You are on page 1of 24

MEC/SEMTEC

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E TECNOLOGIA - IFMA


CAMPUS – SÃO LUÍS / MARACANÃ

TRATAMENTO DE EFLUENTES DE
LATICÍNIOS E DERIVADOS

LEIDE DAIANA
JOSÉ JÚNIOR
MONYCA PRISCILA
ROSINERE BATISTA
PATRICIA TENÓRIO

São Luís - MA
2009
MEC/SETEC
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E TECNOLOGIA - IFMA
CAMPUS – SÃO LUÍS / MARACANÃ

TRATAMENTO DE EFLUENTES DE LATICÍNIOS E DERIVADOS

Trabalho apresentado para obtenção


de nota do 4° Bimestre, na disciplina
Tratamento de Efluentes, ministrada
pelo prof. Silvio Carlos Coêlho

São Luís - MA
2009

3
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .............................................................................................................5

1.1 Diagrama da produção de laticínios ................................................5

1.2 O Leite .............................................................................................7

2.0 COMPOSIÇÃO DOS EFLUENTE.........................................................................11

3.0 FASES DO TRATAMENTO ..................................................................................15

3.1 O Efluente da Indústria de Laticínios..............................................20

CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................................24

BIBLIOGRAFIA...........................................................................................................25

INTRODUÇÃO

4
As indústrias de laticínios geram efluentes industriais com grande concentração de
matéria orgânica. Assim, a matéria orgânica constitui-se o principal poluente das águas
residuárias de um laticínio. Segundo os órgãos de controle ambiental, é preciso tratar
esse efluente gerado, de modo que, ao ser lançado em um corpo d’água, não
desequilibre as características deste. O emprego das lagoas de estabilização tem se
consagrado no tratamento deste tipo de efluente, pois além do baixo custo de
implantação e manutenção, mostra-se muito eficaz na remoção da matéria orgânica.
Pode-se avaliar a eficiência do emprego das lagoas de estabilização no tratamento de
efluentes, através da eficiência de remoção da matéria orgânica. Esta pode ser
caracterizada pelos parâmetros como DBO, DQO, sólidos totais e sólidos
sedimentáveis, O sistema de tratamento de efluente consta de um pré-tratamento
composto por grades (para remoção de sólidos grosseiros) e separador de gordura,
seguido pelo tratamento propriamente dito através das lagoas de estabilização.

As unidades de beneficiamento apresentam detalhes e diferenças entre processos,


procedimentos e produtos. Um esquema geral pode ser resumido conforme apresentado
na Figura 1.

Fig. 1. Diagrama geral da produção de laticínios


5
Nas indústrias de laticínios, qualquer etapa do processamento gera grandes
volumes de efluentes (“águas brancas”), devido ao processo de higienização. Esta água
de processo, a qual contém frações diluídas de produtos lácteos, contribuem
significativamente para as perdas não acidentais de leite ou de produtos lácteos e para a
produção total do efluente o volume de efluente gerado pelas usinas de beneficiamento
de leite varia de acordo com cada processo e produto produzido.
Contudo, o coeficiente médio utilizado para projeto e estimativas para a
indústria brasileira de laticínios é de um litro de efluente gerado para cada litro de leite
produzido ou processado, o que representa, em nível de produção nacional, a emissão
de 24 bilhões de litros de água residual.
A operação de higienização das indústrias de laticínios tem como objetivo
primordial a remoção de resíduos orgânicos e minerais aderidos às superfícies,
constituídos principalmente por proteínas, gorduras, carboidratos e minerais. Em geral,
a higienização dos laticínios utiliza o sistema de limpeza “Cleaning In Place”(CIP). O
Sistema Brasileiro de Respostas Técnicas – SBRT (2007) descreve as etapas que
envolvem o sistema CIP de limpeza, conforme o fluxograma ilustrado na Figura 2.

Fig. 2. Fluxograma da limpeza CIP

O reuso e o reciclo de efluentes surge como uma alternativa para a minimização


do lançamento de efluentes, evitando a sobrecarga nos sistemas de tratamento e
servindo como uma ferramenta na redução de custos. O concentrado obtido (carga
orgânica) pode ser reaproveitado, uma vez que a legislação vigente permite a adição de
sólidos de origem láctea como ingrediente de vários produtos lácteos com baixa
6
umidade, adicionados de sacarose, como por exemplo, o doce de leite e o leite
condensado. A Figura 3 ilustra o processo integrado para a redução da carga poluidora
nos efluentes de laticínios.

