidade distante.
Mais tarde, Édipo, já adulto, e sobre dúvidas crescentes sobre a sua origem levou-o a
consultar um oráculo que lhe afirmou: "Tu matarás o teu pai e casarás com tua mãe". Édipo
afastou-se então dos seus pais adoptivos para escapar a estas fatalidades. Na sua fuga travou
uma violenta discussão na estrada com um desconhecido e matou-o, sem suspeitar que era o
seu pai.
Por esse tempo um monstro, a Esfinge, devastava os arredores de Tebas devorando os
viajantes que não adivinhavam os seus enigmas. Creon, sucessor de Laio, prometera a mão
de Jocasta e o trono a quem livrasse o País do monstro.
Defrontou uma esfinge, monstro com cabeça de mulher e corpo de leão, que matava todas
as pessoas que não conseguiam decifrar os seus enigmas, à qual lhe perguntou: "Qual o animal
que anda com quatro patas de manhã, com duas ao meio dia e com três ao anoitecer?". E Édipo
respondeu "O homem que caminha com as mãos e os pés no chão quando criança, mantém-se
de pé sobre as duas pernas na sequência da Vida e precisa apoiar-se numa bengala quando
envelhece".
Édipo decifrou o enigma e o monstro lançou-se ao mar. Creonte, irmão da rainha Jocasta já
viúva, que era a mãe de Édipo, tinha prometido a mão desta a quem libertasse Tebas do terror
da Esfinge. Édipo entretanto viajou para Tebas, e deste modo desposou a rainha Jocasta sem
saber que era a sua mãe. Posteriormente descobriu com horror que o estranho que matara era
seu pai e que tinha desposado sua mãe. Jocasta enforcou-se. Édipo furou os seus próprios
olhos, partindo para o exílio com sua filha Antígona.
O Rei Édipo de uma produção de 1955, realizada por Tyrone
Guthrie com Douglas Campbell, no papel do titulo

Segundo Freud, na infância todos os homens e mulheres reencenam-se num drama familiar
análogo. Dado que acabou por considerar que a sucessão dos passos ser um pouco divergente
nos dois sexos.
O complexo de castração e a teoria do monismo fálico constituem o eixo central das
teorizações de Freud sobre o complexo de Édipo. Ele postula, logo no inicio da sua obra a
universalidade do pénis. Num texto de 1980 intitulado “Teorias Sexuais Infantis” o qual se
baseia na experiência clinica a saber o caso pequeno Hans, Freud constata que a criança ao
observar a mãe nua ao invés de ver ali os órgãos sexuais da mulher, interpreta a vagina como
falta a mãe é vista como castrada. Portanto, os sexos diferenciam-se segundo a percepção da
presença ou da ausência do pénis. Vejamos uma passagem do texto: “(...) em vez de constatar
a falta do membro, ele diz constantemente à guisa de consolo e conciliação: é que o pénis
ainda é pequeno, mas quando ela for maior ele crescerá”
Começamos por abordar a teoria de como surge a sexualidade genital nos rapazes (Freud,
1905).
Primeiro Acto

