O documento descreve a metodologia de inovação na gestão pública do estado de Minas Gerais, criada para implementar um sistema de inovação com métodos de gestão da inovação e estímulo a um ciclo governamental de inovação. A metodologia desafia-se a fomentar ideias inovadoras, estruturá-las em pré-projetos, validá-los, transformá-los em propostas de projetos priorizados e direcionados para habitats de inovação.
O documento descreve a metodologia de inovação na gestão pública do estado de Minas Gerais, criada para implementar um sistema de inovação com métodos de gestão da inovação e estímulo a um ciclo governamental de inovação. A metodologia desafia-se a fomentar ideias inovadoras, estruturá-las em pré-projetos, validá-los, transformá-los em propostas de projetos priorizados e direcionados para habitats de inovação.
O documento descreve a metodologia de inovação na gestão pública do estado de Minas Gerais, criada para implementar um sistema de inovação com métodos de gestão da inovação e estímulo a um ciclo governamental de inovação. A metodologia desafia-se a fomentar ideias inovadoras, estruturá-las em pré-projetos, validá-los, transformá-los em propostas de projetos priorizados e direcionados para habitats de inovação.
METODOLOGIA DE INOVAO NA GESTO PBLICA DO ESTADO DE MINAS GERAIS
Afonso Celso Corra de Arajo Valle
Painel 49/180 Projeto de inovao na gesto pblica do estado de Minas Gerais
METODOLOGIA DE INOVAO NA GESTO PBLICA DO ESTADO DE MINAS GERAIS
Afonso Celso Corra de Arajo Valle
RESUMO
Foi criada pelo Ncleo Central de Inovao e Modernizao Institucional NCIM, a Metodologia de Inovao na Gesto Pblica do Estado de Minas Gerais, que tem como objetivo a implementao de um sistema de inovao na gesto pblica do Estado, com vistas introduo de mtodos de gesto da inovao, otimizao de canais j existentes na organizao e ao estmulo a um ciclo de inovao governamental que potencialize resultados, alinhados estratgia do Governo de Minas, expressa no Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado (PMDI). A Metodologia de Inovao na Gesto Pblica do Estado de Minas desafia-se, por meio de algumas fases, a: (i) fomentar e concentrar ideias inovadoras ou replicveis na organizao; (ii) estruturar essas ideias na forma de pr-projetos; (iii) validar a consistncia dos pr-projetos; (iv) transformar os pr-projetos em propostas de projetos que, luz dos critrios de inovao, so (v) priorizados e (vi) direcionados, na forma de projetos, para habitats de inovao que deem o devido suporte, desenvolvimento e respostas s demandas da sociedade.
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1 INTRODUO 1.1 Evoluo da administrao pblica brasileira A etimologia da palavra burocracia tem origem no idioma francs. O termo creditado ao economista francs Claude Marie Vicent, que no sculo XVII, criou a palavra burocracia (bureaucratie) a partir do francs bureau (escritrio) e do grego kratia (poder). Porm, foi somente no fim do sculo XIX que, de fato, o termo passou a ser abordado a partir de um vis mais gerencial, impulsionado por Talcott Parsons, que recorreu s obras do socilogo e economista alemo Max Weber (1864-1920) para desenvolver a nova teoria da organizao (CHIAVENATO, 1987). A Teoria da Burocracia na Administrao, cujo mentor Max Weber, surgiu nos anos 1940, aps crticas Teoria Clssica, pelo excesso de mecanicismo, e Teoria das Relaes Humanas, tida como romntica e ingnua. O socilogo alemo definiu a burocracia como sendo um sistema de administrao que enaltece a hierarquia, a disciplina rigorosa e a autoridade. Alm disso, defende o cumprimento de objetivos organizacionais e subjuga os funcionrios a uma categoria inferior e de desqualificao. No mbito da Teoria da Burocracia, a organizao ideal aquela com objetivos racionais e com regulamentao das atividades formalmente produzidas. (MOTTA; VASCONCELOS, 2005, p. 11). Max Weber (1946, 1947) discute os paralelos entre mecanizao e organizao. Ao se tentar compreender o seu trabalho, importante perceber que Weber no estava interessado em estudar as organizaes formais enquanto fins em si mesmas. Ao contrrio, estava preocupado em compreender o processo este que assume diferentes formas em diferentes contextos e em diferentes pocas, fazendo parte de um contexto social mais amplo. Assim, a forma burocrtica de organizao foi vista como uma manifestao de um processo mais geral de racionalizao dentro da sociedade como um todo, enfatizando a importncia das relaes meios- fins. (MORGAN, 1996: 354-355). Max Weber foi o primeiro a analisar e sistematizar os princpios administrativos. Desse modo, o modelo burocrtico nasceu como uma proposta de estrutura administrativa para organizaes complexas (FERREIRA, REIS e PEREIRA, 1997) e com caractersticas atribudas, segundo CHIAVENATO (1987), definio hierrquica, diviso sistemtica do trabalho, alm da concepo de normas reguladoras. 3
