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Resumo do Livro : A língua de Eulália

Vera, Sílvia e Emília são professoras de um colégio público e universitárias


que vão passar férias na casa de Irene, que é Lingüista, e tia de Vera.
Ao chegarem, as meninas criticam o Português falado por Eulália –
empregada da casa,a partir daí Irene resolve explicar questões lingüísticas a
elas e mostra através de aulas que o preconceito lingüístico não possui
fundamento pois a história da Língua Portuguesa passou por várias fases e
cada uma delas justifica o uso de variedades lingüísticas.
Nessa jornada lingüística, vários conceitos são abordados, os principais
são: o mito da língua homogênea,ou seja, as variedades lingüísticas existem
e precisam ser respeitadas, e o seu uso não deve ser considerado errado,
pois são maneiras diferentes de se falar a mesma língua e sua utilização
não prejudica o entendimento e tudo que parece erro no Português não-
padrão tem uma explicação lógica e científica e incentiva o ensino da norma
padrão pois esta foi criada para que exista um modelo de comunicação
nacional, no entanto sugere que o ensino desta seja voltado para a
Lingüística.
O livro busca sempre comparar o Português padrão com o não-padrão
para provar que há mais semelhanças que diferenças entre eles.Neste
contexto discute que os falantes da norma não-padrão têm dificuldade de
aprender a norma padrão, primeiramente porque o primeiro é transmitido
naturalmente, já o segundo requer aprendizado e como na maioria das
vezes essas pessoas pertencem à classe baixa, abandonam a escola cedo
para trabalhar ou desistem de estudar por serem discriminadas
lingüisticamente, dessa forma o problema adquiriu grandes proporções.
Todavia, a eficácia do Português não-padrão não pode ser negada, pois
consegue diminuir as regras gramaticais as tornando mais simples, isso
ocorre freqüentemente com o uso de concordância, plural e conjugação
verbal.Essa postura não deve ser abominada pois esse processo é comum
em muitas outras línguas, mesmo na norma padrão delas como o Inglês, por
exemplo.
No caso do Português, há ocorrências de vários fenômenos lingüísticos,
os principais são: Rotacismo que é a troca de L por R ,este pode ser
explicado através da origem das palavras no latim que recebiam R, mas
com o passar do tempo essas palavras sofreram modificações, porém
alguns falantes não tiveram ciência disso e assim estão preservando os
traços do Português arcaico, Yeísmo que é a troca de LH por I, essas
mudanças ocorreram devido a ser mais cômodo pronunciar I do que LH,
Assimilação é a transformação de ND em N e de MB em M, isso se explica
porque essas consoantes são dentais e o som de uma está muito próximo
da outra, Redução: ocorre quando as vogais E e O são pronunciadas como I
e U, Contração das proparoxítonas em paroxítonas, que não é exclusivo do
Português não-padrão que tem um ritmo paroxítono, já que palavras
proparoxítonas em Latim passaram a serem paroxítonas também no
Português padrão, Desnalização de vogais postônicas que ocorre na norma
padrão e não-padrão, caracteriza-se por eliminar o som nasal das vogais
que estão depois da sílaba tônica, o que é uma tendência natural da língua,
Arcaísmo que surgiu devido ao Português arcaico ter sido ensinado no
Brasil, com isso seus traços ainda permanecem em regiões afastadas das
metrópoles brasileiras pela falta de contato com as mudanças que surgiram
na língua, Analogia que é a mudança lingüística causada pela interfe-rência
de uma forma já existente,por exemplo palavras que mudam de classe
gramatical por causa do som de uma vogal, e o caso do pronome oblíquo
mim como sujeito de infinitivos,com este ocorreu algo interessante pois
esse costume foi transmitido dos menos cultos para os mais cultos. Seu uso,
entre outras explicações justifica-se pelo pronome mim ser tônico e
procurar enfatizar a oração.
Com o surgimento desses fenômenos a língua tornou-se mais complexa e
quando é necessário aplicar as normas gramaticais novas regras são
geradas pelo Português não-padrão que é inovador, a referente à função da
partícula se como verdadeiro sujeito da oração é uma delas,dessa forma a
ordem sujeito-verbo-objeto é obedecida, embora essa norma não seja aceita
pela Gramática Tradicional (neste caso),seu uso é totalmente compreensível
pois reúne uma explicação sintática,uma semântica na qual o sentido da
oração é respeitado e outra pragmática que aborda o uso que o falante faz
da fala para obter determinado efeito.
Após a apresentação desses temas o livro questiona o ensino tradicional
de Língua Portuguesa e aponta como solução para reduzir o abismo entre o
Português padrão e o não-padrão que as escolas incorporem usos
lingüísticos novos utilizados pela literatura, aceitem o fim do mito da língua
única e admitam que a língua está em constante mudança. O ensino de
língua Portuguesa também precisa abordar temas como variantes
lingüísticas e fenômenos da língua, para informar o aluno sobre o uso
prático da língua, assim evitando preconceitos e nunca deixar de mencionar
seu valor social , para instruí-lo quando ele deve usar o Português padrão.
Evidentemente essas transformações não acontecerão rapidamente pois
há imposições para que o ensino não mude, por parte dos gramáticos que
não cansam de criar regras para conservar o Português padrão e em
conseqüência disso o distanciam do Português não- padrão.

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