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A saga de um centauro
– Ópera Pop –
ATO I
Abertura I
QUADRO I
CENA I
(no campo o céu sem uma nuvem; muitas flores e uma árvore... era um dia lindo! Entra
um nordestino tipicamente trajado... é o Narrador; enquanto um Centauro impassível,
sentado, calado e ligeiramente cabisbaixo está posicionado frente a uma cascata suave e
deliciosa.)
1
Narrador - Apresento o acontecido
Que vos trago do passado;
Em disfarce vem tecido
Por poeta muito alado.
Do passado ao presente
Fez a terra muitos sábios
Que em metáforas ardentes
Basbacaram vários lábios.
2
Monchão!!
Monchão na alma!!
Glória!
Valei-me!
(começa a canção. Um samurai vigoroso dança solo com uma espada na mão direita;
encena golpes. Seus trajes são em tons vermelhos. Para. Senta-se em posição de
meditação, com as pernas cruzadas e tronco ereto. Põe a espada
sobre as cochas com as mãos sobre ela e fecha os olhos, Segue o Centauro em sua
direção e gesticula conforme a letra da canção. Corre, retorna ao Samurai. Pula.
Esperneai. Implora. O Samurai sequer abre os olhos.)
3
O Castelo
Eu vi o Castelo...
... ele não estava em pé.
Me empresta o papiro;
Não piro na sua:
Diz – é impossível...
CENA II
Samurai - Centauro, escute: “o vento e as ondas vão sempre a favor de quem sabe
navegar.”
(Entrega a espada ao Centauro e sai. Ele num primeiro instante a admira maravilhado,
mas, logo desanima novamente:)
Centauro - Ora, mas como criar o meu próprio vento, se minha parte animal é tão
grande e minha parte Divina um teorema tão distante!?
Se a natureza, antes amiga, insiste em querer me carregar junto com as vagas águas em
direção ao mar?!
Se meus hábitos, tendência falimentar, ainda os tenho enraizados, como um querido clã
familiar!?
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...Amor...
... nem ao menos sei qual de meus cascos na frente por...
Qual conselho krishna ao príncipe Arjuna poderia dar, se este Centauro fosse e não
soubesse sequer em duas patas se aprumar?!
A - O que é você?
Centauro - Eu?! Um centauro, não vê?
Mulher
Vamos falar de amor?!
Amar...
Onde encontrar essa linda flor?
Se o aroma seu não for, de quem será?
Arte, ou ofício, ou calor:
De quem será?
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Agora posso falar...
É lei!
Sim, sabedoria há demais no amor...
De uma mulher;
Mulher;
Mulher;
No seio de uma mulher, tão lindo amor;
No seio de uma mulher, tão lindo amor.
(logo ao acabar a música, o entardecer dá lugar a uma breve escuridão total. Saem
todos, permanecendo apenas o Centauro (apaixonado) iluminado.)
Retorna o Besouro:)
CENA III
Luz do Sol
(Caetano Veloso)
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Reza a correnteza, roça, beira, doura areia
Marcha o homem sobre o chão leva no coração uma ferida acesa
Dono do sim e do mão diante da visão da infinita beleza
Finda por ferir coma mão essa delicadeza a coisa mais querida
A glória da vida
B - Vamos Centauro; agora eu quero te apresentar um outro sábio; esse com certeza não
ia se apaixonar pela primeira mulher que passasse na frente dele!
C - Você acha que é só um veranico, né?! Uma paixão animal?! Pois ela até me disse
um poema... do qual ainda ouço suas palavras:
A – “Sim, há o sim
Afirmativo
Formativo de opinião
Seja por discussão
Ou persuasão – sedução...
Negar o não
É o mesmo que querer viver
Sem a necessidade de infligir
Ao pensamento
O coração...
B - Burro! Ela disse pra você não deixar a cabeça de ‘baixo’ colocar coisas no seu
coração!!!
C – será? ... será? ...até que pra um besouro você é bem esperto... Talvez você tenha
razão... talvez!
B - Vamos logo! Vamos! Vamos! Olhe aquilo!
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QUADRO II
(noite no campo, sai o céu azul e entra um céu estralado... no horizonte as luzes de uma
cidade próxima)
CENA ÚNICA
Um índio
Um índio batuca entre cem querubins.
Um índio vagueia no céu que há em mim.
É só ser anjo, sentindo a música emergir.
O sangue bate, a alma faz subir.
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(durante o solo os anjos saem, deixando o músico só)
(...volta o cantor)
(os índios voltam somente a partir dos últimos refrões e saem com o "fade out",
seguindo a Pã, que retornará para seu solo final.)
