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SENADO FEDERAL

Consultoria de Orçamentos, Fiscalização e Controle - CONORF

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PLANOS E ORÇAMENTOS PÚBLICOS: Conceitos, Elementos Básicos e


Resumo dos Projetos de Leis do Plano Plurianual/2004-2007 e do Orçamento/2004

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Brasília, maio de 2004.


ÍNDICE
APRESENTAÇÃO ....................................................................... 3
I.ORÇAMENTO PÚBLICO.......................................................... 4
II. O MODELO ORÇAMENTÁRIO DA CONSTITUIÇÃO DE
1988: o Plano Plurianual, as Diretrizes Orçamentárias e o
Orçamento Anual ...................................................................... 5
III.O PROCESSO DE ELABORAÇÃO DO ORÇAMENTO
ANUAL E DO PLANO PLURIANUAL................................... 9
I.O PPA PARA O PERÍODO 2004 - 2007................................. 16
I.O ORÇAMENTO PARA O EXERCÍCIO DE 2004................. 20
1.1 AS RECEITAS..................................................................... 21
1.2AS DESPESAS.......................................................................23
1.1.1Despesa por Órgão .............................................................. 23
1.1.2Despesa por Função ............................................................ 24
1.1.3Despesa por Programas ....................................................... 25
1.1.1Despesa por Categoria Econômica e por Natureza.............. 26
I.O ORÇAMENTO DE INVESTIMENTO DAS EMPRESAS
ESTATAIS ..............................................................................28
II.AS AGÊNCIAS OFICIAIS DE FOMENTO............................28
III.RESULTADO ORÇAMENTÁRIO........................................ 28
IV.RESULTADOS PRIMÁRIO E NOMINAL........................... 29
I.A LEI COMPLEMENTAR N.º 101, DE 4 DE MAIO DE 2000 -
LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL...............................32
I.GLOSSÁRIO DE TERMOS ORÇAMENTÁRIOS.................. 34
I.Obras consultadas:..................................................................... 41
APRESENTAÇÃO
Esta cartilha é uma iniciativa da CONORF e tem por
objetivo trazer o orçamento público – e o universo que o
cerca – para perto de todos aqueles que, por dever de
ofício ou interesse intelectual, desejem familiarizar-se
neste tema.
Por essa razão, e tanto quanto possível,
procuramos seguir uma linguagem simples e direta, com
um mínimo de termos técnicos, apresentando os principais
conceitos e as diversas etapas que compõem o chamado
“processo orçamentário da União”. Ao final, apresentamos
também um glossário de termos técnicos para auxiliar a
leitura.
Como exemplos práticos, enfocamos os principais
aspectos dos Projetos de Leis do Plano Plurianual 2004-
2007 e do Orçamento da União para 2004.
Esperamos que a leitura deste texto seja proveitosa
e, ao mesmo tempo, agradecemos as sugestões e críticas
que possam contribuir para o seu aperfeiçoamento.
Maio 2004.
Consultoria de Orçamentos, Fiscalização e Controle
do Senado Federal – CONORF.
e-mail: CONORF@senado.gov.br

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como as estimativas das receitas previstas para
I.ORÇAMENTO PÚBLICO serem arrecadadas e que custearão aqueles gastos.

Todos nós, muitas vezes sem percebermos,


elaboramos em algum período de nossas vidas um
Como exemplos de despesas públicas, podemos
orçamento pessoal. Levantamos, um a um, nossos
citar os gastos com a manutenção dos órgãos
desejos de gastos com vestuário, alimentação,
(ministérios, autarquias etc.), com o sistema de
habitação, saúde, diversão etc., e somamos os
saúde, com a educação, com os investimentos, com
respectivos valores. Ao mesmo tempo, somamos a
o pagamento de juros e amortização da dívida
renda que esperamos receber com salário,
pública.
rendimentos financeiros, dividendos etc. e
confrontamos o total apurado com a nossa Como exemplos de receitas públicas, temos aquelas
estimativa de gastos. originadas dos tributos cobrados das pessoas e das
empresas, da exploração do patrimônio, da
Como um dos problemas básicos da sociedade
prestação de serviços etc. e aquelas que envolvem
consiste na limitação dos recursos frente às suas
a tomada de recursos de terceiros (empréstimos ou
necessidades, é bem possível que o nosso desejo
operações de créditos) e as derivadas da venda de
de realizar despesas seja superior às receitas que
ativos governamentais.
esperamos receber. Por essa razão, devemos
estabelecer um planejamento de nossos gastos, O orçamento público, juridicamente, materializa-se
onde elegemos as despesas prioritárias, ou seja, as numa lei ordinária, de validade anual, que exprime,
mais importantes a serem realizadas, deixando de em termos financeiros e técnicos, as decisões
lado, ou para outra oportunidade, aquelas que não políticas na alocação dos recursos públicos,
consideramos tão essenciais. estabelecendo as ações e programas prioritários
para atender às demandas da sociedade.
No caso do setor governamental, esse planejamento
é consubstanciado em lei e recebe o nome de Além de permitir o controle das finanças públicas,
orçamento público. Nessa lei são listadas, para um evitando que sejam realizados gastos não previstos,
determinado exercício, todas as despesas eleitas o orçamento público atua como instrumento da
como prioritárias pelos Poderes da República, bem programação de trabalho do governo como um todo,
e de cada um de seus órgãos em particular.
O orçamento público, e bem dizendo, as despesas dos recursos extraídos da sociedade que os
e as receitas nele contidas, afeta de várias maneiras financiam.
a vida dos cidadãos.
II. O MODELO ORÇAMENTÁRIO DA
CONSTITUIÇÃO DE 1988: o Plano
Do lado das despesas, verificamos que, Plurianual, as Diretrizes Orçamentárias
dependendo do tipo de gasto, pode-se estar e o Orçamento Anual
beneficiando mais um segmento social do que O texto constitucional promulgado em 1988 trouxe
outro. Por exemplo, os gastos com a saúde inovações significativas na sistemática de
atendem mais às camadas sociais de menor poder elaboração e de apreciação dos instrumentos que
aquisitivo do que às mais bem remuneradas, que compõem o chamado “modelo orçamentário”.
contam com planos de saúde particulares. O
mesmo pode-se dizer da educação pública O principal arcabouço legal do processo de
fundamental. planejamento e de orçamento está inscrito nos arts.
165 a 169 da Constituição Federal1 e tem como
Do lado das receitas, como elas advêm expoente formal três documentos interdependentes,
principalmente de tributos e contribuições, pode-se a saber: a Lei do Plano Plurianual (PPA), a Lei de
exigir maior esforço fiscal de uma classe social do Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei
que de outra. Por exemplo, o imposto de renda da Orçamentária Anual (LOA).
pessoa física, ao isentar da tributação os indivíduos
com renda mensal de até R$ 1.058,00, enquanto A preocupação central dos Constituintes de 88, ao
tributa os demais com taxa de até 27,5% sobre a aprovar essas normas, foi vincular os processos de
renda adicional recebida além desse limite, planejamento ao de orçamento.
desonera cerca de 80% dos trabalhadores Desse modo, foi determinado no art. 165, § 4º, da
assalariados dessa incidência. CF, que “...Os planos e programas nacionais,
Esses pequenos exemplos ressaltam a importância regionais e setoriais previstos nesta Constituição
da participação ativa de todos os cidadãos no serão elaborados em consonância com o plano
processo de elaboração orçamentária, pois é nele plurianual e apreciados pelo Congresso Nacional”.
que são definidas as prioridades de gastos e a fonte 1
Há ainda os arts. 145 a 162, que tratam do Sistema Tributário Nacional, e os
arts. 163 e 164, que tratam das finanças públicas, e que têm fortes reflexos
sobre a elaboração dos orçamentos.

5
Adicionalmente, o § 1º do art. 167, estabelece que O PPA veio substituir o antigo Orçamento Plurianual
“...Nenhum investimento cuja execução ultrapasse de Investimentos. Comparativamente ao seu
um exercício financeiro poderá ser iniciado sem antecessor, que abrangia apenas três exercícios, o
prévia inclusão no plano plurianual, ou sem lei que PPA apresenta, além do valor das despesas de
autorize a sua inclusão, sob pena de crime de capital (construção de edificações públicas, estradas
responsabilidade”. etc.), também as metas físicas a serem atingidas por
tipo de programa e ação, bem como lista as
A Lei do Plano Plurianual é uma lei ordinária,
despesas de duração continuada (e.g. benefícios
editada a cada quatro anos e, segundo dispõe o §
previdenciários), condicionando toda a programação
1º do art. 165 do texto constitucional,
do orçamento ao planejamento de longo prazo.
“...estabelecerá, de forma regionalizada, as
diretrizes, objetivos e metas da administração A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), por sua
pública federal para as despesas de capital e outras vez, é uma lei ordinária com validade apenas para
delas decorrentes e para as relativas aos um exercício. De acordo com o § 2º do art. 165 do
programas de duração continuada”. texto constitucional, a LDO “compreenderá as metas
e prioridades da administração pública federal,
A elaboração do projeto de lei do PPA inicia-se no
incluindo as despesas de capital para o exercício
Poder Executivo, sendo coordenado pela Secretaria
financeiro subseqüente, orientará a elaboração da
de Planejamento e Investimentos Estratégicos do
lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
da legislação tributária e estabelecerá a política de
(SPI/MPO).
aplicação das agências financeiras de fomento”.
Esse projeto deve ser enviado ao Congresso
Estabelece, assim, de forma antecipada, as
Nacional até 31 de agosto do primeiro ano de cada
diretrizes, as prioridades de gastos e as normas e
mandato presidencial e tem validade para um
parâmetros que devem orientar a elaboração do
período de quatro exercícios financeiros. A sua
projeto de lei orçamentária para o exercício seguinte
execução inicia-se no segundo ano do mandato
(e.g., lista de projetos prioritários, normas sobre
presidencial e encerra-se no primeiro ano do
convênios, fixação das metas de resultado primário,
mandato presidencial subseqüente.
relação dos riscos fiscais).
As prioridades e metas definidas pela LDO para os Orçamento e Gestão (MPO). A Secretaria do
programas e ações são apresentadas em anexo ao Tesouro Nacional (STN) do Ministério da Fazenda
texto legal, constituindo-se num detalhamento anual (MF) também colabora na feitura desse documento,
de metas estabelecidas no PPA e que foram principalmente nas questões relacionadas à dívida
selecionadas para constar do projeto de lei mobiliária federal e às normas sobre execução
orçamentária de cada exercício. orçamentária.
Com o advento da Lei de Responsabilidade Fiscal Cabe apontar que as normas de direito financeiro,
(LRF), a LDO passou também a conter dois Anexos baixadas pela Lei n.º 4320, de 1964, são ainda as
de extrema importância para orientar o governo e a que estabelecem as regras básicas de elaboração,
sociedade sobre a condução da política fiscal. Trata- execução e controle dos planos e orçamentos.
se do Anexo de Metas Fiscais, onde são Porém, face, principalmente, aos novos comandos
estabelecidos os resultados primários esperados orçamentários introduzidos pela Constituição de 88,
para os próximos exercícios, e que dão uma essa lei ficou desatualizada.
dimensão da austeridade dessa política; e o Anexo Assim, diante da ausência da lei complementar
de Riscos Fiscais, onde são enumerados os prevista no § 9.º do art. 165 da CF, que viria a
chamados passivos contingentes, ou seja, aquelas substituir a referida lei, a LDO tem exercido também
dívidas que ainda não estão contabilizadas como tal, o papel de suprir as lacunas e imperfeições legais
mas que, por decisão judicial, poderão vir a sobre a matéria, atuando de forma a compatibilizar
aumentar a dívida pública. as normas infra-constitucionais com as disposições
A elaboração do projeto da LDO inicia-se no Poder contidas no texto da Lei Maior.
Executivo e o projeto é encaminhado até 15 de abril
de cada ano ao Congresso Nacional, devendo por
este ser aprovado até 30 de junho, sob pena de não
se interromper o primeiro período da sessão
legislativa.
No Poder Executivo, o órgão que coordena a
elaboração desse projeto da LDO é a Secretaria de
Orçamento Federal (SOF) do Ministério de