Amor e Ódio

Por volta dos três ou quatro anos de idade, com o início do estado fálico, o rapaz
experimenta um crescente interesse pelo seu pénis (Freud, ainda utiliza o termo pénis,
embora nesta época o conceito já seja utilizado no sentido simbólico, no entanto é só em
1923 no texto “A Organização Genital Infantil” que o termo falo será utilizado. Ele já não
fala mais na universalidade do pénis, mas do primado falo), que se torna fonte de orgulho e
prazer. Masturba-se e isso traz-lhe satisfação mas não é suficiente. A pulsão erótica busca
um objecto externo. A escolha inevitável é a mãe (ou um seu substituto). Afinal ele já se
lhe encontra vinculado através das variadas gratificações que ela lhe proporcionou ao
longo do estádio oral. Nada mais lógico do que orientar as pulsões fálicas para esta fonte
de todos os prazeres. Em alguns casos, esta tendência é intensificada pela própria mãe que
demonstra um interesse especial pelo seu «homenzinho». (Um padrão análogo observa-se
nos pais, que com frequência, são especialmente afeiçoados as filhas)
O rapazinho quer estar junto da mãe, quer tocá-la , acariciá-la. Além disso, talvez tenha
algumas fantasias vagamente eróticas com ela, quando toca no pénis. Ele descobriu o seu
primeiro parceiro sexual. Mas, há um obstáculo o seu próprio pai. O rapazinho quer ter a sua
mãe só para si, como consoladora e companheira erótica, mas esta utopia sexual está fora de
questão. O pai é um rival e é maior. O rapazinho deseja que o pai se vá embora e não volte,
que morra. Isto não significa que o desejo da morte do pai por parte da criança, tenha algo a
ver com o mesmo desejo enquanto desejo criminoso do adulto, pois o rapazinho tem uma
concepção tão infantil da morte como da sexualidade do adulto. Como observa Freud, tudo
isto pode não ser<muito em comparação com os actos trágicos de Édipo, mas é o suficiente.
O drama familiar representa-se na arena do quarto da criança mas o padrão fundamental é
o mesmo: um amor pela mãe e um ciúme do pai.
Segundo Acto

Medo e Renuncia
Nesta altura entra o novo elemento no drama da família. O rapazinho começa a recear o pai
de quem tem ciúmes. Que está na origem deste medo? Freud indica varias causa. Em primeiro
lugar, os pais entretanto descobriram e condenaram a prática masturbatória do filho. Podem
tê-lo feito com grande severidade; no tempo de Freud, havia muitas vezes ameaças de
consequências terríveis. Daí que as sensações agradáveis do pénis e os pensamentos
associados ficassem ligados à ansiedade. Acresce que há ódio ciumento do rapaz para com o
pai o qual acaba por reverter sobre si próprio. O rapazinho está convencido de que o pai sabe
da sua hostilidade de filho e que, com certeza, reagirá com ódio.
Com lógica infantil o rapazinho pensa que o castigo pode ser à medida do horror do seu
crime. O mesmo órgão com que pecou será o objecto de sofrimento. O resultado é a ansiedade
de castração agravada por todas as ameaças eventualmente proferidas pelos pais, quando o
viram a masturbar-se. Segue-se que o rapaz tenta enterrar os sentimentos hostis mas estes
recusam-se a ficar sepultados retornam e a única defesa que resta é a projecção, ou seja “eu
odeio o pai porque o pai odeia-me a mim ”. Isto só pode reforçar o medo do rapaz que aumenta
o seu ódio que é novamente enterrado e que retorna e leva a maior projecção ainda. Este
processo cresce em espiral até o pai acabar por ser visto como o papão esmagador que ameaça
castrar o filho.
Terceiro Acto

Renuncia e Vitória final

Como o circulo vicioso continua, a ansiedade do menino acaba por se tornar insuportável.
Nesta altura abandona a luta, renuncia à mãe como objecto erótico e renuncia mais ou menos
aos prazeres genitais, pelo menos por algum tempo. Em lugar disso identifica-se com o pai.
Concluí que, tornando-se semelhante a ele, acabará por possuir uma companheira erótica do
tipo da que o pai possuí naquele momento. Se não a mãe pelo menos então alguém com ela
parecido.
Segundo Freud, a renuncia ao problema édipiano é realizada através do recalcamento de
todas as pulsões, sentimento e lembranças do drama familiar. Um resido permanente é o
superego, a voz interiorizada do pai que admoesta por dentro o filho.
Freud considerava que a extinção da inquietação do conflito édipiano se seguia por um
período de relativa acalmia sexual que se estende entre os cinco e os doze anos, que é o
período de latência durante o qual a sexualidade fálica se mantém adormecida.
Complexo de Electra