(entra o Narrador:)
Devolveu-lhe a visão –
Que presente há maior?
Voa, voa pai João.
Voa, voa em Sol Maior.
Apresento o acontecido,
Que vos trago do passado;
Em disfarce vêm tecido
Por poeta muito alado.
C - você reparou que até o jogral parece mais um contador de 'causos' tupiniquim?
B - é a globalização, Centauro!
C - globa... o que?
B - deixa pra lá... você é muito xucro, mesmo, heim!!! O samurai não te disse que ‘o
vento e as ondas vão sempre a favor de quem sabe navegar’?
C - disse.
B - o índio não te ensinou que só um coração puro como o de um menino pode começar
a entender a verdade das coisas sem deturpar tudo?
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C - acho que disse.
B - pois vá, vá à metrópole, Centauro. Lá te humilharão, vão querer montar em você.
Vão te espizinhar, te provocar...
C - eu sabia que não podia mesmo confiar em você... é isso que você quer pra mim?
B - hum!
C – você quer me ver é encrencado, né?!
B – Não! Não! Claro que não! Não foi você mesmo quem falou da tal ‘prova de fogo' e
blá, bla´,blá, num sei quê?!......pois, é agora que eu quero ver se tu vais mesmo cumprir
o que prometeu ao Samurai...
- Material pra trabalhar não lhe vai faltar. Vamos ver se você é cavalo ou homem
suficiente (sei lá!) pra criar do ódio dos outros o seu amor! Amar o verdugo! Tarefa
difícil!
- Vai centauro, vai, não fique aí parado que nem uma mula!!! Anda! Vamos! Vamos!
QUADRO III
CENA I
Sorria Menino
Sorria, menino...sorria!
Não há nada no mundo, que você não vá vencer.
Colhem-te como uma flor do dia...
... foste um jardim...
Quem poderia entender-te.
Nem o cravo contra o amor não viveria,
Lá vai o Sol de novo... não se cansa de nascer;
Sem ele qual formosura brilharia:
A Vida, ou a Onda, ou a Lua.
De quem seria a sua alegria ?
... ou pra Aurora ele sorriria... menino... sorria!
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Sorria, menino... sorria!
Não há nada no mundo, que você não possa ver.
O Palhaço sorri pra te alegrar.
O Vento está aí te fazer sentir.
Não desista nunca de tentar.
Lembre que você já sorriu muito mais...
... sem motivo e nem porquê.
(pouco antes da pausa central da música entram alguns Juízes Togados a dançar,
liberando o cantor da posição inicial.
Carregam, arrastam, jogam o Centauro, que gesticulando como um palhaço, apenas
vive a sua sorte. Os Juízes também encenam que estão julgando a todos: ao Centauro,
uns aos outros e à platéia. Ao final da canção recebe o nosso herói das mãos da Justiça a
espada. Mas os Juízes a tomam...)
CENA II
(saem todos correndo para todas as saídas do palco. Fica o Centauro, agora sem a
espada, a olhar para cima e para os lados a procurar pelo que perdeu, enquanto
caminham pelo calçadão indo e vindo, quase que a atropelá-lo, sonâmbulos, vestindo
pijamas uns, vendas ou toucas de dormir outros.
O texto previamente gravado é solto:)
(começa a canção. Continuam a passar os dorminhocos. Ele faz com que os acorda; e
nada. Vão seguindo seu profundo rumo. Entram três moças: uma vestida de
enfermeira com uma injeção enorme na mão; outra de diabrete com seu típico tridente e
a última de sadomazoquista com seu chicote. "Todas sedutoras". Bailando todas, as
duas primeiras o tentam furar e a última o chicotear. Todas elas o tentam seduzir. O
Centauro foge de todas. O cantor sobe ao palco vestido de "Boss" exageradamente.
(quase brega))
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NOTA: 1 - evitar a vulgaridade desta cena. Puxar para o lado cômico;
2 - durante a música o Centauro quase que se deixa levar pelas "tentações", mas cai logo
em si e continua a esquivar-se.
Deixa Rolar
Deixa rolar;
Deixa rolar;
A hora certa vai chegar;
(quase no final da música, sai o Centauro correndo; fugindo e some do palco. Ficam as
Moças a procurá-lo e os sonâmbulos, roboticamente, continuam com suas mesmas
coreografias. Elas podem até descer à platéia para causar furor, se sentirem que há clima
para tal; se não, ficam apenas a gesticular do palco para a platéia. Ao final saem todos e
retorna o Centauro correndo assustado a ver se restou alguma delas.)
