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N! 5 BOLETIM DOS AMIGOS DOS AÇORES r/ ASSOCTAÇÃO ECOLOGTCA JAN. / MAR 1991
- Os Cagarros
- Litoral
PLANO DE ACTIVIDADES PARA 1991
Editorial
qu.e vive é um dos ob-
O respeito do seÍ humano por sì e pelo meio-em
na reatização de diÍerentes acções de
leciivos'da eoucação Ambiental. E
eoucaçÃo LOucaçao Ambiental, sobretudo a aprendizagemll{i3nte a
AçORES para
pesquisa de
1991 '
ãtpo, a grande aposta dos AMIGOS DOS
AMBIENTAL Por motivos diversos, nem todos os projectos previstos no
Plano de
chega-
Actividades para 19q) Íoram lotalmente realizados e outros nem
para além da manutençáo do Jardim de Flora
ram a iniciar-se. Assim,
A Educação Ambiental lndígena, transilam para o ano de 1 991 o Inventár^h das
qrlljas-NaluÍais
tem como objectivo funda-
mental envolver o cidadão
Ëã;;;ã8il-eniecoronet Jo.sé Agosrinho.(caílalf nédirasì e Base de
na problemática da sua (e Fauna ornitolÓqi99 e,Gruta dos Açores'
õããã! sobãFlora Indígena.
dos seus descendentes) Oas outras actividades projectadas paÍa 1991 , deslacamos
a realiza-
qualidade de vida actual e do prolecto Conhecer paia Proteqer, constituídopoí um conjunto de
ção
interesse para
futura (Oliveira, 1 989). uisiras àe éstuOo a Reservas Naturais e a outros locais de
a conservação da Natureza, a participação no P4iectg-Qoastwatch-Eu=
Embora diga respeito a
iàp" gr e ã edição de uma biochura sobre Educação Ambiental e a
todos, é sobreiudo junto PÍoblemálica EneÍgética.
dos mais jovens que deve- O cr.t" ot"l doJ projectos eslima-se em 2 434 contos'
estando já ga-
Não são as ilhas dos nome de peÍrels, aves q ue dão voltas sôbre voltas,
Açores presentemente imitam S. Pedro, camin- sempre serenamente e
meio muito apto a um lar- hando sôbre as águas), sem ruído, rentes ao mar,
go desenvolvimento das
aves marinhas, embora
digam os antigos cronis-
tas que os primeiros po-
voadores acharam aqui
tantas delas, e tão man-
sas. que vinham às mãos
como açôres. Baseados
numa passagem da inscri-
ção que se encontra no
celebre globo de Martim
de Behairn. já aventámos
a hinÁioca
a | ilPvrs)Ç uu '.ìuu Ía-e.'
r{o nrro tLrJ>u
ussa. c nâo oirtla, a razâc encontram sempre perto até que, depois do impor-
ri do nome rlo nosso grqui- da superfície peixes ou ou- tuno passar, voltam a gosar
pelago. tros animais marinhos que a quietude e o silêncio da
Eram essas aves princi uma certa faciiidade de imensidáo das águas, longe
palmente pardelas e outras mergulhar lhes permite da perseguiçao do homens.
