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Hoje, a EJA conta com recursos do momento: as Novas Tecnologias. Mas as Novas
Tecnologias nos fazem parar e repensar o nosso modo de atuar na Educação de Jovens e
Adultos, bem como em todos os direcionamentos do ensino. O momento presente é
perpassado por um complexo político/social e econômico, onde as Novas Tecnologias, a
globalização econômica, o neoliberalismo e tantas outras alterações que geram mudanças,
desestabilizam nossa sociedade e nos pedem reflexão e observação. Parar para refletir e
repensar a nossa prática educacional, não só na Educação de Jovens e Adultos, mas em todo
o Sistema Educacional Brasileiro.
Como Educadora, julgo ser este um momento muito importante para um repensar,
tudo! Uma parada para reflexão, após séria observação das mudanças que as Novas
Tecnologias exigem na atuação com Jovens e Adultos que não puderam participar de uma
Educação na idade própria de cada etapa de sua vida, por motivos vários, que não podemos
contemplar do mesmo modo para todos: há diferenças em tudo e em todos os modos do agir
humano. Essas diferenças devem ser respeitadas, portanto, falar de Novas Tecnologias na
Educação de Jovens e Adultos é admitir mudança radical na ação de educar, de formar, de
construir alicerces firmes para uma vida profissional que lhes garanta uma sobrevivência
tranqüila e feliz.
Será mesmo este o momento propício para se processar um rompimento com a
concepção de um modo de educar Jovens e Adultos fracassados?... Creio que não. A
Educação de Adultos sempre teve como norte um bom preparo, a seu tempo, do cidadão
digno. Penso ser o rompimento de um modo de “apresentar sempre um prato pronto”, às vezes
até de apresentar “um alimento já mastigado” pronto para ser engolido.
As Novas Tecnologias propõem um trabalho de pesquisa, de busca do novo, de
inovação no que se faz, e no fazer com amor e bem feito o que se tem a fazer. Elas chegaram
e pedem mudança de conduta, mudança no interior de cada ser humano para que ele possa
modificar, transformar as coisas ao seu redor. Quem não se transforma não deve exigir
transformação.
As mudanças devem gerar vontade de aprender e vontade de colocar em prática o
que se apreendeu. Então, as Novas Tecnologias estão causando uma completa revolução no
meio educacional brasileiro, e nos sistemas educacionais do mundo inteiro!
Creio que a Informática veio revolucionar tudo! Nós, os Educadores que se utilizavam
dos Slides, dos Álbuns Seriados, do Spinligth e do Vídeo, como recursos facilitadores da
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compreensão dos assuntos que queríamos que nossos Adultos entendessem e assimilassem
no seu viver diário. Agora, recebemos a Informática com muita alegria.
Bem fazia o Senhor Jesus que ensinava por meio de Parábolas, afirmando que o ser
humano aprendia melhor com uma apresentação concreta daquilo que se pretendia ensinar. E,
comprovadamente Jesus foi o maior Educador da História da Humanidade: transformou o árido
solo da personalidade humana num jardim de sonhos. Por isso eu creio que não haja Projeto
da EJA, falido. Cada Projeto Educacional, a seu tempo, guarda seu valor da época. Creio que o
Mestre Jesus ainda acredita em nós, seres humanos, para uma retomada de caminhada e,
tenho sentimentos de dó, de pena por ver que tanto a Psicologia quanto as Ciências da
Educação não se apresentem com maior profundidade para entenderem a Psicologia e a
Pedagogia do Amor pregadas e vividas pelo Jesus, o maior pensador da História.
Ao que me parece, até agora Jovens e Adultos são treinados a usar a memória, o
seu cérebro como depósitos de informações variadas e, às vezes sem utilidade alguma para
sua vida, mas não são treinados para pensar, e também não o são para ter sutileza,
perspicácia, ousadia, segurança, independência na criatividade. Falam muito sobre assuntos
lógicos, mas tropeçam nas dificuldades emocionais, por menores que elas se apresentem.
Tudo nos leva a crer que Jesus pretendia formar pensadores que conhecessem, de cór e
salteado, o alfabeto do amor.