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(Tao)
(e sai...)
Centauro – pocha! pela primeira vez eu entendi o que esse samurai quis dizer:
- na cidade cada cabeça é um país... Embora todos falem a mesma língua, ninguém
fala da mesma coisa...
...as pessoas podem dar vazão ao que bem queiram...
...não obstante, tudo parece que é definitivo: se é assim que ela está acostumada a agir,
assim agirá pelo resto da vida...
...tudo podem conquistar, mas todos se esquecem do básico: conquistar uma boa
qualidade nas relações de convivência...
...não encontrei um sábio sequer por aqui, apenas pessoas que pensavam de si sábias,
mas, que apenas repetiam o que havia sido falado no jornal da manhã... Teorias, teorias
e mais teorias, a metrópole é isso: teoria!!! Ninguém conhece a ninguém, muito menos a
si mesmos. Nada passa de até onde as máquinas e olhos da carne podem chegar...
...há ciências inteiras e cientistas que dedicam suas vidas a dar nomes e classificar
coisas, mas não tentam parar para conhecer a fundo o objeto de suas pesquisas...
...coração, intuição, clarividência?! Nem mencione essas palavras se não quiser ser
ridicularizado... Também pudera: muitos por aqui tiraram e ainda tiram proveito dessas
coisas pra se prevalecer...
Besouro – Hum! Deixe de ser arrogante! Você não está aqui pra julgar os outros, está?
É isso que veio buscar na cidade?! E o amor encontrou? Pelo visto não, não é?!
C - ...não. ...mas, eu continuo buscando... e você o que fazes aqui? Veio me
atormentar?!
B – disseram que muitos Centauros e cavalos estavam circulando pela cidade
atualmente...
C – urgh!!! Você é nojento!!! Mas, tem me dado bons conselhos... a quem devo apelar
agora?
B - que tal Minerva!!!! A Deusa!!!! – apontando, antes de sumir na escuridão, para o
ponto onde ela surgirá.
CENA III
NOTA: 1 - A Minerva cantará a parte feminina da canção, ocasião em que vai andando
em direção ao Centauro, num lindo e emocionado encontro. Ela pega nos seus cabelos à
semelhança do quadro de Botticelli. O Centauro, resignado, se ajoelha e recebe a espada
de suas mãos. (sem se saber de onde ela apareceu).
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Ao cantar as últimas estrofes a Madona põe delicadamente as mãos na cabeça abaixada
do herói já num gesto mais católico e sai sumindo-se na escuridão. O nosso Herói
também some na escuridão. No palco os artistas vestidos totalmente
de preto e portando isqueiros, ou lanternas ou qualquer coisa que pisque vão fazendo
tilintar de estrelas. Se possível for, fazer com que através da iluminação aumente-se a
área onde as estrelas são projetadas, inclusive iluminando assim a platéia. O cantor não
aparecerá no seu último trecho.)
Busca
Meus braços, minha perna, meu ventre;
Nos olhos repousa um luar;
Estrelas são mãos que se estendem
Da minha alma que se expande em mar;
Da minha alma que se expande em mar.
Busca;
Repetidas vezes;
Busca sem ser brusca;
Além dos sentidos
A essência humana;
A essência da vida...
(em seguida, no mesmo clima, ilumina-se o cantor da ‘Olé à Alegria’ muito bem vestido
que canta lindamente:)
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“Alegria formosa centelha dos Deuses do Olimpo
Ébrios de fogo, assim em teu templo vamos indo.
Tua força torna a unir até o que o costume quis partir,
Vamos todos, maus e bons, não importa sua crença ou dons.
Muito além dos céus estrelados ouse buscar seu Pai Amado
Acaso deprimem-se ante seu fogo? Sim, há um Pai amado.”
(Adaptação de ‘Ode à alegria’ - de Friedrich von Schiller)
QUADRO IV
(já é dia na cidade. O mesmo cenário, porém, agora de céu trocado, recebe um cômodo
contendo uma confortável poltrona, um pufe e um tapete, também uma estante de livros
(cenográfica). O cômodo à direita do palco tem duas paredes, uma delas é praticamente
uma janela voltada para o banco e consequentemente para o centro do palco (meio que
na diagonal))
C - estou até agora em êxtase!!!! Que doçura! Que Madona divina maravilhosa!!!
B - vamos que eu quero te mostrar um sábio que eu encontrei aqui na cidade... ele dá de
graça tudo que recebeu de graça: - o conhecimento! E assim, mesmo sem ter onde
morar, tem tudo, pois os Deuses o favorecem! Vamos! Vamos! – arrastando o Centauro
para a janela.