Procellaiirdae, Íamília re- apanhar sem custo. Porque os homens são
presentada actualmente As vezes vêem-se ban- realmente os seus maio-
pelos cagarros. que são. dos de milhares de cagar- res inimigos. Abatem-nos
sem dúvida, ainda hoje a ros, acompanhando cardu- sem piedade, onde quer
espécie mais abundante no mes de peixes persegui- que os apanhem, para lhes
arquipélago. O cagarro dos pelas espécies mais tirarem o azeite, para en-
( Puff ìnus kuhlii
borealis vorazes, volteando e mer- godo na pesca, e até pelo
Cory) e na realidade a ave gulhando num festim mo- simples prazer de os des-
marinha que melhor se numental. Outras vezes truir. Os ovos não esca-
acomoda aos recursos cobrem êsses bandos ex- pam. Eles bem procuram
cesta regrão. Planando em tensÕes enormes do mar, os buracos inacessíveis
candos enormes, rentes à gosando, pousados nas das rochas, os lugares onde
agua num voltear sereno e ondas, a serenidade dos o rapazio não possa ir in-
elegante, patinando de vez bons dias de verão. E, se comodá-los; mas as tra-
em quando sôbre as on- um navio se aproxima, êles ças do homem são tantas
:as (donde lhes veiu o levantam vôo, aos centos, que todcs os anos são
OS CAGARROS
(Continuação)
milhares de ovos que se caminhos ermos e escu- Para onde vão os cagar-
vão embora. Os rapazes ros das costas de qual- ros, quando nos abando-
atiram-nos mesmo uns aos quer das ilhas, raro é que nam, em Novembro? Não
outros por prazer. não se ouça mais agora ou está ainda averiguado. De
Tudo isto está, porém, mais logo o gunhau, gun- Agosto a Dezembro apa-
bem longe das hecatom- hau, gunhaaaau, anuncia- recêm êles nas costas
bes formidáveis de parde- dor da sua presença; grito orientais da América do
las, de que Íala Frutuoso Íanhoso, cortando oom es- Norte dêsde Boston até ao
nas Saudades da Terra, tridêrrcia o silêncio da noite cabo Hatteras. E em Ja-
as quais tinham por fim mil vezes mais tétrico e neiro e Fevereiro? Con-
desinÍestar as ilhas des- evoca&rde almasò outro servam-se porventura no
sas aves consideradas mundo, de que o inocente alto mar, em paragens orde
como um verdadeiro fla- piardo mocho. mais abundem os cardu-
gelo. Não está bem averi- A gente do povo acredita mes de peixe, pois perto
guado que espÉcie Íossem que os cagarros não vêem das costas ainda niguém
as pardelas - tão Íeroz- de dia. Na realidade, guan- deu Íé deles.
mente perseguidas que até do uma das pobres aves Não dispende o cagarro
a maldição de um bispo foi cai nas mãos dos Íapazes, grande trabalho na prePa-
obtida para elas - mas não podem deixá-la à vontade raçáo do ninho; serve-lhe
resta dúvida que, ou eram no solo que ela não levan- um buraco, em lugar pou-
os actuais cagarros, con- ta vôo. A razâo é que o co acessível, para pôr um
hecidos então por outro cagarro, tendo as patas ovo único, que o macho e
nome, ou mais provavel- inseridas muito atrás, não a fêmea vão incubando al-
mente, os Írulhos (Puffi- pode caminharde pÉ, como ternadamente. Os filhos
nus, puffinus puff inus as gaivotas, e desloca-se são alimentados com
Brünn), espécie pouco co- arrastando-se. Para levan- grande carinho pelos pais
mum hoje no arquipélago, tar vôo, quando pousado e, com a sua penugem
talÍoia dizimação que so- no mar, auxilia-se das patas ouriçada, aparentam um
Íreu. para patinar sobre as águas volume enorme. Descas-
Os cagarros náo perma- até tomar embalagem. cados quási sempre antes
necem todo o ano nos ma- Mas, se está em terra, isso do fim de Junho estão já
res dos Açôres. No fim do torna-se mais difícile tem aptos a acompanharem os
outono desaparecem, es- de rojar-se porum proces- pais na emigração de
tando as aves novas já so parecido, bateras asas Novembro.
