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CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS

PROFESSOR GUSTAVO BARCHET

AULA 5: SERVIDORES NA CF

As questões selecionadas para este encontro tratam das disposições constitucionais e


legais atinentes aos agentes públicos, dentre eles, em especial, os servidores
públicos. Esses temas contam do Ponto 07 do Curso.

Questão 01
(Analista Judiciário - TRT - 7ª Região – 2003) - Tratando-se da vedação
constitucional de acumulação remunerada de cargos, empregos e funções, assinale a
afirmativa verdadeira:
a) a possibilidade excepcional de acumulação de cargos impõe a compatibilidade de
horários e a correlação de matérias.
b) na área de saúde, a exceção à vedação de acumulação limita-se aos cargos
privativos de médicos.
c) a proibição de acumular limita-se à Administração Direta e Indireta da respectiva
esfera da Federação na qual tenha vínculo o servidor.
d) inclui-se na proibição de acumulação a percepção de remuneração pela
participação em conselhos de administração de empresas estatais.
e) pode haver acumulação de provento de aposentadoria com remuneração de um
cargo de provimento em comissão, declarado de livre nomeação e exoneração

Gabarito: E.

Comentários:

a) a possibilidade excepcional de acumulação de cargos impõe a compatibilidade de


horários e a correlação de matérias (errada).
As regras sobre acumulação remunerada de cargos, empregos ou funções públicas
constam dos inc. XVI. e XVII do art. 37 da Constituição Federal, a seguir transcritos:
“XVI – é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos,
exceto quando houver compatibilidade de horários, observado em
qualquer caso o disposto no inc. XI:
a) a de dois cargos de professor;
b) a de um cargo de professor com outro, técnico ou científico;
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais da saúde,
com profissões regulamentadas;
XVII – a proibição de acumular estende-se a empregos e funções, e
abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de
economia, suas subsidiárias e sociedades controladas, direta ou
indiretamente, pelo poder público;”

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Pelas disposições constitucionais, concluímos que a regra geral é a proibição de
acumulação remunerada de cargos, empregos ou funções públicas.
Excepcionalmente admite-se a acumulação, desde que:
1) haja expressa previsão da hipótese de acumulação na Constituição (nenhuma lei
ordinária pode criar hipóteses de acumulação); e
2) haja compatibilidade de horários para o desempenho simultâneo de dois cargos,
empregos ou funções públicas.
Preenchidos estes dois requisitos, é lícita a acumulação. A CF/88 não exige que haja
correlação de matérias entre os cargos, empregos ou funções públicas, como o fazia
a Constituição anterior. É possível, por exemplo, desde que haja compatibilidade de
horários, a acumulação de um cargo científico na área orçamentária com um
emprego de professor na área da saúde; ou um emprego técnico no setor bancário
com um cargo de professor na área de psicologia (a alternativa está, portanto,
errada)
Com relação ao inc. XVII, é importantíssimo fazermos referência às alterações
promovidas em sua redação pela EC 19/98. Na redação original do inciso só havia
menção às autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e
fundações públicas; em suma, às entidades da Administração Indireta. A emenda
aumentou a abrangência do dispositivo, acrescentando à sua redação as
subsidiárias de empresas públicas e sociedades de economia mista, bem como as
sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo Poder Público.
Como estas entidades não pertencem à Administração Indireta, temos que a
proibição de acumulação abrange não só a Administração Direta e a Indireta,
alcançando também todas as demais entidades sob controle acionário do Poder
Público.
Além das hipóteses de acumulação previstas no inc. XVI do art. 37, há, em outros
pontos do texto constitucional, mais três hipóteses de acumulação lícita. São elas:
- os servidores da Administração direta, autárquica e fundacional, se eleitos para
o mandato de vereador, se houver compatibilidade de horários obrigatoriamente
acumularão seu cargo, emprego ou função pública com o exercício do mandato de
vereador (CF, art. 38, inc. III). Esta é a única hipótese de acumulação obrigatória
prevista na Constituição;
- os membros do Ministério Público poderão exercer, além de seu cargo, mais uma
função pública de magistério (CF, art. 128, § 5°, II, d);
- os magistrados poderão exercer, além do seu cargo, mais uma função de
magistério (CF, art. 95, parágrafo único, I): no caso dos magistrados a CF autoriza
apenas uma função de magistério, seja no serviço público ou na iniciativa
privada; no caso dos membros do MP a CF autoriza mais uma função pública de
magistério, silenciado quanto ao magistério na iniciativa privada (com o que,
implicitamente, autoriza aos membros do MP que, além da função pública de
magistério, exerçam mais funções desta natureza na iniciativa privada).

b) na área de saúde, a exceção à vedação de acumulação limita-se aos cargos


privativos de médicos (errada).
Esta assertiva estaria correta nos termos originais da alínea c do inc. XVI, a qual só
admitia a acumulação quando se tratasse de dois cargos ou empregos privativos de
médicos.

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Para os demais profissionais da área da saúde (fonoaudiólogos, fisioterapeutas,
dentistas, enfermeiros, nutricionistas etc) não havia autorização no corpo
permanente da Constituição. Para esses profissionais havia apenas uma regra
transitória, no art. 17, § 2° do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, que
assegurava o direito à acumulação aos profissionais que já estivessem ocupando os
dois cargos ou empregos públicos na data da entrada em vigor da Constituição de
1988, mesmo não regulamentada a profissão (seria o caso, por exemplo, de um
massagista). A partir daí, a acumulação só abrangeria os cargos, empregos
privativos de médicos.
Em 2001, por força da EC 34, tal situação se alterou, pois a referida emenda passou
a autorizar a acumulação de dois cargos, empregos ou privativos de profissionais
da saúde em geral, desde que com profissões regulamentadas (e, obedecendo
à regra geral, desde que exista compatibilidade de horários).
Perceba-se que a hipótese de acumulação não abrange cargos e empregos da área
da saúde, mas cargos e empregos privativos de profissionais da saúde. É vedada,
por exemplo, a acumulação de dois cargos de atendente de hospital, pois tais cargos
não são privativos de profissionais da saúde.
Alternativa errada.

c) a proibição de acumular limita-se à Administração Direta e Indireta da respectiva


esfera da Federação na qual tenha vínculo o servidor (errada).
A proibição, além de não limitar-se à Administração Direta e Indireta, atinge todas as
esferas da Federação (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) e, ademais,
todos os Poderes da República.
Assim, a proibição alcança, por exemplo, um emprego no Poder Executivo Federal e
um cargo no Poder Judiciário do Distrito Federal, um emprego no Legislativo de um
Município e um cargo no Poder Executivo de um Estado, entre outras hipóteses
possíveis.

d) inclui-se na proibição de acumulação a percepção de remuneração pela


participação em conselhos de administração de empresas estatais (errada).
Esta regra não encontra previsão expressa na Constituição, mas na legislação
ordinária federal, mais precisamente no art. 117, X, da Lei 8.112/90.
O dispositivo prevê diversas condutas proibidas ao servidor federal. Dentre elas,
estabelece no inc. X que é vedado a ele (destacamos):
“participar da gerência ou administração de empresa privada,
sociedade civil, salvo a participação nos conselhos de
administração e fiscal de empresas eu entidades em que a
União detenha, direta ou indiretamente, participação do capital
social, sendo-lhe vedado exercer o comércio, exceto na qualidade de
acionista, cotista ou comanditário;”
No parágrafo único do art. 119 da Lei 8.112/90, por sua vez, está prevista a
autorização para que o servidor seja remunerado por esta participação.
Apesar de não ter base constitucional, esta hipótese de acumulação nunca foi
questionada judicialmente, de forma que devemos considerá-la válida para fins de
concurso. E, e assim sendo, a alternativa está errada, já que se admite, na hipótese,
a acumulação.

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e) pode haver acumulação de provento de aposentadoria com remuneração de um


cargo de provimento em comissão, declarado de livre nomeação e exoneração
(certa).
Até aqui viemos tratando das hipóteses em que o agente da Administração está em
pleno exercício de suas atividades em todos os cargos, empregos ou funções
públicas.
Não havia, quando da promulgação da CF em 1988, nenhuma regra que dispusesse
sobre a possibilidade de acumulação envolvendo a remuneração pelo exercício de
cargos, empregos e funções públicas com proventos de aposentadoria.
Esta lacuna foi preenchida pela EC 20/98, que acrescentou ao art. 37 da CF o § 10,
que reza:
“§ 10 É vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria
decorrentes do art. 40 ou dos art. 42 e 142 com a remuneração de
cargo, emprego ou função pública, ressalvados os cargos acumuláveis
na forma desta Constituição, os cargos eletivos e os cargos em
comissão declarados em lei de livre nomeação e exoneração.”
Os art. 40, 42 e 142 da CF referem-se, respectivamente, aos servidores nomeados
mediante concurso para a ocupação de cargos efetivos, aos membros das Polícias
Militares e dos Corpos de Bombeiros Militares, e aos membros das Forças Armadas.
Quaisquer destes agentes administrativos, quando aposentados, não poderão
receber simultaneamente remuneração pelo exercício de cargo emprego ou função
pública, salvo quando a acumulação dos proventos de aposentadoria se der com a
remuneração de cargos:
- acumuláveis, na forma da Constituição: é o caso, por exemplo, de um professor
estatutário aposentado que ingressar novamente no serviço público em outro cargo
de professor;
- eletivos: é o caso, por exemplo, de um agente da policia federal aposentado que é
eleito para o mandato de deputado federal;
- em comissão: é o caso, por exemplo, de um auditor da Receita Federal
aposentado nomeado para o cargo em comissão de Superintendente da Receita
Federal de alguma Região Fiscal.
Nestas três hipóteses, admite-se a percepção cumulativa dos proventos com a
remuneração ou o subsídio.
Alternativa correta.

Síntese do Comentário:
1) a regra geral é a vedação à acumulação remunerada de cargos, empregos ou
funções públicas, sendo que a proibição abrange os órgãos da Administração Direta,
as entidades da Administração Indireta, as subsidiárias de sociedades de economia
mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pelo Poder Público.
Ademais, atinge todas as esferas da Federação e todos os Poderes da República,
sendo inconstitucional, por exemplo, a acumulação de um emprego de técnico em
uma autarquia estadual vinculada ao Poder Executivo com um cargo de técnico em
uma fundação pública municipal vinculada ao Poder Legislativo;

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2) em seis hipóteses excepciona-se esta regra geral, admitindo-se a acumulação
desde que haja compatibilidade de horários entre os cargos, empregos ou funções.
São elas: (a) dois cargos ou empregos de professor; (b) um cargo ou emprego de
professor com outro, técnico ou científico; (c) dois cargos ou empregos privativos de
profissionais da saúde, com profissões regulamentadas; (d) um cargo, emprego ou
função na Administração direta, autárquica e fundacional com o exercício do
mandato de vereador (hipótese de acumulação obrigatória); (e) o cargo de membro
do MP com uma função pública de magistério; (f) o cargo de magistrado com mais
uma função de magistério, seja pública ou privada;
3) a CF não exige correlação de matérias como requisito para a acumulação
remuneradada;
4) apesar de não haver previsão na Constituição, os art. 117, X e 119, parágrafo
único, da Lei 8.112/90, admitem que o servidor da Administração direta, autárquica
ou fundacional federal acumule a remuneração de seu cargo com a remuneração
decorrente de sua participação nos conselhos de administração e fiscal de empresas
eu entidades em que a União detenha, direta ou indiretamente, participação do
capital social;
5) o art. 37, § 10, da CF, veda a percepção simultânea de proventos de
aposentadoria decorrentes do art. 40 (servidores titulares de cargos efetivos) ou dos
art. 42 (membros da Policia Limitar e do Corpo de Bombeiros Militar) e 142
(membros das Forças Armadas) com a remuneração de cargo, emprego ou função
pública, ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos
eletivos e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e exoneração.