CENA II
Menino Rotinho
Menino rotinho já vem bailar;
Com a destreza dos anjos no seu olhar;
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Da folha seca na vida.
Folha seca na vida.
“Matrimônio perfeito, Centauro, é a união de dois seres onde um ama muito e o outro
ama melhor...
É a perfeita comunhão de pensamentos, sentimentos e vontades...
Onde há cálculo aritmético e projetos não existe amor...
Onde há interesse econômico e social não há amor...
Também não há amor, onde há o desejo...
- Não confunda jamais, Centauro, paixão com amor!!
O verdadeiro enamorado é capaz de dar até a última gota de sangue pelo ser adorado...
Você é capaz de dar a última gota de sangue por sua adorada?
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O amor começa com um relâmpago de simpatia deliciosa.
Substancializa-se com a ternura infinita e se sintetiza em suprema adoração.”
Bom senso!!!
Bom senso!!!
Amor e sabedoria!!!
(...sai.)
CENA III
O amor é
No nada...
... na paz... de um segundo...
... desatento de silêncio;
No alto...
... longe de mim mesmo...
Entrevi seu rosto.
O Amor simplesmente é,
Simplesmente é,
Simplesmente é.
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No alto...
... longe de mim mesmo...
Entrevi seu rosto.
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ATO II
Abertura II
QUADRO I
(agora é só o palco e o céu noturno. Num dos cantos, para o qual seguem Centauro e
Besouro, alguns oficiais à cavalo.)
ÚNICA
Besouro – è... eu acho que essa sua decisão de voltar pro campo vai lhe fazer bem.
Coletor de impostos – Hei! Onde vocês pensam que vão?!
Centauro – nós... vamos por aqui!
CI – por aí tem que pagar impostos! Pedágio pro Rei.
Besouro – pensando bem nós temos é que ir por ali... – diz piscando pro Centauro.
CI – por ali tem que pagar impostos! A estrada recebeu água das chuvas recentemente e
isso é uma benfeitoria muito importante.
C – acho melhor agente dar meia volta e retornar por onde agente veio – diz ao
Besouro.
CI – Hei! Pra retornar é o dobro. Uma taxa por ter passado e outra pra passar. De
qualquer forma pra seguir viagem vocês têm que quitar seus débitos. Se não, daqui não
saem. Tenho ordens pra os prender se necessário. Se não tiverem com que pagar, terão
que trabalhar pro rei, e se forem ‘incapazes’... bem, terão que sofrer; eu os chicotearei
agora mesmo! – diz puxando o instrumento.
C – que cara sinistro! Sai pra lá jaburu!
CI – Hei! Agora pra seguir por aqui ou por ali é o dobro e pra voltar o quádruplo. E
digo mais, não é por me sentir insultado. É a lei! Pra seguir viagem é necessário que
vocês estejam de acordo com ela. ...porém, tem um único jeito pra vocês não pagarem.
Quem tem boas obras segue pra onde quiser. Algum de vocês por acaso têm algo a me
dizer? Algum serviço prestado pro rei ou pra Província? Que falem agora ou calem-se?
C – eu ajudei na construção da barragem puxando lenha, está aqui pode ver...
CI – e você baixote?
B –Hum! Eu contribuo com a diminuição da emissão de CO2.
CI – entendo!
B – Hum!
CI – está bem; podem passar. Vocês são servos fiéis.
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(segue um desencontro total... passam, enfim, e na confusão se perdem um do outro...)
(eis que entra pelo outro lado do palco, Ariadne. Deslumbra-se o Centauro. Entra
também logo na seqüência um grupo de Faunos, que arrebatadoramente, separam os
nossos heróis. Começa a canção.
A cena que se segue é hilária, pois sempre formando um círculo os Faunos dançam;
mas, girando desesperadamente ao redor deles, o casal nunca se encontra, já que sempre
seguem um na mesma direção do outro. Por vezes pulam, como querendo passar por
cima da roda. Em determinado momento entram pelas beiradas esquerda e direita do
palco o Demônio e a Justiça, respectivamente.
Dirigindo-se para o centro do palco, postando-se pouco além dos nossos Heróis, fazem
suas gesticulações e coreografias características. Um mostra o caminho errado e
atrapalha, a outra aponta para o lugar certo. O cantor ocupará toda a frente do palco,
vestido como a Esfinge Egípicia.)
CANDIEIRO
-foclore-
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Mundo Melhor
Caras e bocas pra quê.
Cotidiano viver,
Sem aquela chatice de andar sonhando...
