You are on page 1of 12

r

-/À
-s
:-
/=ô.
'- k/.-
rEt

N! 5 BOLETIM DOS AMIGOS DOS AÇORES r/ ASSOCTAÇÃO ECOLOGTCA JAN. / MAR 1991

- ENERGIA, um tema de Educação Ambiental

- Os Cagarros

- Litoral
PLANO DE ACTIVIDADES PARA 1991
Editorial
qu.e vive é um dos ob-
O respeito do seÍ humano por sì e pelo meio-em
na reatização de diÍerentes acções de
leciivos'da eoucação Ambiental. E
eoucaçÃo LOucaçao Ambiental, sobretudo a aprendizagemll{i3nte a
AçORES para
pesquisa de
1991 '
ãtpo, a grande aposta dos AMIGOS DOS
AMBIENTAL Por motivos diversos, nem todos os projectos previstos no
Plano de
chega-
Actividades para 19q) Íoram lotalmente realizados e outros nem
para além da manutençáo do Jardim de Flora
ram a iniciar-se. Assim,
A Educação Ambiental lndígena, transilam para o ano de 1 991 o Inventár^h das
qrlljas-NaluÍais
tem como objectivo funda-
mental envolver o cidadão
Ëã;;;ã8il-eniecoronet Jo.sé Agosrinho.(caílalf nédirasì e Base de
na problemática da sua (e Fauna ornitolÓqi99 e,Gruta dos Açores'
õããã! sobãFlora Indígena.
dos seus descendentes) Oas outras actividades projectadas paÍa 1991 , deslacamos
a realiza-
qualidade de vida actual e do prolecto Conhecer paia Proteqer, constituídopoí um conjunto de
ção
interesse para
futura (Oliveira, 1 989). uisiras àe éstuOo a Reservas Naturais e a outros locais de
a conservação da Natureza, a participação no P4iectg-Qoastwatch-Eu=
Embora diga respeito a
iàp" gr e ã edição de uma biochura sobre Educação Ambiental e a
todos, é sobreiudo junto PÍoblemálica EneÍgética.
dos mais jovens que deve- O cr.t" ot"l doJ projectos eslima-se em 2 434 contos'
estando já ga-

ráo incidir as acções de ,"ntião, i


cerca de S7O contos, através de subsÍdios da Secretaria
Regiona|doTurismoeAmbienteedo|NAMB-|nstitutoNaciona|do
Educaçáo Ambiental. Nas Ambiente, atÍibuídos no ano de 1990
escolas, aquelas Poderáo
integrar-se nos temPos lec-
üvos das mais diversas dis-
ciplinas ou assumir um VISITAS DE ESTUDO
carácter extracurricular.
Papel imPortante, na or-
ganizaçáo das mais diver-
sas ac@es, Poderá ser de-
sempenhado Pelos Clubes
Escolares, a criar Por ini-
ciativa de docentes e/ou
discentes.
A Educaçáo Ambiental
não é tareÍa exclusiva dos
governos. Os cidadáos,
individualmente ou asso-
ciados, deveráo contribui r
para que ela seja uma pé à
No passado dia 5 de Outubro realizou-se um passeio a
realidade. Dos cidadáos
Ponta da Madrugada, com a participaçáo de cerca de trinta
espera-se maior emPen-
pessoas. Com igual número de participantes eÍectuou-se no
ho, do governo exige-se a
passado dia 1 de Novembro uma visita à Reserva Natural da
criação de estruturas vol-
Lagoa do Fogo.
tadas para a Educaçáo
Em sequência daquelas visitas e da constatação da degrada-
Ambiental e a elaboração entrou em
e aplicação de um Progra-
ção naquelas duas Àreas Protegidas, a associaçáo
conlacto com os mais diversos organismos oÍiciais quer para
ma coerente e continua-
maniÍestar o seu desagrado quer para apresentar propostas de
do.
recuperação dos estragos iá causados.
2
os CAGARROS
Pelo Tenente-Coronel José Agostin ho