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A Lei Orçamentária Anual (LOA) é igualmente uma O projeto de lei orçamentária deve ser enviado ao
lei ordinária com validade para cada exercício Congresso Nacional até 31 de agosto de cada ano,
fiscal.2 Consoante o § 5.º do art. 165 da e devolvido para sanção até o encerramento da
Constituição, essa lei deve conter três orçamentos: sessão legislativa. Sua elaboração é coordenada
o orçamento fiscal, o orçamento da seguridade pela Secretaria de Orçamento Federal do Ministério
social e o orçamento de investimento das empresas de Planejamento e Orçamento e Gestão (SOF/MPO)
estatais. que prepara a minuta da Mensagem Presidencial e
encaminha a proposta ao Congresso Nacional.
Os dois primeiros envolvem toda a programação de
gastos dos Poderes da União, seus fundos, Pela análise conjunta desses três instrumentos,
autarquias e fundações. Em suma, abrangem toda a depreende-se que a concepção do processo de
administração pública, direta e indireta. O planejamento e orçamento no Brasil confere ao
orçamento de investimentos das empresas estatais PPA, à LDO e à LOA uma atuação integrada, que
contém a previsão de investimentos das entidades pode ser assim resumida: o PPA estabelece o
em que a União, direta ou indiretamente, detenha a planejamento de longo prazo, por meio dos
maioria do capital social com direito a voto. programas e ações de governo, enquanto a LOA
fixa o planejamento de curto prazo, ou seja,
Os orçamentos fiscal e da seguridade social listam
materializa anualmente as ações e programas a
todos os gastos da União, como os destinados à
serem executados por meio de projetos, atividades e
manutenção da máquina pública, os desembolsos
operações especiais. À LDO, por sua vez, cabe o
com saúde, educação, defesa, estradas, portos,
papel de estabelecer a ligação entre esses dois
benefícios previdenciários, folha de pessoal, juros
instrumentos, destacando do PPA os investimentos
da dívida etc., bem como todas as receitas que são
e gastos prioritários que deverão compor a LOA, e
esperadas para serem arrecadadas.
definir as regras e normas que orientam a
elaboração da lei orçamentária que irá vigorar no
exercício seguinte ao da edição da LDO.
O diagrama a seguir ilustra o inter-relacionamento
entre os diversos instrumentos legais que compõem
o ordenamento jurídico dos planos e orçamentos.
2
A possibilidade de inscrição de empenhos de despesas como restos
a pagar num exercício seguinte estende um pouco a validade dessa lei.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL 1988 - SISTEMA
PLANEJAMENTO-ORÇAMENTO III.O PROCESSO DE ELABORAÇÃO DO
ORÇAMENTO ANUAL E DO PLANO PLURIANUAL

LEI COMPLEMENTAR DAS FINANÇAS PÚBLICAS O processo de elaboração do orçamento público


federal começa no Poder Executivo, com a
expedição das regras gerais pela Secretaria de
Orçamento Federal (SOF). O diagrama a seguir
ilustra esse trâmite.
PLANO PLURIANUAL - PPA
PROJETO DE LEI ORÇAMENTÁRIA
ELABORAÇÃO E APRECIAÇÃO

LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS - LDO


MOG(SOF)
PRES
REP
LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL

MINISTÉRIOS
(ÓRGÃOS
ORÇAMENTO ORÇAMENTO DA SETORIAIS)
ORÇAMENTO DE
FISCAL SEGURIDADE
INVESTIMENTO COMISSÃO
ELAB. AOFF/eEZSH MISTA
ORÇAMENTO

SUBCOMISSÕES
CONGRESSO NACIONAL

9
A meta de inflação, a taxa média de juros, a taxa
A partir disso, os órgãos setoriais (Ministérios da média de câmbio, a evolução da massa salarial, a
Educação, Saúde, Agricultura etc.) fazem o expectativa de crescimento real do PIB, o montante
levantamento das necessidades de gastos das do refinanciamento da dívida, o resultado primário
áreas que compõem cada ministério e apresentam desejado, entre outros, são parâmetros decisivos
suas propostas à SOF, a quem compete para a apresentação da proposta orçamentária.
compatibilizar as expectativas de gastos com o
Os cinco primeiros são estabelecidos pela
nível de receita que o governo espera arrecadar da
Secretaria de Política Econômica do Ministério da
sociedade. Os Poderes Legislativo e Judiciário
Fazenda e repassados à Secretaria da Receita
também elaboram suas propostas, dentro dos
Federal, para fazer as previsões de receitas, e à
parâmetros fixados pela LDO, e enviam-nas à SOF
SOF, para fixar alguns itens de receita.
para que sejam integradas ao projeto de lei do
orçamento. Em regra, procura-se fixar a despesa dentro do
montante esperado da receita. Porém, há situações
Não é tarefa fácil para a SOF definir os “grandes
que, a despeito da priorização de gastos, as
números” do orçamento. Embora a lei orçamentária
intenções de despesas não podem ser mais
deva ser contabilmente equilibrada, com receitas
comprimidas e o orçamento é elaborado prevendo
esperadas iguais às despesas fixadas3, por trás
deficit (despesas fixadas maiores que as receitas
dessa estrutura estão parâmetros que afetam a
que se espera arrecadar).
sociedade como um todo.
Nesses casos, para financiar o excesso de gasto, o
governo recorre a operações de crédito ou
empréstimos, junto à iniciativa privada nacional ou a
entidades estrangeiras. Esses empréstimos também
devem estar previstos na lei orçamentária, para
contrabalançar o excesso de despesa. Por essa
razão é que dizemos que o orçamento é sempre
contabilmente equilibrado.
3
Contabilmente o orçamento está sempre equilibrado, pois se as receitas
esperadas forem inferiores às despesas fixadas, e o governo resolver não Cabe aqui uma pequena digressão. Quando a
cortar gastos, a diferença deve ser coberta por operações de crédito que, por inflação era elevada, havia pouco controle sobre a
lei, devem também constar do orçamento.
real viabilidade financeira de execução da que fossem realizados contingenciamentos e/ou
programação de despesas fixadas nas leis cortes nas programações, visando assegurar o
orçamentárias. Com os preços em evolução equilíbrio desejado e evitar o endividamento
crescente, podia-se praticamente fixar qualquer desmesurado5.
valor de gasto que a inflação “dava um jeito”, ao Mais tarde, com o advento da LRF, diante da
corroer o valor real das dotações orçamentárias4. As possibilidade de existência de receitas de duvidosa
despesas eram executadas nominalmente e, assim, realização, o governo está obrigado a fazer
era transmitida a falsa sensação de que a contingenciamento de gastos para assegurar o
programação de gastos inicialmente aprovada era resultado primário fixado em lei. É evidente que, na
factível de realização. As receitas arrecadadas, por medida em que as dúvidas sobre a receita esperada
sua vez, eram substancialmente superiores às forem-se dissipando, o governo pode rever as
receitas estimadas, uma vez que o mecanismo de contingências das programações.
correção monetária permitia que acompanhassem o
comportamento crescente dos preços. Por meio de Transparece, assim, a necessidade de elaborar-se
créditos adicionais, financiados com o excesso de um orçamento realista, pois, em paralelo com as
arrecadação, o governo regulava o valor real de finanças pessoais, ninguém consegue financiar
cada dotação programada no orçamento. indefinidamente seus gastos à custa de tomadas
crescentes de empréstimos junto a terceiros.
Em um regime de economia estável, ficou patente a
dificuldade de equilibrarem-se as finanças públicas Porém, o esforço continuado em busca de um
no nível de gastos até então aprovado nas leis ajuste fiscal sustentado tem tido reflexos
orçamentárias. Como não havia mais inflação indesejados em outros setores, principalmente os
elevada para erodir o valor real das despesas, o investimentos, cujos gastos têm crescido em
resultado orçamentário previsto na lei passou a ter proporção inferior ao que a sociedade almeja. Isso
maior importância. Isso ficou claro quando, devido à ressalta como é grande a responsabilidade de todos
queda abrupta da inflação, o comportamento da 5
A estimativa das receitas do anoT é feita tomando por base a arrecadação do
arrecadação tributária nominal ficou abaixo da ano T-1, depurada das receitas extraordinárias, multiplicada pelos fatores que
incorporam as expectativas de crescimento real da economia, de evolução dos
estimativa da receita contida no orçamento, e exigiu preços e de alterações na legislação tributária. A receita do ano T, por sua vez,
é feita tomando-se como base a receita realizada até junho e embutindo uma
4
O valor real de uma dotação orçamentária é o seu valor nominal, ou contábil, estimativa para o restante do exercício, com base na expectativa de crescimento
deflacionado por um índice geral de preços. dos preços e produto até o final do ano.
11
na definição das metas de resultado primário e 21 Senadores e 63 Deputados, com igual número
como é difícil elaborar um orçamento em uma de suplentes.
sociedade carente de investimentos de infra- A forma constitucional prevista para a atuação do
estrutura básica e de ações na área social. Congresso Nacional, em sua participação na
Retornemos ao processo de elaboração do elaboração dos planos e orçamentos, dá-se por
orçamento. Uma vez concluída a proposta, esta é meio de emendas aos referidos projetos de lei.
encaminhada ao Presidente da República, Nos planos e orçamentos, os parlamentares, por
juntamente com uma Exposição de Motivos do meio das emendas, procuram aperfeiçoar a
Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, proposta encaminhada pelo Poder Executivo,
onde são apresentadas as perspectivas da visando a uma melhor alocação dos recursos
economia e das finanças públicas para o exercício públicos. Desse modo, identificam as localidades
referido. Estando de acordo, o Presidente da onde desejam que sejam executados os projetos ou
República remete-a, em forma de projeto de lei, ao inserem novas programações com o objetivo de
Congresso Nacional, por meio de Mensagem atender às demandas das comunidades que
Presidencial, até o dia 31 de agosto de cada ano. representam.
Como co-responsável e participante na elaboração
dos instrumentos de planejamento e orçamento,
cabe ao Congresso Nacional analisar e aprovar os As emendas parlamentares são sujeitas a
projetos de leis que compõem o processo restrições de diversas ordens. A norma
orçamentário. constitucional, conforme art. 166, § 3.º, estabelece
as regras fundamentais para a aprovação de
Os projetos relativos ao PPA, à LDO e à LOA são emendas parlamentares ao projeto de lei
apreciados conjuntamente pelas duas Casas do orçamentária anual, quais sejam:
Congresso Nacional, cabendo à Comissão Mista de
Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização - CMO I. não pode acarretar aumento na despesa total
- examinar e emitir parecer sobre os referidos do orçamento, a menos que sejam identificados
projetos, também em sessão conjunta. Essa omissões ou erros nas receitas, devidamente
Comissão é composta por 84 parlamentares, sendo comprovados;
II. é obrigatória a indicação dos recursos a serem De acordo com essa Resolução, cabe à CMO:
cancelados de outra programação, já que V. examinar e emitir parecer sobre os PLs do Plano
normalmente as emendas provocam a inserção Plurianual, Diretrizes Orçamentárias, Orçamento
ou o aumento de uma dotação; Anual, Créditos Adicionais7 e Extraordinários e
III. não pode ser objeto de cancelamento as Contas apresentadas pelo Poder Executivo, que
despesas com pessoal, benefícios incluirá, além das suas, as relativas aos outros
previdenciários, juros, transferências Poderes e ao Ministério Público (ao Tribunal de
constitucionais e amortização de dívida; Contas da União – TCU - cabe emitir parecer
prévio sobre essas contas);
IV. é obrigatória a compatibilidade da emenda
apresentada com as disposições do PPA e da VI. examinar e emitir parecer sobre os planos e
LDO. programas nacionais, regionais e setoriais;
Assim, ressalvado o caso de identificação de receita VII. examinar e emitir parecer sobre a execução
não incluída ou subestimada na proposta, a atuação orçamentária e financeira, informações do TCU
parlamentar dá-se fundamentalmente por um sobre obra com indício de gestão irregular, a
remanejamento de dotações orçamentárias de uma gestão fiscal dos órgãos, a avaliação
para outra programação. quadrimestral das metas fiscais, os
contingenciamentos e a avaliação do impacto
A aprovação das emendas deve observar não
fiscal das políticas monetária, creditícia e
apenas as restrições constitucionais, mas também
cambial.
os aspectos legais específicos eventualmente
existentes em cada programação, bem como as As emendas parlamentares obedecem a dois níveis
disposições da Resolução n.º 01/2001-CN6, que de intervenção: as emendas individuais, que podem
estabelece as regras de atuação do Congresso atingir um máximo de 20 emendas por parlamentar,
Nacional no processo orçamentário. e as emendas coletivas8. Essas se subdividem em
emendas de bancadas estaduais (de 18 até no
7
6
E alterações: Resolução n.º 01/2003-CN; Resolução n.º 02/2003-CN e Os créditos adicionais podem ser especiais e suplementares. Especiais,
Resolução n.º 03/2003-CN. Essa última, além de alterar, determina, no art. 2o, , quando alocam recursos para programação não contida na LOA.
que a Resolução n.º 01/2001-CN perderá a eficácia em 30 de agosto de 2004. Suplementares, quando alocam recursos para programação contida na LOA,
Supõe-se, então, que uma nova norma de mesmo teor revogará, na ocasião, a mas cujas dotações iniciais se mostraram insuficientes para atender às
resolução então vigente. necessidades do gasto.

