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O INSTRUTOR TÉCNICO NAS EMPRESAS

Quando crianças, somos curiosos e motivados e, principalmente


durante a primeira infância, nossa mente está aberta a
aprendizagem.

À medida que o mundo se torna mais interligado e as relações entre


os negócios mais competitivas, mais necessário se torna aprender
formas diferentes de fazer aquilo que, até então, sempre deu certo.
Enfim, o trabalho está cada vez mais ligado ao "aprendizado", e já
não basta ter uma única pessoa aprendendo pela organização toda.

O aprendizado faz parte da natureza humana e todos nós gostamos


de aprender algo novo que nos instiga, que nos desafia, desde que
nos sejam dadas as condições necessárias para essa aprendizagem.

As crianças são intrinsecamente curiosas e principalmente durante a


primeira infância elas estão sempre abertas a aprenderem. Ao longo
da vida vamos perdendo esse desejo, ficando desmotivadas,
desinteressadas, pouco curiosas e criativas. Por quê?

Compreender o significado mais profundo de "aprender" poderá ser a


chave para essa questão! A aprendizagem perdeu seu significado
básico no mundo contemporâneo e passou a ser sinônimo de
"assimilar informação", o que tem uma remota conotação com o
verdadeiro significado da palavra.

A verdadeira aprendizagem está intimamente relacionada com o que


significa para o ser humano. Por seu intermédio nós recriamos,
tornamo-nos capazes de fazer aquilo que não fazíamos antes,
adquirimos uma nova visão do mundo e da nossa relação com ele,
ampliamos nossa capacidade de fazer parte do processo generativo
da vida.

Segundo Peter Senge "as melhores organizações do futuro serão


aquelas que descobrirão como despertar o empenho e a capacidade
de aprender das pessoas em todos os níveis da organização".

Na verdade, muitas empresas quando pensam nisto, saem à cata


daqueles que têm mais conhecimento do assunto, do melhor técnico,
do empregado mais qualificado, "forçando-os" a programar um
treinamento interno para posterior divulgação.

Mas ... será que é correto? Ou simplesmente tentamos cumprir a


tarefa? E o conteúdo? E a programação? E os objetivos?

Pois é! Este é o principal problema! Só pensamos em proporcionar um


treinamento bem rápido (para não atrapalhar a produção) aqueles
conhecimentos ou habilidades que julgamos ser importantes para o
aprendiz.
Claro que o treinamento é importante, aliás, básico para as
organizações do futuro, mas, mais importante que o treinamento em
si, é primeiro preparar aqueles que vão ensinar – os Instrutores
Técnicos!

Observem que coloquei "ensinar" e não "comunicar".

É necessário que se faça uma distinção. Comunicar é simplesmente


passar informações, instruir procedimentos. Ensinar é transferir
eficientemente, conhecimentos e/ou habilidades, com metodologia,
acompanhando este fato com uma atitude a ser refletida pelo
treinando. E isto não se faz da noite para o dia!

Justifica-se pois a necessidade de se investir na preparação daqueles


"experts" que conduzirão o processo de aprendizagem nas empresas.

Tudo começa pela determinação dos objetivos que em certo sentido


é um contrato que o professor/instrutor faz com seus alunos. Os
alunos concordam em pagar certa quantia em dinheiro e esforço em
troca de certas habilidades e conhecimentos. Mas quase sempre
espera-se que eles paguem algo que nunca é cuidadosamente
definido ou descrito. O professor/instrutor que não especifica
claramente seus objetivos educacionais, que não descreve da melhor
maneira possível como pretende que o treinando esteja após a
instrução, está certamente levando injusta vantagem sobre o aluno.

Uma vez definidos os objetivos, procederemos com a análise do


conteúdo do curso em função deles. Só perceberemos a extensão do
curso ao finalizar esta análise! Logicamente se percebermos a
necessidade de muitas horas de instrução para atendermos os
objetivos estabelecidos, poderemos pensar num sistema modular
com continuidade.

À vista do acima exposto pode estar passando pela suas cabeças que
é necessário ser formado em pedagogia para poder ministrar tais
treinamentos!

De maneira alguma! Trabalhamos nas empresas com pessoas que


podem não ter um alto nível de escolaridade, mas por outro lado,
trazem consigo uma experiência naquilo que fazem, que não se
adquire também da noite para o dia.

Isto me leva a deduzir que é possível prepará-las para ensinar ... É


possível proporcionar-lhes os métodos adequados (técnicas,
processos, que podem ser usados para ensinar/instruir). É possível
convertê-las num tipo diferente de professor – o Instrutor Técnico.

Quem seria esse instrutor técnico? Um supervisor, um operário


dedicado, um gerente, um líder de grupo, que seriam submetidos à
metodologias específicas, à princípios pedagógicos simplificados, de
tal forma que lhes proporcionassem uma base para ensinar.. desde
que eles gostassem de ensinar.

Nesse ponto cabe aqui uma outra reflexão: não podemos esquecer
que todo processo de instrução é basicamente um ato de educação,
de doação, de amor!

No passado o professor/instrutor assumia um papel passivo de ator.


Na nova organização de aprendizagem, lhe é solicitado uma outra
dimensão: Autor, Educador, Fazedor de Mundos. Esse momento que a
sociedade brasileira está vivendo, informa-nos que a qualidade do
pensamento até agora utilizada não resolve os desafios que se
acumulam e se agravam. Não adianta ficarmos debitando a crise
exclusivamente aos políticos. É necessário que reconheçamos que, na
esfera privada, os empresários, os professores, os comunicadores e
todos que de alguma forma têm alguma responsabilidade
institucional, participam desse jogo de adiamento das
transformações, de "empurrar com a barriga", enfim, de nos
eximirmos da "culpa".

O grande desafio que nos apresenta pela frente é o desafio de mudar


essa "Cultura", de criar um outro Brasil, um Brasil mais radicalmente
humano, porque proporciona à todos as mesmas oportunidades de
crescimento e desenvolvimento, de trabalho, de ganho de salários
dignos, de volta para casa com segurança, oportunidade de beijar a
mulher que se ama, o filho que emociona, de se olhar no espelho sem
chorar pelo que não realizou.

Acreditamos que a base de todo esse processo está na Educação e só


o papel humanizador do professor/instrutor no ambiente onde atua,
resgatará o valor e a satisfação contida naquele que ao fazer,
também se realiza enquanto pessoa e profissional.

Há ainda outro ponto a ser considerado. Quando o treinamento é feito


com recursos próprios – ministrado pelo pessoal interno - ele já vem
com a filosofia e cultura particulares da empresa, o que é
extremamente importante. O participante é levado a refletir sobre o
que ele pode fazer para que sua equipe atinja os objetivos e metas da
organização, com maior eficiência e menor esforço.Com um sistema
de treinamento ministrado com pessoal interno, as idéias dos
treinandos serão testadas por eles mesmos, diante de um instrutor
que fala a mesma linguagem.

A organização que não conseguir promover essas transformações,


jamais criará um ambiente organizacional capaz de acolher seres
humanos motivados. Trata-se de uma "revolução cultural" dentro das
organizações, que será alimentada pelos novos profissionais. A notícia
ruim disso tudo é que o caminho para essa reconstrução é duro, tem
barreiras. A boa notícia é que esse caminho é extremamente
gratificante para aqueles que começaram a trilhá-lo.

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