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Meu corpo, portanto, está do lado do sujeito que sou, mas ao mesmo tempo, enreda-me
no mundo das coisas. Meu corpo abre-me para o mundo, ou ainda melhor, abre-me em
direção ao mundo, e constitui meu ponto de vista dele. Mantém o espetáculo
prmanentemente vivo, animando-o e nutrindo-o. Ao desintegrar-se meu corpo, também
meu mundo cai em pedaço,e o inteiro desfazer-se de meu corpo significa um
rompimento com o mundo e igualmente a morte, o fim de meu ser como ser-consciente-
no-mundo(...) Refletindo sobre o corpo humano, pois, encontramos o sujeito, que está
mergulhado no corpo e por ele está envolvido no mundo. Achamos o mundo que, como
um todo significativo, se prende ao corpo, o qual, enquanto humano, indica o sujeito.
Eis o humano como existência" W. Luijpen, introdução a fenomenologia existencial.
"Há pois, um outro sujeito por baixo de mim, para quem um mundo existe antes que eu
seja aí e que nele marcava meu lugar. Esse espírito cativo ou natural é meu corpo, não
o corpo momentâneo que é instrumento das minhas escolhas pessoais, fixando-se sobre
est e ou aquele mundo, mas os sistemas de funções anônimas que envolvem toda
fixação particular num projeto geral."
(idem)
"O corpo é uma situação no mundo e um ponto de vista sobre o mundo" (Beauvoir). O
corpo é meu instrumento essencial de relação com o mundo, e o modo como nele
interfiro.
Trabalho é prostituição.
O ato de pagar é o ato de poder, subpoder democrático, todos podem ser tiranos.
Principalmente entre quatro paredes, espaço onde não há lei, espaço da
impunidade. Diferentemente do que se diz, que prostituição é fonte de
empoderamento das mulheres, ela é fonte de empoderamento dos homens. Diz-se o
contrário disto porque o poder migalhas que resta às mulheres pra se inserirem no
mundo do poder monopolizado pelos homens é quando se submete a um homem.
As que não se submetem não tem o mínimo de poder. Afirmar a prostituição como
destino e poder feminino é afirmar que a mulher somente é por mediação do
homem, nunca diretamente sobre si, porque não é indepe
ndente e nem pode ser.
...A ode ao individualismo e seu posto absoluto dentre os valores dessa sociedade
coloca que o importante é a satisfação pessoal, não importando os meios.
Não. As prostitutas são criadas pelo Patriarcado, suas políticas de cercamento dos
campos da liberdade, o êxodo diáspora e desterro dos indivíduos. Única coisa que
lhes resta é submeter-se, como força de trabalho de parto, se entregar por um
preço, por um pedaço de pão ou um teto pra ser acolhida, às mãos dos homens, dos
predadores tão bravos do topo da cadeira alimentar a eles predestinada pela
biologia, diz eles....
Normal não? As mulheres não são pra isso mesmo? Ah, ela é dona de seu corpo.
Ela gosta. Nem significa mais nada, tornou-se rotina, mecânico. É um negócio pra
ela, como outro qualquer. É uma mercadoria como qualquer outra. E
a falácia da escolha.
http://hysterocracya.blogspot.com/2007/04/prostituio-falcia-patriarcal-do-direito.html
http://revistamarieclaire.globo.com/Marieclaire/0,6993,EML1503174-1740,00.html