Indicamos em linhas gerais o relato de Freud acerca da odisseia psicossexual masculina


até à sexualidade adulta. Que acontece na mulher? Na perspectiva de Freud, ela passa
essencialmente pelas mesmas fases oral e anal que o homem. E, em muitos aspectos o
desenvolvimento dos interesses fálicos (Freud usou o mesmo termo para ambos os sexos. É
simétrico dos do homem do mesmo modo que este concentra os interesses eróticos na mãe
ela concentra-os no pai. Do mesmo modo que ele ressente e acaba por temer o pai, também
ela a mãe. Em resumo existe uma versão feminina do complexo de Édipo por vezes
considerado complexo de Electra, segundo a trágica heroína grega que incitou o irmão a
matar a mãe).
Electra. Na tragédia de Eugénio O’Neill, O luto devém Electra, o mito de Electra é situado no período da
guerra civil Americana. Com as peças gregas de que deriva, a tragédia de O’Neill centra-se no ódio
criminosos que uma filha nutre pela mãe.

Mas existe uma dificuldade teórica, como começa a rapariga a desejar o pai em primeiro
lugar? Uma vez que o processo vinculativo se iniciou com a mãe. Segundo Freud, este vinculo
inicial era basicamente sexual. Mas, se assim é como se justifica a mudança de objecto sexual
na rapariga. Para dar resposta a esta questão Freud elaborou um esquema que, em geral, é
encarado como um dos aspectos mais fracos da sua teoria. A mudança de vinculo iniciara-se
quando a rapariga descobre que de facto não tem um pénis. Segundo Freud ela encara esta
falta como uma catástrofe e desenvolve a inveja do pénis.
O rapazinho podia temer a vir a ser castrado; ela crê que já o é e sente-se desvalorizada. Uma
consequência consiste em ela retirar o seu amor da mãe que considera igualmente indigna. A
rapariga quer um pénis, mas como o conseguir? Volta-se para o pai que tem de facto o órgão
almejado e que ela crê poder ajudá-la a obter um pénis substituto, ou seja um filho. Nesta
altura, orienta a afecção para o pai. Daqui por diante, o resto do processo desenvolve-se mais
ou menos analogamente ao seu correlativo no rapaz: amor do pai, ciúme da mãe, medo
crescente da mãe, recalcamento final de todo o complexo e identificação com a mãe (Freud,
1925, 1933).
Período de Latência

O Período de Latência situa-se entre a fase fálica e a fase genital relativamente ao


desenvolvimento psicossexual de Freud. Após a vivência do Complexo de Édipo ou Electra e
com o superego já formado, a criança entra numa fase de latência.
Este período ocorre desde os 5/6 anos até à puberdade e é nesta fase que vai ocorrer a
amnésia infantil, ou seja, a criança vai esquecer alguns acontecimentos e sensações vividas
nos primeiros anos de vida e da sua sexualidade. A criança vai reprimir no seu inconsciente as
experiências que a perturbam, que ocorreram nas fases anteriores, e isto acontece através de
mecanismos de defesa do ego, tal como, o recalcamento e a sublimação.
Neste período dá-se uma diminuição da actividade sexual que pode ser total ou parcial. A
energia sexual é canalizada para a aquisição de novos conhecimentos e a criança vai poder
desenvolver competências e fazer aprendizagens diversas, a nível escolar, social e cultural, de
um modo mais calmo e com mais disponibilidade interior.
Este período coincide com a entrada da criança na escola e uma das grandes
aprendizagens que a criança faz é a compreensão dos papéis sexuais, ou seja, o que é ser
mulher e o que é ser homem na sociedade em que se insere. Neste período, também as
relações que a criança estabelece com colegas e professores ganham especial importância. O
superego vai manifestar-se em preocupações morais o que vai ajudar a controlar a libido
(pulsão com uma energia sexual).
Durante o Período de Latência constituem-se as forças psíquicas que irão constituir um
obstáculo aos impulsos sexuais que vêm mais tarde, forças essas que se designam por inibições
sexuais.
Podemos então questionar de que forma se constituem estas inibições sexuais?
Neste período, as tendências sexuais da criança deixam de ser tão “profundas” e são
aplicadas a outros fins através do processo de sublimação que é fundamental no
desenvolvimento da criança. Podemos definir sublimação como um processo em que o
indivíduo substitui o fim ou o objecto das pulsões para que estas possam ser socialmente
aceites. Este processo para ser eficaz, implica que o objecto de substituição satisfaça o
indivíduo de forma real ou simbólica. Frequentemente, a sublimação é feita através de
substituições com valor moral e social elevado.
Podemos então referir que neste período, dá-se uma mudança ao nível da sexualidade do
indivíduo e que essa mudança é importante para a educação, socialização e é essencial para o
desenvolvimento da criança.
FASE GENITAL

