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DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE

CONCEITO.

Com a prática da infração penal surge para o Estado o direito de punir o agente, ou seja, a punibilidade, que nada
mais é do que a possibilidade jurídica de o Estado impor a sanção ao autor do delito.

ESCUSAS ABSOLUTÓRIAS.

Escusas absolutórias são excludentes de punibilidade que impossibilitam o estabelecimento da pena por
circunstâncias pessoais previstas na lei, ou em decorrência de seu comportamento anterior legais, mesmo o fato
sendo típico e antijurídico, impossibilitando o nascimento do direito de punir do Estado. É o que ocorre na
hipótese do art. 181, II, do CP (que estabelece que o filho que furta objetos do pai é isento de pena) e o art. 348,
§2º (que afasta a pena quando favorecimento pessoal é praticado por ascendente ou descendente).

A extinção da punibilidade não se confunde com as escusas absolutórias, pois na extinção o direito de punir do
Estado teve início e, posteriormente, é fulminado pela extinção. Nas escusas nem sequer surge para o Estado o
direito de punir, ante a existência de circunstância que afasta a possibilidade de punição.

EFEITOS.

As causas extintivas de punibilidade podem ocorrer antes ou depois do trânsito em julgado da sentença, tendo
efeitos diversos.

Ocorrendo antes do transito em julgado, atinge o direito de punir do Estado, não persistindo qualquer efeito do
processo ou mesmo da sentença condenatória. É o caso da prescrição da pretensão punitiva, a decadência, a
renúncia etc.

Sendo posterior ao transito em julgado da sentença condenatória, extingue-se apenas o título penal executório ou
apenas alguns de seus efeitos, como a pena. São exemplos a prescrição da pretensão executória, o casamento do
agente com a ofendida etc. Há casos que extinguem todos os efeitos da sentença condenatória e o próprio delito
não mais poderá ser considerado. É o que ocorre na anistia e na abolitio criminis, que excluem qualquer efeito
penal decorrente do crime.

CAUSAS NÃO RELACIONADAS NO ART. 107.

O legislador, entretanto, estabelece uma série de causas subseqüentes que extinguem essa punibilidade
impossibilitando, pois, a imposição da pena. O art. 107 algumas causas dessas causas. O rol, entretanto, não é
exaustivo, pois existem outras causas na parte especial e em outras leis.
- Morte do cônjuge (no crime de ocultação de impedimento para casar, onde a ação é personalíssima);
- ressarcimento do dano no crime de peculato culposo (art. 312, §3º),
- homologação da composição quanto aos danos civis nos crimes de menor potencial ofensivo de ação
privada ou pública condicionada à representação (art. 74, parágrafo único, da Lei n. 9.099/95);
- término do período de prova da suspensão do processo sem que o agente tenha dado causa à revogação
do benefício (art. 89, §5º da Lei n. 9.099/95),
- o pagamento do tributo ou contribuição social em determinados crimes de sonegação fiscal etc.

EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE NOS CRIMES ACESSÓRIOS, COMPLEXOS E CONEXOS

Há causas de extinção gerais (ou comuns) que podem ocorrer em todos os delitos (prescrição, morte do agente
etc) e as causas especiais (ou particulares) relativas a determinados delitos (retratação do agente nos crimes
contra a honra, casamento da ofendida em certos delitos contra os costumes etc).

Havendo concurso de agentes, as causas podem ser comunicáveis a todos os agentes, como nas hipóteses de
renúncia e perdão nos crimes contra a honra, de casamento do agente com a ofendida etc., ou incomunicáveis,
que valem apenas para cada réu individualmente não atingindo os demais, como na retratação do agente nos
crimes de calúnia e difamação, morte etc.

Nos termos do art. 108, primeira parte, a extinção de punibilidade de crime que é pressuposto, elemento
constitutivo ou circunstância agravante de outro delito não se estende a este. Assim, havendo a extinção de
punibilidade do crime de furto, não se estende ao de receptação da coisa subtraída, nem a do crime antecedente
afeta o delito de favorecimento pessoal.