Embora o pressuposto weberiano tenha sido a mxima eficincia, o que ficou claro ao longo da histria foi a disfuncionalidade pela qual passou o termo burocracia, chegando a ser vinculado, a partir de uma conotao pejorativa, ineficincia organizacional. Nos setores governamentais, a aplicao distorcida do termo parece ter ainda mais destaque. Muitas vezes, de fato, a eficincia no setor pblico fica drasticamente comprometida pela necessidade do cumprimento de alguns rituais burocrticos. Para SILVA (2002), as transformaes no cenrio mundial, ampliao das responsabilidades econmicas e sociais do Estado, globalizao da economia e desenvolvimento tecnolgico revelaram a necessidade inevitvel de repensar o atual modelo de gesto vigente. De acordo com Malaguti, Carneiro e Grego (2009), no final da dcada de 90, o mundo vivenciou uma reformulao do papel do Estado. Ao invs do Estado Mnimo, preconizado at ento, passou-se a dialogar sobre o Estado Eficiente como impulsionador do desenvolvimento. Emergiu ento um novo paradigma de ao governamental centrado, segundo Melo Neto (1995), em resultados que traduzem as principais demandas de servios pblicos por parte da populao; modelos e prticas de gesto pblicas capazes de dotar o Estado de flexibilidade; inovao e rapidez em suas aes e propsitos. Ainda de acordo com o autor, essa a essncia do que se intitula como Estado Empreendedor. Nesse contexto, 1995 marcou o momento em que o Governo Federal despontou-se como pioneiro na implementao de uma reforma gerencial no pas. Os marcos institucionais foram a criao do Ministrio da Administrao e da Reforma do Estado (MARE) e a publicao do Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE), instrumento que definiu objetivos e diretrizes para a reforma da administrao pblica brasileira, no sentido de consolidar a estabilizao e assegurar o crescimento sustentado da economia. Em outras palavras, o que estava sendo proposto era a implantao de um modelo de Administrao Pblica Gerencial (DIAS, 2009). 4
Felizmente, este processo no se limitou esfera pblica federal. Em 2003, por exemplo, houve em Minas Gerais a implantao de um modelo de gesto intitulado Choque de Gesto, sinteticamente definido como conjunto integrado de polticas de gesto pblicas orientadas para o desenvolvimento (Vilhena, 2003). Foi marcado pela reformulao da administrao pblica, focada em torno do equilbrio fiscal entre receitas e despesas, reviso e simplificao de processos administrativos, parceria com o setor privado e avaliao do desempenho institucional. Segundo Grego (2009), a nfase passou a ser a eficincia da administrao pblica, na reduo dos custos e no aumento da qualidade da prestao dos servios pblicos. Desde ento, a reforma estatal se tornou um dos principais objetos do planejamento governamental do Estado de Minas Gerais. 1.2 Modelo de gesto do estado de Minas Gerais Em Minas, de um ambiente de estabilidade monetria e crescimento econmico, inspirada em prticas da administrao privada, emergiu em 2003, a poltica do Choque de Gesto as diretrizes estavam postas para combinar equilbrio fiscal com gesto eficiente, marcada pela reformulao de cargos e salrios, pela melhoria da qualidade das polticas pblicas e pelo compromisso com resultados. Dentre outras decises de governo, criou-se a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econmico (SEDE), e tambm a Secretaria de Estado de Planejamento e Gesto (SEPLAG). Alm disso, foram concebidos, a partir de 2003, um conjunto de Projetos Estruturadores para atuao direta do governo. O termo Projeto Estruturador era utilizado para traduzir as aes que eram foco de atuao do governo; desde o incio do ano de 2012, so Programas Estruturadores. Foram concebidos 31 Projetos Estruturadores para serem trabalhados no perodo de 2004 a 2007, e 57 para a segunda fase de governo (2007 a 2010), no perodo que foi denominado Estado para Resultados (segunda gerao do Choque de Gesto), que combinaram equilbrio fiscal com gesto eficiente, melhorando a qualidade das polticas pblicas do Estado. 5
A mudana fundamental se deu, de fato, com a busca intensa por resultados finalsticos para a sociedade, aliada ao monitoramento e avaliao eficazes dos projetos de governo, alm de incentivos s equipes por meio do Acordo de Resultados, instrumento de pactuao de resultados que estabelece, atravs de indicadores e metas, quais os compromissos devem ser entregues pelos rgos e entidades do Poder Executivo Estadual. Depois de superar barreiras ideolgicas e adotar estratgias consistentes de planejamento e gesto, o Governo de Minas evoluiu para a terceira gerao do Choque de Gesto, intitulada Gesto para a Cidadania (2011 a 2014), que se apoia, sobretudo, na gesto participativa, que d voz s demandas da populao, e a gesto regionalizada, a qual prioriza o alinhamento entre a estratgia governamental e as necessidades e particularidades regionais. Figura 1 Evoluo da Gesto no governo de Minas Gerais.
