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Língua Luso-Africano-Brasileira

É nostálgico imaginar, como propõem ainda muitos livros de história, que há pouco mais de
500 anos ocorreu a chegada dos portugueses em suas naus ao continente americano e posteriormente
ao Brasil; principalmente sobre o forte e interessado propósito de aqui se encontrar uma terra rica em
especiarias e temperos: as Índias, um doce engano. De peculiaridade mais sutil também é o fato de o
Brasil ter ficado tanto tempo sob os domínios Portugueses, cuja exploração se estendia também sob
parte do continente Africano.

Mesmo discordando de que nos encontramos em um país “descoberto” e do fato de que algum
país deve-se se empregar sobre outro para fins de exploração, o uso desta introdução supracitada é
com o argumento de que o único bem que nos restou (a brasileiros e a alguns africanos) é a Língua
Portuguesa. Resta-me a impressão de que não o era apenas em meu caso, mas para muitos alunos
ainda o é, uma árdua tarefa a leitura de Os Lusíadas[1] ou mesmo de Os Cus de Judas[2], contudo são
estes livros, cuja leitura acrescenta em muito nosso aprendizado acumulativo e já há tempo visto como
não individualizado e tampouco destituído de ramificações. Bem, mas esta Língua Portuguesa o é, em
suas diversas localidades particulares e de importante representatividade; mas viciada de sua origem
européia.

Está sendo, ainda que timidamente, anunciada a unificação da gramática deste idioma. Quem
tem se oposto fortemente é justamente Portugal, que se nomeia matriarca da língua e que nos estudos
(apontados como tomando em consideração o número de habitantes dos países) é a que terá maior
parte da escrita modificada. O objetivo, extremamente feliz ao mercado editorial – principalmente
Brasileiro, é a unificação da escrita para melhor “comunicação” entre os países.

De todo, talvez esta ‘revolução’ no idioma nos seja mais favorável do que o oposto. Caem
alguns acentos, sai de algumas palavras compostas o hífem. E a essência de tudo fica na mesma. Mas
aos portugueses, o que ocorre? O único tesouro que têm é o idioma... E logo não o terão... Não com
este têm, pois o circunflexo já está mais que condenado.

Por menos que possa ser tolerado, é totalmente compreendido: lhes estão agora roubando o
ouro que possuem. E, daqui a certo tempo, em um não tão longínquo dia, perceber-se-á o quanto é
curioso que, além das barreiras territoriais, apenas as gírias nos afastarão de uma unidade.

E nossos luso-“amigos” ou melhor, nossos descobridores, ainda vão entender bem, o que
talvez seja a identidade de um país. Espero que fique clara, nestas módicas linhas, não uma briga com
os portugueses, mas um receio com relação à mudança. Afinal, o que temo não são as reações, mas as
conseqüências (cai o trema por água também aqui): que não voltemos à idade média, ou à ditadura e
que não queimem livros em praça pública. O conhecimento não desatualiza: apenas acrescenta.

Plínio Alexandre dos Santos Caetano

Segundanista do Curso de Química da FFCLRP da USP

[1] Clássico de Luiz Vaz de Camões, que narra exatamente sobre a grande epopéia da era dos
descobrimentos, mesclado com muito de mitologia.

[2] Obra de Antônio de Lobo Antunes, que diz muito à respeito da Guerra contra uma das (ex-)colônias
portuguesas na África.

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