A segunda parte do art. 108, estabelece que “nos crimes conexos, a extinção da punibilidade de um deles não
impede, quanto aos outros, a agravante da pena resultante da conexão”. Extinta a pena de um crime, continuará
a existir a agravante prevista no art. 61, inciso II, ‘b’ para o delito praticado com intenção de assegurar a
ocultação daquele. Ex.: extinta a punibilidade do furto, não desaparece a qualificadora prevista no art. 121, §2º,
inciso V, no homicídio praticado para assegurar a impunibilidade do furto.

CAUSAS DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE RELACIONADAS NO ART. 107.

A MORTE DO AGENTE.

Esta causa decorre de dois princípios básicos: mors omnia solvit (a morte tudo apaga) e o de que nenhuma pena
passará da pessoa do delinqüente (art. 5º, inciso XLV, 1ª parte da CF).
- O significado de agente abrange indiciado, réu ou sentenciado, uma vez que essa causa extintiva pode
ocorrer em qualquer momento da persecução penal, desde a instauração do IPL até o término da
execução da pena.
- Trata-se de causa personalíssima, que não se comunica aos partícipes e co-autores (só extingue a
punibilidade do falecido);
- Extingue todos os efeitos penais da sentença condenatória, principais e secundários.
- Se ocorrer após o transito em julgado da sentença condenatória, esta poderá ser executada no cível;
- A morte do agente extingue a pena de multa, uma vez que esta não poderá ser cobrada dos seus
herdeiros. Caso a condenação tiver estabelecido pena alternativa pecuniária, dependendo do
entendimento em relação à natureza desta (pena ou reparação civil?), existe possibilidade de cobrança
dos herdeiros.
- A morte somente pode ser provada mediante certidão de óbito, não prestando a mera declaração de
ausência.
- No caso de certidão falsa, se a sentença extintiva da punibilidade já tiver transitado em julgado, só
restará processar os autores da falsificação, uma vez que não existe em nosso ordenamento jurídico a
revisão pro societate.
- Há posicionamento no STF no sentido de que “o desfazimento da decisão que, admitindo por equívoco
a morte do agente, declarou extinta a punibilidade, não constitui ofensa à coisa julgada”. Isto porque o
erro material não transita em julgado podendo ser corrigido a qualquer tempo, mesmo de oficio,
inexistindo preclusão para o Juiz.
- A declaração de extinção da punibilidade pelo Juiz exige a prévia manifestação do Ministério Público
(CPP, art. 62).

ANISTIA.

Do grego amnestía, esquecimento. Daí amnésia.

Exclui o crime, apagando seus efeitos. Distingue-se da abolitio criminis, pois neste a norma penal incriminadora
deixa de existir. Na anistia apenas são alcançados fatos passados, continuando a existir o tipo penal. Pode ser
concedida antes ou depois da sentença e retroage apagando o crime, extinguindo a punibilidade e as demais
conseqüências de natureza penal. Assim, se vier a cometer novo crime, não será considerado reincidente.

Lei penal de efeito retroativo que retira as conseqüências de alguns crimes já praticados, promovendo seu
esquecimento jurídico. São elas:

a) Especial: para crimes políticos;

b) Comum: para os crimes não-políticos;

c) Própria: antes do transito em julgado;

d) Imprópria: após o transito em julgado;

e) Geral ou plena: menciona apenas os fatos, atingindo a todos que os cometeram;


f) Parcial ou restrita: menciona fatos, mas exige o preenchimento de algum requisito (por ex.: anistia
que só atinge réus primários);

g) Incondicionada: não exige a prática de nenhum ato como condição;

h) Condicionada: exige a prática de algum ato como condição (p. ex.: a deposição de armas).

Competência: é exclusiva da União (CF, art. 21, XVII) e privativa do Congresso Nacional (CF, art. 48, VIII),
com a sanção do Presidente da República, só podendo ser concedida por meio de lei federal.