Os processos com membrana surgiram como uma nova classe de processos de


separação que utiliza membranas como uma barreira seletiva, que separa duas fases,
restringindo total ou parcialmente o transporte de uma ou várias espécies presentes na
fase. A adição de sólidos de origem láctea é permitida pela legislação brasileira
(BRASIL,1997) e já vem sendo executada comercialmente por algumas empresas do
ramo,utilizando-se, entretanto, o leitelho (soro resultante do batimento da manteiga) ou
mesmo o soro de queijo para esse fim. Somente o efluente do enxágüe inicial seria
aproveitado para ser inserido em subprodutos, pois os enxágües posterior e carregam
consigo os resíduos de hidróxido de sódio ou ácido nítrico, soluções estas utilizadas
para a limpeza CIP do sistema. Além disso, uma etapa de pasteurização após a filtração
torna-se necessária, uma vez que, se o resíduo for proveniente de um tanque de leite in
natura, este efluente possui ainda grande carga microbiana, garantindo também a
possibilidade de um armazenamento temporário do concentrado.

1.1 O LEITE

Historicamente, acredita-se que o homem passou a consumir leite de origem


animal há cerca de 20.000 a.C. Este fato foi concluído através de desenhos rupestres
encontrados na Ásia, nos quais cabras aparecem como objeto da alimentação. A peça
conhecida como Friso dos ordenhadores, datada de 3100 a.C. encontrada em Tell Ubaid
(atual Iraque), é o primeiro registro concreto da utilização do leite como alimento. Nesta
são constatadas a ordenha e também a filtragem do leite. Já os etruscos, por volta de 400
a.C. utilizavam o leite de cabras e carneiros para fazer diferentes tipos de queijos.
7
Acredita-se que o leite bovino veio ser aproveitado somente no século V na Europa
após as invasões bárbaras e a queda do império romano.
Atualmente, é utilizado para dois fins:
1) para alimentação em forma liquida, chamando- se de leite “in natura” e
2) como matéria-prima industrial, sendo fundamental na produção de vários produtos
lácteos.
O leite forma-se a partir dos elementos do sangue. A água passa direto por
filtração. Os aminoácidos e ácidos graxos, a lactose e alguns minerais passam por
processos bioquímicos e transformações que ocorrem dentro da mama sintetizando a
proteína, a gordura, a lactose e minerais do leite. É necessário um fluxo sanguíneo de
400 a 800 litros de plasma para se formar 1 litro de leite.
O leite já formado é um composto protéico líquido dividido em duas fases de
diferentes graus de dispersão. A fase continua consiste de fase aquosa de lactose, sais
minerais e orgânicos, proteínas, enzimas de compostos aromáticos, hidratos de carbono,
vitaminas e pigmentos. Já a fase descontinua é constituída por um complexo de caseína-
fosfato de cálcio, gordura e material celular. Em média, considera-se a seguinte
composição para o leite: água 87,28%; lactose 4,75%; gordura 3,72%; proteína 3,15%;
cinzas 0,715%; matéria seca com gordura 8,61% e matéria-seca total 12,3% .
A coloração varia de branco-opaco ao branco amarelado. Atribui-se a cor a dois
pigmentos: a carotina, relacionada á vitamina A dissolve-se na gordura e ao lactocromo,
solúvel em água, é também conhecido como lactoflavina. Os compostos protéicos mais
significativos do leite são a caseína, a lactoalbumina, a lactoglobulina e a aposolina.
Dentro do grupo dos hidratos de carbono, a lactose é a que se apresenta em maior
quantidade e pode ser convertida em acido láctico através da ação de certos
microorganismos, como bactérias do grupo láctico, havendo também fermentação e
precipitação da caseína.
A gordura do leite é representada por glicerídeos e as vitaminas presentes são a
A, B, B2, C e D. Rica em energia, a gordura serve de transporte para as vitaminas
lipossolúveis: A, D, E e K. Está sob forma de emulsão.
As vitaminas (micronutrientes) assim como as enzimas e as hormonas são
consideradas biocatalizadores. Encontram-se dissolvidas na fase aquosa ou ligadas ás
proteínas (em especial as caseínas) ou na fase lipídica. O hormônio mais importante no
leite é a prolactina. Processos de desnatação ou tratamentos térmicos retiram as
vitaminas do fluído.

