Análise crítica ao Modelo de Auto-Avaliação da Biblioteca
Escolar
O modelo enquanto instrumento pedagógico e de melhoria de
melhoria. Conceitos implicados A avaliação é fundamental para a melhoria do serviço de qualquer empresa. Daí a necessidade da existência de um modelo de avaliação comum a todas as bibliotecas escolares, de modo a poder-se aferir, com rigor, a qualidade do serviço que estas actualmente prestam e quais as mudanças que se devem operar. Esse modelo deve ter em vista a melhoria das bibliotecas, a modificação de práticas viciosas e, principalmente, visar a transformação da biblioteca escolar num organismo vivo, dinâmico, central em todo o processo ensino-aprendizagem. Quais os conceitos implicados neste modelo? 1) O ensino como um processo activo de aquisição do conhecimento, baseado no questionamento / e não uma transmissão passiva de saberes; 2) A escola enquanto espaço dinâmico e cooperativo, na qual os seus agentes devem promover a colaboração e a partilha de saberes / e não um espaço fechado onde os professores se limitam a cumprir os seus programas e a avaliar os seus alunos; 3) A biblioteca como condutora das aprendizagens, organizadora de colaborações entre os professores, promotora da leitura e das literacias, gestora da informação, integradora das novas tecnologias e suportes digitais / e não um lugar de retaguarda que os alunos só procuram em último recurso; 4) O professor bibliotecário deve ter um papel fundamental na promoção das aprendizagens, deve ser um professor das literacias da informação como querem Eisenberg e Miller («This Man Wants to Change Your Job». In School Library Journal, 9/1/2002), deve ter um papel activo nos órgão de gestão da escola / e não deve ser encarado como um professor de segunda. 5) A avaliação deve assentar na recolha e análise de evidências, ou seja do produto final / e não nos recursos e processos. Deve ser medido aquilo que é pertinente, não aquilo que é conveniente. A avaliação deve centrar-se nos progressos dos alunos relativamente às literacias da informação, às suas aprendizagens e ao seu sucesso escolar.
Pertinência da existência de um Modelo de Avaliação para as
bibliotecas escolares É fundamental um modelo de avaliação apropriado às bibliotecas escolares e, como já disse no início, um modelo que seja comum a todas as bibliotecas, aplicado com critérios semelhantes. Só assim se poderá ter um conhecimento global do funcionamento da rede das bibliotecas escolares. É preciso atentar que nos Estados Unidos (de onde são os autores da bibliografia desta sessão) o estabelecimento de bibliotecas escolares e respectivos professores bibliotecários já existe há muitos anos e por isso é mais fácil generalizar procedimentos. Em Portugal existe uma miríade de bibliotecas escolares, todas elas com desenvolvimentos e dinâmicas diferentes que importa conhecer. Só com esse conhecimento é que se poderá promover a mudança e melhorar os serviços juntamente com o SABE e o(a)s coordenadore(a)s inter-concelhio(a)s. Esta melhoria do serviço prestado pelas bibliotecas escolares irá contribuir para uma melhoria no processo ensino-aprendizagem e favorecer o sucesso escolar.
Organização estrutural e funcional. Adequação e
constrangimentos Li com atenção o modelo de auto-avaliação das bibliotecas escolares e, não tendo outro modelo comparativo (pois não estou familiarizada com este tipo de avaliação) parece-me que este modelo é adequado ao universo a que se destina. A sua organização nos quatro domínios principais aborda completamente todas as vertentes da missão da biblioteca escolar. Os subdomínios permitem uma análise mais fina e mais profunda de cada domínio e esclarecem perfeitamente aquilo que se pretende avaliar. A sua funcionalidade está patente nos indicadores para cada subdomínio e está bastante explícita a forma como se medem os factores críticos de sucesso, identificando as evidências recolhidas e preconizando as acções para a melhoria. Finalmente a criação dos quatro perfis de desempenho para cada subdomínio avaliado, elencando os descritores fundamentais de modo a permitir uma medição dos mesmos, permitirá ter uma noção clara do grau de desenvolvimento da nossa biblioteca e onde é que devemos actuar de maneira a melhorar o nosso serviço. Penso que na aplicação deste modelo, de modo a evitar constrangimentos: - deve-se criar, logo de início, rotinas de controlo e de recolha de evidências, - as evidências devem ser recolhidas com rigor, - deve haver um diálogo constante entre os professores bibliotecários e as respectivas coordenadores inter-concelhias, para evitar erros de aplicação. - deve existir um contacto entre os professores bibliotecários que estão a aplicar este modelo e aqueles que já o aplicaram, para partilha de experiências e esclarecimento de dúvidas.
Integração/ aplicação à realidade da escola
A minha biblioteca foi integrada o ano passado na Rede das Bibliotecas Escolares, este ano é o meu primeiro ano como coordenadora desta biblioteca e, igualmente, o meu primeiro ano na escola onde a biblioteca se integra. A biblioteca esteve fechada, o ano lectivo passado, para obras e a biblioteca que existia anteriormente funcionava nuns moldes muito longínquos daquilo que se pretende para as bibliotecas actuais e deixou poucos registos da sua actividade passada. O meu trabalho começou do zero, a limpar o pó das estantes, deixado pelas obras, e a tirar livros de caixotes. Comecei por avaliar as colecções, o que me permitiu verificar que o fundo documental é fraco, mas percebi também, que a biblioteca é pouco valorizada quer pela direcção da escola, quer pelos professores na sua maioria. Este ano de arranque vai ser muito difícil, porque está tudo por fazer e não tenho grandes apoios por parte da direcção. Tenho contado com o apoio da minha coordenadora inter-concelhia que me vai orientando nas acções prioritárias. A aplicação do modelo de avaliação na minha biblioteca, neste momento, irá ajudar-me a implementar um serviço de raiz bem estruturado e apoiado em práticas correctas de gestão, bem como a definir estratégias de valorização da biblioteca, de modo a transformar as mentalidades e a contrariar os preconceitos negativos que existem por parte de alguns professores e direcção.
Competências do professor bibliotecário e estratégias
implicadas na sua aplicação O professor bibliotecário deverá, em primeiro lugar, conhecer bem o modelo e esclarecer todas as dúvidas que a aplicação do mesmo possa suscitar. (Para isso conto com a realização deste curso e com o apoio da minha coordenadora, bem como a partilha de experiências com outros professores bibliotecários.) Para a sua aplicação deve elaborar um portefólio onde vá arquivando todas as evidências necessárias à avaliação dos diferentes domínios e deve estabelecer qual o domínio prioritário a avaliar, para mais detalhadamente criar instrumentos de recolha de dados. Esses instrumentos de recolha de evidências devem ser rigorosos, claros e exequíveis. O professor bibliotecário deverá dar conhecimento do modelo de avaliação à Direcção da escola e ao Conselho Pedagógico de modo a promover a colaboração dos mesmos, uma vez que esta avaliação poderá ser uma mais valia na avaliação externa realizada pela Inspecção-geral da Educação.