O impulso provém do exterior do organismo e provoca excitação, e produz um certo


trabalho na vida psíquica. Distinguem-se uns dos outros pelas relações que por um lado os
unem ás suas fontes somáticas e por outro lado o seu fim. O impulso surge com a excitação
de um órgão e termina com o fim da excitação orgânica. O impulso sexual parcial provem da
zona erógena que é uma região da epiderme ou da mucosa que é excitada de certa maneira,
procura uma sensação de prazer de uma qualidade particular..
Desde muito cedo a criança desencadeia comportamentos que lhe trazem prazer e um
exemplo disso é a sucção do seio materno, e aqui os lábios da criança desempenham o papel
da zona erógena e a excitação causada pelo fluxo do leite quente provoca nela prazer. Mais
tarde a criança deixa de se servir de um objecto exterior ao seu corpo passando a chuchar
preferindo uma parte da sua própria epiderme.
Aos três caracteres da sexualidade infantil são: quando ainda não conhece o objecto sexual,
quando é auto-erótica (encontra o seu objecto no seu próprio corpo), e o fim determinado pela
actividade de uma zona erógena. Tal como a sucção qualquer parte do corpo pode adquirir a
excitabilidade do aparelho genital e elevar- se ao nível de zona erógena, assim como qualquer
zona da epiderme ou da mucosa pode servir de zona erógena tendo características próprias
para esse uso.
O fim sexual do impulso na criança consiste na satisfação que ela teve com a excitação de
zona erógena.
O fim da sexualidade é substituir a sensação de excitação projectada na zona erógena por
uma excitação exterior que a acalme e crie um sentimento de satisfação. A excitação exterior é
muitas vezes uma manipulação análoga á sucção.
As manifestações sexuais infantis apresentam principalmente um carácter masturbatório.
Com o inicio da puberdade aparecem transformações que conduzirão a vida sexual infantil á
sua forma definitiva e normal, o impulso sexual vai agora descobrir o objecto sexual. Algumas
transformações que se farão na puberdade são a subordinação de todas as excitações sexuais,
seja qual for a sua origem, ao primado das zonas genitais; em seguida, o processo pelo qual o
objecto é encontrado. Dão-se agora transformações tanto no Homem como na Mulher.
Para determinar o processo da puberdade desenvolve-se o aparelho genital externo, cuja
suspensão relativa de crescimento corresponde ao período de latencia sexual da infância. Ao
mesmo tempo, o desenvolvimento dos órgãos genitais internos levou á maturidade os
produtos genitais e tornou-os capazes de formarem um novo ser. As excitações provêem: do
mundo exterior pelo estímulo das zonas erógenas; procedem do interior do organismo; ou
partindo da vida psíquica que se apresenta como um reservatório de impressões exteriores e
um posto de recepção para as excitações interiores.
Vai-se estabelecer um tipo de relação adulta em que o relacionamento com o objecto de
amor privilegiado passa pela zona erógena. Quando há excitação sexual tem que haver um
certo grau de tensão sexual para que as zonas erógenas possam entrar em estado de
excitação. Com a descoberta do objecto sexual a criança viu no seu conjunto a pessoa a
quem pertencia o órgão que lhe dava uma satisfação, ou seja encontrar o objecto sexual não é
mais do que encontrar-se.
O período de latência que se prolonga até á puberdade caracteriza-se por uma diminuição
das actividades sexuais, como um intervalo.
A fase genital é atingida na adolescência quando o objecto de erotização ou de desejo não
está mais no próprio corpo, mas em um objecto externo ao indivíduo – o outro. Assim
meninos e meninas estão conscientes das suas identidades sexuais distintas e procuram
formas de satisfazer as suas necessidades eróticas e interpessoais.
A adolescência é um período de mudanças no qual o jovem tem que elaborar a perda da
identidade infantil e dos pais da infância para que pouco a pouco possa assumir uma
identidade adulta.
De acordo com Freud, com a chegada da puberdade, os interesses sexuais são novamente
despertados. Durante a fase genital (adolescência, através da idade adulta até á chegada da
senilidade), as pessoas orientam-se para outras na medida em que interagem nas actividades da
sua cultura. Até esta ocasião, os seres humanos estiveram absorvidos pelos seus próprios
corpos e necessidades imediatas. Agora precisam formar relacionamentos sexuais satisfatórios.
Freud acreditava com um laço heterossexual maduro é a marca registada da maturidade. Se a
energia estiver amarrada por causa de gratificação ou frustração excessiva nas fases mais
baixas do desenvolvimento, os adolescentes não poderão enfrentar este desafio.
Concluindo o estado genital tem como características novas pulsões; prevalência de uma
sexualidade genital e reactivação do complexo de Édipo, pois o adolescente vai reactivar o
complexo de Édipo e a sua liquidação está ligada a um processo de autonomização dos
adolescentes em relação aos pais idealizados, como eram sentidos na infância. O adolescente
poderá, assim, fazer escolhas sexuais fora do mundo familiar, bem como adaptar-se a um
conjunto de exigências socioculturais.
CONCLUSÃO