Não são as ilhas dos nome de peÍrels, aves q ue dão voltas sôbre voltas,
Açores presentemente imitam S. Pedro, camin- sempre serenamente e
meio muito apto a um lar- hando sôbre as águas), sem ruído, rentes ao mar,
go desenvolvimento das
aves marinhas, embora
digam os antigos cronis-
tas que os primeiros po-
voadores acharam aqui
tantas delas, e tão man-
sas. que vinham às mãos
como açôres. Baseados
numa passagem da inscri-
ção que se encontra no
celebre globo de Martim
de Behairn. já aventámos
a hinÁioca
a | ilPvrs)Ç uu '.ìuu Ía-e.'
r{o nrro tLrJ>u
ussa. c nâo oirtla, a razâc encontram sempre perto até que, depois do impor-
ri do nome rlo nosso grqui- da superfície peixes ou ou- tuno passar, voltam a gosar
pelago. tros animais marinhos que a quietude e o silêncio da
Eram essas aves princi uma certa faciiidade de imensidáo das águas, longe
palmente pardelas e outras mergulhar lhes permite da perseguiçao do homens.
Procellaiirdae, Íamília re- apanhar sem custo. Porque os homens são
presentada actualmente As vezes vêem-se ban- realmente os seus maio-
pelos cagarros. que são. dos de milhares de cagar- res inimigos. Abatem-nos
sem dúvida, ainda hoje a ros, acompanhando cardu- sem piedade, onde quer
espécie mais abundante no mes de peixes persegui- que os apanhem, para lhes
arquipélago. O cagarro dos pelas espécies mais tirarem o azeite, para en-
( Puff ìnus kuhlii
borealis vorazes, volteando e mer- godo na pesca, e até pelo
Cory) e na realidade a ave gulhando num festim mo- simples prazer de os des-
marinha que melhor se numental. Outras vezes truir. Os ovos não esca-
acomoda aos recursos cobrem êsses bandos ex- pam. Eles bem procuram
cesta regrão. Planando em tensÕes enormes do mar, os buracos inacessíveis
candos enormes, rentes à gosando, pousados nas das rochas, os lugares onde
agua num voltear sereno e ondas, a serenidade dos o rapazio não possa ir in-
elegante, patinando de vez bons dias de verão. E, se comodá-los; mas as tra-
em quando sôbre as on- um navio se aproxima, êles ças do homem são tantas
:as (donde lhes veiu o levantam vôo, aos centos, que todcs os anos são
OS CAGARROS
(Continuação)