Questão 02
(Especialista MPOG/2002) – Tratando-se de acumulação de cargos e empregos
públicos, avalie a seguinte situação:
José, Auditor aposentado da Receita Federal, é Professor da Autarquia Universidade
Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Pretende, agora, submeter-se ao concurso público
para Gestor governamental. Uma vez aprovado, aponte a sua conduta lícita.
a) Pediria licença sem remuneração da UFRJ para tomar posse como Gestor.
b) Poderia assumir o novo cargo, sem qualquer alteração em sua situação funcional.
c) Somente poderia assumir o novo cargo de Gestor se renunciasse à aposentadoria
de Auditor.
d) Para assumir o novo cargo de Gestor, teria de deixar o magistério na UFRJ e
renunciar à aposentadoria de Auditor.
e) Pediria aposentadoria proporcional na UFRJ para tomar posse como Gestor.

Gabarito: C.

Comentários:

Esta é uma questão que já se tornou tradicional em concursos públicos.

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Numa análise inicial da situação, temos que José simplesmente não poderia tomar
posse no cargo de Gestor governamental, uma vez que é aposentado como Auditor
da Receita Federal e possui um cargo como professor de uma autarquia federal.
A acumulação dos proventos da aposentadoria como auditor com a remuneração do
cargo de professor é autorizada pela Constituição, a partir de uma leitura conjunta
do § 10 com a alínea b do inc. XVI, ambos do art. 37 da CF. Aqui não há nenhum
problema.
Problema há com relação à acumulação dos proventos como auditor com a
remuneração do cargo de gestor, situação que caracteriza hipótese de acumulação
não autorizada pela Constituição, uma vez que ambos os cargos são técnicos.
Em hipóteses como esta se encontraram diversas servidores, que, aposentados em
um cargo, queriam aumentar seus rendimentos mediante a posse em outro, com
maior remuneração, mas não poderiam receber cumulativamente os proventos e a
remuneração, pois a situação era de acumulação não permitida. Analisando a
situação destes servidores, o STF entendeu pela constitucionalidade da posse no
novo cargo, desde que tais servidores renunciassem aos proventos de
aposentadoria, uma vez que, com a renúncia, não haveria percepção simultânea de
proventos de aposentadoria com a remuneração do cargo, em situação de
acumulação vedada pela CF. O servidor abriria mão de seus proventos, e a partir daí,
quando não estivesse mais recebendo-os, poderia licitamente tomar posse no cargo
e passar a perceber a remuneração respectiva. É evidente que com a renúncia não
há percepção simultânea de proventos com remuneração em hipótese de
acumulação não autorizada pela Carta Magna.
Aplicando esse entendimento do STF à situação descrita no enunciado, podemos
concluir que está efetivamente correta a alternativa c: se José renunciar à
aposentadoria como auditor, poderá tomar posse no cargo de gestor. Além disso,
poderá manter seu cargo de professor, já que a CF permite a acumulação
remunerada de um cargo de professor como outro técnico ou científico (o de gestor).

Síntese do Comentário:
1) numa situação de acumulação de proventos de aposentadoria com remuneração
vedada pela Constituição admite-se que o servidor renuncie aos proventos e passe a
receber a remuneração, pois com a renúncia não há que se falar em percepção
simultânea.

Questão 03
(Procurador do BACEN/2002) – José, magistrado aposentado, graduou-se em
jornalismo e pretende retornar ao serviço público. Assinale no rol abaixo o cargo que
ele pode exercer, acumulando os seus proventos de magistrado e a remuneração do
novo cargo.
a) Procurador da República.
b) Juiz de Direito estadual.
c) jornalista efetivo do Diário Oficial.
d) Secretário Municipal de Comunicação.
e) cargo efetivo de Assessor de Imprensa estadual.

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Gabarito: D.

Comentários:

Aplicação direta do § 10 do art. 37 da Constituição.


Relembrando, o dispositivo em questão veda que aquele que perceber proventos de
aposentadoria decorrentes do art. 40 da CF (regime de aposentadoria próprio dos
servidores públicos ocupantes de cargo efetivo), do art. 42 (regime de aposentadoria
dos militares da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros) ou do art. 142 (regime de
aposentadoria dos militares das Forças Armadas) receba simultaneamente
remuneração decorrente do exercício de cargo, emprego ou função pública.
Esta é a regra geral. O dispositivo ressalva, contudo, a possibilidade de acumulação
dos proventos com (1) a remuneração de cargo, emprego ou função nas hipóteses
permitidas ela CF (por exemplo, proventos decorrentes de aposentadoria num cargo
técnico com remuneração de um cargo de professor), (2) a remuneração decorrente
do exercício de cargos em comissão e (3) o subsídio percebido pelo exercício de
cargo eletivo.
Aplicando-se esta regra ao caso citado na questão, concluímos que José, na condição
de magistrado aposentado, poderá licitamente acumular seus proventos de
aposentadoria com a remuneração do cargo em comissão de Secretário Municipal de
Comunicação. Correta, então, a alternativa d.
Deve-se ressaltar que a EC 20/98, quando acresceu ao texto constitucional o
dispositivo ora comentado, estabeleceu uma regra de transição para aqueles que,
quando de sua entrada em vigor, eram aposentados pelo art. 40, 42 ou 142 da
CF e detinham cargo, emprego ou função pública em situação de acumulação não
permitida pela Constituição.
A eles foi permitida a manutenção da acumulação dos proventos com a
remuneração. Contudo, foi-lhes vedada a possibilidade de acumularem proventos
de duas aposentadorias decorrentes do art. 40, 42 ou 142 da CF.
Por exemplo, se José, magistrado aposentado, houvesse tomado posse num cargo
efetivo de auditor municipal antes da entrada em vigor da EC 20/98, poderia
continuar com a acumulação dos proventos e da remuneração. Não terá direito,
contudo, a uma nova aposentadoria pelo cargo de auditor, uma vez que, tratando-se
de cargo efetivo, ele se enquadra no regime previdenciário do art. 40.

Síntese do Comentário:
1) o § 10 do art. 37 da CF, acrescentado à Carta pela EC 20/98, veda a percepção
simultânea de proventos de aposentadoria decorrentes do art. 40 da CF (regime de
aposentadoria próprio dos servidores públicos ocupantes de cargo efetivo), do art.
42 (regime de aposentadoria dos militares da Polícia Militar e do Corpo de
Bombeiros) ou do art. 142 (regime de aposentadoria dos militares das Forças
Armadas) com a remuneração decorrente do exercício de cargo, emprego ou função
pública, ressalvadas as hipóteses de acumulação permitidas na CF, os cargos eletivos
e os cargos em comissão;
2) a EC 20/98 estabeleceu uma regra de transição para aqueles que, à data da sua
entrada em vigor, encontravam-se em situação de acumulação vedada. Poderão

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continuar acumulando seus proventos de aposentadoria com a remuneração
decorrente de cargo emprego ou função, fora das hipóteses ressalvadas no
dispositivo. Contudo, não farão jus a duas aposentadorias pelos regimes
previdenciários dos art. 40, 42 ou 142 da Constituição.

Questão 04
(Oficial de Chancelaria – MRE/2002) – A vedação constitucional de acumular cargos,
empregos e funções no setor público
a) restringe-se ao âmbito federal.
b) restringe-se à Administração Direta.
c) restringe-se ao âmbito de cada esfera de governo.
d) abrange toda a Administração Pública direta e Indireta.
e) Abrange toda a Administração Pública e as entidades paraestatais em geral,
inclusive os serviços sociais autônomos.

Gabarito: D.

Comentários:

O inc. XVII do art. 37 da CF, na sua redação atual, não deixa margem para dúvidas:
a proibição de acumular abrange cargos, empregos e funções e alcança, além da
Administração Direta, as autarquias, fundações públicas, empresas públicas,
sociedades de economia, suas subsidiárias e sociedades controladas, direta ou
indiretamente, pelo poder público, seja qual for a esfera de governo (federal,
estadual, distrital ou municipal) e o Poder (Legislativo, Executivo e Judiciário).
A proibição, portanto, é extremamente ampla. Não atinge, porém, as entidades
paraestatais (organizações sociais, organizações da sociedade civil de interesse
público, serviços sociais autônomos e demais paraestatais). Poderá um empregado
de uma sociedade de economia mista, por exemplo, ter outro emprego em uma
entidade paraestatal como o SESI (serviço social autônomo).
É interessante apresentarmos uma situação em que poderá ocorrer acumulação
ilícita por fato superveniente. Isto pode se dar no caso de acumulação envolvendo
as sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo Poder Público, entidades
que não integram a Administração Indireta.
Imagine-se que João é servidor público do Município do Recife, investido no cargo de
auditor-fiscal municipal. Para aumentar seus rendimentos, João tem um emprego
técnico em uma indústria, constituída sob a forma e sociedade anônima, que fabrica
materiais para reparação e conservação de estradas. Pois bem, o Governo do Estado
de Pernambuco, frente aos elevados gastos com a compra destes materiais,
adquiridos para uso nas rodovias estaduais, resolve desapropriar 60% das ações que
compõem o capital da empresa, adquirindo, assim, seu controle acionário.
Antes da aquisição a situação de João era regular: um cargo na Administração Direta
municipal e um emprego na iniciativa privada. Com a aquisição, o fato

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superveniente, o quadro se alterou, passando a constituir hipótese de acumulação
ilícita. João terá, frente a nova realidade, que optar pelo cargo ou pelo emprego.

Síntese do Comentário:
1) a proibição de acumular é extremamente ampla, todavia, não atinge as entidades
paraestatais. É lícita, por exemplo a acumulação de um cargo em uma autarquia
federal com um emprego numa organização da sociedade civil de interesse de
interesse público;
2) poderá surgir uma situação de acumulação ilícita em função de um fato surgido
após a nomeação ou contratação do agente da Administração, no caso das
sociedades sob controle, direto ou indireto, do Poder Público. Neste caso uma
situação inicialmente lícita torna-se, em virtude da aquisição do controle da
sociedade pelo Poder Público (fato superveniente), uma situação de acumulação
ilícita.

Questão 05
(Técnico de Finanças e Controle/2001) - São requisitos simultâneos para a aquisição
de estabilidade no serviço público, exceto:
a) declaração de idoneidade financeira
b) três anos de efetivo exercício
c) aprovação em concurso público
d) nomeação para cargo de provimento efetivo
e) aprovação em avaliação especial de desempenho

Gabarito: A.

