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1. Apresentação:
Quase toda a América Latina hoje goza de democracias liberais como regimes políticos nacionais, pelo
menos nos grandes países, como Brasil, México, Argentina, Chile, Venezuela e outros. Apesar do
regime político livre, a situação econômica da região de uma forma geral não vai bem. Enquanto
países emergentes na Ásia não param de receber investimentos estrangeiros e crescer
economicamente, a situação da América Latina é de uma grande recessão desde a crise da dívida
externa no início da década de 80. Vejamos o porquê de tanta recessão econômica.
2. Período populista, 1930-1970:
. Queda das oligarquias: Logo após a crise de 1929, houve diversos golpes na América Latina. Isso
porque acabava o poderio supremo que as elites regionais primário-exportadoras tinham no cenário
político nacional. Novos regimes, muitas vezes autoritários, iriam surgir nos países latino-americanos.
. O populismo: O populismo, em sua face histórica, tem como características a existência de líderes
carismáticos, o autoritarismo, o apelo junto às massas populares, a “concessão” de direitos
trabalhistas aos trabalhadores – conseguidos na verdade com ampla pressão da classe trabalhadora –,
a manipulação dos trabalhadores com esses direitos e outros agrados e também um forte
nacionalismo. Esse modelo vai ficar explícito no Brasil, Argentina e México até os golpes militares nos
dois primeiros países.
. Industrialização e direitos trabalhistas: O período em que prevaleceu o populismo na América Latina é
diferente de país para país, mas dura até mais ou menos as décadas de 60 e 70. No Brasil, por
exemplo, o populismo foi interrompido em 1964 pelo golpe civil-militar. Esse período para os três
países em questão foi um período de grande desenvolvimento industrial e econômico-social em geral.
No Brasil, por exemplo, os trabalhadores conseguiram através da pressão diversos direitos
trabalhistas, esse avanço na aquisição de direitos no Brasil vai se interromper em 1964. Os três países
– Brasil, México e Argentina – conseguiram montar uma indústria de base no período e ainda
nacionalizaram várias indústrias de setores estratégicos da economia. Os três grandes da América
Latina vão ganhar autonomia econômica com a diversificação industrial adquirida neste período.
. Multinacionais: Se os países ganham um parque industrial completo nesse período, recebem também
as multinacionais. O período a partir de 1945 é caracterizado pela instalação de fábricas pelas
multinacionais em vários países, inclusive nos subdesenvolvidos. É o caso da Volkswagen que chega
ao Brasil durante o governo Juscelino Kubischek. Se essas multinacionais ajudam na diversificação
econômica desses países, elas vão enviar remessas de lucros às suas matrizes e vão ser contra as
reformas sociais profundas defendidas nesses países, ajudando a instauração de ditaduras na região.
. Guerra Fria: A partir de 1945 também tem início a Guerra Fria. E a partir de 1961 com a adoção do
socialismo por Cuba e a aliança desse país à União Soviética, a América Latina será centro de combate.
O
governo cubano e revolucionários como Che Guevara tentam revoluções socialistas em outras regiões
da América Latina e os EUA temem essa difusão do comunismo na região. Temendo por governos
populistas de esquerda e socialistas, os EUA vão incentivar golpes militares na América Latina nas
décadas de 60 e 70.
. Golpes militares: Os golpes militares no Brasil, Argentina, Chile e outros são dados por membros da
elite industrial e financeira nacional, ligados ao capital multinacional e com o apoio do governo norte-
americano.
Em todos os casos, há um plano do que fazer com esses países após o golpe. No Brasil, por exemplo,
um grupo de industriais e economistas bolam juntos os planos econômicos que serão impostos a partir
de 1964. No Chile, depois do golpe de 1973, são impostas reformas neoliberais naquele país.
3. Ditaduras e período democrático (década de 80 até hoje):
. As ditaduras e a dívida externa: As ditaduras foram planejadas pelas elites de cada país, portanto
visavam melhorar as condições econômicas dessas elites e não do povo em geral. Para isso, os
governos e empresas privadas latino-americanas pegaram diversos empréstimos no mercado
internacional e com a crise do petróleo de 1973, os juros desses empréstimos aumentam
extraordinariamente. Esse é o momento em que a dívida externa desses países vai dar um grande
salto. A repressão também é violentíssima em todos países.
. Crise econômica: Com a imensa dívida externa e interna, esses países limitam as contas
governamentais para pagar as dívidas. A dívida causou hiperinflação, recessão e menor investimento
nas áreas sociais. Alguns países ainda tentaram resolver o problema dolarizando a economia,
tornando-a mais dependente ainda.
EXERCÍCIOS
1- O neoliberalismo dos tempos atuais é tanto uma política econômica voltada para a consolidação do
“Estado mínimo”, quanto um programa ideológico que prega a adesão de todos a seus princípios.
Estes dois aspectos do neoliberalismo convergem para:
a) a mundialização do padrão fordista de produção industrial;
b) a reemergência do Estado do Bem-Estar Social, em escala planetária;
c) o surgimento do fenômeno da globalização;
d) as metamorfoses do trabalho, mediante sua precarização, flexibilização e descentralização;
e) a hegemonia britânica inaugurada pelo governo Thatcher.
3- Todos os finais de século apresentam situações paradoxais. O final do século XX não foge à regra.
Assinale a opção que indica um aspecto observado no limiar do século XXI.
a) O progresso vertiginoso da tecnologia em informática contrapõe-se à abundância de empregos no
setor industrial.
b) Verifica-se uma profunda contradição entre a secularização das camadas populares do Irã e o
sincretismo religioso pregado pela elite política.
c) Ao mesmo tempo em que se anunciam novas descobertas para a cura definitiva do câncer, assiste-
se à multiplicação dos radicalismos veiculados por seitas milenaristas.
d) O declínio dos movimentos nacionalistas europeus caminha de mãos dadas com o fenômeno da
globalização.
e) A defesa de uma política de desenvolvimento sustentável contrapõe-se aos movimentos ecológicos.