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LFG - INTENSIVO II

DIREITO ADMINISTRATIVO
Professora: Licínia Rossi
15/11/2009 – Controle da Administração.

CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

- Pode ser exercido de duas formas: político ou administrativo.

- Controle Político: idéia de equilíbrio entre os poderes legislativo, executivo e judiciário.

- Sistema de freios e contrapesos: essa idéia surgiu com Montesquieu. Aquele que tem o poder
tem a tendência de abusar. Deve esse sistema ser relacionado com a tripartição de poderes.

Ex1. Através do veto o executivo controla o legislativo.

Ex2. Controle financeiro: o legislativo controlando o judiciário. A CRFB é que deve estipular os
limites.

- Controle Administrativo: está relacionada com as instituições administrativas, ou seja, função


administrativa, dos órgãos administrativos, com os agentes administrativos.
Todas as atividades das instituições administrativas devem agir em conformidade com o
princípio da legalidade.
A partir daí surgem mecanismos de controle.
Outro princípio importante é o da eficiência.

- Conceito de Controle da Administração Pública: trata-se do conjunto de mecanismos jurídicos e


administrativos por meio dos quais s exerce o poder de fiscalização e de revisão da atividade
administrativa em qualquer das esferas de poder.

Elementos bases:

- Fiscalização.

- Revisão – corrigindo ou alterando condutas que não abrigam o interesse público.

- Natureza Jurídica do Controle da Administração:

José dos Santos C. Filho: O controle é um princípio fundamental da administração pública,


fundamentado no DL 200/67, art. 60, I a V.
Esse decreto traz 5 princípios fundamentais que deveriam ser observados pela
administração:
a) Planejamento;
b) Coordenação;
c) Descentralização;
d) Delegação de competência;
e) Controle.

- Classificação/Espécies de controle:

1. Quanto ao órgão (Celso Antônio e Maria Sylvia) ou quanto à extensão do controle (José dos
Santos Carvalho Filho):

- O controle se subdivide em:

- Controle interno/autocontrole: é o controle que cada um dos poderes exerce sobre seus
próprios atos e agentes (sistema de auditorias). Ex. Corregedoria controla atos dos serventuários
(art. 74, CR).
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- Controle externo/heterocontrole: é aquele exercido por um dos poderes sobre o outro, e


também o que a administração direta realiza sobre a indireta. Ex. Caso do TC que controla atos
do executivo.

# O que é controle interno exterior (Celso Antônio)? A administração indireta teria duplo controle,
ou seja, aquele efetuado por seus próprios órgãos e um 2º controle realizado pela administração
direta.

OBS: Sempre que se falar em controle externo deve-se lembrar do controle popular relacionada
com o princípio da publicidade (Lei 4898/65, Lei 8429/92, art. 14 e 22 e art. 31, parágrafo 3º, da
CR).

2. Quanto ao objeto (Diógenes Gasparini) ou quanto ao aspecto controlado (CABM) ou ainda


quanto à natureza do controle (JSCF):

Nessa classificação o controle pode ser:

- de Legalidade: Administração (súmula 346, do STF) e Judiciário (art. 5º, XXXV, CR).
Anulação.

- de Mérito: feito pela administração pública por critérios de oportunidade e conveniência


(Súmula 473, do STF). Revogação.

OBS: ADPF 45 (trata de políticas públicas): digamos que a administração pública quer fazer um
hospital e uma fonte em uma praça, mas só tem dinheiro para uma. Imaginem que a
administração escolha fazer a fonte, esta decisão não é proporcional então nesse caso, apesar do
judiciário não analisar o mérito, como a decisão administrativa violou a razoabilidade e
proporcionalidade (art. 2º, da lei 9784/99), o judiciário poderá fazer o controle de legalidade que
indiretamente atinge o mérito.

3. Quanto ao momento do controle ou quanto à oportunidade:

- Controle prévio ou preventivo: antes de consumar-se a conduta administrativa.

- Controle concomitante ou sucessivo: o controle ocorre na medida em que a conduta vai se


desenvolvido. Ex. a fiscalização de um contrato que está em andamento. Ex2. art. 67, da lei 8666.

- Controle posterior ou corretivo: tem a idéia de revisão, ou seja, ou se mantém o ato ou o corrigi.
Ex. homologação ou visto da autoridade.

4. Quanto ao fundamento do controle:

- Hierárquico ou por subordinação (JSCF): decorre do escalonamento vertical dos órgãos.


Princípio da hierarquia.

- Finalístico ou por vinculação (JSCF): controle de legalidade administrativa em se tem a


administração pública direta controlando a indireta.

5. Quanto à iniciativa (JSCF):

- Oficio: decorre da autotutela.

- Provocado: deflagrado por terceiros. Ex. recursos administrativos.


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6. Quanto à natureza do controlador:

- Controle administrativo ou executivo:

- Conceito: é aquele que vai confirmar, rever ou alterar condutas internas quanto à
legalidade e a conveniência pelo próprio executivo ou órgãos administrativos do legislativo ou
judiciário.

- Na esfera federal esse controle é a supervisão ministerial.