... sonhando acordado;
Me sentindo em mim mesmo.
Centauro – acho que o meu caminho é mudar o mundo! ...Fundar um partido político e
iniciar uma revolução! Afinal, uma andorinha só não faz verão!
Manifesto revolucionário
O elo perdido entre macaco e homem jamais foi encontrado, nem por Darwin, nem por
nenhum outro cientista.
Tampouco como surgiu a Monera foi comprovado.
A teoria do acaso parece mais uma farsa inventada pura e simplesmente para converter
fieis; do contrário teríamos que nos curvar diante de um Deus antropomórfico a
regozijar-se em castigar sem nenhuma piedade ao nosso menor deslize! Essa triste e
silenciosa guerra entre religião e ciência materialista já se tornou demasiada enfadonha.
Os ultra-modernos inventos maravilhosamente sedutores escondem um veneno
mortalmente inebriante. Primeiramente age no sangue da vítima, como agia a água com
açúcar, alterando o humor da criança chorona. Depois, cega; a ponto de fazer com que o
homem acredite na evolução contínua, quando o próprio mundo é redondo e em eterna
transformação (pois tudo nasce, cresce, envelhece e morre) e não é uma via direta rumo
ao sol. Por fim, congestiona e mata: a natureza se vê perigosamente desgastada e isso
nos faz até lembrarmos, ainda que com grande receio, das mal interpretadas palavras de
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um sábio que classificava a democracia como sendo o governo da satisfação dos
desejos.
Meu tempo é assim, todos se esqueceram do que realmente tem importância. Platão é
amontoado junto com uma pilha de livros a encostar a porta, pois nas livrarias o último
Best-seller, imitação, da imitação, da imitação, está sendo muito comentado nos círculos
culturais. Enfim, dizia ainda o sábio que o racionalismo desconecto da realidade é pura
retórica.
Então, a verdade... onde está? O que é?
Nós queremos a verdade, e agora!!!
Não queremos mais ter que simplesmente acreditar nisso ou naquilo!
Queremos é que nos ensinem na escola os meios para investigarmos por nossa própria
conta o que é a verdade!
Exigimos também que o ser humano seja perfeito, sem defeitos de nenhuma espécie;
queremos um mundo onde todos saibam amar e respeitar uns aos outros pra valer!
Pois somente assim teremos uma sociedade perfeita, sem ter que lutar na praça central
contra desconhecidos opositores, uma vez que neste momento nosso maior inimigo aí
de fato se esconderá: - nós mesmos!!!
Que a luta, enfim, contra nós mesmos, para que o amor e a honestidade continuem
habitando em nossos corações prevaleça e seja contínua!!!
Então à luta, companheiros! ...à luta!!!
QUADRO II
(dia no palco. Pode-se trocar o céu durante a cena sem que ninguém seja visto; ou
durante a
introdução da música, conforme segue: )
ÚNICA
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- Defender-se é sim necessário. O dinheiro também. Tentar mudar o mundo
pra melhor é uma causa legítima. Mas, o ódio, a ganância e a soberba, não! A persuasão
com amor tem mais poder que a Violência.
(...e continua:)
(Sai o Soldado pelo lado oposto ao qual entrou. Começa a introdução da música
propriamente dita e eis que entra ‘ritmadamente’ um Dragão Chinês, enquanto Ariadne
dança, agora, como se o estivesse a chamar. Ela, durante um longo período
segue mandando nele, inclusive com ordens como senta e deita e o Dragão, é claro,
obedece a tudo resignado. Em dado momento a nossa Heroína sai do palco deixando o
Dragão só, o qual segue no ritmo da música. Inclusive pode descer à platéia ou insinuar
que vai pular ou cair do palco, que neste momento é tomado por casais a dançar como
se o homem estivesse a obedecer tudo que a moça o ordene. Note que durante toda a
cena as ordens nunca são agressivas, mas sim muito dóceis, ainda que resolutas. Todos
vestem amarelo, a não ser Ariadne, com seu ‘colan’ branco. O dragão pode ser de
qualquer cor. O cantor tem que usar um chapéu de sambista, terno de qualquer cor,
menos branco, com um lenço no bolso e gravatinha de "malandro" (pode repetir as
roupas da canção ‘Mulher’).)
Samba da Liberdade
Diz mano velho, me diz.
Aonde você vai assim,
Com esse riso calado, enfim,
Jeito de homem feliz.
- Vou te falar
de Liberdade,
sem ter que declamar
poemas que não dizem a verdade e...
De guerra, ou sofrer, ou de
perder um bocado
De bons trocados de vida
Junto de um irmão qualquer.
