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Oliveira Neto
Introdução........................................................................................... pág. 5
Conhecendo o instrumento....................................................................pág. 5
Diagrama de acordes............................................................................pág. 6
Notas Musicais....................................................................................pág. 6
Termos musicais....................................................................................pág.8
Termos musicais....................................................................................pág.8
Formação de acordes............................................................................pág.9
Lendo cifras........................................................................................pág.12
Ritmos................................................................................................pág.13
Arpejos...............................................................................................pág.28
Escalas duetadas...............................................................................pág.29
Tablaturas.........................................................................................pág.32
Letras de musicas.............................................................................pág.37
Relatório de encordoamentos...........................................................pág.43
A viola caipira conhecida em nossos dias veio de Portugal junto com os colonizadores e passou por
várias transformações até chegar a sua estrutura atual. O próprio Padre Anchieta utilizava a viola como
meio de evangelizar os índios dando um grande passo para a difusão do instrumento por todo o território
brasileiro.
São várias as afinações utilizadas na viola e elas se diferenciam de uma região para outra. Em nossa
região (Vale do Paraíba) encontramos comumente a afinação de Cebolão em Mi maior, embora outras
afinações como Cebolão em Ré ou Boiadeira também sejam encontradas.
Neste método utilizaremos a afinação CEBOLÃO EM MI, pois ela é a mais usual e deixa a viola
com som mais “vibrante”. Para afinar sua viola você pode utilizar um diapasão eletrônico. Hoje em dia
eles são baratos e práticos, até grandes maestros fazem uso deles com freqüência pela sua praticidade.
A proposta deste método é de ensinar
através de textos explicativos, figuras e juntamente com os vídeos de uma maneira simples e objetiva onde
o aluno deve treinar no mínimo uma hora por dia cada etapa e só passar para a próxima quando obtiver
uma boa técnica do anterior.
Conhecendo o Instrumento
A figura abaixo é um diagrama de acordes, utilizamos para representar a correta colocação dos
dedos da mão esquerda nas cordas e nas casas para se tocar um acorde. Um acorde é uma série de notas
tocas ao mesmo tempo.
A viola possui 10 cordas formando cinco pares que são contados de baixo para cima.
Notas Musicais
As notas musicais seguem uma nomenclatura internacional e cada nota é representada por uma letra
e são essas letras que utilizamos nas músicas cifradas, portanto é muito importante sua memorização:
C = Dó D = Ré E = Mi F = Fá G = Sol A = Lá B = Si
As letras quando aparecem sozinhas representam que o acorde é maior. Existem outros símbolos
que acompanham as letras formando diferentes acordes e são eles:
É necessário que exercitemos os dedos da ME (Mão Esquerda) para que eles obtenham técnica e
velocidade. Este é um processo muito importante na aprendizagem, pois a sua perfeita execução facilitará
em muito na formação dos acordes, sejam eles simples ou mais complicados. Assim como todos os atletas
profissionais ou amadores fazem um aquecimento antes de começarem a praticar seus esportes, o músico
deve aquecer praticando este exercício.
Posicione o polegar da ME atrás do braço da viola na altura do 3º par, ou seja, no meio do braço,
em seguida posicione os dedos como na figura abaixo. Comece tocando o 5º par pressionando na primeira
casa com o dedo 1, logo em seguida na segunda casa com o dedo 2 e assim por diante até a quarta casa.
Passe para o 4º par e repita o processo até o 1º par. (Vídeo 2).
Não se preocupe com velocidade no início, mas sim com qualidade. O som deve sair “limpo” e
deve soar por algum tempo. Com treinos diários você vai conseguir aumentar a velocidade aos poucos,
mas procure não comprometer a qualidade do som.
Termos musicais
Monte os acordes abaixo no braço de sua viola, tendo o cuidado de ficar em uma posição
ergonomicamente correta para evitar dores musculares desnecessárias. Não é necessário nenhum tipo de
ritmo agora, apenas posicione os dedos corretamente e toque descendo os dedos da MD sobre as cordas par
por par até que todas estejam soando claramente e por algum tempo. Neste momento o que importa é a
qualidade do som e não a velocidade de se montar os acordes. Os acordes abaixo são E7 – Mi com sétima,
A – Lá maior e D – Ré maior. Vamos utilizá-los mais a frente na primeira música que você vai tocar, mas
para tanto é necessário um sério estudo de tudo o que já vimos e muita calma e treino. (Vídeo 3)
Formação de Acordes
Quando tocamos apenas uma corda seja solta ou pressionada em qualquer casa obtemos apenas
uma nota, mas quando tocamos várias cordas ao mesmo tempo obviamente obteremos várias notas e neste
caso se colocarmos os dedos nos lugares corretos, estaremos tocando um acorde.
Para se formar um acorde é necessário utilizar uma tabela e através dela vamos extrair as
informações necessárias para se montar o acorde. Nessa tabela utilizamos números romanos que
chamamos de Graus. Os graus são nossa referência para montar qualquer tipo de acorde, seja maior,
menor, diminuto, etc.
Note que o 1º grau nós chamamos de Tônica, pois é ela quem dá nome ao acorde. Para entender
melhor vejamos como é formado o acorde de Mi maior. Utilizamos as notas E que é a tônica e dá nome ao
acorde, o G# que é o 3º grau e a nota B que é o 5º grau. São exatamente as notas da afinação da viola
quando tocamos as cordas soltas e é por isso que chamamos afinação em Mi. Dizemos que a afinação é
“cebolão” pois antigamente as moças chegavam a chorar quando os violeiros tocavam canções
apaixonadas para conquista-las.
