You are on page 1of 2

N.

o 121 — 26-5-1998 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 2473

Lei n.o 24/98 Artigo 4.o


de 26 de Maio Direito à informação

1 — Os titulares do direito de oposição têm o direito


Aprova o Estatuto do Direito de Oposição de ser informados regular e directamente pelos corres-
pondentes órgãos executivos sobre o andamento dos
A Assembleia da República decreta, nos termos dos principais assuntos de interesse público relacionados
artigos 114.o, 161.o, alínea c), 164.o, alínea h), e 166.o, com a sua actividade.
n.o 3, e do artigo 112.o, n.o 5, da Constituição, para 2 — As informações devem ser prestadas directa-
valer como lei geral da República, o seguinte: mente e em prazo razoável aos órgãos ou estruturas
representativos dos partidos políticos e demais titulares
do direito de oposição.
Artigo 1.o
Direito de oposição
Artigo 5.o
É assegurado às minorias o direito de constituir e Direito de consulta prévia
exercer uma oposição democrática ao Governo e aos 1 — Os partidos políticos representados na Assem-
órgãos executivos das Regiões Autónomas e das autar- bleia da República e que não façam parte do Governo
quias locais de natureza representativa, nos termos da têm o direito de ser previamente consultados por este
Constituição e da lei. em relação às seguintes questões:
Artigo 2.o a) Marcação da data das eleições para as autar-
quias locais;
Conteúdo b) Orientação geral da política externa;
c) Orientação geral das políticas de defesa nacio-
1 — Entende-se por oposição a actividade de acom- nal e de segurança interna;
panhamento, fiscalização e crítica das orientações polí- d) Propostas de lei das grandes opções dos planos
ticas do Governo ou dos órgãos executivos das Regiões nacionais e do Orçamento do Estado;
Autónomas e das autarquias locais de natureza repre- e) Demais questões previstas na Constituição e na
sentativa. lei.
2 — O direito de oposição integra os direitos, poderes
e prerrogativas previstos na Constituição e na lei. 2 — Os partidos políticos representados nas assem-
3 — Os partidos políticos representados na Assem- bleias legislativas regionais e que não façam parte do
bleia da República, nas assembleias legislativas regionais correspondente governo regional têm o direito de ser
ou em quaisquer outras assembleias designadas por elei- ouvidos sobre as seguintes questões:
ção directa relativamente aos correspondentes execu-
tivos de que não façam parte exercem ainda o seu direito a) Propostas de plano de desenvolvimento econó-
de oposição através dos direitos, poderes e prerrogativas mico e social e de orçamento regional;
concedidos pela Constituição, pela lei ou pelo respectivo b) Negociações de tratados e acordos internacio-
regimento interno aos seus deputados e representações. nais que directamente digam respeito à Região
Autónoma e acompanhamento da respectiva
execução;
Artigo 3.o c) Pronúncia, por iniciativa do respectivo governo
regional, ou sob consulta dos órgãos de sobe-
Titularidade rania, relativamente às questões da competência
destes respeitantes à respectiva Região Autó-
1 — São titulares do direito de oposição os partidos noma;
políticos representados na Assembleia da República e d) Outras questões previstas na Constituição, no
que não façam parte do Governo, bem como os partidos respectivo estatuto político-administrativo e na
políticos representados nas assembleias legislativas lei.
regionais e nos órgãos deliberativos das autarquias locais
e que não estejam representados no correspondente 3 — Os partidos políticos representados nos órgãos
órgão executivo. deliberativos das autarquias locais e que não façam parte
2 — São também titulares do direito de oposição os dos correspondentes órgãos executivos, ou que neles
partidos políticos representados nas câmaras municipais, não assumam pelouros, poderes delegados ou outras
desde que nenhum dos seus representantes assuma formas de responsabilidade directa e imediata pelo exer-
pelouros, poderes delegados ou outras formas de res- cício de funções executivas, têm o direito de ser ouvidos
ponsabilidade directa e imediata pelo exercício de fun- sobre as propostas dos respectivos orçamentos e planos
ções executivas. de actividade.
3 — A titularidade do direito de oposição é ainda 4 — Ao dever de consulta prévia aplica-se, com as
reconhecida aos grupos de cidadãos eleitores que como necessárias adaptações, o disposto no n.o 2 do artigo 4.o
tal estejam representados em qualquer órgão autár-
quico, nos termos dos números anteriores.
4 — O disposto na presente lei não prejudica o direito Artigo 6.o
geral de oposição democrática dos partidos políticos ou Direito de participação
de outras minorias sem representação em qualquer dos
órgãos referidos nos números anteriores, nos termos Os partidos políticos da oposição têm o direito de
da Constituição. se pronunciar e intervir pelos meios constitucionais e
2474 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 121 — 26-5-1998