8
O glóbulo de gordura é rodeado por uma membrana protéica da qual se isolam
duas frações: uma solúvel e outra insolúvel em solução aquosa. A matéria gorda é
constituída por cerca de 99,5% de compostos lipídicos e 0,5% de compostos
lipossolúveis. Os primeiros, subdividem-se em lipídeos simples, complexos e ácidos
graxos livres. A fração insolúvel são constituídos por colesterol, vários hidrocarbonetos,
o grupo das vitaminas lipossolúveis e alguns álcoois. A gordura do leite tem valor
comercial, uma vez que é o principal constituinte da manteiga, alguns queijos e
confecção de sobremesas geladas. Já os sais encontram-se em dissolução (moléculas e
íons) ou no estado coloidal e apresentam-se através dos fosfatos de cálcio, de sódio, de
magnésio e de ferro, cloreto de sódio e de potássio, carbonatos, lactados e caseinatos de
sódio, sulfato e silicato de potássio e fluoreto de cálcio. O cálcio e o fósforo são dois
elementos fundamentais da estrutura da micela das caseínas, condicionam a estabilidade
da fase coloidal. Também o magnésio é um elemento muito importante que intervêm
igualmente como o cálcio na estabilidade da micela. A quantidade de nutrientes varia de
acordo com a origem do leite, como vaca, cabra, bufada ou ovelha.
Existem alguns oligoelementos, componentes necessários no organismo, mas em
pequenas quantidades, presentes em quantidades mínimas ou simples vestígios, cujos
teores podem variar muito, segundo condições de produção de leite. Os principais
oligoelementos são: zinco, iodo, ferro, molibdênio, flúor, selênio, cobalto e magnésio.
Encontram-se também no leite microrganismos como bactérias, vírus, fungos e
leveduras. Quando submetidos a processos de pasteurização ou UHT (Ultra Hight
Temperature) os microorganismos são eliminados e repostos (fermentos) quando o leite
é utilizado para produção de produtos fermentados como queijos e iogurtes. Nestes
casos, os microrganismos ajudam a melhorar aroma, sabor e na conservação destes
produtos.

A utilização de água pela indústria pode ocorrer de diversas formas, tais como:
incorporação ao produto; lavagens de máquinas, tubulações e pisos; águas de sistemas
de resfriamento e geradores de vapor; águas utilizadas diretamente nas etapas do
processo industrial ou incorporadas aos produtos; esgotos sanitários dos funcionários.
Exceto pelos volumes de águas incorporados aos produtos e pelas perdas por
evaporação, as águas tornam-se contaminadas por resíduos do processo industrial ou
pelas perdas de energia térmica, originando assim os efluentes líquidos. Os efluentes
líquidos ao serem despejados com os seus poluentes característicos causam a alteração
de qualidade nos corpos receptores e conseqüentemente a sua poluição (degradação).
9
Historicamente o desenvolvimento urbano e industrial ocorreu ao longo dos rios
devido à disponibilidade de água para abastecimento e a possibilidade de utilizar o rio
como corpo receptor dos dejetos. A poluição hídrica pode ser definida como qualquer
alteração física, química ou biológica da qualidade de um corpo hídrico, capaz de
ultrapassar os padrões estabelecidos para a classe, conforme o seu uso preponderante.
Considera-se a ação dos agentes: físicos materiais (sólidos em suspensão) ou formas de
energia (calorífica e radiações); químicos (substâncias dissolvidas ou com potencial
solubilização); biológicos (microorganismos).

Os efluentes industriais dos laticínios são oriundos das diversas etapas de


lavagens de pisos e equipamentos que arrastam resíduos de leite e seus derivados
incluindo também produtos de limpeza. A qualidade dos efluentes varia em função dos
produtos industrializados (resfriamento e ensacamento, fabricação de queijos, yogurtes,
manteiga, requeijão, leite em pó, etc.), capacidade de produção, “lay-out” industrial,
tecnologia utilizada para a higienização das instalações e qualidade do leite utilizado.

A minimização da geração de efluentes pode ser conseguida desde que sejam


utilizadas membranas filtrantes com reuso de água e incorporação do rejeito na
produção industrial. O tratamento dos efluentes gerados pode ser conseguido através de
diversos tipos de processos tais como;

• Preliminar (separação de gorduras, utilizando-se caixas de gordura);


• Primário: flotação com o auxílio da coagulação química para a remoção de
gorduras.
• Secundário (lodos ativados, biodigestor, ou lagoas).

É fundamental o aproveitamento do soro do leite, que não deve ser descartado para
o efluente.

Os efluentes brutos apresentam uma rápida alteração do pH devido à fermentação


láctica, o que deve ser considerado em relação aos materiais empregados na execução do
sistema de tratamento.Os efluentes tratados apresentam concentrações inferiores a 10 mg
O2 relação a DQO. Isto demonstra a excelente biodegradabilidade dos efluentes pois / L no
na indústria de laticínios pode-se obter DQO superiores a 7.000 mg O2 efluente bruto. A
poluição origina-se devido a perdas de energia, produtos e matérias primas, ou seja, devido
à ineficiência dos processos industriais. O ponto fundamental é compatibilizar a produção
industrial com a conservação do meio ambiente que nos cerca. Somente a utilização de
10
técnica de controle não é suficiente, mas é importante a busca incessante da eficiência
industrial, sem a qual a indústria torna-se obsoleta e é fechada pelo próprio mercado. A
eficiência industrial é o primeiro passo para a eficiência ambiental. A poluição pelos
efluentes líquidos industriais deve ser controlada inicialmente pela redução de perdas nos
processos, incluindo a utilização de processos mais modernos, arranjo geral otimizado,
redução do consumo de água incluindo as lavagens de equipamentos e pisos industriais,
redução de perdas de produtos ou descarregamentos desses ou de matérias primas na rede
coletora. A manutenção também é fundamental para a redução de perdas por vazamentos e
desperdício de energia. Além da verificação da eficiência do processo deve-se questionar
se este é o mais moderno, considerando-se a viabilidade técnica e econômica. Após a
otimização do processo industrial, as perdas causadoras da poluição hídrica devem ser
controladas utilizando-se sistemas de tratamento de efluentes líquidos.