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Liberdade, mocinha faceira,
Engana o malandro de bom capoeira.
(saem todos correndo, a não ser o Dragão que lenta e ritmadamente vai saindo,
iluminado agora a parte;
enquanto que obviamente o restante do palco fica na penumbra.)
(Ilumina-se agora uma pequena área na frente do palco e eis que ao centro do foco de
luz Centauro e Besouro caminham:)
Besouro – eu ando meio preocupado com você! Você está igualzinho àqueles homens
lá da cidade a quem criticou. Eu só escuto teorias e mais teorias saírem da sua boca...
não escuto sequer uma palavra de coração... me responda uma coisa? Seu...
Centauro – já são duas!
B – hum! (continua:) – seu coração fica na parte eqüina ou na humana?
C – bem... em algumas enciclopédias aparece na parte eqüina. Já o grande filósofo
Chustósfeles de tal diz que fica na humana. Eu particularmente...
B – esse cara não tem jeito, não! Está cada vez pior! (continua:) - Centauro, me fala
uma coisa: você tem feito o que o Samurai te falou pra fazer?
C – fazer; fazer; como assim fazer?! (continua:) – fazer; fazer; eu tenho entendido o que
ele me quer dizer. Inclusive tenho pesquisado bastante e tem muita gente que pensa
como a gente. È, eu acho que agora consigo entender tudo que ele fala!
B – eu acho que na verdade você não tem entendido é nada!!!
C - (irritadamente) – ...e você, Besouro, o que você sabe da vida?! Voa; voa; mas, dá
com a cabeça na primeira árvore que encontra pela frente... e sai andando como se nada
tivesse acontecido! Você sim é cabeça dura! (continua) – vive me dizendo: vamos!
Vamos! (diz imitando sua voz) ...e o que você sabe das coisas?! Você já aprendeu a
amar?! (coninua)
- na verdade você não passa de um mísero inseto que sequer tem uma parte humana!!!
B – hum! (viram as costas um pro outro)
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venha para acabar com a nossa crença em vários deuses, estará falando sobre a mesma
coisa... Ele dará sua vida pra apagar os pecados do mundo. Dirá mais ou menos assim
aos seus discípulos:
“Este é o meu mandamento: “Amai-vos uns aos outros, como eu vos amo. Ninguém tem
maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos.Vós sois meus amigos, se
fizerdes o que vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz
o seu senhor, mas, chamei-vos amigos, pois vos ensinei tudo quanto ouvi de meu Pai.
Não fostes vós quem me escolhestes, mais eu vos escolhi a vós e vos constitui para que
vades e produzais fruto, e vosso fruto permaneça. Eu assim vos constituí, a fim de que
tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vos conceda. O que vos mando, é que
vos ameis uns aos outros.”
(João 15,12-17) – fala Cristo –
(somem na escuridão)
QUADRO III
CENA I
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Love’s Revolution
Meu amor, eu quero com você estar...
Onde nasce o sol.
E esse brilho no seu olhar...
Vem das estrelas.
- Love’s revolution;
-Love’s revolution.
È a revolução do amor.
CENA II
Morte - Há o bem... mas também há o mal... gente de bem... e gente do mal... eu não
sou mal, apenas não sou muito bonito...
Centauro - HAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!
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(Inicia-se a canção, embalada pela iluminação, que se acende e apaga, como
uma discoteca. Começa o canto. Iluminada no palco, além do Gólgota, a Minerva,
porém, quem canta a parte feminina da canção é uma sereia, que a seu tempo surgirá. O
Nosso Herói, que de joelhos diz as partes faladas dos cantos, também é iluminado
permanentemente. A Madona ao fundo no centro esquerdo do palco em parte mais
elevada (sobre o andaime móvel que usaremos no próximo quadro) e o Herói bem ao
centro a testa ao solo; ora a levanta... ele reza...Agora ele está completamente nu (pode
usar uma sunga, mas que pareça à platéia que ele está em pelo). O coro, que é iluminado
a seu tempo no flanco direito de quem vê o palco é formado por quatro anjos, dois de
asas brancas e dois de asas negras, que dispostos alternadamente aos pares, de modo que
o semelhante não fica ao lado do outro, seguram as pontas de um tecido azul. O cabo
de guerra que se forma acaba por fazer com que o tecido se movimente a semelhança do
reboliço do mar. A Sereia surgirá aí, um pouco acima do tecido. Ela cabelos e tez em
tons vermelho-alaranjados e se quiser pode usar seios nus. Nossa heroína Ariadne
dança solo na frente do quarteto, porém, agora vestindo "colan" amarelo. Tudo
iluminado a seu tempo. Às vezes se iluminam, psicodelicamente, esqueletos, ou seja
dançarinos vestindo roupas pretas com desenhos de caveira e ossos brancos; tumbas ou
simplesmente lápides devem ser iluminadas esporadicamente à semelhança. O cantor do
canto principal veste manto a semelhança dos monges budistas tibetanos e também deve
ser apenas iluminado a seu tempo. Apenas mantém iluminados a Madona, a toda luz e o
Herói a aproximados setenta por cento de luz. Ao final do último canto o monge segue
em direção à Madona. Ajoelha-se. Termina o canto. Some na escuridão, assim como
todos os demais. Fecham-se as cortinas. Caminha entre a platéia e o palco, durante o
trecho final da música a ‘Morte’ que mais uma vez sobe a escadinha de acesso ao palco,
porém desta vez sai pela lateral em silêncio total.)