Para obtermos os acordes menores utilizamos o 1º grau o 3º grau reduzido em meio tom (III b –
terça bemol) e o 5º grau.. Ex.: Para obter a tríade de Cm (Dó menor) utilizaremos C que é a tônica, D#
pois o 3º grau deve ser reduzido em meio tom e o quinto grau que é G. Resumindo é só reduzir os 3º graus
em meio tom das tríades da tabela acima e obteremos os acordes menores.
Todo acorde com 7 (sétima) é menor, portanto para formarmos acordes com sétima utilizaremos
os graus I, III, V e o VII, sendo que este último deve ser reduzido meio tom (VII b – Sétima bemol)
Para formar acordes diminutos (o) usamos o Grau I e reduzimos em meio tom os graus III (III b –
terça bemól) e V (V b – quinta bemól).
Para finalizar esta parte teórica vamos estudar um dos acordes que já vimos anteriormente E7..
Vamos entender a formação do acorde E7 (Mi com sétima). Sabemos que para formar um acorde
com sétima (menor) é preciso do I, III, V graus e o VII b grau reduzido em meio tom. Utilizando a tabela
de tríades a tônica é E (Mi) então vamos utilizar as seguintes notas: I grau = E, III grau = G#, V grau =
B e VII b grau reduzido meio tom = D. Agora no diagrama abaixo de E7 (desenho do braço da viola)
note que o primeiro par solto é E, o segundo par preso na 3ª casa é D, o terceiro par solto é G#, o quarto
par solto é E e o quinto par solto é B. Exatamente as notas que precisamos para formar o acorde de E7.
As figuras abaixo representam o mesmo acorde, só que o primeiro é como vemos no dicionário de
acordes e o segundo está indicando a nota musical de cada par.
Lendo as cifras
Cifras são os nomes dos acordes que ficam em cima da letra da música.
No início é um pouco difícil para o aluno acompanhar as músicas cifradas, pois ele vai ter de ler a
música, ler as notas que estão sob a letra, trocar os acordes no momento certo, executar o ritmo de maneira
correta e por vezes ainda cantar.
Você já deve ter visto alguma daquelas revistas de músicas cifradas que encontramos nas bancas de
jornal, pois bem, aquele tipo de transcrição é universal e em qualquer parte do planeta um músico
reconhece as cifras. Veja no exemplo abaixo a música Cabocla Tereza que é uma toada:
E A E B7 A B7 A B7
Há tempo eu fiz um ranchinho pra minha cabocla morar, pois era ali nosso ninho, bem longe desse
E
lugar....
Os acordes devem ser mudados exatamente no momento em que se forem cantar as silabas
sublinhadas, não podendo em hipótese alguma serem mudadas antes e nem depois, pois se isto ocorrer
você estará “fora do tempo” da música (para que dirige é como se ao sair com o carro você mudasse da 1ª
marcha para a 5ª ao invés da 2ª, 3ª e assim por diante). Seja exigente com você mesmo e habitue-se a
trocar os acordes no momento certo, para tanto é necessário estudar a letra da música, a melodia, o ritmo e
principalmente os acordes utilizados.
Você vai conhecer agora os ritmos mais utilizados na viola caipira e a execução de cada um deles
vai depender de muito e exercício e paciência, afinal de contas para muitos alunos, os dedos da MD e da
ME nunca fizeram tais movimentos e é preciso acostumá-los com a nova postura. Infelizmente não é do
dia para a noite que isso acontece, portanto vamos tratá-los um a um. No final do método estão algumas
letras cifradas e estribilhos técnicos onde você poderá treinar. Todas as músicas integram o CD de áudio.
Definição de Ritmo: é o movimento ordenado de sons dentro de um tempo. A partir de agora vai
ser muito importante você assistir aos vídeos com muita atenção para executar os movimentos de maneira
correta e com técnica. (Já tive vários alunos que montavam os acordes com perfeição, mas não executavam
o ritmo de maneira correta e a maioria teve grandes dificuldades de “consertar” o que julgavam que
estavam fazendo certo. Isto ocorre pela falta de material disponível no mercado e de professores que tratem
exclusivamente da viola caipira)
Inicialmente vamos utilizar os três acordes que já vimos anteriormente; E7 (Mi com sétima), A (Lá
maior) e D (Ré maior) para treinar cada ritmo, pois a esta altura você já deve ter treinado muito bem cada
um deles.
1º Ritmo – Cururu
O cururu é utilizado em muitas músicas sertanejas como Menino da Porteira, Relógio Quebrado,
Peito Sadio, etc.
O cururu consiste no movimento de descer com o polegar da MD de cima para baixo dando uma
leve abafada nas cordas no fim do percurso, em seguida com o dedo indicador tocam-se as cordas subindo
e descendo e outra abafada sutil. A cada vez que você realiza este ciclo de movimentos completa-se um
compasso. O ritmo em si consistirá em repetir continuamente vários compassos. (Vídeo 4).
Vamos então começar a trabalhar sua 1ª música: O menino da porteira que é um hino da música
sertaneja. Certo dia a TV Globo me procurou para fazer uma matéria sobre viola caipira (esta matéria está
no youtube) e a música escolhida foi justamente esta, pois em qualquer parte do país não importa que ritmo
a pessoa goste ou o grau de sua formação, de uma forma ou de outra ela conhece esta canção ou no
mínimo parte dela.
Primeiramente vamos estudar a base dessa música, ou seja, os acordes para execução da melodia da
mesma. Uma boa base é como se fosse um asfalto novo para o carro, pois quem fizer o ponteio ficará
tranqüilo para solar como se estivesse dirigindo por uma estrada macia e sem buracos. Mais adiante
vamos estudar o estribilho desta música.
Lembre-se de trocar os acordes exatamente em cima da sílaba onde está localizado o nome do
mesmo. Execute o ritmo com calma e atenção fazendo com que os acordes soem com clareza.