2.0 Composição dos efluentes de laticínios

O efluente gerado na higienização compõe um licor rico em gorduras,


carboidratos (lactose, principalmente) e proteínas (caseínas, principalmente) que passam
a ser contaminantes se lançado diretamente em corpos receptores.

Os poluentes inorgânicos, em especial nitrogênio e fósforo, são gerados em


grande quantidade em processadoras de laticínios, uma vez que o leite possui cerca de
3% de proteínas e 1.000 mg/L de fósforo. Embora essenciais como nutrientes para
tratamentos biológicos, quando em excesso, ocasionam extrapolações do efluente
gerado, o que pode vir a causar a eutrofização dos rios. O valor característico da DQO
para efluente industrial de laticínio é de aproximadamente de 2 g/L3 Cenário do
emprego da filtração tangencial em efluentes de laticínios

Na indústria de laticínios, os processos de separação com membranas


apresentam um grande potencial para o tratamento de efluentes, visto que seria possível
atingir a redução da carga orgânica. O reuso e o reciclo de efluentes surge como uma
alternativa para a minimização do lançamento de efluentes, evitando a sobrecarga nos
sistemas de tratamento e servindo como uma ferramenta na redução de custos. O
concentrado obtido (carga orgânica) pode ser reaproveitado, uma vez que a legislação
vigente permite a adição de sólidos de origem láctea como ingrediente de vários
produtos lácteos com baixa umidade, adicionados de sacarose, como por exemplo, o
doce de leite e o leite condensado.

11
A Figura ilustra o processo integrado para a redução da carga poluidora nos efluentes de laticínios.

Os processos com membrana surgiram como uma nova classe de processos de


separação que utiliza membranas como uma barreira seletiva, que separa duas fases,
restringindo total ou parcialmente o transporte de uma ou várias espécies presentes na
fase. Uma membrana é uma fase permeável ou semipermeável, freqüentemente um fino
polímero sólido que restringe o movimento de certas espécies. A aplicação de processos
com membranas tem sido motivada pelas vantagens que os mesmos apresentam em
relação às operações clássicas. As principais vantagens são que esses processos
geralmente são atérmicos, não envolvem mudança de fase, não necessitam de aditivos
químicos, são simples em conceito e operação, são modulares e apresentam facilidade
para realização de ampliação de escala, necessitam de baixo consumo de energia,
apresentam um uso racional de matérias primas e recuperação de subprodutos.

As principais limitações da tecnologia de membranas são a fragilidade das


membranas e a deposição de substâncias na sua superfície. O uso de pressões elevadas,
como no caso da osmose inversa, as paradas para limpezas e as limitações práticas do
nível máximo de concentração a ser atingido também podem ser citados como
desvantagens do processo.

A osmose reversa (ou osmose inversa) é um processo de remoção de água por


alta pressão, para concentração de soluções com componentes de baixo peso molecular,
ou clarificação de efluentes, com alta eficiência energética, que objetiva a separação de
solutos iônicos, (orgânicos e inorgânicos) e macromoléculas de correntes aquosas e
utiliza alimentação tangencia. A ultrafiltração é um processo de separação seletiva
12
utilizado para concentrar e purificar componentes de peso molecular médio a alto, tais
como proteínas lácteas, carboidratos e enzimas. A nanofiltração é um processo de
filtração entre ultrafiltração e osmose inversa que proporciona separações altamente
específicas de componentes com baixo peso molecular, tais como açúcares de minerais
dissolvidos e sais. A microfiltração é um processo de separação de componentes em
suspensão com alto peso molecular e de compostos coloidais gerados pela dissolução de
sólidos, em baixas pressões.