Fonte: SEPLAG (2011) Dos temas equilbrio fiscal, qualidade dos gastos pblicos e foco em resultados, sob os holofotes desde 2003, tornou-se evidente uma nova unanimidade parece no haver dvidas de que necessrio dar condies ao cidado para que ele ocupe um espao de protagonismo, indo alm do papel de destinatrio das polticas pblicas do Estado. Para a gesto de 2011 a 2014, o governo instituiu redes transversais e intersetoriais, estimulando a inovao em gesto pblica e a participao da sociedade civil organizada na formulao e aplicao dessas polticas. 6
1.3 Contextualizao da inovao na gesto pblica H pelo menos trs dcadas, poca em que Margareth Thatcher imprimiu uma profunda mudana na aparelhagem do Estado ingls, inspirando pases de grande representatividade no mundo, o tema Inovao da Gesto Pblica nunca esteve sob tantos holofotes. Se na poca de Thatcher, o tema parecia ter sido incorporado apenas em pases desenvolvidos, na ltima dcada, passado o choque inicial da globalizao, pases em ascenso, caso do Brasil e de alguns outros na Amrica Latina, tm sido alvo de constantes reformas, visando ao aumento da eficincia e da eficcia na prestao de servios pblicos. No que se refere modernizao e inovao, a mudana da gesto pblica parece ter lugar de destaque, uma vez que sua execuo tem impacto direto no bem-estar dos cidados, alm dos custos da prpria ao pblica. Diante disso e, no caso do governo brasileiro, sobretudo depois da redemocratizao do pas, da necessidade de assumir novas responsabilidades e amadurecer processos de formulao, implementao, monitoramento e avaliao das polticas pblicas, a inovao na gesto no s se justifica como primordial. luz da gesto pblica de pases considerados extremamente inovadores como o caso da Inglaterra, Austrlia, Nova Zelndia e Canad, registra-se o fato de que estes pases tornaram estratgico o tema gerenciamento, inspirados pelos resultados e inovao no contexto do sistema econmico. Reconheceram tambm que a gesto pblica abrange no s mudar estruturas e sistemas, mas, principalmente, mudar as prticas. Redefiniram a articulao entre Estado e sociedade. E, no menos importante, estimularam a gerao de ideias inovadoras e a implementao de programas e projetos de forma criativa, responsvel e comprometida , respaldada pela estratgia governamental, com vistas construo e fortalecimento de uma cultura de inovao. Inovar, advindo do latim innovo e innovare, significa tornar novo, renovar ou introduzir novidades de qualquer espcie, ou ainda, modernizar. Da mesma maneira, 7
inovao origina-se da palavra innovatione, que quer dizer renovado ou tornado novo (BARBIERI et al., 2004; MACHADO, 2004; VICENTI, 2006). Desse modo, denomina- se inovao um produto ou servio novo, surpreendente, que atenda s expectativas, necessidades e desejos do consumidor (DAMANPOUR, 1996). O autor Hussey (1997) a apresenta como uma ideia criativa aplicada ao ambiente de trabalho, isto , transformada em uma ao. Segundo Schumpeter (1988), as inovaes dos meios de produo impulsionaram e mantiveram o capitalismo. Barbieri et al. (2004) e Gundling (1999) afirmam que inovao consiste na implementao de algo que gere lucros. Logo, compreende-se que o potencial para gerar ganhos econmicos o que estabelece uma inveno em inovao. Berry e Shankar (2006) relacionam a inovao de servios s melhorias de desempenho percebidas como benefcios, e que influenciam o comportamento dos clientes e concorrentes. Recentemente para o tema inovao, um grande marco ocorreu com a publicao da terceira edio do Manual de Oslo, em 2005, editado pela Organizao para a Cooperao e o Desenvolvimento Econmico (OCDE), responsvel pelas definies mundialmente adotadas sobre inovao. Nesta edio especificamente houve uma importante modificao: expandiu-se o conceito de inovao, incluindo