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DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA

CONCEITO.

É sanção penal imposta pelo Estado, na execução de uma sentença, cuja finalidade é exclusivamente preventiva,
no sentido de evitar que o autor de uma infração penal que tenha demonstrado periculosidade, volte a delinqüir.

Tem por objeto os inimputáveis e os semi-imputáveis que demonstram, pela prática delitiva, potencialidade para
novas ações danosas.

Na imposição de sanção para medidas de seguranças existem dois sistemas:

1) Vicariante: imposição da pena ou medida de segurança;

2) Duplo Binário: imposição de pena e medida de segurança.

Nosso sistema penal adotou o sistema vicariante, sendo inviável a aplicação cumulativa de pena e medida de
segurança. Aos imputáveis, pena; aos inimputáveis, medida de segurança; aos semi-imputáveis, uma ou outra,
conforme recomendação do perito.

REQUISITOS:

1) Prática de crime: Não se aplica medida de segurança se não ficar demonstrada a prática da infração
penal. Assim, não se aplica a medida:

a) Se não houver prova da autoria;

b) Se não houver prova do fato;

c) Se estiver presente causa de exclusão da ilicitude;

d) Se o crime for impossível;

e) Se ocorrer a prescrição ou outra causa extintiva da punibilidade.

2) Potencialidade para novas ações danosas: é a periculosidade. Revela-se pelo fato de o agente ser
portador de doença mental.

- Na inimputabilidade, a periculosidade é presumida, basta o laudo apontar a


perturbação mental para que a medida de segurança seja obrigatoriamente imposta;

- Na semi-imputabilidade, precisa ser constatada pelo Juiz. A periculosidade é real.


Mesmo o laudo apontando a falta de higidez mental, deverá ainda ser investigado,
no caso concreto, se é caso de pena ou medida de segurança.

Alguns autores (Cezar Roberto Bittecourt) também entendem como requisito a Ausência de Imputabilidade
Plena, pois existe proibição de medida de segurança a quem for imputável.

ESPÉCIES:

Duas são as espécies de medida de segurança:

1) Detentiva: internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico (CP, art. 97). Possui as
seguintes características:

a) É obrigatória quando a pena prevista for de reclusão;

b) Será por tempo indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada, mediante perícia
médica, a cessação de periculosidade;

c) A cessação de periculosidade será averiguada após um prazo mínimo variável entre 1 e 3 anos;
d) A averiguação pode ocorrer a qualquer tempo, mesmo antes do término do prazo mínimo, se o
Juiz da execução determinar (LEP, art. 176).

- Local da internação: estabelecimento dotado de características hospitalares (CP,


art. 99), onde o internado ficará custodiado, devendo ser submetido a tratamento
psiquiátrico.

- Quando o estabelecimento penal não tiver local adequado, este pode ser prestado
em outro local, mediante autorização da direção do estabelecimento penal,
garantindo-se a custódia do internado

- Permite-se a assistência em outro local com dependência médica adequada,


garantindo a faculdade de contratar médico de confiança pessoal, a fim de orientar
e acompanhar o tratamento. As divergências entre o médico oficial e o particular
serão resolvidas pelo Juiz da execução.

- Desinternação: será sempre condicional, devendo ser restabelecida a situação


anterior se o agente, antes do decurso de um ano, pratica fato indicativo de sua
periculosidade (não necessariamente um crime).

- Na falta de vagas, a internação pode ocorrer em hospital comum ou particular, mas


não em cadeia pública, constituindo, neste caso, constrangimento ilegal.

- A extinção da medida ocorre quando decorrer um ano de desinternação sem que


ocorra fato indicativo da persistência da periculosidade.

2) Restritiva: Sujeição a tratamento ambulatorial (CP, art. 97). Tem como características:

a) Se o fato é punível com detenção, o Juiz pode submeter o agente a tratamento ambulatorial;

b) O tratamento ambulatorial será por prazo indeterminado, até a constatação da cessação da


periculosidade;

c) A constatação será feita por perícia médica após o decurso do prazo mínimo;

d) O prazo mínimo varia entre 1 a 3 anos;

e) A constatação pode ocorrer a qualquer momento, até antes do prazo mínimo, se o Juiz da
execução determinar (LEP, art. 176)

- O sentenciado deverá comparecer ao hospital de custódia e tratamento psiquiátrico


nos dias que lhe forem determinados pelo médico, a fim de ser submetido à
modalidade terapêutica prevista.

- Permite-se a assistência em outro local com dependência médica adequada,


garantindo a faculdade de contratar médico de confiança pessoal, a fim de orientar
o tratamento.

- O prazo mínimo será fixado de acordo com o grau de perturbação mental do


sujeito, bem como segundo a gravidade do delito.

- Apesar da medida de segurança não ter caráter retributivo, a gravidade do crime


recomenda cautela na liberação ou desinternação do portador de periculosidade.

- Liberação: será sempre condicional, devendo ser restabelecida a situação anterior


se o agente, antes do decurso de um ano, pratica fato indicativo de sua
periculosidade (não necessariamente um crime).