13
máximo de 23 emendas, variando de acordo com o Desse modo, não se pode destacar recursos dessa
número de parlamentares por bancada), emendas esfera para acolher emenda que trate de gasto
de bancadas regionais (até 2 emendas por típico do orçamento fiscal9. Em outras situações a
bancada) e emendas de comissões permanentes do aprovação de emendas está vinculada ao
Senado e da Câmara dos Deputados (até 5 remanejamento dos recursos dentro de uma mesma
emendas por comissão). região.
A Resolução n.º 01/2001 prevê também a edição Nesse sentido, a despeito de o valor total do projeto
anual de um Parecer Preliminar, votado pela CMO, de lei orçamentária ser bastante expressivo, a
logo após a chegada do Projeto de Lei verdade é que a grande maioria dos recursos
Orçamentária Anual (PLOA) ao Congresso, onde apresentam algum tipo de vinculação ou restrição
são definidas normas adicionais a serem legal, o que faz com que a margem de
observadas pelos parlamentares no processo de remanejamento livre pelo Congresso Nacional seja
intervenção no PLOA. bastante modesta.
Por exemplo, o Parecer Preliminar para 2004 fixou
em R$ 2,5 milhões o máximo de recursos que
podem ser alocados em emenda individual de cada
parlamentar. Para as emendas coletivas, não há
limite de valor.
O Parecer Preliminar destaca também todas as
restrições a que estão sujeitos os parlamentares no
processo de intervenção no orçamento. Em
particular, delimita essa ação tendo em vista a
existência de recursos com aplicação vinculada (ex.:
receitas da seguridade social devem ser aplicadas
apenas nesse segmento orçamentário). 9
Para efetuar o ajuste fiscal, o Governo centrou a sua ação no aumento ou
criação de contribuições sociais, cujas receitas são vinculadas ao orçamento
da seguridade social (ex.: COFINS e CPMF). Porém, a viabilização disso
8
Não se incluem nesse limite as emendas ao texto do projeto de lei somente foi possível porque foram editadas emendas constitucionais
orçamentária e as emendas de cancelamento parcial ou total de dotações autorizando a desvinculação dessas receitas. A mais recente foi a emenda da
orçamentárias. DRU – Desvinculação de Recursos da União.
Por exemplo, tomando o valor efetivo do Orçamento Em outras palavras, se o Congresso Nacional
da União de R$ 630,4 bilhões (orçamento total demonstrar, de forma inequívoca, que as receitas
depurado do refinanciamento da dívida) a estimadas estão fundamentadas em hipóteses
participação do Congresso Nacional, em termos de irrealistas e cujos valores ficarão abaixo daqueles
alteração da programação enviada pelo Poder que provavelmente serão realizados, então esse
Executivo, foi da ordem de R$ 11,6 bilhões, Poder poderá utilizar a diferença para financiar o
representando 4,34% daquele total. acolhimento de emendas. Somente nessa situação
a Constituição admite o aumento do total de
Mesmo se fossem excluídas do total as despesas
despesas do orçamento, relativamente aos valores
cujo cancelamento é vedado pela Constituição
enviados no Projeto de Lei pelo Poder Executivo.
(pessoal, benefícios previdenciários, transferências
a Estados e Municípios e juros e encargos da Pela Resolução n.º 01/2001-CN7, a CMO pode
dívida), a participação do Legislativo não organizar os seus trabalhos de análise do PL e
ultrapassaria a casa dos 5%. apreciação das emendas em até dez áreas
temáticas, envolvendo diversos setores.
Conforme apontado, os recursos para o acolhimento
de emendas, além de provir dos cancelamentos de Os trabalhos da CMO para a apreciação do
dotações que estão fixadas no projeto, podem Orçamento de 2004 foram, desse modo,
também se originar de eventual reestimativa de estruturados em 10 Relatorias Setoriais, a saber: 1)
receitas, desde que devidamente fundamentada, e Poderes do Estado e Representação; 2) Justiça e
proveniente de erro ou omissão expressamente Defesa; 3) Fazenda e Desenvolvimento; 4)
identificados. Agricultura e Política Fundiária; 5) Infra-Estrutura; 6)
Educação e Cultura, Ciência e Tecnologia; 7)
Saúde; 8) Previdência e Assistência Social; 9)
Integração Nacional, Meio-ambiente, Desporto e
Turismo; 10) Planejamento e Desenvolvimento
Urbano.
A apreciação das emendas dá-se inicialmente no
âmbito dessas relatorias, cujos relatórios são