O fracionamento do efluente de laticínios em permeado e rejeito abre a hipótese


para uso das duas correntes. O permeado apresenta uma concentração moderada de
matéria orgânica (basicamente lactose, elevando a DQO), dificultando sua aplicação.
No entanto, o enxágue inicial, que visa à remoção grosseira, poderia ser testado com
esta corrente, com o permeado poderia reduzir o volume de água fresca utilizada para o
enxágüe posterior. Embora a utilização de membranas seja passível de remoção
microbiológica, há o risco da recontaminação, uma vez que o permeado ainda contém
uma considerável concentração de açúcares (lactose). Uma reutilização imediata seria
necessária para evitar tais problemas. De qualquer modo, o sistema teria ainda como
garantias a limpeza CIP, que visa à remoção de matéria orgânica, sais minerais, e
também a descontaminação microbiológica (ou sanitização), se necessária.

Na indústria de laticínios, uma promissora alternativa seria a aplicação deste


concentrado, rico em proteínas e gorduras, em subprodutos lácteos, substituindo-se
parcialmente a matéria prima por este concentrado. A adição de sólidos de origem láctea
é permitida pela legislação brasileira (BRASIL, 1997) e já vem sendo executada
comercialmente por algumas empresas do ramo, utilizando-se, entretanto, o leitelho
(soro resultante do batimento da manteiga) ou mesmo o soro de queijo para esse fim.
Somente o efluente do enxágue inicial seria aproveitado para ser inserido em
subprodutos, pois os enxágues posteriores carregam consigo os resíduos de hidróxido de
sódio ou ácido nítrico, soluções estas utilizadas para a limpeza CIP do sistema. Além
disso, uma etapa de pasteurização após a filtração torna-se necessária, uma vez que, se o
resíduo for proveniente de um tanque de leite in natura, este efluente possui ainda
grande carga microbiana, garantindo também a possibilidade de um armazenamento
temporário do concentrado.

Vantagens ambientais e econômicas para a recuperação dos compostos solúveis


e suspensos nos efluentes de laticínios A redução do volume lançado e a minimização
13
da carga do efluente da indústria de laticínios podem ser abordadas com duplo foco. O
primeiro se refere à redução do consumo de água, a qual é obtida por meio da
prevenção. A segunda abordagem é realizada com o tratamento “in plant”, na qual
processos são instalados em complementação aos tradicionais, buscando remover a
carga orgânica do efluente e recuperando um concentrado para a reutilização.

Considerando o volume de produção de uma indústria de laticínios de grande


porte do Rio Grande do Sul, que possui um valor de 571.725 T/dia para a produção de
leite UHT brik, 93.344 T/dia para a produção de leite UHT garrafa e 15.622 T/dia para a
produção de creme brik e lata, o volume de efluente gerado e encaminhado para a
Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) será de aproximadamente 680.000 L/dia.

Assumindo que cerca de 80% deste volume de efluente produzido seja


proveniente do processo de higienização (CIP) e, destes, 80% sejam provenientes da
etapa de pré enxágüe, logo o volume de efluente que seria retirado da ETE seria de
aproximadamente 435.200 L/dia.

O fluxo da corrente de permeado obtido para o processo de osmose inversa para


águas residuárias obtidas pelo primeiro enxágüe -2 -1 h . Sendo assim, seria possível
assumir, para o dos equipamentos foi de 30 kg.m volume de 435.200 L/dia de água
residuária proveniente do primeiro enxágüe dos equipamentos, que o volume de
permeado gerado após o processo de osmose inversa seria de aproximadamente 130.500
L/dia e o volume de rejeito contendo os sólidos solúveis de aproximadamente 304.700
L/dia. A caracterização das correntes de permeado e rejeito torna-se indispensável para
seu posterior reuso nos processos industriais. A aplicação de qualquer corrente com
contaminação proveniente dos processos de filtração ou armazenamento, mesmo após a
pasteurização, teria conseqüências desastrosas após o consumo humano dos produtos
subseqüentes. Assim, os parâmetros microbiológicos, que são conhecidos através da
literatura e da legislação, devem ser respeitados através de procedimentos adequados de
manipulação e de operações com as correntes obtidas para que o retorno destas ao
processo industrial seja possível.

Além dos parâmetros microbiológicos, é de indispensável conhecimento a


caracterização dos componentes destas duas correntes para a adequação no
processamento. Segundo dados, é possível reintroduzir a corrente do permeado como
água de processo com fins não compatíveis ao consumo humano, ou seja, para lavagens
14
de piso, caminhões, ou como água de caldeira ou resfriamento. Já a corrente do rejeito,
apresenta características que concedem sua reintrodução no processo para fins de
consumo humano. Analisando os dados apresentados, referentes à água resultante, de
acordo com as características físico-químicas, esta não necessitaria passar pela estação
de tratamento de efluentes, sendo inclusive passível de utilização direta na indústria:
lavagem de caminhões, pisos e sanitários.