Revogação: uma vez concedida não pode a anistia ser revogada, porque lei posterior revogadora prejudicaria os
anistiados, ofendendo o princípio de que a lei não pode retroagir para prejudicar o acusado (CF, art. 5º XL).

Efeitos: retira todos os efeitos penais, principais e secundários, mas não os efeitos extrapenais. Assim, a
sentença condenatória pode ser executada no cível. Em caso de perda de bens, instrumentos e produtos de crime,
efeitos que se verificam no campo de eficácia jurídica cível, não penal propriamente, não é alcançado pela
anistia, exceto quando a lei faça expressa referencia à restituição desses bens.

Crimes insuscetíveis de anistia: de acordo com a lei n. 8.072/90, os crimes hediondos, a prática da tortura, o
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo, consumados ou tentados, não podem receber a
anistia.

INDULTO E GRAÇA EM SENTIDO ESTRITO.

Como a CF não fez refere mais à graça, mas apenas ao indulto (CF, art. 84, XII), a LEP passou a considerar a
graça como indulto individual.

Modo de extinção da punibilidade, sem referência expressa a cada beneficiado pela medida, e sem que cessem
todos os efeitos da condenação. Nisto, o indulto se distingue da anistia.

Para a concessão do indulto é preciso que os beneficiários preencham determinados requisitos. A concessão do
indulto é de competência exclusiva do Presidente da República.

Pressupõem a existência de uma sentença penal condenatória transitada em julgado e atinge somente a pena
imposta, subsistindo os demais efeitos condenatórios. Assim, se vier a cometer novo crime será considerado
reincidente.

Graça é beneficio pessoal concedido mediante provocação da parte interessada. É individual e beneficia pessoa
determinada. Pode ser pedida pelo condenado, pelo Conselho penitenciário, pelo Ministério Público ou pela
autoridade administrativa.

Indulto é de caráter coletivo e concedido espontaneamente. É concedido a grupo de condenado, sendo, portanto,
coletivo.

Crimes insuscetíveis: Estes institutos são vedados nos casos de crimes hediondos, o tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins e o terrorismo, consumados ou tentados, não podem receber a anistia.

No que se refere ao crime de tortura, apenas o indulto é permitido, pois permitido na Lei de Tortura, que não
incluiu o indulto na proibição.

Competência: A sua concessão compete ao Presidente da República (art. 84, XII, da CF), que pode delegar tal
função aos ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao advogado-geral da União.

Efeitos: só atingem os efeitos principais da condenação, subsistindo todos os efeitos secundários penais e
extrapenais.

Formas: podem ser plenos, quando extinguem toda a pena, e parciais, quando apenas diminuem a pena ou a
comutam (transformam em outra de menor gravidade).

Indulto condicional: é aquele submetido ao preenchimento ou exigência futura, por parte do indultado, tal
como boa conduta social, obtenção de ocupação lícita, exercício de atividade benéfica à comunidade durante
certo prazo. Caso a condição seja descumprida, deixa de subsistir o favor, devendo o Juiz determinar o reinício
da execução da pena.
Recusa da graça ou indulto: só se admite no indulto e graças parciais, sendo inaceitável a recusa quando
plenos (CPP, art. 739).

Procedimento da graça (ou indulto individual): em regra deve ser solicitada:

Após o requerimento pelo próprio condenado, pelo Ministério Público, pelo Conselho Penitenciário ou pela
autoridade administrativa responsável pelo estabelecimento onde a pena é cumprida, os autos vão com vistas ao
Conselho Penitenciário para parecer, de pois ao Ministério Público para parecer, em seguida os autos são
encaminhados ao Ministério da Justiça e de lá submetido a despacho do Presidente da República ou das
autoridades a quem delegou competência.

Concedido o indulto individual, o Juiz o cumprirá extinguindo a pena (indulto pleno) reduzindo-a ou
comutando-a (indulto parcial).