Minerva
Teu nome espanta e encanta o rosto vulgo... oh!
Dê-me a morte, enfim, de tudo que julgo!
Filha és do encantado Júpiter de lida...
Oh Senhora! Guia-me no mar da vida!
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QUADRO IV
CENA I
(o coração começa a bater. Ainda antes das cortinas se abrirem entram Centauro e
Samurai, posicionando-se bem ao centro:)
Samurai - “O amor se acende com amor, assim como o fogo se acende com o fogo.”
Centauro – Mas, de onde sai a primeira chama? – responde.
S - “Debaixo da rama da dor, tu o sabes!”
C - Sei?!
S - “Chama a chama pra atingir o que te chama, mas lembre-se que quem te chama é a
mais pura chama!”
“Porém, não seja como a palha diante do vento, nem como o vento diante da palha.”
(... e saem. Abrem-se as cortinas. Alguns dançarinos vestidos de monges budistas fazem
"tai-chi-chuan" dispostos harmoniosamente
na porção anterior do palco. Ao início do canto entram Ariadne e o nosso Herói.
Dançam um lindo dueto bem no início do palco.
O cantor surgirá ao fundo vestido todo de branco bem ao centro, justamente sobre o
andaime,
de modo que da platéia fique visível sobre as cabeças dos dançarinos, como se estivesse
a flutuar.
Ocorre que alguns intrometidos Faunos, por vezes surgem correndo, atravessando o
palco da esquerda para a direita, porém, para surpresa geral, quando atingem o primeiro
rio de tecido transformam-se em homens de preto e quando atingem o segundo rio,
tornam-se homens de branco, saindo pela outra extremidade.
Tudo num passe de mágicas. O segredo está no posicionamento dos tecidos,
dispostos de tal forma que uma pessoa possa transitar sob eles sem ser visto pela
platéia.)
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O calor do mar
Sentir o calor do mar.
Ter como é bom cantar.
Uma gota de ti caiu no meu coração;
A areia e o sal sumiram...
... Água pura de fogo;
Te beber ;
Nos ardermos;
Purificar, ah!
Eu e você;
Eu e você
Numa só canção;
Uma só canção;
Uma só canção.
(ao final do canto some o cantor; some o casal. Ficam parcialmente iluminados os
monges, agora sentados
em posição de meditação, porém, como de costume, sem a postura das mãos, que
descansam sobre as cochas.
Mantém-se assim até o final da chuva.)
(escuro.)
CENA II
(Os oito figurantes abandonam os tecido que formavam os rios ao palco. Os monges
saem. Entra o diabo:)
Diabo - “ – Me chamo Seth – pra não dizer Satã (à parte) – hahaha.... mas pode me
chamar de Astolfo, Priscila, Marcelo, Rodrigo... hahahaha
29
Bem aí dentro de você... agora mesmo!!
Também... se não quiser fazer acordo comigo... tudo bem!! Basta não me atormentar,
continuando a viver assim sem olhar pra dentro de si mesmo, que eu vou me virando...
(meio nervoso - intimidativo) ...você se identifica comigo, eu com você...(acalmando) uma
casamento perfeito... e viveremos felizes para sempre (ironicamente)... hahahaha
Pois eu sei que você adora estar comigo quando joga gamão com os seus amigos...
Igualmente, quando responsavelmente vai a feira...
Quando se faz de bom moço na reunião do conselho...
Quando em família ceia com os seus...
Quando reza a missa dominical...
hahahahahahahahaha
hahahaha
ha
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Todos vestidos de preto e vermelho, assim como o tinhoso mor. Eles definitivamente
não entram em acordo.