o setor de servios e retirando a palavra tecnolgica da definio de inovao. Em outras palavras, possvel se fazer inovao em produtos, em processos, em servios, em marketing e em sistemas organizacionais. No mbito dos sistemas organizacionais e de acordo com Farah (2005), inovar na rea pblica significava descentralizao e estmulo participao como forma de democratizar as decises e o acesso a servios pblicos. Nos anos de 1990, com as reformas no setor pblico, a inovao na administrao pblica passou a incluir tambm a perspectiva da eficincia. Segundo contribuio de Polignano (2011), para o prprio setor pblico, uma importante contribuio do governo incentivar rgos e organizaes pblicas a absorverem da iniciativa privada a cultura por resultado, em que o principal indicador pblico a satisfao do usurio do servio. Sendo importantes, tanto a satisfao explcita (sentimento manifestado e verbalizado pelo usurio), quanto a satisfao tcita (quantificada pela evoluo de mtricas sociais). 8
Ao contrrio do setor privado, o conceito de inovao, no ambiente governamental, est atrelado programas e polticas de governo e aos processos utilizados para sua elaborao, desenvolvimento e implementao. No novo modelo gerencial, o conceito e o movimento para a inovao tm como pontos centrais a busca de agilidade, reduo de custos e eficincia nos procedimentos, permitindo maior participao nas decises, o controle por parte da sociedade e a responsabilizao dos agentes pblicos. (Farah, 2005) Ainda referindo-se a Farah (2005), assistimos hoje a uma mudana de padres centralizados e monopolizados de agncias estatais para arranjos mais flexveis nos quais vrios participantes so envolvidos por meio de parcerias e alianas na proviso de servios pblicos. 1.4 Inovao na gesto pblica do estado de Minas Gerais Neste contexto, uma das grandes superaes do governo de Minas nos prximos anos ser incitar a capacidade criativa de seus servidores e da sociedade, em geral, por meio de uma gesto inovadora, estimulada pela contnua criao de conhecimento. Aliado a isso, promover a cultura de inovao, por meio do fomento gerao e implementao de iniciativas, processos, produtos ou servios inovadores, resultando no aperfeioamento da gesto governamental e na qualificao da prestao de servios pblicos sociedade. O vigor com o qual j se discute o tema inovao na gesto pblica no Brasil atesta que h espao para, cada vez mais, mudanas de postura e posicionamento ideolgico. Do ponto de vista do desenvolvimento sustentvel com gerao de valor pblico, o maior desafio agora integrar sociedade e Estado, por meio da implantao e desenvolvimento da inovao na gesto pblica. Nesse sentido e de forma pioneira, o Governo de Minas deu um grande passo ao estabelecer uma nova poltica pblica, com vistas cultura de inovao. A verso do Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado (PMDI 2011- 2030), que incorpora o conceito de inovao na gesto pblica, tem como foco o conceito de Estado em Rede, fundamentado na integrao de rgos e entidades da Administrao Pblica em sistemas setoriais reunidos nas seguintes reas bsicas de atuao: Governana Institucional, Planejamento, Gesto e Finanas, 9
Direitos Sociais e Cidadania e Desenvolvimento Sustentvel. Em consonncia com a Gesto para a Cidadania, o PMDI 2011-2030 pretende destacar a participao da sociedade, transformando suas escolhas em resultados realmente efetivos. Para atingir os objetivos definidos pelo PMDI, foram estabelecidas onze Redes de Desenvolvimento Integrado, destinadas a ampliar a cooperao entre agentes e organizaes pblicos e privados em torno dos objetivos propostos. Concomitante criao das Redes, foi estabelecida a Carteira de Programas Estruturadores do Governo do Estado de Minas Gerais, que contm trinta e um programas organizados