legais sobre quaisquer questões de interesse público ram, relatórios de avaliação do grau de observância do
relevante, bem como o direito de presença e participação respeito pelos direitos e garantias constantes da presente
em todos os actos e actividades oficiais que, pela sua lei.
natureza, o justifiquem. 2 — Esses relatórios são enviados aos titulares do
direito de oposição a fim de que sobre eles se pro-
nunciem.
Artigo 7.o 3 — Ao pedido de qualquer dos titulares menciona-
Direito de participação legislativa dos no número anterior podem os respectivos relatório
e resposta ser objecto de discussão pública na corres-
Os partidos políticos representados na Assembleia da pondente assembleia.
República e que não façam parte do Governo têm o 4 — A fim de facilitar o sistema de avaliação previsto
direito de se pronunciar no decurso dos trabalhos pre- nos números anteriores, os concessionários dos serviços
paratórios de iniciativas legislativas do Governo rela- públicos de radiotelevisão e radiodifusão elaboram e
tivamente às seguintes matérias: remetem à Assembleia da República relatórios perió-
dicos sobre a forma como foram ou deixaram de ser
a) Eleições; efectivados, no âmbito da respectiva actividade, os direi-
b) Associações e partidos políticos. tos e as garantias de objectividade, rigor, independência
e pluralismo da informação assegurados pela Consti-
Artigo 8.o tuição e pela lei.
5 — Os relatórios referidos nos números anteriores
Direito de depor são publicados no Diário da República, nos jornais ofi-
ciais de ambas as Regiões Autónomas ou no diário ou
Os partidos políticos da oposição têm o direito de, boletim municipal respectivo, conforme os casos.
através de representantes por si livremente designados,
depor perante quaisquer comissões constituídas para a
realização de livros brancos, relatórios, inquéritos, ins- Artigo 11.o
pecções, sindicâncias ou outras formas de averiguação Norma revogatória
de factos sobre matérias de relevante interesse nacional,
regional ou local. É revogada a Lei n.o 59/77, de 5 de Agosto.
Artigo 9.o Aprovada em 2 de Abril de 1998.
Garantias de liberdade e independência dos meios
de comunicação social
O Presidente da Assembleia da República, António
de Almeida Santos.
1 — Os partidos representados na Assembleia da
República e que não façam parte do Governo têm o Promulgada em 6 de Maio de 1998.
direito de inquirir o Governo, e de obter deste infor-
Publique-se.
mação adequada e em prazo razoável, sobre as medidas
tomadas para efectivar as garantias constitucionais de O Presidente da República, JORGE SAMPAIO.
liberdade e independência dos órgãos de comunicação
social perante o poder político e o poder económico, Referendada em 14 de Maio de 1998.
de imposição dos princípios da especialidade e da não
concentração das empresas titulares de órgãos de infor- O Primeiro-Ministro, António Manuel de Oliveira
mação geral, de tratamento não discriminatório e de Guterres.
divulgação da titularidade e dos meios de financiamento Lei n.o 25/98
dos mesmos órgãos.
2 — Os mesmos partidos têm ainda o direito de inqui- de 26 de Maio
rir o Governo, e de obter deste informação adequada Altera o Decreto-Lei n.o 184/89, de 2 de Junho (estabelece
e em prazo razoável, sobre as medidas tomadas para princípios gerais de salários e gestão de pessoal da função pública)
assegurar uma estrutura e um funcionamento dos meios
de comunicação social do sector público que salvaguar- A Assembleia da República decreta, nos termos dos
dem a sua independência perante o Governo, a Admi- artigos 161.o, alínea c), e 166.o, n.o 3, e do artigo 112.o,
nistração Pública e os demais poderes públicos, bem n.o 5, da Constituição, para valer como lei geral da Repú-
como sobre a garantia constitucional da possibilidade blica, o seguinte:
de expressão e confronto das diversas correntes de Artigo 1.o
opinião.
3 — De iguais direitos gozam os partidos represen- É alterado o artigo 10.o do Decreto-Lei n.o 184/89,
tados nas assembleias legislativas regionais e que não de 2 de Junho, que passa a ter a seguinte redacção:
façam parte dos correspondentes governos regionais
relativamente aos órgãos de comunicação social da res- «Artigo 10.o
pectiva Região. [. . .]
o
Artigo 10. 1 — A celebração de contratos de prestação de ser-
Relatórios de avaliação viços por parte da Administração só pode ter lugar nos
termos da lei e para execução de trabalhos com carácter
1 — O Governo e os órgãos executivos das Regiões não subordinado.
Autónomas e das autarquias locais elaboram, até ao 2 — Considera-se trabalho não subordinado o que,
fim de Março do ano subsequente àquele a que se refi- sendo prestado com autonomia, se caracteriza por não

You might also like