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O presidente da ANP, João Grancho, justificou os pedidos de audiência com "a crescente crispação
que se sente e a completa insensibilidade do Ministério da Educação para abordar os problemas do
sector de forma consistente, séria e aberta". "Esgotado o plano formal com o Governo, mais não
há do que nos dirigirmos ao Presidente da República, que tem vindo a mostrar uma outra
sensibilidade", afirmou João Grancho.
De acordo com o responsável, a ANP decidiu ainda solicitar audiências com todos os partidos com
assento na Assembleia da República, a quem "compete a fiscalização, acompanhamento e controlo
da acção governativa", no sentido de exigir a agilização de mecanismos para que no último
período as escolas não descambem para uma situação de caos.
"Tudo aponta para isso, tendo em conta a instabilidade e intranquilidade que as escolas já vivem
actualmente. A ministra, pelo simples facto de legislar e falar com um ou outro membro de
conselhos executivos está convencida de que está por dentro da alma dos professores e que toda
a dinâmica colocada nas escolas não interfere com a actividade lectiva", acrescentou João
Grancho.
Segundo o presidente da ANP, o Governo deverá rever algumas das últimas decisões que tomou,
nomeadamente a avaliação de desempenho, processo com o qual a associação afirma concordar
em termos de substância mas não de implementação. "Se bem que concordamos com a
substância, não concordamos com a forma de implementação, designadamente a quantidade
imensa de critérios, instrumentos e formulários que vão ser utilizados", afirmou.
No último sábado, perto de dois mil professores concentraram-se nas Caldas da Rainha, Leiria e
Porto em protestos convocados por telemóvel, correio electrónico e blogues, numa iniciativa à
margem das estruturas sindicais para contestar a política educativa do Governo.
Para a Associação Nacional dos Professores, o cerne desta questão é a forma "como o Governo
encara a participação cívica". "O Governo só ouve os sindicatos, mas só ouve. Não acolhe qualquer
tipo de perspectiva. A atitude da tutela é que tem de mudar. Esta equipa do Ministério da
Educação peca um pouco por ausência de cultura democrática", acusou.
In Público, 26/02/08