A grande lição que sempre tirei da Vida de Jesus foi a serenidade, a sensibilidade
com que Ele buscava atingir seus objetivos. Os métodos que Ele utilizava nem sempre eram
fáceis, mas Ele conseguia se fazer entender pelo amor com que tratava seus discípulos. O
amor gera paciência, e a paciência conquista corações. O Projeto Pedagógico que elaboramos
para nossas Escolas é visível, mas o Projeto de Deus sobre cada ser humano é invisível, por
esse motivo, Jesus tentava convencer as pessoas a investir num Projeto Invisível. O Reino de
Deus, julgavam seus discípulos, estava nos céus e, para atingi-lo teriam que seguir métodos,
ou a uma programação que duraria uma vida inteira. Mas, Jesus veio mostrar que o Reino de
Deus está dentro de cada ser humano. Essa afirmativa pode ajudar muito a quem crê, pelo
modo do viver de cada um, cumprindo bem e com amor, a sua tarefa. Mas, será por que Jesus
queria ter discípulos?... Penso que para revelar a cada um deles os mistérios de Deus Pai, os
mistérios de Sua própria Vida. Também creio que esse desejo de ter discípulos tenha sido para
levá-los a conhecer os segredos da existência: aqueles mesmos segredos que tantos filósofos,
cientistas de toda casta, e pensadores sempre desejaram ter, ou, pelo menos, sonharam
conhecer. Lendo a Vida do Mestre Jesus, a gente percebe que ele pretendia esculpir em cada
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um dos seus discípulos a arte de pensar, de ser tolerante consigo mesmo e com o seu
próximo, a arte de autoconhecer-se descendo até o próprio interior, a arte de perdoar, infundir
neles a capacidade de cada um se colocar no lugar do outro, formatar o coração de cada um
na arte de amar, desejando que todos vivessem em paz, na tranqüilidade do dever cumprido,
conhecendo e aceitando os seus limites. Ele não só falava com a inteligência e com o coração,
mas falava também com seu olhar fixo no olhar de seus discípulos. A coragem e a gentileza se
entrelaçavam nas lições de Vida do Mestre. E essa é a lição: coragem, perspicácia, criatividade
e gentileza para recebermos e entendermos as Novas Tecnologias e para sabermos utilizá-las
com maestria e competência.
O Computador, esse cérebro eletrônico que chegou para ficar, tenta dar-nos um
recado muito sério: o nosso computador, que nos foi dado gratuitamente - o nosso cérebro, é
bem mais perfeito. Mas o nosso cérebro não se liga numa tomada externa: a tomada deste
computador natural é interna, e somente, assim como o coração humano, só é aberto ou ligado
por dentro, dependendo da nossa vontade, da nossa disposição em assimilar o que é útil, bom,
positivo e construtivo para o nosso viver. Precisamos, realmente, de uma apresentação
concreta que as Novas Tecnologias trazem, para que tenhamos real aprendizado humano e
também profissional.
O Jovem e o Adulto são seres humanos, portanto, seres não excluídos de um
aprendizado que o mundo digital quer proporcionar: o ser humano é um ser que pensa.
As Novas Tecnologias devem estar disponíveis para que Jovens e Adultos acessem
as diferentes opções que elas oferecem no campo educacional e no campo do exercício de
uma profissão. Educação e Novas Tecnologias na EJA caminham juntas na construção da
cidadania, no resgate dos valores e na construção de uma consciência crítica e reflexiva da
realidade em que vivem.
A Faculdade de Educação, Ciências e Artes Dom Bosco de Monte Aprazível
ingressou na experiência da Educação de Jovens e Adultos, celebrou Contrato de Adesão com
o Programa Alfabetização Solidária, no segundo semestre de 1998, vem oferecendo a
orientação sobre a utilização dos Recursos Audiovisuais, indicando aos Professores que atuam
na Educação de Jovens e Adultos o modo de serem atualizados esses Meios de Ensino, que
diferem de acordo com a etapa atendida na EJA, sem desprezar os meios mais comuns de
comunicação visual (Álbuns Seriados, Slides, Gravuras, Portfólios, e outros):
- Para alunos atendidos na Alfabetização os Álbuns Seriados, os Portfólios, e outros meios
mais comuns que facilitam o aprendizado de letras e números que cada Professor idealiza
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e cria conforme sua clientela, são apreciados, analisados e testados, mas como o
aprendizado da leitura não se faz somente com as letras e com os números escritos, a
Faculdade seleciona Fitas de Vídeo que constróem valores para serem exibidas e
analisadas, oralmente, por alunos e professores, de cada turma, com graus de dificuldades
gradativos.