Procedimento no indulto coletivo:

É concedido espontaneamente por decreto presidencial. Abrange um grupo de sentenciados e normalmente


inclui os beneficiários tendo em vista a duração das penas que lhe foram aplicadas, embora se exijam certos
requisitos subjetivos (primariedade etc.) e objetivos (cumprimento de parte da pena, exclusão dos autores de
algumas espécies de crimes etc.).

Concedido o indulto por meio de decreto, deverá ser anexado aos autos a cópia do decreto, quando então o Juiz
declarará extinta a pena ou ajustará a pena aos termos do decreto no caso de comutação.

A avaliação das condições impostas no decreto devem ser consideradas conforme a situação do beneficiado na
época do decreto e não no momento da decisão concessiva do benefício pelo Juiz. Há posições que defendem ser
a avaliação realizada em conformidade com a condição do condenado por ocasião da sentença e abrange todo o
período a ela antecedente, antes e depois da publicação do decreto.

Momento da concessão: só depois de transito em julgado da condenação. Parte da jurisprudência tem admitido
quando a sentença transitou em julgado apenas para a acusação, ainda que caiba recurso para a defesa. Neste
caso, não ficaria prejudicada a apelada que visa a absolvição do réu que vem a ser indultado.

ABOLITIO CRIMINIS

É quando lei nova deixa de considerar o fato como criminoso. Consagra a regra que determina a retroatividade
da lei penal mais benéfica.

Pode ocorrer antes ou depois da condenação. Neste caso, rescinde a própria condenação e todos os seus efeitos
penais, estendendo se a todos os autores do crime.

RENÚNCIA AO DIREITO DE QUEIXA.

É a abdicação do direito de oferecer queixa ou representação. Só é possível renunciar a uma ação penal privada
ou a uma ação penal pública condicionada, tendo em vista que o Ministério Público jamais pode renunciar a
qualquer ação pública.

Só é possível renunciar a uma ação penal privada ou a uma ação penal pública condicionada, tendo em vista que
o Ministério Público jamais pode renunciar a qualquer ação pública.

Só tem cabimento na ação penal exclusivamente privada, sendo incabível na ação privada subsidiária da pública.

Pode ser:
a) expressa: declaração escrita assinada pelo ofendido ou por seu representante legal ou, ainda, por
procurador com poderes especiais;
b) tácita: prática de ato incompatível com a vontade de dar início à ação penal privada (ex.: após a ofensa,
o ofendido vai jantar na casa do ofensor).
O recebimento da indenização pelo dano resultante não caracteriza a renúncia tácita (CP, art. 104, parágrafo
único). No caso dos crimes de menor potencial ofensivo, de iniciativa privada ou condicionada à representação,
o acordo entre ofensor e ofendido, homologado, acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação (art.
74, parágrafo único da Lei n.9.99/95)
Somente o ofendido maior de 18 anos pode renunciar ao direito de queixa.

Se a queixa é oferecida somente contra um dos ofensores, existem duas posições:

1) O Ministério Público não pode aditar a queixa para nela incluir os demais ofensores, sob o pretexto de
zelar pela indivisibilidade da ação por lhe faltar legitimidade. Nos termos do art. 48 do CPP, a queixa
deve ser oferecida contra todos. Se processar apenas um deles, significaria entender que estaria
renunciando da ação em relação aos demais e, em razão da indivisibilidade da ação, esta renúncia
atingiria a todos. Esta é a posição mais correta.

2) O Ministério Público deve aditar a queixa para nela incluir os outros querelados, nos termos do art. 45
do CPP, velando pela indivisibilidade da ação penal privada.

Caso ocorra a morte do ofendido, o direito de promover a queixa-crime passa ao seu cônjuge, descendente,
ascendente ou irmão. A renúncia de um não impede os demais de dar início à ação.

Em casos que várias são as vítimas, a renúncia de uma delas não impede o oferecimento da queixa-crime pela
outra.

PERDÃO DO OFENDIDO.