A reinserção de aproximadamente 130.500 L /dia de água residuária recuperada no


processo industrial, considerando o volume de efluente gerado pela indústria de
laticínios de grande porte do Rio Grande do Sul, que é de aproximadamente 680.000
L/dia, acarretaria em grande economia no consumo de água pela indústria e intensa
diminuição do impacto ambiental que seria causado tanto pela entrada desta quantidade
de água contendo sólidos solúveis orgânicos no meio ambiente, quanto pela retirada
deste volume dos mananciais e lençóis d'água, que poderiam ser preservados.

3.0 FASES DO TRATAMENTO

15
No total, o tratamento dos resíduos industriais é dividido em 5 etapas: pré-
tratamento, tratamento químico, tratamento físico, tratamento anaeróbio e desidratação
do resíduo gerado na ETE, ou tratamento do lodo.

O Pré-tratamento consiste na remoção de areia e gordura por meio de


gradeamento. Todo o despejo gerado na fábrica vai para a estação de tratamento, onde
passa por uma peneira estática que separa e elimina a parte composta por materiais
sólidos de maiores dimensões. O tanque separador de areia e gordura remove sólidos
pesados de pequenas dimensões pelo processo de sedimentação com ar comprimido —
sistema Air-Lift — e materiais graxos pelo processo de flotação, utilizando um raspador
mecânico. O efluente isento de areia e material graxo verte, então, para o tanque de
equalização,onde se inicia o processo químico.

16
No Tratamento químico, o tanque de equalização garante que a mistura dos
efluentes provenientes do processo industrial seja homogênea quanto às características
físico-químicas. O efluente equalizado contém partículas pequenas de baixo peso e
partículas coloidais. Para que possam ser removidas no processo físico, elas devem
aglomerar-se e os flocos tornarem-se espessos.

Para tanto, passam para o tanque de floculação, onde são adicionados


reagentes químicos (Polieletrolito, Cloreto Férrico, Ácido Sulfúrico e Soda Cáustica)
cujas dosagens são obtidas por meio de ensaios laboratoriais. Com o objetivo de retirar,
de forma contínua, os materiais em suspensão, no Tratamento físico o efluente vai para
um tanque de flotação. Lá recebe micro-bolhas de ar por meio de um balão de
pressurização para diminuir a densidade dos materiais em suspensão (lodo), que vão à
superfície e de onde são retirados por um sistema de lâminas raspadoras.

17
O efluente tratado verte para uma canaleta, de onde parte para a rede de esgotos, com as
características exigidas pelo Artigo 19A.

A segunda fase do processo é o Tratamento Anaeróbio, Por meio de um


Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente, um tanque com bactérias anaeróbias, a matéria
orgânica contida nos efluentes líquidos serve de alimento aos microorganismos e são
assim “digeridas” pela transformação anaeróbia. A finalidade da digestão de efluentes
líquidos é reduzir a matéria orgânica complexa presente nos mesmos, para transformá-la
em um estado mais estável.

Tipo de tratamento – Reator anaeróbico de fluxo ascendente, unitank (conjunto de tanques de aeração e clarificação) com polimento final;

A última fase é a Desidratação do resíduo gerado na ETE, ou desidratação do


lodo, por meio de centrifugação. Todo lodo gerado no processo de flotação é adensado
em uma centrífuga horizontal, que o separa do efluente clarificado. A torta desidratada é

18
recolhida em caçambas e encaminhada ao aterro industrial. De acordo com o químico, o
tratamento do efluente faz com que 97% dos poluentes sejam eliminados antes que o
despejo industrial chegue à rede pública, onde será tratado mais uma vez para, então, ser
jogado no Rio Tietê. Ou seja, as 4,5 toneladas de resíduos tratados diariamente resultam
em 144 quilos de resíduos que são dispostos no aterro industrial . Esse resíduo pertence
à classe 2, de acordo com a classificação da NBR 10.004, ou seja, resíduo não inerte e
não perigoso. Os investimentos na Estação de Tratamento de Efluentes, em suas duas
fases, alcançaram a cifra dos US$ 3,5 milhões, dos quais US$ 2 milhões provenientes de
recursos próprios e US$ 1,5 milhão financiados pelo Banco Mundial, por intermédio do
Banespa. Parte desta verba foi utilizada na construção dos oito tanques da estação, os
quais foram construídos em concreto armado e revestidos com fibras e aplicações
químicas de impermeabilizantes e materiais resistentes a ácido e soda.

Os processos com membrana surgiram como uma nova classe de processos de


separação que utiliza membranas como uma barreira seletiva, que separa duas fases,
restringindo total ou parcialmente o transporte de uma ou várias espécies presentes na
fase . Uma membrana é uma fase permeável ou semipermeável, freqüentemente um fino
polímero sólido que restringe o movimento de certas espécies. A aplicação de processos
com membranas tem sido motivada pelas vantagens que os mesmos apresentam em
relação às operações clássicas. As principais vantagens são que esses processos
geralmente são atérmicos, não envolvem mudança de fase, não necessitam de aditivos
químicos, são simples em conceito e operação, são modulares e apresentam facilidade
19
para realização de ampliação de escala, necessitam de baixo consumo de energia,
apresentam um uso racional de matérias primas e recuperação de subprodutos .