milhares de ovos que se caminhos ermos e escu- Para onde vão os cagar-
vão embora. Os rapazes ros das costas de qual- ros, quando nos abando-
atiram-nos mesmo uns aos quer das ilhas, raro é que nam, em Novembro? Não
outros por prazer. não se ouça mais agora ou está ainda averiguado. De
Tudo isto está, porém, mais logo o gunhau, gun- Agosto a Dezembro apa-
bem longe das hecatom- hau, gunhaaaau, anuncia- recêm êles nas costas
bes formidáveis de parde- dor da sua presença; grito orientais da América do
las, de que Íala Frutuoso Íanhoso, cortando oom es- Norte dêsde Boston até ao
nas Saudades da Terra, tridêrrcia o silêncio da noite cabo Hatteras. E em Ja-
as quais tinham por fim mil vezes mais tétrico e neiro e Fevereiro? Con-
desinÍestar as ilhas des- evoca&rde almasò outro servam-se porventura no
sas aves consideradas mundo, de que o inocente alto mar, em paragens orde
como um verdadeiro fla- piardo mocho. mais abundem os cardu-
gelo. Não está bem averi- A gente do povo acredita mes de peixe, pois perto
guado que espÉcie Íossem que os cagarros não vêem das costas ainda niguém
as pardelas - tão Íeroz- de dia. Na realidade, guan- deu Íé deles.
mente perseguidas que até do uma das pobres aves Não dispende o cagarro
a maldição de um bispo foi cai nas mãos dos Íapazes, grande trabalho na prePa-
obtida para elas - mas não podem deixá-la à vontade raçáo do ninho; serve-lhe
resta dúvida que, ou eram no solo que ela não levan- um buraco, em lugar pou-
os actuais cagarros, con- ta vôo. A razâo é que o co acessível, para pôr um
hecidos então por outro cagarro, tendo as patas ovo único, que o macho e
nome, ou mais provavel- inseridas muito atrás, não a fêmea vão incubando al-
mente, os Írulhos (Puffi- pode caminharde pÉ, como ternadamente. Os filhos
nus, puffinus puff inus as gaivotas, e desloca-se são alimentados com
Brünn), espécie pouco co- arrastando-se. Para levan- grande carinho pelos pais
mum hoje no arquipélago, tar vôo, quando pousado e, com a sua penugem
talÍoia dizimação que so- no mar, auxilia-se das patas ouriçada, aparentam um
Íreu. para patinar sobre as águas volume enorme. Descas-
Os cagarros náo perma- até tomar embalagem. cados quási sempre antes
necem todo o ano nos ma- Mas, se está em terra, isso do fim de Junho estão já
res dos Açôres. No fim do torna-se mais difícile tem aptos a acompanharem os
outono desaparecem, es- de rojar-se porum proces- pais na emigração de
tando as aves novas já so parecido, bateras asas Novembro.
aptas a longos vôos. Mas, e só levantar vôo quando Angra, Maio de 1934
I
em Íins de Fevereiro ou dispuser duma pista de
i
I começos de Março, per- certa extensão, como um (in "INSULA")
i

pela noite os aeroplano.