15
discutidos e votados separadamente no plenário da que, após 30 dias do envio da PLOA, envia ao
Comissão Mista. Congresso Nacional uma relação das obras que
estejam nessa situação. Ao elaborar o substitutivo, a
A harmonização dos relatórios setoriais e sua
CMO lista essas programações em anexo
consolidação são feitas pelo Relator-Geral10, que
específico, suspendendo a sua execução
submete o seu Parecer, com o respectivo
orçamentária até que o gestor comprove a adoção
Substitutivo (ou seja, o Projeto de Lei modificado
de medidas saneadoras. Feito isto, e se a CMO
pelas emendas parlamentares), ao Plenário da
concluir pela correção das providências, essa
CMO. Após a aprovação por esta Comissão, o
expede um projeto de Decreto Legislativo, que
substitutivo segue para a apreciação pelo Plenário
deverá ser aprovado pelo Congresso Nacional,
do Congresso Nacional.
liberando a execução das referidas programações.
Uma vez aprovado o substitutivo pelo Plenário do
O processo de apreciação de projetos de créditos
Congresso, agora chamado de autógrafo, este é
adicionais e do PPA segue as mesmas linhas do
enviado ao Presidente da República para sanção e
empregado no PLOA.
publicação da lei orçamentária, dentro de um prazo
máximo de quinze dias úteis. Ocorrendo vetos, o I.O PPA PARA O PERÍODO 2004 - 2007
Congresso terá trinta dias para apreciá-los, podendo
torná-los sem efeito, caso seja esta a decisão da Segundo a Mensagem Presidencial que
maioria dos congressistas. encaminhou o Projeto de Lei do PPA ao Congresso
Após a metade da década de 90, a CMO tem Nacional, a visão estratégica de longo prazo do
aperfeiçoado os mecanismos de controle, governo se desdobra em cinco dimensões,
procurando evitar que projetos que contenham articuladas em três megaobjetivos, que se abrem
indícios de irregularidades na gestão sejam em trinta desafios, os quais expressam os alvos que
aquinhoados com novas dotações orçamentárias. se deve atingir para promover o desenvolvimento.
Para tanto, tem contado com a cooperação do TCU O primeiro refere-se à dimensão social, e visa à
inclusão social e a redução das desigualdades
10
O Relator-Geral poderá constituir Comitês, compostos por parlamentares da sociais; o segundo reúne, de forma articulada, as
CMO, e sob sua coordenação, para apoiar os trabalhos. Obrigatoriamente,
terá que criar os Comitês de Avaliação da Receita Orçamentária, de Avaliação dimensões econômica, regional e ambiental, e
das Emendas e das Informações do TCU, sobre obras com indícios de objetiva o crescimento com geração de emprego e
irregularidades na gestão.
renda, ambientalmente sustentável, e a redução do PPA ou ao final da execução total do programa,
redutor das desigualdades regionais; e o terceiro se se tratar de programa temporário.
refere-se à dimensão democrática, direcionada à Assim, a título de ilustração, o Programa “Prevenção
promoção e à expansão da cidadania e ao e Controle das Doenças Imunopreveníveis”, tem por
fortalecimento da democracia. objetivo “prevenir e manter sob controle as doenças
O PPA 2004/2007 está estruturado em 374 passíveis de imunização Estão definidos, para esse
programas, envolvendo as mais diferentes áreas de programa, três indicadores: taxa de cobertura
atuação do governo. Os programas foram definidos vacinal de poliomielite em menores de 5 anos, com
a partir do reconhecimento de carências, demandas índice de referência de 97,5 %, apurado em
sociais e econômicas inscritas nos desafios. 31/12/2002; taxa de cobertura vacinal de influenza
Constituem-se no instrumento de organização da em maiores de 60 anos, com índice de referência de
ação governamental com vistas ao enfrentamento 74,1 %, apurado em 31/12/2002 e taxa de cobertura
de um problema. O conjunto de programas reflete, vacinal de hepatite B em menores de 1 ano, com
na alocação de recursos, os compromissos índice de referência de 88,8 %, apurado em
assumidos pelo governo com a sociedade. 31/12/2002. Os índices esperados ao final do
período do PPA são, respectivamente: 95,0 %, 70,0
A estrutura do PPA 2004-2007 assemelha-se à
% e 88,8 %.
estrutura do PPA 2000-2003, sendo possível, a
partir dos programas, estabelecer uma correlação Ressalte-se ainda que, uma vez aprovado pelo
entre o planejamento de médio prazo, estabelecido Congresso Nacional, novos projetos somente
no PPPA e as ações de curto prazo, definidas no poderão ser incluídos no PPA por meio de projeto
PLOA. de lei. Além disso, as metas físicas dos projetos de
grande vulto11 constituem-se em teto para a
Todo programa tem um objetivo e pelo menos um
execução orçamentária, o que não ocorre com os
indicador, esse com o objetivo de medir os
valores financeiros, que são apenas estimativos.
resultados alcançados com a execução do
programa. Para cada indicador são apresentados o
índice de referência, que expressa a situação mais
recente do problema e o índice ao final do período 11
O projeto do PPA define adequadamente o que se entende por projeto de
grande vulto; grosso modo, trata-se de projeto cujo custo total excede R$
10.500.000,00.
17
Cada programa se subdivide em diversas ações, a) em consonância com a diretriz que preconiza
que, por sua vez, são classificadas em projetos, crescimento com estabilidade, o plano prevê metas
atividades ou operações especiais. de crescimento real do PIB de 3,5% no ano 2004;
4,0% no ano 2005; 4,5% em 2006; e de 5% em
Todas as ações apresentam metas físicas e
2007;
financeiras regionalizadas, distinguindo-se, para
essas últimas, os recursos da União dos demais, b) as metas de inflação (IPCA) são de 5,5% para o
inclusive dos originados do setor privado. ano 2004; 4,5% para 2005; 4,0% para 2006 e 4,0%
para 2007, admitida uma variação de 2 pontos
Para a avaliação dos programas, serão comparados
percentuais em torno desses valores;
os índices finais previstos com os de referência.
Cada programa será administrado por um gerente, a c) espera-se a criação de aproximadamente 7,8
quem cabe coordenar a execução das ações no milhões de empregos no período, o que contribuirá
orçamento anual, de forma a alcançar os objetivos para a queda da taxa de desemprego no País, de
dos programas constantes do PPA. cerca de 11,4% em 2003 para 9% em 2007;
Segundo a Mensagem que encaminhou o Plano, os d) as contas públicas continuarão sendo geridas
problemas fundamentais a serem enfrentados são visando assegurar, até o final de 2007, superávit
a concentração social e espacial da renda e da primário compatível com a esperada redução da
riqueza, a pobreza e a exclusão social, o relação dívida líquida/PIB no período (de 58,1% em
desrespeito aos direitos fundamentais da cidadania, 2004 para 48,2% em 2007). Para o período 2004-
a degradação ambiental, a baixa criação de 2007, espera-se um superávit primário anual de
emprego e as barreiras para a transformação dos 2,45% do PIB para o Governo Central (Tesouro,
ganhos de produtividade em aumento de Banco Central e Previdência);
rendimentos da grande maioria das famílias
trabalhadoras.
Os principais parâmetros e valores constantes da
proposta do PPA, para o período 2004/2007, são os
seguintes:
e) o total previsto no PPA, para ser aplicado no i) no caso do megaobjetivo II, “Crescimento com
quadriênio, é da ordem de R$ 1,8 trilhão, aí geração de emprego e renda, ambientalmente
incluídas as parcerias com o setor privado, bem sustentável e redutor das desigualdades regionais”,
como as agências oficiais de crédito, dividido(?) em a distribuição setorial destaca o volume de recursos
374 programas, envolvendo uma ampla diversidade destinados ao setor produtivo (47,6%), à
de ações. No que se refere às agências, as modernização da infra-estrutura econômica (33,8%),
mesmas estão orçadas em R$ 196,8 bilhões, ou e ao estímulo às exportações (11,6%);
seja, pouco mais de 10% do total do PPA; j) para o megaobjetivo III, “Promoção e expansão da
f) ao Poder Executivo, caberão 96,0% dos dispêndios cidadania e fortalecimento da democracia”, os
previstos; o restante caberá aos demais Poderes; dispêndios mais significativos estão na área de
Gestão e Aperfeiçoamento Institucional (89,7%),
g) os dispêndios em programas finalísticos deverão
Defesa Nacional (4,8%), Relações Exteriores (1,8%)
consumir 90,4% do total programado, cabendo aos
e Segurança Pública (1,8%).
demais programas (gestão de políticas públicas,
serviços ao Estado e apoio administrativo) 9,6% do k) do total regionalizável, no montante de R$ 313,1
total; bilhões, 13,78% serão alocados no Sul, 40,29% no
Sudeste, 25,20% no Nordeste, 12,32% no Norte e
h) entre os três megaobjetivos em que se desdobra a
8,41% no Centro-Oeste. Os demais valores, embora
estratégia de desenvolvimento, o megaobjetivo I,
tenham destinação setorial definida, ainda não foram
“Inclusão social e redução das desigualdades
alocados regionalmente.
sociais”, absorve 56% do valor dos gastos previstos
nos quatro anos do plano. Nada obstante, os gastos
com a Previdência Social correspondem a 70,1%
dos recursos alocados para esse segmento;

19
I.O ORÇAMENTO PARA O EXERCÍCIO DE 200412 Esses dois orçamentos envolvem todos os órgãos
da administração direta e indireta da União e seus
Conforme assinalado, a Constituição Federal de fundos. O orçamento de investimentos das
1988 determina a divisão do orçamento da União empresas estatais contempla apenas este tipo de
em três segmentos: a) orçamento fiscal; b) gasto, com as respectivas fontes de financiamento.
orçamento da seguridade social e c) orçamento de
Embora o valor do orçamento total da União seja
investimentos das empresas estatais.
bastante expressivo, grande parte dele, R$ 860
O Orçamento da União, envolvendo os segmentos bilhões (57,7%), alocados quase em sua totalidade
fiscal e da seguridade social, totaliza, para o no orçamento fiscal, não representa recursos
exercício de 2004, R$ 1,49 trilhão, e o orçamento efetivamente à disposição da União.
de investimentos das empresas estatais federais
Essa parte se refere ao refinanciamento da dívida
alcança R$ 32,8 bilhões.
pública e tem efeito meramente contábil. Isto ocorre
Segundo já apontado, o orçamento fiscal, entre por duas razões: a) devido a pouca credibilidade do
outros, contempla os gastos com investimentos de Estado, a dívida tem prazo curto de vencimento,
infra-estrutura, saúde, educação, manutenção dos devendo ser “paga” várias vezes ao ano, por meio
Ministérios, parcelas de receitas tributárias federais de emissão de novos títulos, num processo
transferidas para Estados e Municípios, e discrimina popularmente chamado de “rolagem” da dívida, ou
as receitas de origem tributária, patrimonial, de seja, substituição de títulos da dívida velha vencida
empréstimos obtidos e de alienação de ativos da por outros títulos novos e no mesmo valor; e b) a
União. legislação obriga que todas as receitas sejam
O orçamento da seguridade social lista os integradas ao orçamento, inclusive as operações de
desembolsos que serão feitos com benefícios crédito.
previdenciários (aposentadorias, pensões etc.), Assim, o montante de refinanciamento infla
assistência social e saúde e discrimina as receitas artificialmente o total do orçamento, não significando
de contribuições sociais e de transferências recursos efetivos à disposição do governo para
recebidas do orçamento fiscal. serem gastos. Como resultado, o orçamento
efetivo à disposição do governo é limitado a R$
630,4 bilhões, sendo R$ 367,9 bilhões no
12
Análise com base no Projeto de Lei no 31, de 2003-CN.
segmento fiscal, R$ 229,7 bilhões na seguridade Orçamento Fiscal, da Seguridade Social e de Investimento
social e R$ 32,8 no orçamento de investimento das das Estatais - Participação Relativa
estatais. Seguridade
A tabela a seguir mostra essa situação: Social
Investimento
15%
ORÇAMENTO DA UNIÃO 2004 (R$ bilhão) das Estatais
a. Fiscal (ajustado) 367,9 2%
b. Refinanciamento da Dívida 860,0
Fiscal
c = a +b. Fiscal (total) 1.227,9 Fiscal (Refinanc.)
d. Seguridade Social 229,7 25% 58%
e = c + d. Fiscal e Seguridade 1.457,6
f. Investimento Estatais Federais. 32,8
g = e + f. Total 1.490,4
1.1 AS RECEITAS
A soma do total do orçamento da União alcança R$
1.490,4 bilhões. Em termos percentuais, os orçamentos A receita pública é o conjunto de recursos que o
fiscal, da seguridade social e de investimentos das governo espera arrecadar para custear as despesas
empresas estatais federais respondem por, que pretende realizar. Se excluídas a emissão de
respectivamente, 82,39%, 15,41% e 2,20% do total de títulos para o refinanciamento da dívida pública e as
recursos. Excluindo o refinanciamento da dívida, essas operações de crédito para cobrir eventuais deficits
participações, em relação ao orçamento efetivo, são de orçamentários, a receita é arrecadada em sua
58,3%, 36,4% e 5,20%, respectivamente. maioria de forma compulsória, principalmente por
meio de impostos e contribuições sociais.
Para efeito orçamentário, as receitas do orçamento
fiscal e da seguridade são classificadas segundo a
categoria econômica, subdividindo-se em receitas
correntes (tributos, contribuições, receitas de
serviços, incluindo os juros recebidos, receitas
patrimoniais etc.) e de capital (empréstimos obtidos
junto ao setor privado, retorno de operações de