por afinidade temtica, distribudos pelas onze Redes e que se desdobram em Projetos e Processos Estratgicos. Nesta configurao, destaca-se a Rede de Governo Integrado, Eficiente e Eficaz, que abrange quatro Programas Estruturadores: Mobilizao para o Desenvolvimento Mineiro, Descomplicar Minas Inova, Governo Eficiente, e Cidade Administrativa. No mbito do Programa Estruturador Descomplicar Minas Inova, est presente o Projeto Estratgico Inovao na Gesto Pblica, fundamentado pela Poltica de Inovao na Gesto Pblica do Estado de Minas Gerais, na qual est contida a Metodologia de Inovao na Gesto Pblica do Estado de Minas Gerais. Para esta construo e conduo, instituiu-se no incio de 2011 o Ncleo Central de Inovao e Modernizao Institucional (NCIM), ligado a Subsecretaria de Gesto da Estratgia Governamental (SUGES), e Secretaria de Estado de Planejamento e Gesto. Entendida teoricamente como uma explicao minuciosa e exata de toda ao desenvolvida no mtodo (caminho) do trabalho, a Metodologia na Gesto Pblica do Estado de Minas Gerais, criada sob a tica das diretrizes da SUGES, tem a funo de viabilizar a Poltica de Inovao na Gesto Pblica do Estado de Minas Gerais. A finalidade da metodologia fundamentalmente incitar a criao de um ciclo construtivo de inovao na Administrao Pblica do Poder Executivo Estadual. A proposta do Governo de Minas foi apresentar uma metodologia compreensvel, no somente apta a promover o reconhecimento de ideias inovadoras, mas que tambm, se utilizada de forma sistemtica, possa desencadear um processo cclico, contnuo e responsvel. 10
No menos importante e pioneira foi a criao das Assessorias de Gesto Estratgica e Inovao (AGEI), regulamentadas, no incio de 2011, nas 22 Secretarias de Governo do Estado de MG. A medida atendeu a uma determinao do Governador do Estado para que os rgos estaduais estruturassem-se para a gesto estratgica de resultados, alm de apoiar iniciativas de inovao, aes que inclusive preveem maior interao com o cidado e com o prprio Poder Pblico. 1.5 Metodologia na gesto pblica do estado de Minas Gerais O Projeto de Inovao na Gesto Pblica do Estado de Minas Gerais contempla desde os conceitos e diretrizes da inovao governamental, passando pelo processo de seleo e destinao de projetos inovadores, por meio de um roteador da inovao, at a implementao dos mesmos nos respectivos habitats inovativos. No contexto governamental, a inovao constitui ferramenta importante para maximizar o desempenho organizacional do Estado e mant-lo atualizado com prticas criativas de gesto, otimizando recursos para beneficiar a sociedade. Assim, a definio de uma metodologia clara e abrangente que descreva os parmetros de inovao e modelo de trabalho com os seus diversos atores possibilita a implantao da inovao governamental. Tal instrumento visa (i) fomentar e concentrar ideias inovadoras ou replicveis na organizao, (ii) estruturar essas ideias na forma de pr-projetos; (iii) validar a consistncia dos pr-projetos; (iv) transformar os pr-projetos em propostas de projetos que, luz dos critrios de inovao, so (v) priorizados e (vi) direcionados, na forma de projetos, para habitats de inovao que deem o devido suporte, desenvolvimento e resposta sociedade. A Figura 2 ilustra as possibilidades e graus de inovao:
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Figura 2 Eixos de Inovao no Governo do Estado de Minas Gerais