ocorrendo-se
ENERGIA - um tema de Educação Ambiental
(Conclusão)
II - VARIOS TIPOS DE ACTIVIDADES:
RpLrcRcÕEs no teuR EruEncrn
As diversas abordagens educacionais
ou técnicas que se mencionaram tradu-
zem-se - com Írequência em combina-
çÕes - nas actividades do grupo de pro-
Íessores-alunos; por sua vez, estas ac-
tividades são tomadas como aspectos
especíÍìcos de alguns topicos referidos
atrás, nomeadamente, o estudo de casos
(locais) e as activìdades aplicadas no
terreno (trabalho de campo).
Relativamente à energia, como tema
pluridisciplinar e na perspectiva da Edu-
cação Ambiental, as actividades possíveis
são inúmeras e de diÍícil classiÍicação. Por Íia Humana e Economia. Este tipo de análise ba
conseguinte, as divisões que se têm estabe- seia-se, assim, no estudo de indicadores es-
lecido não reÍlectem, então, separações muito
tatísticos, muitos deles extraÍdos de escalas
Íormais especialmente ao nível das activida- nacionais ou numa base regional. Nesta linha,
des globais. indica-se, seguidamente, um roteiro que pode
1. Análise e reÍlexões acerca do ambiente
ter interesse nesta análise:
com apoio de documentos (1) um mero exame da distribuição dos níveis
Este tipo de actividade surge nas Íases de consumo, sector por sector, escolha destes
iniciais dos projectos de Educação Ambien-
sectores, etc. pode conduzir a reÍlexÕes interes-
tal, em especial quando ocorre a escolha de
santes;
um tema, de estudos Íundamentais ou, nou- (2) é possível obter uma avaliação de vários
tro plano, a opção de recursos no decorrer de
tipos de consumos directos e indirectos. em
uma actividade.
cada sector, consultando dados estatÍsticos sobre
Para além da análise do ambiente e da
a rede energética do país ou da região;
identificação de problemas in situ, é acon- (3) algumas Íiguras também Íornecem uma
selhável, por vezes, a reflexão em tópicos es-
visão equilibrada da operação do sistema nacio-
pecíÍicos essencialmente de ordem concep-
nal ou regional de energia, mostrando como os
tual. No entanto, isto não constitui a maior recursos estão ligados aos vários sectores e
prioridade da Educação Ambiental. Neste caso,
quais as perdas que se veriÍicam (vide, Íig. l ); a
é mais importante uma escolha judiciosa de pesquisa para as origens destas perdas é um
documentos ou textos que Íacilitem discus-
exercício que, por um lado, fornece uma visão
sões, capazes de ilustrar certos conceitos da palpável das consequências ou dos constrangi-
maneira mais clara possível.
mentos inevitáveis das leis da termodinâmica e,
Dar-se-áo, de seguida e a título meramente por outro, possibilita a aquisição de conheci-
exempliÍicativo, alguns tipos destes procedi-
mentos sobre métodos de controlo de energia
mentos.
mediante operações económicas.
1 .1 . Análise de dados estatÍsticos No trabalho de campo alguns esquemas me-
económicos
recem um exame mais detalhado. De qualquer
Reservados para os anos mais avançados
modo, pode representar-se o Íluxo energético
ou Íamiliarizados com problemas de Geoora-
de um país industrializado, desde as diversas e
ENERGIA - um tema de Educação Ambiental
possÍveÍs Íontes até ao consumo e perdas,
postas. Neste quadro, a discussão por motivo
pela figura abaixo. de valores utópicos não será excluída.
2. Análise de situações ambientais concre-
FLUxo ENEFGÉTlco DE ull plís tNDUsrRtALtzADo
tas e a oesouisa de dados
Os inquéritos e as entrevis-
íLvxO íNERC6TILA W vk PAts rND!\ÍaEauzara tas estabelecem-se ao nível de
F observaçáo no terreno facilitan-
o
do, aos alunos, a percepção di-
Ìr recla das realidades; revelam
I entretanto, as diÍiculdades da
a colheita de dados mesmo antes
da sua interpretação.
De seguida, mencionam-se
algumas vias de aproximação a
estas análises e pesquisas.
2.1 . Como se pode estabele-
cer a ouota de consumo indivi-
dual de energia?
(Adaptado dê Oeleage, J. P. e Souchon, C., 1986)
Este é um exercÍcio extremamente vantajo-
so como tentativa de avaliar, apesar de aproxi-
Alguns conceitos como perda de energia madamente, a quota de consumo energético
(energia, limitações impostas pelas leis da ter- do aluno, sua Íamília ou da sua escola, para
modinâmica...) e energia útil são Íacilmente in- além do estabelecimento de ligações entre o
troduzidos e discutidos com a aiuda de mate- modo de vida dos alunos, dos seus comporta-
rìais daquela índole. mentos e gastos. Para tal podem contribuir di-
1.2. Análise de textos versos tipos de dados:
Os textos podem servir como bases para dis- (1 ) aqueles que aÍectam cada um na sua
cussÕes conducentes à elucidação de concei- própria casa - conta do gás, da electricidade,
tos como entropia, energia acessível e uti- taxa de potência e duração em termos de uso,
lizável ou, então, reÍerirem-se a problemas de dos electrodomésticos; consumo de gasolina
economia de energia numa relação prospecti- do carro da famÍlia, quantidade de gás (garra-
va entre energia e sociedade. A partir deles, Ías) ou electricidade consumida (Kw)... Os
outras actividades de campo surgirão espe- alunos devem ser encorajados a Íazer o seu
cialmente se se tentar quantiÍicar os eÍeitos de próprio inquérito em casa ou a consultar q
mudanças Íuturas em comportamentos indivi- cheÍe de Íamília;
duais e colectivos (por ex.: diÍerentes escolhas (2) aqueles que podem ser vistos numa bi-
políticas ou economicas) nomeadamente em blioteca em relação a áreas prioritárias de con-
relação a: economia de energia, métodos al- sumo - a) Ìransportes - gastos energéticos em
ternativos de procura de energia, outros méto- cada Km percorrido por um avião.../passagei-
dos de gestão, todos os métodos ou bens que ro; b) comunicação em geral - diÍerença em
condicionam os custos indirectos de energia, custos energéticos entre uma chamada te-
os quais poÍ sua vez, inÍluenciam os custos de leÍónica de 30 Km e a mesma distância percor-
operação. rida num carro;hAbilagjãe - gastos energéticos
Este tipo de abordagem conduzirá, inevita- resultantes do tÍansporte de materiais, média
velmente, a discussÕes críticas, por exemplo, dos gastos energéticos segundo o tipo de
das oportunidades de sucesso de certas pro- habitação;
6
(Continuação)