A força não é um fator predominante para se tocar um instrumento, mas sim técnica e precisão.
Execute o ritmo sem dar a impressão de que você esteja “surrando” a viola. Um posicionamento correto é
muito importante. Não fique encurvado sobre a viola, relaxe os músculos, faça o aquecimento com a escala
pseudo-cromática. Pressione os dedos da ME sempre no meio das casas. O negócio não é força, é jeito.
E7
Nos caminhos desta vida muito espinho eu encontrei
A
Mas nenhum calou mais fundo do que esse que eu passei
E7
Na minha viagem de volta qualquer coisa eu cismei
D E7 A
Vendo a porteira fechada o menino eu não avistei
D E7
Apiei o meu cavalo num ranchinho a beira chão
A
Vi uma mulher chorando quis saber qual a razão
E7
Boiadeiro veio tarde veja a cruz no estradão
D E7 A
Quem matou o meu filhinho foi um boi sem coração (Estribilho)
E7
Lá pras bandas de Ouro Fino levando gado selvagem
A
Quando passo na porteira até vejo a sua imagem
E7
O seu rangido tão triste mais parece uma mensagem
D E7 A
Daquele rosto trigueiro desejando boa viagem
D E7
A cruzinha do estradão do pensamento não sai
A
Eu já fiz um juramento que não me esqueço jamais
E7
Nem que o meu gado estoure, que eu preciso ir atrás
D E7 A
Nesse pedaço de chão berrante eu não toco mais.
1º caso:
2º caso:
Estes tópicos parecem óbvios, mas é necessário deixá-los bem explicados, pois este método é
voltado para aqueles nunca tiveram contato musical com nenhum instrumento, como também para os que
já tem alguma noção e querem desvendar as belezas e alegrias que a viola caipira nos traz.
Abordaremos mais adiante as tablaturas, que são gráficos utilizados para representar os estribilhos e
ponteados da viola.
Treine cada detalhe da música O menino da Porteira e quando você estiver tocando sem a
necessidade de ficar olhando para a folha você pode iniciar com as tablaturas começando pelo estribilho da
mesma que é muito fácil e a maioria das pessoas já tem sua melodia em mente.
Todos os estribilhos também estão no DVD para que você assista e treine, mas tente identificar
primeiro pelas tablaturas, pois este será o meio mais encontrado, como na internet por exemplo, para se
representar os solos das mais diversas músicas.
Um local tranqüilo e confortável é o ambiente propício para se treinar a viola. Evite aqueles
momentos de maior correria do dia-a-dia.
A toda é um ritmo bem tranqüilo utilizada nas musicas como Cuitelinho, Chico mineiro, Boiadeiro
Errante e Couro de boi, mas também pode ser utilizada em uma velocidade maior para músicas como
Candieiro da Fazenda por exemplo.
O ciclo de movimentos da toada é a seguinte: O polegar faz o movimento de descida das cordas,
seguido pela subida e descida pelo indicador e novamente com o polegar efetuamos outro movimento de
descida (Vídeo 5)
Veja a célula rítmica:
Cuitelinho
Paulo Vanzolini / Antônio Xandó - Tom: E
(Estribilho)
E B7
Cheguei na beira do porto onde as ondas se espaia
E B7
As garças dão meia volta e senta na beira da praia
E
E o cuitelinho não gosta que o botão de rosa caia
(Estribilho)
B7
Ai quando eu vim da minha terra despedi das parentaia
E B7
Eu entrei em Mato Grosso dei em terras Paraguaias
E
Lá tinha revolução, enfrentei fortes bataias
(Estribilho)
B7
A tua saudade corta como um aço de navaia
E B7
O coração fica aflito bate uma a outra fáia
E
E os óios se enche d’água e até as vista se atrapáia
Nesta canção você já está se deparando com novos acordes: E (Mi maior) e B7 (Si com sétima).
Note que coloquei 03 diagramas e não apenas dois, já que a música só utiliza dois acordes. Acontece que
no estribilho utilizamos o A (Lá maior) e é este o motivo de 3 diagramas. O acorde de “A” já foi utilizado
na música O menino da porteira, portanto você já deve te-lo em mente.
Utilize os diagramas para montar os acordes através da tabela de tríades que já vimos
anteriormente, mas se você não conseguir poderá copiá-los do dicionário de acordes no fim do método.
Preencha os diagramas a lápis para que depois de memorizados você possa apagá-los. Fazendo isto você
estará se desprendendo dos diagramas e com certeza evoluindo para um nível mais técnico.
O cateretê é um ritmo que parece ser bem simples, mas exige bastante técnica em seu movimento,
pois a MD trabalhará como se fosse um pêndulo subindo e descendo sendo que o polegar iniciará o
compasso descendo pelas cordas, seguido de dois movimentos “em falso” subindo e descendo sem tocar
nenhuma corda, duas subidas com o indicador tocando as cordas e por fim uma descida com o indicador.
(Assista ao vídeo 6 com muita atenção)
Atenção nos sentidos dos movimentos:
Porta do Mundo
Peão Carreiro e Zé Paulo - Tom: E (Estribilho)
E A B7
O som da viola bateu no meu peito e doeu meu irmão
A E
Assim eu me fiz cantador sem nenhum professor aprendi a lição
E7 A
São coisas divinas do mundo que vem num segundo a sorte mudar
E F# B7
Trazendo pra dentro da gente as coisas que a mente vai longe buscar
A E B7 E
Trazendo pra dentro da gente as coisas que a mente vai longe buscar
A B7
Em versos se fala e canta o mal se espanta e a gente é feliz
A E
No mundo das rimas e trovas eu sempre dei provas das coisas que fiz
E7 A
Por muitos lugares passei mas nunca pisei em falso no chão
E F# B7
Cantando interpreto a poesia, levando alegria onde há solidão
A E B7 E
Cantando interpreto a poesia, levando alegria onde há solidão
(Estribilho)
A B7
O destino é o meu calendário e o meu dicionário é a inspiração
A E
A porta do mundo é aberta, minh’alma desperta buscando a canção.