aptas a longos vôos. Mas, e só levantar vôo quando Angra, Maio de 1934
I
em Íins de Fevereiro ou dispuser duma pista de
i
I começos de Março, per- certa extensão, como um (in "INSULA")
i
qual é muitas vezes uma cidade monÓtona, Quando as actividades representam o resul-
aparentemente, desprovida de qualquer inter- tado de uma reÍlexão séria elas são precedidas
esse. Permita-se, igualmente, descobertas ge- duma abordagem de tipo experimental com
nuínas nesta descrição da abordagem bio- testes, medições apropriadas e avaliação dos
climática, nem sempre utilizada de modo claro, resultados. No entanto, convém realçar que a
oossibilitando o estudo crítico das suas Íalhas. necessidade de experimentação deve surgir
2.3. Persoectiva do balanco energético por de um modo mais espontâneo do que imposto'
análise eco-energética Quer dizer, a premência da experimentaçáo
Este tioo de análise está ainda numa Íase emergirá dos alunos quando eles se depara-
muito incipiente mas náo deve ser ignorada ou rem com um problema concreto ou com uma
despiciada pelos educadores. De Íacto, conhe- diÍiculdade analítica estabelecida, por exem-
cem-se tentativas encoraiadoras nesta direc- plo, com conexões evidentes entre conceitos
ção. Porém, esta análise só é conveniente Íísicos e a realidade quotidiana. E uma pers-
para os anos terminais do ensino secundário, pectiva algo distante da experimentação pa-
em particular, se o proÍessor pretende introdu- tente em muitos livros e compêndios cujo ob-
zir uma dimensão quantitativa. lectlvo representa o estabelecimento, a de-
Este método permite o trabalho - a um nível monstração, ou a ilustração de conceitos básicos
local - iniciado a partir de dados adquiridos e leis Íundamentais mais orientados para a
mediante inquéritos ou questionários o que é, identiÍicação de expressões quantiÍicáveis ou
inteiramente, congruente com a dinâmica da mensuráveis do que para as legítimas expec-
Educaçáo Ambiental. Além disso, Íacilita a tativas de proÍessores e alunos. Tendo em
recolha de dados estatísticos econÓmicos conta estas preocupações, na próxima edição'
expressivos para o balanço energético de um daremos algumas indicações para o proÍessor
paÍs ou região como um todo. Na prática, a e dois roteiros de actividades para alunos rela-
análise eco-energética impôe que se atenda tivos ao tema em título e consonantes com o
às seguintes etapas: modelo conceptual que se procurou delinear.
- deÍinição e delimitação do sistema descrito
aclma; JOSÉ CONTENTE
- colheita dos dados necessários; (Mestrando em Metodologia do Ensino das Ciências
- tratamento destes dados com vista a obter no Dep. Educ. Faculdade de Ciências - Univers' Lis-
uma expressão matemática da energia envol- boa)
vida;
BIBLIOGRAFIA
- análise dos resultados e seu uso subse- Bienvenu, C. (19s1). Vous avez dit éneíoie? Paris: Ed
quente na Íeitura de propostas (aperÍeiçoa- Blain, F. (1982).
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Clarke, R. (1982). Moíe thân enouoh? An ooÌimistic assessrent oí
senvolvimento, etc.). gqdçl3geÍgy- Sextant l. Paris: Uneso.
Em suma, tudo o que isto abrange são acti- Colas, R. (1981). llilelgie. sbries "Papa dis mi... qu'est-@ que
c'est.. Paris: OphÍys.
vidades de Educação Ambiental às quais se Content€, J. (1 990)
Da. produzido paÍa o MestÍando €m
devem seguir tentativas para comunicar os aos têmas EnêÍoia - Ambiênte-
Educ. (MeÌod. l)
resultados aos colegas ou à comunidade. Usboa: Deg. Educ. Fac. Ciências-Univ. Lisboa (No pí€lo).
Oeleage, J.P. e Souchon, C. (1986)
ilr - coNsrDERAçÕES FINAIS themê íoÍ ênviíonmental êducacion Envircnmental Edu€üon Series
1 1 . Une$o
Em Educação Ambiental a escolha do tema
Division oÍ Science, Teclnical aÍìd EnviÍonrenlal Ed@tion.
Energia conduz, no geral, às actividades práticas ceorgescu Roegen, N. (1 979). DenaroJilü{gdssançg;-.eüclle.
écologie économie- Lausnne: Ed. Favre.
o que, aliás, deveria ser um dos objectivos GeÍondeau, C. (1984). télgÍCiÊìlÊyq!ÍlÍg- PaÍis: Lanes.
prioritários dos proÍessores. Passet, R. (1979). LéCaOQniCufflugJiyAOL Paris: PayoÌ.
Poslhuru, F. (1978)
Como já aludi-
mos, diversas 1-':
espécies de \/
perxes rareiam ou
quase desapare-
ceram da costa
europeia, incluin-
do a de Portugal
continental, devi-
do aos exageros
dos caçadores
submarinos.