Comentários:

Instituto da maior importância em Direito Administrativo, a estabilidade é direito do


servidor público titular de cargo efetivo, ou seja, do agente administrativo sujeito
a regime estatutário que ingressa na Administração direta, autárquica ou
fundacional de direito público em um cargo de provimento efetivo, mediante a
aprovação em um concurso público. Uma vez adquirida a estabilidade, esta
representa uma garantia relativa de permanência no serviço público, pois o
servidor estável só perde seu cargo em determinadas hipóteses, logo mais
analisadas.
Não basta, porém, a aprovação no concurso, a posse no cargo e o início do exercício
(do desempenho das atribuições do cargo). O servidor titular de cargo efetivo
adquire estabilidade somente se preencher as seguintes condições:
1) efetivo exercício do cargo público pelo período de três anos;
2) aprovação no estágio probatório (o qual, na esfera federal, segue sendo de 24
meses, a teor do art. 20 da Lei 8.112/90);

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3) aprovação na avaliação especial de desempenho (não é requisito a declaração de
idoneidade financeira, estando errada, assim, a primeira alternativa).
Mais uma vez frisando: em hipótese alguma devemos considerar a estabilidade
instituto aplicável aos empregados públicos, aos agentes administrativos sujeitos ao
regime celetista. Apesar de tais agentes ingressarem no serviço público também
mediante a aprovação em concurso público, não fazem jus à estabilidade. Autores de
renome defendem entendimento diverso, mas, à luz das disposições do art. 41 da
CF, na sua redação atual, nenhuma dúvida pode haver quanto à aplicação da
estabilidade exclusivamente aos servidores ocupantes de cargo efetivo.
A estabilidade é adquirida em um cargo específico, mas protege o servidor ao
longo de toda sua carreira no serviço público. Podemos afirmar que o servidor
adquire estabilidade em certo cargo, mas a garantia o acompanha ao longo de toda
sua carreira funcional, sejam quantos forem os cargos que o servidor ocupe. Dito de
outro modo, a estabilidade se refere sempre a certo cargo, uma vez é nele que o
servidor preenche os requisitos para sua aquisição. Mas, uma vez preenchidos esses
requisitos, o servidor permanece estável mesmo que passe a ocupar outro cargo.
Por exemplo, imaginemos que um servidor se torne estável no cargo de técnico de
finanças do Estado de São Paulo e, após isso, preste novo concurso e tome posse em
outro cargo, de técnico judiciário do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro,
exercendo-o por 1 ano. Após este período, toma posse em outro cargo (mediante
novo concurso), de auditor-fiscal do Município de Guarulhos, ocupando este cargo
por 1 ano e 6 meses. Por fim, presta novo concurso, é aprovado e toma posse no
cargo de auditor-fiscal do Ministério do Trabalho. Entra em exercício e, após 24
meses, é reprovado no estágio probatório. O que acontece com este servidor? Tem
direito a ser reconduzido ao cargo de técnico de finanças do Estado de São Paulo,
pois foi neste cargo que o servidor completou os requisitos para a aquisição da
estabilidade. Se o servidor houvesse preenchidos esses requisitos também no
segundo cargo, o de técnico judiciário do TJ do Rio de Janeiro, seria a este cargo que
ele seria reconduzido. É isto que significa a afirmação de que o servidor adquire
estabilidade em um cargo, mas o instituto o protege ao longo de toda sua carreira no
serviço público, mesmo que passe a ocupar novos cargos.
O instituto foi alvo de expressivas alterações pela EC 19/98. Antes desta emenda
eram dois os requisitos para a aquisição da estabilidade: aprovação no estágio
probatório e efetivo exercício do cargo por 2 anos. Uma vez que o servidor se
tornasse estável, não poderia mais ser exonerado de seu cargo efetivo, mas apenas
demitido. A exoneração é modalidade de dispensa do servidor sem caráter
punitivo.
O servidor estava sujeito à exoneração apenas durante seu período de estágio
probatório. Uma vez aprovado no estágio, poderia perder seu cargo apenas em
virtude de demissão, modalidade de dispensa com caráter punitivo. A demissão
decorre do cometimento de falta grave pelo servidor, podendo ser declarada em
processo administrativo ou judicial, sempre assegurada a ampla defesa.
A EC 19/98 mudou o regramento jurídico da estabilidade, ao alterar o art. 41 da CF
A seguir transcrevemos parcialmente o dispositivo:
“Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores
nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso
público.
§ 1° O servidor estável só perderá o cargo:
I – em virtude de sentença judicial transitada em julgado;

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II – mediante processo administrativo em que lhe seja assegura ampla
defesa;
III – mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho,
na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa.
...
§ 4° Como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a
avaliação especial de desempenho por comissão instituída para essa
finalidade”.
A exoneração por excesso de despesa com pessoal vem prevista no art. 169, § 4°,
da CF, nos seguintes termos:
“§ 4° Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não
forem suficientes para assegurar o cumprimento da determinação da
lei complementar referida neste artigo, o servidor estável poderá
perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada um dos
Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou entidade
administrativa objeto de redução de pessoal.”
Da leitura do artigo podemos perceber que as alterações promovidas foram de duas
ordens. Em primeiro lugar, foram modificados os requisitos para a aquisição da
estabilidade: (1) aumento de dois para três anos do tempo de efetivo exercício do
cargo e estabelecimento de um novo requisito, (2) a avaliação especial de
desempenho.
O aumento do prazo de efetivo exercício do cargo, de 2 para 3 anos, não enseja
nenhum comentário especial. Eram 2, agora são 3. O debate que se abriu foi se o
período do estágio probatório também passa a ser de 3 anos, como decorrência
automática desta alteração, ou segue em 24 meses, como atualmente consta nos
diversos estatutos dos servidores públicos.
Segundo o art. 20 da Lei 8.112/90, dispositivo que rege a matéria na esfera federal,
o prazo é de 24 meses. Ocorre que em meados de 2004 a AGU elaborou um parecer
onde declarou que o referido prazo, na esfera federal, é de 3 anos. Após este
parecer, o STJ manifestou-se no sentido de que o prazo na esfera federal segue
sendo de 24 meses. E aí, como ficamos?
Com o prazo definido em lei e confirmado pelo STJ, 24 meses, já que um parecer
administrativo não pode prevalecer contra um dispositivo de lei. Mas atenção: na
primeira prova do concurso do MPU, em 2004, a ESAF considerou que o prazo do
estágio probatório na esfera federal é de 3 anos. Como esta prova foi anulada, não
houve oportunidade para serem apreciados os recursos contra a questão. Se
aparecesse esta questão novamente, consideraria o período do estágio como de 24
meses, pronto para um eventual recurso.
A segunda alteração nos requisitos para a aquisição da estabilidade é a avaliação
especial de desempenho, feita por comissão instituída especialmente para esta
finalidade. Tal avaliação tem por finalidade obrigar a Administração a efetivamente
verificar se o servidor possui as condições necessárias para um adequado
desempenho do cargo, o que muitas administrações deixavam e deixam de fazer no
estágio probatório. José dos Santos Carvalho Filho chama a atenção para o fato de
que o servidor não pode ser prejudicado se a Administração deixar proceder à
avaliação especial (ou mesmo ao estágio probatório), devendo-se entender, no caso,
que o servidor foi tacitamente avaliado de forma positiva. O STF abonou este
posicionamento no julgamento do MS 24.453-DF, Rel. Min. Carlos Velloso, dec. de
21/08/2003, Inform. nº 317.

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A segunda ordem de alterações promovidas o art. 41 refere-se às hipóteses de
perda do cargo para o servidor estável. Antes o servidor, nesta condição, só
poderia perder seu cargo em virtude de demissão, a qual sempre decorre do
cometimento de falta grave. Pois bem, a emenda estabeleceu duas hipóteses de
perda com natureza de exoneração: (1) por insuficiência de desempenho verificada
em avaliação periódica, na forma de lei complementar e assegurada ampla defesa;
(2) por excesso de despesa com pessoal, nos termos do art. 169 da CF, § 4°.
A avaliação periódica de desempenho será estatuída em lei complementar, e
representa, inegavelmente, um sensível enfraquecimento da estabilidade. Esta lei
deverá estabelecer, além dos critérios objetivos de avaliação do servidor estável, a
periodicidade com que ele se sujeitará à avaliação (a cada ano, a cada 3 anos,
conforme dispuser a lei). Se reprovado na avaliação, o servidor estável será
exonerado de seu cargo.
A segunda nova hipótese de exoneração é a decorrente de excesso de despesa
com pessoal. A Lei Complementar 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal), em
obediência ao comando do art. 169 da CF, fixou os limites de despesas com pessoal
ativo e inativo para os diversos entes federados: 50% da receita corrente líquida
é o limite para a União, e 60% o é limite para os Estados, os Municípios e o Distrito
Federal. Para se adequar a este limite a lei estabelceu um prazo para os entes
federados, dentro do qual deverão adotar algumas medidas com vistas a esta
finalidade: em primeiro lugar, deverão diminuir em pelo menos 20% suas despesas
com cargos em comissão e funções de confiança; em segundo, se o limite ainda
estiver sendo ultrapassado, deverão exonerar seus servidores não-estáveis (não
estáveis, para este fim, são, além dos servidores concursados que não preencheram
ainda os requisitos do art. 41 da CF, aqueles que adquiriram estabilidade sem
concurso pela aplicação do art. 17 do ADCT). Se, tomadas estas duas providências
(que são obrigatórias), o ente federado ainda estiver ultrapassando o limite de
pessoal com pessoal, poderá ele, facultativamente, decidir pela exoneração de seus
servidores estáveis.

Síntese do Comentário:
1) estabilidade é direito exclusivo do servidor estatutário ocupante de cargo efetivo,
e consiste na garantia relativa de permanência do servidor no serviço público, uma
vez que, em tendo adquirido a estabilidade, o servidor só está sujeito à perda de seu
cargo nas hipóteses previstas na Constituição;
2) A estabilidade é adquirida em um cargo específico, mas protege o servidor ao
longo de toda sua carreira no serviço público;
3) segundo o art. 41 da CF, na sua redação atual, são condições para a aquisição da
estabilidade: (1) servidor titular de cargo efetivo (portanto, aprovado em concurso
público); (2) efetivo exercício do cargo pelo período de três anos (antes da EC 19/98
era 2 anos); (3) aprovação no estágio probatório (o qual, na esfera federal, segue
sendo de 24 meses); (4) aprovação na avaliação especial de desempenho (novo
requisito posto pela EC 19/98);
4) uma vez adquirida a estabilidade, o servidor só pode perder seu cargo em virtude
de: (1) cometimento de falta grave, apurado em processo administrativo ou judicial
(hipótese de demissão); (2) reprovação em avaliação periódica de desempenho, na
forma a ser estabelecida em lei complementar (hipótese de exoneração acrescida

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pela EC 19/98); (3) excesso de despesa com pessoal (outra hipótese de exoneração,
também trazida pela emenda).

Questão 06
(Procurador do Distrito Federal/2004) - Considera-se em disponibilidade, o servidor:
a) posto à disposição de outro órgão público.
b) ocupante de vaga aberta por servidor estável, cuja demissão foi invalidada por
sentença judicial.
c) em licença para tratamento de saúde.
d) punido por prevaricação.
e) em gozo de férias.

Gabarito: B.

Comentários:

A disponibilidade é o direito à inatividade temporária remunerada.