Fonte: Polignano, 2011 O eixo vertical rea Foco diz respeito s variveis que podem ser alteradas e combinadas para gerar a inovao. Assim, a inovao pode enfatizar os modelos de negcios apresentados no Quadro 1: Quadro 1 reas foco da Inovao no Governo de Minas Modelo de Negcios Mudana na forma de remunerar a prestao do servio pblico. Segmento Social e de Mercado Foco no destinatrio dos servios prestados. Produto ou Servio Criao ou melhoria na qualidade de servios referentes rea finalstica do rgo ou entidade. Processo Fim Alteraes com o objetivo de gerar ganhos relativos produtividade, reduo de custos e incremento na qualidade da prestao do servio sociedade. Processo de Apoio Alteraes em processos administrativos, recursos humanos e financeiros que resultem em ganhos organizacionais. Gesto e Estrutura Mudanas nas relaes hierrquicas, na legislao, nos sistemas de comunicao, dentre outros. Fonte: adaptado de Polignano, 2011 A inovao admite graus diversos de intensidade, ou seja, abrange desde adaptaes inspiradas em outras organizaes at adoo de prticas, mtodos e processos totalmente novos, conforme explicitado no eixo horizontal Intensidade da Novidade. Dessa forma, a inovao pode ser uma melhoria ou novidade para a organizao, obtida por meio de benchmark ou uma prtica completamente inovadora para a sociedade. 12
A Metodologia na Gesto Pblica do Estado de Minas Gerais sugere para o caso do governo de Minas Gerais iniciar o processo atuando em trs reas-focos: modelo de negcios, servios e produtos e processo fim. Essa escolha varia de acordo com a estratgia governamental e as propostas de projetos que estejam em uma dessas trs reas sero destinadas aos habitats de inovao, por meio do roteador da inovao. O principal objetivo do roteador da inovao selecionar a rota mais apropriada para encaminhar os projetos recebidos, ou seja, escolher o melhor caminho disponvel para um determinado destino (habitats de inovao). So considerados habitats de inovao: Projetos e Processos Estratgicos, Incubadora de Projetos Inovadores e Projetos Associados. A figura 3 apresenta o roteador, bem como os habitats e parceiros de forma ilustrativa. Figura 3 Rotas, habitats e parceiros da inovao em Minas Gerais
Fonte: Elaborado pelo Ncleo Central de Inovao e Modernizao Institucional (NCIM) 2011 O habitat Incubadora foi criado para dar estrutura adequada s propostas de projetos inovadores que necessitam de estudos detalhados e/ou testes antes de seu desenvolvimento. Os demais habitats possuem sua prpria metodologia de desenvolvimento e acompanhamento de projetos, realizados pelas Assessoria de Gesto Estratgica e Inovao (AGEI) de cada Secretaria e equipe Ncleo Central de Gesto Estratgica de Projetos e Desempenho Institucional (GERAES) da SUGES SEPLAG. 13
A Incubadora de Projetos Inovadores o habitat onde propostas de projetos inovadores encontram estrutura adequada para realizao de estudos detalhados visando principalmente (i) avaliar a viabilidade tcnica e oramentria de propostas de Projeto Incubvel e (ii) minimizar os riscos de implementao e maximizar os resultados dos projetos viveis. Projeto Incubvel uma proposta de projeto inovador com (i) alta transversalidade, (ii) custo elevado de implantao e (iii) novas competncias. A Incubadora de Projetos contempla em seu processo as fases de seleo, pr-incubao, incubao e ps-incubao. 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo do trabalho O objetivo do presente trabalho apresentar a Metodologia de Inovao na Gesto Pblica do Estado de Minas Gerais, concebida com a finalidade de operacionalizar a Inovao na Gesto Pblica do Estado de Minas Gerais. 2.2 Objetivos da metodologia de inovao na gesto pblica do estado de Minas Gerais Fomentar e concentrar ideias inovadoras ou replicveis na organizao; Estruturar essas ideias na forma de pr-projetos; Validar a consistncia dos pr-projetos; Transformar os pr-projetos em propostas de projetos que, luz dos critrios de inovao, so priorizados e direcionados, na forma de projetos, para habitats de inovao que deem o devido suporte, desenvolvimento e resposta sociedade. Tal metodologia pode ser ilustrada conforme figura 4, abaixo.
