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UMA ESPIRITUALIDADE

AUTENTICA E

VERDADEIRA

O que deve regular a vida: A tradição humana ou a Palavra de Deus?

A resposta de Jesus deu ensejo a que Jesus ensinasse acerca da verdadeira espiritualidade.
No livro de Marcos 7 - 1 a 20 encontramos uma maravilhosa confrontação de Jesus que nos ajuda a
extrair princípios e ensinamentos que possibilita a distinguir uma verdadeira espiritualidade.

Os escribas e fariseus eram os guardiões da tradição judaica. Eles eram farejadores de


heresias. Eram detetives da vida alheia. Por onde Jesus andasse, eles estavam espreitando-o para
encontrar alguma heresia para o acusador. Os escribas e fariseus transformaram a vida espiritual
num fardo pesado com muitas regras e normas. Eles pensavam que da observância dessas muitas e
detalhadas regras e cerimônias de purificação dependia a própria salvação deles. Eles chegavam ao
extremo toda vez que iam à praça ou ao mercado, ao voltarem para casa, purificavam o vasilhame e
até as camas. Por ser a praça um centro de reunião de muitas pessoas, julgavam-na impura; além
do mais, podiam esbarrar num gentio impuro. Assim, os judeus precisavam se purificar toda vez que
chegavam em casa.
Os fariseus e escribas se escandalizaram porque os discípulos de Cristo não purificavam as
mãos para comer nem mesmo prestavam obediência à tradição dos anciãos. Essa acusação tinha o
propósito de atingir a Cristo. Eles seguiam rituais vazios e queriam que os outros fizessem o mesmo.
Eles estavam cegos e queriam conduzir os outros cegos para o abismo.
Essa lavagem de mãos nada tinha a ver com higiene pessoal ou a ordenança da lei, mas
apenas com a tradição dos escribas e fariseus. Isso era mais um fardo que eles inventaram para o
povo carregar (Mt 23.4).

Esses líderes religiosos cometeram dois grandes equívocos:

Em primeiro lugar, eles pensavam que por observar esses ritos eram melhores que os outros.
Eles tinham um alto conceito de si mesmos. Eles eram jactanciosos e se julgavam mais santos, mais
puros, mais dignos que as demais pessoas.
Em segundo lugar, eles estavam enganados quanto à natureza do pecado. A santidade é uma
questão de afeição interna e não de ações externas. Eles pensavam que eram santos por praticarem
ritos externos de purificação. O contraste entre os fariseus e escribas e os discípulos de Cristo não
era apenas entre a lei e os ritos, entre a verdade de Deus e a tradição dos homens, mas uma
divergência profunda sobre a doutrina do pecado e da santidade.
Este conflito não é periférico, mas toca o âmago da verdadeira espiritualidade. ‘Ainda hoje,
muitos segmentos evangélicos coam mosquito e engolem camelo’. Os escribas e fariseus em nome
de uma espiritualidade sadia negligenciaram o mandamento de Deus (7.8), jeitosamente rejeitaram o
preceito de Deus (7.9) e invalidaram a Palavra de Deus (7.13).

Jesus chama os seus contendores de hipócritas. O hipócrita é um ator, ele desempenha o


papel de outra pessoa. Ele não é quem aparenta ser. Os lábios são de uma pessoa, mas o coração
é de outra. Isto alerta-nos para o perigo de estarmos fisicamente na igreja e deixarmos nosso
coração em casa, de sermos uma pessoa aqui e outra acolá.

William Barclay diz que a palavra hypokrites tem uma história interessante e reveladora.
Começa significando simplesmente uma contestação; para significar logo aquele que contesta num
diálogo ou um ator teatral, e finalmente significa alguém cuja vida é uma atuação sem nenhuma
sinceridade. O hipócrita é o homem que esconde, ou tenta esconder suas intenções reais por trás de
uma máscara de virtude simulada.