E7 A
Com minha viola no peito meus versos são feitos pro mundo cantar
E F# B7
É a luta de um velho talento, menino por dentro sem nunca cansar
A E G B7 E
É a luta de um velho talento, menino por dentro... sem nunca cansar.
Antes de passarmos ao próximo ritmo vamos atentar para alguns detalhes que quase ninguém trata.
Um bom músico é como se fosse um bom pescador. Com certeza você conhece algum pescador e
sabe que ele tem as famosas “tralhas” como varas diversas, molinetes, linhas, anzóis, etc. Neste ponto de
nosso curso você já deve começar a pensar nas “tralhas do violeiro” que consistem numa pasta para
acondicionar as músicas de seu repertório, uma estante de partitura para colocar sua pasta, um afinador, se
sua viola tiver captação você precisará de um cabo tipo P10 de no mínimo 5 metros, cordas sobressalentes
e o mais importante: a correia, pois mesmo sentado é importante que você a use para evitar quedas do
instrumento. Já presenciei instrumentos irem ao chão e ficarem muito danificados pelo simples fato de seus
donos não terem dado importância ao uso da correia.
Vou colocar aqui alguns “toques” sobre instrumentos e cordas, pois as informações sobre os
mesmos são escassas e quando perguntadas para algum violeiro, este por vezes não sabe informar ou por
nunca ter experimentado algum tipo de corda ou instrumento novo ou mesmo por pura inocência. Isso
mesmo inocência, pois por estas andanças que faço já conheci muitos violeiros que tocam uma barbaridade
e são completamente analfabetos, nunca fizeram uma aula sequer de viola, aprenderam vendo seus
parentes e amigos, portanto não sabem nem os nomes das cordas quanto mais informações técnicas.
As opiniões abaixo expressadas são referentes a experiência do autor no uso diário destes
equipamentos e não tem a intenção de classificar nenhum como melhor ou pior, apenar dar referência ao
aluno na hora de sua escolha.
Violas: São diversas marcas disponíveis no mercado.
A Tonante tem som bem grave, este tipo de viola costumamos de chamar de “pagodeira” mas com
braço muito grosso e acabamento que por vezes deixa a desejar. Na hora da compra deve-se olhar com
muito cuidado. A relação custo benefício compensa, pois é uma das mais baratas do mercado.
A Giannini tem vários modelos que também variam em preços. No geral suas violas são bem
concebidas e com acabamento muito bonito. Todas produzem um som muito bom.
Trabalhei um bom tempo com uma Rozzini modelo clássica e confesso que me arrependi de te-la
vendido, deveria ter restaurado. Infelizmente minhas violas têm vida útil muito curta devido a tantas aulas
e shows. A viola rozzini tem um acabamento bom, mas alguns modelos como a caipira por exemplo,
trazem um braço grosso. Outro detalhe é que estas violas vem de fábrica com cordas da marca D’adário, é
recomendável sua troca, o motivo descreverei mais a frente.
As famosas Del Vechio são excelentes quando conservadas, pois se tratam de instrumentos antigos
e a maioria das pessoas não tinham muito zelo com as mesmas. Elas tem um som lindo e hoje em dia só as
marcas feitas por luthier (pessoa que faz instrumentos) tem um calibre igual Se alguém te oferecer alguma
procure um luthier para que ele possa lhe dar um suporte técnico.
Marquês é a marca de minha viola atual. Tem um som mais agudo, com braço mais fino que as
encontradas no mercado o que facilita muito na hora do ponteio, tem um acabamento muito bom e um
desenho diferente na sua construção.
Cordas: Também são várias as marcas e é importante frizar que cada viola tem uma aceitação
melhor com um tipo de corda. Para saber o tipo de corda para sua viola é muito simples: Você vai ter de
experimentar todas e analisar a que melhor se comportou no instrumento. Tem um detalhe: a corda é um
dos fatores mais importantes não importando a marca de sua viola, portanto sempre que puder coloque um
jogo novo. Recomendo a troca a cada três meses, mas se você está tocando bastante troque ao menor sinal
de desgaste, pois as cordas muito usadas começam a gastar os trastos e você acabará danificando o
instrumento.
4º Ritmo – Rasta pé
O rasta pé é utilizado em músicas como Cabelo loiro, Moreninha Linda, etc. Seus movimentos
consistem numa mecânica muito simples, porém quando executadas em várias musicas seguidas (poutt-
pourri) podem gerar cansaço. O polegar toca apenas os pares 4 e 5 de cima para baixo e os dedos i, m e a
tocam o restante das cordas também de cima para baixo num movimento bem ligeiro.(Vídeo 7)
Veja a figura abaixo:
Cana verde
Tonico e Tinoco - Tom: E
E B7 E B7 E
Abra a porta ou a janela venha ver quem é que eu sou
B7 E B7 E
Sou aquele desprezado que você me desprezou
B7 E B7 E
Eu já fiz um juramento de nunca mais ter amor
B7 E B7 E
Pra viver, penar chorando, por todo lugar que eu vou
B7 E B7 E
Quem cantá seus maus espanta, chorando será pior
B7 E B7 E
Um amor que vai e volta a volta é sempre melhor
B7 E B7 E
Chora viola e sanfona, chora triste o violão
B7 E B7 E
Tudo o que é madeira chora, quem dirá meu coração
5º Ritmo - Valsa
O ritmo da valsa tem uma mecânica semelhante ao do rasta pé, porém é bem tranqüila e consiste na
descida do polegar nos pares 4 e 5, seguidos de duas descidas dos dedos i, m e a. Se você já toca violão
poderá fazer como no mesmo: descendo por todas as cordas com o polegar e subindo duas vezes com o
indicador. (No vídeo 8 está somente a maneira da viola).