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Figura 4 Fonte: Elaborado pelos autores 3 METODOLOGIA 3.1 Aspectos metodolgicos do trabalho Este tpico tem como objetivo descrever a metodologia adotada neste artigo, especificando o tipo de pesquisa e a tcnica utilizada para a coleta de informaes. Consoante a Minayo (1993), no que diz respeito pesquisa, considerada como atividade bsica das cincias na sua indagao e descoberta da realidade. uma atitude e uma prtica terica de constante busca que define um processo intrinsecamente inacabado e permanente. Para Bruyne (1991), a metodologia a lgica dos procedimentos cientficos em sua gnese e em seu desenvolvimento, no se reduz, portanto, a uma metodologia ou tecnologia da medida dos fatos cientficos. No tocante aos fins, o presente artigo caracterizou-se por possuir um carter fundamentalmente descritivo, com abordagem qualitativa. Os estudos descritivos objetivam apresentar situaes a partir de dados, confirmando-se como uma completa coleta de informaes sobre o tema. 15
Ademais, o trabalho em questo pode ser caracterizado tambm como sendo exploratrio, visto que tais estudos so desenvolvidos com o objetivo de proporcionar viso geral, de tipo aproximativo, sobre determinado fato, podendo constituir a primeira etapa de uma pesquisa mais ampla (Gil, 1991). Ainda sobre isso: A investigao exploratria aquela realizada em rea na qual h pouco conhecimento acumulado e sistematizado. Vergara (2004, p. 47) ressalta que, por sua natureza de sondagem, no comporta hipteses, que, todavia, podero surgir durante ou ao final da pesquisa. De acordo com Figueiredo (2004, p. 103), proporcionam maior familiaridade com o problema, ou seja, tm o intuito de torn- los mais explcito. Nesse contexto, buscou-se aprofundar no tema sobre o qual discorre este artigo, por meio de uma reviso na literatura, ainda que inexistente de forma vasta, sobre inovao no setor governamental. Alm disso, justifica-se pelo desconhecimento de qualquer estudo no pas que aborde aspectos vinculados elaborao, desenvolvimento e implementao de uma poltica de inovao no mbito da gesto pblica, conferindo ineditismo ao mesmo. Quanto aos meios, este trabalho utilizou como fonte de coleta de dados os seguintes instrumentos: pesquisa bibliogrfica e pesquisa documental. Em uma definio de Vergara (2004), os materiais publicados em livros, jornais, revistas e meio eletrnicos so maneiras de se desenvolver uma pesquisa bibliogrfica. Sobre a pesquisa documental, Vergara (2004, p.48) reitera que a mesma realizada em documentos conservados no interior de rgos pblicos e privados de qualquer natureza, ou com pessoas, registros, anais, regulamentos, circulares, ofcios, memorando, balancetes, comunicaes informais [...]. 4 CONCLUSES Progredir em uma realidade de Estado que gaste menos com a mquina pblica e, cada vez mais, com os cidados, desenvolver-se em conformidade com a qualidade fiscal, focado em uma gesto eficiente, e prestar servios de qualidade exigem mudanas estruturais nas estratgias e nos instrumentos de ao e mensurao. Para o Governo de Minas, a inovao uma das bases para essa realidade que se almeja e o momento de torn-la prtica. 16
Alm de gerar resultados legtimos e eficientes, que efetivamente atendam s demandas do cidado, a Inovao na Gesto Pblica do Estado de Minas Gerais tem outra grande misso: contribuir para uma atuao mais proativa e criativa de seus atores no processo de inovao. A implementao de um sistema de inovao na gesto pblica desafiadora em funo da novidade do tema e da necessidade de mudana cultural para o alcance dos resultados. Alm disso, a participao efetiva da sociedade nesse movimento s acontecer a partir da comprovao da eficincia da metodologia proposta e do comprometimento dos atores na execuo e melhoria contnua desse ciclo. A metodologia proposta busca otimizar os canais existentes na organizao, introduzir mtodos de gesto da inovao e incitar a criao de um ciclo de inovao governamental que potencialize resultados alinhados estratgia. Os resultados esperados incluem desde a correta implementao da Poltica de Inovao, passando pelo desenvolvimento de projetos inovadores que promovam a reduo de custos e melhoria da qualidade dos servios prestados sociedade, alm da formao de uma cultura inovadora tornando Minas Gerais referncia como o estado mais inovador em gesto pblica na federao brasileira. Um modelo completo de inovao, entretanto, no se limita apenas aos passos apresentados. necessrio desenvolver aes que transformem fatores estruturais da inovao, em especial a cultura organizacional. Nesse sentido, fica como desafio o posicionamento do estado como agente completo de inovao. Assim, ser possvel estabelecer mtricas de inovao que o posicionem frente ao seu potencial de inovao e frente s demais iniciativas.
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___________________________________________________________________ AUTORIA Afonso Celso Corra de Arajo Valle Ncleo Central de Inovao e Modernizao Institucional NCIM, Subsecretaria de Gesto da Estratgia Governamental SUGES, Secretaria de Estado de Planejamento e Gesto SEPLAG. Endereo eletrnico: afonso.valle@planejamento.mg.gov.br