21
crédito concedidas ao setor privado, alienação de valor este que, por exigência contábil, é igual ao
ativos etc.)13 total fixado para a despesa.
Os principais itens são: a) tributária (impostos e Cabe destacar que, como as receitas de
taxas), R$ 119,6 bilhões; b) contribuições sociais e contribuições sociais (contribuição ao INSS,
econômicas, R$ 260,6 bilhões; c) serviços, R$ 23,1 contribuição sobre o faturamento - COFINS,
bilhões; d) patrimonial, R$ 11,9 bilhões; e) emissão contribuição sobre o lucro líquido - CSLL,
de títulos para refinanciamento da dívida, R$ 860,04 Contribuição Provisória sobre Movimentação
bilhões; f) operações de crédito contraídas junto ao Financeira (CPMF) etc.) são insuficientes para
setor privado, R$ 121,2 bilhões; g) alienação de atender à totalidade dos gastos com a seguridade
bens, R$ 2,9 bilhões; h) demais receitas correntes, social (previdência e assistência social), há
R$ 15,1 bilhões; e i) demais receitas de capital, R$ transferências de recursos, no valor de R$ 20,6
43,2 bilhões. bilhões, do orçamento fiscal para o orçamento da
seguridade social.
As receitas necessárias para financiar o orçamento
de investimentos das empresas estatais totalizam Um ponto importante: como o ajuste fiscal feito pelo
R$ 21,3 bilhões e foram estimadas com o seguinte governo para gerar o superávit primário foi
desdobramento: a) recursos de geração própria das construído em grande parte sobre o aumento das
empresas, R$ 12,8 bilhões; b) recursos para o contribuições sociais, houve a necessidade de ser
aumento do patrimônio líquido, R$ 0,3 bilhões; c) aprovada uma emenda constitucional (EC n.º 27/00)
operações de crédito de longo prazo, R$ 4,6 desvinculando os recursos da seguridade social
bilhões; e d) outros recursos de longo prazo, R$ 3,6 (DRU), pois, de outro modo, os recursos teriam que
bilhões. ser integralmente gastos nessa finalidade.
Tudo computado, a receita total dos orçamentos
fiscal, da seguridade social e de investimento das
empresas estatais está prevista em R$ 1,49 trilhão,

13
Existem outros conceitos de receitas, como, por exemplo, receitas
primárias que não incluem as receitas financeiras (juros recebidos,
produto da alienação de ativos, operações de crédito e financiamento
etc.)
Receitas Estimadas 1.2AS DESPESAS
Orçamento Fiscal e da Seguridade
Social As despesas do orçamento fiscal e da seguridade
social podem ser classificadas de quatro modos:
i) por órgão (classificação institucional);
Demais Tributária ii) por função (classificação de acordo com a
Receitas 17% Refinanc.
5% 69%
finalidade do gasto);
Patrimonial
2%
iii) por programas (classificação por finalidade de
gasto, associada a objetivos gerenciais); e
iv) por natureza da despesa.
Outras op.
Crédito
Contibuições 10% 1.1.1Despesa por Órgão
29% Serviços Alien. de bens
3% 1% A classificação por órgão, ou institucional, tem por
objetivo demonstrar a programação alocada às
unidades orçamentárias responsáveis pela
execução da despesa. Representa, portanto, a
programação a cargo dos órgãos setoriais de
governo, os ministérios, e de suas unidades
orçamentárias, as secretarias, departamentos etc.
Existem alguns órgãos ou unidades orçamentárias
que não correspondem a uma estrutura
administrativa, mas pela especificidade dos gastos
que representam, são identificados separadamente
na lei orçamentária. É o caso dos órgãos
“Transferência a Estados, Distrito Federal e
Municípios”, “Encargos Financeiros da União”,

23
“Operações Oficiais de Crédito”, “Reserva de O Ministério Público tem dotação orçamentária
Contingência”, entre outros. própria. Para 2004, a despesa fixada para esse
órgão é de R$ 1,5 bilhões.
Para o orçamento de 2004, agregando-se os órgãos
pelos três poderes do Estado – Executivo, 1.1.2Despesa por Função
Legislativo e Judiciário – temos a seguinte
composição: a) Legislativo, R$ 4,6 bilhões; b) A classificação por função, ou funcional, procura
Executivo, R$ 344 bilhões14; c) Judiciário, R$ 14,3 identificar a área de atuação característica do
bilhões. órgão/unidade em que as despesas serão
A maior parcela é do Poder Executivo, porque é executadas, fornecendo a alocação dos recursos
este quem executa, através dos Ministérios, a públicos por finalidade de gasto.
grande parte dos programas de governo, seja na A função representa o maior nível de agregação da
área social, de infra-estrutura econômica ou mesmo classificação da despesa por finalidade. A
de segurança nacional. Além disso, é responsável subfunção vem em seguida, apresentando uma
também pela administração da dívida pública e visão dos gastos num nível maior de detalhamento.
pelas transferências inter-governamentais. Na nova classificação utilizada a partir do orçamento
O Poder Judiciário envolve o Supremo Tribunal de 2000, a subfunção identifica a natureza básica
Federal, o Superior Tribunal de Justiça, as Justiças das ações, que se aglutinam em torno das funções.
Federal Militar, Eleitoral, do Trabalho, do Distrito A área de atuação do governo que receberá a maior
Federal e dos Territórios. parcela dos recursos no orçamento de 2004, de
O Poder Legislativo engloba o Senado Federal e a acordo com a classificação funcional, é a
Câmara dos Deputados e, apenas para efeito de Previdência Social, com R$ 160,7 bilhões,
classificação orçamentária, o Tribunal de Contas da correspondendo a 44,71% do orçamento efetivo
União (este, embora tenha autonomia total15. É nesse item que estão alocados os valores
constitucional, é órgão auxiliar do Poder Legislativo). dos benefícios previdenciários e da assistência
social.

15
Exceto a função “Encargos Especiais”, que não reflete uma ação de
14
Excluídos nos valores o refinanciamento da dívida (fonte 143). política pública propriamente dita.
O segundo item de importância é a função Saúde, 1.1.3Despesa por Programas
com R$ 33,1 bilhões, representando 9,21% do total
orçamentário. Educação, com R$ 13,8 bilhões; Até recentemente, a chamada classificação
Trabalho, com 10,4 bilhões; Assistência Social, com funcional-programática, a forma de classificar os
R$ 13,2 bilhões; Habitação e Urbanismo, com R$ gastos por finalidades, era empregada buscando
1,78 bilhão, completam o elenco dos chamados agregar as áreas de atuação do Estado com os
gastos sociais, absorvendo 11% do total do objetivos a serem alcançados pelas ações de
orçamento. governo. A principal finalidade era dotar o
orçamento de um modelo gerencial de controle dos
A função Transporte, refletindo a carência de gastos públicos, sendo o programa considerado um
recursos para investimento, fica com R$ 4,2 bilhões. sub-conjunto das funções.
Destacam-se, ainda, as funções: Encargos No entanto, na prática, essa forma de classificação
Especiais, (concentra toda a despesa relacionada não auxiliava no gerenciamento das ações de
com a dívida pública e as transferências governo, servindo apenas como classificador, sem
constitucionais, num total de R$ 1,14 trilhão); maiores preocupações com o tipo de transação que
Defesa Nacional (recebe as alocações destinadas estava sendo classificada.
aos Ministérios Militares, agora englobados no
Ministério da Defesa, com recursos da ordem de R$ A classificação por programas, introduzida a partir
12 bilhões); Administração, com R$ 12 bilhões; e a do projeto de lei para o orçamento do ano 2000,
função Agricultura, com R$ 12 bilhões. procura privilegiar o aspecto gerencial dos planos e
orçamentos, identificando os programas com a
A função Legislativa receberá recursos da ordem de solução dos problemas da sociedade. No novo
R$ 3,4 bilhões, e a Judiciária de R$ 9,8 bilhões. desenho, um programa pode conter ações que
envolvem diferentes áreas de atuação do governo,
envolvendo diversos ministérios, sendo que aquela
predominante é que irá definir em que função o
programa será classificado.

25
CULTURA BRASIL PATRIMÔNIO CULTURAL 39.522.307
Cada programa deve conter, no mínimo, os
DESENVOLVIMENTO, METROLOGIA E QUALIDADE INDUSTRIAL 224.813.363
seguintes elementos: objetivo, indicador INDÚSTRIA E COMÉRCIO
quantificador da situação que o programa tem por DESENV. URBANO - HABIT. DESCENTRALIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE 474.138.847
SANEAM. E INFRA- TRANSPORTE FERROVIÁRIO URBANO DE
tarefa modificar e os produtos (bens e serviços) ESTRUTURA PASSAGEIROS
necessários para atingir os objetivos. Os programas DESPORTO E TURISMO TURISMO NO BRASIL: UMA VIAGEM PARA 122.596.701
TODOS
são compostos por ações que podem consistir de
EDUCAÇÃO BRASIL PATRIMÔNIO CULTURAL 433.972
projetos, atividades ou operações especiais. UNIVERSIDADE DO SÉCULO XXI 6.648.613.411
Segundo o art. 4º do PLDO/2004, entende-se por SAÚDE ATENÇÃO HOSPITALAR E AMBULATORIAL 15.214.987.367
NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
programa o instrumento de organização da atuação TRABALHO INTEGRAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS 9.306.461.618
governamental, visando à concretização dos DE EMPREGO, TRABALHO E RENDA
TRANSPORTES - RODOVIAS MANUTENÇÃO DA MALHA RODOVIÁRIA 1.106.325.355
objetivos pretendidos, sendo mensurado por FEDERAIS FEDERAL
indicadores estabelecidos no plano plurianual. O Fonte: PLOA 2004 / Prodasen
programa consiste em um conjunto de ações
(projeto, atividade ou operação especial), visando à
solução de um problema ou ao atendimento de uma
necessidade ou demanda da sociedade.
1.1.1Despesa por Categoria
São quatro os tipos de programas: a) programas Econômica e por Natureza
finalísticos; b) programas de gestão das políticas
públicas; c) programas de serviços ao Estado; e d) Para classificar a despesa quanto à sua natureza
programas de apoio administrativo. deve-se considerar a categoria econômica, o grupo
a que pertence, a modalidade de aplicação e o
A tabela a seguir apresenta os principais elemento da despesa.
programas, por área de atuação:
Principais Programas de Governo por Área de Atuação Conforme a categoria econômica, a despesa
Área de Governo Programa PL (R$) subdivide-se em despesas correntes (pessoal,
AGRICULTURA E ABASTECIMENTO AGROALIMENTAR 2.739.651.602 benefícios previdenciários, juros, transferências a
DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO
ASSISTÊNCIA SOCIAL PROTEÇÃO SOCIAL À PESSOA 4.644.309.259
Estados e Municípios etc.) e de capital (amortização
PORTADORA DE DEFICIÊNCIA da dívida, investimentos, inversões financeiras etc.).
CIÊNCIA E TECNOLOGIA FORMAÇÃO E CAPACITAÇÃO DE 496.009.000
RECURSOS HUMANOS PARA PESQUISA
O elemento de despesa identifica o objeto de gasto
Por natureza, os grupos de despesa, de acordo de forma mais detalhada, como pessoal ativo, inativo,
com a LDO/2004, são sete, e estão assim material de expediente, entre outros.
compostos na Lei do Orçamento para 2004:
Outra importante classificação é o identificador de
Grupo de Natureza da Despesa (GND) uso, o qual se destina a indicar se os recursos em análise
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social se referem à contrapartida nacional de empréstimos ou
doações.
R$ Bilhões
GND DESCRITOR FISCAL SEGURIDADE TOTAL Se zero, significa que os recursos não são
1 Pessoal e 41,7 42,4 84,1 destinados à contrapartida, e, assim, numa primeira
Encargos Sociais análise, poderão ser objeto de emenda parlamentar. De
2 Juros e Encargos da Dívida 117,5 0,3 117,8
3 Outras Despesas Correntes 95,4 178,2 273,6 outra forma, se 1, 2 ou 3, os recursos referem-se à
4 Investimentos 9,4 3,0 12,4 contrapartida, e, por isso, não podem ser objeto de
5 Inversões Financeiras 33,1 0,1 33,2 emenda.
6 Amortização da Dívida 925,5 0,5 926,0
9 Reserva de Contingência 13,5 8,5 22,0 Conforme apontado, a despesa total dos
Fonte: PLOA/2004 / Prodasen. orçamentos fiscal e da seguridade social está fixada em
R$ 1,4 trilhão, a mesma magnitude da receita total, visto
A modalidade de aplicação destina-se a indicar se que, contabilmente, esses valores devem ser
os recursos serão aplicados diretamente por unidade necessariamente iguais.
federal detentora do crédito orçamentário ou transferidos,
ainda que na forma de descentralização, a outras esferas É de se notar que o refinanciamento da dívida
de governo, órgãos ou entidades. A modalidade 30 indica aparece tanto do lado da receita, pela emissão de novos
que o aplicador será o governo estadual; a modalidade 40 títulos, como da despesa, pelo “pagamento” da dívida
refere-se ao municipal; a modalidade 50 corresponde ao vencida, o que, na prática, traduz-se apenas na
aplicador entidade privada sem fins lucrativos; a substituição dos títulos.
modalidade 90 é aplicação direta federal e a modalidade
99 indica aplicador a definir.

