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RESUMO
O presente trabalho discute as origens da creche no Brasil desde a época da colônia, quando
começou a ser defendida sua existência, até os dias atuais. Aponta as rupturas e os continuísmos
do atendimento, sobretudo em relação à população de baixa renda. Finaliza exemplificando com a
situação atual do atendimento à população de baixo poder aquisitivo do município de Niterói, onde
foi realizado um levantamento das condições de atendimento nas creches filantrópicas e
comunitárias e vem sendo desenvolvido um projeto de assessoria pedagógica às creches
comunitárias.
PALAVRAS-CHAVE:
EDUCAÇÃO INFANTIL - CRECHE - FORMAÇÃO DO PROFESSOR
A educação infantil no Brasil, embora obrigatória por lei desde 1988, atende ainda a uma
pequena parcela da população de baixa renda. O escasso atendimento existente possui muitas
sentiu a necessidade de mapear a situação do atendimento a esta faixa etária por instituições não
de um banco de dados destas instituições teve como objetivo criar subsídios para a capacitação de
vem, desde 1988 , prestando assessoria pedagógica a creches que atendem à população de baixa
quinto município mais populoso do Estado do Rio de Janeiro. Nas décadas de 60/70, verificou-se o
1
As autoras agradecem às alunas e ex-alunas Ana Paula Lanter, Anésia Gilio, Liana Pessoa, Márcia
Nunes, Penha Mabel Nascimento e Valquíria Gonçalves pela colaboração prestada na realização do
presente trabalho.
2
Doutora em Psicologia pela UFRJ.
Prof. Adjunto da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense
e.mail: mvittoria@bigfoot.com.br
3
Mestre em Educação pela PUC/RJ.
Prof. Assistente da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense
e.mail: ameyer@hexanet.com.br
aprofundamento do processo de periferização urbana, com o aumento das áreas de moradia das
do Rio de Janeiro e do interior do Estado. Neste sentido o governo vem se estruturando para
Os dados relativos à composição etária do Município revelam que 29,5% da população era
jovem. Destes, 10,6% tinham até seis anos de idade; 13,9% estavam em idade escolar (sete a
Niterói, observa-se que quase um terço deles vivia em situação de pobreza: 31,8% tinha renda
média de até dois salários-mínimos mensais, proporção inferior àquela encontrada para a região
(43,7%). Cerca de 19,3% declaram ter renda mensal entre cinco e dez salários-mínimos e 22,5%
Município é muito pobre, tendo em vista que os chefes de domicílio, geralmente, são responsáveis
por 75% da renda domiciliar. A proporção de crianças menores de seis anos de idade que residiam
em domicílios cujos chefes não ganhavam mais de dois salários-mínimos por mês era de 40,8%,
percentual que corresponde a 19.120 crianças. Segundo levantamento realizado pela Prefeitura de
Niterói (1996, p.34) o Município dispõe de 8.073 vagas em creches e pré-escolas públicas
renda. Mesmo que estas vagas fossem utilizadas exclusivamente pelas crianças que residem em
domicílios cujos chefes não ganham mais de dois salários-mínimos por mês, haveriam vagas
crianças, e 5 comunitárias, atendendo a 195 crianças. Para todas foi preenchido um questionário
de avaliação quantitativa, que investigou as condições das instalações das creches e o nível de
escolaridade e condições trabalhistas dos profissionais (tipo de vínculo, carga horária, salário,
tempo de serviço). Foi também preenchido um relatório qualitativo que versou sobre a concepção
de educação adotada.
anos, tendo uma média de 19 anos. Já as comunitárias têm de 2 a 12 anos , com uma média de 5
anos de existência.
Embora atendam ao mesmo público famílias com renda de até um salário mínimo, cujas
características restritivas e autoritárias. Já as creches comunitárias, por sua própria origem de luta
históricas destas duas modalidades de atendimento. As creches filantrópicas têm sua origem
ligada ao movimento higienista que se desenvolveu ao longo do século XIX, dentro das faculdades
medicina com as mulheres das classes abastadas, assim como a difusão de ensinamento às mães
pobres continuarão sendo a finalidade do movimento. A filantropia se põe a serviço do Estado para
assegurar uma população adulta moral e fisicamente saudável. A creche, que sai do plano do
discurso e ganha uma existência factual, será marcada por essas características.
