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2 jan./jul. 2010
com as imagens que nele circulam. Neste universo em que computar igual
a compor, as falas / imagens que nele nascem no brotam de deuses, mas so
construtos, objetos de homens que, muitas vezes, pelas condies histricas e
culturais em que nos encontramos todos, se travestem de deuses.
Se cabe ao homem usar a mquina para compor e criar dilogos, funo
dos crticos de imagens tcnicas, na atualidade, fazer desvanecer as nvoas que
podem nos impedir de apreender a complexidade deste universo, desocultando
os programas por detrs das imagens, como sugere o autor. Pois exatamente
este o gesto de Flusser ao construir o seu modelo fazendo uso da condio
utpica de que a imagem seja o concreto. Se na sua superfcie instala-se a iluso
da concretude, ali que cabe a criatividade concreta, o que vem justifcar,
como ele prprio afrma, o elogio da superfcialidade.
Ao juntar pontos para, na superfcie, produzir imagens, o que est em jogo
um exerccio de liberdade conceito caro para o autor que no advm do ato
de se opor a esta ou aquela determinao, mas da capacidade de desprezar
todas as condies e de elaborar universo no determinado. O substancial
a construo de dilogos e na superfcie que podemos nos fazer livres para
agir. A tarefa no simples, antes de tudo, por se tratar, nas palavras de Flusser,
da liberdade de impor signifcado vida. E tambm rdua, j que exercer
esta liberdade signifca ir contra os tediosos, estes que, atualmente, parecem
ter razo.
Resenha recebida em 15 de julho e aprovada em 24 de agosto de 2009.
Com as mquinas, rumo ao dilogo