As principais limitações da tecnologia de membranas são a fragilidade das


membranas e a deposição de substâncias na sua superfície. O uso de pressões elevadas,
como no caso da osmose inversa, as paradas para limpezas e as limitações práticas do
nível máximo de concentração a ser atingido também podem ser citados como
desvantagens do processo. A osmose reversa (ou osmose inversa) é um processo de
remoção de água por alta pressão, para concentração de soluções com componentes de
baixo peso molecular, ou clarificação de efluentes, com alta eficiência energética, que
objetiva a separação de solutos iônicos, (orgânicos e inorgânicos) e macromoléculas de
correntes aquosas e utiliza alimentação tangencia. A ultrafiltração é um processo de
separação seletiva utilizado para concentrar e purificar componentes de peso molecular
médio a alto, tais como proteínas lácteas, carboidratos e enzimas. A nanofiltração é um
processo de filtração entre ultrafiltração e osmose inversa que proporciona separações
altamente específicas de componentes com baixo peso molecular, tais como açúcares de
minerais dissolvidos e sais. A microfiltração é um processo de separação de
componentes em suspensão com alto peso molecular e de compostos coloidais gerados
pela dissolução de sólidos, em baixas pressões.

O fracionamento do efluente de laticínios em permeado e rejeito abre a hipótese


para uso das duas correntes. O permeado apresenta uma concentração moderada de
matéria orgânica (basicamente lactose, elevando a DQO), dificultando sua aplicação.
No entanto, o enxágue inicial, que visa à remoção grosseira, poderia ser testado com
esta corrente, com o permeado poderia reduzir o volume de água fresca utilizada para o
enxágüe posterior. Embora a utilização de membranas seja passível de remoção
microbiológica, há o risco da recontaminação, uma vez que o permeado ainda contém
uma considerável concentração de açúcares (lactose). Uma reutilização imediata seria
necessária para evitar tais problemas. De qualquer modo, o sistema teria ainda como
garantias a limpeza CIP, que visa à remoção de matéria orgânica, sais minerais, e
também a descontaminação microbiológica (ou sanitização), se necessária.

3.1 O EFLUENTE DA INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

Na indústria de laticínios, uma promissora alternativa seria a aplicação deste


concentrado, rico em proteínas e gorduras, em subprodutos lácteos, substituindo-se
20
parcialmente a matéria prima por este concentrado. A adição de sólidos de origem láctea
é permitida pela legislação brasileira (BRASIL, 1997) e já vem sendo executada
comercialmente por algumas empresas do ramo, utilizando-se, entretanto, o leitelho
(soro resultante do batimento da manteiga) ou mesmo o soro de queijo para esse fim.
Somente o efluente do enxágue inicial seria aproveitado para ser inserido em
subprodutos, pois os enxágues posteriores carregam consigo os resíduos de hidróxido de
sódio ou ácido nítrico, soluções estas utilizadas para a limpeza CIP do sistema. Além
disso, uma etapa de pasteurização após a filtração torna-se necessária, uma vez que, se o
resíduo for proveniente de um tanque de leite in natura, este efluente possui ainda
grande carga microbiana, garantindo também a possibilidade de um armazenamento
temporário do concentrado.

Vantagens ambientais e econômicas para a recuperação dos compostos solúveis


e suspensos nos efluentes de laticínios A redução do volume lançado e a minimização
da carga do efluente da indústria de laticínios podem ser abordadas com duplo foco. O
primeiro se refere à redução do consumo de água, a qual é obtida por meio da
prevenção. A segunda abordagem é realizada com o tratamento “in plant”, na qual
processos são instalados em complementação aos tradicionais, buscando remover a
carga orgânica do efluente e recuperando um concentrado para a reutilização.
Considerando o volume de produção de uma indústria de laticínios de grande porte do
Rio Grande do Sul, que possui um valor de 571.725 T/dia para a produção de leite UHT
brik, 93.344 T/dia para a produção de leite UHT garrafa e 15.622 T/dia para a produção
de creme brik e lata, o volume de efluente gerado e encaminhado para a Estação de
Tratamento de Efluentes (ETE) será de aproximadamente 680.000 L/dia. Assumindo
que cerca de 80% deste volume de efluente produzido seja proveniente do processo de
higienização (CIP) e, destes, 80% sejam provenientes da etapa de pré-enxágüe, logo o
volume de efluente que seria retirado da ETE seria de aproximadamente 435.200 L/dia.