27
I.O ORÇAMENTO DE INVESTIMENTO DAS Oficiais de Fomento. Nesse caso, em vez de serem
EMPRESAS ESTATAIS desembolsos sem retornos, como ocorre com a
maioria dos gastos do orçamento da União16, o
Como já comentado, além das despesas dos governo recupera o que aplica, pois são
orçamentos fiscal e da seguridade social, integra o empréstimos que ele faz para empresas privadas,
orçamento da União o orçamento de Investimentos estatais, estados e municípios, por meio do BNDES,
das Empresas Estatais Federais. Para 2004, esse Banco do Brasil e outros agentes financeiros
orçamento está fixado em R$ 32,8 bilhões, podendo federais.
ser decomposto em duas parcelas: a) empresas do
Para o exercício de 200417, o conjunto dessas
setor produtivo, com R$ 29,6 bilhões, ou 90% do
aplicações está previsto em R$ 64,2 bilhões, cuja
total; e b) instituições do setor financeiro, com R$
distribuição será feita de acordo com a demanda de
3,2 bilhões (10% do total).
crédito junto a esses agentes, observadas as
Setorialmente, as empresas do grupo Petrobrás prioridades de aplicação definidas pela LDO.
receberão a maior parcela dos investimentos, no
montante de R$ 23,4 bilhões. III.RESULTADO ORÇAMENTÁRIO
É de se registrar que, com a privatização da maior Quando as receitas são superiores às despesas,
parte do Setor de Telecomunicações, a área de dizemos que ocorre um superavit orçamentário;
Energia perdeu a hegemonia que por longo tempo quando acontece o contrário, dizemos que há um
o manteve como item principal do orçamento de deficit e, quando os dois fluxos são iguais, dizemos
investimento das estatais. Especificamente, para que ocorre um equilíbrio orçamentário.
2004, esse segmento receberá de investimentos o
montante de R$ 4,3 bilhões. Mas um ponto é importante. Os desequilíbrios e
equilíbrios que efetivamente interessam são aqueles
decorrentes da confrontação das receitas próprias
II.AS AGÊNCIAS OFICIAIS DE FOMENTO que o governo arrecada, em sua maioria derivada
de impostos, taxas, contribuições, aluguéis,
Além dos orçamentos fiscal e da seguridade
e dos investimentos das empresas estatais, o A exceção fica por conta das operações oficiais de crédito (OOC).
16
17
governo aplica recursos através das Agências Conforme “Plano de Aplicação dos Recursos das Agências Financeiras
Oficiais de Fomento” – Fluxo das Aplicações.
alienações patrimoniais, serviços etc., com as déficit do orçamento corrente18 da ordem de R$ 33,9
despesas que espera realizar. bilhões, equivalendo a cerca de 1,99% do PIB 19.
Quando, por exemplo, há um deficit orçamentário e, Destaque-se, entretanto, que o resultado
ainda assim, o governo resolve realizar sua orçamentário difere conceitualmente dos chamados
programação de gastos, então será preciso recorrer resultados primário e nominal, calculados segundo a
a empréstimos junto ao setor privado, por meio de metodologia das Necessidades de Financiamento
operações de crédito ou emissão de títulos da do Setor Público (NFSP). Embora o resultado
dívida pública, para cobrir essa deficiência de orçamentário seja importante, pois repercute nas
recursos próprios. apurações da NFSP, não é suficientemente
abrangente para mostrar um quadro completo da
Como, do ponto de vista da escrituração, as
situação das finanças do governo como os
operações de crédito integram a receita do governo,
resultados primário e nominal.
resulta que, contabilmente e apenas contabilmente,
o orçamento acha-se equilibrado. IV.RESULTADOS PRIMÁRIO E NOMINAL
Do mesmo modo, na hipótese de haver um
superávit orçamentário, o equilíbrio será também O quadro que mais corretamente espelha a situação
apenas do ponto de vista contábil, pois o excesso de das contas públicas é denominado de
receita terá como contrapartida a destinação de “Necessidades de Financiamento do Governo
recursos para o resgate da dívida pública. Central” ou NFGC20, pois reflete a posição corrente
das contas públicas. Seu interesse é de maior
Então, podemos concluir que o deficit aumenta a importância para os analistas econômicos,
dívida pública e o superavit diminui esta mesma organismos internacionais de crédito e outros
dívida. agentes do mercado, pelo fato de retratar o
Levando em consideração esses aspectos, o comportamento das finanças governamentais de
resultado orçamentário esperado para 2004 é de um 18
Conforme determinado no Quadro 1C “Receita e Despesa dos Orçamentos
Fiscal e da Seguridade Social segundo Categorias Econômicas” da Lei
10.837/04 – LOA 2004.
19
O PIB, como se sabe, é a soma de todos os bens e serviços produzidos
numa economia durante um intervalo definido de tempo.
20
Quando também inclui as contas dos Estados e dos Municípios é chamado
de Necessidades de Financiamento do Setor Público – NFSP.

29
forma mais abrangente que o resultado os encargos da dívida pública (juros e correção
orçamentário. monetária e amortizações). Se a diferença for
positiva, dizemos que há um superavit primário e, se
Nesse quadro são apresentados os resultados
negativa, dizemos que há um deficit primário.
primário e nominal do Governo Central, envolvendo
as informações de receitas e despesas contidas no Já o resultado nominal expressa a mesma situação,
orçamento da União, bem como o resultado das mas considera no cálculo a diferença decorrente
operações do Banco Central, como autoridade entre os juros ativos e os juros passivos do Governo
monetária, em termos de pagamentos e Central. Em outras palavras, se do valor apurado
recebimentos de juros.21 como resultado primário, deduzirmos os valores dos
juros nominais líquidos incorridos (juros ativos
Por resultado primário, entende-se a diferença,
menos juros passivos), obtemos o resultado
podendo ser positiva ou negativa, entre as receitas
nominal.
não financeiras, arrecadadas no exercício, e as
despesas não financeiras do mesmo período, Há ainda dois importantes detalhes metodológicos:
previstas no orçamento da União. os juros considerados no quadro das NFGC são os
juros nominais incorridos porque, neste item, e
As receitas não financeiras compreendem,
apenas neste, os valores são calculados em regime
principalmente, os tributos, as contribuições sociais
de competência (todas as demais receitas e
e econômicas, as receitas diretamente arrecadadas
despesas não financeiras são contabilizadas em
por órgãos da administração indireta, as receitas
regime de caixa). Pelo regime de competência são
patrimoniais etc. Não se incluem nesta categoria as
considerados os juros devidos, ainda que não
receitas de juros e as receitas de capital (receitas de
tenham sido pagos.
privatizações, de operações de crédito etc.).
Os juros sobre a dívida mobiliária, contidos no
Por sua vez, as despesas não financeiras referem-
orçamento, referem-se ao regime de caixa, ou seja,
se ao conjunto de gastos com pessoal, previdência,
são aqueles que são pagos, assim como as demais
manutenção da máquina administrativa e
despesas. Essas são as razões pelas quais os
investimentos. Não são computados nesta categoria
valores daqueles juros diferem daqueles contidos no
21 orçamento.
O Bacen só participa do orçamento da União como autarquia. A sua função
de autoridade monetária não é incluída diretamente, embora a cada 6 meses
seja obrigado a repassar o seu resultado operacional para o Tesouro.
Para o orçamento 2003, está previsto um superavit Nota-se ainda que o resultado primário é positivo e
primário de 2,45% do PIB que, deduzido de 4,90% crescente nos três exercícios considerados, enquanto o
de juros nominais líquidos, resultaria num deficit nominal é negativo. O resultado primário é crescente para
nominal de 2,45% do PIB (resultado nominal compensar o aumento dos juros e evitar o crescimento da
negativo), para o Governo Central, o que significa relação Dívida Líquida/PIB. É com a evolução deste
que a dívida líquida seria aumentada em igual indicador que os analistas estão atentos, pois ela reflete
montante. se o Governo está ou não controlando o grau de
endividamento. Uma taxa descontrolada de endividamento
O quadro a seguir apresenta esses resultados em
pode denotar dificuldades de o governo cumprir os seus
valores monetários.
compromissos futuros22.
RESULTADOS PRIMÁRIO E NOMINAL DO
GOVERNO CENTRAL
(R$ bilhões)
Discriminação 2002 2003 2004(*)
I. Receita total 324,0 360,6 407,1
II. Despesa total 292,1 321,9 365,6
III. R. Primário (I-II) 31,9 38,7 41,5
IV. Juros nominais líquidos (41,9) (100,9) (83,1)
V. R. Nominal Federal (III-IV) (10,0) (62,2) (41,6)
VI. R. Primário Estatais 6,3 9,6 11,9
VII. R. Nominal da União (6,0) (62,2) (31,7)
Fonte: BACEN, Decreto no5027/2004, PLOA 2004, LOA 2004
(*)Decreto no5027/2004, juros do PLOA 2004