Esta teoria do desenvolvimento psicossexual foi amplamente atacada tanto no campo


cientifico como no político. Por exemplo porque quer a rapariga um pénis? (e se o quer
porque acusa a mãe por falta dele?) Que ela inveje o papel social do irmão numa cultura em
que os homens têm mais poder e estatuto não é de admirar. Mas não há qualquer prova de
que ela inveje mais o específico órgão masculino enquanto tal do que o papel e o estatuto
que a masculinidade confere em muitas culturas. Conclui-se que a teoria de Freud sobre o
desenvolvimento psicossexual feminino é inadequado.

Freud começou com a premissa básica de que o vinculo inicial à mãe é sexual.
Estabelecido este ponto, teve que encontrar uma explicação para a mudança posterior da
escolha sexual da rapariga, mas esta primeira premissa é bastante suspeita pois os vínculos
filial e sexual com certeza não provém da mesma fonte biológica. Por consequência, não há
necessidade de postular qualquer diferença intrínseca no padrão do desenvolvimento
psicossexual dos homens e das mulheres. Em geral, os homens escolhem mulheres e as
mulheres escolhem homens quase sempre em virtude de tendências que são plausivelmente
reforçadas por factores culturais. Nestas circunstancias, o desenvolvimento é simétrico.
Permanece em aberto se Freud tem razão no que se refere ao triângulo familiar básico.
Mas se a tiver, o drama desenrola-se do mesmo modo e independentemente de o papel
principal ser desempenhado por um rapaz ou por uma rapariga.
O drama familiar tem muitas vezes um elenco maior do que três por conseguinte os
amores e ciúmes e os medos podem ser mais complexos. Pode existir um sentimento
erótico entre o irmão e a irmã, também pode haver rivalidade paterna.
Segundo Freud, os padrões do amor, medo e ódio infantis, desenvolvidos na primeira
constelação familiar, permanecem como o fundamento de tudo o que segue. Do seu
ponto de vista as bases da personalidade adulta são estabelecidas durante estes primeiros
cinco ou seis anos. A menos que sobrevenham acontecimentos drásticos, todas as
pessoas estão destinadas a reactivar o seu próprio drama da infância uma e outra vez para
o resto da vida, o diálogo pode ser mais evoluído mas a trama subjacente é sempre a
mesma.
Período de latência

O período de latência localiza-se entre


a fase fálica e a fase genital.

No período de latência não há uma


localização óbvia do interesse erótico.
Fase genital

A fase genital está associada com


os anos da adolescência e é
marcada pelo desenvolvimento de
laços emocionais com membros do
sexo oposto.

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