Até os tecidos que descansavam ao solo são motivos de disputa. A torre que se
posicionava
disfarçadamente por tecidos é desnudada e arrastada mais para o centro do palco e finda
por ficar fora de esquadro em algum lugar propício. Caso as laterais e fundo estejam
sendo cobertos com tecidos vermelhos, estes também serão arrancados e jogados a
esmo. Entre os demônios
encontramos as nossas três conhecidas personagens: a enfermeira, a diabrete e a
sadomazoquista.
Eis que entra o rapper, deixando o rockeiro "cismadão". Sai o rapper.
A partir do último canto,
quando entra em atividade o coro, sai a dançarina negra do posicionamento,
pega uma vassoura estrategicamente posicionada, que não pareça com aquelas de bruxa,
e vai varrendo os demônios do palco. Regozija-se com isso.)
Miséria
Hei, eu disse, olha ele aí!
Eu não pedi pra ser tão tinhoso assim.
Se eu sou ele quem é ele então?
E se de repente ele me estorva o ovo me afeta a calma me incrimina o corno
Por favor, não me venha com esse papo bobo esse tal de consolo.
O meu caminho é a revolução.
Contra mim, minha miséria e o que vier.
Contra minha...
...miséria interior.
O cara vai
O outro foi
A mina cai
Eu vou também?
O homem vai
O outro foi
A mina cai
Eu vou também?
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O cara vai
O outro foi
A mina cai
Eu vou também?
O homem vai
O outro foi
A mina cai
Eu vou também? Não, não, não, não!
CENA III
(o palco vazio recebe apenas os três tecidos retorcidos e a torre posicionada ao acaso,
mais ou menos ao centro. O palco é plenamente iluminado a mostrar o caos.
Aparece o Samurai num cantinho do palco e logo se recolhe:)
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O Jardim
Suas palavras desperdiçadas ao ar;
Guardei.
Como botões adormecidos
Desabrocharam-se em arco-íris,
Trazendo em mim lembranças de sons e perfumes...
... já vividos.
Tudo pode ser no que não se foi.
QUADRO V
(dia no campo... era um dia lindo... este quadro é idêntico ao primeiro: Centauro
cabisbaixo etc.)
ÚNICA
(entra o narrador:)
33
Nada sei nem sou um sábio,
Nem assim me julgo tal.
Se te falo assim inábil,
Sou apenas um jogral.
Só apresento o acontecido,
Que vos trago do passado;
Em disfarce vêm tecido
Por poeta muito alado.
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Ela mãe que pode tudo
Ele fogo, chama assaz.
Peça a ela uma virtude,
Ao menino peça as asas.
Monchão!!
Monchão na alma!!
Glória!
Valei-me!
Besouro – hum! ...oi... Vocês estão bem afinadinhos... ...mas, você, Centauro, continua
um belo de um cavalão, heim?! Hã! Hã! Hã!
Centauro – ...é... ...e sua cabeça continua bem resistente!
B – hum!
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C – só que desta vez eu tenho uma surpresa pra você, Besouro! Vamos! Vamos! ...eu
quero te mostrar uma coisa... - e sai arrastando o Besouro do mesmo modo que este
fazia com aquele.
Besouro - Tudo isso é pra vocês! - ...e sai, juntamente com o Samurai.
(começa a canção. O cantor veste-se como anjo e posiciona-se bem na frente do palco.
As três "Graças" dançam também na frente do palco. Ora dão-se as mãos
carasterísticamente,
ora dançam isoladamente, ora deixam o cantor no centro da roda. No palco, continuam a
treinar o casal. Encostam as espadas
sempre em movimentos vagarosos. Inclusive param por vezes para corrigir os erros...
eis que começa a entrar toda a companhia a cercá-los por trás. Eles
continuam o treino. Uma meia lua é formada começando numa extremidade frontal,
passando por trás dos nossos heróis e terminando na outra extremidade frontal do palco.
Finda a canção e todos começam a bater palmas para a platéia.)
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Até um anjo te escutar
Moça bonita não chore, não;
Moça bonita não chore,
que eu vou levar o teu lamento pelo ar
até um anjo te escutar.
Abra a boca...
... não diga nada,
Nem blasfêmias recite ao luar.
Aspire a ternura desse lugar...
... estranho ao tempo
Sentimento
Coração.
Santo Templo
Sentimento
Coração... ah!
Seja feliz...
Como a águia certeira a voar;
Feito o raio resoluto a cavalgar no ar.
Seja feliz...
Feito o artesão que insiste em detalhar o olhar.
Estranho Templo
Quem nele oficia é você.
FIM
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