O fluxo da corrente de permeado obtido para o processo de osmose inversa para


águas residuárias obtidas pelo primeiro enxágüe -2 -1 h . Sendo assim, seria possível
assumir, para o dos equipamentos foi de 30 kg.m volume de 435.200 L/dia de água
residuária proveniente do primeiro enxágüe dos equipamentos, que o volume de
permeado gerado após o processo de osmose inversa seria de aproximadamente 130.500
L/dia e o volume de rejeito contendo os sólidos solúveis de aproximadamente 304.700
L/dia. A caracterização das correntes de permeado e rejeito torna-se indispensável para

21
seu posterior reuso nos processos industriais. A aplicação de qualquer corrente com
contaminação proveniente dos processos de filtração ou armazenamento, mesmo após a
pasteurização, teria conseqüências desastrosas após o consumo humano dos produtos
subseqüentes. Assim, os parâmetros microbiológicos, que são conhecidos através da
literatura e da legislação, devem ser respeitados através de procedimentos adequados de
manipulação e de operações com as correntes obtidas para que o retorno destas ao
processo industrial seja possível. Além dos parâmetros microbiológicos, é de
indispensável conhecimento a caracterização dos componentes destas duas correntes
para a adequação no processamento. Segundo dados, é possível reintroduzir a corrente
do permeado como água de processo com fins não compatíveis ao consumo humano, ou
seja, para lavagens de piso, caminhões, ou como água de caldeira ou resfriamento. Já a
corrente do rejeito, apresenta características que concedem sua reintrodução no processo
para fins de consumo humano. Analisando os dados apresentados, referentes à água
resultante, de acordo com as características físico-químicas, esta não necessitaria passar
pela estação de tratamento de efluentes, sendo inclusive passível de utilização direta na
indústria: lavagem de caminhões, pisos e sanitários.

A reinserção de aproximadamente 130.500 L /dia de água residuária recuperada


no processo industrial, considerando o volume de efluente gerado pela indústria de
laticínios de grande porte do Rio Grande do Sul, que é de aproximadamente 680.000
L/dia, acarretaria em grande economia no consumo de água pela indústria e intensa
diminuição do impacto ambiental que seria causado tanto pela entrada desta quantidade

22
de água contendo sólidos solúveis orgânicos no meio ambiente, quanto pela retirada
deste volume dos mananciais e lençóis d'água, que poderiam ser preservados.

23
Considerações finais

Os setores para produção de laticínios apresentam um grande potencial poluidor,


a produção de laticínios tanto na forma fluida quanto na forma de produtos secos
apresentaram riscos ambientais se não avaliados e tratados devidamente. Os programas
preventivos podem reduzir a emissão do volume e da carga de efluentes, minimizando
custos com o tratamento e podendo haver benefícios econômicos com a recuperação de
sólidos do leite e adaptação de processos para o reuso ou reciclo de águas. Variados
tipos de ações podem constituir atitudes preventivas para o setor de laticínios, desde a
instalação de um simples tanque para o recebimento do primeiro enxágüe ou até mesmo
a inserção de tecnologias emergentes como sistemas de separação por membranas. Em
contrapartida, os custos também são variados, podendo representar barreiras para a
minimização de efluentes que são levados ao tratamento de fim de tubo.

A utilização do permeado e concentrado obtido como água de processo e


produção de produtos lácteos açucarados, respectivamente, são capazes de atender
padrão físico químicos de identificação e qualidade exigidos pela Legislação. Isso é de
grande interesse para a obtenção de retorno econômico para a indústria, pois há
diminuição do consumo de água e substituição parcial ou venda de matéria prima e
diminuição do impacto ambiental, com a minimização do lançamento de resíduos
orgânicos com alta carga poluidora. Contudo, qualquer intenção de implementação
industrial de um sistema desse porte exige uma análise econômica mais apurada.

24
BIBLIOGRAFIA

http://www.enasaengenharia.com.br/tratamento-efluentes-industria-
laticinios.php
http://www.pracomprar.com/userfiles/pracomprar_165_photo_19a770260d9
390bc449cdd41b4d5feb2.jpg
http://www.latscala.com.br/site/node/12

http://www.feq.unicamp.br/~cobeqic/tEa02.pdf

http://www.ufmt.br/esa/Modulo_II_Efluentes_Industriais/Apost_EI_2004_1ABE
S_Mato_Grosso_UFMT2.pdf

http://www.pb.utfpr.edu.br/eventocientifico/revista/artigos/0603006.pdf

http://www.advancesincleanerproduction.net/second/files/sessoes/4a/5/L.
%20F.%20W.%20Brum%20-%20Resumo%20Exp.pdf

25

You might also like