É possível somente na ação penal privada, tendo em vista que o Ministério Público não pode perdoar o ofendido.
O perdão obsta o prosseguimento da ação, causando a extinção da punibilidade. Verifica-se o perdão após o
início da ação, pois, tecnicamente, o perdão antes da ação configura renúncia. Admite-se o perdão até o trânsito
em julgado final.

O perdão extraprocessual pode ser:

a) Expresso: quando concedido através de declaração assinada pelo querelante ou por seu procurador com
poderes especiais.

b) Tácito: quando o querelante praticar ato incompatível com a intenção de prosseguir na ação. Neste
caso, admite-se qualquer meio de prova.

O perdão é bilateral, depende sempre da aceitação do querelado. Caso não haja aceitação, o processo
prosseguirá. A aceitação do querelado poderá ser:

- expressa: quando houver uma declaração assinada;

- tácita: se não se manifestar em três dias.

O perdão concedido a um co-réu estende-se a todos, entretanto, se algum dos co-réus não o aceitar, o processo
seguirá somente para ele. É possível o perdão parcial (p. ex.: perdoar por um crime e não perdoar por outro),
previsão doutrinária, pois a lei não trata a respeito.

No caso de dupla titularidade, o perdão concedido por um titular, havendo oposição do outro, não produzirá
efeitos, e o processo prosseguirá.

Nos termos do art. 51, do CPP, o perdão concedido a um dos querelados a todos se estende, mas somente
extingue a punibilidade daqueles que o aceitaram.

Havendo dois querelantes, o perdão de um deles não atinge a ação penal movida pelo outro.

O perdão pode ser processual ou extraprocessual.

Será processual quando concedido mediante declaração expressa nos autos. Neste caso, o querelado será
intimado a dizer, no prazo de 3 dias, se o aceita, devendo constar do mandado que seu silêncio será recebido
como concordância.

RETRATAÇÃO DO AGENTE.

Retratar-se é desdizer-se, retirar o que se disse.


Nos casos admitidos em lei, através de retratação o agente admite que agiu erroneamente.

Crimes passíveis de retratação do agente:

1) Nos termos do art. 143 do CP, a retratação é admissível nos crimes de calúnia e difamação,
não se aplicando à injúria.

• se o crime contra a honra for praticado através da imprensa, admite-se a retratação


também em face da injúria.

2) Nos termos do art. 342, §2º do CP, o falso testemunho e falsa perícia deixa de ser punível se
antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a
verdade.

Oportunidade:

na hipótese de crime contra a honra, a retratação somente será possível até a sentença de primeiro grau, do
processo instaurado para apreciar o crime contra a honra.

No caso de falso testemunho, a retratação só será admitida até a sentença de primeiro grau onde se deu o falso.

Se tiver ocorrido no júri, a retratação é possível até o veredicto dos jurados.

Comunicabilidade: Depende das circunstâncias:

a) No caso do art. 143, é pessoa e não se comunica aos demais acusados, pois o tipo diz ficar “o
querelado isento de pena”.

b) A do art. 342, §2º, é comunicável, pois o tipo diz que “o fato deixa de ser punível”.

PEREMPÇÃO

Significa a “morte” da ação penal privada em razão da negligência do querelante.

Ocorre somente nas ações penais exclusivamente privadas, sendo uma espécie de punição ao querelante que
deixa de dar andamento normal à ação penal.

Não é cabível na ação penal privada subsidiária da pública, pois esta conserva sua natureza pública.

Somente podemos falar em perempção após a ação privada ter iniciado.