É direito exclusivo do servidor que, além de ocupar cargo de provimento efetivo,
tenha adquirido a estabilidade. Em termos mais simples, é direito exclusivo do
servidor estável, tendo aplicação em duas hipóteses, ambas previstas no texto
constitucional (art. 41, §§ 2° e 3°):
1) no caso de reintegração do anterior ocupante do cargo, para o servidor que
atualmente encontra-se nele investido;
2) em caso de extinção ou declaração de desnecessidade do cargo.
A reintegração é o instituto mediante o qual se dá o retorno do servidor estável ao
cargo anteriormente ocupado, com o ressarcimento de todas as vantagens, quando
invalidada sua demissão por decisão administrativa ou judicial. Se um servidor
estável é demitido, e posteriormente, consegue administrativa ou judicialmente
comprovar a ilegalidade de sua dispensa, terá direito a retornar ao cargo
anteriormente ocupado.
Pode ser que, no período entre a demissão e a reintegração, tenha o cargo sido
ocupado por outro servidor. Neste caso, o servidor reintegrado retorna ao seu cargo
original, deslocando dele seu atual ocupante. Este, se estável, é reconduzido ao
seu cargo anterior, sem direito a qualquer indenização (se não for estável, babau, é
simplesmente exonerado).
Pode ocorrer, entretanto, que este cargo esteja ocupado, caso em que não é possível
a recondução (o reconduzido não desloca o ocupante atual do cargo), devendo-se
tentar o aproveitamento do servidor estável em outro cargo. Se não houver cargo
vago no qual possa o servidor possa ser aproveitado, é ele posto em

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disponibilidade, com remuneração proporcional ao seu tempo de serviço, até
que surja cargo vago em que possa ser aproveitado.
Por exemplo, um AFRF é demitido de seu cargo, sendo a vaga por ele ocupada
oferecida em novo concurso, e preenchida por alguém que logrou aprovação no
certame, sendo que está pessoa já era servidor, ocupando o cargo de TRF, no qual
tinha adquirido a estabilidade. Se posteriormente o antigo ocupante do cargo logra
anular sua demissão, será a ele reintegrado. Aquele que o está ocupando, como já
havia adquirido estabilidade como TRF, tem direito de ser reconduzido a este cargo.
Se ele estiver ocupado, entretanto, não é possível a recondução, devendo-se então
aproveitar o servidor em outro cargo. Se não houver cargo vago, o infeliz fica em
disponibilidade, aguardando até a abertura de nova vaga, quando então será
aproveitado.
A segunda hipótese de aplicação do instituto é bem mais simples e, da mesma forma
que a anterior, pressupõe a aquisição da estabilidade. Nesta hipótese o cargo que o
servidor ocupava, em virtude de alguma reforma administrativa, é extinto ou
declarado desnecessário. Se houver um cargo vago, o servidor estável é nele
aproveitado; se não houver, é posto em disponibilidade, até o surgimento da vaga,
da mesma forma que na primeira hipótese de aplicação do instituto.
O servidor em disponibilidade recebe remuneração proporcional ao seu tempo de
serviço público. Aqui é necessário atenção. A remuneração não corresponde à
integralidade da remuneração (do contrário a disponibilidade seria um verdadeiro
prêmio para o servidor), mas também não leva em conta apenas o tempo de serviço
do servidor no cargo em questão, mas sim o tempo de serviço público como um
todo.
Por exemplo, se uma pessoa ocupa um cargo de técnico na esfera estadual, tendo
nele 5 anos de exercício, mas anteriormente exerceu por 15 anos um cargo (ou
emprego) na esfera municipal, sua remuneração proporcional será calculada a partir
do somatório destes tempos de serviço, já que ambos são tempo de serviço
público. Já eventual tempo de serviço na iniciativa privada não é levado em
consideração para fins de disponibilidade. Aqui, então, duas grandes diferenças entre
aposentadoria e disponibilidade: para o cálculo dos proventos de aposentadoria leva-
se em conta o tempo de contribuição, não o de serviço, e são consideradas
também as contribuições feitas na iniciativa privada (seja como empregado,
autônomo ou qualquer outra modalidade de segurado).
Por fim, é oportuno ressaltar que a Constituição utiliza o termo remuneração para
designar o valor que o servidor recebe enquanto em disponibilidade, sendo que
tecnicamente não seria correta a expressão, uma vez que remuneração é o valor que
o servidor recebe pelo exercício do cargo, e enquanto em disponibilidade o servidor
não o está exercendo. Em vista disso, autores como Bandeira de Mello utilizam-se do
termo proventos, mais adequado, já que proventos é o valor percebido pelos
inativos, e o servidor em disponibilidade é um inativo, ainda que temporário.
Entendo que podemos considerar corretas tanto a expressão remuneração, porque
utilizada pela Constituição, como proventos, como entende a melhor doutrina.

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Por todo o exposto, podemos concluir que realmente está correta a alternativa b: o
“ocupante de vaga aberta por servidor estável, cuja demissão foi invalidada por
sentença judicial” pode vir a ser posto em disponibilidade, quando, sendo estável,
seu cargo anterior estiver ocupado (de forma que não é possível a recondução) e
não exista cargo vago no qual ele possa ser imediatamente aproveitado.

Síntese do Comentário:
1) a disponibilidade é direito exclusivo do servidor estável, podendo-se definido
como o direito à inatividade temporária remunerada
2) o instituto tem aplicação em duas hipóteses distintas, nos termos do art. 41, §§
2° e 3°, da Constituição:
- no caso de reintegração do anterior ocupante do cargo, quando não é possível nem
a recondução do atual ocupante do cargo ao seu cargo anterior, nem o seu
aproveitamento em outro cargo. Neste caso o servidor estável fica em
disponibilidade, aguardando cargo vago no qual possa ser aproveitado;
- em caso de extinção ou declaração de desnecessidade do cargo: neste caso o
servidor estável, se não puder ser aproveitado imediatamente em outro cargo, é
também colocado em disponibilidade.
3) o servidor recebe remuneração proporcional ao seu tempo de serviço público (no
serviço público como um todo, e não apenas no cargo em que estava quando foi
posto e disponibilidade);
4) em nosso entender, pode-se usar tanto a expressão remuneração como a
expressão proventos para a designação do valor percebido pelo servidor em
disponibilidade. Numa questão considere as duas expressões corretas.

Questão 07
(ESAF/ AFRF/ 2003) 58- A declaração de desnecessidade de cargo público, prevista
no parágrafo 3º do artigo 41 da Constituição Federal, implica:
a) disponibilidade do servidor, estável ou não.
b) demissão do servidor não estável.
c) disponibilidade remunerada proporcionalmente ao tempo de contribuição.
d) extinção do cargo público.
e) eventual aproveitamento do servidor colocado em disponibilidade em outro cargo.

Gabarito: E.

Comentários:

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Questão sem qualquer dificuldade, com base nos comentários da questão anterior.
Uma vez extinto ou declarado desnecessário o cargo, se o servidor não for estável é
simplemente exonerado. Se for estável primeiramente tenta-se seu aproveitamento
em outro cargo; se não houver cargo vago coloca-se o servidor estável em
disponibilidade, percebendo remuneração proporcional ao seu tempo de serviço
público.
A ESAF, na alternativa correta, a última, tentou complicar a vida do candidato,
alterando a ordem de posição dos termos da oração. Em linguagem clara a
alternativa e deveria ser escrita da seguinte forma: eventual aproveitamento em
outro cargo do servidor colocado em disponibilidade.
Tudo bem, a atitude da banca não chegou a prejudicar uma vez que todas as outras
alternativas, fora de qualquer dúvida, estão erradas: a primeira porque a
disponibilidade é direito exclusivo do servidor estável; a segunda porque a
declaração de desnecessidade de cargo público evidentemente não implica demissão
(que é dispensa com caráter punitivo, não havendo nesta caso qualquer falta
imputável ao servidor); a terceira porque a remuneração da disponibilidade é
proporcional ao tempo de serviço, não ao de contribuição; e a quarta porque a
extinção de cargo e a declaração de sua desnecessidade são medidas mutuamente
excludentes (um cargo não pode ser, ao mesmo tempo, extinto e declarado
desnecessário, o que é possível é que num primeiro momento ele seja declarado
desnecessário e, num segundo, extinto).

Questão 08
(Procurador de Fortaleza/2002) – A figura do subsídio, como forma de remuneração
dos agentes políticos, não veda o pagamento da seguinte vantagem:
a) gratificação de desempenho
b) adicional de tempo de serviço
c) abono pecuniário
d) verba de representação
e) ajuda de custo

Gabarito: E.

Comentários:

O subsídio é uma modalidade de remuneração que não se encontrava prevista na


Carta Magna quando da sua promulgação, em 1988, tendo sido a ela acrescentada
pela Emenda Constitucional 19/98.
A referida emenda acrescentou ao texto constitucional o art. 37, § 4°, o qual dispõe:
“§ 4º O membro de poder, o detentor de mandato eletivo, os
Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais
serão remunerados exclusivamente por subsídio fixado em
parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação,
adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra

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espécie remuneratória, obedecido em qualquer caso o disposto
no art. 37, X e XI”
Na expressão membros de Poder (sinônima de agentes políticos, neste contexto)
incluem-se os chefes de Poder Executivo e seus auxiliares imediatos, os Ministros e
Secretários, os membros do Poder Legislativo, os magistrados, os membros do
Ministério Público e os Ministros e Conselheiros de Tribunais de Contas. Apesar do
art. 37, § 4° ter mencionado em separado alguns destes agentes políticos, a
medida tem por intuito apenas evitar possíveis discussões acerca do grau de
abrangência do regime.
Em outros dispositivos, espalhados ao longo do texto constitucional, é prevista a
aplicação obrigatória do regime de subsídio a diversas categorias de servidores
públicos, a saber, os membros das carreiras da Advocacia-Geral da União, da
Defensoria Pública, da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, das Procuradorias
dos Estados e do Distrito Federal, da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal, da
Polícia Ferroviária Federal, das Polícias Civis, das Polícias Militares e dos Corpos de
Bombeiros Militares. A Constituição autoriza a instituição do regime também para
outras categorias de servidores organizados em carreira.
A peculiaridade do subsídio, com relação às demais modalidades remuneratórias
(remuneração, em sentido estrito, e salário), é que ele é fixado em parcela única,
vedado o acréscimo de qualquer outra vantagem pecuniária de natureza
remuneratória.
Um servidor público, por exemplo, recebe remuneração (em sentido estrito), a qual é
dividida em vencimento, que é o valor básico pago pelo exercício do cargo, e
vantagens pecuniárias, que são os demais valores que o servidor pode receber pelo
desempenho de suas funções. Na questão, alternativas a a d, estão mencionadas
algumas destas vantagens (gratificação de desempenho, adicional de tempo de
serviço, abono pecuniário, verba de representação).
O agente político ou servidor que receber por subsídio não receberá nenhuma destas
vantagens pecuniárias pelo desempenho de suas funções, mas apenas uma parcela
única, que é justamente seu subsídio. É necessário percebermos que o valor desta
parcela única poderá ser diverso dentro de uma mesma categoria, sempre que esta
for organizada em carreira. Um defensor público, por exemplo, ingressa na carreira
no primeiro nível e, progressivamente, vai ascendendo a níveis superiores da
carreira, mediante promoção. A cada nível diverso a que ascende o defensor
corresponderá um valor diverso de subsídio. Isto decorre da própria lógica da
organização de uma categoria em carreira, que é permitir a contínua evolução do
servidor (ou do agente político) em direção ao desempenho de funções mais
complexas e de maior responsabilidade, tendo em contrapartida direito a receber um
valor superior em função disso.
Quando se fala que o subsídio é fixado em parcela única, devemos entender que esta
“unicidade” alcança somente as parcelas de natureza remuneratória, ou seja, os
valores percebidos pelo desempenho das funções do cargo. Não estão compreendias
nesta parcela os valores percebidos a título de indenização, ou seja, os gastos que
o agente efetua para desempenhar suas tarefas, a exemplo das diárias e das ajudas
de custo. Deste modo, se um servidor que recebe por subsídio for removido em
caráter permanente para outra localidade, por interesse de serviço, fará jus à ajuda
de custo, que se destina a compensar, a indenizar o servidor pelas despesas que ele
teve para se deslocar para a nova sede. O pagamento de ajuda de custo (e de
qualquer outra modalidade indenizatória), por conseguinte, não é vedado no regime
de subsídio, estando correta a última alternativa.