(3) estatísticos nacionais que possibilitam captura do calor solar;


calcular os bens de consumo por sector e por radiação solar - luz e calor;
indivíduo; as discussÕes chamariam a atenção chuva e/ou neve.
para a natureza imperÍeita dos resultados dos As casas sáo um dos meios mais antigos de
quadros construÍdos porque a idade, a posição utilização racional de energia, embora esle
sócio-proÍissional e o comportamento influen- Íacto não apareça sempre de modo consciente
ciam, fortemente, o consumo eneroético indivi- ou explícito. Na verdade, a protecçáo contra os
dual.
2.2. Análise de um dado ambiente -
habitação e condições climaticas-
Pode também tentar-se avaliar o con-
sumo energético de uma dada comuni-
dade e analisar o modo como essa
comunidade poupa recursos energéti-
cos. A maior dificuldade reside na col-
heita de dados em Íontes mais ou me-
nos acessíveis e cooperativas (serviços
municipais, empresas de electricidade,
etc.)
Algumas abordagens são Íeitas so-
mente com o intuito de consultar docu-
mentos proÍissionais relevantes. Este é
o caso das relações entre condições
climáticas e habitacionais. estados do tempo e a economização de recur-
Todas as sociedades, mesmo que não usem, sos energéticos representa o valor do "abrigo"
correntemente, vectores energéticos soÍistica- nesta perspectiva mais ou menos empírica.
dos, têm sempre em atençáo as condiçóes Assim, muitas actividades educacionais podem
climáticas envolventes, quer seja para se aulo- ser projectadas com base numa análise dos
protegerem dos estados do tempo quer para seguintes aspectos urbanísticos e arqui-
aproveitar os elementos do clima (temperatu- tectónicos:
ra, luz, vento). A chamada arquitectura bio- - disposição das localidades (cidades, Íre-
climática está relacionada com estes conside- guesias) na paisagem;
randos e abrange a maneira como são cons- - tipo de ediÍicação e disposição (aglomera-
truÍdos os ediÍícios com vista ao aproveitamen- da, dispersa..)
to do sol em climas Írios e temperados, ou - tamanho das estradas e tipo de vegetaçâo;
ainda, a maneira como receber correntes de ar - tipo e cor dos materiais das habitações, ta-
Írio em climas quentes e inóspitos. manho e posição das portas e janelas;
Por razÕes de simpliÍicação podemos consi- - a planta e a organização da casa;
derar que as adaptaçÕes às mndi@es climáticas - as necessidades do orçamento energético
têm estreita relação com as potencialidades doméstico.
dos seguintes elementos de clima: Apesar de certos casos serem bem publicita-
vento - protecção contra o vento ou uso do dos com um carácter espectacular, eles não
vento como meio de arreÍeciento: ocorrem, obrigatoriamente, no ambiente dos
temperatura - relação com a insolaçáo, ar- alunos. Deste modo, o professor deve procurar
mazenamento de calor, reÍrigeração, pesqui- usar uma técnica analítica enraizada no am-
sas para saber o melhor posicionamento da biente envolvente e quotidiano dos alunos o
(Continuação)