O hipócrita é aquele que fala uma coisa e sente outra. Há um abismo entre suas palavras e
seus sentimentos, um hiato entre suas ações e seu coração, uma esquizofrenia entre seu mundo
interior e o exterior.
William Hendriksen diz que um hipócrita é um enganador, fraudulento, impostor, uma serpente
sobre a relva, e um lobo em pele de cordeiro. Ele finge ser o que, na verdade, não é.

Jesus aponta os desvios dos acusadores - v. 7-13

Os escribas e fariseus, tentando reprovar os discípulos de Cristo, para destruí-lo, foram


denunciados de cometer vários desvios na prática da verdadeira espiritualidade:

Em primeiro lugar, o culto deles era em vão (7.7). Jesus responde aos escribas e fariseus
citando para eles a lei e os profetas, ou seja, Isaías 29.13 e Êxodo 20.12. A autoridade não está nos
escritos dos rabinos, mas na Palavra de Deus. O culto só é verdadeiro quando é regido pela verdade
de Deus e pala sinceridade de coração. Palavras bonitas sem verdade no íntimo desagradam a
Deus. É uma grande tragédia que pessoas religiosas, ignorantemente, praticam sua religião e se
tornam ainda piores.
O grande pilar da ortodoxia evangélica é a verdade de que a Palavra de Deus é nossa única
regra de fé e prática. Esse marco tem sido removido ainda hoje. Preceitos de homens têm sido
colocados no lugar da bendita Palavra de Deus.

O PRECEITO - v. 14-16

1. A contaminação vem de dentro e não de fora - v. 15


A verdadeira espiritualidade não é ritual nem cerimonial, mas procede da sinceridade do
coração. Não é o que homem põe para dentro, mas o que sai do seu coração. Esse preceito de
Jesus tem duas implicações:

Em primeiro lugar, Jesus refuta a idéia de que o homem é produto do meio. O mal não vem de
fora, mas de dentro. O mal não está no ambiente, mas no coração. Jean Jacques Rousseau estava
equivocado ao ensinar que o homem é bom por natureza. Jesus de Nazaré, o maior de todos os
mestres, revela a maldade inerente do ser humano.
Em segundo lugar, Jesus reprova a idéia de que o ritualismo externo pode nos tornar
agradáveis aos olhos de Deus. Lavar as mãos ou purificar utensílios não nos torna limpos aos olhos
de Deus. Ele não atenta para a aparência, mas vê o coração. Ele busca verdade no íntimo.

2. Em vez de purificações cerimoniais devemos afiar nosso entendimento e nossos ouvidos -


v. 14,16

Em vez de ser um prisioneiro do legalismo farisaico, Jesus exorta a multidão a ter uma
espiritualidade governada pelo entendimento da verdade de Deus. Jesus dá uma grande ênfase à
necessidade de ouvir e compreender. Não podemos seguir interpretações enganosas, antes
devemos inclinar nossos ouvidos à Palavra de Deus.

EXPLICAÇÃO - v. 17-23

1. A verdadeira pureza tem a ver com o coração e não com o estômago - v. 18-20. Jesus está
acabando com a paranóia da religião legalista das listas intermináveis do ‘pode e não pode’. Jesus
está declarando puros todos os alimentos. Não podemos considerar impuro o que Deus tornou puro
(At 10.15). O alimento desce ao estômago, mas o pecado sobe ao coração. O alimento que
comemos é digerido e evacuado, mas o pecado permanece no coração, produzindo contaminação e
morte.

2. Os grandes males procedem do coração e não do ambiente externo - v. 21-23. Jesus


aponta o coração como a fonte dos sentimentos, aspirações, pensamentos e ações dos homens.
Essa fonte é, também, a fonte de toda contaminação moral e espiritual. Jesus não tinha ilusões
sobre a natureza humana como alguns teólogos liberais e mestres e até pastores humanistas da
atualidade.

Pr. Jorge de O. Bezerra


Teólogo, Escritor, Conferencista
www.ministerionascerdenovo.com
Igreja Batista Brasileira em Coral Springs

IBDJ - Classe de Casais


www.classeadois.blogspot.com

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