Uma das espÉ.
cies nesta situa-
çãoeomero(Epi-
nephelus guaza),
muito estupida-
mente uma das
presas favoritas dos caça- valor estético e biológico em populações ictiologicas
dores submarinos. Trata-se inestimável. litorais.
de uma espécie sedentária Ainda no Verão de 1982 Nas suas águas existem
que atinge grandes dimen- fomos testemunhas na Gra- igualrnenb e ainda em ahtn-
sóes e que não Íoge dos ciosa de mortandades de dância, muitos outros orga-
nergulhadores, se estes náo centenas de quilos de peixe nismos, algas e invertebra-
Íorem agressivos. Acaba por - muilos meros incluídos - dos, de grande interesse,
vircomerà mão e deixar-se por parte de caçadores sub- nomeadamente do aspec-
acariciar se tivermos um marinos estrangeiros... que to biogeográfico. Com efei-
mínimo de paciência para vendiam o peixe a seguir. to, nos povoamentos lito-
habituar o animal à nossa Foram muito tardiamente rais bentónicos, além da
presença. Constitui, assim, apanhados pelas autorida- componente lusitânica
um dos espectáculos su- des. Neste momento está (atlanto-medite rrânica)
marinos mais atraentes nas já em vigoruma disposição encontram-se esçÉcies com
nossas águas. legalque proibe a caça de aÍinidades afro-tropicais e
Nos Açores os meros ain- meros, medida, no entanto, americanas.
da são abundantes. Além muito tímida para assegu-
de E. guaza encontramos rar a protecção integral da Luiz Saldanha
ainda outra espécie: Epine- espécie, uma vez que os
phelus alexandrinus. No pescadores profissionais (ProÍ. Catedrático da Facul-
enlanto, se não se toma- continuam a capturá-la. E dade de Ciências de Lisboa)
rem rapidamente as medi- preciso dizer que os Açores
das urgents que se impôem, conslituem sem dúvida, a
veremos, mais uma vez, de- nível do Atlântico norte (in .Mundo Vive" ne B/1988)
saparecer um património de europeu, a regíão mais rica
LITORAL
rt)
Tritão de Crista Poluição diminui
nas Ílorestas europeias
O Núcleo de S. Miguel da Associaçáo Portugue-
sa de Aquariófilos identificou a presença, em S.
Miguel, nas lagoas do Congro e do Fogo, de alguns Um relatório elaborado pela Comissão Europeia
exemplares do tritão de crista (triturus cristatus). sobre o estado das florestas nos Estados-membros
ïratando-se de uma espécie ameaçadade extin- constata uma certa melhoria apÓs três anos de apli-
çáo, aquele núcleo propõe que sejam tomadas me- cação do regulamento comunitário relativo à luta
didas urgentes de investigação sobre o desenvolvi- contra a poluição atmosÍérica. Com eÍeito, apesar
mento e reprodução desta espécie. do relatório revelar que uma proporçáo considerável
Contacto: APA/Núcleo de S. Miguel, Rua Arcanjo
das florestas dos Doze se encontra doente, as ob-
Lar de Baixo, 5 - 9500 PONTA DELGADA
servações efectuadas em 1989 registaram a exis-
tência de 9,9 por cento de árvores atingidas por uma
Iriturus crlstatus
desÍolhação superior a25porcento, contra 14,3 por
cento em 1 987 e 1 0,2 por cento em 1 988. A degra-
dação das conÍferas é ligeiramente mais marcada
do que das outras árvores, apesar de as diÍerenças
seÍem pouco importantes; quanto às causas da de-
teÍioração, os esÌudos revelaram que a polução, no-
meadamente a atmosÍérica, tem a responsabili-
dade principal no empobrecimento do património
Ílorestal europeu.
(in
"TELEX 12", na 86, 17/07191)
i. ì,r .le ('rista
ENDEREÇ.OS:
CORRESPON DÊNC IA: APARTADO 29
95OO PONTA DELGADA
SEDE: Av.da Paz, 14 (Edifício da Junta de Freguesia)
Pico da Pedra
9600 RIBEIRA GRANDE
CONTACTOS TELEFONICOS: 91774 (Teótito Braga)
31820 (George Hayes)
27 245 (Gualler Cordeiro)
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