Janeiro, que tinha em meio a seus objetivos, o fomento à criação de asilos de maternidade e
creches. Com efeito, em 1908 é inaugurada a creche Sra. Alfredo Pinto. O modelo de atendimento
é médico. As atendentes são enfermeiras com uniforme branco e touca com cruz vermelha na
cabeça. Paredes e chão são cobertos de azulejos e os berços, mesas, cadeiras e armários, são de
ferro. Numa série de fotografias realizadas em 1929, por ocasião da inauguração de um novo
edifício do Instituto (Moncorvo Filho, 1931), não se vê um único brinquedo nem é feita menção à
Vinte anos após a criação do Instituto, o poder público se mantém omisso, o que leva
encontramos o incentivo à criação de creches, escolas maternas e jardins de infância. Dez anos
cidades.
A higiene porém não se esgota na prevenção dos males físicos. Também os morais
precisam ser combatidos. Em sua série de conferências para mães pobres, pronunciadas entre
medicina, mas também a fatos ligados aos costumes, como o uso da chupeta, ingestão de bebida
alcoólica por parte dos pais, jogos infantis e educação propriamente dita: se é correto ou não
bater na criança, que exemplos lhe devem ser dados, quando devem ser enviados à escola, etc.
delinquência infantil. Vicente Piragibe, em um artigo de 1937 (apud Vasconcelos & Sampaio,
1938), aponta dois fatores causais para a delinquência: os hereditários e os ambientais. Dentre os
através do ambiente familiar, aparecendo como fatores etiológicos: mãe que trabalha fora, pais
infância:
que trabalhavam e faziam uso das creches recém-criadas? Que tipo de atendimento e apoio estas
lhe prestavam?
tipo de atividade onde a mulher parecia ser imprescindível - o trabalho doméstico. Liberar a
mulher para exercê-lo, e bem formá-la para tal, não escapa às preocupações dos higienistas.
professora da Escola Normal de São João d’El -Rey defende uma solução curiosa. Alarmada com
os grandes perigos das amas-secas, que por pertencerem às camadas menos favorecidas,
ardentemente a instrução para tarefas domésticas, das meninas mantidas em orfanatos. Com essa
finalidade aconselha a criação de creches e jardins de infância que lhes sejam anexos, onde as
Chamausset em 1787 defende, na França, a utilização dos bastardos para tarefas nacionais, como
a colonização, a milícia e a marinha, tarefas para as quais eles estariam perfeitamente adaptados
pelo fato de não possuirem vínculos familiares (Donzelot, 1980, p. 16). Não eram também no
do Estado? ( Cony, s.d.). Segundo esta lógica, a conferencista propõe uma solução para um
Vasconcelos & Sampaio (1938) preocupados com as altas taxas de mortalidade das
crianças entregues às criadeiras, constatam que elas são, em sua maioria, filhas de empregadas
domésticas.
O autor aponta a creche como solução para o problema e cita como exemplo o
atendimento da Casa do Pobre de Copacabana. Em seu relatório de 1934 a 1935, seus dirigentes
“As creches de depósito sempre foram, ao nosso ver, das mais úteis
instituições para o combate à mortalidade infantil. As serviçais, na falta de
estabelecimentos como o nosso, são obrigadas a entregar seus filhos as
chamadas ‘criadeiras’, que capricham em aumentar o nosso obituário infantil
pela ignorância de quaisquer rudimentos de puericultura.” (Vasconcelos &
Sampaio, 1938, p. 229, grifos nossos)
Este autor reconhece porém ser a creche uma instituição pouco adequada à realidade de
vida da empregada doméstica. As que não dormem no emprego não possuem horário de trabalho
utilização do internato.
