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Integrais Triplas

Jorge A. R. Durán
D.Sc., Professor Adjunto
UFF – TMI – Volta Redonda
duran@vm.uff.br
versão: dezembro de 2004

Introdução:

Uma integral tripla envolve uma função f(x,y,z) e um sólido S do espaço


tridimensional. Para resolve-la é necessário varrer completamente o interior do sólido na
ordem mais adequada e identificada pela posição dos diferenciais na integral. Pela
dificuldade em plotar e visualizar superfícies em 3D, não resulta incomum encontrar
uma grande dificuldade entre os estudantes para definir a ordem e conseqüentemente os
limites de integração. Felizmente hoje em dia existem programas de computador que
permitem plotar estas superfícies e visualizar o sólido em que estamos integrando.
Alguns autores chamam estes programas de Sistemas de Computação Algébrica (SCA)
e as suas aplicações não se limitam, é claro, a plotar gráficos em 3D. Dentre estes
programas os mais conhecidos são o MapleTM, MathLab, MathCad, Mathematica, e
outros. Este material apresenta diversos exemplos de cálculo de integrais triplas
mostrando em cada caso o sólido correspondente (desde um ou dois ângulos) com
auxílio do MapleTM 6.0. Dúvidas e comentários sobre este e outros materiais
disponíveis na página do autor http://www.professores.uff.br/duran/, bem como alunos
interessados em colaborar, são sempre bem vindos.

Exemplos

1. Calcule a Integral tripla de f(x,y,z)= sqrt(x2+y2) onde S é o sólido dentro do


cilindro r = 1 e entre as superfícies 0 ≤ z ≤ sqrt(x2+y2) (Figura 1).

Figura 1 - Sólido dentro do cilindro r=1 e entre as superfícies 0 ≤ z ≤ sqrt(x2+y2).

A superfície z = sqrt(x2+y2) (sqrt são as siglas de square root que significa “raiz
quadrada” e que é utilizada na maioria dos programas disponíveis) é um cone invertido
com vértice na origem. Em coordenadas cilíndricas é z=r. Podemos resolver esta
integral em coordenadas cartesianas ou cilíndricas. Podemos também tirar vantagem da
simetria do sólido multiplicando por 2, ou incluso por 4, como demonstrado abaixo.

1 1 − x2 x2 + y2
1
2⌠






 x2 + y2 d z d y d x = π
⌡-1 ⌡0 ⌡0 2

2π 1 r 1/2 π 1 r
⌠ ⌠ ⌠ r2 d z d r d θ = 1 π 4⌠ ⌠ ⌠ r2 d z d r d θ = 1 π
  2   2
⌡0 ⌡0 ⌡0 ⌡0 ⌡0 ⌡0

2. Calcule o volume do sólido dentro do cilindro y = 1 – x2 e entre as superfícies


0 ≤ z ≤ y (Figura 2).

Figura 2 - Sólido dentro do cilindro y = 1 – x2 e entre as superfícies 0 ≤ z ≤ y.

1 1 − x2 y
⌠⌠ ⌠ 1 dz dy dx = 8
  15
⌡-1 ⌡0 ⌡0

3. Calcule o volume do sólido no primeiro octante limitado pelo cilindro y = 4 - x2 e


os planos z = x, y = 0 e z = 0 (Figura 3)

Figura 3 - Sólido no primeiro octante limitado pelo cilindro y = 4 - x2 e os planos z = x,


y = 0 e z = 0.

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2 4 − x2 x
⌠⌠ ⌠ 1 dz dy dx = 4
 
⌡0 ⌡0 ⌡0

4. Calcule o volume do sólido limitado pelas superfícies z = x2 + 3y2 e z = 8 – x2 – y2


(Figura 4).

Figura 4 - Sólido limitado pelas superfícies z = x2 + 3y2 e z = 8 – x2 – y2.

Encontramos a equação (neste caso uma elipse, Figura 5) da curva no plano xy que
representa a projeção vertical da superfície de união do sólido, igualando a coordenada z
de ambos parabolóides:

1
y= 8 − 2 x2
2
1
y=− 8 − 2 x2
2

Figura 5 - Projeção vertical da superfície de união entre os dois parabolóides da figura


4.

Aproveitando a simetria do sólido temos:

2 1/2 8 − 2 x2 8 − x2 − y2
2⌠

⌠ ⌠
 1 dz dy dx = 8 π 2
⌡-2 ⌡0 ⌡2
x + 3 y2

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5. Calcule o volume do sólido limitado pelos planos z = 0, z = 1, x + y = 0,
x + y = 1, x – y = 0, x – y = 1 (Figura 6).

Figura 6 - Sólido limitado pelos planos z = 0, z = 1, x + y = 0, x + y = 1, x – y = 0, x –


y = 1.

É claro que o volume desta caixinha de lado sqrt(1/2) e altura 1 é 1/2, mas devemos
demonstrar isto com integrais triplas. A projeção vertical destes planos é (Figura 7):

Figura 7 – Projeção vertical dos planos que limitam o sólido da figura 6.