22
A evolução da relação Dívida Líquida/PIB depende positivamente da
taxa de juros líquida (média) sobre essa dívida, e negativamente do
crescimento do PIB, do resultado primário e da receita líquida de
privatizações (receitas de vendas de ativos do Estado deduzidas das
dívidas reconhecidas em momento posterior a fatos que lhe deram
origem). Assim, como essa taxa de juros tem sido muito superior à taxa
de crescimento do PIB, e as receitas de privatizações
aproximadamente iguais às dívidas reconhecidas, a manutenção da
estabilidade da relação Dívida Líquida/PIB tem dependido em grande
parte do superavit primário obtido.
31
Em 2001, os juros cresceram em função do Nesse contexto, a edição da Lei Complementar n.º
aumento na taxa média de juros e da desvalorização 101/00, conhecida como Lei de Responsabilidade
cambial. Para 2002, espera-se uma queda nos gastos com Fiscal (LRF) representa um marco institucional para
encargos financeiros, diante da perspectiva de queda nas delimitar a ação dos governantes e evitar que erros
taxas de câmbio e juros. de gestão orçamentária e financeira cometidos no
passado tornem a se repetir. Seus dispositivos
I.A LEI COMPLEMENTAR N.º 101, DE 4 DE MAIO aplicam-se a todos os gestores de recursos públicos
DE 2000 - LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL e a todas as esferas de governo, nas diversas
ações, destacando-se, em particular, as regras que
Até bem pouco tempo atrás, o desequilíbrio fiscal,
visam disciplinar os níveis de endividamento e os
ou seja, os gastos fiscais sistematicamente
gastos com pessoal.
superiores às receitas fiscais, predominou na
administração pública brasileira. As conseqüências Além disso, a Lei consagra a transparência da
disso para a sociedade foram bastante negativas, gestão como mecanismo de controle social, através
refletindo-se em inflação descontrolada, redução da exigência de publicação de relatórios,
dos investimentos, baixa taxa de crescimento demonstrativos de execução orçamentária e a
econômico e perda de bem-estar social. presença, em audiência pública na CMO, de
autoridades econômicas, de forma a fornecer à
A recuperação da credibilidade do Estado tem sido
sociedade explicações de política e um quadro mais
possível com a geração de sucessivos superavits
preciso da utilização dos recursos que são
primários, visando gerar recursos para o pagamento
colocados à disposição dos governantes.
dos juros da dívida e, assim, contribuir para uma
evolução controlada do grau de endividamento do Entre as normas e princípios contidos na LRF,
Estado. Como conseqüência, hoje vivenciamos uma merecem destaque:
situação orçamentária tal que tem limitado a a) limites de gastos com pessoal: a lei fixa
realização de investimentos por parte do Estado, limites para essa despesa em relação à receita
bem como o atendimento pleno das necessidades corrente líquida para os Três Poderes e para
básicas da população mais carente, por gastos com cada nível de governo (União, Estados, Distrito
saúde, educação, moradia e saneamento. Federal e Municípios);
b) limites para o endividamento público: são A fixação dessas novas regras, sem dúvida, está
estabelecidos pelo Senado Federal por contribuindo para um controle permanente das
proposta do Presidente da República, finanças públicas no Brasil e auxiliando na criação
conforme previsto na Constituição; de pré-condições necessárias para a retomada
sustentada do crescimento econômico no País.
c) definição de metas fiscais: resultados
primários que deverão ser alcançados
anualmente e indicativos para os três
exercícios seguintes;
d) identificação de passivos contingentes:
relativos a potenciais dívidas do Estado, muitas
vezes derivadas de perdas judiciais
decorrentes da aplicação no passado de
planos econômicos que objetivavam a
eliminação do processo inflacionário;
e) mecanismo de compensação para
despesas de caráter permanente: o
governante não poderá criar uma despesa
continuada (prazo superior a dois anos), sem
indicar uma fonte de receita ou uma redução
de outra despesa, de modo a manter o
equilíbrio fiscal; e
f) mecanismo para controle das finanças
públicas em anos de eleição: impede a
contratação de operações de crédito por
antecipação de receita orçamentária (ARO) no
último ano de mandato e proíbe o aumento das
despesas com pessoal nos 180 dias que
antecedem o final do mandato.

33
5. CICLO ORÇAMENTÁRIO: seqüência de fases ou
I.GLOSSÁRIO DE TERMOS ORÇAMENTÁRIOS etapas que devem ser cumpridas, como parte do
processo orçamentário. A maioria dos autores adota
1. ATIVIDADE: de acordo com a Portaria 42/99, do como fases do ciclo orçamentário as seguintes:
Ministério do Orçamento e Gestão, que instituiu a nova elaboração, apreciação legislativa, execução e
classificação da despesa, atividade é “um instrumento acompanhamento, controle e avaliação, quando, então,
de programação para alcançar o objetivo de um se inicia o ciclo seguinte.
programa, envolvendo um conjunto de operações que
se realizam de modo contínuo e permanente, das quais 6. CLASSIFICAÇÃO DA DESPESA: formas ou
resulta um produto necessário à manutenção da ação metodologias utilizadas para se agrupar a despesa por
de governo”. Exemplo de classificação até o nível de categorias. As formas de classificação podem variar,
atividade: conforme a necessidade e o interesse de quem
estabelece a classificação. Em orçamento público, as
12 363 0044 4033 – Apoio ao Desenvolvimento da classificações mais usuais são a institucional, por
Educação Profissional. esfera orçamentária, a funcional, segundo a estrutura
2. AUTÓGRAFO: redação final de qualquer proposição programática e segundo a natureza da despesa.
aprovada pelo Congresso Nacional e em condições de 7. CLASSIFICAÇÃO INSTITUCIONAL: é a
ser encaminhada à sanção presidencial. classificação orçamentária que nos informa qual o
3. BANCO DE FONTES: somatório dos recursos Órgão e a Unidade Orçamentária responsável pela
resultantes de cancelamento nas dotações da proposta execução de determinada parcela do orçamento,
orçamentária e que serão utilizados para o atendimento constante das dotações nele consignadas. A
das emendas ao orçamento aprovadas pelo Congresso finalidade básica desta classificação é a atribuição
Nacional. de responsabilidade pelo gasto público. Esta
classificação é materializada através de um código
4. CATEGORIA ECONÔMICA: forma de classificação,
numérico de cinco dígitos, onde o primeiro identifica
tanto da receita como da despesa, prevista
o Poder, o segundo, o Órgão e, os três últimos, a
inicialmente na Lei n.º 4.320/64, e que compreende
Unidade Orçamentária. Exemplo: 26271, sendo:
duas espécies: as receitas e as despesas correntes e
as receitas e as despesas de capital. 26 = Órgão: Ministério da Educação e do Desporto
271 = Unidade Orçamentária: Fundação Universidade de
Brasília
8. CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL: segundo o novo 10. CONVÊNIO: instrumento utilizado pela União, com
modelo de classificação da despesa, é baseada em vistas à realização, pelos Estados e Municípios, de
funções, cada uma desdobrada em subfunções. As programas de trabalho constantes da lei de
funções, segundo a Portaria n.º 42, de 14 de abril de orçamento. O convênio requer, para a sua
1999, constituem “o maior nível de agregação das formalização, o cumprimento de uma série de
diversas áreas de despesa que competem ao setor exigências, normalmente definidas na LDO em
público”. Exemplo: Função 12 – Educação. Ainda vigor, por exemplo: clara definição do objeto; não-
segundo a mesma portaria, “a subfunção representa inadimplência do convenente para com o governo
uma partição da função, visando agregar federal; fornecimento de contrapartida dos recursos
determinado subconjunto de despesa do setor a serem recebidos; definição do cronograma de
público”. Exemplo: Subfunção 361 – Ensino execução das obras/serviços etc. Durante a
Fundamental. execução do convênio, o responsável está sujeito à
fiscalização, inclusive pelo Tribunal da Contas da
9. CONTINGENCIAMENTO: procedimento utilizado
União e, ao final do prazo nele previsto, o
pelo Poder Executivo, e que consiste no
convenente deve prestar contas dos recursos
retardamento e, não raro, na inexecução de parte da
recebidos, sob pena de incorrer nas penalidades da
programação de despesa prevista na lei
lei.
orçamentária. Considerando que no ordenamento
jurídico brasileiro a lei orçamentária tem mantido o
seu caráter autorizativo, na questão da despesa, o
Poder Executivo tem se valido desse expediente
para a consecução de metas de ajuste fiscal, sob o
pretexto de adequar a execução da despesa ao
fluxo de caixa do Tesouro.