Rizzini (et alii, 1984) exemplifica este processo através do estudo de uma instituição
específica. Fundada em 1928, dedica-se até 1937 ao atendimento médico infantil em sistema
às mães. Em 1937, nesta instituição, criou-se uma creche destinada, segundo o relatório anual,
Apesar de constar nos relatórios a fundação de uma creche, o que se formava, na realidade, era
A ampla utilização, por muitos anos, dos termos creche, internato e orfanato para designar
o mesmo tipo de instituição - onde as crianças não retornam diariamente a seus lares - é em
grande parte responsável pelo preconceito social em relação à creche. Se os estudos sobre os
efeitos da creche, no desenvolvimento infantil, mostram não ser este prejudicado, o mesmo não
ocorre em relação aos internatos. Uma ampla e difundida literatura psicológica denuncia os efeitos
Embora Vasconcelos aconselhe a creche para todas “as mulheres que são forçadas a
trabalhar” (1938, grifo nosso) e defenda “sua construção nas grandes casas de comércio e
indústria” (1938, p. 238), na prática, a maioria atenderá aos filhos de empregadas domésticas.
país, até dezembro de 1937. Destas, 27 encontram-se no Rio de Janeiro, sendo apenas três
anexas a estabelecimentos industriais. Em todo o Estado de São Paulo existia apenas uma creche
crianças de maior nível sócio-econômico estavam excluídas por motivos ideológicos óbvios. Afinal
os higienistas são unânimes em afirmar que “os filhos dos casais abastados ou remediados
devem ser assistidos pelos próprios pais” (Vasconcelos & Sampaio, 1938, p. 253, grifado no
original). Por outro lado, a oferta de mão de obra feminina e masculina não justificava, para o
o filho da operária.
A empregada doméstica porém era indispensável. As donas de casa não podiam substituí-
la, como os empresários, pela mão de obra masculina e o serviço se tornava impossível com seus
filhos pequenos por perto. A necessidade do trabalho materno, portanto, incentivava a formação
de creches. Um outro fator veio se somar a este: a propagação, pelas mulheres das classes
abastadas, dos valores higiênicos, sua associação ao trabalho filantrópico, descrita por Donzelot
(1980).
A criação de creches por mulheres das classes média e alta atendia portanto a essa dupla
função: abrigar os filhos das empregadas domésticas e difundir os preceitos higiênicos entre os
menos favorecidos. Para atender a esta finalidade em muitas creches funcionavam ‘consultórios
para lactentes’ onde os médicos prestavam, “no momento em que as mães iam buscar os filhos,
uma série de conselhos relativos à puericultura” (Vasconcelos & Sampaio, 1938, p. 238)
Se a mãe que utilizava a creche era por definição faltosa, já que não cuidava
pessoalmente do filho, ela tinha um atenuante: por pertencer às classes populares, a educação
que forneceria à criança, seria, de qualquer forma, inadequada. Utilizando a creche ela pelo
menos aprenderia a ser uma boa mãe. Seguindo os conselhos higiênicos, expiaria esta segunda
com a mulher burguesa. Do primeiro herdaram o modelo médico e os conselhos que deveriam
A creche por sua vez ganha a conotação que em parte a acompanha até hoje: o lugar do
abandono, usado em último recurso pelo filho do pobre. Ali serão depositados estes “entesinhos
deserdados da sorte” (Rizzini, 1984, p.114) e se fará não mais do que abrigá-los da morte. Afinal,
permanecem até hoje. Podemos observar, entretanto, a partir de 1970, transformações no campo
social que influenciarão no surgimento de outra modalidade de creche para atender a população
causas principais: o ‘milagre’ econômico criado pelo regime militar e o início da atuação, no Brasil,
concentração de renda.
procurar emprego para aumentar a escassa renda familiar. A necessidade de ter com quem deixar
os filhos durante a jornada de trabalho, pressiona o aumento da demanda popular por creches.
Diante da ausência do poder público, mulheres das classes populares começam a se organizar em
Embora organizadas pela população, e portanto com forte referencial de sua realidade
evitar a evasão escolar no 1º grau. Como o próprio nome indica, pré - escola deve ser algo que
econômica bem diferente das filantrópicas. Neste sentido se constituíram enquanto uma forma
tendo em média 5 anos de existência. Evidenciamos que esta organização popular em Niterói não
precariedade de condições materiais soma-se o despreparo dos profissionais, o que acarreta uma
Este panorama vem se modificando a partir da absorção, pelo poder público municipal,
das creches comunitárias e conseqüente repasse de verbas. Além dos recursos materiais, a
Boa parte das creches que hoje são municipais originaram-se de iniciativas comunitárias,
muitas contando com a contribuição da Secretaria Municipal do Trabalho e Bem Estar Social (atual
creches e pré-escolas à sua Rede Municipal de Ensino, bem como estruturando equipes centrais
infantil de 0 a 6 anos.
projeto relativo à instrução primária em toda província e a criação de uma escola normal (Jornal
estabeleceu que as escolas públicas existentes fossem regidas por professores formados pela
Escola Normal ou, então, pelos professores já em exercício, depois de prestarem concurso ou de
completarem os estudos naquela Escola. Havia já então, claramente, uma preocupação com a
qualidade do ensino. O deputado Paulino José Soares de Souza que sancionou a lei, entretanto,
salários.