Estrada da Vida
José Rico - Tom: A
A E7 A E7
Nesta longa estrada da vida, vou correndo e não posso parar
D A E7 A
Na esperança de ser campeão, alcançando o primeiro lugar
D A E7 A A7
Na esperança de ser campeão, alcançando o primeiro lugar
D A
Mas o tempo secou minha estrada e o cansaço me dominou
E7 D E7 A
Minhas vistas se escureceram e o final da corrida chegou
E7 A E7
Este é o exemplo de vida para quem não quer compreender
D A E7 A
Nós devemos ser o que somos, ter aquilo que bem merecer
D A E7 A A7
Nós devemos ser o que somos, ter aquilo que bem merecer
D A
Mas o tempo secou minha estrada e o cansaço me dominou
E7 D E7 A
Minhas vistas se escureceram e o final dessa vida chego
Ano 2008 – Revisão 02 20
O acorde de preparação é muito utilizado em todos os estilos musicais. Ele serve muitas vezes de
referência para quem está cantando “entrar” na hora certa. Na música acima, note que ele não está em cima
de nenhuma palavra, portanto você deve realizar mais um compasso após o A e em seguida trocar para A7.
6º Ritmo – Guarânia
Para desenvolver a técnica deste ritmo é preciso muita disciplina e concentração. Vamos utilizar um
movimento chamado Rasqueado aberto que consiste na descida dos dedos m, a e i uma a um resvalando
sobre as cordas (Movimento 1). Outro movimento que chamamos de Rasqueado fechado, onde os dedos
m, a e i também descem só que desta vez juntos e abafando as cordas ao fim do percurso (Movimento 2).
O polegar desce (movimento 3). O indicador sobe (movimento 4). Por fim o indicador desce (movimento
5). (Vídeo 9.
Tocando em Frente
Almir Sater / Renato Teixeira - Tom F#
F# E B
Ando devagar porque já tive pressa e levo esse sorriso porque já chorei demais
F# E B
Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe só levo a certeza de que muito pouco eu sei
F#
Ou nada sei....
E C#m E C#m B
Conhecer as manhas e as manhãs, o sabor das massas e das maçãs
E C#m E C#m E
É preciso amor prá poder pulsar. É preciso paz pra poder sorrir
B
É preciso chuva para florir
F# E B
Penso que cumprir a vida seja simplesmente compreender a marcha e ir tocando em frente
F# E B
Como um velho boiadeiro levando a boiada. Eu vou levando a vida pela longa estrada eu vou
F#
Estrada eu sou...
Todo mundo ama um dia, todo mundo chora. Um dia a gente chega no outro vai embora
Cada um de nós compõe a sua história, cada ser em si carrega o dom de ser capaz
De ser feliz...
7º Ritmo – Querumana
Grandes sucessos sertanejos como Meu Reino Encantando, Franguinho na Panela e Prato do Dia
são tocados nesse ritmo.
Sua execução é simples por se tratar de movimentos de sobe e desce, não requer muita técnica e
dispensa detalhes descritivos. Observe a célula rítmica e assista ao vídeo 10 tendo atenção apenas no
tempo de abafar as cordas.
Franguinho na Panela
Moacyr dos Santos / Paraíso – Tom: A
A E7
O recanto onde moro é uma linda passarela
A
O carijó canta cedo bem pertinho da janela
E7
Eu levanto quando bate o sininho da capela
D A
E lá vou eu pro roçado, tenho Deus de sentinela
E7 A
Tem dias que o meu almoço é um pão com mortadela
A7 D Bm E7 A
Mas lá no meu ranchinho a mulher e os filhinhos, tem franguinho na panela
E7
Eu tenho um burrinho preto bom de arado e bom de cela
A
Pro leitinho das criança a vaquinha cinderela
E7
Galinhada no terreiro, papagaio tagarela
D A
Eu ando de qualquer jeito, de botina ou de chinela
E7 A
Na roça se a fome aperta, vou apertando a fivela
A7 D Bm E7 A
Mas lá no meu ranchinho a mulher e os filhinhos, tem franguinho na panela
Ano 2008 – Revisão 02 22
E7
Ela faz tudo pra mim e tudo o que eu faço é pra ela
Na seqüência de acordes A7 (Lá com sétima), D (Ré maior) e Bm (Si menor) dos trechos
sublinhados você executará um compasso para cada acorde. Embora o ritmo seja relativamente fácil, a
troca de acordes no tempo certo pode ser um pouco mais complicada, mas nada que um pouco de treino
não resolva.
Vale ressaltar que você deve estar sempre revisando os ritmos já ensinados e treinando-os
constantemente, pois daqui pra frente “o bicho vai pegar” e não é brincadeira. Neste momento, comece a
estudar paralelamente com os ritmos o dicionário de acordes no fim deste método. Monte os acordes e
execute os ritmos que você já aprendeu.
O ápice do violeiro é quando ele aprende a tocar o ritmo do pagode, mas de nada adianta tocar bem
o pagode se não souber os recortados do mesmo e é exatamente aí que quero chegar: O domínio dos ritmos
já passados e dos poucos que restam à frente farão com que você toque o pagode com mais facilidade.
Digo a você com toda sinceridade que conheço muitos violeiros, mas são poucos os que tocam o pagode
com perfeição e beleza.
Ainda temos muito trabalho pela frente, então vamos ao próximo ritmo.
