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Letícia Castro∗
Resumo
Introdução
A informação nunca foi tão valorizada como nos últimos anos. O advento da
Internet permitiu que mesmo quem nunca entrou em um museu ou em um arquivo
de sua própria cidade possa consultar o acervo de instituições do outro lado do
mundo. Exatamente por este motivo é impossível falar em instituições como estas
que não pensem em divulgar seus acervos na rede. Afinal, mesmo sem dispor de
versões impressas, é possível colocar catálogos online, ou ainda divulgar estas
versões impressas em um formato possível de ser visualizado pelos usuários.
∗
Arquivista pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Jornalista pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos. MBA
em Comunicação Empresarial pela Universidade de Santa Cruz do Sul. Responsável pela Assessoria de Comunicação do
Museu de História da Medicina do Rio Grande do Sul. E-mail: leticiacastro.com@gmail.com.
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E, mais adiante, lembra que não é apenas o meio acadêmico que entra em
contato com estas pesquisas publicadas, tornando ainda maior a abrangência da
divulgação:
possível catálogo comercializado? Como é que o usuário vai saber que a instituição
tem este ou aquele acervo, aquela pesquisa, se ela não comunicar?
Porém, via de regra, a cultura no Brasil não é uma das áreas mais
beneficiadas com recursos financeiros. Assim sendo, é preciso, sim, que ele domine
algumas questões sobre Comunicação e Informação e não fique recluso à sua sala
e campo primeiro de trabalho. Foi-se o tempo em que o profissional de arquivo era
aquele profissional que “não deu certo” em outros setores e ficava escondido no seu
setor, o “arquivo morto”. Ao contrário, o arquivo é um organismo vivo e quem lá
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trabalha precisa se comunicar, até mesmo para que as pessoas dêem a devida
importância ao acervo e ao trabalho realizado.
“Atacar” nas duas frentes é ainda ser democrático e inclusivo: nem todos
dispõe de computador; nem todos dispõe de dinheiro para comprar livros e
catálogos; nem todos dispõe de tempo (e dinheiro) para viajar até o local físico do
acervo somente para pesquisar sem a certeza de existir a documentação desejada;
nem todos dispõe de conhecimento para lidar com computadores. Enfim, uma série
de razões que não se esgotariam nunca.
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Talvez ainda haja um caminho muito longo para conseguir contemplar todos
os públicos. Afinal, estamos pressupondo até aqui que nosso usuário é alfabetizado
e não possui qualquer deficiência física. Mas e se assim não for?
Hoje a padronização e a descrição arquivística permitem que, através de
metadados24, as informações possam ser disponibilizadas mais facilmente em outros
idiomas, e se é assim, por que não em áudio ou braile para deficientes visuais? Por
que não em vídeo para deficientes auditivos? Por que não com acesso por voz para
deficientes físicos que possuem problemas em mãos e braços ou que lhes faltem
estes órgãos?
Os instrumentos de pesquisa também podem ser elaborados de forma a
contemplar estes públicos através da acessibilidade universal, e assim estará
cumprindo sua missão de difusão da informação e ainda vai ganhar uma projeção
imensa entre esses usuários e entidades que lhes representem.
Outro fator a ser considerado é o de que um bom plano de divulgação – ou
uma realização anterior bem sucedida, como um catálogo conhecido e que tenha
“circulado” nos meios certos – pode garantir apoios em eventuais pedidos de apoio
financeiro ou institucional para reformas na instituição, compra de materiais e até
lançamento de novos instrumentos de pesquisa, entre outras possibilidades de
produção cultural, além de fazer parte de qualquer projeto que concorra a leis de
incentivo à cultura tanto no que diz respeito à visibilidade do apoiador privado como
ao retorno de interesse público.
Em Levacov (1998) já era anunciada a entrada das bibliotecas neste processo
de uso da web para divulgação de seus instrumentos de pesquisa. A Arquivologia,
por conseguinte, não podem ficar para trás, até mesmo pela sua característica de
trabalhar com documentos únicos.
A publicação de instrumentos de pesquisa, por si só, portanto, já é um
instrumento de divulgação ao chegar às mãos de pesquisadores. Se disponibilizados
online, sites de busca podem potencializar de forma imensurável a publicidade da
informação.