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A Professora Maria Sylvia Zanella di Pietro faz importante observação, sentido de
que, a partir de uma leitura sistemática da Constituição, conclui-se que mesmo
algumas parcelas de natureza remuneratória deverão ser excluídas do subsídio.
Ou seja, o agente que recebe por subsídio, além da parcela única a ele referente,
também teria direito a perceber algumas vantagens pecuniárias de caráter
remuneratório, expressamente previstas no texto constitucional, mais precisamente,
no art. 39, § 3°, que estende aos servidores públicos algumas vantagens
pecuniárias previstas no art. 7º para os trabalhadores em geral, podendo-se citar,
dentre elas, o adicional de férias, o adicional por serviço extraordinário, a
gratificação natalina, o adiciona noturno, entre outras.
Concordamos com a Professora e entendemos, ademais, que mesmos aos agentes
políticos dificilmente poderá ser negado o direito à percepção de algumas parcelas
remuneratórias não contidas na parcela única do subsídio, a exemplo do adicional
por serviço extraordinário (conhecido popularmente como hora extra). Do contrário
um membro do MP, por exemplo, não poderá ser obrigado a trabalhar além de seu
horário normal de expediente, mesmo se com isto alguns prazos processuais não
puderem ser cumpridos e assim vir o interesse público a ser prejudicado. É evidente
a incoerência desta situação.
Bem, a matéria é controvertida. Limitando-nos aos seus conceitos básicos, que foi o
que a ESAF exigiu a questão, podemos afirmar, sem qualquer margem de erro, que
as “vantagens” de caráter indenizatório estão excluídas da parcela única do subsídio,
sendo plenamente constitucional a percepção cumulativa nesta hipótese.

Síntese do Comentário:
1) o subsídio é modalidade remuneratória acrescida ao texto constitucional, no art.
37, § 4°, pela EC 19/98;
2) é modalidade de utilização obrigatória para os agentes políticos e para algumas
categorias de servidores públicos, a saber, os membros das carreiras da Advocacia-
Geral da União, da Defensoria Pública, da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional,
das Procuradorias dos Estados e do Distrito Federal, da Polícia Federal, da Polícia
Rodoviária Federal, da Polícia Ferroviária Federal, das Polícias Civis, das Polícias
Militares e dos Corpos de Bombeiros Militares. Facultativamente, o subsídio poderá
ser instituído para outras categorias de servidores;
3) a característica que diferencia o subsídio das demais espécies remuneratórias é
que ele é fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer outra vantagem
pecuniária de natureza remuneratória. Nesta parcela não estão incluídos valores de
natureza indenizatória, como as diárias e as ajudas de custo;
4) se uma categoria for organizada em carreira, para cada nível diverso da carreira
será fixado um valor diferente de subsídio;
5) para Maria Sylvia Zanella di Pietro, em face do disposto no art. 39, § 3°, da CF,
mesmo os servidores que recebem por subsídio terão direito a receber, além da
parcela única, outras vantagens de caráter remuneratório previstas no art. 7º da CF,
como o adicional de férias, o adicional por serviço extraordinário, a gratificação
natalina e o adiciona noturno. A autora limita sua ressalva aos servidores públicos,
não aplicando a mesma conclusão aos agentes políticos, que não são mencionados
art. 39, § 3°. A questão é controvertida. De pacífico temos apenas que as vantagens
de caráter indenizatório podem ser recebidas também no regime de subsídio.

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Questão 09
(Analista MPU/2004 – Área Documentação – Especialidade Arquivologia) - Assinale a
assertiva correta a respeito das hipóteses de elegibilidade e de exercício de mandato
eletivo por servidor público federal.
a) Tratando-se de mandato federal, estadual ou distrital, sempre ficará afastado do
cargo.
b) Tratando-se de investidura no cargo de vereador, independente da
compatibilidade de horário, perceberá as vantagens de seu cargo, sem prejuízo da
remuneração do cargo eletivo.
c) No caso de afastamento do cargo, o servidor cessa de contribuir para a seguridade
social no cargo em que se encontrava em exercício.
d) Investido no mandato de prefeito, será afastado do cargo, sendo-lhe facultado
optar pela sua remuneração.
e) O servidor público não pode candidatar-se a cargo eletivo.

Gabarito: D

Comentários:

Encontram-se previstas no art. 38 da CF as regras que disciplinam a situação do


servidor da administração direta, autárquica e fundacional quando eleito para
mandato eletivo.
A seguir, transcrevemos o art. 38:
“Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica e
fundacional, no exercício de mandato eletivo, aplicam-se as seguintes
disposições:
I – tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, ficará
afastado de seu cargo, emprego ou função;
II – investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo,
emprego ou função, sendo-lhe facultado optar por sua remuneração;
III – investido no mandato de vereador, havendo compatibilidade de
horários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego ou função,
sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não havendo
compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior;
IV – em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício do
mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para todos os
efeitos legais, exceto para promoção por merecimento;
V – para efeito de benefício previdenciário, no caso de afastamento, os
valores serão determinados como se no exercício estivesse.”
Os incisos I, II e III tragam do afastamento (ou não) do servidor do seu cargo
emprego ou função no caso ser eleito para mandato eletivo.

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Tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, do Poder Executivo ou
Legislativo (Presidente da República, Governador de Estado ou do DF, senador,
deputado federal, estadual ou distrital), o servidor não tem qualquer opção:
obrigatoriamente se afasta de seu cargo, emprego ou função na Administração
direta, autárquica ou fundacional, e obrigatoriamente recebe o subsídio referente ao
cargo eletivo (não pode optar pela remuneração que percebia antes de ser eleito).
Se investido no mandato de Prefeito, não tem opção quanto ao afastamento de seu
cargo, emprego ou função, este é obrigatório. Pode, contudo, apesar do
afastamento, optar por continuar a receber a remuneração a ele referente. Se não
fizer tal opção, receberá o subsídio referente ao cargo de Prefeito.
Quando investido no mandato de vereador o servidor, se houver compatibilidade de
horários, deverá obrigatoriamente acumular o exercício das atribuições de seu cargo,
emprego ou função com as do mandato de vereador, hipótese em que acumulará a
percepção da remuneração e do subsídio referentes a cada um deles. Se não houver
compatibilidade de horário, será afastado do exercício de seu cargo emprego ou
função, exercendo apenas as atribuições do mandato eletivo. Poderá, porém, da
mesma forma que o Prefeito, optar pela remuneração ou pelo subsídio.
Qualquer que seja o mandato no qual seja investido, no caso de afastamento de seu
cargo, emprego ou função, seu tempo de serviço será tido como de efetivo exercício
para todos os efeitos (férias, disponibilidade remunerada, promoção por antiguidade
etc), exceto para promoção por merecimento.
Esta regra é muito importante. Devemos notar que o tempo de exercício do mandato
é contado até mesmo para fins de estágio probatório e aquisição de estabilidade. A
Constituição é taxativa: para todos os efeitos, exceto promoção por merecimento.
A última regra é a constante do inciso V, segundo o qual, para fins de benefício
previdenciário, no caso de afastamento, os valores serão determinados como se o
servidor estivesse no exercício do cargo, emprego ou função. Desse modo, se um
servidor recebe R$ 3.000,00 de remuneração e, sendo investido como deputado
federal, passa a perceber R$ 11.000,00 de subsídio, quaisquer benefícios
previdenciários que ele ou seus dependentes venham a fazer jus durante o exercício
do mandato serão calculados com base no valor de sua remuneração. No caso de
ficar afastado um mês de licença por acidente em serviço, por exemplo, receberá a
título de benefício R$ 3.000,00, pois este é o valor de sua remuneração (apesar de o
subsídio recebido quando se acidentou ser de R$ 11.000,00).
Passemos à análise das questões:
a) Tratando-se de mandato federal, estadual ou distrital, sempre ficará afastado do
cargo (errada): questão que exigia muita atenção. Está errada porque fala
genericamente em mandato, enquanto que as regras do art. 38 da CF só tratam de
mandato eletivo;
b) Tratando-se de investidura no cargo de vereador, independente da
compatibilidade de horário, perceberá as vantagens de seu cargo, sem prejuízo da
remuneração do cargo eletivo (errada): o servidor só acumula o exercício do cargo,
emprego ou função com o exercício do mandato eletivo se houver compatibilidade de
horário entre ambos;
c) No caso de afastamento do cargo, o servidor cessa de contribuir para a seguridade
social no cargo em que se encontrava em exercício (errada): o servidor não cessa as
contribuições, ao contrário, já que os benefícios previdenciários que ele
eventualmente gozar durante o período de desempenho do mandato eletivo serão
calculados com base na remuneração do cargo, emprego ou função;

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d) Investido no mandato de prefeito, será afastado do cargo, sendo-lhe facultado
optar pela sua remuneração (certa): é a regra do inc. II do art. 38 da CF;
e) O servidor público não pode candidatar-se a cargo eletivo (errada): besteira.

Síntese do Comentário:
1) o art. 38 da CF traz as regras aplicáveis aos servidores da Administração direta,
autárquica e fundacional quando investidos em mandato eletivo;
2) se a investidura for em mandato eletivo federal, estadual ou distrital, do Poder
Executivo ou Legislativo o servidor obrigatoriamente se afasta de seu cargo,
emprego ou função e obrigatoriamente recebe o subsídio referente ao cargo eletivo;
2) se a investidura for no mandato de Prefeito o servidor obrigatoriamente se afasta
de seu cargo, emprego ou função, mas pode optar remuneração a ele referente ou
pelo subsídio do cargo de Prefeito;
3) se a investidura for no mandato de vereador são duas as regras: se houver
compatibilidade de horários, o servidor deverá obrigatoriamente acumular o exercício
das atribuições de seu cargo, emprego ou função com as do mandato de vereador,
acumulando também a remuneração e do subsídio referentes a cada um deles; se
não houver compatibilidade, será afastado do exercício de seu cargo emprego ou
função, exercendo apenas as atribuições do mandato eletivo, podendo, entretanto,
optar pela remuneração ou pelo subsídio;
4) em qualquer caso de afastamento de cargo, emprego ou função, o tempo de
serviço do servidor é considerado como de efetivo exercício para todos os efeitos
(inclusive para fins de estágio probatório e estabilidade, no caso de cargo efetivo),
exceto para promoção por merecimento;
5) durante o período de afastamento do cargo, emprego ou função o servidor tem
seus benefícios previdenciários calculados como se no exercício estivesse, com base
no valor da remuneração, e não no do subsídio do cargo eletivo.