O Corta Jaca é uma variação do cururu, sendo que se ambos estiverem sendo tocados ao mesmo
tempo (duas violas), o som se “encaixará” um com o outro dentro do tempo certo. O movimento se inicia
com a descida do polegar seguida de um rasqueado aberto, uma subida do indicador, outra descida do
polegar e por fim uma descida com os dedos i, m e a juntos. (Vídeo 11)
B7
Mandei faze uma canoa fundo preto e barras claras
(Clichê - ver tablaturas)
Dois remos de guarantã e um varejão de guaiçara
A B7 E B7 (Estribilho-ver tablaturas)
Ai, ai, o apoito pesa uma arroba jogo n’agua o bote para
B7
Em uma trela de cachorro o marengo e a caiçara
(Clichê)
A sua especialidade corre anta e capivara
A B7 E B7 (Estribilho)
Ai, ai, sorto os cachorro no rastro, vai rebentando taquara
B7
Eu tenho uma cartucheira de qualidade bem rara
(Clichê)
É uma dois cano trunchado que até pranchão ela vara
A B7 E B7 (Estribilho)
Ai, ai, anta deita na fumaça na hora que ela dispara
B7
A anta se apixa n’agua na correnteza não para
(Clichê)
Vai com a cabeça de fora e a dois cano já dispara
A B7 E B7 (Estribilho)
Ai, ai, a bicha prancheia n’agua é só fisgar ela na vara
Ai, ai, também faço meus pagodes nas noites de lua clara.
Execute este movimento quando fizer o acorde de B7. O estribilho desta música assim como
todas as outras estão está em tablaturas e o clichê a ser executado nos trechos marcados também. O DVD
contém todos os solos e estribilhos das músicas deste método.
Agora vamos aos dois últimos ritmos deste método e que estão estritamente ligados um ao outro. O
cipó preto e o pagode. Para treiná-los vamos utilizar a música Pagode Brasília, pois até hoje não conheci
nenhum aluno que não quisesse tocá-la.
Existem ainda outros ritmos que farão parte do próximo método (Viola de Ouro Vol II) que estará
pronto em breve e é destinado aos que já tem uma intimidade maior com a viola e abordará mais a fundo a
teoria musical, inclusive partituras exclusivamente escritas para viola caipira.
O cipó preto é o ritmo que faz contra-tempo com o pagode, ou seja, enquanto um violão ou viola
toca o cipó preto, uma outra viola executa o pagode. Esse é o segredo dos pagodes de viola. Sua execução
consiste num primeiro movimento de abafar as cordas, em seguida uma descida e uma subida com os
dedos i, m e a, outra abafada e por fim uma descida novamente com os dedos i, m e a. (Vídeo 12)
Treine bastante este ritmo até que você o toque naturalmente para depois passar para o pagode.
Toque a música Pagode Brasília em cipó preto várias vezes.
Chegamos então ao famoso pagode. Este é ritmo é por excelência o mais bonito e “enjoado”na
minha opinião.Sua execução está divida em 6 (seis) partes, onde os movimentos 1 e 4 são mais longos, os
movimentos 3 e 5 são um rasqueado fechado. Assista ao vídeo 13 com atenção e contando todos os seis
movimentos da MD. Para facilitar, dividi a célula rítmica ao meio com uma linha imaginária, deste modo
você pode treinar a primeira parte e depois a segunda, só então você unirá as duas e fará o movimento
completo.
Treine o pagode sempre contando todos os seis movimentos até que você os faça naturalmente, isto
porque os recortados do pagode (os enfeites) são executados entre um compasso e outro do ritmo, então é
necessário domínio completo da técnica para realizá-los.
O recortado do pagode é simples mas exige técnica e precisão. Assista aos vídeos
Pagode em Brasília
Teddy Vieira /Lourival dos Santos – Tom E
E B7
Quem tem mulher que namora, quem tem burro empacador
E B7
Que tem a roça no mato me chame que jeito eu dou
E E7 A (A E A ) – um toque em cada acorde
Eu tiro a roça do mato, sua lavoura melhora
B7 E
E o burro empacador eu corto ele na espora
B7 E B7 E
E a mulher namoradeira eu paço o couro e mando embora
(Estribilho)
B7
Tem prisioneiro inocente no fundo de uma prisão
E B7
Tem muita sogra encrenqueira e tem violeiro embrulhão
E E7 A (A E A) – Repete como acima
Pros prisioneiro inocente eu arranjo advogado
B7 E
E as sogra encrenqueira eu do de laço dobrado
B7 E B7 E
E os violeiro embrulhão com meus versos estão quebrado
(Estribilho)
B7
Bahia deu Rui Barbosa, Rio Grande deu Getúlio
E B7
Em minas deu Juscelino de São Paulo eu me orgulho
E E7 A (A E A)
Baiano não nasce burro, gaúcho é o rei das conchilhas
Ano 2008 – Revisão 02 26
B7 E
Paulista ninguém contesta é o brasileiro que brilha
B7 E B7 E
Quero ver cabra de peito pra fazer outra Brasília
(Estribilho)
Você deve notar que nesta música contém vários acordes fora das frases, isto ocorre pelo fato do
pagode conter vários “enfeites” na sua execução que são os recortados..
Para que você treine as escalas duetadas é necessário treinar a MD para se tocar com mais técnica.
Os arpejos são nossa ferramenta. Os arpejos também são conhecidos por outros nomes na linguagem da
viola caipira como: Moedão, Pedaleiras, P P I P, etc.