Seis são hipóteses de perempção:


1) quando o querelante deixa de promover o andamento do processo por 30 dias: neste caso, deve o
querelante ter sido previamente notificado para agir. A paralisação do processo, para causar a
perempção, deve ser culpa do querelante.
2) quando o querelante deixa de comparecer a ato em que deveria pessoalmente estar presente: o
querelante somente está obrigado a comparecer aos atos em que sua presença seja absolutamente
indispensável. Assim, não precisa comparecer à audiência de oitiva de testemunhas, desde que seu
advogado esteja presença. Sem a presença do advogado, dá-se a perempção.
3) quando o querelante deixa de pedir a condenação do querelado nas alegações finais:
• não precisa pedido expresso do tipo “peço a condenação”, basta que a
argumentação leve a esta conclusão lógica.
• A não-apresentação de alegações finais equivale a não pedir a condenação e, por
conseqüência, resulta na perempção.
• Em caso de concurso de crimes, se o querelante deixar de pedir a condenação em
face de um dos crimes constantes na inicial, ocorrerá perempção em face daquele
delito, persistindo a ação em relação aos demais.
• Em caso de concurso de pessoas, se o querelante pede a condenação de apenas um
deles, ocorre a perempção em relação aos demais. Em relação àquele que foi
pedida a condenação, a ação prosseguirá.
4) quando morre o querelante e nenhum sucessor aparece para dar prosseguimento à ação, em 60
dias.
5) quando o querelante é pessoa jurídica que se extingue sem deixar sucessor;
6) quando morre o querelante na ação penal privada personalíssima.

PERDÃO JUDICIAL.

Causa extintiva de punibilidade consistente em uma faculdade do juiz de, nos casos previstos em lei, deixar de
aplicar a pena em face de justificadas circunstâncias excepcionais.

Distingue-se o perdão do ofendido, pois no perdão de judicial, quem perdoa é o juiz, independentemente da
natureza do crime praticado, nos casos permitidos em lei. Aqui a extinção de punibilidade independe da
aceitação do agente.

O perdão judicial não atinge apenas o crime onde se verificou a circunstância excepcional, mas todos aqueles
praticados no mesmo contesto. Por exemplo. Num acidente morrem o filho do agente e um estranho. A extinção
abrange também a morte do estranho.

Hipóteses legais:

No código penal.
- Art. 121, §3º (homicídio culposo);
- Art. 129, §8º do CP (lesão corporal culposa);
- Art. 140, §1º, I e II do CP (injúria provocada de forma reprovável pelo ofendido, ou retorsão imediata
com outra injúria);
- Art. 176, parágrafo único do CP (quem toma refeições ou se hospeda sem pagar);
- Art. 180, §5º (receptação culposa, agente primário);
- Art. 249, §2167 (subtração de incapazes, se o menor for restituído sem maus-tratos ou privação);
Na lei de contravenções penais:
- art. 8º (erro de direito);
- art. 39, §2º participar de associações secretas, mas com fins lícitos;
Na lei de imprensa:

- art. 22, parágrafo único, na injúria semelhante ao dispositivo do CP.

PERDÃO JUDICIAL NA LEI DE PROTEÇÃO À TESTEMUNHAS.

O art. 13 da Lei n. 9.807-99, cuida da “proteção de réus colaboradores”, criando nova espécie de perdão
judicial, quando prevê que:
Artigo 13 - Poderá o juiz, de ofício ou a requerimento das partes, conceder o perdão judicial e a conseqüente
extinção da punibilidade ao acusado que, sendo primário, tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a
investigação e o processo criminal, desde que dessa colaboração tenha resultado:
I - a identificação dos demais co-autores ou partícipes da ação criminosa;
II - a localização da vítima com a sua integridade física preservada;
III - a recuperação total ou parcial do produto do crime.
Parágrafo único. A concessão do perdão judicial levará em conta a personalidade do beneficiado e a natureza,
circunstâncias, gravidade e repercussão social do fato criminoso.
Requisitos para esta concessão:

Subjetivos:
• voluntariedade da participação;
• primariedade;
• personalidade recomendável;
Objetivos:
• colaboração efetiva com a investigação e o processo criminal;
• identificação dos demais co-autores;
• localização da vítima com integridade física preservada;
• recuperação total ou parcial do produto do crime;
• natureza, circunstâncias, gravidade e repercussão social do fato criminoso compatíveis com a medida, à
critério do juiz.
Existe forte discussão acerca da necessidade de os requisitos serem alternativos ou cumulativos.