- Para alunos atendidos no Ensino Fundamental, tanto no Primeiro Segmento quanto no
Segundo Segmento, além das Fitas de Vídeo para a formação para um leitura do mundo
onde vivem Jovens e Adultos, há a possibilidade e liberdade deles se utilizarem dos
Laboratórios de Informática existentes na Instituição, sempre que desejarem ou precisarem.
- Para Capacitação de Professores Alfabetizadores, a Faculdade se utiliza das Fitas de
Vídeo e Livros da PROFORMAÇÃO, Programa do Ministério da Educação, além de
oportunizar a utilização dos Computadores existentes na Instituição e conceder liberdade
de utilização do Datashow como ferramenta que melhor atende, no momento, tanto à
visualização como a compreensão de assuntos concernentes à Formação Humana e
Profissional do Alfabetizador de Jovens e Adultos.
Entendo que as Novas Tecnologias, apresentadas como ferramentas facilitadoras
de uma comunicação mais eficiente, devam também ser educadas, selecionadas, e
aprimoradas, o que significa que sejam reinventadas, a cada época, porque são concebidas
como meios e canais de comunicação, e a comunicação deve estar adequada a cada momento
do viver humano no mundo, porque vida é movimento, e movimento se modifica conforme seu
percurso.
Numa Escola Cidadã a busca constante de novos conhecimentos deve gerar a
produção de novos saberes, e a presença do computador dinamiza essa busca, em parte,
porque a observação e a contemplação não se isentam do campo da busca do conhecimento,
pelo pensar e refletir constantes. Mas o computador favorece o funcionamento progressivo da
Escola Cidadã. E, favorecendo a Escola Cidadã está favorecendo a construção da cidadania,
também.
A inserção da Informática na Educação de Jovens e Adultos é uma adoção coerente
com o sonho que a Faculdade tem de ser uma Escola de qualidade formando para uma
cidadania crítica da realidade. E, na Faculdade, todos os patamares do ensino participam
desse sonho quando utilizam os meios eletrônicos de que dispõe para a construção da
cidadania, para capacitação continuada para o exercício da profissão que se abraçou e que os
Cursos da Faculdade abrigam.
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Adotando as Novas Tecnologias em sua Proposta Educativa, a Faculdade, que é
uma Escola Cidadã, se propõe ajudar a sua clientela especial a libertar-se da manipulação e
domesticação, desenvolvendo ao máximo sua capacidade crítico-reflexiva.
Há, na vida da Educação, no Mundo e no Brasil, uma história de crescimento,
sempre se superando, na busca de melhor atendimento ao processo ensino-aprendizagem. Em
cada autor que desenvolve estudos, pesquisas e buscas sente-se um cuidado muito carinhoso
de trato quando o alvo é a EJA. Dentre todos os autores estudados, proclamo Paulo Freire,
autor ainda dos nossos dias, como o que mais cuidou do ser humano educável: “...a prática
educativa deve desafiar os alunos a construírem uma compreensão crítica de sua presença no
mundo...” (Freire, 1997).
Realmente vivemos na era da Sociedade do Espetáculo! No entanto, o que parece
comum a todos é que, no cerne dessa revolução toda está o uso do computador como um
instrumento muito importante e vital, não só da comunicação, mas também da economia e da
gestão do poder. A partir do computador integrado ao microprocessador têm início os avanços
das telecomunicações que geram um processo veloz e contundente de disseminação das
informações. Rapidamente o mundo se comunica com seus acontecimentos mais marcantes.
Diante das mudanças velozes e profundas penso que todos nós, Educadores, nos
pomos a pensar, a refletir sobre a necessidade de engendrarmos um modo de educar as
Novas Tecnologias, refletir sobre as conseqüências de seu uso indiscriminado e termos uma
postura crítica diante de tanta técnica quase se sobrepondo à prática formativa e construtiva.
