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a construção do
conhecimento pela e
para as classes
populares.
Componentes do Grupo:
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BRANDÃO, Carlos Rodrigues. A Educação como cultura. Mercado das Letras, Campinas, São Paulo, 2002.
Podemos conceber a pesquisa participante como uma realização surgida através da união
de pesquisadores militantes com indivíduos e comunidades oriundos das camadas que ocupam a
base da pirâmide social. Um elemento inovador e até certo ponto revolucionário da pesquisa
participante, é que a construção do conhecimento voltado para a solução de questões relativas a
esses grupos sociais, conta com a participação direta desses mesmos indivíduos que integram esses
grupos. Desta forma, ao invés da tradicional dicotomia - pesquisador / pesquisado, temos agora a
interação dialética entre esses entes na construção inovadora do conhecimento, direcionado a uma
práxis social imediata, a saber, a transformação positiva da realidade desses grupos; a apropriação
do conhecimento com fins culturais, de conscientização e organização política e o uso do
conhecimento construído para a resoluções de questões do próprio cotidiano e visando a
emancipação cidadã.
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O horizonte de desdobramentos e conseqüências positivas advindos da construção de um
conhecimento popular, cientificamente legitimado, inclui ainda a possibilidade de uma “educação
popular” que leve em conta não apenas o que de melhor existe no saber enciclopédico/burguês, o
qual orienta decisivamente a formação dos currículos escolares, mas também o riquíssimo saber
oriundo de populações indígenas, afro-brasileiras, mestiças, operárias e campesinas. Saberes que
estão presentes na vida dos filhos desta nação muito, muito antes da criação de instituições
acadêmicas de ensino, mas que, entretanto, foram relegados a um plano inferior e de menor
prestígio social, estereotipados como “crendices” ou denominados de outros termos pejorativos,
sendo assim estigmatizados e rebaixados. Assim, a pesquisa participante transformada em
educação e em ação popular exerce uma ação redentora, dando àqueles que antes foram dominados
e marginalizados, por terem sido afastados dos meios de acesso ao conhecimento tradicional
ministrado nas escolas, a possibilidade de (re)criação do seu próprio saber popular, fazendo uso
deste para sua emancipação cidadã e para sua organização cultural e política, abrindo possibilidades
de acesso ao poder que, por seu turno, é conseqüência indissociável do saber legitimado e
institucionalizado.