Vamos então estudar alguns destes arpejos da seguinte maneira: Na figura abaixo os números
dentro dos círculos representam os pares de cordas (lembrando que eles são contados de baixo para cima) e
as letras em cima dos círculos representam os dedos da MD. Assim como nos ritmos o ciclo vai se
repetindo (Vídeos 14, 15 e 16)
1º )
2º )
3º )
Os arpejos acima são os mais utilizados e não são os únicos existentes. Como este método é uma
iniciação ao violeiro, apresentei exatamente dois estilos utilizados na música caipira e o 3º que é muito
utilizado no estilo barroco (clássico). Recomendo sempre aos meus alunos que busquem sempre mais
informações com outros violeiros, internet, filmes (Tião Carreiro e Pardinho já participaram de um filme
chamado “Sertão em Festa”, assim como Milionário e José Rico fizeram um retratando a própria carreira
que se chama “Estrada da Vida”) e shows. A Orquestra Paulistana de Viola Caipira regida pelo Maestro
Rui Tornezze que é um grande amigo e parceiro, lançou um DVD da OPVC com um show onde você pode
confirmar vários pontos aqui explicados, além de poder acompanhar com sua viola, pois a afinação
utilizada também é Cebolão em E.
Como autor deste método posso te dizer com sinceridade: - Não fique preso somente a estes
exercícios e teorias. Procure ampliar seus horizontes musicais. Quando for viajar, leve sua viola, você vai
ficar surpreso com a receptividade que a maioria das pessoas tem com a música raiz. Procure sempre tocar
com quem sabe mais do que você, sem menosprezar os que sabem menos, pois a maioria dos violeiros são
pessoas simples, com coração puro e ainda por vezes, tocam por puro instinto e afinam suas violas “de
ouvido”.
A viola tem a magia de unir as pessoas em um ambiente sadio e contagiante. Tenha este espírito
com você na sua vida de violeiro.
Para executar os estribilhos e ponteados das músicas utilizamos as escalas duetadas. Treine cada
escala com atenção especial na colocação correta dos dedos da ME, procure obter qualidade de som em
todas as casas tocadas não se preocupando com velocidade no início. É claro que quanto mais agilidade
você tiver, mais bonito ficará o som. Nos diagramas abaixo os números representam os dedos da ME e os
traços em vermelho que os unem, indicam que eles são tocados ao mesmo tempo. O número “O” (zero)
indica que a corda deve ser tocada solta. (Vídeos 17, 18, 19, 20, 21, 22 e 23)
Tenha o hábito de estar sempre praticando as escalas e com o passar do tempo você vai notar que
muitos estribilhos têm semelhanças entre si e esse fato torna a aprendizagem mais fácil.
Depois de adaptado a seqüência da escala, utilize um dos arpejos para tocá-los.
Muitas pessoas tecem grandes elogiam ao me verem tocando, mas como diz o dito popular: Você vê
as pinga que eu bebo mas não vê os tombo que eu levo” . Eu treinei e treino muito até hoje, embora eu
ensine, ainda me considero um aluno. A música é como a matemática, ou seja, infinita, portanto meu
amigo a receita é essa: TREINO, TREINO E MAIS TREINO.
Acordes em Dó
O Número ao lado do diagrama representa que a pestana deve ser feita na 8ª casa
Acordes em Ré
Acordes em Mi
Acordes em Fá
Acordes em Lá
Acordes em Si
Estude estes diagramas, entenda a construção de cada um utilizando a tabela de tríades da página
06. Utilize os diagramas abaixo para adicionar acordes novos.
As tablaturas são o meio mais fácil de se representar o solo ou estribilho de qualquer música,
entretanto você deve saber a melodia da mesma, ou seja, o tempo de execução.
Não confunda a leitura da tablatura com a da escala duetada, pois agora os números representam as
CASAS que devem ser pressionadas as cordas e NÃO os dedos da ME.
Veja os dois exemplos abaixo:
Na figura “A” deve-se tocar o 1º par preso na casa 4 e o 2º par preso na casa 5 ao mesmo tempo, na
seqüência prendemos o 1º par na casa 5 e o 2º par na casa 7 e também tocamos as duas ao mesmo tempo.
Isto ocorre porque os números estão alinhados entre eles (veja a linha imaginária).
Na figura “B” não ocorre o alinhamento dos números, portanto devemos tocá-los um a um. Zero
significa corda solta, ou seja, no exemplo acima se deve tocar o 5º par solto, em seguida prende-lo na casa
2 e tocar, depois na quarta casa, passando para o 4º par na casa 2, retornando para o 5º par e assim por
diante.
Os acordes que estiverem acima da tablatura são destinados ao instrumento que estiver fazendo a
base do solo, ou seja, executando o ritmo enquanto a viola toca o estribilho. Estes acordes seguem a
mesma regra das musicas cifradas, sendo trocados exatamente onde estão localizadas.
Na ligadura do estribilho acima, você pressiona e toca a casa 4 e em seguida pressiona a casa 5 sem
tocá-la, como se estivesse dando uma “martelada” para que ela emita som.
Ano 2008 – Revisão 02 34
Estribilho – Caçador (Vídeo 31 e 32)
Neste estribilho utilizamos uma técnica muito comum na viola caipira chamada Slide (pronuncia-se
isláide) que é representada pela barra “/”.
No caso acima você prenderá o 4º par na casa 2, tocará e sem soltar a corda deslizará o dedo até a
casa 7. O mesmo acontece com o 1º e 2º par, só que desta vez tocando os dois pares juntos.
Neste estribilho utilizamos outro recurso que encanta a maioria das pessoas e sua execução é
extremamente simples, são os harmônicos. Se você apenas encostas o dedo 3 da ME como se fizesse uma
pestana no trasto 12 (o ferrinho que divide as casas), mas sem pressionar o dedo e toca-lo, obteremos um
harmônico de E. No trasto 7 também obtemos este efeito, é o harmônico de B.