Não é possível varrer toda a região com uma única integral, dai a seguinte expressão:
.5 x 1 1 1−x 1
⌠ ⌠ ⌠ 1 d z d y d x + ⌠ ⌠ ⌠ 1 d z d y d x = .50
    
⌡0 ⌡−x⌡0 ⌡.5 ⌡x − 1 ⌡0

6. Calcule o volume do sólido dentro do cilindro x2 + y2 ≤ 4 e entre as superfícies


-4 ≤ z ≤ xy (Figura 8).

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Figura 8 - Sólido dentro do cilindro x2 + y2 ≤ 4 e entre as superfícies -4 ≤ z ≤ xy.

Como o sólido é simétrico em relação a um eixo, preferimos coordenadas cilíndricas:

2π 2 r 2 cos( θ ) sin( θ )
⌠ ⌠⌠ r d z d r d θ = 16 π
 
⌡0 ⌡0 ⌡-4

7. Calcule o volume do sólido entre os parabolóides z = - x2 - y2 e z = x2 + y2, e o


cilindro x2+ y2 = 4 (Figura 9).

Figura 9 - Sólido entre os parabolóides z = - x2 - y2 e z = x2 + y2, e o cilindro x2+ y2 = 4.

Este caso também se simplifica muito utilizando coordenadas cilíndricas:

2π 2 r 2 cos( θ ) 2 + r 2 sin( θ ) 2
⌠ ⌠⌠ r d z d r d θ = 16 π
 
⌡0 ⌡0 ⌡
−r 2 cos( θ ) 2 − r 2 sin( θ ) 2

Em coordenadas cartesianas a integral fica:

2 4 − x2 x2 + y2
⌠⌠ ⌠ 1 d z d y d x = 16 π
 
⌡-2 ⌡ ⌡
− 4−x 2 −x2 − y2

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8. Calcule o volume do sólido limitado acima pelo plano z = x e abaixo pelo
parabolóide z = x2 + y2.(Figura 10).

Figura 10 - Sólido limitado acima pelo plano z = x e abaixo pelo parabolóide


z = x2 + y2.

A equação da curva (neste caso um círculo, Figura 11)que representa a projeção da


superfície de união no plano xy se obtém igualando as coordenadas z das duas
superfícies:

y = x − x2

y = − x − x2

Figura 11 – Círculo em xy que representa a projeção das fronteiras do sólido da figura


10.

Resolvendo em coordenadas cilíndricas temos:


π cos( t ) r cos( t )
⌠⌠ ⌠ 1
  r dz dr dt = π
⌡0 ⌡0 ⌡2 32
r

9. Calcule o volume do sólido formado pela interseção dos cilindros x = z2 e


y2 + 9 x = 9 (Figura 12).

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Figura 12 - Sólido formado pela interseção dos cilindros x = z2 e y2 + 9 x = 9.

3 1 − 1/9 y2 x
⌠⌠ ⌠ 1 dz dx dy = 3 π
  2
⌡-3 ⌡0 ⌡− x

10. Um buraco cilíndrico de raio a é furado através do centro de uma esfera sólida de
raio 2a. Calcule o volume do buraco (Figura 13).

Figura 13 – Esfera furada por um cilindro com metade de seu raio. Nos gráficos
consideramos a=1 unidade, apenas para efeitos de visualização das escalas. A resposta,
é claro, está em função de a.

2π a 4 a2 − r 2
4
2⌠ ⌠⌠
  r dz dr dθ = π a3 ( 8 − 3 3 )
⌡0 ⌡0 ⌡0 3

11. Calcule o volume da região no interior do cilindro r = a sen (θ) limitada acima
pela esfera x2 + y2 + z2 = a2 e abaixo pela metade superior do elipsóide
x2/a2 + y2/a2 + z2/b2 = 1 (b<a) (Figura 14).

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Figura 14 - Região no interior do cilindro r = a sen (θ) limitada acima pela esfera
x2 + y2 + z2 = a2 e abaixo pela metade superior do elipsóide x2/a2 + y2/a2 + z2/b2 = 1
(b<a). Nos gráficos, apenas para visualizar as escalas, consideramos a=1 e b=0.4.

A metade superior da esfera tem como equação em coordenadas cilíndricas:

z := a 2 − r2

e a equação da metade superior do elipsóide, também em coordenadas cilíndricas é:

b a 2 − r2
z :=
a

Estes são os limites em z. Devemos ter cuidado com os limites da região plana R, que
neste caso corresponde também a uma circunferência mas cujo centro não coincide com
o pólo (Figura 15). Para varrer esta região utilizamos um diferencial de área da=rdrdθ
com 0 ≤ r ≤ a sen (θ) e 0 ≤ θ ≤ π.

Figura 15 – Função r = a sen (θ) (com a = 1 e.g.) no plano xy.

π a sin( θ ) a2 − r 2
1 b
⌠⌠


 r dz dr dθ = π a 3  1 − 
⌡0 ⌡0 ⌡ 3  a
b a2 − r 2
a

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