Questão 10
(Especialista MPOG/2002) – Em relação ao regime previdenciário no serviço público,é
correto afirmar :
a) o servidor ocupante exclusivamente de cargo de provimento em comissão pode se
aposentar pelo regime especial previdenciário, desde que comprove o respectivo
tempo de contribuição.
b) no regime especial de previdência do servidor público é possível que a
aposentadoria se dê por critérios diferenciados, desde que a atividade exercida
prejudique a saúde, nos termos de lei complementar.
c) o tempo de serviço federal, estadual ou municipal será contado, reciprocamente,
para efeito de aposentadoria.
d) os requisitos de idade e de tempo de contribuição serão reduzidos para os
professores que comprovem efetivo exercício em qualquer grau do magistério.

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e) a aposentadoria compulsória, que se dá aos setenta anos de idade, no regime
especial, proporciona proventos integrais, independentemente do tempo de
contribuição.

Gabarito: B.

Comentários:

a) o servidor ocupante exclusivamente de cargo de provimento em comissão pode se


aposentar pelo regime especial previdenciário, desde que comprove o respectivo
tempo de contribuição (errado).
O regime especial previdenciário, também denominado regime previdenciário
próprio (ou peculiar) do servidor público, tem suas principais regras traçadas no
art. 40 da CF, dispositivo que foi objeto de duas consideráveis reformas, a primeira
levada a cabo em 1998, pela Emenda nº 20, a segunda promovida em 2003, pela
Emenda nº 41.
No caput do art. 40, já se levando em conta as alterações perpetradas pelas duas
emendas, vêm definidas as duas grandes características deste regime: seu caráter
contributivo e solidário.
O caráter contributivo significa que o sistema não tem por base o tempo de serviço
do servidor, mas o tempo de contribuição. Em outros termos, não basta que o
servidor exerça suas funções por 10, 15 ou 30 anos. Este período só será levado em
consideração para o cálculo de benefícios previdenciários se durante seu transcurso
tiver havido efetivo recolhimento da contribuição previdenciária, sendo proibido o
estabelecimento pelo legislador ordinário de qualquer forma de contagem de tempo
de contribuição fictício. Em suma, é indispensável o efetivo recolhimento da
contribuição.
E aqui entra a segunda grande característica do regime: seu caráter solidário.
Contribuem para o regime não apenas o servidor da ativa, que está no exercício de
suas funções, e o próprio ente público que o emprega, mas também os inativos,
que já estão no gozo da aposentadoria, e os pensionistas, os dependentes do
servidor falecido. Apesar da intensa discussão que gerou a previsão de contribuição
para inativos e pensionistas, a constitucionalidade da exigência foi pacificada pelo
STF.
Reza também o caput do art. 40 que as contribuições devem observar critérios que
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial do regime. A prescrição destina-se a
assegurar que o valor da contribuição seja calculado de forma a assegurar que o
regime mantenha-se por si só, com base tão só nos ingressos oriundos do
recolhimento das contribuições, sem necessitar do aporte de recursos financeiros
provenientes de fontes complementares, de natureza não-previdenciária.
Pois bem, mas afinal, a quem se aplica o regime previdenciário próprio do servidor
público? Apenas ao servidor ocupante de cargo efetivo, ou seja, aquele que
ingressou ou ingressará nos quadros da Administração direta, autárquica ou
fundacional de direito público em um cargo de provimento efetivo. Além do art. 40,
mais uma vez em seu caput, trazer com clareza esta delimitação, ela é reforçada
pelas disposições do seu § 13, segundo o qual ao ocupante exclusivamente de
cargo em comissão, de cargo temporário (os contratados por prazo determinado) ou
de emprego público aplica-se o regime geral da previdência social, previsto no art.

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201 da Constituição. Enfim, tais agentes não estão incluídos no regime
previdenciário próprio do servidor, exclusivo para o ocupante de cargo efetivo, e que
vem regulado em seus traços principais no art. 40 da CF.
Devemos reparar que o § 13 do art. 40 é claro ao definir que está sujeito ao regime
geral de previdência o servidor titular unicamente de cargo em comissão. Isso
porque tais cargos, definidos em lei como de livre nomeação e exoneração pela
autoridade competente, podem ser ocupados tanto por servidores já titulares de um
cargo efetivo como por pessoas até então estranhas à Administração. Se um servidor
titular de um cargo efetivo passar a ocupar também um cargo em comissão (ou
afastar-se temporariamente de seu cargo efetivo para exercer as funções do cargo
em comissão), seu regime previdenciário é o especial, o próprio do servidor, em
função do cargo efetivo que detém. Se o ocupante do cargo em comissão não for
titular de um cargo efetivo, aí sim seu regime previdenciário será o geral,
disciplinado no art. 201 da CF.

b) no regime especial de previdência do servidor público é possível que a


aposentadoria se dê por critérios diferenciados, desde que a atividade exercida
prejudique a saúde, nos termos de lei complementar (certo).
A matéria é tratada no § 4° do art. 40, segundo o qual, regra geral, é vedada a
adoção de critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria pelo regime
especial, ressalvados os casos de atividades exercidas exclusivamente sob
condições especiais, assim consideradas as condições que prejudiquem a saúde ou a
integridade física do servidor, a serem definidas em lei complementar.
Os critérios para a aposentadoria no regime especial vêm previstos no § 1° do art.
40, de acordo com a modalidade de aposentadoria (compulsória, por invalidez e
voluntária). Em regra é proibido que sejam estabelecidos critérios diferentes, mais
benéficos do que os previstos neste dispositivo (por exemplo, um menor tempo de
contribuição para a aposentadoria voluntária). Admite-se, em caráter excepcional,
que isto possa ser feito, mas desde que observados dois requisitos, um de ordem
formal (lei complementar) e um de ordem material (atividades exercidas
exclusivamente sob condições especiais, que prejudiquem a saúde ou a integridade
física do servidor).

c) o tempo de serviço federal, estadual ou municipal será contado, reciprocamente,


para efeito de aposentadoria (errado).
A aposentadoria tem por base o tempo de contribuição, sendo o tempo de serviço
base para a disponibilidade. O § 9° do art. 40 da CF trata especificamente desta
diferenciação, bem como da contagem recíproca, estatuindo que “o tempo de
contribuição federal, estadual ou municipal será contado para efeito de
aposentadoria e o tempo de serviço correspondente para efeito de disponibilidade”.
Para fins de aposentadoria do servidor, leva-se em conta também seu tempo de
contribuição na iniciativa privada, urbana ou rural (CF, art. 201, § 9°). Todavia, o
tempo de serviço respectivo, neste caso, não é considerado para efeito de
disponibilidade.
Por exemplo, se João, servidor estável ocupante de cargo efetivo federal, tiver como
tempo de contribuição 15 anos na iniciativa privada, 5 anos na Administração
estadual e 5 anos na Administração municipal, para fins de aposentadoria no cargo
efetivo federal será considerado integralmente este período, os 25 anos fora do
serviço público federal. Para efeito de disponibilidade, contudo, o tempo de iniciativa

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privada não é computado, mas somente o de serviço público. Deste modo, se o
cargo efetivo federal ocupado por João for extinto e ele, porque estável, for posto em
disponibilidade, sua remuneração neste período será calculada levando-se em conta
apenas seu tempo de serviço no cargo federal, seus 5 anos no serviço público
municipal e seus outros 5 anos no serviço público estadual. Os 15 anos da iniciativa
privada são desconsiderados.

d) os requisitos de idade e de tempo de contribuição serão reduzidos para os


professores que comprovem efetivo exercício em qualquer grau do magistério
(errado).
A assertiva está errada por dois motivos.
Em primeiro, porque a redução da idade e do tempo de contribuição necessários
para a aposentadoria não é direito dos professores de qualquer grau de magistério,
mas somente daqueles que exerçam o magistério na educação infantil e no ensino
fundamental e médio. Estão excluídos, portanto, os professores universitários, tanto
os que lecionam na graduação como os que atuam nos cursos de pós-graduação.
Em segundo, a assertiva está errada porque a redução só atinge a aposentadoria
prevista no art. 40, § 1°, III, a, a antiga e sepultada (ao menos para os novos
servidores) aposentadoria voluntária com proventos integrais. Nas demais
modalidades de aposentadoria os professores com tempo exclusivo de efetivo
magistério na educação infantil ou no ensino fundamental e médio não gozam de
qualquer privilégio.
A regra do art. 40, § 1°, III, a, para os servidores em geral, exige dos servidores do
sexo masculino 10 anos de serviço público, 5 no cargo efetivo em que se der a
aposentadoria, 60 anos de idade e 35 de contribuição e, dos servidores do sexo
feminino, 10 anos de serviço público, 5 no cargo efetivo em que se der a
aposentadoria, 55 anos de idade e 30 de contribuição.
Aplicando-se estas regras aos professores que fazem jus à redução, os professores
podem se aposentar com 55 anos de idade e 30 de contribuição, e as professoras
com 50 anos de idade e 25 de contribuição. Ambos têm que preencher os 10 anos de
serviço público e 05 no cargo efetivo em que se der a aposentadoria.

e) a aposentadoria compulsória, que se dá aos setenta anos de idade, no regime


especial, proporciona proventos integrais, independentemente do tempo de
contribuição (errado).
O art. 40, § 3º foi objeto de uma das mais importantes alterações levadas a cabo
pela EC 41/2003. Segundo a norma, na sua redação atual, os proventos de
aposentadoria serão calculados a partir das remunerações utilizadas como base
para as contribuições do servidor ao regime próprio e, quando for o caso, ao
regime geral de previdência. Esta nova forma de cálculo do valor dos proventos de
aposentadoria – média das remunerações que serviram de base para as
contribuições - representa o fim da aposentadoria com proventos integrais.
Havia duas modalidades de aposentadoria, antes da entrada em vigor da EC
41/2003, que conferiam ao servidor aposentadoria com proventos integrais. A
primeira foi descrita no comentário à questão anterior (a aposentadoria voluntária
proporcional tratada no art. 40, § 1°, III, a), a segunda vem prevista 40, § 1°, I:
trata-se da aposentadoria por invalidez decorrente de acidente em serviço, moléstia
profissional, doença grave, contagiosa ou incurável.

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Pois bem, no que consistia a aposentadoria com proventos integrais, aplicável a
estas duas modalidades de aposentadoria? No direito do servidor de receber como
valor de seus proventos de aposentadoria montante igual ao da sua última
remuneração na ativa. Antes da EC 41, se um servidor recebesse de remuneração
R$ 4.000,00 quando, em função de acidente de serviço, viesse a ser aposentado, o
valor de seus proventos seria o mesmo da remuneração, R$ 4.000,00.
Atualmente a vida não é mais tão bela para o servidor. A aposentadoria integral não
vige mais, salvo para aqueles que já eram servidores à data da entrada em vigor da
EC 41/2003 e que se enquadrarem nas regras transitórias nela previstas. Qualquer
que seja a modalidade de aposentadoria, o valor dos proventos será definido a partir
de uma média das remunerações que serviram de base para o cálculo das
contribuições ao regime próprio.
A questão data de 2002, portanto, antes do sepultamento da aposentadoria integral.
Contudo, a alternativa que estamos comentando estava errada mesmo nesse ano,
pois a aposentadoria compulsória sempre conferiu direito tão somente a proventos
proporcionais.