- Decorre da autotutela no sentido de revisar os seus próprios atos.

- Exercido pelos órgãos superiores em relação a órgãos inferiores (controle hierárquico).

- Auxílio de órgãos julgadores de recursos ou especializados (ex. auditorias).

- Objetivo do controle:

a) Confirmação do ato

b) Correção: modifica-se totalmente o ato.

c) Alteração: uma parte se ratifica e a outra se altera.

- Instrumentos de controle administrativo:

i) Direito de petição: Right of petition. Previsto no art. 5º, XXXIV, a, CR.

OBS: o recebimento do pedido pela autoridade é obrigatório, ou seja, é um direito dotado


de eficácia, devendo a autoridade analisar aquilo que foi pedido. Na falta do pronunciamento
caberá MS.

OBS2: Garantia de instância (depósito em dinheiro).


1ª corrente: a lei pode estabelecer condições especiais para a interposição de recursos
(minoritária). Essa corrente se vale do art. 56, parágrafo 2º, da lei 9784/99.

2ª corrente: a exigência da garantia é inconstitucional (corrente majoritária). Vide Súmula


Vinculante 21 do STF.

É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para


admissibilidade de recurso administrativo

ii) Controle ministerial: é o exercício pelos ministérios sobre os órgãos de sua


estrutura administrativa e também sobre as pessoas da administração indireta federal.

iii) Hierarquia orgânica (JSCF) ou fiscalização hierárquica (CABM).

- Tem relação com o sistema organizacional da administração com o


escalonamento de seus órgãos e decorrente da hierarquia. Agente de grau superior fiscaliza
agente inferior.
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iv) Controle social.

a) Função legislativa: leis de iniciativa popular. Art. 61, parágrafo 2º, da CR.

b) EC 19/98: art. 37, parágrafo 3º, CR.

c) Ações e serviços de saúde.

d) Art. 194, VII, CR.

e) Lei 9784.

- Efetivação do controle social:


a) Controle natural: é a própria população que realiza por associações, sindicatos
etc.

b) Controle institucional: é feito pela própria administração por órgãos que são
instituídos para o controle. Ex. MP, Defensorias.

v) Instrumentos legais: Ex. lei de responsabilidade fiscal.

vi) Recursos administrativos lato sensu: aplicam-se os princípios da publicidade e


do formalismo; inconformismo; via administrativa; fundamento de hierarquia orgânica; fundamento
do exercício do direito de petição; fundamento da garantia do contraditório e de ampla defesa; não
precisa de advogado; interposição e razões são uma peça só.

- Efeitos dos recursos: como Regra é o efeito devolutivo. Mas quando é que se terá
o efeito suspensivo? Ex. Lei 8.666, art. 109, I, parágrafo 2º, confere o efeito suspensivo. Ora, o
efeito suspensivo não decorrer automaticamente porque os atos administrativos se presumem
legítimos. Portanto, só haverá efeito suspensivo quando a lei prever ou o administrador conferir tal
efeito ao recurso.

OBS: Se o recurso está com efeito suspensivo, cabe MS? Diógenes Gasparini entende
que não cabe MS.

- Prazo para interposição dos recursos: depende da lei. Mas uma vez escoado o
prazo previsto ocorrerá a preclusão.

- Recursos em espécie:

- Representação administrativa: ocorre quando o recorrente denuncia irregularidades,


ilegalidades ou condutas abusivas dos agentes ou dos órgãos públicos. Tudo isso com o objetivo
de apuração e regularização dessas condutas.
O recorrente será qualquer pessoa, ou seja, aquele que ainda não está sendo afetado pela
irregularidade.
A administração pública recebe a representação e instaura o processo administrativo
(poder-dever da administração).
Ex. Art. 74, parágrafo 2º, CR; lei 4898/65 (representação administrativa contra o abuso de
autoridade).
Qual a diferença entre o direito de petição e a representação administrativa?

Direito de petição Representação administrativa


- Serve para a defesa de interesses próprios ou - Não defende interesses próprios ou de
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de terceiros. terceiros, ou seja, é uma denúncia solene.

- Reclamação administrativa: tem previsão no Decreto 20.910/32. Conceito: é o ato pelo


qual o administrado, seja particular ou servidor público, deduz uma pretensão perante a
administração pública, visando obter o reconhecimento de um direito ou a correção de um ato que
lhe cause lesão ou ameaça de lesão. Na reclamação, o recorrente é interessado direto, ao passo
que na representação o recorrente pode ser qualquer pessoa ainda que não afetado pelo ato.
O prazo de reclamação é de um ano (art. 6º, do Decreto). A doutrina entende que mesmo
depois do prazo, se a administração quiser pode conceder a reclamação, desde que não interfira
na esfera de direitos de terceiro e desde que não esteja consumada a prescrição contra a
Fazenda.
Não confundir essa reclamação com a reclamação perante o STF por desrespeito à
súmula vinculante.
- Pedido de reconsideração: é o reexame da matéria pela própria autoridade que emitiu
aquele ato. Só se pode fazer o pedido de reconsideração uma única vez.
Ex. Art. 106, da Lei 8112; art. 109, III, da lei 8666 (quanto a este dispositivo, Diógenes
Gasparini entende que não é reconsideração, mas sim verdadeiro recurso).
O prazo é por analogia ao da reclamação, ou seja, um ano.