- A extinção da medida ocorre quando decorrer um ano de liberação sem que ocorra
fato indicativo da persistência da periculosidade.
A aplicação de tratamento ambulatorial nos crimes apenados com detenção é facultativa, ficando condicionada
ao maior ou menor potencial de periculosidade do inimputável, podendo o Juiz determinar a sua internação em
hospital de custódia. Assim, temos o seguinte:

a) Crimes apenados com reclusão: Exclusivamente internação em hospital de custódia e tratamento


psiquiátrico, não se podendo estabelecer tratamento ambulatorial.

b) Crimes apenados com detenção: o tratamento ambulatorial é facultativo, podendo o Juiz determinar a
medida de segurança detentiva.

CONVERSÃO.

É possível, em qualquer fase do tratamento ambulatorial, o Juiz determinar a internação do agente, se esta
providencia for necessária para fins curativos. A conversão de internação para tratamento ambulatorial não é
possível, ante a ausência de previsão legal.

APLICAÇÃO AO SEMI-INIMPUTÁVEL (CP, art. 98). Aplicando-se sistema vicariante, o Juiz reduz a pena
ou a substitui por medida de segurança. A substituição deve ser fundamentada e só deve ser determinada quando
o Juiz entender cabível, inexistindo direito subjetivo do agente.

A diminuição da pena, entretanto, é obrigatória.

A MEDIDA DE SEGURANÇA NA LEI DE TÓXICOS: Para os crimes previstos na Lei de tóxicos, nos termos
do art. 10, a internação somente será determinada se imprescindível para a eficácia do tratamento.

MENOR DE 18 ANOS: apesar de inimputáveis, a medida de segurança a eles não se aplica, sujeitando-se ao
ECA.

MEDIDA DE SEGURANÇA E DETRAÇÃO:

O Juiz deve fixar na sentença um prazo mínimo de duração da medida de segurança, entre 1 e 3 anos. Computa-
se neste prazo mínimo, pela detração, o tempo de prisão provisória, o de prisão administrativa e o de internação
em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou estabelecimento adequado (CP, arts. 41 e 42)

APLICAÇÃO PROVISÓRIA DA MEDIDA DE SEGURANÇA:

É inadmissível, ante a ausência de suporte legal.

PRESCRIÇÃO:

A prescrição é aplicável na medida de segurança. Entretanto, não existe dispositivo legal regulando os prazos
prescricionais, surgindo daí alguns posicionamentos divergentes:

a) O prazo prescricional dar-se-ia levando em consideração o mínimo da pena in abstrato;

b) O prazo prescricional dar-se-ia levando em consideração o máximo da pena abstrata;

c) Quando a medida de segurança for substitutiva da pena aplicada, deve-se levar em conta a pena
aplicada e substituída.

d) Quando entre a imposição da sanção e a captura do sentenciado já passou prazo superior ao mínimo da
duração da medida, deverá ser realizado exame para verificação de cessação da periculosidade antes de
iniciar o cumprimento da medida.

e) Verificada a prescrição, causa extintiva de punibilidade, não mais se impõe a medida de segurança nem
subsiste a que tenha sido imposta.

CONVERSÃO DA PENA EM MEDIDA DE SEGURANÇA


É possível que no curso da execução da pena privativa de liberdade sobrevenha doença mental ou perturbação
da saúde mental do condenado. Neste caso o Juiz pode converte a pena em medida de segurança (LEP, art. 183).

A conversão somente poderá ocorrer durante o prazo de cumprimento da pena e exige perícia médica.

Na conversão também são aplicáveis as normas gerais atinentes à imposição de medida de segurança e sua
execução. Desse modo, realizada a conversão, a execução deverá persistir enquanto não cessar a periculosidade
do agente.

Não se cogita mais o tempo de duração da pena substituída. Contudo, o STJ já entendeu que a medida de
segurança substituída não pode ultrapassar o tempo de duração do restante da pena, de modo que, se ao término
do período determinado na pena o sentenciado ainda tiver necessidade de tratamento, deverá ser encaminhado ao
Juízo Cível (Juízo de incapazes), nos termos do art. 682, §2º do CPP.

SENTENÇA

Nos casos do inimputáveis, a decisão que concede a medida de segurança é absolutória. Chamada
doutrinariamente de Sentença absolutória imprópria.

Em casos de inimputáveis, é recomendável que o Juiz primeiramente condene o sentenciado e, somente depois
de fixar o tamanho da reprimenda e acreditando ser recomendável, substituir a pena por medida de segurança.

PRAZO DE DURAÇÃO:

A lei não fixa prazo de duração da medida de segurança, que prossegue até a cessação de periculosidade.
Entretanto, vários doutrinadores tem defendido que o prazo seria o limite máximo da pena abstratamente
cominada ao delito. Seria uma adequação da proibição constitucional de uso da prisão perpétua.

EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE:

Nos termos do art. 96, parágrafo único, todas as causas extintivas de punibilidade discriminadas no art. 107 são
aplicáveis à medida de segurança, inclusive a prescrição.

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