Note que o clichê que une as duas partes do solo é o mesmo utilizado na música Caçador.
Mala Amarela
Caetano Erba / Paraíso
Tom: E
Ritmo: Guarânia
Estribilho
E B7 E
1)Era quatro e meia, passava um pouquinho e o fosco clarinho rasgava o varjão
B7 E
Era o trem noturno que vinha apontando e logo parando na velha estação
A G#m F#m B7
Meu corpo tremia, meus olhos molhavam, o meu pai do lado e a mala no chão
A E B7 E
Beijei o seu rosto e disse na hora, o mundo lá fora me espera paizão.
Clichê
O trem deu partida soqueou bruscamente e ali novamente sua mão eu beijei
Estribilho
E disse também num jeito cortez é a primeira vez que deixo o sertão
Pedi seu conselho e ele me disse seu mo;co a velhice é dura demais
Eu sou bem mais velho e posso aconselhar é duro ficar distante dos pais
Clichê
E B7 E
4)Eu nunca esqueci o que o velho falou e o tempo passou e pra casa eu voltei
B7 E
Quem fica distante jamais se conforma, lá na plataforma meus pais avistei
A G#m F#m B7
Desci comovido abracei ele é ela e a mala amarela meu filho eu não vi
A E B7 E
Meu Pai acredite na fala de um homem, pra não passar fome a mala eu vendi
F# B F# B
Que pena, que pena era minha lembrança que eu trouxe de herança do seu avô
A E B7 E
Mas deixa pra lá eu vou esquecer a herança é você e você já voltou.
Estribilho
B E
Vinte e cinco de dezembro quando o galo deu sinal
F# B
Que nasceu o Menino Deus, numa noite de Natal
E
Vinte e cinco de dezembro quando o galo deu sinal
F# B
Que nasceu o Menino Deus,numa noite de Natal ai, ai
E
A estrela do o Oriente fugiu sempre dos judeus
F# B
Pra avisar os três Reis Santos que o Menino Deus nasceu.
E
A estrela do Oriente fugiu sempre dos judeus
F# B
Pra avisar os Três Reis Santos que o Menino Deus nasceu ai, ai.
E
Os três Reis quando souberam viajaram sem parar
F# B
Cada um trouxe um presente pro menino Deus saudar.
E
Os três Reis quando souberam viajaram sem parar
F# B
Cada um trouxe um presente pro Menino Deus saudar ai, ai
Estribilho
E
Canoa fiz de paineira, varejão de guaiuvira
A
A poita pesa uma arroba, dois remos de sucupira
B7 Clichê
Se jogo a tarrafa n’água, sozinho um homem não tira
E A B7
Capivara é bicho arisco quando cai na minha mira
E B7 E B7 E
Puxo o arco e jogo a flecha. Lá no barranco revira.
Estribilho
Estribilho
Estribilho
A E7 A E7 A E7
Eu venho vindo de uma querência distante. Sou um boiadeiro errante que nasceu naquela serra
D E7 D E7 A
O meu cavalo corre mais que o pensamento, ele vem no passo lento porque ninguém me espera.
E7 D E7 A E7 A
Tocando a boiada auê, uê, uê boi. Eu vou cortando estrada. Uê boi (Bis)
Estribilho
A E7 A E7 A E7
Toque o berrante com capricho Zé Vicente, mostre para esta gente o clarim das alterosas.
D E7 D E7 A
Pegue no laço, não se entregue companheiro, chame o cachorro campeiro que esta rês e perigosa.
E7 D E7 A E7 A
Olhe na janela auê, uê, uê boi. Que linda donzela uê boi (Bis).
Estribilho
Sou boiadeiro minha gente o que é que há? Deixe o meu gado passar, vou cumprir com minha sina.
Lá na baixada quero ouvir a seriema, pra lembrar de uma pequena que eu deixei lá em Minas.
Ela é culpada auê, uê, uê boi. De eu viver nas estradas uê boi (Bis)
Estribilho
O rio ta calmo e a boiada vai nadando, veja aquele boi berrando, Chico Bento corre lá.
Lace o mestiço, salve ele das piranhas, tire o gado da campanha pra viagem continuar.
Com destino a Goiás auê, uê, uê boi. Deixei Minas Gerais uê boi (Bis)
Estribilho
E B7
De que me adiante viver na cidade se a felicidade não me acompanhar
Estribilho
Por Nossa Senhora, meu sertão querido, vivo arrependido por ter ter te deixado
Aqui tem alguém, diz que me quer bem, mas não me convém eu tenho pensado
Eu fico com pena, mas esta morena não sabe o sistema que eu fui criado
To aqui cantando, de longe escutando. Alguém está chorando com o rádio ligado.
Estribilho
Que saudade imensa do campo e do mato, do manso regato que corta as campinas
Que doce lembrança daquelas lembranças, onde tinha dança e lindas meninas
Eu vivo hoje em dia sem ter alegria. O mundo judia mas também ensina
Estou contrariado, mas não derrotado, eu sou bem guiado pelas mãos divinas.
Estribilho
Esta madrugada estarei de partida pra terra querida que me viu nascer
Eu preciso ir, pra ver tudo ali, foi lá que nasci e lá quero morrer.
Algumas canções podem estar num tom muito alto (agudo) ou muito baixo (grave). Utilize esta
tabela para transportar os acordes e adequar o timbre da própria voz.
Vamos supor que uma musica está cifrada em C e você quer o tom de E. É só você utilizar os
acordes que estão na coluna de C e trocá-los pelo seu equivalente na coluna de E. Se ocorrer algum acorde
com 7 ou menor, acrescente o mesmo acidente na nota relativa.
Com o passar do tempo acabamos por fazer este transporte mentalmente, pois não existe segredo,
basta entender o processo.