Mas, se essa publicidade chegar nas pessoas certas – outros arquivos,
museus e bibliotecas, formadores de opinião, professores (em especial de
faculdades), secretarias de educação, cultura e turismo, empresas identificadas com
a Cultura – a instituição passa a ser mais (re)conhecida, respeitada, e divulgada. Se
um órgão de imprensa ou pessoa que seja referência no meio acadêmico citar a
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Considerações finais
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“Os instrumentos de pesquisa são as ferramentas utilizadas para descrever um arquivo ou parte dele, tendo a
função de orientar a consulta e de determinar com exatidão quais são e onde estão os documentos.” (LOPEZ,
2002)
“Meio que permite a identificação, localização ou consulta a documentos ou a informações neles contidas.
Expressão normalmente empregada em arquivos permanentes. Ver também catálogo, guia, índice, inventário,
listagem descritiva do acervo, repertório e tabela de equivalência.” (Dicionário de Terminologia Arquivística,
2005)
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O guia é o primeiro instrumento de pesquisa a ser criado em um arquivo. Por descrever mais genericamente o
acervo, ele é mais rápido de ser feito. Segundo a NOBRADE, o nível de descrição do Guia é o nível 1, ou seja,
ele tem como missão descrever fundos e/ou coleções. O guia deve contemplar todos os fundos, citando suas
principais características. O guia também é o local correto para constar as informações e histórico da instituição.
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Entidade custodiadora: Entidade responsável pela custódia e acesso a um acervo. Também chamada
custodiador. (DICIONÁRIO BRASILEIRO DE TERMINOLOGIA ARQUIVÍSTICA, 2005, p. 84)
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Referência ao pesquisador.
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Na mesma página há ainda uma referencia à Cinemateca do Museu de Arte Moderna e o Museu da Imagem do
Som, no Rio de Janeiro, além das Fundações Roberto Marinho e Padre Anchieta, como instituições que
produzem “uma infinidade de documentos sobre vários aspectos da vida brasileira”.
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Dados da instituição segundo a NOBRADE: Nome; Endereço, telefone, fax, e-mail; Website (quando existir);
Dias e horários de funcionamento; Estrutura administrativa; Histórico; Tipo de acervo; Condições para consulta;
Políticas de Reprodução; Serviço oferecidos; Outros instrumentos.
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Disponível em: < http://www2.portoalegre.rs.gov.br/smc/default.php?reg=10&p_secao=19> Acesso em: 22
nov. 2008.
8
Disponível em: <http://www.arquivonacional.gov.br> Acesso em: 22 nov. 2008.
9
Disponível em: <http://www.apers.rs.gov.br> Acesso em: 22 nov. 2008.
10
Disponível em: <http://www.margs.rs.gov.br>. Acesso em: 22 nov. 2008.
11
Disponível em: <http://www.muhm.org.br> Acesso em: 22 nov. 2008.
12
Disponível em: <http://www.museuhistoriconacional.com.br> Acesso em: 22 nov. 2008.
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Portable Document Format.
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“Material distribuído para a imprensa sobre assunto ao qual se pretende dar divulgação. Respeita a linguagem
específica dos diferentes veículos e a estrutura discursiva básica do texto jornalístico.” (DUARTE, 2003)
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Valor notícia é o que determina a importância de um fato para que ele seja noticiável. (WOLF, 1995)
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Editorias de jornais e revistas. Os cadernos de Cultura muitas vezes recebem o nome de “Segundo Caderno”,
abordando mais temas como exposições de arte, música e literatura, deixando para a editoria de Geral o espaço
para arquivos. No entanto, não é uma regra sempre clara, e vale a pena investir em ambas.
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Mensagens eletrônicas (e-mails) enviadas sistematicamente pelas instituições com notícias sobre suas próprias
ações e eventos ou de sua área.
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Contato: icom.bra@gmail.com.
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Contato: demu@iphan.gov.br.
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Contato: aargs@aargs.com.br.
21
Contato: enara@enara.org.br.
22
Contato: editor@revistamuseu.com.br ou maisnoticias@revistamuseu.com.br.
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Contato: editor@revistadehistoria.com.br.
24
Dados estruturados e codificados, que descrevem e permitem acessar, gerenciar, compreender e/ou preservar
outros dados ao longo do tempo. (DICIONÁRIO BRASILEIRO DE TERMINOLOGIA ARQUIVÍSTICA, 2005,
p. 116)
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Referências Bibliográficas
BRASIL: NUNCA MAIS. Um relato para a história. Prefácio de Dom Paulo Evaristo
Arns. 30ª ed. Petrópolis: Vozes, 1999.
JANAL, Daniel S. Marketing en Internet. Cómo lograr que la gente visite, compre
y regrese a su sitio web. Pearson Educación, México, 2000. 386 p.
KOTLER, Philip. Marketing para o século XXI: como criar, conquistar e dominar
mercados. São Paulo: Futura, 1999. 305p