A doutrina mais autorizada entende que os requisitos são alternativos. (Capez, Damásio etc) bastando que o réu
satisfaça um ou outro caso.

Dizem os doutrinadores que se os requisitos fossem cumulativos o instituto quase não poderia ser utilizado e
aplicar-se-ia apenas ao crime de extorsão mediante seqüestro. Sendo alternativo, pode ser utilizado em várias
outras modalidades criminosas.

Outros detalhes pertinentes


- Apesar de a grafia constar que se aplica a “crimes”, também é aplicável a casos de contravenções
penais (realização do princípio: quem pode o mais pode o menos)
- A medida pode ser aplicada pelo juiz, de ofício, ou mediante requerimento do MP ou da defesa;
- Apesar de o texto falar apenas em acusado, referindo-se, portanto, a uma ação penal em curso, também
é possível conceder ao investigado, indiciado, réu etc.
- Trata-se de circunstância pessoal que não se comunica a outros partícipes do crime.
- Não se confunde com a desistência voluntária ou arrependimento eficaz. No caso em apreciação o
crime já é consumado.
- Exige-se a participação criminosa de 3 ou mais pessoas, pois a lei fala em identificar “os demais” co-
autores ou partícipes do crime;
- Em relação ao momento da concessão, a doutrina se divide. Alguns entendem que somente é possível
reconhecer o perdão no momento da sentença de mérito. Outros sustentam que pode ser concedido em
qualquer fase do procedimento criminal, incluindo a fase de IPL.
Diferenças entre o perdão e a causa de diminuição de pena prevista no art. 14 da lei.

Não se pode confundir o perdão judicial com a causa de diminuição prevista no art. 14 da Lei n. 9.807/99.

O art. 14 prevê que:

“O indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a investigação policial e o processo criminal na
identificação dos demais co-autores ou partícipes do crime, na localização da vítima com vida e na
recuperação total ou parcial do produto do crime, no caso de condenação, terá pena reduzida de um a dois
terços”.

Para ter direito à redução, o acusado não precisa ser primário, nem se levará em conta a personalidade do
beneficiado, nem a natureza, circunstâncias, gravidade e repercussão social do fato criminoso.

Basta ao indiciado ter colaborado para a obtenção de um dos resultados previstos na lei.

DECADÊNCIA

É a perda do direito de promover a ação penal exclusivamente privada e a privada subsidiária da pública e do
direito de representação, em face da inércia do ofendido ou de seu representante legal, durante determinado
tempo.

Prazo decadencial: o ofendido decai do direito de queixa ou representação se não o exercer dentro do prazo de
6 meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime (art. 103 do CP e 38 do CPP).

No caso de ação privada subsidiária da pública, o prazo de 6 meses começa a contar a partir do dia em que se
esgota o prazo para o oferecimento da denúncia.

O prazo decadencial não se suspende nem se interrompe.

Titularidade do direito. Depende do caso:

• ofendido menor de 18 anos: o direito pertence ao representante legal;

• ofendido maior de 18 anos: somente ele pode exercer o direito de queixa ou representação, não há que
se falar em representante legal.
CASAMENTO DA VÍTIMA COM O AGENTE ou COM TERCEIRO.

Antes da entrada em vigor da Lei n. 11.106/2005, que modificou substancialmente o CP, existia a previsão de
extinção da punibilidade dos crimes contra os costumes (estupro, atentado violento ao pudor, sedução, assédio,
corrupção de menores, rapto etc) nos casos em que;

- pelo Casamento do agente com a vítima, nos crimes contra os costumes

- pelo Casamento da vítima com terceiro, nos crimes contra os costumes, se cometidos sem violência real
ou grave ameaça e desde que a ofendida não requeira o prosseguimento do inquérito policial ou da ação
penal no prazo de 60 (sessenta) dias a contar da celebração.

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