35
11. CRÉDITO ADICIONAL: de acordo com o art. 40 da 13. DESPESAS DE CAPITAL: despesas relacionadas
Lei n.º 4.320/64, “São créditos adicionais as com aquisição de máquinas e equipamentos,
autorizações de despesas não computadas ou realização de obras, aquisição de participações
insuficientemente dotadas na Lei de Orçamento”. acionárias de empresas, aquisição de imóveis e
Dependendo da sua finalidade, classificam-se em: concessão de empréstimos para investimento.
suplementares, especiais e extraordinários. Os Normalmente, uma despesa de capital concorre
suplementares destinam-se ao reforço de uma para a formação de um bem de capital, assim como
dotação orçamentária já existente, ao passo que os para a expansão das atividades do órgão.
especiais visam atender a uma necessidade não 14. DESTAQUE PARA VOTAÇÃO EM SEPARADO:
contemplada no orçamento. Já créditos procedimento por meio do qual uma parte de qualquer
extraordinários pressupõem uma situação de matéria em apreciação legislativa é separada para ser
urgência ou imprevisão, tal como guerra, comoção votada à parte do restante do texto. O destaque de
interna ou calamidade pública. Os créditos qualquer matéria é solicitado, durante a fase de
suplementares e especiais dependem de discussão, através de requerimento, que deve
autorização legislativa, ao passo que os inicialmente ser aceito para, então, submeter-se à
extraordinários são abertos por decreto do matéria principal, ressalvando-se a parte destacada,
Executivo, que deles dará ciência imediata ao que é votada posteriormente e, caso aprovada,
Legislativo. Os créditos adicionais, uma vez incorpora-se ao texto da proposição.
aprovados, incorporam-se ao orçamento do
exercício. 15. EMENDA DE BANCADA: o mesmo que emenda de
Comissão, porém de autoria das bancadas estaduais e
12. DESPESAS CORRENTES: despesas de custeio e de regionais no Congresso Nacional. As emendas de
manutenção das atividades dos órgãos da bancada devem ter como objeto ações de interesse dos
administração pública, como por exemplo: despesas respectivos estados ou regiões geográficas.
com pessoal, juros da dívida, aquisição de bens de
consumo, serviços de terceiros, manutenção de
equipamentos, despesas com água, energia, telefone
etc. Estão nesta categoria as despesas que não
concorrem para ampliação dos serviços prestados pelo
órgão, nem para a expansão das suas atividades.
16. EMENDA DE COMISSÃO: modalidade de emenda 19. GND/GRUPO DE NATUREZA DA DESPESA:
prevista na Resolução n.º 2-CN, de 1995, que prevê forma de classificação da despesa, empregada na
a apresentação de emendas pelas comissões lei orçamentária, composta de seis categorias, a
técnicas permanentes do Congresso Nacional, em saber: 1- Despesas com Pessoal e Encargos
número limitado e para atender objetivos Sociais; 2 – Juros e Encargos da Dívida; 3 – Outras
relacionados à matéria de competência de cada Despesas Correntes; 4 – Investimentos; 5 –
Comissão. A título de exemplo, a Comissão de Inversões Financeiras; 6 – Amortização da Dívida.
Agricultura da Câmara dos Deputados somente 20. ID-USO: informação constante da lei orçamentária e
poderá apresentar emenda versando sobre temas que indica se os recursos compõem contrapartida
ligados à agricultura. nacional de empréstimos ou de doações ou outras
17. EMENDA DE RELATORIA / EMENDA DE aplicações, a saber: 0 = recursos não destinados à
RELATOR: instrumento através do qual os relatores contrapartida; 1 = contrapartida de empréstimos do
do projeto de lei orçamentária nele introduzem BIRD; 2 = contrapartida de empréstimos do BID; e 3 =
alterações, geralmente de caráter técnico. Por outras contrapartidas.
exemplo, um erro ou omissão pode ser corrigido por 21. INVERSÕES FINANCEIRAS: grupo de natureza
meio de emenda de relator, já que esta é sujeita à da despesa que abrange os gastos com: aquisição
aprovação do plenário da Comissão; entretanto, a de imóveis em utilização, aquisição de bens para
Resolução que rege os trabalhos da Comissão de revenda, aquisição de títulos de crédito e de títulos
Orçamento proíbe a utilização de emenda de relator representativos de capital já integralizado,
com o objetivo de criar projeto novo. constituição ou aumento de capital de empresas e
18. EQUILÍBRIO ORÇAMENTÁRIO: característica dos concessão de empréstimos, entre outros.
orçamentos em que contabilmente as receitas igualam- 22. INVESTIMENTOS: grupo de natureza da despesa
se às despesas. que agrupa toda e qualquer despesa relacionada com:
planejamento e execução de obras, aquisição de
imóveis e instalações, equipamentos e material
permanente, constituição ou aumento de capital de
empresas que não sejam de caráter comercial ou
financeiro.

37
23. JANELA ORÇAMENTÁRIA: destinação de recursos, setoriais e, uma vez aprovado na Comissão Mista,
na lei orçamentária, em valor significativamente inferior torna-se o parecer desta, sendo então encaminhado ao
ao custo da ação correspondente, com a finalidade de plenário do Congresso Nacional, para votação final.
viabilizar, mediante pressões políticas, futuras 27. PARECER PRELIMINAR: documento elaborado pelo
suplementações; dotação simbólica. Relator Geral do projeto de lei orçamentária e que
24. OUTRAS DESPESAS CORRENTES: grupo de contém, além de uma análise detalhada da proposta do
natureza da despesa em que se computam os gastos Poder Executivo, os parâmetros e critérios a serem
com a manutenção das atividades dos órgãos, cujos observados pelos Relatores setoriais na apreciação das
exemplos mais típicos são: material de consumo, partes que compõem as respectivas relatorias, bem
material de distribuição gratuita, passagens e como dos critérios para o cancelamento ou
despesas de locomoção, serviços de terceiros, locação remanejamento de dotações e, ainda, para o
de mão de obra, arrendamento mercantil, auxílio atendimento das emendas de suas áreas.
alimentação etc. 28. PARECER SETORIAL: documento em que o Relator
25. OPERAÇÕES ESPECIAIS: segundo a nova setorial do projeto de lei orçamentária expressa a sua
metodologia de classificação da despesa, são as que avaliação sobre a programação de despesa a cargo
“não contribuem para a manutenção das ações de dos órgãos integrantes da sua relatoria, bem como o
governo, das quais não resulta um produto, e não parecer sobre cada uma das emendas apresentadas ao
geram contraprestação direta sob a forma de bens ou setor. Uma vez concluído, o Parecer do Relator setorial
serviços”. Exemplo: Programa 0905 Operações é submetido à votação na respectiva Subcomissão e,
Especiais: Serviço da Dívida Interna (Juros e caso aprovado, passa a constituir o parecer dessa
Amortizações). Subcomissão.
26. PARECER DO RELATOR GERAL: geralmente 29. PROGRAMA DE TRABALHO: termo usado para
acompanhado de substitutivo ao projeto de lei designar o conjunto de projetos e atividades a cargo de
orçamentária, este relatório serve de base para um Órgão ou Unidade Orçamentária, em determinado
discussão e votação de todo o conjunto da proposta do exercício, podendo também se referir à programação
Executivo. De acordo com a prática vigente na de todo o setor público.
Comissão de Orçamento, o Parecer do Relator-Geral é 30. PROJETO OU DOTAÇÃO “GUARDA-CHUVA”: termo
elaborado com base nos pareceres dos relatores que designa as dotações genéricas. Podem ser
alocadas por Estado ou, ainda, em dotação única de 33. RECEITA CONDICIONADA: valor incluído como item
âmbito nacional, e cujo detalhamento fica a critério do de receita, cuja realização está condicionada à
órgão executor. Normalmente, abrigam recursos que aprovação de uma lei, já encaminhada ao Congresso.
posteriormente serão transferidos, mediante convênio, Normalmente, quando não ocorre a aprovação
aos Estados e Municípios, ou, ainda, executados de tempestiva da lei, as dotações que são financiadas por
acordo com os planos e a programação do órgão. esse tipo de receita devem ser automaticamente
canceladas.
31. PROJETO: segundo a definição contida na Portaria
n.º 42/99, do Ministério do Orçamento e Gestão, trata- 34. RECEITA ORDINÁRIA / RECURSOS ORDINÁRIOS:
se de “instrumento de programação para alcançar o receitas cuja aplicação é livre, ou seja, isenta de
objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de qualquer tipo de vinculação ou destinação específica.
operações, limitadas no tempo, das quais resulta um Como exemplos típicos, temos a parcela resultante da
produto que concorre para a expansão ou o arrecadação de impostos, após as transferências da
aperfeiçoamento da ação de governo”. Diferentemente parte devida aos Estados e aos Municípios (Fonte 100);
da atividade, que é contínua no tempo e não resulta em receitas obtidas da emissão de títulos públicos, exceto
um produto final, e destina-se apenas à manutenção ou as destinadas à rolagem da dívida (Fonte 144); e, das
funcionamento da ação estatal. receitas incorporadas ao Fundo de Estabilização Fiscal
(FEF), que resultam de desvinculações de outras
32. PROPOSTA ORÇAMENTÁRIA OU PROJETO DE LEI
receitas (Fonte 199).
ORÇAMENTÁRIA ANUAL: é o projeto de lei elaborado
pelo Poder Executivo, contendo a estimativa da receita 35. RECEITA PRÓPRIA: sob o título “Recursos
e a fixação da despesa para determinado exercício Diretamente Arrecadados”, compreende as receitas das
financeiro. Depois de aprovada pelo Legislativo, entidades da administração indireta (autarquias,
sancionada pelo Presidente da República e publicada fundações e empresas públicas) e dos fundos. Após
na imprensa oficial, converte-se na lei orçamentária transitar pelo Tesouro, essas receitas retornam à
anual. Nos termos da Constituição, a proposta Unidade Orçamentária de origem, para serem aplicadas
orçamentária deve observar as disposições do Plano em sua programação de despesa.
Plurianual em vigor, bem como da Lei de Diretrizes
Orçamentárias para o exercício.

39
36. RECEITA VINCULADA: receita arrecadada com 39. RESERVA DE CONTINGÊNCIA: dotação constante
finalidade específica e previamente determinada. da lei orçamentária, sem destinação específica nem
Normalmente tem sua destinação vinculada a um vinculação a qualquer órgão, cuja finalidade principal é
órgão ou a um programa governamental, com base servir de fonte de cancelamento para a abertura de
em disposição constitucional ou legal. Exemplos: créditos adicionais, ao longo do exercício. De acordo
Contribuições Sociais para o Financiamento da com as edições mais recentes da LDO, devem ser
Seguridade Social; Contribuição Provisória sobre constituídas reservas de contingência vinculadas aos
Movimentação Financeira – CPMF, para custeio da orçamentos fiscal e da seguridade social, em valores da
saúde pública. ordem de três por cento, respectivamente, da receita
global de impostos e da receita de contribuições
37. RECEITA DE CAPITAL: categoria importante da
sociais.
classificação econômica da receita, constituída de
recursos provenientes de: conversão de bens e direitos 40. RESTOS A PAGAR: de acordo com a Lei n.º
em espécie (numerário), recebimento de amortizações 4.320/64, resultam de despesas empenhadas mas não
de empréstimos concedidos, contratação de pagas até o dia 31 de dezembro, ou seja, até o
empréstimos de longo prazo e transferências recebidas encerramento do exercício financeiro. Constituem
para a cobertura de despesas de capital, ou seja, obrigações a pagar do exercício seguinte e são
investimentos, inversões financeiras e amortização da classificados como processados ou não processados,
dívida. conforme o estágio de execução da respectiva
despesa.
38. RECURSO CARIMBADO: dotação constante da lei
orçamentária, em nível de subprojeto ou subatividade, 41. SEQÜENCIAL: código numérico que identifica cada
identificada com o nome da localidade que receberá os dotação constante do projeto de lei orçamentária,
recursos alocados. Exemplo típico é o subprojeto utilizado para facilitar o processamento das alterações
incluído na LOA por meio de emenda parlamentar, e introduzidas pelo Congresso Nacional.
que identifica o município destinatário dos recursos. A
sua não-execução implica em cancelamento da
dotação, podendo, ainda, ser utilizada como fonte para
atendimento de crédito adicional.
42. SUBTÍTULO: de acordo com o § 2º do art. 3º da
LDO/2000, “As atividades, projetos e operações
especiais serão desdobrados em subtítulos
especialmente para especificar a localização física
integral ou parcial das respectivas atividades,
projetos e operações especiais, não podendo haver,
por conseguinte, alteração da finalidade e da
denominação das metas estabelecidas”.

I.Obras consultadas:
GIACOMONI, James. Orçamento Público. 7. ed. São
Paulo: Atlas, 1997.
SANCHES, Osvaldo Maldonado. Dicionário de
Orçamento, Planejamento e Áreas Afins. Brasília:
Prisma, 1997.

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