Existiam em Niterói, em 1840, cinco escolas públicas, sendo três de meninas e duas de
meninos. Todas eram regidas por professores formados, sendo que apenas um deles era do sexo
feminino - Dona Rosa Senhorinha de Souza Leitão - que teria sido a primeira mulher a lecionar
preocupação pedagógica, a educação infantil aparece pela primeira vez como uma iniciativa
“Os pais e as mães, cujas ocupações não lhes permitam ter consigo os seus
filhos de três anos e acima podem dirigir-se a uma casa francesa, ao lado da
Armação (Praia Grande), onde se tratará, de consentimento mútuo, a preços
razoáveis, tanto dos cuidados e alimentação, quanto do conserto e lavagem das
roupas de cada criança.” (Jornal do Comércio, no188, de 18.07.1840, apud
Soares de Souza, 1993,p.253).
e Civiletti (1988) apontam que no Rio de Janeiro, 1899, criou-se a creche da Companhia de
Fiação e Tecidos Corcovado e em 1908 surgiu uma creche ligada ao Instituto de Proteção e
Assistência à Infância do Rio de Janeiro. Não há menção de nenhuma iniciativa anterior a estas
datas.
permanecem. O professor primário continua mal pago e a educação infantil destinada à população
Longe de ser uma exclusividade local, esta realidade estende-se por todo o território
nacional. Embora obrigatória por lei desde a constituição de 1988, a educação infantil não chega à
maioria das crianças brasileiras. Ainda não há, também, uma formação específica para o
profissional que atua em creches e pré-escolas, embora o assunto esteja sendo tratado pela
L.D.B.(1994).
no Brasil têm determinado, a grosso modo, dois tipos de profissionais: ( i ) mulheres, de baixa
renda, podendo ser consideradas leigas "lato sensu"1, de quem se espera que cuide, alimente,
quem se espera que promovam atividades que desenvolvam nas crianças habilidades e hábitos
seis anos , principalmente nas creches. A função exclusiva de guarda e assistência conferida a
estas instituições de educação infantil faz com que a tônica principal do trabalho resida nos
cuidados básicos de alimentação, higiene, sono e de alguns momentos de distração, sem que
haja, para tal, necessidade de uma formação específica e consistente do profissional que trabalha
junto à criança. A este é requerido apenas que goste de crianças e que tenha alguma experiência
no cuidado das mesmas ( esta experiência pode significar o cuidado dos próprios filhos ou
Os profissionais que se enquadram neste perfil são nomeados ora pagens, ora auxiliares
instituições brasileiras têm mostrado que é grande o número de profissionais de educação infantil
que não têm uma formação adequada, que percebem remuneração muito baixa e que trabalham
em condições muito precárias, acentuando, ainda, que este perfil de profissional caracteriza
principalmente aquele que atua em creches. A autora aponta entretanto que, mesmo no segmento
da pré-escola, é grande o número de profissionais que não possuem o segundo grau completo
podendo ser considerados leigos ( 18,9% dos professores de pré-escola do país ). Este percentual
é ainda mais elevado nas pré-escolas municipais ( 26,4% ) e federais ( 24,8% ). Nas zonas rurais
do país a situação é ainda mais grave mais da metade do pessoal docente possui escolaridade
às instituições de educação infantil, mais voltada à educação do que à assistência. Esta função
1
No documento “Por uma política de formação do profissional de educação infantil” do MEC é utilizado o
termo leigo "lato sensu" para designar os profissionais que possuem nível de escolaridade inferior ao
introduzida no Brasil nos anos 70, através da qual se difundiu a idéia de que a pré-escola deveria
compensar supostas deficiências das crianças das classes populares, a fim de prevenir o
problema do fracasso escolar que atingia estas crianças na escola de 1º grau. Nas instituições de
um profissional com formação de magistério, que seja capaz de realizar junto às crianças
escolar.