qual é muitas vezes uma cidade monÓtona, Quando as actividades representam o resul-
aparentemente, desprovida de qualquer inter- tado de uma reÍlexão séria elas são precedidas
esse. Permita-se, igualmente, descobertas ge- duma abordagem de tipo experimental com
nuínas nesta descrição da abordagem bio- testes, medições apropriadas e avaliação dos
climática, nem sempre utilizada de modo claro, resultados. No entanto, convém realçar que a
oossibilitando o estudo crítico das suas Íalhas. necessidade de experimentação deve surgir
2.3. Persoectiva do balanco energético por de um modo mais espontâneo do que imposto'
análise eco-energética Quer dizer, a premência da experimentaçáo
Este tioo de análise está ainda numa Íase emergirá dos alunos quando eles se depara-
muito incipiente mas náo deve ser ignorada ou rem com um problema concreto ou com uma
despiciada pelos educadores. De Íacto, conhe- diÍiculdade analítica estabelecida, por exem-
cem-se tentativas encoraiadoras nesta direc- plo, com conexões evidentes entre conceitos
ção. Porém, esta análise só é conveniente Íísicos e a realidade quotidiana. E uma pers-
para os anos terminais do ensino secundário, pectiva algo distante da experimentação pa-
em particular, se o proÍessor pretende introdu- tente em muitos livros e compêndios cujo ob-
zir uma dimensão quantitativa. lectlvo representa o estabelecimento, a de-
Este método permite o trabalho - a um nível monstração, ou a ilustração de conceitos básicos
local - iniciado a partir de dados adquiridos e leis Íundamentais mais orientados para a
mediante inquéritos ou questionários o que é, identiÍicação de expressões quantiÍicáveis ou
inteiramente, congruente com a dinâmica da mensuráveis do que para as legítimas expec-
Educaçáo Ambiental. Além disso, Íacilita a tativas de proÍessores e alunos. Tendo em
recolha de dados estatísticos econÓmicos conta estas preocupações, na próxima edição'
expressivos para o balanço energético de um daremos algumas indicações para o proÍessor
paÍs ou região como um todo. Na prática, a e dois roteiros de actividades para alunos rela-
análise eco-energética impôe que se atenda tivos ao tema em título e consonantes com o
às seguintes etapas: modelo conceptual que se procurou delinear.
- deÍinição e delimitação do sistema descrito
aclma; JOSÉ CONTENTE
- colheita dos dados necessários; (Mestrando em Metodologia do Ensino das Ciências
- tratamento destes dados com vista a obter no Dep. Educ. Faculdade de Ciências - Univers' Lis-
uma expressão matemática da energia envol- boa)
vida;
BIBLIOGRAFIA
- análise dos resultados e seu uso subse- Bienvenu, C. (19s1). Vous avez dit éneíoie? Paris: Ed
quente na Íeitura de propostas (aperÍeiçoa- Blain, F. (1982).