Síntese do Comentário:
1) o regime previdenciário especial (ou regime próprio do servidor público), previsto
no art. 40 da CF, tem como suas características principais o caráter contributivo (o
regime não se lastreia no tempo de serviço, mas no efetivo recolhimento das
contribuições) e solidário (contribuem, além do servidor ativo, o ente público, os
inativos e os pensionistas);
2) estão enquadrados no regime do art. 40 somente os servidores titulares de cargo
efetivo. Aos ocupantes exclusivamente de cargo em comissão, outro cargo
temporário ou emprego público aplica-se o regime geral da previdência social;
3) a CF só admite o estabelecimento de critérios diferenciados para a concessão de
aposentadoria pelo regime próprio quando (1) a atividade for exercida
exclusivamente em condições que prejudiquem a saúde ou a integridade física do
servidor; e (2) tais critérios sejam estabelecidos em lei complementar;
4) a base da aposentadoria é o tempo de contribuição, a da disponibilidade é o de
serviço. Para fins de aposentadoria consideram-se as contribuições recolhidas em
qualquer esfera do serviço público e, ainda, na iniciativa privada; para efeito de
disponibilidade leva-se em conta apenas o tempo de serviço público, em qualquer
esfera;
5) só faz jus à aposentadoria especial o professor que comprovar tempo exclusivo de
efetivo magistério na educação infantil ou no ensino fundamental e médio. Consiste
a aposentadoria especial na redução em 05 anos dos requisitos idade e tempo de
contribuição previstos no 40, § 1°, III, a, da CF (e apenas para esta modalidade de
aposentadoria). Assim, o professor poderá se aposentar com 10 anos de serviço
público, 05 no cargo em que se der a aposentadoria, 55 anos de idade (e não 60,
como os servidores em geral do sexo masculino) e 30 de contribuição (e não 35,
como os demais servidores do sexo masculino). Já a professora, além dos 10 anos
de serviço público e 05 de exercício no cargo em que se der a aposentadoria, deverá
contar com 50 anos de idade (e não 55, como é a regra geral para os servidores do
sexo feminino) e 25 de contribuição (e não 30, como é a regra geral para os
servidores do sexo feminino);

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6) a EC 41/2003 (salvo para os que se enquadrem nas regras de transição) extinguiu
a aposentadoria com proventos integrais, a qual, quando devida, assegurava ao
servidor que o valor de seu provento de aposentadoria seria igual ao da última
remuneração recebida quando em atividade. Atualmente todas as modalidades de
aposentadorias terão seus proventos calculados a partir das remunerações que
serviram de base para o cálculo das contribuições do servidor na ativa, ou seja, o
valor dos proventos de aposentadoria será definido a partir de uma média das
remunerações percebidas pelo servidor quando em atividade, durante um certo
período.

Questão 11
(Técnico MPU/2004 – Área Administrativa) - Sobre a administração pública e os
servidores públicos civis, marque a única opção correta.
a) Após a alteração do texto constitucional, feita pela Emenda Constitucional nº 20,
de 15 de dezembro de 1998, foi expressamente vedada a percepção simultânea de
proventos de aposentadoria decorrente do regime de previdência do servidor público
com a remuneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados, apenas, os
casos de acumulações já constituídos quando da promulgação da citada emenda
constitucional.
b) A remuneração dos ocupantes de empregos em uma empresa pública estadual
não está limitada pelo subsídio do governador, quando essa empresa não recebe
recursos do Estado para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral.
c) Havendo compatibilidade de horário, o servidor público eleito vereador acumulará
a remuneração do cargo efetivo com o subsídio do cargo eletivo e, não havendo essa
compatibilidade, perceberá o subsídio de vereador.
d) A Constituição veda a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a
concessão de aposentadorias no serviço público, ressalvados os casos em que as
atividades sejam exercidas, ainda que parcialmente, sob condições especiais que
prejudiquem a saúde ou a integridade física.
e) Será suspenso o desconto da contribuição previdenciária do servidor público se
ele, após completar as exigências para a aposentadoria voluntária, optar por
permanecer em atividade.

Gabarito: B.

Comentários:

a) Após a alteração do texto constitucional, feita pela Emenda Constitucional nº 20,


de 15 de dezembro de 1998, foi expressamente vedada a percepção simultânea de
proventos de aposentadoria decorrente do regime de previdência do servidor público
com a remuneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados, apenas, os
casos de acumulações já constituídos quando da promulgação da citada emenda
constitucional (errada).

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A EC 20/98 tratou das hipóteses de acumulação de proventos de aposentadoria pelo
regime próprio do servidor com a remuneração de cargo, emprego ou função
pública, mediante o acréscimo à CF do art. 37, § 10.
Reza o dispositivo:
“§ 10 É vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria
decorrentes do art. 40 ou dos art. 42 e 142 com a remuneração de
cargo, emprego ou função pública, ressalvados os cargos acumuláveis
na forma desta Constituição, os cargos eletivos e os cargos em
comissão declarados em lei de livre nomeação e exoneração.”
Relembrando, os art. 40, 42 e 142 da CF referem-se, respectivamente, aos
servidores nomeados mediante concurso para a ocupação de cargos efetivos, aos
membros das Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros Militares, e aos membros
das Forças Armadas.
Qualquer agente administrativo cuja aposentadoria tenha por base algum destes
dispositivos constitucionais só poderá acumular seus proventos com uma
remuneração nas hipóteses admitidas pelo art. 37, § 10 (como há hipóteses lícitas
de acumulação após a EC 20/98, não resta dúvida de que a alternativa está errada).
Contudo, quando da entrada em vigor da EC, havia inúmeros casos de acumulação
de proventos com remuneração não autorizados pelo dispositivo. Seria o caso, por
exemplo, de um servidor aposentado como técnico da Receita Federal que
posteriormente foi investido no cargo de auditor-fiscal da Receita Federal. Este
servidor estava acumulando em situação não permitida pelo art. 37, § 10.
A fim de evitar que pessoas nesta situação tivessem um prejuízo irreparável, tendo
que optar pelo provento ou pela remuneração, a EC 20/98 estabeleceu uma regra de
transição: permitiu a manutenção da percepção cumulativa do provento e da
remuneração, vedando, entretanto, o gozo de duas aposentadorias por um dos
regimes previdenciários previstos nos art. 40, 42 ou 142 da CF.
No nosso exemplo, o TRF aposentado poderá continuar percebendo a remuneração
do cargo de AFRF sem abrir mão de seus proventos de aposentadoria. Não terá
direito, porém, ao gozo de duas aposentadorias, uma como TRF e outra como AFRF,
pois ambas são concedidas com base no art. 40 da CF.

b) A remuneração dos ocupantes de empregos em uma empresa pública estadual


não está limitada pelo subsídio do governador, quando essa empresa não recebe
recursos do Estado para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral
(certa).
A EC 41/2003 recentemente alterou as regras referentes ao teto remuneratório no
serviço. O assunto é objeto do art. 37, inc. XI, o qual, após a emenda, apresenta a
seguinte redação:
“XI – a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções
e empregos públicos da administração direta, autárquica e
fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de
mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos,
pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos
cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de
qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal,
em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-

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se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados
e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito
do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais
no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores
do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco
centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros
do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário,
aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos
Procuradores e aos Defensores Públicos”
As regras mais importantes acerca do teto remuneratório podem ser assim
sintetizadas:

1) o teto geral e absoluto é o subsídio dos Ministros do STF;


2) na esfera federal não há regras diferenciadas por Poder. Todos os integrantes de
todos os Poderes, a nível federal, estão sujeitos a um teto único: subsídio dos
Ministros do STF;
3) na esfera municipal há um subteto (outro limite remuneratório além do geral, que
é o subsídio dos Ministros do STF), correspondente ao subsídio do Prefeito. Devemos
notar que este valor, apesar de não poder ultrapassar o subsídio dos Ministros do
STF, pode ser a ele idêntico, já que a CF não obriga que ele seja menor. Qualquer
que seja o valor do subteto do Prefeito (igual ou inferior ao do subsídio dos Ministros
do STF), nenhum agente municipal poderá receber valor superior;
4) nos estados e no DF, além do teto geral há subtetos por Poder: no Poder
Executivo, corresponde ao subsídio do Governador; no Legislativo, aos dos
deputados estaduais e distritais, no Judiciário, ao subsídio dos desembargadores do
Tribunal de Justiça;
5) o teto (e os subtetos) abrangem todas as modalidades remuneratórias (subsídio,
remuneração em sentido estrito e salário), os proventos e as pensões, incluídas as
vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza;
6) segundo o art. 17 do ADCT, qualquer valor recebido que supere o teto (ou os
subtetos) será imediatamente reduzido para se ajustar a ele, não cabendo alegação
de direito adquirido. Apesar de a doutrina ser maciçamente contrária a esta regra,
por entendê-la inconstitucional, para fins de prova da ESAF devemos tê-la como
perfeitamente válida;
7) o estabelecimento do subsídio dos Ministros do STF, o teto geral, requer a edição
de uma lei, cujo projeto é de iniciativa privativa do próprio Tribunal. A fim de evitar
que a demora na elaboração do projeto e na sua tramitação legislativa possa frustar
a aplicação do inc. XI do art. 37 da CF, a EC 41/2003, no art. 8º, fixou um teto
provisório, válido até que a lei seja elaborada e entre em vigor, o qual corresponde
ao valor da maior remuneração paga a um Ministro do STF na data da promulgação
da Emenda, nele computados o vencimento-base do cargo, a representação mensal
e o adicional por tempo de serviço.
Quanto à matéria cobrada na alternativa, ela é tratada no § 9º do art. 37 da CF,
segundo o qual os tetos do art. 37, XI (tanto o geram como os subtetos) só se

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aplicam às empresas públicas, às sociedades de economia mista e suas subsidiárias
se estas entidades receberem recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou
dos Municípios para pagamentos de despesas com pessoal ou de custeio em
geral.
Deste modo, se uma empresa pública estadual receber de seu respectivo Estado
recursos destinados ao pagamento de despesas com pessoal ou de custeio em geral
seus empregados e dirigentes estão sujeitos ao art. 37, XI: não poderão receber
valor superior ao do Governador e ao dos Ministros do STF. Agora, se esta empresa
pública, ou simplesmente não recebe qualquer recurso do Estado, os o recebe para
finalidades diversas das aqui descritas, seus dirigentes e empregados não estão
limitados pelo art. 37, XI. É o que ocorre, por exemplo, se o Estado repassar
anualmente R$ 10.000.000,00 para a empresa pública, a fim de que ela invista na
expansão de seus serviços (adquirindo imóveis, equipamentos mais modernos etc),
pois se trata, no caso, de recurso para investimento.

c) Havendo compatibilidade de horário, o servidor público eleito vereador acumulará


a remuneração do cargo efetivo com o subsídio do cargo eletivo e, não havendo essa
compatibilidade, perceberá o subsídio de vereador (errada).
Havendo compatibilidade de horários, o servidor eleito vereador acumulará o
exercício do mandato e o do seu cargo efetivo, acumulando também o subsídio e a
remuneração. Até aqui a assertiva está correta.
Quando não houver tal compatibilidade, o servidor se afasta de seu cargo efetivo,
mas, ainda assim, pode optar pelo subsídio de vereador ou pela remuneração de seu
cargo. É aqui que a alternativa está errada.

d) A Constituição veda a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a


concessão de aposentadorias no serviço público, ressalvados os casos em que as
atividades sejam exercidas, ainda que parcialmente, sob condições especiais que
prejudiquem a saúde ou a integridade física (errada).
A Constituição, excepcionalmente, admite a adoção de requisitos e critérios
diferenciados para a concessão de aposentadoria pelo regime próprio do servidor
público. Para tais critérios serem validamente estabelecidos terão que ser previstos
em lei complementar e, ademais, só poderão ser criados para atividades exercidas
exclusivamente sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade
física do servidor. Se a atividade for exercida apenas parcialmente nestas condições
esses critérios diferenciados não podem ser estabelecidos.
A alternativa foi genérica, falando em “concessão de aposentadorias no serviço
público”, o que engloba tanto a aposentadoria concedida pelo regime próprio, tratada
no art. 40 da CF, como a concedida pelo regime geral, disciplinada no art. 201 da CF,
e aplicável a todos os agentes administrativos que não sejam servidores ocupantes
de cargos efetivos.
Como a afirmação foi feita em termos genéricos, e como está incorreta para o
regime próprio, a alternativa está efetivamente errada.