- Revisão do processo: previsto legalmente nos arts. 174 a 182, da lei 8112/90 e art. 65, da
lei 9784/99.
Nada mais é do que o reexame da punição ou do servidor ou administrado em razão da
ocorrência de um fato novo; circunstância que justifique a inocência do servidor ou administrado;
inadequação da penalidade aplicada. Tudo isso pode ser revisto de ofício ou a pedido, e a
qualquer tempo.

- Recurso hierárquico:

- Recurso hierárquico próprio: é aquele recurso dirigido á autoridade superior.


Decorre da própria hierarquia dos órgãos. Não precisa de lei que o preveja.
Vide arts. 56 a 64, da lei 9784.

- Recurso hierárquico impróprio: temos um órgão A, daí esse órgão profere um ato
e eu vou recorrer desse ato para uma autoridade do órgão B, o qual não integra a hierarquia do
órgão A. Não decorre da hierarquia.

# Coisa julgada administrativa: é a imodificabilidade, a irretratatibilidade do ato perante a


administração pública, ou seja, é a preclusão de efeitos internos (HLM). Na via administrativa
estão esgotados os meios de impugnação.
Não tem a mesma força da coisa julgada judicial, pois nessa quem julga é um juiz
imparcial, já na administrativa, a administração é parte e julgador.
Portanto, pode-se discutir a coisa julgada administrativa no judiciário, pois falta a the final
enforcing Power.

OBS: Maria Di Pietro elenca algumas hipóteses que ocorre coisa julgada administrativa: limite ao
poder de revogar atos administrativos vinculados.

# Prescrição administrativa: vide Maria Silvia Zanella Di Pietro.

a) Perda do prazo para recorrer de uma decisão.

b) Perda do prazo para administração rever seus atos (autotutela).


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c) Perda do prazo para aplicação de penalidades.

- Controle legislativo ou parlamentar:

- Controle político: aprecia as decisões administrativas sobre o aspecto da


discricionariedade e conveniência para o interesse público. Decorre da própria CRFB.
Hipóteses do controle legislativo:

a) Art. 49, X, da CR;

b) Art. 49, V, CR (sustar os atos do executivo que forem além dos limites da
regulamentação);

c) Art. 50, da CR (cuida do poder convocatório);

d) Art. 58, parágrafo 3º, (CPIs);

e) Autorizações, aprovações do Congresso para a prática de alguns atos pelo Executivo


(ex. renovação de concessão de emissora de TV).

f) Senado (art. 52, III a IX, CR).

g) Impeachment.

- Controle financeiro externo: art. 70 a 75, da CR. Abarcando todos os Poderes da


República. Realizado principalmente pelo Tribunal de Contas.

# Tribunal de Contas: as atribuições do TC estão previstas no art. 71, da CR.

OBS1: O TC pode, dentro de suas atribuições, realizar controle abstrato de constitucionalidade?


Não, o que o TC pode é apreciar a constitucionalidade de leis e atos do poder público (súmula
347, do STF).

OBS2: O TC pode rever uma decisão judicial com trânsito em julgado? Não. Porque a coisa
julgada só pode ser revista por ação rescisória com respeito aos princípios da segurança jurídica e
da boa fé objetiva. Ex. o STF suspendeu o acórdão do Tribunal de Contas, no sentido permitir a
licitação simplificada para a Petrobras.

OBS3: Súmula Vinculante 03, do STF: nos processos perante o TCU, asseguram-se o
contraditório e ampla-defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato
administrativo que beneficie o interessado excetuada a apreciação da legalidade do ato de
concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão (contraditório desnecessário).

- Controle judicial:

- Sistema da jurisdição única: cabe ao judiciário decidir com força de definitividade.

- O judiciário será responsável para a anulação de atos ilegais. Para isso temos: HC, HD, MS,
mandado de injunção, ACP, ação popular, ADIs e ações ordinárias.

- Omissões inconstitucionais:
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15/11/2009 – Controle da Administração.

a) Art. 37, VII, da CR (direito de greve dos servidores públicos) e o julgamento dos mandados de
injunção 670, 708 pelo STF.
Nesse caso há a síndrome da inefetividade das normas constitucionais. Em 25/10/07 foi
decidido em MI que enquanto não vier a lei específica, aplicar-se-á aos servidores públicos a lei
da greve para os empregados particulares (lei. 7783/89).
Portanto, o STF, adotando uma teoria concretista, legislou para o caso concreto.

b) Omissão do art. 40, parágrafo 4º, da CR: no dia 15/04/09 o STF decidiu que os pedidos de
aposentadoria de servidores públicos que trabalham em situação insalubre, periculosa ou penosa,
por faltar norma específica que cuide do assunto, deverão ser submetidos à aplicação da lei
8213/91, art. 57, o qual cuida da aposentadoria especial dos empregados privados (MI 21.795 e
21.797).

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