Não uma postura de negação à informação, mas o modo como a informação deve ser
fornecida sem distorções, ou seja, uma informação fundamentada em provas consolidadas,
para não marginalizar cidadãos.
A dificuldade que sentimos para utilização das Novas Tecnologias é a carência de
recursos financeiros para acessar a Internet, por exemplo, e gastos com uma linha telefônica,
ao lado da dificuldade de aquisição, por compra, de um computador e seus anexos. Isso tudo
custa caro. Portanto, é louvável a ação da Faculdade, e de qualquer outra Instituição, que
coloca à disposição de Alunos e Professores da EJA, numa atitude de inclusão, os seus
equipamentos eletrônicos.
No entanto, acredito que a tecnologia não é boa e nem é má, em si. Tudo depende
de seu uso, de sua aplicação, mas é sempre uma ferramenta de acesso ao conhecimento que
nos vem de fora. E através das Novas Tecnologias o acesso ao conhecimento será ofertado a
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todos que nela estiverem inseridas, uma vez que sua forma de pensamento, em nossos dias,
está sendo estruturada a partir dos diferentes meios de comunicação.
A inclusão social pressupõe a construção da cidadania, e isso significa que as novas
tecnologias de informação e comunicação devem ser utilizadas também visando a
democratização dos processos sociais, para fomentar a transparência de políticas e ações do
governo e para incentivar a mobilização dos cidadãos e facilitar a participação ativa de Jovens
e Adultos nas instâncias cabíveis.
A inclusão social proclamada na Proposta Pedagógica da Faculdade prevê, além da
formação integral do ser humano, capacitar o aluno para saber utilizar as novas tecnologias,
onde for que ele esteja, com o senso crítico, o pensamento dedutivo, desenvolvendo sua
capacidade de observação, motivando a pesquisa, levando-o à leitura crítica do mundo, para
que possa nele viver de forma digna e feliz.
Penso que para compreender as Novas Tecnologias é preciso valorizar o mundo
real dos alunos, considerá-los como pessoas dignas e protagonistas de sua história, para que
não sejam meros receptores de informações produzidas e consumidores de produtos, muitas
vezes indigestos, porque preparados sem o devido cuidado.
Entendo que a Educação de Jovens e Adultos deve organizar-se em torno dos
quatro pilares fundamentais da educação que, ao longo de toda a sua vida, serão de algum
modo, as quatro aprendizagens fundamentais que acompanham o ser humano ao longo do seu
viver:
- aprender a conhecer;
- aprender a fazer;
- aprender a ser;
- aprender a conviver.
Encarar o ato de aprender pela importância com que é revestido, e considerar a
aprendizagem mais importante do que o conhecimento buscado, leva o Professor a encarar
melhor sua presença e função em sala de aula, mesmo porque, para que haja aprendizagem é
necessário que competências sejam constituídas. O aprender a fazer é o primeiro passo para a
base construtora das competências. As habilidades serão adquiridas na mesma medida com
que damos liberdade ao aluno para buscar o seu conhecimento. E as habilidades consolidadas
são as competências sólidas que dão a oportunidade ao egresso de um Curso
Profissionalizante exercer, com eficácia e com potência, a sua profissão. A eficácia é o saber
fazer bem, e a potência é o fazer bem e com amor.
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E, como as mudanças pedem superação de qualificação a cada momento, a EJA deve
encontrar, nas Escolas e nas Empresas as portas sempre abertas para recebê-la, para reciclá-
la, para atualizá-la, para aprimorar sua capacidade de superação humana e profissional,
porque ninguém é emocionalmente estático, a não ser que já esteja morto. O ser humano
reage e se comporta dentro de certos padrões que a vida lhe oferece, ou que ele busca ter na
vida. As pessoas não são simplistas como os computadores que são rigorosamente estáveis.
As sociedades modernas se tornaram excessivamente exaustivas: verdadeiras
fábricas de detonadores, de tiros, de TNT, de tudo que produz estímulos agressivos. Portanto,
é preciso que busquemos o Transcendente para encontrarmos a Paz tão desejada.
A educação moderna precisa preparar alunos para a vida: somente assim a EJA será
mais bem servida.
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