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e) Será suspenso o desconto da contribuição previdenciária do servidor público se
ele, após completar as exigências para a aposentadoria voluntária, optar por
permanecer em atividade (errada).
Alternativa que exigiu redobrada atenção do candidato.
O § 19 do art. 40, acrescentado à CF pela EC 41/2003 instituiu um benefício
denominado “abono de permanência”. É uma espécie de prêmio, cujo valor
corresponde exatamente ao valor da contribuição do servidor do servidor. Faz jus ao
abono o servidor que, tendo completado os requisitos para requerer a aposentadoria
voluntária prevista no art. 40, § 1º, III, a, da CF, opte por permanecer no exercício
de seu cargo. O prazo fatal para o gozo do benefício é a idade de 70 anos, quando
então incide a aposentadoria compulsória.
Não faz jus ao benefício o servidor que satisfazer as exigências para a aposentadoria
voluntária, mas aquele que preencher os requisitos para a concessão da
aposentadoria voluntária prevista no art. 40, § 1º, III, a, da CF (para o servidor do
sexo masculino, 10 anos de serviço público, 05 no cargo em que se der a
aposentadoria, 60 anos de idade e 35 de contribuição; para o servidor do sexo
feminino, 10 anos de serviço público, 05 no cargo em que se der a aposentadoria, 55
anos de idade e 30 de contribuição).
Além desta, há outra modalidade de aposentadoria voluntária, a prevista no art. 40,
§ 1º, III, b, da CF, e que exige do servidor, se do sexo masculino, além de 10 anos
de serviço público e 05 no cargo em que se der a aposentadoria, a idade de 65 anos;
e, se do sexo feminino, além de 10 anos de serviço público e 05 no cargo em que se
der a aposentadoria, a idade de 60 anos. O servidor que se enquadrar nesta
segunda modalidade de aposentadoria voluntária pode deixar de se aposentar por
amor à pátria. E só. Não tem direito ao abono de permanência. Este é o primeiro
erro na alternativa.
O segundo é que o abono não consiste na suspensão do desconto da contribuição
previdenciária (esse é o segundo erro na alternativa), mas num prêmio de valor
exatamente igual. O servidor continua descontando a contribuição (logo, não há
suspensão do desconto), mas recebe um valor idêntico ao descontado. Nos
contracheques é fácil de verificarmos isso: vem um débito de contribuição, indicando
o valor descontado do servidor, que diminui sua remuneração líquida, e logo abaixo
vem um crédito de valor idêntico, que aumenta no mesmo patamar o líquido da sua
remuneração.
Por estes dois motivos, a alternativa está errada.

Síntese do Comentário (apenas pontos não abordados):


1) no art. 37, XI, da CF, alterado pela EC 41/2003, é disciplinado o teto
remuneratório do serviço público. Há um teto absoluto e geral, aplicável a todos os
Poderes e a todas as esferas de governo e administração: o subsídio dos Ministros do
STF;
2) na esfera federal só vige o teto geral, o subsídio dos Ministros do STF; na
municipal há também um subteto, que é o subsídio do Prefeito, na estadual e no DF
também há subtetos, conforme o Poder: no Poder Executivo, corresponde ao
subsídio do Governador; no Legislativo, aos dos deputados estaduais e distritais, no
Judiciário, ao subsídio dos desembargadores do Tribunal de Justiça;

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3) o teto (e os subtetos) abrangem todas as modalidades remuneratórias, os
proventos e as pensões, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra
natureza;
4) o art. 17 do ADCT estabelece que qualquer valor recebido além do teto (ou
subtetos) será imediatamente reduzido para se ajustar ao limite, não havendo direito
adquirido ao excesso. Apesar de nossa doutrina majoritária considerar
inconstitucional esta previsão, devemos tê-la por válida para provas da ESAF;
5) a EC 41/2003, no art. 8º, fixou um teto geral provisório, até que a lei fixando o
subsídio dos Ministros do STF comece a vigorar. Esse teto geral corresponde ao valor
da maior remuneração paga a um Ministro do STF na data da promulgação da
Emenda, nele computados o vencimento-base do cargo, a representação mensal e o
adicional por tempo de serviço;
6) segundo § 9º do art. 37 da CF, o art. 37, XI da CF só se aplica às empresas
públicas, às sociedades de economia mista e suas subsidiárias quando essas
entidades receberem recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos
Municípios para pagamentos de despesas com pessoal ou de custeio em geral. Se
não receberem recursos do ente federado, ou se o recurso tiver outra destinação,
não se sujeitam ao teto (e subtetos) do art. 37, XI;
7) falando agora do abono de permanência, esta é uma novidade inserida pela EC 41
no § 19 do art. 40. É um prêmio em valor equivalente ao da contribuição
previdenciária do servidor. A ele tem direito o servidor que, tendo completado os
requisitos para requerer a aposentadoria voluntária prevista no art. 40, § 1º, III, a,
da CF (quem preencher os requisitos do art. 40, § 1º, III, b, não tem este direito),
optar por permanecer na ativa. A opção vale no máximo até o servidor completar 70
anos, quando então incide a aposentadoria compulsória. O abono não consiste na
suspensão do desconto da contribuição: o servidor permanece descontando-a
mensalmente, mas recebe, como abono, um valor idêntico ao descontado.

Questão 12
(Técnico MPU/2004 – Área Administrativa) - Identifique os direitos assegurados aos
servidores públicos e assinale a opção correta.
I. adicional por tempo de serviço, devido à razão de 1% por ano de serviço público
efetivo
II. férias de trinta dias, não-parceláveis, independentemente de período aquisitivo
III. gratificação natalina
IV. licença-prêmio por tempo de serviço, após cada qüinqüênio ininterrupto de
exercício, pelo prazo de três meses
V. licença à gestante por 120 dias consecutivos, sem prejuízo da remuneração
a) somente os itens I, II e IV estão corretos.
b) somente os itens III e V estão corretos.
c) somente os itens II, III e V estão corretos.
d) somente os itens I e II estão corretos.

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e) somente os itens III, IV e V estão corretos.

Gabarito: B.

Comentários:

A questão versa sobre servidores públicos em geral, e não sobre os servidores


públicos federais. Assim sendo, temos que analisá-la com base na Constituição, mais
precisamente, a partir do disposto no § 3° do art. 39.
No art. 7º, dentro do Capítulo pertinente aos Direitos Sociais, são elencados diversos
direitos dos trabalhadores em geral, tanto urbanos como rurais. O dispositivo
representa um rol mínimo de direitos sociais a que fazem jus os trabalhadores.
O § 3° do art. 39, por sua vez, estende aos servidores públicos em geral, desde que
ocupantes de cargos efetivos, alguns destes direitos.
O rol é o seguinte:
1) salário mínimo nacionalmente unificado;
2) garantia do salário, nunca inferior ao mínimo, para os que recebem remuneração
variável;
3) décimo terceiro salário;
4) remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
5) salário-família;
6) duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro
semanais;
7) repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
8) remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em 50% por cento à
remuneração do serviço prestado no período da jornada regular de trabalho;
9) férias anuais com a remuneração acrescida em pelo menos um terço da
remuneração normal;
10) licença à gestante com a duração de cento e vinte dias, sem prejuízo da
remuneração;
11) licença-paternidade por 5 dias, sem prejuízo da remuneração;
12) proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos,
nos termos da lei;
13) redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene
e segurança;
14) proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de
admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;
Apresentado o rol, vamos analisar os itens da questão, a fim de verificar quais deles
estão corretos frente à Constituição:
I. adicional por tempo de serviço, devido à razão de 1% por ano de serviço público
efetivo (errado): a Constituição não assegura este direito nem aos trabalhadores em
geral nem aos servidores ocupantes de cargos efetivos. Isso não impede que os

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Estatutos dos servidores prevejam este direito. Até 1997 os servidores federais
tinham direito a este adicional, que foi retirado da Lei 8.112/90;
II. férias de trinta dias, não-parceláveis, independentemente de período aquisitivo
(errado): a Constituição assegura o direito a férias anuais com a remuneração
aumentada em pelo menos um terço da remuneração normal, mas não traz
nenhuma restrição quanto a parcelamento, e nem faz qualquer menção a período
aquisitivo;
III. gratificação natalina (certo): este é efetivamente um direito não só dos
trabalhadores em geral (por enquanto, ao que parece, tendo em vista o andar da
carruagem da Reforma Trabalhista), mas também dos servidores públicos em geral;
IV. licença-prêmio por tempo de serviço, após cada qüinqüênio ininterrupto de
exercício, pelo prazo de três meses (errado): a CF não estabelece este direito em
nenhum dos dispositivos do art. 7º, nem em qualquer ponto de seu texto. Este é
mais um direito que até pouco tempo atrás a Lei 8.112/90 previa para os servidores
federais, e que foi retirado em 1997;
V. licença à gestante por 120 dias consecutivos, sem prejuízo da remuneração
(certo): este é o segundo direito, dentre os listados da questão, a que fazem jus os
servidores públicos.
A seguir, elencamos alguns dos direitos previstos no art. 7º que não foram
estendidos pela CF aos servidores públicos:
1) seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
2) fundo de garantia por tempo de serviço;
3) piso salarial proporcional á extensão e à complexidade do trabalho;
4) jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos;
5) aviso-prévio;
6) adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas
(antes da EC 19/98 os servidores públicos tinham previsto na CF este direito. A
revogação, contudo, não impede que haja previsão do mesmo em lei, como ocorre
na esfera federal).

Síntese do Comentário:
1) listamos a seguir os direitos do art. 7 º da CF a que fazem jus os servidores
públicos federais:
- salário mínimo nacionalmente unificado;
- garantia do salário, nunca inferior ao mínimo, para os que recebem remuneração
variável;
- décimo terceiro salário;
- remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
- salário-família;
- duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro
semanais;
- repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
- remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por
cento à remuneração do serviço prestado no período da jornada regular de trabalho;

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- férias anuais com a remuneração acrescida em pelo menos um terço da
remuneração normal;
- licença à gestante com a duração de cento e vinte dias, sem prejuízo da
remuneração;
- licença-paternidade por 5 dias, sem prejuízo da remuneração;
- proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos
termos da lei;
- redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e
segurança;
- proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão
por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;
2) a seguir, listamos alguns dos direitos previstos no art. 7º que não foram
estendidos pela CF aos servidores públicos:
- seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
- fundo de garantia por tempo de serviço;
- piso salarial proporcional á extensão e à complexidade do trabalho;
- jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos;
- aviso-prévio;
- adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas.

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