magistério do 2ºgrau, também tem sido apontada por vários autores como um dos problemas a
serem superados no campo da educação em todos os níveis. Pimenta ( 1994 ) alerta que a
habilitação magistério tem se constituído como uma habilitação a mais no 2º grau, sem identidade
própria, não cumprindo nem com uma formação geral adequada, nem com uma formação
pedagógica consistente. Desta forma esta habilitação tem formado, de uma maneira geral,
seja, a habilitação magistério não tem qualificado o professor para desempenhar satisfatoriamente
sua tarefa de ensinar. Ao enfrentar o cotidiano das escolas, o professor se depara com uma
realidade que não conhece ( pois de uma maneira geral os cursos de formação não têm esta
realidade como referência ) e, além disso, não dispõe de uma teoria consistente sobre a prática
pedagógica que lhe permita a superação das dificuldades encontradas no seu fazer pedagógico. O
que adquire nos cursos de formação são discursos e técnicas distanciados da prática.
dicotomia existente entre a assistência e a educação. O cuidar e o educar são duas funções
zero a seis anos em creches e pré-escolas. Neste sentido , a superação desta dicotomia faz-se
necessária, de forma a conjugar estes dois aspectos na ação educativa destas instituições e na
formação dos seus profissionais aliando as questões pedagógicas com as questões ligadas à
Na nossa pesquisa encontramos uma realidade que confirma o quadro nacional que
Das creches comunitárias que fizeram parte do levantamento, 69,2% dos educadores têm
nível de formação equivalente ao 1º grau incompleto. Apenas 7,7% possuem o 2º grau completo,
que poderia se consideradar o nível adequado de escolaridade. Quanto ao pessoal de apoio,
53,8% possuem 1ºgrau incompleto, sendo que destes, 23% não têm nenhuma escolaridade.
Nas creches filantrópicas já encontramos uma realidade um pouco diferente: 50% dos
profissionais possuem o 2º grau completo e 35,7% têm escolaridade inferior a este nível, sendo
20% com 1º grau incompleto 12% com 1º grau completo e 3,7% com 2º grau incompleto.
Identificamos ainda um percentual de 6,9% dos educadores com formação de 3º grau completo.
Quanto ao pessoal de apoio, temos 60% com 1º grau incompleto e 12,8% com 3º grau completo
Um outro aspecto que deve ser ressaltado diz respeito ao salário dos educadores. Nas
percentual ainda maior de profissionais que não percebem nenhum salário ( 61,5%). Os outros
38,5% recebem de 1 a 2 salários mínimos. No total, nessas creches comunitárias temos mais da
metade de seus profissionais trabalhando de forma não remunerada (57,7%)1. Nas creches
filantrópicas encontramos condições trabalhistas um pouco melhores, já que apenas 11% dos
remuneração pudemos detectar uma alta rotatividade dos profissionais. Quase 30% dos
É estarrecedor encontrarmos condições tão pouco dignas de trabalho, que com certeza afetam a
infantil também se faz presente neste quadro de mulheres de pouca instrução, salário baixo e
até mesmo inexistente que trabalham junto às crianças de zero a seis anos nestas instituições.
Parece que esse quadro revela o lema que ainda impera na realidade educacional do país: quanto
menor a criança menor a necessidade de formação do profissional que com ela atua, pois da
CONCLUSÃO
Pode-se afirmar que as creches que se organizam de forma comunitária (no sentido da
Prefeitura, o que passou a garantir o salário das educadoras e portanto modificou os percentuais aqui
apresentados.
em que podem se constituir enquanto espaços públicos, sem a imposição de padrões institucionais
processo educativo novo, que comporta em si mesmo, a crítica e a superação das formas atuais
contribuir para este processo de transformação. O projeto tem como objetivo realizar uma
Será utilizada a pesquisa participante, visando estabelecer uma relação de parceria onde
conhecimento das crianças das classes populares nas creches. Buscar-se-á a superação de
pedagógico que de fato comprometa a educação infantil com os desejo das classes populares:
uma escola de qualidade que lhes garanta o acesso ao saber, condição fundamental ao exercício
pleno da cidadania. Para tal, serão utilizadas entrevistas e reuniões com as famílias e com os
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