mento de métodos produtivos, planos de de- BoÍdas (Eds.) (1981). télelgle. Ed. Bordas
Clarke, R. (1982). Moíe thân enouoh? An ooÌimistic assessrent oí
senvolvimento, etc.). gqdçl3geÍgy- Sextant l. Paris: Uneso.
Em suma, tudo o que isto abrange são acti- Colas, R. (1981). llilelgie. sbries "Papa dis mi... qu'est-@ que
c'est.. Paris: OphÍys.
vidades de Educação Ambiental às quais se Content€, J. (1 990)
Da. produzido paÍa o MestÍando €m
devem seguir tentativas para comunicar os aos têmas EnêÍoia - Ambiênte-
Educ. (MeÌod. l)
resultados aos colegas ou à comunidade. Usboa: Deg. Educ. Fac. Ciências-Univ. Lisboa (No pí€lo).
Oeleage, J.P. e Souchon, C. (1986)
ilr - coNsrDERAçÕES FINAIS themê íoÍ ênviíonmental êducacion Envircnmental Edu€üon Series
1 1 . Une$o
Em Educação Ambiental a escolha do tema
Division oÍ Science, Teclnical aÍìd EnviÍonrenlal Ed@tion.
Energia conduz, no geral, às actividades práticas ceorgescu Roegen, N. (1 979). DenaroJilü{gdssançg;-.eüclle.
écologie économie- Lausnne: Ed. Favre.
o que, aliás, deveria ser um dos objectivos GeÍondeau, C. (1984). télgÍCiÊìlÊyq!ÍlÍg- PaÍis: Lanes.
prioritários dos proÍessores. Passet, R. (1979). LéCaOQniCufflugJiyAOL Paris: PayoÌ.
Poslhuru, F. (1978)
Como já aludi-
mos, diversas 1-':
espécies de \/
perxes rareiam ou
quase desapare-
ceram da costa
europeia, incluin-
do a de Portugal
continental, devi-
do aos exageros
dos caçadores
submarinos.
Uma das espÉ.
cies nesta situa-
çãoeomero(Epi-
nephelus guaza),
muito estupida-
mente uma das
presas favoritas dos caça- valor estético e biológico em populações ictiologicas
dores submarinos. Trata-se inestimável. litorais.
de uma espécie sedentária Ainda no Verão de 1982 Nas suas águas existem
que atinge grandes dimen- fomos testemunhas na Gra- igualrnenb e ainda em ahtn-
sóes e que não Íoge dos ciosa de mortandades de dância, muitos outros orga-
nergulhadores, se estes náo centenas de quilos de peixe nismos, algas e invertebra-
Íorem agressivos. Acaba por - muilos meros incluídos - dos, de grande interesse,
vircomerà mão e deixar-se por parte de caçadores sub- nomeadamente do aspec-
acariciar se tivermos um marinos estrangeiros... que to biogeográfico. Com efei-
mínimo de paciência para vendiam o peixe a seguir. to, nos povoamentos lito-
habituar o animal à nossa Foram muito tardiamente rais bentónicos, além da
presença. Constitui, assim, apanhados pelas autorida- componente lusitânica
um dos espectáculos su- des. Neste momento está (atlanto-medite rrânica)
marinos mais atraentes nas já em vigoruma disposição encontram-se esçÉcies com
nossas águas. legalque proibe a caça de aÍinidades afro-tropicais e
Nos Açores os meros ain- meros, medida, no entanto, americanas.
da são abundantes. Além muito tímida para assegu-
de E. guaza encontramos rar a protecção integral da Luiz Saldanha
ainda outra espécie: Epine- espécie, uma vez que os
phelus alexandrinus. No pescadores profissionais (ProÍ. Catedrático da Facul-
enlanto, se não se toma- continuam a capturá-la. E dade de Ciências de Lisboa)
rem rapidamente as medi- preciso dizer que os Açores
das urgents que se impôem, conslituem sem dúvida, a
veremos, mais uma vez, de- nível do Atlântico norte (in .Mundo Vive" ne B/1988)
saparecer um património de europeu, a regíão mais rica
LITORAL

: Nos Açores, mais do que


em regióes conlinentais, o
litoral foi local previligiado
Bara a instalação da maio-
ria dos aglomerados poPu-
lacionais e é tamhÉm a zona
da maior concentraçáo de
recursos.
A crescente pressão hu-
mana e urbana, a que o
litoraldo Concelho de Pon-
ta Delgada tem vindo a ser
sujeilo, origina prob:lemas cienamento das zon;ìs ti't restaurantes.
ambientais resultantes de ieriores adiacentes. Ëspecial tratarneÍ.ito de-
r:ma inadequaeja gestáo dos Para o iitoral, subscreve- veráo merecer os dois sítios
resíduos criados, iluer mos os seguintes princíPios, cclsteiros, do conl*rllto de
solidos quer â ní.,,e1 clas defendidos pelo arquilecto Ponta Delgada, inclt.tidos no
ágiras residuais, teilt leva- dos Reis Gomes:
.Jcãc'r Projecto Biótopos clo Pro-
do à ilegradaçáo do pa- I - Oposiçáo ao cresci- grama CORINE, das Co-
ir iinorrio cultural e ltistr.lrica inerrto dc estradas trrargt- rnu nidad es E rl ro Peias:

ei poderá vir a degradar, ir- rrais; ç6s1sw" (185


,,fu'losteiros u

reversivelmente, o pa- 2 - O Acesso ao litoralde- fìa) e ,,Rostu 6o çiç1" {53


trimonio genético. verá fazer-se a partir de uma ha). Muito cuidaelo deverá
Deslruido que está, com via interior; merecer, de futuro, o vulcão
o prolongamento da cha- 3-Contrariarocresci- das Camarinhas, nos Gine-
mada avenida marginal, o mento de urbanizações com tes, a zona de ecossiste-
ultimo perfil marÍtimo origi- desenvolvimento paralelo à mas cosleiros melhor con-
nalda anÌiga cidade imPor- COSIA; servada na ilha de S. Miguel
ta tomar medidas que vi- 4 - Em cada urbanizaçâo (Le Grand, 1982).
sem a protecção do litoral costeira a Írente de mar de-
do concelho, através de um verá ser suÍicientemente (Extracto do "Memorando"
adequado planeamento que baixa para diminuir o im- entregue ao Presidente da
deverá incluir projectos glo- pacto no ambiente natural; Câmara de P. Delgada no
bais de intervençáo, com a 5 - As conslruçóes mais passado dia 22 de Abril - Dia
definição das áreas desti- oróximas do mar deverão da Terra)
nadas aos mais diversos fins ser apoios públicos: primei-
a ser acompanhado do or- ros socorros, balneários e

rt)
Tritão de Crista Poluição diminui
nas Ílorestas europeias
O Núcleo de S. Miguel da Associaçáo Portugue-
sa de Aquariófilos identificou a presença, em S.
Miguel, nas lagoas do Congro e do Fogo, de alguns Um relatório elaborado pela Comissão Europeia
exemplares do tritão de crista (triturus cristatus). sobre o estado das florestas nos Estados-membros
ïratando-se de uma espécie ameaçadade extin- constata uma certa melhoria apÓs três anos de apli-
çáo, aquele núcleo propõe que sejam tomadas me- cação do regulamento comunitário relativo à luta
didas urgentes de investigação sobre o desenvolvi- contra a poluição atmosÍérica. Com eÍeito, apesar
mento e reprodução desta espécie. do relatório revelar que uma proporçáo considerável
Contacto: APA/Núcleo de S. Miguel, Rua Arcanjo
das florestas dos Doze se encontra doente, as ob-
Lar de Baixo, 5 - 9500 PONTA DELGADA
servações efectuadas em 1989 registaram a exis-
tência de 9,9 por cento de árvores atingidas por uma
Iriturus crlstatus
desÍolhação superior a25porcento, contra 14,3 por
cento em 1 987 e 1 0,2 por cento em 1 988. A degra-
dação das conÍferas é ligeiramente mais marcada
do que das outras árvores, apesar de as diÍerenças
seÍem pouco importantes; quanto às causas da de-
teÍioração, os esÌudos revelaram que a polução, no-
meadamente a atmosÍérica, tem a responsabili-
dade principal no empobrecimento do património
Ílorestal europeu.

(in
"TELEX 12", na 86, 17/07191)
i. ì,r .le ('rista

O Movimento Greenpeace acusou, no início do ano em curso, o Governo de França de


contaminar as águas do PacíÍico, através das experiências nucleares subterrâneas que há vários
anos decorrem no atol de Mururoa.
Da amostragem recolhida pelo navio "Rainbow Warrior" foram identificados no plâncton
isótopos de césio-134 e de cobalto-60, dois produtos claramente relacionados com explosões de
armas nucleares.

ENDEREÇ.OS:
CORRESPON DÊNC IA: APARTADO 29
95OO PONTA DELGADA
SEDE: Av.da Paz, 14 (Edifício da Junta de Freguesia)
Pico da Pedra
9600 RIBEIRA GRANDE
CONTACTOS TELEFONICOS: 91774 (Teótito Braga)
31820 (George Hayes)
27 245 (Gualler Cordeiro)

l1
HUil4oR

;_ _.'+....od"",
P"- '_ :*]'
'H i,ì'',.''.:
"__
: t'"

: .' tr:
ì ,.'l:. -

i.r*-rt
:

ì :
l ,/ "ì

f.."j
i

,5:961 A t T96T

Este Boletim foi editado com o aooio da


Direcção Regional do Ambiente - SRTA

You might also like